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D E V O C I O N A L D E N ATA L D A C H R I S T I A N I T Y TO D AY

A Chegada do
REI ETERNO

CAMINHANDO PELO ADVENTO COM NOSSO


H U M I L D E E P O D E R O S O S A LVA D O R
D E V O C I O N A L D E N ATA L D A C H R I S T I A N I T Y TO D AY

A Chegada do
REI ETERNO

CAMINHANDO PELO ADVENTO COM NOSSO


H U M I L D E E P O D E R O S O S A LVA D O R
A CHEGADA DO REI ETERNO: Devocional de Natal da Christianity Today
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EDITOR Conor Sweetman ILUSTRAÇÕES Phil Schorr TRADUÇÃO Mariana Albuquerque


EDITOR-CHEFE Russell Moore DIAGRAMAÇÃO Rick Szuecs e Marisa Lopes
DIRETORA DE CRIAÇÃO Sarah Gordon REVISORAS Alexandra Mellen EDIÇÃO EM PORTUGUÊS Marisa Lopes
DESIGNER Alecia Sharp e Sara Kyoungah White
S U M Á R I O

INTRODUÇÃO PRIMEIRA SEMANA

7 PROCLAMAÇÃO
PROFÉTICA

16
PL ANO DE LEITURA
8

COL ABORADORES
11
SEGUNDA SEMANA

JUBILEU
ETERNO

30

TERCEIRA SEMANA

COROAÇÃO
D I V I NA

44
D I A D E N ATA L
64
Porque um menino nos nasceu,
Um filho nos foi dado,
e o governo está sobre os seus ombros.
E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro,
Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz.
ISAÍAS 9.6
INTRODUÇÃO

B
um amor gentil por sua criação, por
meio de sua encarnação. Durante
todo o mês de dezembro, proclama-
remos tanto a soberania e o poder de
sua realeza quanto sua bondade amo-
rosa e abnegada.
Bem-vindo à estação do Advento. Este
é um período especial no calendário O devocional apresenta algumas sema-
cristão — um momento de significado nas com 6 leituras, pois visa oferecer
profundo e duradouro ao qual todos consistência e flexibilidade e promo-
queremos prestar atenção, mesmo em ver uma experiência comunitária que
meio às exigências por vezes avassa- consiga acomodar as demandas desta
ladoras dessa época. À medida que bela época de comunhão, às vezes tão
você e sua família se aproximam de corrida. Primeiro, mergulharemos na
uma época de calendários lotados e proclamação profética de Cristo, com
cozinhas movimentadas, cultos vol- devocionais que falam dos anseios
tados para os temas do período e salas esperançosos de Israel pelo Rei pro-
de estar repletas de decoração nata- metido — e dos sinais que acompa-
lina, convidamos você a caminhar por nhariam a sua chegada — os quais são
essa estação com este devocional do tecidos por todo o Antigo Testamento.
Advento. A seguir, celebraremos o jubileu eterno
que a encarnação de Jesus anuncia:
Este devocional tem como objetivo um tempo de liberdade, de alegria e
ajudar você a mergulhar profunda- de vida nova que ele agora oferece.
mente em verdades teológicas e em Por fim, nós nos aproximaremos do
revelações pessoais, enquanto nos dia de Natal contemplando com admi-
preparamos para celebrar a chegada ração a entronização real de Cristo e
do nosso humilde e glorioso Rei. o estabelecimento do seu reino. Ele
Estruturamos o devocional de forma é o nosso tão esperado Salvador, e
a nos ajudar a refletir sobre a glória e neste Advento, celebramos esta ver-
a ternura de Cristo, que veio na forma dade transformadora: o nosso Rei
de um bebê vulnerável e demonstrou eterno chegou. 

7
PLANO DE LEITURA

1ª SEMANA D I A 1 MIQUEIAS 5.2-5


DO ADVENTO Alexis Ragan: O caráter humilde do nosso rei

D I A 2 JEREMIAS 23.5-6
Elizabeth Woodson: Profetizando um governante perfeito

D I A 3 ISAÍAS 7.10-14
Alexandra Hoover: Um amor incansável

D I A 4 LUCAS 2.22-32
Monty Waldron: Uma consulta não agendada

D I A 5 LUCAS 4.16-21
Kristel Acevedo: A visita à sinagoga que mudou tudo

D I A 6 ISAÍAS 35.4-10
Beca Bruder: Ele não nos deixará sofrendo

2ª SEMANA D I A 1 JOÃO 16.33


DO ADVENTO Strahan Coleman: A boa notícia sobre as nossas más notícias

D I A 2 JOÃO 3.16-21
Ronnie Martin: Um amor do tamanho do universo

D I A 3 2 CORÍNTIOS 3.17-18
Steve Woodrow: Como contemplar a glória

D I A 4 1 PEDRO 2.9
Elizabeth Woodson: Esquecemos que pertencemos a Deus

D I A 5 JOÃO 3.25-30
Laura Wifler: A virtude em decrescer

D I A 6 EFÉSIOS 1.15-23
Carlos Whittaker: A verdadeira esperança não pode ser forjada

8
3ª SEMANA D I A 1 COLOSSENSES 1.15-20
DO ADVENTO Caroline Greb: Os primeiros movimentos do Primogênito da criação

D I A 2 LUCAS 1.26-38
Malcolm Guite: O suspense do sim de Maria

D I A 3 MATEUS 1.18-25
Joy Clarkson: Por que José é conhecido como o santo silencioso

D I A 4 LUCAS 1.39-55
Dorothy Bennett: O contraste entre duas mães

D I A 5 MATEUS 2.13-23
Kristel Acevedo: Do Egito para a eternidade

D I A 6 ISAÍAS 60.1-3
Jon Nitta: Fora das trevas, luz

D I A 7 LUCAS 2.13-14
Alexis Ragan: Uma sinfonia de salvação

4ª SEMANA V É S P E R A D E N ATA L LUCAS 2.8-20


DO ADVENTO Ronnie Martin: A surpreendente estratégia do anúncio divino

D I A D E N ATA L ISAÍAS 9.2-7


Trillia Newbell: Há uma luz que muda tudo

2 6 D E D E ZEM B R O MATEUS 2.1-12


Malcolm Guite: O que fez esta “Epifania” se destacar?

2 7 D E D E ZEM B R O APOCALIPSE 21.1-6


Craig Smith: Advento para corações desolados

9
E disse-lhes:
“Vão pelo mundo
e preguem o evangelho
a todas as pessoas.”
MARCOS 16.15
COLABORADORES

Kristel Acevedo Dorothy Bennett


Kristel Acevedo é autora, professora de Dorothy Bennett tem mestrado em teologia
Bíblia e diretora de formação espiritual na e arte pela Universidade de St Andrews.
Transformation Church, nos arredores de Atualmente é codiretora de uma empresa
Charlotte, na Carolina do Norte. de vídeo marketing em Austin, Texas.

Beca Bruder Joy Clarkson


Beca Bruder é editora-chefe Joy Clarkson é escritora, editora e
da revista Comment. doutoranda em teologia. Ela é editora
de livros e cultura da Plough.

Strahan Coleman Caroline Greb


Strahan é escritor, músico e diretor espiritual. Caroline Greb é esposa, mãe,
Vive em Aotearoa (Nova Zelândia). Ele é autor dona de casa, artista plástica e
de três livros devocionais de oração, entre editora-assistente da Ekstasis Magazine.
eles o recém-lançado Beholding.

11
COLABORADORES

Malcolm Guite Alexandra Hoover


Malcolm Guite é ex-capelão e membro Alexandra Hoover é esposa, mãe de três
emérito no Girton College, Cambridge. filhos, palestrante, líder de ministério e
Ele dá aulas e palestras sobre autora do best-seller Eyes Up: How to
teologia e literatura. Trust God’s Heart by Tracing His Hand.

Ronnie Martin Trillia Newbell


Ronnie Martin é pastor principal da Substance Trillia Newbell é autora de vários livros, entre
Church, em Ashland, Ohio. Ele também atua eles 52 Weeks in the Word. Ela apresenta
como diretor de renovação de líderes da o programa de rádio Living By Faith e é
Harbour Network e é autor de sete livros. diretora de aquisições da Moody Publishers.

Jon Nitta Alexis Ragan


Jon Nitta é pastor de formação espiritual, Alexis Ragan é uma escritora
discipulado e pequenos grupos na criativa e instrutora de ESL
Calvary Church, em Valparaiso, Indiana. (inglês para estrangeiros); também é
apaixonada por missões globais.

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Craig Smith Monty Waldron
Craig Smith é o pastor principal Monty Waldron é casado,
da The Vail Church. tem quatro filhos e fundou a
Fellowship Bible Church em 2000.

Carlos Whittaker Laura Wifler


Carlos Whittaker é contador de histórias, Laura Wifler é escritora, podcaster e
palestrante e autor de Moment Maker, cofundadora da Risen Motherhood. Ela é
Kill the Spider, Enter Wild e de seu último autora de vários livros infantis, entre eles
lançamento, How to Human. Any Time, Any Place, Any Prayer.

Steve Woodrow Elizabeth Woodson


Steve Woodrow tem atuado como professor Elizabeth Woodson é professora de Bíblia,
e pastor direcional na Crossroads Church teóloga, autora e fundadora do The Woodson
Aspen, no Colorado, nos últimos 23 anos. Institute, uma organização que capacita crentes
a compreenderem e a crescerem em sua fé.

13
… enquanto aguardamos a
bendita esperança: a gloriosa
manifestação de nosso grande
Deus e Salvador, Jesus Cristo.
TITO 2.13
PROCLAMAÇÃO
PROFÉTICA

16
17
LEIA
MIQUEIAS 5.2–5

O caráter humilde
do nosso rei
PROCLAMAÇÕES OUSADAS
DE UM GRANDE LÍDER

Q
POR ALEXIS RAGAN

uando lemos as profecias das Escrituras do Antigo Testamento,


somos lembrados de que sempre foi dito que um governante
eterno viria de Belém. Miqueias 5.2 proclama, como se anun-
ciasse de cima dos telhados para alcançar os ouvidos de toda a
cidade: “[..]de ti virá para mim aquele que será o governante sobre Israel. Suas
origens estão no passado distante, em tempos antigos”.

