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Dedicamos este livro

a Jesus e a sua noiva, a Igreja.


Todos nós nascemos para ouvir a voz de Deus.
Portanto, todos podem profetizar.
AGRADECIMENTOS

Dedicamos nosso trabalho a Jesus, nosso melhor amigo, que nos encorajou durante os dois
anos de preparação desse material e que continua nos encorajando.
Aos nossos esposos, crianças, filhos e filhas espirituais pela paciência e parceria ao
necessitarmos nos ausentar para ouvir a voz de Deus e dedicar quase todo nosso tempo diário a
estudos e pesquisas.
A todos nossos amigos e amigas que de forma direta e indireta contribuíram para a
organização, diagramação e execução deste livro/apostila, nossa gratidão.

Elaine Pinheiro e Juliana Yang

Elaine Pinheiro é esposa de Rafael Pinheiro desde 2004,


mãe de Isabelle e Destiny Pinheiro.

Juliana Yang é esposa de Daniel Yang desde 2003,


mãe de Jonathan, Tiffany e Kristy Yang.
SUMÁRIO

Prefácio 06
Introdução 08
Capítulo 1 – Voz 09
Capítulo 2 – Deus está sempre falando 11
Capítulo 3 – Por que você foi criado 13
Capítulo 4 – Definindo sua identidade 14
Capítulo 5 – O Ministério Profético 17
Capítulo 6 – As linguagens de Deus 23
Capítulo 7 – Profetas e Profecias 28
Bibliografia 37
PREFÁCIO

Não é muito fácil para mim escrever um prefácio, especialmente quando é a primeira vez que o faço.
Mais do que um prefácio, seria um testemunho daquilo que tenho visto na vida da Elaine e da Juliana. Ver
desde o começo a caminhada delas tem sido maravilhoso e, sem dúvida, muito edificante para minha vida.
Lindo ver a forma como Deus entrou na história de vida delas e o tamanho da transformação que Ele
tem trazido em todo os aspectos; espirituais, emocionais, físicos e mentais, chegando à conclusão de que
Deus quer transformar todo o nosso ser à semelhança de nosso Mestre.
Também é lindo ver outras pessoas crescendo em seus dons e chamados, além de, sem dúvidas estarem
florescendo e influenciando muitas vidas ao seu redor. O livro/apostila é apenas um exemplo desses frutos.
Não é a causa, mas sim a consequência do agir de Deus na vida delas e através delas.
Tudo, na verdade, vem de Jesus, é por Jesus e para Jesus. Que continuemos a crescer em tudo Naquele
que é o cabeça. Com certeza, esse material livro irá acrescentar muito para isso, de modo que não somente
você possa ser edificado, mas que também seja um instrumento de Deus para edificar muitas vidas.
Expresso aqui a minha gratidão a Deus e às vidas da Elaine e Juliana, minha amada esposa, por se
disporem a serem usadas pelo Senhor. À Ele toda a glória.
Daniel Yang
Pastor adjunto da Igreja Missionária de São Paulo e pastor da Comunidade Missionária de São Paulo.
Daniel é casado com Juliana Sung e pai de Jonathan, Tiffany e Kristy Yang.
“Grande amigo e querido mentor”. Elaine Pinheiro
“Meu amado esposo e incentivador”. Juliana Yang
A parábola dos talentos (Mateus 25:14-30) me lembra a vida de Juliana e Elaine. Duas mulheres que
confiaram no pouco e multiplicaram o que tinham. Duas mulheres que se diminuem mais e mais a cada dia,
para que Deus cresça. Mulheres que temem a Deus e têm todo o favor dos anjos. Sabendo do testemunho
dessas duas vidas tão preciosas me fazem sempre querer ser alguém melhor, com caráter cada vez mais
parecido ao de Jesus.
De perto pude ver que este livro foi escrito com muito temor e, sem dúvidas, guiado pelo Espírito
Santo, e o quanto Deus tem dado autoridade e capacidade a elas. Tendo feito o treinamento profético, pude
conhecer mais a mim mesma e ao Pai, firmando minha identidade da eternidade, além de poder ver o quão
Deus é bom e o quanto Ele é criativo nas formas de se comunicar com seus filhos. Tudo o que tenho
experimentado e experienciado até hoje são frutos da minha fé de que sou capaz e da minha fome de querer
ser usada por Deus, de alguma forma ser um instrumento do Reino. E tudo isso só consegui aprender com
o discipulado das minhas queridas mães, em como andar nos meus dons e no meu chamado. A questão do
ministério profético não é você saber profetizar, claro que a base está no dom de profecia e no amor, mas o
principal objetivo é trazer a identidade dos filhos de Deus, fazer com que eles sejam quem eles são na
eternidade aqui na terra.
Como nossas líderes e mães espirituais, elas sempre nos dizem “queremos que vocês sejam muito
melhores que nós”. E eu penso “tem como?”. A maior expressão de amor e humildade eu encontro nelas. O
coração todo entregue ao ministério profético, o desejo de querer entregar tudo o que têm de melhor, a
querer que os filhos de Deus estabeleçam o Reino aqui na terra e que aperfeiçoem seus ouvidos e liberem
palavras de vida para abrir corações de pessoas.
Juliana e Elaine também são pessoas falhas, e elas deixam bem claro isso aos filhos espirituais. São
pessoas que passam dificuldades particulares assim como qualquer um, mas estão sempre dispostas a
melhorar e a nos animar mesmo que elas estejam nos piores dias, porque essa é a paixão delas. E o meu
coração queima só de ver o quanto são apaixonadas por Jesus, de ver como elas abrem mão de tudo pra que
seja feita a vontade do Pai.
Tudo que tenho a dizer é obrigada, mães. E meu maior desejo é que vocês continuem expressando o
amor de Jesus e que alcancem os céus, pois há coisas muito maiores que estão por vir.

Carolina Park
Deisnger Gráfico, líder e membro da Deror Global.
Filha espiritual de Elaine Pinheiro e Juliana Sung.
INTRODUÇÃO

A Profecia

"Venham, vamos refletir juntos", diz o Senhor. "Embora os seus pecados sejam vermelhos como
escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; embora sejam rubros como púrpura, como a lã se
tornarão.”
(Isaías 1:18)

Esta afirmação do profeta Isaías garante que se o povo se mantivesse fiel, iria desfrutar de uma gloriosa
restauração após o exílio. Isaías indica de que maneira o Salvador destruiria os pecados. As promessas de
salvação, a liberdade e o arrependimento trariam o coração distante de um povo de volta para perto do seu
Criador. Essa profecia cumpriu-se no povo de Israel.
Nos dias do profeta Isaías, havia muita injustiça social. O povo de Israel era governado por Jeroboão,
e o povo de Judá por Uzias. A aliança registrada por Moisés em Deuteronômio 30:11-20 tinha sido
totalmente violada. Os cultos pagãos passaram a ser tolerados. O rico oprimia o pobre, as mulheres
negligenciavam suas famílias em busca do prazer carnal e muitos dos sacerdotes e profetas buscavam
agradar aos homens.

“Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas
iniquidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados.”
(Isaías 53:5)

No Novo Testamento, o sacrifício de Jesus foi suficiente para que Deus perdoasse nossos pecados. Ele
é o Cristo anunciado pelo profeta Isaías – considerado o profeta do Messias –, uma vez que os evangelhos
citam e aplicam mais textos do livro de Isaías do que de qualquer outro profeta do Antigo Testamento.
A profecia de Isaías foi provada com a vinda de Jesus. Toda profecia deve ser provada! Ele é referido
como o “profeta messiânico” por causa das muitas de suas profecias que se cumpriram especificamente em
Cristo. Em Isaías 53, é descrito claramente que o Messias seria sacrificado pelos nossos pecados.
Reconhecer a voz de Deus e declará-la trará a justiça de Deus às pessoas. A justificação e a
reconciliação são ministérios gloriosos, nossa herança por meio do sacrifício de Jesus. A voz profética é
uma chave para entendermos os desejos de Deus às pessoas. A profecia é capaz de edificar, encorajar e
consolar, trazendo as pessoas para a glória transformadora de Deus.

“Mas o que profetiza fala aos homens para edificação,exortação e consolação".


(I Coríntios 14:3)

“Se era glorioso o ministério que trouxe condenação, quanto mais glorioso será o ministério que
produz justiça!”
(II Coríntios 3:9)
CAPÍTULO I

Voz

“A voz do Senhor é poderosa; a voz do Senhor é majestosa. A voz do Senhor quebra os cedros; o
Senhor despedaça os cedros do Líbano”.
(Salmos 29:4-5)

Podemos declarar a voz do Espírito de Deus

“Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em
Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra".
(Atos 1:8)

O Espírito de Deus habita em nós e a obra redentora de Cristo restaurará toda a terra.

“Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus”.
(Romanos 8:14)

O Espírito Santo foi derramado sobre todos aqueles que morreram e ressuscitaram em Cristo Jesus.
Estes, chamados filhos de Deus, serão guiados pelo Espírito Santo, viverão segundo a vontade do Espírito
de Deus, fazendo a vontade do Espírito.

“O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus. Se somos filhos, então
somos herdeiros; herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus
sofrimentos, para que também participemos da sua glória.”
(Romanos 8:16-17)

Quando recebemos a obra redentora de Cristo, nos tornamos, através da revelação do Espírito, filhos
de Deus. Recebemos a gloriosa revelação de nossa cidadania celestial.1 Somos hospedeiros da redenção e
da herança dos céus. Iniciamos nossa jornada de ser filhos e andar como filhos de Deus.

Ser filho X Andar como filho

Ser filho é diferente de andar como filho. Quando reconhecemos que o Espírito nos chamou e nos
justificou para que vivêssemos em Sua Presença, sabemos que esse mesmo Espírito manifesta o Seu Reino,
e, através de nossas vidas, constrói caminhos para os que ainda não foram alcançados. Somos responsáveis
por declarar em toda a terra que temos um “Abba” que deseja perdoar e restaurar nossas vidas e nosso
mundo.
Ser filho é ter convicção de que a obra redentora de Cristo permitiu-nos ter o direito de nos tornarmos
filhos de Deus. Andar como filho e ser guiado pelo Espírito é realizar o propósito, o chamado que Deus

1
Filipenses 3:20.
designou para cada um de nós quando estamos inseridos no Corpo de Cristo. No capítulo IV, trazemos o
conceito de identidade corporativa e de identidade individual onde detalhamos tais processos.

Como Deus libera Seus desejos através das pessoas

Desde o princípio, Deus deseja liberar Sua voz através das pessoas. Deus sempre almejou relacionar-
se com sua mais bela criação: as pessoas. Deus criou toda a terra e fez o homem à sua imagem e semelhança,
determinando que este a subjugasse e dominasse.2
Em todo o Antigo Testamento, após a corrupção da humanidade, a voz de Deus ressoou através dos
profetas a fim de restaurar o relacionamento com seus filhos.
No Novo Testamento, João Batista foi o cumprimento da palavra proferida pelo profeta Isaías como
sendo “a voz que clama no deserto.”3 João não era o Cristo, mas carregava a voz que clamava e preparava
o caminho para a vinda do Salvador; Aquele que reconciliaria a humanidade com Deus eternamente.
Todos nós carregamos uma mensagem única e genuína por onde andamos, uma revelação do Pai –
temos a paternidade celestial. A voz do Espírito de Deus em nós, declarando que somos Suas testemunhas,
filhos de Deus por adoção. Estamos construindo um caminho para que outros também possam ser
reconciliados com o Abba.

“[...] E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem
pregue?”
(Romanos 10:14)

2
Gênesis 1:26-31.

3
Isaías 40:3, João 1:23, Mateus 3:1.
CAPÍTULO II

Deus está sempre falando

“Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos. Um dia fala
disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite. Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua
voz. Mas a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras, até os confins do mundo. Nos céus ele
armou uma tenda para o sol, que é como um noivo que sai de seu aposento, e se lança em sua carreira
com a alegria de um herói. Sai de uma extremidade dos céus e faz o seu trajeto até a outra; nada
escapa ao seu calor. A lei do Senhor é perfeita, e revigora a alma. Os testemunhos do Senhor são
dignos de confiança, e tornam sábios os inexperientes. Os preceitos do Senhor são justos, e dão
alegria ao coração. Os mandamentos do Senhor são límpidos, e trazem luz aos olhos. O temor do
Senhor é puro, e dura para sempre. As ordenanças do Senhor são verdadeiras, são todas elas justas.
São mais desejáveis do que o ouro, do que muito ouro puro; são mais doces do que o mel, do que as
gotas do favo. Por elas o teu servo é advertido; há grande recompensa em obedecer-lhes. Quem pode
discernir os próprios erros? Absolve-me dos que desconheço! Também guarda o teu servo dos
pecados intencionais; que eles não me dominem! Então serei íntegro, inocente de grande
transgressão. Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a ti,
Senhor, minha Rocha e meu Resgatador!”
(Salmos 19)

A voz de Deus ressoa por toda a terra. Como um noivo, Ele lança-se para tornar real e intenso o
relacionamento com sua amada noiva. Como as ondas do mar, que são trazidas da profundidade, Ele vem
ao nosso encontro e nos envolve em sua plenitude até que nos tornemos um com Ele.
Ouvir a voz de Deus nos guarda de todo pecado intencional, para que este não nos domine. Jesus Disse:

“As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna,
e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão. Meu Pai, que as deu para mim,
é maior do que todos; ninguém as pode arrancar da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um. ”
(João 10:27-30)

O que Deus diz proclama a intenção de Seu coração a nosso respeito.4 A voz do Abba é capaz de limpar
a lama do pecado e revelar os tesouros nela escondidos. Ela tem o poder de brilhar na escuridão que impede
que as pessoas percebam o quão distantes estão da glória do Pai.
Quando olhamos o pecador com olhos de condenação e desesperança, estamos fazendo o mesmo que
declarar que a obra de Cristo na Cruz não foi suficiente. Desse modo, permitimos que as pessoas
permaneçam a viver sob o domínio do pecado, na lama e na escuridão, julgando-as com nossos olhos.
Porém, quando olhamos por meio do coração de Deus, conseguimos declarar as intenções que saem
do coração dEle, e, dessa forma, trazer a justiça de Deus às vidas.
Há uma relação inseparável entre justificação e santificação, um novo e esplêndido princípio de vida;5
a natureza de Deus habitando e trabalhando diariamente em sua alma através do Espírito Santo.

