ENTRE MACHADOS E ESQUELETOS: A LITERATURA DE HORROR MACHADIANA DO SÉC.
XIX
Matheus Menarim Moers (PROVIC/UEPG), Erivan Cassiano Karvat (orientador), matheusmena.m13@hotmail.com:
eckarvat@gmail.com.
Universidade Estadual de Ponta-Grossa – UEPG/ Departamento de História
História, Teoria e Filosofia da História
Palavras-Chave: História Intelectual; História e Literatura;
Resumo
A pesquisa se propôs em analisar alguns contos de
horror de Machado de Assis (1839-1908), publicados
entre os anos de 1870 e 1885 em grande maioria no
Jornal das Famílias, periódico do Rio de Janeiro
formado em 1863 e também na Gazeta de Notícias,
jornal carioca fundado em 1875.
Introdução
Após a Proclamação da República, em 1889, a
intelectualidade brasileira desejava cortar laços que
prendiam o Brasil ao seu passado colonial. A partir
disso, novos paradigmas, (sociais, econômicos ou
culturais) seriam buscados, tentando se desgarrar
daquilo anteriormente imposto, reorientando a busca por
uma identidade literária nacional. Machado de Assis é
um dos importantes autores brasileiros deste período,
sendo lembrado principalmente por seus romances da
grande fase. Mas existe um outro lado do autor que
ainda é pouco pesquisado, o de seus contos de horror.
Esses contos, publicados entre os anos de 1870 e 1885
não ganham espaço na literatura, devido às novas
diretrizes ideológicas que eram desenvolvidas, diretrizes
estas, que buscaram resolver problemas e pautas da
realidade brasileira.
Material e Métodos
Foi feita a seleção dos contos conforme as definições do
gênero horror pesquisadas. Foi necessário realizar uma
série de levantamentos e fichamentos sobre a literatura
brasileira do séc. XIX, usando principalmente críticos
literários e historiadores que pesquisaram a obra de
Machado de Assis, sendo eles: Roberto Schwarz, John
Gledson e Sidney Chalhoub. Por fim, a pesquisa teve
como passo final a análise dos contos, buscando
possíveis semelhanças com a literatura de horror
estrangeira e também suas diferenças.
Resultados e Discussão
A partir das leituras de grandes autores do gênero do
horror, tais como Edgar Allan Poe e H.P. Lovecraft,
pode-se identificar características gerais dos contos de
horror, características estas, que estão presentes nos
contos analisados de Machado de Assis: a narração em
primeira pessoa, o narrador não confiável, a dúvida
como aspecto fundamental para o enfrentamento do
fantástico. Esses elementos, portanto, são praticamente
Literatura de horror; Machado de Assis.
fundamentais para a formulação das histórias, mas
quando lemos os contos no Jornal das Famílias, cuja
finalidade era publicar uma “literatura amena”, percebe-
se que o horror se adequará aos pressupostos do
periódico. Os contos seriam, portanto, pertencentes ao
“horror ameno”, já que existem elementos na narrativa
que permitem que toda a tensão causada pelos
acontecimentos seja apaziguada: a presença feminina
na narrativa, pistas sobre a falsa conclusão da história,
etc.
Conclusão
Mesmo tendo recebido diversas influências da literatura
provinda de Edgar Allan Poe, Machado foi bastante
competente em trabalhar o gênero dialogando com
temas concernentes ao Brasil do séc. XIX. Podemos
encontrar nas histórias não apenas o horror, como se
descolado da realidade em que vivia Machado de Assis,
mas estruturado, nesse caso, a partir das pautas,
contextos e cenários do Rio de Janeiro e do Brasil dessa
mesma realidade. Esses elementos pertencentes ao
contexto brasileiro podem ser percebidos durante a
leitura dos contos: o hospital psiquiátrico Pedro II, locais
do Rio de Janeiro e do Brasil em geral, os escravos no
conto “A Vida Eterna”, etc.
Agradecimentos
Agradeço principalmente à UEPG, já que sem a
universidade pública essa pesquisa não teria sido
realizada. Dedico esse trabalho ao meu orientador,
professor Dr. Erivan Cassiano Karvat, que acompanhou
e contribuiu com todo o processo.
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ASSIS, Machado de. A Vida Eterna. Jornal das Famílias, Rio de Janeiro, Ano
VIII, número 1, p.5-18, janeiro, 1870.
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ESTEVES, Lainister de Oliveira. Literatura nas Sombras: usos do horror na
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SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo, Machado de
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