Com esta proclamação ousada, fica claro que Deus não planejou que a notícia
deste nascimento fosse mantida em segredo, mas sim que fosse espalhada por
toda aquela terra com confiança. Sim, o Ungido, que diziam que viria da linha-
gem davídica, estava de fato vindo, para salvar Israel daquilo que eles próprios
não podiam suportar.
18
Imagine como foi a espera durante os santa proteção que Cristo trará: “E
tempos dos profetas — afinal, o Ancião eles viverão em segurança, pois a
de Dias estava a caminho. Crentes grandeza dele alcançará os confins
curiosos e sonhadores devem ter da terra”.
vivido com grande expectativa. Como
será esse Rei? Eles devem ter se per- Como ovelhas suas, recebemos uma
guntado: Com que sabedoria ele nos porção abundante de prosperidade e
abençoará, para então nos tirar do exí- proteção. E mais do que isso, os que
lio? Como esse Rei seria reconhecido, habitam esta terra descobrirão que
quando finalmente chegasse? o Pastor Supremo “será a fonte de
paz” (v. 5, NVT). O que isso significa?
De acordo com a sua natureza, Jesus Poderíamos imaginar um rebanho de
assume o manto de Pastor Supremo dóceis ovelhas descansando à vontade
que agracia as suas ovelhas com a doce sob a sombra de uma árvore frondosa,
presença cheia de força e segurança. enquanto ele está em pé, com o cajado
Há algo profundamente tranquiliza- na mão, garantindo total serenidade
dor em ter um Salvador que nos guia durante o seu cuidado. Sua paz intro-
como um pastor guia suas ovelhas — duz o shalom eterno em todas as áreas
pelo caminho que devemos seguir, da vida. Nem mesmo as forças oposi-
em vez do caminho que imaginamos toras da Assíria contra Israel, [ata-
ser melhor. Nós todos somos “pro- cando] por todas as frentes, seriam
pensos a nos desviar” do caminho capazes de atravessar aquele portão
seguro, para longe do seu coração, (v. 5). Na verdade, não há lugar mais
como coloca com tanta vulnerabi- seguro do que estar plenamente
lidade o hino “Come Thou Fount of envolvido pelo amoroso domínio
Every Blessing” [Vem Tu, Fonte de do nosso Criador, a fim de florescer
Todas as Bênçãos]. nos campos, eternamente livres de
ameaça.
O Pastor cobriria Israel com seu cará-
ter de majestade e honra em nome do
Pai. Ele permaneceria firme como o
derradeiro encarregado de suas vidas, PAR A REFLETIR
conduzindo-os com bravura e ousa-
dia para pastos eternos. Isto não só Como o caráter humilde do nosso
era algo pelo qual o povo de Deus Rei desafia a nossa compreensão
ansiava; também era algo de que pre- dos misteriosos planos de Deus?
cisava desesperadamente — um porto
seguro que lhes proporcionasse des- De que forma abraçar Jesus como
canso. Miqueias 5.4 nos assegura da nosso Pastor Supremo transforma
19
LEIA
JEREMIAS 23.5-6

Profetizando um
Governante Perfeito
PROMESSAS SURPREENDENTES SOBRE
O APERFEIÇOAMENTO DO PODER

POR ELIZABETH WOODSON

J eremias foi profeta para pessoas que estavam passando por turbulên-
cias políticas. Durante anos, Judá foi governado por reis maus, homens
cujos reinados foram caracterizados por ganância, idolatria e injustiça.
Em vez de cuidar do povo, eles o oprimiram. Jeremias os convidou a
se lembrarem da aliança e a pastorearem o povo de Deus. Em vez de imitarem as
nações ao seu redor, ele chamou os reis a serem diferentes, para mostrar às nações
como adorar o único Deus verdadeiro. Mas os alertas de Jeremias foram ignorados.
Reiteradamente, os reis escolheram o seu pecado em vez de Deus, e o povo sofreu.

Em meio a esse tempo de caos, Deus não ficou em silêncio. Através de Jeremias,
ele chamou a atenção para a inadequação e o fracasso dos líderes de Judá. Suas

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palavras lançaram acusações incri- errado, punirá o mal e trará igualdade
minatórias contra aqueles cuja auto- para todos. A humanidade será tratada
ridade não era definitiva, mas sim com justiça e refletirá a retidão de
meramente derivada da autoridade Deus. Jesus restaurará o shalom que
daquele que é Soberano. Os reis o pecado perturbou e tenta destruir.
tinham esquecido que eram mordo-
mos, designados para cuidar de um Em todo o mundo, muitas pessoas
povo que pertencia a Deus. conhecem o peso da turbulência polí-
tica, pois são governadas por líderes
Então, em Jeremias 23.5-6, o profeta que escolhem a ganância, a idola-
compartilhou uma promessa tria e a injustiça, em vez de cuidarem
surpreendente. Deus não iria acabar da criação de Deus. No entanto, da
com a teocracia de Judá. Ele iria mesma forma que Deus viu a dor de
aperfeiçoá-la. Da linhagem de Davi, Judá, ele vê a nossa, e a esperança do
Deus suscitaria um “justo renovo”, Messias prometido é também a nossa
um legítimo herdeiro para o trono. esperança. Quando celebramos a pri-
Este rei faria o que os reis de Judá não meira vinda de Jesus, aguardamos
puderam fazer: lideraria de uma forma ansiosamente a sua volta. Precisamos
que refletisse perfeitamente a justiça e que “o Senhor [que] é a nossa justiça”
a retidão de Deus. Sob seu governo, o reine. Precisamos de Jesus.
povo prosperaria e Deus seria adorado.
Este rei salvaria o povo da opressão.

Mas ele não seria outro rei humano.


Ele seria Deus Filho, Jesus.

Com palavras repletas de esperança, PAR A REFLETIR


o profeta lembrou o povo de que Deus
não se esquecera deles. Ele não tinha Tendo em mente os fracassos de reis
ignorado o sofrimento deles. Pelo con- humanos em Judá, o que isso revela
trário, ele estava preparando o cami- sobre a importância de termos líderes
nho para o fim desse sofrimento. Por que reflitam a justiça e a retidão de
amor, Deus Pai enviaria Deus Filho ao Deus? De que forma podemos aplicar
mundo para salvá-lo da raiz do pro- este princípio em nossas próprias
blema, que atormentava tanto Judá vidas e esferas de influência?
quanto seus reis: o pecado.
Como o reinado de Jesus como o
Sob o reinado de Jesus, o pecado não “justo renovo” traz a restauração do
mais existirá. Ele corrigirá o que está shalom e a derrota do pecado.
21
LEIA
I S A Í A S 7. 1 0 - 1 4

Um amor incansável
QUAN D O T E MO S M E D O,
DEUS BUSCA NOSSO CORAÇÃO

POR ALEXANDRA HOOVER

T odo dia lembro ao meu filho o quanto o amo. Nos últimos meses,
percebi que ele tem estado preocupado e tristonho. Como muitas
crianças de sua idade, ele ficou abalado com as notícias de tiroteios
em escolas, tumultos, uma pandemia e tensões políticas. Para ser
sincera, também fiquei com muito medo. Mas eu o lembrava frequentemente:
“Kingston, você é muito amado. Nós estamos seguros. Deus está conosco, mesmo
que você não consiga sentir isso.” Meu filho, como muitos de nós, tem dificuldade
em acreditar nisso. O mundo está carregado, sombrio — onde está a esperança?

Em Isaías 7.10-14, encontramos um rei Acaz assustado em meio a perigos e confli-


tos políticos iminentes. Os inimigos estavam se aproximando do reino de Judá e a
necessidade de procurar socorro e alívio em outro lugar brotou no coração rebelde

22
de Acaz. O rei conhecia a lei de Deus, Quando meu filho teve medo, fui
mas não confiava nela. Naquilo que incansável na busca pelo coração
Deus procurava oferecer segurança, dele, assim como Deus é em sua busca
Acaz era governado pela idolatria, a pelo nosso. Eu precisava que meu filho
ponto de sacrificar seu filho (2Reis 16). soubesse que não precisávamos ser
Deus deixou claro o que isso signifi- governados pelo medo, mas podíamos
cava para Judá — se Acaz não ouvisse ser governados pela esperança. Numa
suas instruções e não atentasse para época em que muitos de nós estão
elas, a destruição seria inevitável sensíveis à realidade da dúvida e do
(Isaías 10—11). medo, o amor de Jesus por seu povo
é incansavelmente abundante. Ele
A busca incansável de Deus pelo rei é o socorro e a razão para a vida de
de Judá não foi apenas pelo arrepen- muitos, e promete que “Assim como
dimento de Acaz, mas em prol da sal- uma mãe consola seu filho, também
vação de todo o seu povo, assim como a eu os consolarei” (Isaías 66.13). Ele
vida, a morte, a ressurreição e a ascen- é o nosso grande sinal — um rei que
são de Jesus são por nós. Os olhos de nos presenteia com vida em troca da
Acaz foram desviados por aquilo que sua morte. Hoje, não endureça o seu
era temporário, enquanto a perspec- coração como fez Acaz; em vez disso,
tiva eterna batia à sua porta. Contudo, saiba que o poder de Deus está em
assim como a graça de Deus persiste você, que a presença dele está com
ainda que em meio à nossa infideli- você e a promessa dele está sobre você.
dade, mesmo em meio à contenda e à
rejeição de Acaz ao poder e à presença
de Deus, Isaías lhe dá um sinal: “a vir-
gem ficará grávida e dará à luz um filho,
e o chamará Emanuel” (Isaías 7.14).

Uma grande salvação chegará por PAR A REFLETIR


meio do nascimento de Jesus. A espe-
rança agora está aqui (Mateus 1.20- Como a história do rei Acaz
22). Deus está conosco, em meio às demonstra a busca incansável de
nossas turbulências e em meio a Deus pelo coração do seu povo e o
condições muitas vezes traiçoeiras. seu desejo de salvá-los?
Ele desceu à terra para nos oferecer
esperança eterna em nossas aflições De que forma podemos encontrar
momentâneas. Ele nos pede para esperança e consolo na certeza de
ouvir e crer, e nos ajuda a fazer isso que Deus está conosco, mesmo em
em nossa fraqueza e incredulidade. meio ao medo e a turbulências?

23
LEIA
LUCAS 2.22-32

Uma consulta
não agendada
O Q U E A G AR AN T I A TÃ O E S P E R ADA P O R
S I M E Ã O S I G N I F I C A PAR A N Ó S H O J E

Q
POR MONT Y WALDRON

uando foi sua última experiência em uma sala de espera? A minha


foi há algumas semanas, em um consultório médico. O espaço
era iluminado, acolhedor e confortável. Após preencher uma
ficha, o paciente podia ler uma pilha de revistas, assistir a um
programa na TV, navegar pelas redes sociais ou simplesmente olhar pela janela
para passar o tempo. Mas a espera era obrigatória. Ninguém na sala conseguiu
evitá-la, e é quase certo que o atraso foi maior do que qualquer um de nós gos-
taria. Há algo em nós que deseja que a vida aconteça de acordo com um crono-
grama — o nosso cronograma.

Muitas vezes, a nossa espera tem a ver com um compromisso que marcamos.
Concordamos em encontrar alguém em um horário combinado. Mas, se passar

24
do horário combinado, nós esperamos, fazia parte desse plano, mais do que no
e quanto mais esperamos, mais incomo- plano em si. Ele talvez não tenha tido
dados ficamos. a pretensão de ter uma opinião sobre a
ordem dos acontecimentos ou seus por-
E se você soubesse que tem uma espécie menores — talvez ele tenha sido capaz
de encontro com a pessoa mais pode- de tratar tudo isso como algo que per-
rosa do universo, mas tal encontro não tencia ao domínio da soberania divina.
está marcado em um calendário? E se Simeão ficou esfuziantemente feliz ao
lhe dissessem que você teria uma audi- ver tudo se desenrolar diante de seus
ência com o Rei dos Reis, mas não lhe olhos, confiante de que aquele que pro-
fosse dada nenhuma data ou hora — e meteu faria exatamente como havia
lhe dissessem apenas que seria algum dito, no momento perfeito e para o bem
dia antes de você morrer? Foi o que de todos que “com grande expectativa,
aconteceu com Simeão. aguardam a sua vinda” (2Timóteo 4.8).