4
Salmos 19:8.
5
Romanos 4:25, Romanos 5:9.
“Consequentemente, assim como uma só transgressão resultou na condenação de todos os homens,
assim também um só ato de justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens.”
(Romanos 5:18)

“Não será o ministério do Espírito ainda muito mais glorioso? Se era glorioso o ministério que
trouxe condenação, quanto mais glorioso será o ministério que produz justiça!”
(II Coríntios 3:8-9)
CAPÍTULO III

Por que você foi criado

“Então disse Deus: ‘Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele
sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais grandes de toda a terra e sobre todos os
pequenos animais que se movem rente ao chão. ’ Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de
Deus o criou; homem e mulher os criou. Deus os abençoou, e lhes disse: ‘Sejam férteis e multipliquem-
se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos
os animais que se movem pela terra.”
(Gênesis 1: 26-28)

Deus nos criou à Sua imagem e semelhança. Ser a imagem e semelhança de Deus é uma tarefa muitas
vezes complicada e difícil de ser compreendida. Como podemos ser a imagem e semelhança de um Deus que
pode criar, formar e mover todas as coisas?
Fomos criados com capacidades semelhantes às do Senhor: raciocínio, criatividade, sensibilidade
emocional e vontade para agir. Por sermos constituídos à imagem de Deus, nos sentimos movidos à comunhão
e ao louvor ao Pai. Isso nos leva a amar e a respeitar o próximo e toda a natureza à nossa volta.
Deus já possuía os anjos, já tinha comunhão com o Filho e o Espírito. Qual seria a necessidade de criar o
homem?
O homem e a mulher foram criados em um ato magnífico de Deus, à mesma imagem e semelhança, para
que participassem das bênçãos divinas e fossem um com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo.
Quando Deus os abençoa e lhes diz: "Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra!”6,
Ele mostra Seu desejo primário de criar um povo para ser um com Ele, refletindo e manifestando Sua glória
por toda a terra.
Quando Deus colocou o homem no Éden, lhe foi dada a capacidade de escolha entre o bem e o mal.
Apesar de Deus orientá-lo dia a dia em suas decisões, Ele não o restringiu.7
O que Deus fez foi nos dar conhecimento moral e discernimento ético para a tomada de decisões.
Assim, o homem poderia escolher viver fora da dependência do Criador, mas, caso essa fosse a escolha,
como foi, ele não poderia viver de forma eterna com os conflitos e consequências provenientes da vontade de
viver independente de Deus.

6
Gênesis 1:28.
7
Gênesis 2:16-17.
CAPÍTULO IV

Definindo sua identidade

Identidade corporativa: somos filhos de Deus

“Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos
de Deus, os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade
de algum homem, mas nasceram de Deus”.
(João 1:12-13)

Crer que fomos criados pela vontade e desejo de Deus é uma chave para começarmos a desenvolver um
relacionamento íntimo com Ele. Precisamos usar essa chave para abrir a porta da intimidade com o Pai, e,
através dela, conhecer os pensamentos de Deus a nosso respeito.
Por meio de Cristo Jesus, o poder do pecado, que nos afasta da comunhão íntima com o Pai, foi quebrado.
Fomos tirados do lamaçal do pecado, e, como tesouro precioso, voltamos a brilhar na escuridão, fomos
reconciliados e tudo “se fez novo” em nós.8
O Espírito da vida, que por meio do Verbo Eterno, Jesus, nos reconciliou com Deus, foi derramado e nos
trouxe um novo nascimento – espiritual. Ora, nosso nascimento espiritual é um dom de Deus e não depende do
cumprimento de qualquer ritual, mas do Pai, que nos ama e nos atrai.9
Portanto, nós que estávamos mortos, pelo amor de Deus ao mundo, participamos da ressurreição de Cristo,
nos tornando nova criação. Assim, a natureza pecaminosa que antes habitava em nós foi destruída pela graça
divina.
Por um ato de justiça, um único homem, completamente justo, tomou sobre si nossos pecados e suportou
o castigo que merecíamos, nos outorgou sua justiça, e, por meio dela, somos herdeiros de Deus e coerdeiros
com Cristo.
Deus nos concedeu Seu próprio Espírito. Ele mesmo nos preparou para isso ao nos transformar em um
novo homem, ressurreto e marcado por Ele; recriado para ser semelhante a Ele em justiça e em santidade.
É o Espírito de adoção que nos destina a um direito, por meio de Cristo – antes éramos escravos, agora
somos filhos de Deus. Recebemos nossa paternidade, que agora permanece em nós por meio do Espírito de
Deus, nosso selo real, e nos dá o direito a um relacionamento íntimo com o Abba.

“Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Pois vocês não receberam
um espírito que os escravize para novamente temer, mas receberam o Espírito que os adota como filhos,
por meio do qual clamamos: “Abba, Pai”. O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos
filhos de Deus. Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo, se
de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória”.
(Romanos 8:14-17)

“Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido
debaixo da Lei, a fim de redimir os que estavam sob a Lei, para que recebêssemos a adoção de filhos.

8
II Coríntios 5:17-21.
9
João 3:4-6, João 6:44.
E, porque vocês são filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho ao seus corações, o qual clama:
"Abba, Pai". Assim, você já não é mais escravo, mas filho; e, por ser filho, Deus também o tornou
herdeiro. “
(Gálatas 4:4-7)
Identidade individual: Quem fomos criados para ser

“Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo”.
(I Coríntios 12:27)

O corpo de Cristo é uma unidade, ou seja, todos os membros formam um só corpo. No versículo 14 de I
Coríntios, o apóstolo Paulo diz que “o corpo não é constituído de um só membro, mas de muitos”.
Nossa identidade individual é um membro que exerce uma função distinta das dos outros para o
funcionamento sadio do Corpo de Cristo (a Igreja). Devemos aprender a expressar essa identidade individual,
quem fomos criados para ser, exercendo nosso chamado e usando nossos dons, estabelecidos conforme a
vontade de Deus. 10
No entanto, é imprescindível entendermos que, independente do serviço que prestamos ao Reino,
possuímos o direito de ser filhos e de andar como filhos.
Esse princípio pode ser ilustrado na seguinte experiência: “Em um sonho, um anjo me levou a um lugar
de treinamento. As pessoas pareciam todas iguais, porém realizavam funções diferentes. Havia várias pessoas
e cada uma delas usava suas mãos, olhos, pernas, e ouvidos de forma bem distinta. Olhei para as mãos e vi
que umas faziam movimentos verticais, outras horizontais, outras circulares e nenhum movimento era igual,
cada uma das mãos tinha suas peculiaridades. Assim também ocorria com os outros membros, sendo que todos
eram treinados para exercerem seus dons em prol do funcionamento sadio do corpo.”

O dom não determinará quem você é, mas te convocará para uma missão: andar no que Deus te chamou
para fazer. Os dons são distribuídos de acordo com a vontade e soberania de Deus, nos capacitando para
manifestar o seu Reino na terra.
Os dons não podem ser escolhidos ou aprendidos apenas pela nossa vontade individual. São capacidades
espirituais distribuídas por meio – e somente por meio – da graça, e que devem ser desenvolvidas e usadas para
o funcionamento do Corpo.
Precisamos descobrir quem fomos chamados para ser no Corpo de Cristo, porém não apenas da forma
corporativa. Além da consciência da filiação, andar como filhos faz com que a nossa identidade individual seja
revelada pela voz de Deus, através de Seus pensamentos sobre nós.

“Como são preciosos para mim os teus pensamentos, ó Deus! Como é grande a soma deles! Se eu os
contasse seriam mais do que os grãos de areia. Se terminasse de contá-los, eu ainda estaria contigo.”
(Salmos 139:17-18)

É preciso que busquemos e conheçamos a diversidade dos dons, compreendendo que, no Corpo, todos
são importantes e indispensáveis.
Muitas vezes, em comunidades onde a busca pelos dons se inicia, vemos as pessoas começarem a competir
e a buscar dons que elas entendem como “melhores”. Porém, o que é dado por Deus não é para nosso simples
deleite pessoal, e sim para servir.

10
I Coríntios 12:18.
Além do mais, uma noção que precisamos sempre ter é a de que o único dom bíblico citado como o maior
entre todos é o dom do amor; e é ele que devemos buscar para ser a base de todas as outras coisas que fazemos.11

“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha."
(1 Coríntios 13:4)

O amor é a estrutura, o suporte de todos os dons espirituais. Ele nos levará sempre para a centralidade
em Cristo Jesus, e nos guiará sempre nos melhores caminhos.

“Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de
pecados.”
(I Pedro 4:8)

O amor rompe toda lei do pecado. Ele nos transforma em pessoas sinceras12, abre nossos olhos para o
que é bom e nos ensina a odiar o que é mal. Nos leva a honrar aos outros mais do que a nós mesmos.

11
I Coríntios 13:2.
12
Romanos 12:9
CAPÍTULO V

O Ministério Profético: A VOZ

“A voz do Senhor corta os céus com raios flamejantes. A voz do Senhor faz tremer o deserto; o Senhor
faz tremer o deserto de Cades.”
(Salmos 29:7-8)

O propósito do Ministério Profético

O ministério profético genuíno expressa com zelo os dons espirituais, sendo capaz de enxergar nos
outros a imagem e a semelhança de Deus.
Revela o ouro mais puro no meio da sujeira que envolve as pessoas, e encontra os tesouros perdidos na
escuridão. O poder do profético romperá as trevas e encontrará a beleza da mais bela criação de Deus: as
pessoas!
A profecia é importante para identificar os planos de Deus e motivar as pessoas a vivê-los.

Ministério Profético – Achando o tesouro escondido

“Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito,
os quais pertencem a Deus”.
(I Coríntios 6:20)

Ilustração de uma experiência pessoal: “Em uma visão, eu e mais algumas pessoas fomos levadas
dentro do coração de Deus. Era como se estivéssemos nadando em um mar vermelho. Uma das pessoas
começou a encontrar pequenos diamantes, e uma outra encontrou uma pérola de grande tamanho,
semelhante ao de uma laranja.
Em um momento da visão, discerniram juntas que estavam mergulhando nos segredos mais profundos
do coração de Deus. Lá, encontraram tesouros que estavam guardados secretamente, pois eram os mais
preciosos para o Pai. Quando voltaram da visão, o Espírito de Deus falou com essas pessoas
simultaneamente: ‘Esses tesouros são as pessoas!’”

Deus entregou Seu único Filho para a redenção de toda a humanidade. O que pensar de um Pai tão
bondoso e misericordioso, capaz de deixar toda a glória que tinha e vir ao encontro dos seus tesouros
perdidos? Tudo para nos levar de volta ao nosso lugar: o coração de Deus!
A palavra de Deus diz: “Vocês foram comprados por um alto preço"13. Quando passamos a buscar os
tesouros escondidos, estamos caminhando para entender nossa missão profética, e, com certeza,
começaremos a mergulhar nos lugares mais profundos do coração do Pai. Assim, conheceremos Seus
segredos mais valiosos.
Para Jesus, somos como um tesouro que Ele encontrou e escondeu dentro do coração do Pai. Somos
como uma pérola de grande valor; tendo nos encontrado, pagou com a própria vida o nosso preço.

13
I Coríntios 6:20.
Corações Abertos

“Mas se entrar algum descrente ou não instruído quando todos estiverem profetizando, ele por todos
será convencido de que é pecador e por todos será julgado, e os segredos do seu coração serão expostos.
Assim, ele se prostrará, rosto em terra, e adorará a Deus, exclamando: "Deus realmente está entre
vocês!”
(I Coríntios 14:24-25)

Um dos propósitos da profecia é abrir o coração das pessoas. A palavra profética revela o segredo do
coração do incrédulo. Quando a palavra profética é declarada, não são os pecados que são revelados, e sim,
naquele momento, a palavra de vida é liberada e os propósitos de Deus são manifestos.
Face a isto, a pessoa fica exposta a uma perspectiva de realidade que é superior à que ela tem
experimentado na vida, uma vez que o dom de profecia transmite verdades reveladoras, trazendo ao incrédulo
a convicção de estar vivendo longe da glória de Deus.
A profecia é a expressão divina do amor de Deus. A canção doce e amorosa de Sua voz.14
A Palavra diz que o incrédulo não se converte no momento em que fica exposto, mas, ainda assim, se
prostra e adora a Deus. O que ocorre é a presença de Deus entre nós liberando o acesso ao perdão. Isso porque,
o ministério do Espírito Santo não apenas nos convence do pecado, mas também produz justificação e vida, e
não condenação e morte.
O propósito da palavra profética não é expor o pecado das pessoas. É, na verdade, expor a grandeza
daquilo que Deus tem para a vida delas, o ouro puro.

Porque a palavra profética expõe o ouro puro?

Não há nenhum elemento misturado ao ouro puro – ele tem brilho e durabilidade, é raro e não há nada
falso nele. Encontrar o ouro puro nas pessoas significa provocá-las a repensar suas vidas e ajudá-las a
identificar tudo que há de falso, apresentando-lhes os pensamentos de Deus para cada uma delas.

“Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês", diz o Senhor, "planos de fazê-los
prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro”.
(Jeremias 29:11)

Liberando Destinos

“[...] Antes mesmo de te formar no ventre materno, Eu te escolhi; [...]”


(Jeremias 1:5)

O outro propósito da palavra profética é liberar o destino em Deus na vida das pessoas. Vamos analisar o
destino liberado na vida de Davi.

14
Cantares 5:16
Profeta Samuel – profecia sobre Davi

O profeta Samuel recebeu orientações do Senhor para ungir um dos filhos de Jessé.l;, o escolhido por
Deus, para ser rei de Israel.

Samuel fez o que o Senhor ordenou e ungiu Davi e a partir daquele dia o Espírito do Senhor se apossou
de Davi.

Passaram-se alguns anos e a confirmação da profecia aconteceu quando Davi foi aclamado Rei de Judá.15
Primeiramente, Davi já havia sido escolhido, chamado e ungido pelo Senhor através do profeta Samuel na
presença de sua família.