“Havia em Jerusalém um homem cha- Que presente ver a chegada da sal-


mado Simeão, que era justo e piedoso, e vação de Deus através dos olhos de
que esperava a consolação de Israel; e o Simeão, durante o período do Advento.
Espírito Santo estava sobre ele. Fora-lhe Do mesmo jeito que Simeão esperou,
quero saber esperar, cheio da certeza
revelado pelo Espírito Santo que ele não
de que o Rei voltará tal como prome-
morreria antes de ver o Cristo do Senhor”
teu. Ele cumpre seus compromissos. E,
(Lucas 2.25-26).
nesse dia, partiremos em paz, juntando-
-nos a uma grande nuvem de testemu-
Que tal uma experiência de sala de nhas, face a face com a nossa salvação
espera? Imagine acordar todos os dias (Apocalipse 22.1-5).
pensando: Será que vai ser hoje? Sem
dúvida, a promessa revelada pelo Espírito
Santo foi memorável e convincente. Mas
certamente houve momentos em que
Simeão sentiu o peso de esperar pela PAR A REFLETIR
única fonte de salvação para a huma-
nidade. Como ele perseverou ao longo Somos convidados a considerar um tipo
dessa inquietação que surge por saber o diferente de espera — em antecipação a
fim da história, mas ter de conviver com uma audiência com o Rei dos Reis. Como
a incerteza entre o presente e o fim? esta mudança de perspectiva aprofunda
a sua compreensão de esperar segundo
Só posso concluir que a devoção de o tempo e as promessas de Deus para a
Simeão estava enraizada na pessoa que sua vida?
25
LEIA
LUCAS 4.16-21

A visita à sinagoga
que mudou tudo
COMO A CHEGADA DE JESUS
ALIVIA NOSSA ESPERA ANSIOSA

N
POR KRISTEL ACEVEDO

ão faz muito tempo, uma amiga foi ao shopping com sua famí-
lia e levou minha filha. Fiquei grata por uma manhã de trabalho
ininterrupto e estava prestes a ir buscá-la, quando ouvi o celular
do meu marido tocar. Era o marido da minha amiga: “Aconteceu
um tiroteio no shopping. Falei com minha esposa — ela e as meninas estão bem,
mas estão detidas no local e ainda não foram autorizadas a sair.”

Cheguei ao shopping em tempo recorde e, um pouco desnorteada pela urgên-


cia, enfrentei a espera mais difícil de toda a minha vida. Aguardei atualizações
da polícia; aguardei para poder falar com minha amiga e saber o que aconteceu.
Aguardei para segurar minha filha nos braços; aguardei para verificar se ela tinha
ferimentos; aguardei para dissipar os medos dela e os meus.
26
Esse medo repleto de urgência reper- se cumpriu a Escritura que vocês
cute em muitas coisas ao nosso redor, acabaram de ouvir ” (v. 21).
seja diretamente, nas vidas daqueles
a quem amamos, ou no fluxo de notí- Este foi o anúncio oficial de Jesus de
cias sobre guerras, doenças, corrupção que ele estava inaugurando o reino de
e violência. A necessidade é premente — Deus. Quando o seguimos, não mais
onde está a nossa esperança? Enquanto andamos desesperados com as notícias
luto para manter a desesperança sob ruins do nosso mundo. Em vez disso,
controle, imagino como a antiga comu- olhamos para Jesus assentado em
nidade judaica pode ter se sentido, seu trono. Podemos contar com a sua
enquanto aguardava a sua libertação promessa de redenção, mesmo quando
e a chegada do Messias. Passaram-se enfrentamos circunstâncias terríveis
400 anos desde que eles tinham ouvido em nossa vida, como naquele dia em
Deus lhes falar, e estavam subjugados que fiquei aguardando minha filha sair
por uma opressão avassaladora e um do shopping. Quando finalmente vi seu
cativeiro esmagador. Eles devem ter se rosto e abracei seu corpo contra o meu,
perguntado se Deus os havia esquecido senti um alívio e uma alegria diferentes
e se o Salvador estava realmente vindo. de tudo que já havia experimentado
antes. Foi um lembrete para mim de
E então, um belo dia, um homem cha- que Deus ainda não acabou de fazer o
mado Jesus entrou na sinagoga e levan- que planejou. Que este não é o fim. O Rei
tou-se para ler o rolo do profeta Isaías: está aqui e o jubileu eterno está próximo.

O Espírito do Senhor está sobre mim, PAR A REFLETIR


porque ele me ungiu
para pregar boas-novas aos pobres. Que repercussão essa história que
Ele me enviou fala de urgência e medo tem em suas
para proclamar liberdade aos presos
próprias experiências de espera e de
e recuperação da vista aos cegos,
anseio por libertação ou por esperança
para libertar os oprimidos
e proclamar o ano da graça do Senhor em situações difíceis?
(Lucas 4.18-19)
Quando Jesus proclamou o cumpri-
mento do mandato messiânico de
Jesus ainda não havia terminado. Ele Isaías, ele declarou que o reino de
não estava simplesmente lembrando- Deus havia chegado. Como seguidores
-lhes de um futuro que eles poderiam de Jesus, de que modo essa procla-
esperar. Em vez disso, ele proclamou mação nos capacita a enfrentar os
algo surpreendente que teria deixado desafios e as trevas do nosso mundo
as pessoas de queixo caído: “Hoje com esperança e ação?
27
LEIA
ISAÍAS 35.4-10

Ele não nos


deixará sofrendo
A D I F Í C I L L AB U TA DA F É E N C AR N ADA

N
POR BECA BRUDER

ão é fácil habitar em um corpo e, ao mesmo tempo, confiar na obra


do Espírito. Enfermidades, deficiências e abuso fazem parte da nossa
realidade e se apoderam com urgência do nosso foco. Nossa mente
costuma ficar tomada por pensamentos vertiginosos e obsessivos,
voltados para nós mesmos, e problemas pessoais monopolizam nossa atenção.

Queremos refrigério: um lugar onde nossas almas ressequidas possam encontrar


água, onde as limitações do nosso corpo possam ser superadas. Clamamos por
socorro e vingança pelas injustiças que nosso corpo absorveu. Esperamos ver Cristo
em fontes murmurantes, mas nos distraímos com a areia escaldante sob nossos pés.

O profeta Isaías revelou a promessa de Deus em linguagem de cura. Sim, o Messias


trará paz espiritual, mas não ignorará os corpos feridos dos remidos. Ele nos
28
conduzirá a Sião com cânticos e nos Em vez de permitir que as incapaci-
guiará ao resplandecente alvorecer da dades desencorajem a nossa devoção,
nossa esperança. Ele não é do tipo que levantamos nosso olhar repleto de
nos deixa sofrendo. expectativa para aquele que pode sal-
var. Durante o Advento, ecoaremos as
Embora conheçamos a promessa, esperanças do antigo Israel ao cantar:
somos propensos a vagar, seguindo “Ó, vem, ó, vem, Emanuel”. Haverá um
por nosso próprio caminho de incre- tempo em que toda esta profecia será a
dulidade. A redenção de Cristo em geral nossa realidade. Andaremos no santo
assume uma forma diferente daquela caminho com os redimidos. Felicidade
que imaginávamos, e, tal como João e alegria eternas estarão sobre nossas
Baptista, nós nos perguntamos se cabeças e toda tristeza desaparecerá.
devemos esperar por outro rei. Será
que confiamos nossa esperança à pes- Até lá, recordamos o bebê nascido em
soa errada? Ele não é quem pensáva- Belém que veio para restaurar a visão
mos que era? Ansiamos pela chegada do dos cegos e anunciar as boas-novas aos
nosso socorro e pela mudança tangível pobres, e que voltará para reunir e sal-
que ele trará para a nossa realidade. A var o povo de Deus. Ele trará a retri-
resposta de Jesus à pergunta de João é buição divina aos erros e a cura para
dada nestes termos: “Voltem e anun- as nossas feridas, e seremos sarados:
ciem a João o que vocês estão ouvindo “digam aos desanimados de coração:
e vendo: os cegos veem, os mancos ‘Sejam fortes, não temam! Seu Deus
andam, os leprosos são purificados, os virá…’” (Isaías 35.4).
surdos ouvem, os mortos são ressusci-
tados, e as boas-novas são pregadas aos
pobres” (Mateus 11.4-5). PAR A REFLETIR

Ele é a salvação profetizada por Isaías. De que modo a reflexão sobre as


A cura que flui de suas mãos atesta sua palavras proféticas de Isaías e o
divindade. Israel esperou pela vinda de ministério de cura de Jesus traz
um Salvador que curaria espiritual e consolo e esperança às nossas
fisicamente aquilo que estava corrom- próprias lutas contra limitações físicas,
pido. Essa esperança se tornou realidade enfermidades ou injustiças?
com o nascimento de um bebê. Os mila-
gres que fez durante seu tempo na terra Como podemos encorajar uns aos
foram os primeiros sinais daquela cura outros a permanecermos firmes e
há muito esperada. E, no entanto, ainda fortes na fé, apesar das tribulações e
esperamos por ele, dilacerados e frágeis. dos desafios que enfrentamos?
29
JUBILEU
ETERNO

30
31
LEIA
JOÃO 16.33

A boa notícia sobre as


nossas más notícias
ÀS VEZES, O SOFRIMENTO NÃO
PODE SER ESPIRITUALIZADO

T
POR STRAHAN COLEMAN

enho boas notícias para você: haverá más notícias.

A encarnação de Cristo foi pontuada por más notícias. Sua chegada


testemunhou o massacre de uma geração inteira nas mãos de um
tirano. Seu ministério culminou com sua tortura e respectiva execução. Mesmo
depois da vitória da Ressurreição e do nascimento da igreja, no Pentecostes, seus
seguidores, cheios do Espírito Santo, foram perseguidos e exilados, “dispersos no
Ponto, na Galácia, na Capadócia, na província da Ásia e na Bitínia” (1Pedro 1.1).
Mais tarde, a igreja tornou o evangelho global, apenas para sofrer dor e divisão
por causa de divergências teológicas tacanhas e cultos à personalidade. Imagino
que esta não seja a história messiânica que Israel tanto esperava, nem era o sonho
da igreja primitiva.
32
Vivemos em uma cultura obcecada em sobre esta realidade e nos convida tanto
erradicar a dor — que inventa e vende a aceitar a inevitabilidade dos problemas
tecnologias para afastá-la, pílulas para da vida quanto a ter a certeza de que ele
amenizá-la ou técnicas de autoajuda os superou. Esta é de fato uma realidade
para evitá-la. Embora seja impopular bastante libertadora.
dizer “a vida é difícil; esteja preparado
para sofrer”, é a pura verdade. Cristo venceu os sofrimentos e as ten-
tações do mundo do mesmo modo que
Jesus disse de forma direta que “Neste venceu a morte: não eliminando-a, mas
mundo vocês terão aflições” (João 16.33) passando por ela fielmente, permi-
e, embora tenhamos ouvido isso, muitos tindo que se tornasse o próprio veículo
de nós ficam chocados, irritados e são por meio do qual ele oferece salvação
pegos despreparados quando de fato pas- para todo o cosmo. Em João 16, Jesus
sam por um sofrimento mais profundo. nos convida a fazer a mesma coisa: ele
À medida que a poeira vai baixando, espera que sejamos movidos pela paz do
percebemos que as nossas reações aos seu Espírito, e não pela ansiedade das
problemas da vida não correspondem nossas circunstâncias, que vejamos os
às verdades teológicas que professamos. problemas do mundo como uma aber-
ração posta nas mãos de Cristo, como
Fui abalado por essa discrepância mais uma realidade esperada, a qual somos
do que umas poucas vezes. O ensina- capacitados a atravessar.
mento de Jesus de que podemos espe- O sofrimento virá, e às vezes será do tipo
rar uma vida repleta de más notícias — e que você não consegue espiritualizar e
esperar também que ele nos conduza que provavelmente pensa que não con-
através delas — é, na verdade, uma notí- segue enfrentar. Quando isso aconte-
cia muito boa. cer, não se surpreenda e não pense que
cabe a você transformá-lo por mila-
Saber que o sofrimento está chegando gre. Lembre-se de que é Cristo quem
nos vacina contra uma espiritualidade vence [o sofrimento] — confie e apoie-
superficial, que acredita que a dor pode -se nele, permita que ele faça a obra de
ser evitada ou que atribui as dificuldades salvar você e o mundo por meio disso.
à infidelidade. Não sofremos excepcio- Esta é a realidade terrena da história do
nalmente ou por alguma falha — sofrer Advento. Aleluia!
é um fato incontestável da vida. Se acre-
ditarmos que nossos esforços ou nosso
pensamento positivo nos protegerá da PAR A REFLETIR
dor, estaremos programados para pas-
sar por um choque existencial quando o Como você reage pessoalmente ao
sofrimento surgir. Cristo é muito franco sofrimento e a circunstâncias difíceis?
33
LEIA
JOÃO 3.16-21

Um amor do
tamanho do universo
O SENTIMENTO DE ESPERANÇA QUE SURGE
EM NOSSOS CORAÇÕES NO ADVENTO

A
POR RONNIE MARTIN

doro a interação entre Nicodemos e Jesus no Evangelho de João.