Porém, seu destino também foi confirmado diante da aclamação e do reconhecimento público como rei
de toda a tribo de Judá, e depois pelas autoridades de Israel – fora ungido pelo Senhor para ser rei de toda
Israel.16
Ao observar as perspectivas divina e humana, há uma lacuna onde os nossos olhos naturais e espirituais
precisam ser alinhados através da voz do Senhor. Pois, Deus não vê como o homem, uma vez que a tendência
humana é ver a aparência.
Olhar para as pessoas apenas através do coração humano nos fará ver somente aquilo que a pessoa pode
oferecer por sua aparência, intelectualidade e capacidade. No caso, Davi era o irmão caçula, pastor de ovelhas
e, aparentemente, o menos indicado para ser o rei de Israel.
Deus levou o profeta Samuel a ver através do coração Dele quando lhe pediu para não se impressionar
diante da aparência e estatura dos irmãos de Davi.17 Da mesma forma, todos somos chamados a ver através do
coração do Pai, o Único que sonda os corações.
Quando Deus nos revela uma profecia, Ele está nos mostrando onde podemos encontrar os tesouros
escondidos. Não importa o que nossos olhos naturais estão vendo, o importante é olhar através do coração do
Pai e ouvir precisamente o que Ele está dizendo.

Profeta Isaías – profecia sobre Jesus

“Por isso o Senhor mesmo lhes dará um sinal: a virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamará Emanuel”.
(Isaías 7:14)

"Porque um menino nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será
chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Ele estenderá o seu
domínio, e haverá paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, estabelecido e mantido com
justiça e retidão, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isso."
(Isaías 9:6-7)

15
II Samuel 2:4.
16
II Samuel 5:3.
17
I Samuel 16:6-7
O profeta Isaías é conhecido como o “profeta messiânico” por causa das muitas profecias que ele liberou
especificamente sobre Cristo. Essas profecias foram escritas mais de 700 anos antes do nascimento de Jesus.
As maiores e mais impactantes profecias sobre a pessoa e a obra do Senhor Jesus estão nas páginas do
profeta Isaías mais do que em qualquer outro livro.
Quando Deus libera o nosso destino através das palavras proféticas, Ele revela nossa identidade
corporativa – “somos filhos” – e também resgata nossa identidade individual – “quem fomos criados para ser”.

Transformando o coração das pessoas

No capítulo cinco de Samuel, há uma comovente história do ministério profético redirecionando o coração
de uma pessoa. Quando Samuel viu Saul, o Senhor lhe disse: "Este é o homem de quem lhe falei; ele governará
o meu povo".

Saul aproximou-se de Samuel na entrada da cidade e lhe perguntou:


"Por favor, pode me dizer onde é a casa do vidente?" Respondeu Samuel: "Eu sou o vidente. Vá na
minha frente para o altar, pois hoje você comerá comigo. Amanhã cedo eu lhe contarei tudo o que você
quer saber e o deixarei ir. Quanto às jumentas que você perdeu há três dias, não se preocupe com elas;
já foram encontradas. E a quem pertencerá tudo o que é precioso em Israel, senão a você e toda a
família de seu pai?" Saul respondeu: "Acaso não sou eu um benjamita, da menor das tribos de Israel, e
não é o meu clã o mais insignificante de todos os clãs da tribo de Benjamim? Por que então estás me
dizendo tudo isso?" Então Samuel levou a Saul e seu servo para a sala e deu a eles o lugar de honra
entre os convidados, cerca de trinta pessoas.
(I Samuel 9:19-22)

Saul e seu servo foram enviados pelo seu pai para encontrar suas jumentas. Eles procuraram, mas não
encontraram. Passaram pelos montes de Efraim, região de Salisa, o território de Benjamim, e ao chegar ao
distrito de Zufe, eles decidiram procurar um vidente.
Enquanto isso, Deus diz a Samuel que Saul está vindo para o encontrar, e que ele deveria ungi-lo rei de
Israel. Quando Saul encontra Samuel, o profeta o chama para comer com ele, dizendo-lhe que no dia seguinte
iria informar tudo o que ele desejava saber.

Identidade individual – pensamentos de Deus

A nossa identidade individual foi estabelecida na Eternidade. A eternidade é o passado, o presente e o


futuro. Os anjos declaram sem cessar: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo Poderoso, Aquele que
era, que é e que há de vir”. 18
Jesus é eterno e nos tornou eternos junto com Ele. Ter nossa identidade estabelecida na eternidade é nos
tornarmos quem fomos criados para ser além do tempo natural, e então conhecer o que já existia muito antes
de nascermos.
Não há o conceito de “tempo” na eternidade, e, por causa da obra de Cristo na Cruz, somos transformados
em seres celestiais – eternos como Ele é eterno.

18
Apocalipse 4:8.
Quando Samuel liberou o destino de Davi, ele ouviu os pensamentos de Deus e os declarou sobre Davi,
trazendo a identidade que já existia na eternidade para a existência no mundo natural.
Os pensamentos de Deus são preciosos e mais numerosos do que os grãos de areia da praia.19 Mesmo
tendo sido um pastor de ovelhas, um guerreiro e um rei – classificações do mundo natural –, a principal
identidade de Davi era ser um adorador, um homem segundo o coração de Deus – as verdades superiores que
regiam todos os aspectos de sua vida.
Deus sempre falará a respeito de nossa identidade individual, porque Seus pensamentos são incontáveis.
Ele continuará trazendo à luz a verdade superior sobre quem você é. Somente Ele, que nos formou
interiormente, nos conhece perfeitamente.
A nossa identidade individual é liberada através da palavra profética e através do Espírito Santo. Deus
ama revelar Seus pensamentos aos seus filhos e continuará a fazê-lo.

Reflexão – Orgulho – Humildade

Liberar a identidade das pessoas promove o orgulho?

“E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom”.
(Gênesis 1:31)

Muitas vezes, procuramos nos diminuir para exaltar a grandeza de Deus e não nos tornarmos orgulhosos.
Isso ocorre pelo fato de não entendermos que, até mesmo, a compreensão da grandeza de nossa criação seria
incapaz de ofuscar a glória de Deus.
A criação, por mais bela que seja, nunca será maior do que Aquele que a criou, então, quando liberamos
a identidade das pessoas, estamos chamando a beleza e a grandeza da criação de Deus, glorificando-O.
Ao liberar ou receber uma palavra profética sobre a identidade de alguém, não devemos interpretar sob a
perspectiva humana, mas entender que o próprio Deus deseja se revelar a seus filhos.
Quando desprezamos a criação de Deus – o homem – tratando-a com indignidade, estamos ofendendo a
imagem e a semelhança do Criador, e não estamos dando nenhuma glória a Ele.

A Escultura

O artista plástico é alguém que cria obras de arte como, por exemplo, uma escultura feita pelas suas
próprias mãos. Se alguém olhar para a escultura e disser:
- “Que horrível essa escultura! Olha que formas desalinhadas, que cor sem graça!”
Essas palavras glorificarão o artista?
Claro que não!
Não é verdade que a beleza da obra de arte traz honra ao artista?
Se nós somos a escultura, Deus é o artista!