O mestre da lei se encontra com Jesus à noite, para evitar ser
julgado por seus colegas fariseus, pois quer ter tempo para fazer
algumas perguntas honestas a Jesus. O guardião dos costumes
judaicos quer explorar aquilo que o intriga naquele homem que falava com tama-
nha autoridade.

Jesus responde com paciência e bondade extremas à sinceridade de Nicodemos.


Ele define sua missão ao mundo em termos de amor, algo que é interessante
quando levamos em conta que Nicodemos era um mestre da lei. Com sua bon-
dade, Jesus mostra a Nicodemos que, em seu amor do tamanho do universo,

34
Deus entregou seu único Filho para Embora tenhamos nascido em trevas
que todo aquele que [nele] crê não que alcançam as profundezas da nossa
seja condenado a viver uma eterni- alma, Deus enviou Jesus para romper
dade sem Deus. a escuridão com uma luz que é sufi-
cientemente brilhante para iluminar
De que tipo de amor Jesus está até os confins do universo. Jesus não
falando aqui? Sei que usamos a pala- se limitou meramente a apresentar os
vra “amor” de forma um tanto gené- planos da redenção de Deus; ele tam-
rica, para expressar que gostamos bém incluiu a motivação de Deus: o
de alguma coisa: amo esse tipo de amor.
comida, amo meu trabalho, amo esse
programa de TV, amo meu hobby. Este Esse é o sentimento de esperança
é um tipo de amor. que surge em nossos corações todos
os anos, no Advento, quando imagina-
Através de Jesus, porém, Deus reve- mos a imensidão insondável do amor
lou o tipo de amor que ele tem por nós de Deus por nós, na pessoa e na obra
e qual efeito ele pretendia que esse de Jesus Cristo.
amor tivesse sobre nós: “Vejam como
é grande o amor que o Pai nos conce-
deu: sermos chamados filhos de Deus,
o que de fato somos!” (1João 3.1).
PAR A REFLETIR
Sermos chamados filhos de Deus é
a grande revelação de Jesus sobre o Nicodemos, mestre da lei, busca
desígnio e a profundidade do amor de respostas em Jesus e encontra a
Deus. Mas este é um amor que teve profunda mensagem do amor de
um alto custo, o qual sempre acompa- Deus. O modo que Jesus define sua
nha o tipo de amor maior. “Ninguém missão em termos de amor desafia
tem maior amor do que aquele que a nossa compreensão das noções
dá a sua vida pelos seus amigos”, diz culturais comuns do que é amor?
Jesus, em João 15.13. Isso não é mera
afeição, nem um sentimento brando O Advento é uma época de
nem alguma espécie de carinho espe- antecipação e de celebração da
cial por nós. O amor de Deus por nós é imensidão insondável do amor
ainda mais profundo e vasto do que o de Deus, manifestado em Jesus
próprio universo, pois “Deus é amor. Cristo. Como podemos cultivar
Todo aquele que permanece no amor um sentimento de admiração e de
permanece em Deus, e Deus nele”, gratidão pelo amor incomensurável
como João nos diz em 1João 4.16. de Deus em nossas vidas?
35
LEIA
2 CORÍNTIOS 3.17-18

Como Contemplar
a Glória
O TEMPO TODO NOS TORNAMOS
AQUILO QUE CONTEMPLAMOS

A
POR STEVE WOODROW

primeira vez que a palavra “glória” realmente chamou minha aten-


ção eu estava em uma igreja predominantemente negra, na cidade
de Atlanta, na Geórgia, em uma manhã quente de domingo. Eu era
o jovem pregador convidado e, enquanto eu pregava, ouvi repeti-
damente exclamações de “Glória!” vindas da última fileira de bancos, proferidas
com rica cadência e dotadas de inegável autoridade espiritual. O ousado grupo
de mulheres sentadas nessa fileira estava em sintonia com algo que eu, recém-
-formado no seminário, não estava. Enquanto eu pregava para aquela amada
igreja, estava mais focado em conectar intelectualmente os pontos do meu texto
e transmitir meu conhecimento das Escrituras do que na realidade desta glória que
elas professavam tão lindamente. Naquela época, a palavra “glória” não ocupava

36
muito espaço em meus pensamentos eu estava fora da minha zona de con-
nem em minhas conversas. Esse con- forto. Quando falei de meus próprios
ceito me parecia vago e até me deixava desafios, após o culto, uma mulher
um pouco desconfortável. Mas naquele declarou: “Ele vai ajudar você a supe-
dia decidi que precisava compreender o rar isso!” Eu precisava desse enco-
que aquelas mulheres compreendiam. rajamento para fixar meus olhos em
Falei com elas depois do culto, e ficou Jesus, ao longo da jornada desta vida
bastante claro que não estavam gri- e da minha vocação pastoral.
tando mecanicamente palavras religio-
sas apenas para provocar uma emoção Aquelas mulheres foram para mim
— elas estavam vivenciando a reunião como os anjos que proclamaram
dos santos e a pregação da Palavra como “Glória a Deus nas alturas” (Lucas
comunhão com o Espírito Santo e uma 2.13-14), declarando a glória do Senhor
participação em sua glória. e mostrando-me a presença, o poder e a
paz do meu Salvador. Gostaria que elas
A fé vibrante daquelas mulheres lem- fizessem parte do culto da minha igreja
brou-me que nos tornamos aquilo que todos os domingos, e me ajudassem a
contemplamos. À medida que fixarmos contemplar Jesus, que veio para que
nossos olhos em Jesus e experimen- todos pudéssemos nos tornar como ele.
tarmos a presença e o poder de Deus
em nossa vida, entenderemos e refle-
tiremos cada vez mais essa glória. Em
compensação, a maior das escravi- PAR A REFLETIR
dões é a que surge quando fixamos os
olhos em nós mesmos ou nos ídolos Levando em conta o significado
que nos cercam. Jesus abriu caminho da palavra “glória” no contexto de
para a habitação do Espírito, a fim de um culto de adoração, como você
que pudéssemos ser libertos da escra- descreveria a sua compreensão da
vidão do pecado e contemplar a gló- glória? Como esse conceito influencia
ria do Senhor. Seu advento remove o seu relacionamento com Deus e a
véu que estava sobre nossos corações sua adoração?
e oferece tanto a bênção de contem-
plar sua glória quanto a bênção de ser- Frequentemente expressamos
mos transformados na mesma glória gratidão pelo impacto que a
(2Coríntios 3.17-18). comunidade da igreja tem em nos
ajudar a contemplar Jesus. De que
Naquela manhã de domingo, há mui- formas a sua comunidade de fé apoia
tos anos, ficou claro para mim — e e encoraja você na sua jornada de
para as pessoas ao meu redor — que contemplar a glória de Deus?
37
LEIA
1PEDRO 2.9

Esquecemos que
Pertencemos a Deus
O B Á L S A M O C U R AT I V O Q U E E S TÁ E M
ENCONTRAR NOSSA VERDADEIRA IDENTIDADE

C
POR ELIZABETH WOODSON

elebrar a vinda do rei eterno é celebrar como, através de Jesus,


encontramos a libertação da escravidão do pecado e da morte. Nós,
que estávamos longe, fomos trazidos para perto, para um relacio-
namento restaurado e o descanso eterno com Deus (Efésios 2.13).

As palavras de Pedro foram escritas para cristãos gentios, que viviam como
“estrangeiros e exilados” no Império Romano (1Pedro 2.11). Eles eram conside-
rados não cidadãos ou residentes temporários num mundo que valorizava muito
a cidadania em sua hierarquia social. Foi também uma época em que a tolerân-
cia de Roma com relação à liberdade religiosa estava diminuindo. Pedro estava
escrevendo para cristãos marginalizados e perseguidos, que estavam sofrendo
por sua lealdade ao Rei Jesus.
38
Em 1Pedro 2.9, o apóstolo fornece a Mas num mundo contaminado pelo
seus leitores um bálsamo curativo, um pecado e pelo mal, pode ser fácil
lembrete de que foi Deus, e não as pes- esquecer isso.
soas, quem determinou a verdadeira
identidade desses cristãos. Pedro usa Esquecemos que pertencemos a Deus.
quatro frases para descrever a identi- Cegados pelas lutas da vida, temos difi-
dade deles em Cristo: geração eleita, culdade em enxergar a esperança eterna
sacerdócio real, nação santa e povo que temos simplesmente por sermos dele.
exclusivo de Deus.
Contudo, nas palavras de Shirley
Suas palavras remontam a Êxodo 19.4- Caesar: “Esta esperança que temos não
6, passagem em que Deus explicou nos foi dada pelo mundo nem pode ele
a Moisés o propósito por trás de sua tirá-la”. Não importa quão escura seja
almejada aliança com Israel. Israel a noite, sempre temos esperança. Por
fora separado para mostrar ao mundo meio de Cristo, o amor inabalável e a
o que significava adorar o Deus único e fidelidade de Deus nos acompanham
verdadeiro. Eles experimentariam sua para sempre. Assim, em meio ao sofri-
bênção ao servirem como canal para a mento e à perseguição, nossos olhos se
bênção de Deus ao mundo. voltam para o eterno, não para o tem-
poral. Lembramos que nossa identi-
O sofrimento e a perseguição podem dade, nosso valor e nossa vocação são
desumanizar e desmoralizar um povo, determinados por Deus, não pelo ser
privando-o de sua dignidade e de sua humano. Seremos o seu povo por toda a
esperança. O que o mundo tentou tirar eternidade; nosso lar eterno é com ele.
desses cristãos, Pedro procurou restau-
rar. Ele lembrou estes “estrangeiros e
exilados” de seu elevado status. Por PAR A REFLETIR
meio de Cristo, eles eram membros da
família de Abraão com acesso direto Como a compreensão da nossa
a Deus. Eles tinham um status eterno identidade como geração eleita e
como sacerdotes reais separados para povo exclusivo de Deus molda a
conduzir as nações a Deus. nossa perspectiva do sofrimento e da
perseguição?
Por meio do evangelho, nós, que fomos
desumanizados, somos novamente De que formas o mundo tenta definir
humanizados, revestidos de força e dig- nossa identidade e nosso valor? Como
nidade, por causa daquele a cuja ima- podemos evitar esquecer que nossa
gem fomos feitos. verdadeira identidade é determinada
por Deus?
39
LEIA
JOÃO 3.25-30

A Virtude
em Decrescer
COMO CONFIAR EM DEUS
EM ÉPOCA DE DECLÍNIO

N
POR LAURA WIFLER

unca é divertido sentir que você foi substituído, e os discípulos de


João Batista realmente não gostaram de se sentir assim. Enquanto
João e seus seguidores batizavam, perto de Salim, Jesus também
começou a batizar, nos campos próximos da Judeia. Alarmados
com o fato de esse novo mestre estar fazendo mais sucesso do que o seu, os dis-
cípulos de João expressaram preocupação a seu mestre de que “todos” estavam
indo até Jesus para serem batizados (João 3.26, CSB), talvez esperando que João
demonstrasse indignação semelhante a deles ou tivesse uma reação competitiva.
Em vez disso, João mostrou-lhes a beleza do paradoxo do evangelho.