19
Salmos 139:17-18.
Portanto, quando menosprezamos a nós e as outras pessoas, estamos desonrando o artista. Deus nos fez à
sua imagem e semelhança, e Jesus nos molda diariamente para que, a cada dia, nos tornemos mais parecidos
com o Pai. Assim, a beleza da criação glorifica o Criador.

“Com a língua bendizemos ao Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à
semelhança de Deus”.
(Tiago 3:9)

Ser humilde é expressar o orgulho

A expressão da verdadeira humildade é confessar sua arrogância e orgulho.

No capítulo 4 de Daniel, Nabucodonosor tem um sonho com uma árvore muito alta, tão grande que
encostava no céu. Nela, havia alimentos para todos – homens e animais – que, por meio dela, encontravam
abrigo e alimento. Nesse sonho, ele viu um grande anjo saindo do céu declarando:

“Derrubem a árvore e cortem os seus galhos; arranquem as suas folhas e espalhem os seus frutos.
Fujam os animais de debaixo dela e as aves dos seus galhos. Mas deixem o toco e as suas raízes, presos
com ferro e bronze; fique ele no chão, em meio à relva do campo. ‘Ele será molhado com o orvalho do
céu e como os animais comerá a grama da terra. A mente humana lhe será tirada, e ele será como um
animal, até que se passem sete tempos.’ A decisão é anunciada por sentinelas, os anjos declaram o
veredicto, para que todos os que vivem saibam que o Altíssimo domina sobre os reinos dos homens e os
dá a quem quer, e põe no poder o homem mais simples.”
(Daniel 4:14-17)

Daniel interpretou o sonho e disse ao rei que, durante sete anos, por causa da sua arrogância e orgulho,
ele viveria igual a um animal, comendo capim e se molhando com o orvalho do céu, e que, por fim, ele iria
reconhecer que Deus é o governante do mundo.

Doze meses depois, o rei estava andando pelo terraço do castelo impressionado com a grande Babilônia,
declarando através dos seus lábios que a mesma tinha sido construída por sua força e poder, para sua própria
glória e majestade. Então, uma voz saiu do céu, e conforme Daniel tinha interpretado do sonho, aconteceu com
Nabucodonosor.

Analisemos a atitude do rei quando sua sanidade voltou:

“Naquele momento voltou-me o entendimento, e eu recuperei a honra, a majestade e a glória do meu


reino. Meus conselheiros e nobres me procuraram, meu trono me foi restaurado, e minha grandeza veio
a ser ainda maior.
Agora eu, Nabucodonosor, louvo e exalto e glorifico o Rei dos céus, porque tudo o que ele faz é certo, e
todos os seus caminhos são justos. E Ele tem poder para humilhar aqueles que vivem com arrogância.”
(Daniel 4:36-37)
CAPÍTULO VI

As linguagens de Deus

Somos imagem e semelhança de Deus, portanto seres relacionais e comunicativos. Se conversamos uns
com os outros, também devemos falar com Deus.
Jesus Cristo é o verbo que virou gente, o homem-Deus que viveu entre as pessoas comuns e teve conversas
usuais. Mas, suas palavras carregavam poder, e, em seus dias, realizava maravilhas. Jesus mostra em suas
orações como usarmos nossa linguagem de forma a manter boas conversas, tanto com aqueles que nos cercam
como com o Criador.
Deus nos fala através das Escrituras Sagradas, por meio da oração, de Jesus, do Espírito Santo e por meio
de nossa consciência.

O objetivo é ouvir a voz de Deus ou afinar nosso ouvido para a voz do coração do Senhor?

Podemos ouvir a voz de Deus, mas não a compreender. Quando não compreendemos a voz de Deus, isso
mostra que nosso ouvido não está “afinado” para entender a voz do coração dEle. É como se ouvíssemos uma
nota musical e não conseguíssemos identificá-la para formar uma imagem auditiva interna.
Nossos ouvidos foram criados com uma capacidade “perfectpitch”, que se refere a uma afinação perfeita
e a uma capacidade de reconhecer qualquer som, ou seja, a habilidade de ouvir e, imediatamente, reproduzir o
som ouvido.20

O impacto da voz

A audição é uma das primeiras funções de percepção desenvolvida por um bebê. Ainda no útero materno,
por volta dos três meses de gestação, o bebê já tem capacidade de perceber ruídos, sendo que a sofisticação do
sistema aumenta progressivamente nas semanas seguintes.
Logo logo, o bebê é capaz de discernir a altura, o timbre e a tonalidade, e passa a conseguir associar o
som à presença do objeto que gerou a manifestação sonora.
Existem vários ruídos dentro do ventre materno. O bebê escuta o sangue passando, o intestino fazendo
ruídos, o fluxo da urina, o batimento cardíaco da mãe e a própria movimentação corporal. Entre essas vozes,
uma que causa bastante impacto é a voz paterna. Uma voz mais grave, que fala, canta e brinca bem pertinho
da barriga.
Um bebê bem estimulado conhece a voz do pai e reconhece essa voz no nascimento, associando-a ao
rosto, ao cheiro, ao tato. Esse vínculo estabelecido durante a gestação é fundamental para o elo psicoafetivo
que será amadurecido durante o desenvolvimento.
Deus nos criou com uma percepção incrível! É necessário criar estímulos! Precisamos passar tempo com
Deus, ouvindo as palavras de sua boca e gastar tempo meditando nas Escrituras. Quanto mais tempo passarmos
intimamente com Deus e Sua palavra, mais fácil será reconhecer Sua voz.

20
Gênesis 3; João 10.
Deus jamais nos direcionará de forma oposta ao que Ele ensinou na Sua Palavra.21 Encontros diários
com Deus são impreterivelmente necessários para que possamos reconhecer alguma voz estranha de imediato.

Deus nos fala através de Sua palavra, de forma audível, através do Espírito Santo, de nossa consciência e
através de outras pessoas. Ao aplicarmos o que ouvimos nas Escrituras, podemos reconhecer a voz de Deus.
A voz de Deus nos persuade a fazer o bem e a promover sentimentos de amor, ilumina nossa mente, eleva
e edifica, trazendo paz e nos inspirando a sermos melhores do que somos.
Há muitas vozes no mundo de hoje! Não confie na sua capacidade de ouvir Deus, confie na capacidade
de Deus para falar com você. Deus quer que escutemos a Sua voz. Seja através da Sua Palavra, dos nossos
pensamentos (por meio do Espírito Santo), de conversas com outras pessoas ou de circunstâncias.
Em todo o tempo podemos ter uma boa conversa com o Pai! Ele está sempre disponível para nos ouvir e
nos direcionar.
No livro de Apocalipse lemos:“Eis que estou a porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta,
entrarei e cearei com ele e ele comigo! (Apocalipse 3:20).
Uma vez que abrimos as portas de nosso coração para Deus, somos capazes de ouvi-Lo, e essa voz sempre
estará em comunhão conosco. Nós a reconheceremos e ela fará parte de nós. Mas para isso precisamos “ceiar”
todos os dias com o Senhor, desenvolver um relacionamento diário com ele.
Fomos criados para isso! Precisamos buscar incessantemente sua Presença! Fomos criados para um
relacionamento que nos permite conhecer por experiência própria o Deus sobrenatural que nos criou.
Devemos dar tudo de nós para obter tudo dEle, principalmente nosso tempo.