Seus discípulos temiam a reviravolta inesperada dos acontecimentos, mas João


lembra seus seguidores de algo que dizia o tempo todo: “Eu não sou o Cristo, mas
40
sou aquele que foi enviado adiante não tinha uma opinião muito elevada
dele” (v. 28). Na verdade, ao ouvir a sobre si mesmo, como se fosse o pró-
notícia do sucesso de Jesus, João diz prio Cristo, embora também soubesse
que a sua alegria “agora se completa” que tinha valor e propósito no plano de
(v. 29). A popularidade de João estava Deus. Em João 1, o autor lembra os lei-
chegando ao fim. Seu sucesso estava tores que João “não era a luz, mas veio
desaparecendo. Sua influência, dimi- como testemunha da luz” (v. 8). Cristo
nuindo. Para a maioria de nós, isso é a “verdadeira luz” (v. 9). João sabia
seria motivo de desânimo e inveja, que seu papel era importante, mas não
mas para João era motivo de alegria. era o ponto final da história.
Este é o belo paradoxo do evangelho.
A vida cristã consiste em perder para Durante esta época do Advento,
encontrar. Em dar para ganhar. Em podemos aceitar o fato de que qual-
morrer para viver. Isso significa que, quer dose de sucesso que tenhamos
às vezes, decrescer, ficar menor, per- alcançado não é obra nossa, mas é
der influência externa ou diminuir de bondade dos céus, derramada imereci-
posição na hierarquia é uma coisa boa. damente sobre a nossa vida. Podemos
nos submeter ao que Deus tem para
João diz: “É necessário que ele cresça nós, quer ele nos dê quer ele nos tire
e que eu diminua.” (v. 30). Em uma algo, porque nossa vida não é nossa,
época do ano tipicamente associada a mas pertence a Deus (1Coríntios 6.19).
correria e aumento de compromissos Não importa onde estejamos na vida,
— mais coisas para fazer, mais coisas podemos confiar humildemente nos
para comprar e mais pessoas para ver planos da verdadeira luz e dar teste-
— talvez você esteja passando por um munho do seu grande nome.
momento de declínio. Você pode ter
perdido um ente querido e ter menos
cadeiras em volta da mesa. Pode ter PAR A REFLETIR
perdido o emprego, e sua agenda pode
ter ficado mais vazia e a pilha de pre- De que forma podemos encontrar
sentes debaixo da árvore de Natal pode alegria e propósito em épocas de de-
estar menor. Tal como os discípulos de clínio ou de diminuição de influência?
João, mudanças podem nos deixar pre-
ocupados ou cheios de lamentos. No De que modo o lembrete de que to-
entanto, pouco antes de lembrar a seus dos os nossos dons e sucessos vêm
discípulos que ele não era o Cristo, de Deus molda a nossa perspectiva
João os recorda que tudo é dado por durante o período do Advento e nos
Deus (v. 27). Veja bem, João tinha uma encoraja a confiar humildemente nos
visão correta de sua incumbência. Ele planos do Senhor?
41
LEIA
EFÉSIOS 1.15-23

A Verdadeira Esperança
Não Pode Ser Forjada
O Q U E A C O N T E C E Q U A N D O A C E I TA M O S
OS LIMITES DA NOSSA FORÇA?

U
P OR C ARLOS WHIT TAK ER

ma dura verdade — daquelas que nos faz estremecer — pode não


ser a melhor maneira de começar um devocional de Natal, mas
continue aqui comigo, enquanto explico: esperança dá muito tra-
balho. Sim, Jesus nos traz a esperança última; porém, tal como
muitos aspectos da fé cristã, viver com esperança nem sempre é fácil. A história
da nossa fé pode incluir alguns belos dias de sol no mar da Galileia, mas se baseia
em uma cruz. Se formos honestos, sabemos que não será uma jornada fácil; por-
tanto, vamos digerir algumas verdades que podem nutrir e edificar em nós essa
coisa chamada esperança.

Em Efésios 1, Paulo escreve à igreja sobre a realidade da esperança e como ela


não está vinculada a nada que a própria igreja possa conquistar. Isso nos dá um
42
certo alívio: não se trata do que podemos que realmente nos dá esperança é imen-
fazer. Não, a esperança surge em cena surável. Não há limite para sua grandeza
quando a igreja para de tentar alcançá- e seu poder. Nenhum. Isso é algo em que
-la por si mesma e, em vez disso, coloca todos nós realmente podemos depositar
a sua esperança no poder de Cristo e na a nossa esperança, independentemente
sua autoridade sobre todas as coisas. das circunstâncias.

Parece simples meramente “abrir mão Aqui está o fator que faz a diferença: a
e deixar por conta de Deus”, como diz o autoridade do nosso Rei todo-poderoso
slogan conciso, mas pense nisso nova- na verdade nos foi concedida a partir
mente. Tente se lembrar da última vez das riquezas de sua graça, e vive den-
em que você teve de parar de tentar fazer tro de nós, cristãos. Podemos recorrer
as coisas sozinho e deixar que alguém à autoridade do nosso Criador, nesta
fizesse por você — projetos do trabalho, época de Natal, de modo a permitir que
criação de filhos ou até mesmo seu pró- a força dele flua dentro e através de nós.
prio ministério. Esse nível de confiança Em meio a toda a agitação desse perí-
e de abrir mão do controle pode parecer odo de Natal, sempre acompanhada das
algo quase impossível. Adoramos dizer inevitáveis mentes cansadas e dos cor-
que colocamos nossa esperança em pos doloridos, permita-se encontrar sua
Jesus, mas é muito mais fácil colocar esperança na força e na autoridade de
a nossa esperança em nossas próprias Deus. É melhor assim.
competências e habilidades. É por isso
que a esperança dá trabalho, porque dá
trabalho abrir mão do controle. PAR A REFLETIR

Perceber os limites da minha própria Quando você reflete sobre o conceito de


força me ajuda a confiar em Jesus como esperança, de que modo a compreensão
o criador da esperança em minha vida. de que a esperança exige abrir mão
Em Efésios 1.19, Paulo fala da imensu- do controle repercute em sua jornada
rável grandeza do poder de Deus. Em pessoal de fé? Em quais áreas da sua
um cômico contraste, eu acordo man- vida você acha desafiador abrir mão do
cando todas as manhãs, em meu corpo controle e confiar no poder de Deus?
de 49 anos de idade. Aparentemente, o
sono agora é um esporte de contato e, Como cristãos, temos acesso à
quando vou para a academia, meu obje- autoridade do nosso Rei todo-poderoso.
tivo é me alongar o suficiente para não De que forma você pode se beneficiar
sentir dores quando acordar, na manhã da força e da autoridade dele, durante
seguinte. Minha força tem limites. Mas essa época do Natal, em meio à correria
Efésios deixa claro que a força daquele e ao cansaço?
43
C O R OA Ç Ã O
D I V I NA

44
45
LEIA
COLOSSENSES 1.15-20

Os primeiros movimentos
do Primogênito da criação
C O M O A M A R M O S AT É M E S M O
O QUE AINDA NÃO VEMOS

N
POR CAROLINE GREB

esta época do ano, somos bombardeados por imagens que monopo-


lizam nossa atenção, apresentando-nos a ideia de feriados de fim
de ano perfeitamente tranquilos e repletos de presentes que nos
trarão verdadeira satisfação. Agora, imagine, só por um minuto,
como seria amar algo que você nunca viu. Mesmo sem compreender inteiramente
o que ama, você sente uma dor e uma esperança de realização, de completude,
de plenitude. Mas, afinal, como é amar alguém que a gente nunca viu?

Este é um conceito que quem é mãe conhece bem, pois sente o bebê se mexer
no útero antes mesmo de ver seu rostinho. Talvez tenha sido isso que Maria
sentiu durante os nove longos meses em que seu ventre crescia, e ela tentava
entender o fato de que as pequenas vibrações e os chutinhos que sentia eram
46
os primeiros movimentos do Filho do de Jesus na manjedoura não seja a que
Altíssimo. esperamos, mas o Deus que se humilha,
que serve e que reconcilia é justamente
Durante 2 mil anos, Deus revelou sua aquele do qual precisamos.
presença de várias formas: por meio de
fumaça, de fogo, na provisão do maná e Mas, à medida que a história vai se desen-
na nuvem no topo de uma montanha. Era rolando, a imagem fica mais clara. Deus
impossível — e também proibido — tentar se agradou em habitar um corpo frágil e
fazer qualquer imagem ou representação minúsculo. Ele revelou-se dessa forma
de Deus. Ele era o Deus invisível, que não não por obrigação nem por inconveni-
podia ser reduzido a uma imagem nem ência, mas por puro deleite. E, mesmo
ser contemplado por olhos humanos. agora, continua a ser puramente do
agrado de Deus — a sua alegria — revelar-
A verdadeira adoração sempre man- -se, entregar-se, a fim de governar como
tém em tensão a imanência e a trans- um Rei humilde para o nosso bem e para
cendência de Deus. Mas onde podemos a nossa alegria, mesmo que não precise
conceber essa adoração mais do que em fazer isso. Ele se deleita em trazer recon-
sua concretização, em sua encarnação? ciliação, em restaurar a própria criação
Deus, em sua graça, tornou visível o invi- que ele fez no início do Éden e, sim, em
sível e escolheu habitar entre seu povo, remover o véu e abrir caminho para que
como um de nós. Contudo, o primogê- possamos vê-lo face a face.
nito dentre os mortos não só veio ao
mundo em nossa frágil forma humana, Ele é a imagem do Deus do qual neces-
mas também veio como o mais frágil sitamos — um Deus que é exemplo de
de todos nós — como um bebê recém- humildade, do que é ser servo e de pra-
-nascido. Deus tornou-se uma criatura zer na reconciliação. Nele susbsistem
indefesa e sujeita às necessidades huma- todas as coisas, da criação até a manje-
nas mais básicas: ser alimentado, ves- doura, da cruz até a nova criação.
tido, banhado e cuidado. É difícil sequer
imaginar a plenitude de Deus de alguma
forma habitando o corpinho de um
recém-nascido de quase dois quilos. Esta
criança foi o motor no início da cria- PAR A REFLETIR
ção, aquele que estava presente antes
do princípio dos tempos, que é preemi- Pense na analogia da mãe que sente os
nente em todas as coisas. Nele — aquele primeiros movimentos do seu bebê no
bebê que não conseguia sequer firmar útero. Como isso aprofunda a sua com-
o pescoço e manter a cabeça erguida — preensão da experiência que Maria viveu
tudo subsiste. Pode ser que a imagem e do significado da encarnação de Jesus?
47
LEIA
LUCAS 1.26-38

O suspense do
sim de Maria
C O M O U M A R E S P O S TA C O R A J O S A
ECOA PELA ETERNIDADE
POR MALCOLM GUITE

N o capítulo 1 de Lucas, somos apresentados a um belo relato de como


o anjo apareceu a Maria, como ela o ouviu e como respondeu com
coragem: “Sou serva do Senhor, que aconteça comigo conforme
a tua palavra.” As palavras ali contidas devem inspirar em cada
leitor fervoroso sentimentos de reverência e admiração, mas acima de tudo de
gratidão. Esses poucos versículos de Lucas são um dos grandes pontos de virada
— ou momentos decisivos — de toda a Bíblia. Eles são uma resposta a outro ponto
de virada, trágico, que está em Gênesis: o momento da desobediência de Eva.

A escolha de Eva teve consequências terríveis para todos nós. Seu sim à ser-
pente barrou e diminuiu nossa verdadeira humanidade — embora, é claro, a

48
serpente tivesse prometido exa- só muda tudo para sempre, mas também é
tamente o oposto! Mas se Eva deu para nós um exemplo para a própria vida
as costas para Deus e levou consigo cristã. Agora, também nós somos chamados
a todos nós, então, quando Maria a não temer, mas sim a estar abertos, a dizer
volta sua face para ele, por livre para Deus: eu sou teu servo (tua serva), que
e espontânea vontade, o seu sim aconteça comigo conforme a tua palavra. No
corajoso para Deus acolhe Jesus soneto abaixo, procurei evocar um pouco do
no mundo. Em Jesus, cada pessoa suspense e da importância deste momento.
pode agora escolher, se quiser,
receber as boas-vindas de Deus. Enxergamos tão pouco, ficamos na superfície,
Esse seu acolhimento estende-se Calculamos o exterior de todas as coisas,
tanto à plenitude da vida aqui na Preocupados com nossos próprios propósitos.
E nos escapa o cintilar das asas dos anjos,
terra, mesmo com todas as suas
Que brilham ao nosso redor, em sua alegria,
limitações, quanto à vida eterna
Num redemoinho de círculos,
com ele. olhos e asas que se abrem,
Eles guardam o bem que pretendemos destruir,
Nosso Deus é o Deus da liberdade Uma centelha oculta da glória
e do amor; ele não age pela força. no mundo de Deus.
Em vez disso, espera amavelmente Mas, naquele dia, uma jovem parou para ver
pelo nosso assentimento, pelo Com olhos e coração abertos. Ela ouviu a voz;
nosso sim ao seu amor. Ao lermos A promessa de Sua glória ainda por vir,
Enquanto o tempo parou,
esses versículos, quase prende-
para ela fazer sua escolha;
mos a respiração e adentramos ao
Gabriel se ajoelhou
drama daquele momento: Deus se e nem sequer uma pluma moveu-se,
oferece para vir ao mundo como A própria Palavra estava aguardando
nosso Salvador, e Maria, naquele a palavra de Maria.
momento, fala por todos nós. O que
ela dirá? Oferecerá ela toda a sua Este soneto, “Anunciação”, foi extraído de Sounding
vida para ser renovada, para ser the Seasons (Canterbury Press, 2012) e foi usado
com a permissão do autor.
transformada para sempre? Ou
acaso ela rejeitará o fardo?

Devemos sentir o silêncio terrí-


vel, a agonia do suspense, entre PAR A REFLETIR
os versículos 37 e 38 do primeiro
capítulo do Evangelho de Lucas, e, Ao pensar sobre a resposta de Maria à men-
então, ao ouvirmos a resposta de sagem do anjo, de que modo o “sim” corajoso
Maria, devemos sentir grande alí- da mãe de Jesus ao plano de Deus inspira e
vio e alegria. O sim de Maria não desafia você, em sua jornada pessoal de fé?
49
LEIA
M AT EUS 1 .18 -2 5

Por que José é conhecido


como o santo silencioso
COMO OUVIR OS DIRECIONAMENTOS DE DEUS,
Q UAN D O A S C O I S A S PAR E C E M DAR E R R AD O

POR JOY CLARKSON

J osé é conhecido como o santo silencioso. Embora seu papel na histó-


ria de Cristo não seja pequeno — pois é dele, José, a linhagem real que
Jesus atribui a si mesmo; também é dele a profissão que Jesus adota —,
José não diz sequer uma única palavra em nenhum dos Evangelhos.
Este é um tema nas histórias que cercam o nascimento de Jesus: Zacarias em
silêncio no templo e José silenciosamente considerando como proceder, enquanto
Maria e Isabel irromperam em declarações proféticas, fazendo as primeiras pro-
clamações do evangelho.

Mas só porque José não fala isso não deve nos levar a pensar que ele seja pas-
sivo. Na verdade, José nos é apresentado como um homem de atitudes firmes,

50
que brotam de sua rica vida interior. garantia, e envolto em uma grande
Somos informados de que, ao saber dose de confusão. Nada disso está
que sua futura esposa estava grávida, registrado. Somente nos é dito que
ele não rompeu imediatamente o noi- José, que era justo e fiel à lei, à Palavra
vado, sujeitando-a a constrangimento do Senhor, foi também fiel a esta pala-
público e, possivelmente, a algo muito vra do anjo. Dentro de si, mais uma
pior. Apesar do que pudesse ser ten- vez, ele resolve agir, sem proferir qual-
tado a fazer qualquer noivo ferido, quer discurso profético.
alguém que estivesse sofrendo pela
dor recente de uma aparente infide- José deixou que as pessoas pensas-
lidade, José, em vez disso, traça um sem que ele, um homem sério e que
plano misericordioso e sábio. tinha domínio próprio, engravidou
Maria num momento de falta de con-
A única descrição que recebemos do trole. Ele tomou sobre si a vergonha
caráter de José é que ele é “fiel à lei” de Maria, talvez prenunciando o que
(Mateus 1.19). Assim, sem divulgar a Jesus faria por toda a humanidade. E
ninguém a situação de Maria (pelo que fez tudo isso sem dizer sequer uma
nos é dito), ele traça um plano que é, palavra.
ao mesmo tempo, fiel à lei e gracioso
para com ela. José chega a essa deci- O nosso é um mundo mergulhado em
são através de uma reflexão particu- palavras. Em José, o santo silencioso,
lar, e, segundo podemos presumir, vejo uma forma diferente de ser —
com muito sofrimento também, ainda baseada em silêncio e ação, segundo
que toda a sua dor e a sua generosi- a qual às vezes as palavras mais impor-
dade permaneçam sob a superfície. O tantes são aquelas que não falamos.
santo silencioso tem uma virtude que
ferve debaixo dessa superfície, onde
o seu domínio próprio, mesmo em
face d injustiça que sofreu, o contém
e permite que ele não apenas tolere, PAR A REFLETIR
mas também proteja Maria, que era a
fonte de sua dor. Ao refletir sobre as ações silenciosas,
mas decisivas de José, o que
E, como acontece com muitas pessoas podemos aprender sobre o poder
que tomaram decisões difíceis dentro da força silenciosa e do domínio
de si, algo ainda mais profundo brota próprio em nossa vida pessoal?
de dentro de José: um sonho e, com Como podemos cultivar uma postura
ele, um anjo. Este sonho deve ter sur- semelhante de silêncio e ação em
gido como um consolo, como uma meio a situações desafiadoras?
51
LEIA
LUCAS 1.39-55

O contraste
entre duas mães
C O M O M A R I A E I S A B E L E X A LT A M A
DEUS POR MEIO DA ALEGRIA MÚTUA

M
POR DOROTHY BENNETT

uitas são as vezes que nos encontramos numa fase de vida


semelhante à daqueles que nos rodeiam, e observamos como
eles lidam com situações parecidas com as quais vivemos.
Pode ser o namoro no ensino médio, a temporada de casamen-
tos que começa na faculdade e continua pela década seguinte, ou especialmente
o período em que nascem os filhos. Na vida, a competição pode ser o ponto fraco
natural para este tipo de comparação; no relato de Lucas, porém, isso é comple-
tamente eclipsado pelo foco no reino vindouro de Deus.

O anjo Gabriel anunciou a Maria que ela daria à luz milagrosamente a um filho,
e que sua prima Isabel também havia engravidado na velhice. Quando Maria
visitou Isabel, certamente as duas mulheres devem ter notado em que ponto
52
suas situações divergiam. A desgraça de o peso do ato milagroso — a evidência
Isabel entre o seu povo foi eliminada pela de que Deus está presente, ativo e pro-
gravidez, enquanto a de Maria começou fundamente envolvido conosco. Como
com a gravidez. O filho de Isabel foi dado disse Charles Spurgeon sobre o cântico
através da instituição do casamento; o de de Maria: “Ó, como devemos nos alegrar
Maria foi concebido pelo Espírito Santo. no Senhor, não importa o quanto possa
nos custar nossa união com ele!”
A tensão que imagino ter marcado
esse encontro é ainda agravada pelo A exultação de Isabel e o cântico de Maria
Magnificat, o cântico de louvor entoado me levam a fazer algumas perguntas pun-
por Maria. Com a entrada iminente de gentes: Será que os meus olhos procuram
Cristo no mundo, o cântico de Maria des- o mover de Deus, mesmo quando esse
creve o tipo de reino que ele veio estabe- mover vai contra aquilo que é social-
lecer. É um reino que inverterá as normas mente aceitável? Eu chamaria alguém
sociais. Os orgulhosos serão dispersos, os de bendito ou bendita, mesmo que isso
ricos serão mandados embora de mãos exigisse humildade em meus desejos
vazias. Os humildes serão exaltados e os mais profundos?
famintos serão saciados de coisas boas.
Fica claro, quando lemos o Evangelho de Porque ele é misericordioso, minha alma
Lucas, que Isabel foi exaltada e que Maria deve glorificar e meu espírito se alegrar.
o foi ainda mais. Para olhares contem- Como Isabel, quero exultar alegremente
porâneos e sem discernimento, porém, em meio às nossas diferenças ou, como
Isabel tinha o direito de sentir orgulho, Maria, quero cantar louvores mesmo
enquanto Maria não tinha direito algum. diante da perseguição pela comunidade
— não apenas por querer ser do contra,
Quão compreensível teria sido que Maria diferente, mas por me concentrar na gló-
tivesse apenas procurado abrigo durante ria vindoura do reino de Cristo.
sua visita, ou que Isabel tivesse apenas
lhe oferecido sua compaixão. Talvez
ambas pudessem ter caído no constran- PAR A REFLETIR
gimento de não reconhecerem suas dife-
renças, enquanto se preparavam para os Como o encontro entre Maria e Isabel
nascimentos que se aproximavam. desafia a nossa tendência de nos
compararmos com os outros e de
Mas Lucas não registra tensão nem tris- competirmos com eles?
teza entre as duas mulheres. Ele regis-
tra alegria. Para além da manifestação De que forma Maria e Isabel demons-
externa da gravidez de ambas, a seme- tram humildade e alegria diante das
lhança mais importante entre elas era expectativas e normas da sociedade?
53
LEIA
M AT EUS 2 .1 3 -2 3

Do Egito para
a eternidade
A L U TA D E M AR I A E J O S É
E C O A AT R AV É S D A S G E R A Ç Õ E S

Q
POR KRISTEL ACEVEDO

uando minha mãe estava grávida de mim, aos nove meses, ela e
meu pai tiveram que fugir repentinamente do país. Uma guerra
havia estourado e os combates se espalhavam pelas ruas da capi-
tal onde viviam. Por causa do tipo de trabalho do meu pai, ele
era alvo da guerrilha. Nossa família não estava segura.