Sonhos

O sonho é uma experiência que possui significados distintos. É uma experiência que ocorre em nosso
inconsciente durante nosso período de sono.
É no sonho que advém o espaço para realizar nossos desejos inconscientes reprimidos – os sonhos
naturais, que também podem expressar nossos medos e alegrias de forma normal ou anormal, e, também, os
chamados “pesadelos”.
Neste espaço em nosso inconsciente é onde Deus realizará uma expansão de nossa consciência, nos
trazendo avisos, direcionamentos e acontecimentos, desta forma Deus comunica-se conosco através dos
sonhos.
Existem dois tipos de sonhos: o literal e o simbólico.
Na forma simbólica, ocorrem irrealidades que não podem acontecer no mundo natural – pelo menos não
da forma que são apresentados; elas acontecem apenas quando Deus dá a interpretação desse tipo de sonho.
Um exemplo disso era José do Egito, que afirmava que a interpretação não dependia dele, e sim do Senhor.22
Na forma literal, quer dizer que o sonho tem o sentido real, ou seja, podemos sonhar com algo que já
aconteceu na vida de alguém ou que vai acontecer exatamente como Deus mostrou no sonho.

21
Tito 1:2.
22
Gênesis 41:15-24; Daniel 2
Existem duas vertentes nos sonhos literais.
1. Literal com simbolismos
2. Literal com a interpretação
Vertente 1. : Esses sonhos necessitam de confirmações vindas do Senhor e também de pessoas. Do Senhor,
para que sejam revelados, e, de pessoas, para que seja provada sua veracidade. Os símbolos que aparecem em
nossos sonhos literais podem expressar circunstâncias, atitudes, sentimentos ou diversos significados que são
revelados através do Senhor.

“Sonhei que estava indo para um sítio de carro, éramos cinco famílias reunidas. Chegando na entrada
do sítio, descemos a estradinha de terra que dava para um gramado. Parecia ser do tamanho de um campo de
futebol a céu aberto. Então, vimos uma pessoa que era, na verdade, um anjo. Ele puxava uma plataforma
através de uma corrente, e, em cima dessa plataforma, tinham muitos veículos. Eram carros, carros que não
existem aqui na terra, enormes e com formatos diferentes. Pareciam carros porque eram feitos de um material
semelhante. A primeira e a segunda família ganharam um veículo. A terceira família ganhou um carro preto
bem luxuoso que, na realidade, era uma casa enorme feita de um material parecido com o usado para construir
veículos – ela tinha, até mesmo, rodas de carro, e, intrigantemente, junto à casa, vinha um animal. Essa família
chorava de tanta alegria! Todos nós ficávamos boquiabertos toda vez que aquele anjo trazia um veículo.”

Vertente 2.: Esses sonhos são fatos que já aconteceram ou que vão acontecer. Para os que vão acontecer,
é necessário ouvir e obedecer as instruções de Deus. Compartilhar com seu pastor para planejar e discernir o
tempo em que poderá se cumprir.
Em um sonho, uma criança de 9 anos encontrou Jesus. Ela estava em uma fila na porta da escola, era a
primeira daquela fileira. Ao entrar na escola, percebeu que havia algumas plataformas, e, entre elas, um abismo.
“Aquelas plataformas eram como se fossem fases que deveríamos ultrapassar. O último abismo era uma fase
impossível de ultrapassar, pois para pular de uma plataforma para a outra, teríamos que transpor mais de 10
metros de extensão – impossível de pular. Porém, era necessário pular, não havia outra opção. Então pulei, e
quando estava caindo na profundidade do abismo, uma mão gigante veio por baixo de mim e me sustentou.
Eu vi o braço que me segurava, e fui fitando com meus olhos até chegar ao rosto do gigante que me sustentava.
O braço era feito de pele humana, e o rosto era de um homem com barba, cabelos castanhos enrolados até o
ombro, seus olhos eram da cor do céu. Depois esse gigante disse: “Não tenha medo, porque sempre estarei
com você.” Ele transformou a criança em um gigante assim como ele, e disse: “Fale para essas pessoas que
não tenham medo, pois sempre estarei com elas.” Assim, as pessoas da fila começaram a pular uma após a
outra, e quando estavam caindo também para a profundidade do abismo, a criança que agora havia se tornado
gigante começou a resgatá-las. Ele as sustentava pelos braços, pernas, cabelos... Era como se as pessoas
tivessem 2cm – dois centímetros – de altura quando comparadas ao gigante. Então ele falou para elas: “Não
tenham medo porque Jesus está com vocês”.

Textos para explorar

Mateus 1:20 – um anjo apareceu para José em sonho.


Mateus 2:13-14 – um anjo falou com José em sonho.
Mateus 2:19-20 – um anjo apareceu para José em sonho.
Gênesis 20:3 – Deus veio a Abimeleque no sonho.
Visões

A visão é uma imagem projetada em nossa mente pelo Senhor. Ela é transmitida aos nossos olhos e nos
revela o que Deus quer comunicar acerca de alguma situação.23

Há exemplos de visões internas, externas e abertas.

Visões Internas

São visões projetadas pelo Espírito Santo em nossa mente. Podemos vê-las apenas com os olhos fechados,
sendo elas visões que não podem ser controladas humanamente.
A visão interna muitas vezes pode ser confundida com a nossa própria imaginação, pois se apresenta de
forma muito similar.
Uma maneira simples de discernir uma visão de algo que vem da nossa imaginação é a forma com que a
imagem (ou cena) se apresenta em nossa mente.
Quando imaginamos algo, nosso cérebro precisa começar de algum ponto e construir as características até
chegar à imagem final. No entanto, quando recebemos uma visão de Deus, esse processo não ocorre – a imagem
vem pronta! É como olhar uma fotografia.24

Visões Externas

As visões externas são como se os personagens de um filme saíssem da tela de uma televisão e
aparecessem em nossa frente – eles andariam normalmente como nós e fariam coisas como se fossem reais.25

Visão Aberta

Pessoas que têm visão aberta podem ver a todo o momento os dois mundos; as regiões celestiais e o
mundo natural. É algo natural, como se houvesse duas imagens interagindo ao mesmo tempo.
Essas pessoas veem coisas naturais e espirituais paralelamente, porém o Espírito Santo dirá o que é natural
e o que é espiritual. Ter visão aberta não é projetar visões ou ter visões externas, mas viver literalmente em
dois mundos ao mesmo tempo.26

Transes

Transes nos levam a sair de nossas mentes naturais e a entrar na mente de Deus, como se saíssemos de
nosso senso natural. Assim, realmente perdemos a noção das coisas que estão em nossa volta no mundo
natural.

23
Zacarias 4:2-5.
24
Atos 9:10-12.
25
Zacarias 1:8; Atos 10:3-7; Atos 9:3; Atos 9:10.
26
Atos 7:56; II Reis 6:17; Daniel 10:5
Nos transes, vamos a lugares espirituais ou naturais, e tudo nos parece ser uma visão, mas na verdade
estamos interagindo dentro de uma realidade espiritual. 27

A voz de Deus

A voz perceptiva

Ocorre quando ouvimos a voz de Deus em nossa mente, nossa consciência. Muitas vezes é algo muito
parecido com o nosso próprio pensamento, mas se usarmos o discernimento, conseguiremos reconhecer o
Senhor falando conosco.