Posso imaginar minha mãe, tantos anos atrás, carregando no ventre uma vida
inocente, e me pergunto como ela se sentia. Imagino que ela estava com medo, sem
saber como a situação se resolveria; imagino que meus pais se sentiram perdidos
em meio àquele caos, confusos pela forma como seus planos de constituir uma
família foram destruídos. Ninguém quer se tornar refugiado aos nove meses
de gravidez.
54
A história registrada em Mateus 2.13-23 verdadeiramente os passos que iremos
tornou-se cada vez mais vívida para mim dar. Às vezes, esses passos nos levam a
ao longo dos anos, à medida que come- lugares reconfortantes e familiares, e
cei a perceber suas semelhanças com a outras vezes nos levam para longe do
história vivida pela minha família. Posso único lar que conhecemos, para uma
imaginar Maria com o bebê nos braços. nova terra, onde conheceremos Deus
Imagino o medo, a confusão e o deses- como nosso verdadeiro e único consolo.
pero que sentiram enquanto cogitavam
sobre as implicações de dizerem sim Meus pais conseguiram se estabelecer
àquilo para o qual Deus os havia cha- em uma nova casa, em um país estran-
mado. Ninguém quer se tornar refu- geiro. Eles foram capazes de criar suas
giado com um bebê nos braços. Mateus filhas para conhecer e amar Jesus. Maria
nos faz lembrar Oseias 11.1 no meio desta e José foram capazes de criar o próprio
história cheia de profecias profundas: Jesus e juntar-se à história de Deus para
“Quando Israel era menino, eu o amei, resgatar o seu povo, cumprindo uma
e do Egito chamei o meu filho”. Apesar profecia há muito esperada, ao saírem
das circunstâncias sombrias e desespe- daquela terra distante para estabelecer
radoras, Deus tinha um plano perfeito e um reino novo e eterno. Durante esta
um propósito que não seria frustrado. época do Advento, mais uma vez fico
Embora fugir para escapar de um dita- impressionada com a forma como Deus
dor assassino possa não parecer o amor teceu os fios do seu plano em desenvol-
de Deus em ação, vemos os planos maio- vimento, de geração em geração.
res e fundamentais à medida que se
cumprem. A experiência da família de
Jesus, ao fugir para a terra do Egito e de
lá voltando, é o cumprimento da mesma PAR A REFLETIR
experiência de Israel no Êxodo. Palavras
que antes descreviam a experiência do Quando você reflete sobre as experiên-
povo de Deus, da comunidade, agora cias da jornada de Maria e José, como
falam do Messias, o Filho de Deus. isso aprofunda sua compreensão dos
temores, das incertezas e dos caminhos
Quando penso na luta de Maria e José, inesperados que eles tiveram de seguir?
e até mesmo de meus pais, lembro-me
da sabedoria de Provérbios: “O coração O cumprimento da profecia de Oseias
do homem planeja o seu caminho, mas 11.1, através da fuga e da saída de Jesus
o Senhor determina os seus passos” do Egito, destaca o plano e o propósito
(Provérbios 16.9, CSB). Nós fazemos perfeitos de Deus que não podem ser
planos, achamos que sabemos como frustrados. Como isso lhe dá esperança
será o mover de Deus, mas só ele sabe e segurança em sua própria vida?
55
LEIA
ISAÍAS 60.1-3

Fora das trevas, luz


A L U Z D O M U N D O V E I O PAR A
C O N F R O N TAR O N O S S O P E C AD O

P OR JON NIT TA

E m algum momento da infância, muitos de nós desenvolvemos


aversão ao escuro. Lembro-me de estar deitado na cama, quando
menino, ouvindo baixinho no rádio o jogo dos LA Dodgers [time
de baseball de Los Angeles], e vasculhando freneticamente com
os olhos o closet escuro, tentando discernir o que eram aquelas sombras em
movimento e que perigos elas representavam. Quando crescemos, muitas vezes
evocamos monstros e pesadelos para explicar o nosso medo — na maioria das
vezes, porém, é a própria escuridão que nos deixa profundamente perturbados.
A experiência da escuridão como uma realidade desorientadora, repleta de algo
desconhecido, parece estar profundamente gravada na alma de cada um de nós.
Em Gênesis 1, Deus separou a luz das trevas. Este foi um ato intencional e cria-
tivo que, na visão de Deus, era bom. No entanto, depois da decisão rebelde de
56
Adão e Eva e da entrada do pecado no refulja! Porque chegou a sua luz” (v.
mundo, as trevas assumiram um novo 1). A luz ilumina nosso coração para
significado. Elas não estavam apenas compreendermos não só a profundi-
“lá fora”. A escuridão estava em nós dade do nosso pecado, mas também a
e se aproximava de nós. Em escritos obra redentora de Jesus, já concluída
judaicos como o Talmude Babilônico, em nosso favor.
as trevas são uma metáfora para deso-
rientações perturbadoras, para pavo- As palavras brilhantes de Isaías nos
res que se apoderam de uma pessoa. lembram do nosso chamado. Não
Também significam o mal e o pecado podemos entesourar egoisticamente
que fazem a pessoa lutar por direção, esta luz, enquanto aguardamos o seu
identidade e compreensão do que segundo Advento. A luz deve refulgir
está por vir. Da mesma forma, Isaías de forma brilhante para que as nações
9 usa a expressão composta tzalmavet e nossos vizinhos do outro lado da rua
— “densas trevas” — para descrever a possam ver Jesus claramente como a
lúgubre sombra da morte que reside Luz do Mundo (João 8.12). Quando
em cada coração humano. o evangelho da luz de Jesus brilha
mais profundamente em nós, ele só
Isaías 60.1-3 ecoa de forma sutil a pode refletir, para fora de nós, atra-
conhecida história de Gênesis 1. Mais vés da luz da adoração e da partilha
uma vez, há contraste e separação das Boas-Novas.
entre luz e trevas. Mas, no relato de
Isaías, as trevas envolventes se dissi-
parão — não quando o Senhor, o autor
da criação, ordenar, mas quando ele PAR A REFLETIR
chegar em sua plenitude. Isaías está
profetizando o Advento — a vinda do De que modo o conceito de trevas,
Rei — que é luz para todos os que estão tanto em Gênesis quanto em Isaías,
nas trevas. simboliza mais do que apenas
a ausência de luz física, mas
Neste período do Advento, as pala- também a presença do pecado e da
vras de Isaías são um convite a recor- desorientação em nossas vidas?
dar o primeiro Advento. Em um ato
que nada tem de dramático, antes, Como podemos abraçar a
que é sublime, a Luz do Mundo veio mensagem da profecia de Isaías
humildemente como um bebê para durante o tempo do Advento e
confrontar a escuridão do pecado refletir ativamente a luz de Jesus,
em todos nós. As palavras de Isaías através da adoração e da partilha
são uma celebração: “Levante-se, das Boas-Novas com os outros?
57
LEIA
LUCAS 2.13-14

Uma sinfonia
de salvação
A CELEBRAÇÃO DOS ANJOS É UMA
AN T E C I PA Ç Ã O D O Q U E E S TÁ P O R V I R

POR ALEXIS RAGAN

E m Lucas 2.13, testemunhamos um grupo de anjos suspensos no


céu noturno, enquanto cantam uma declaração de louvor pela che-
gada de Cristo à terra como uma criança. Quão maravilhoso deve
ter sido ouvir os brados de celebração que enchiam o ar de forma
vibrante, em uma demonstração de honra pelo Deus que se fez carne. Embora
possamos apenas imaginar quais sons celestiais encheram o céu daquela noite,
uma conhecida peça musical procura nos oferecer um vislumbre [do que foi]: o
famoso coro “Aleluia”, do Messias de Handel. Nele, um coro de anjos dá boas-
-vindas à presença e ao poder de Cristo, acompanhado por uma sinfonia que é
apreciada há séculos; uma representação terrena do som daquela noite santa.

58
A celebração daquela noite, há mais de supremo e soberano, e cada uma
2 mil anos, é uma antecipação do que revela uma multidão celestial de ado-
está por vir: a celebração que irrom- radores dedicados a dar-lhe glória. Em
perá quando o Cordeiro, alvo como a ambas as passagens, reconhecemos a
neve, sentar-se à cabeceira da mesa, mesma sinfonia da salvação que pro-
esperando a chegada de sua convi- clama a presença e o poder de Jesus.
dada, a noiva. Em Apocalipse 19, pode- Ao celebrarmos o Advento, somos
mos ver paralelos entre o anúncio dos convidados a abrir espaço para uma
anjos aos pastores, a música em cres- santa observação e a reservar tempo
cendo do Messias de Handel, e a “voz para contemplar a maravilha da sua
de uma grande multidão” cantando chegada, junto com a glória do seu rei-
louvores pela consumação de Cristo nado eterno, participando da mesma
e da sua igreja: sinfonia da salvação

Aleluia!
Pois o Senhor nosso Deus
o Todo-Poderoso reina.
Vamos nos alegrar e exultar
e dar-lhe glória,
pois é chegada a hora
das bodas do Cordeiro,
e sua Noiva já se aprontou;
foi-lhe dado para que vista
linho fino, brilhante e puro
(Apocalipse 19.6-8, ESV)

Nesta passagem, João testemunha o PAR A REFLETIR


anúncio do casamento celestial defini-
tivo e a chegada da noiva de Cristo, que De que modo a contemplação
se adornou com uma série de vestes dessas cenas aprofunda a nossa
luminosas, próprias para uma cerimó- admiração pela vinda de Cristo e
nia celestial. A interseção de Lucas 2 e sua união com a igreja?
Apocalipse 19 nos apresenta imagens
de Cristo exaltado: primeiro, como Quando refletimos sobre o
uma criança na terra, e, depois, sendo paralelo entre a chegada humilde
apaixonadamente louvado e aclamado de Cristo à terra e o seu reinado
como Rei dos Reis no céu. Ambas as glorioso no céu, o que isso nos
cenas mostram a magnitude celestial revela sobre a sua natureza e o
pela qual Cristo é reconhecido como seu propósito divinos?

59
Mas ao anjo lhe disse: “Não
tenham medo. Estou trazendo
boas-novas de grande alegria
para vocês, que são para todo
o povo: Hoje, na cidade de
Davi, nasceu o Salvador, que é
Cristo, o Senhor.”
LUCAS 2.10-11
LEIA
LUCAS 2.8-20

A surpreendente estratégia
do anúncio de Deus
UMA VISÃO DIFERENTE
DE UMA CHEGADA GLORIOSA

POR RONNIE MARTIN

O nascimento de Cristo nos surpreende.

E não apenas o nascimento em si, mas a forma como Deus deci-


diu apresentar ao mundo o nascimento do seu Filho. Sem um
plano de marketing milionário, sem campanha nas redes sociais, sem anúncios
na TV paga em horários nobres; o Senhor escolheu um grupo de ingênuos pasto-
res para apresentar as boas-novas de grande alegria para todas as pessoas. Imagine
quão impressionados esses pobres pastores devem ter ficado, quando uma multidão
de anjos do outro mundo lhes apareceu na escuridão da noite, cantando: “Glória
a Deus nas alturas, e paz na terra entre aqueles de quem ele se agrada!” (ESV).
Ficamos maravilhados quando consideramos a grandeza deste espetáculo que Deus

62
organizou para tão poucas pessoas com uma história de origem com aconte-
tão pouca influência na cultura. cimentos peculiares como este, para
que, milhares de anos depois, possamos
Mas, então, lembramo-nos de Maria e valorizar e ponderar como Maria, e para
José, da manjedoura e de alguns animais. que possamos voltar como esses pasto-
Uma cena que faria a maioria dos pais res, glorificando e louvando a Deus por
estremecer, se tivesse de contemplar tudo o que vimos e ouvimos.
um nascimento tão simples e obscuro.
Ao tentarmos visualizar essas coisas, Você se humilhará como Jesus? Você
somos lembrados de que a ideia de Deus se deixará ser guiado como esses pasto-
sobre o nascimento divino do seu Filho res? Você vai parar de ver sua vida como
não incluía a extravagância e o excesso uma série de circunstâncias aleatórias,
que teimamos em usar para aparentar frutos do acaso, e abrir seus olhos para
influência e importância. as maneiras surpreendentes como Deus
age nos momentos banais de sua vida?
Na economia transcendente de Deus, a Olhe ao seu redor, porque a glória do
humildade é como ele quer que enten- Senhor está brilhando sobre você, para
damos a piedade, que entendamos o enchê-lo de grande temor, a fim de que
seu Filho. Como descreve Filipenses: você possa experimentar sua grande paz.
“Embora tivesse a forma de Deus, não
considerou o ser igual a Deus algo a PAR A REFLETIR
que devia se apegar, mas esvaziou-se a
si mesmo, assumindo a forma de servo” O nascimento de Jesus foi anunciado a
(2.6-7, ESV). um grupo de pastores, uma audiência
de pessoas marginalizadas e imprová-
A surpreendente estratégia do anún- veis. Como essa estratégia de anúncio
cio de Deus provavelmente não será fora do convencional desafia as noções
apresentada em livros de liderança, de importância, influência e poder da
em seminários estratégicos nem em nosa sociedade?
vídeos de influenciadores como suges-
tão para impulsionar sua marca, ganhar O anúncio do nascimento de Jesus
mais seguidores e fazer avançar sua desafia a nossa percepção de sucesso
plataforma. Deus faz algo muito mais e as formas como frequentemente bus-
desconcertante. Ele santifica a nossa camos reconhecimento e influência no
compreensão e desvenda os nossos valo- mundo. Como podemos mudar a nossa
res de uma forma muito particular, para perspectiva de modo a reconhecer
que o nosso coração bata com uma pul- e a ver momentos comuns da nossa
sação cada vez menos sincronizada com vida como oportunidades para Deus
os ritmos do mundo. Ele compartilha trabalhar e revelar a sua glória?
63
LEIA
ISAÍAS 9.2-7

Há uma luz
que muda tudo
O V E R D A D E I R O P R E S E N T E D E N ATA L
POR TRILLIA NEWBELL

A época do Natal está chegando! Para meus filhos, isso significa a


expectativa dos presentes. Acho que eles começam a fazer suas
listas no dia 26 de dezembro do ano anterior. Eles ficam ansiosos
e por meses e meses falam sobre os presentes do próximo Natal.

Quando os presentes finalmente chegam, são recebidos com diversas reações —


algumas mais entusiasmadas do que outras. Mas a única coisa que nunca falha
é esta: depois de cerca de uma hora, meus filhos estão fazendo algo comple-
tamente não relacionado aos presentes pelos quais esperaram durante o ano
inteiro. Em última análise, os presentes deste mundo, ainda que maravilhosos,
não nos satisfazem. Eles nos deixam querendo algo mais. Mas há um presente que
64
verdadeiramente satisfaz. Um pre- pois ele veio para nos trazer luz e ale-
sente que continua sendo oferecido. gria. A profecia de Isaías vai além da
Um presente que nunca nos decepcio- luz, vai até a vitória. Haverá vida glo-
nará, que nos sustentará e que estará riosa, alegria e vitória para o povo de
sempre disponível para nós. Esse pre- Deus (Is 9.3-5). E recebemos tudo isso
sente é Jesus, a Luz do Mundo. porque “um menino nos nasceu, um
filho nos foi dado” (v. 6).
Isaías profetiza sobre um bebê que
salvará o mundo. Este anúncio surpre- Os problemas do antigo Israel são os
endente foi feito a um povo rebelde, mesmos que temos hoje: rebeldia,
numa época de trevas. Havia guerra e guerra, ira e conflito. A escuridão é
apreensão. Não havia paz a ser encon- a mesma. E, se entendermos isso, a
trada. As trevas eram palpáveis e iam dádiva e a beleza da luz ficarão muito
além até mesmo das circunstâncias mais brilhantes.
em que Israel se encontrava. As trevas
que experimentavam também eram Todos nós precisamos da esperança
de natureza espiritual; é a escuridão do Natal — a esperança de um bebê
que todos experimentamos antes de que nasce para trazer uma grande luz.
conhecermos o Salvador. Todos nós precisamos de Jesus tanto
quanto o antigo Israel precisava, tanto
Jesus cumpre as promessas do Antigo quanto toda a humanidade precisa.
Testamento sobre a luz vindoura de Igualmente. Cada um de nós. Você e
Isaías 9.2: “O povo que caminhava eu precisamos de Jesus, hoje, amanhã
em trevas viu uma grande luz; sobre e sempre. Podemos apreciá-lo e viver
os que viviam na terra da sombra da com ele na luz, aqui e agora.
morte raiou uma luz.”

Essa era a promessa das boas-no- PAR A REFLETIR


vas tanto para Israel quanto para
nós hoje. A Luz do Mundo veio e, se Os presentes deste mundo podem
a seguirmos, também andaremos na nos deixar insatisfeitos e querendo
luz — teremos a luz da vida (1João 1.7; mais; mas como você descreveria
João 8.12). Não precisamos temer a a satisfação e a realização que
destruição, pois recebemos a luz e a experimentou, que fluem de
verdade, e não andaremos mais nas conhecer a Jesus?
trevas. Podemos ser honestos e vul-
neráveis. Não há necessidade de nos Como você pode abraçar ativamente
escondermos de Jesus — não conse- a esperança do Natal e a presença
guiríamos, mesmo que tentássemos —, de Jesus em sua vida cotidiana?
65
LEIA
M AT EUS 2 .1 - 1 2

O que fez esta


‘Epifania’ se destacar?
A REVELAÇÃO ÚNICA DO
ADV E N T O PAR A T O DA S A S P E S S OA S

POR MALCOLM GUITE

A história dos reis magos tem um sentido especial de mistério e


alegria, e há muito tempo é celebrada pelos cristãos em um dia
de festa especial chamado Epifania. A palavra grega epipháneia
significa “brilhar” ou “revelar”. É claro que a Bíblia está repleta de
grandes epifanias: a sarça ardente — que fez com que Moisés se voltasse e encon-
trasse a Deus — foi uma epifania; a visão de Isaías — no capítulo 6, do “Senhor
exaltado” — foi uma epifania; os céus que se abriram no batismo de Jesus foram
uma epifania. Então, como é que este momento específico do evangelho de Mateus
passou a ser chamado de epifania? A resposta está na grande importância desse
fato para nós, que somos descendentes de gentios — aqueles que não nasceram
como parte do povo judeu, o povo escolhido original.
66
Às vezes, ler o Antigo Testamento é Poderia ter sido apenas
como ouvir a longa história da famí- a história de outro alguém,
lia de outra pessoa, e faz você se per- De algum povo escolhido
guntar o que isso realmente tem a que ganha um rei especial.
Nós os deixamos
ver com você. Mas, de repente, você
com a própria glória que lhes é peculiar,
ouve seu próprio nome e percebe
Nós não pertencemos [a essa história],
que esta é a sua história também.
não significa nada [para nós].
Isso é o que acontece no momento Mas quando chegam os três,
em que os reis magos encontram Estes nos levam com eles,
o menino Jesus. Até ali, a história São gentios como nós,
da vinda do Messias estivera confi- e sua sabedoria pode ser a nossa;
nada a Israel, o povo da aliança; mas, Passos firmes que encontram
então, de repente e de forma miste- um ritmo interior,
riosa, três gentios intuíram que o seu Um olhar de peregrino que enxerga
nascimento era uma boa-nova tam- além das estrelas.
Eles não sabiam o nome dele
bém para eles e, assim, trouxeram
mas ainda assim o buscaram,
presentes ao menino Jesus. Temos
Vieram de outras paragens
aqui uma epifania, uma revelação
mas ainda assim eles encontraram;
de que o nascimento de Cristo não Nos templos, encontraram aqueles
é um pequeno passo para uma reli- que o venderam e o compraram,
gião local, mas sim um grande salto Mas, no estábulo imundo, o solo sagrado.
para toda a humanidade. Jesus veio Sua coragem dá voz
para todos nós, gentios e judeus! aos nossos corações que buscam
[nos dá voz para] Buscarmos, encontrarmos,
Adoro a forma como esses reis são adorarmos, alegrarmo-nos.
tradicionalmente retratados como
representantes das diferentes raças, Este soneto, “Epiphany”, foi extraído de Sounding the Seasons
culturas e línguas do mundo. Adoro a (Canterbury Press, 2012) e usado com a permissão do autor.

forma como o mundo, em toda a sua


diversidade, é captado no caráter de
diligência e alegria dos reis magos.
Eles “buscam diligentemente”, mas PAR A REFLETIR
se regozijam “com grande alegria”
(KJV). Adoro a maneira como eles A combinação de diligência e alegria
seguem a estrela, permitindo que ela demonstrada pelos reis magos é notável.
os leve para algo além de si mesma. Refletindo sobre o exemplo deles, de que modo
Aqui está um soneto que procura podemos cultivar um equilíbrio entre a busca
expressar um pouco do que essa his- diligente e a alegria jubilosa em nossa própria
tória pode significar para nós: busca por Cristo?

67
LEIA
APOCALIPSE 21.1-6

Advento para
corações desolados
A ESPERANÇA DA UNIÃO QUE NOS
AJUDA A PERSEVERAR HOJE

POR CRAIG SMITH

A época do Natal nem sempre é alegre e animada. Na verdade, ela


pode vir carregada de mágoa, tristeza, lágrimas e dor. Eu entendo
isso de perto. Desde 30 de junho de 2021, essa época do ano, para a
minha família, tem sido marcada por lágrimas e tristeza. Naquele
dia, nossa filha de 20 anos morreu em um trágico acidente de carro, enquanto
voltávamos juntos das férias. Em questão de segundos, nossa primogênita nos
foi tirada.

A morte é nossa inimiga. Odeio a morte — estou cansado de lágrimas. E, no


entanto, se aquele dia de junho é o dia da minha maior tristeza, então, Apocalipse
21 é a minha maior fonte de esperança e de consolo. E pode ser a sua também.

68
Em suas palavras, encontramos a opostos e de divisões denominacionais,
certeza da vitória eterna que Jesus pois todos seremos reunidos para
garantiu ao seu povo. O amoroso Pastor adorá-lo e servi-lo, para governar
enxugará dos nossos olhos toda lágrima e administrar com ele. Não haverá
e erradicará o pecado, a morte e o diabo mais morte. Haverá um trabalho
para sempre. Essa é a nossa recompensa com propósito a realizar, família e
futura e o destino de todos aqueles que amigos para desfrutar, sem medo de
são pessoas de fé. uma separação, e uma eternidade de
aprendizado e e de descobertas. Será
O escopo do evangelho de Jesus Cristo uma realização contínua do nosso
não se limita à salvação de nossas almas. anseio mais profundo de união com
Inclui a restauração e a redenção de Deus e de uns com os outros.
tudo o que foi perdido na queda do
homem, em Gênesis 3. Essa restauração A esperança desse grande dia me
envolverá um novo céu, uma nova ajuda a perseverar hoje, mesmo
Jerusalém e corpos aperfeiçoados que quando a tragédia que aconteceu em
serão ressuscitados para habitar em nossa família e a tristeza na época do
uma nova terra gloriosa. Aguardamos Natal parecem insuportáveis. Nosso
ansiosamente a transformação de todo Senhor chegou com grande humildade
o universo. naquele primeiro Natal, mas retornará
novamente em vitória absoluta. A
A visão do que está por vir, captada em poderosa visão dada ao apóstolo João,
Apocalipse 21, será nova em qualidade no livro de Apocalipse, termina com o
e superior em caráter àquela que temos Senhor dizendo: Sim, venho em breve!
agora. Assim como o texto prediz o Ao que João responde, juntamente com
fim do mundo que hoje conhecemos, todos os corações tristes: Amém. Vem,
imediatamente também fala da chegada Senhor Jesus!
de um novo e magnífico começo. Esta
nova terra é o lugar em que o reino de
Cristo será revelado em sua plenitude; PAR A REFLETIR
onde o próprio Deus reinará como único
Rei sobre tudo, e habitará em paz e poder Como a promessa de Apocalipse 21.1-6
entre o seu povo. dá esperança aos que sofrem durante
a época do Natal?
Esta é a essência da salvação: um
relacionamento íntimo e pessoal com Como a antecipação do novo céu
o próprio Deus, que não tem fim e e da nova terra podem influenciar
que é para todo o sempre. Não haverá a nossa perspectiva sobre os
necessidade de partidos políticos desafios do presente?

69
A sua misericórdia
estende-se aos que o temem,
de geração em geração.
LUCAS 1.50
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de língua portuguesa através de histórias e recursos, notícias
e opiniões que modelem o evangelho verdadeiro, bom e belo,
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Ao Rei eterno, ao Deus único,
imortal e invisível, sejam honra
e glória para todo o sempre.
Amém.
1 TIMÓTEO 1.17

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