Voz audível

A voz de Deus pode ser ouvida por todos os seus filhos e reconhecida por eles. (João 10:27)

Nas Escrituras, a voz de Deus é descrita como uma voz suave, um “múrmuro de brisa suave”.28 Outras
vezes ela é descrita como "um estrondo". A voz de Deus pode ser como "um trovejar", "uma voz alta, como o
som de um trovão".29

27
Atos 10:9-16.
28
I Reis 19:11-13.
29
Jó 37:2; Atos 9:7; Daniel 10:6.
CAPÍTULO VII

Profetas e Profecias

"Pois a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens, santos da parte de
Deus, falaram movidos pelo Espírito Santo."
(II Pedro 1:21)

A palavra “profeta” vem do grego “prophétes”, e significa “falar antes”. Biblicamente, os profetas são
a voz de Deus. “Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação.30 Neste
texto, fica claro que a principal intenção da profecia é a edificação a igreja.
O dom de profetizar é um dos 9 – nove – dons do Espírito Santo listados em I Coríntios 12:4-11.
Podemos pedir o dom de profetizar: “Sigam o amor; e procurai com zelo os dons espirituais, mas
principalmente o de profetizar”31, mas devemos entender que os dons são dádivas, presentes distribuídos
individualmente pela graça de Deus a quem Ele quer dar.32 Portanto, não nos são concedidos pelo nosso
esforço ou mérito.
Podemos ter todos os dons porque o Doador faz morada em nós. No entanto, muitas pessoas pensam
que estamos limitados a receber apenas um dom em particular, sendo este o único dom que o Espírito Santo
poderia usar em sua vida.
Em toda a Bíblia, Deus se comunica com as pessoas que criou. Esta comunicação sempre tem um
propósito e demanda uma ação. Às vezes, Deus fala diretamente a uma pessoa específica por meio de uma
promessa ou uma advertência.
Outras vezes, o ouvinte é solicitado a levar uma mensagem a outra pessoa ou outro povo. É evidente
que Deus pode falar diretamente com qualquer pessoa, mas, geralmente, usa Seu próprio meio de
comunicação.
Nos primórdios, a palavra "profeta" referia-se, em geral, a pessoas que tinham um comportamento
diferenciado, por vezes tido como esquisito, mas que, na verdade, era fruto da manifestação do Espírito de
Deus.33
Com o passar do tempo, o povo de Israel passou a entender que as características exteriores de um
comportamento inexplicável era o que menos interessava. O que importava era se o profeta tinha ou não,
como diz Jeremias, estado "no conselho do SENHOR".34 O profeta ideal era aquele que falava com Deus
"face a face", como Moisés.35

Um verdadeiro profeta

Com base nas histórias do Antigo Testamento sobre profetas e líderes, as marcas de um verdadeiro
profeta eram: o chamado de Deus, o fato de se carregar uma mensagem de Deus e a oração.
Os profetas anunciavam mensagens vindas dos céus por todo o território de Israel.

30
I Coríntios 14:3.
31
I Coríntios 14:1.
32
I Coríntios 12:11.
33
Números 11:26-30; I Samuel 10:9-11, 19:20-24
34
Jeremias 23:18-22.
35
Números 12:6-8 compare com Deuteronônio 18:15-22.
O chamado de Deus

Temos relatos do chamado de alguns dos grandes profetas:

Moisés - Êxodo 3:1-4; 3:17.


Isaías - Isaías 6.
Amós - Amós 7:10-15.
Oséias - Oséias 1:2-9; este não é um caso típico!
Jeremias - Jeremias 1:4-10.
Ezequiel - Ezequiel 1:3.

Certamente, o chamado deve ter sido de extrema importância para eles, embora não saibamos se todos
os profetas receberam tal chamado. Alguns, aparentemente, pertenciam a uma escola de profetas, como o
grupo de profetas de I Samuel 10:10; 19:20, ou os filhos dos profetas mencionados nas histórias de Elias e
Eliseu.36
Alguns outros líderes de renome também receberam um chamado direto de Deus:

● Abraão - Gênesis 12:1-3; chamado que mais tarde foi confirmado e expandido em 13.14-17;
15.1-7; 17.1-8; etc.

● Josué - Josué 1.

● Gideão - Juízes 6:11-24.

● Sansão - através de seus pais em Juízes 13.

Os profetas na história de Israel

O povo de Israel foi fundado na promessa de Deus a Abraão. Eles desfrutavam de um relacionamento
especial com Deus, o que implicava em grandes responsabilidades. Os israelitas deviam ser fiéis ao Senhor
Deus e moldar suas vidas de acordo com as instruções – a Lei – que o próprio Deus havia dado.
Desde o início, eles mostraram que eram incapazes de manter sua parte da aliança e de dar ouvidos ao
que Deus lhes dizia. Então, Deus enviou uma série de profetas para lembrar-lhes dos feitos que realizará
por amor a eles, e também para indicar a resposta adequada que esperava deles; além disso, para adverti-los
das consequências de desobedecer ao Senhor, o único e poderoso Deus, e exortá-los a que voltassem para
ele.
Os profetas também tinham um papel mais positivo:
● Animar o povo em tempos de sofrimento.
● Oferecer perdão quando haviam pecado.
● Renovar as promessas da aliança feitas aos seus antepassados.

36
2 Reis 2:7
Mais importante ainda, os profetas apontavam para época em que Deus interviria decisivamente na
vida da nação enviando seu próprio representante especial, o Messias.

A mensagem dos profetas

Alguns dos temas mais importantes dos profetas de Israel podem ser resumidos da seguinte forma:
Deus é o Rei de toda história!

Os profetas mais importantes - ordem cronológica.

Século 9 a.C.

- Elias e Eliseu - I Reis 18.


Elias impediu que Israel abandonasse a Deus por completo.

Século 8 a.C

- Jonas
O profeta é desse período, porém muitos estudiosos acreditam que o livro foi escrito muito tempo
depois.

- Amós
Era de Judá, e foi enviado com uma mensagem de juízo a Israel, isto é, ao reino do Norte.

- Oséias
Reino do Norte. Enfatiza o amor de Deus em meio ao juízo.

- Isaías
Capítulos 1 a 39 referem-se principalmente ao período de 750 a.C. em diante;
Capítulos 40 a 55 referem-se ao período do exílio e do retorno que aconteceu por volta de 538 a.C.
Capítulos 56 a 66 são difíceis de situar num determinado período.

Todas as seções acima referidas contêm profecias sobre o Messias.

- Miquéias
Juízo e salvação. Prevê o nascimento de um rei em Belém.
Século 7 a.C.

- Naum
Regozijo pela destruição de Nínive em 612 a.C.

- Habacuque
Debate a respeito da questão do “mal” – e como Deus lida com ele!

- Sofonias
Proclama juízo – com uma promessa ao final.

Século 7 ao 6 a.C.

- Jeremias começou no reinado de Josias.


Quando o chamado ao arrependimento não surtiu efeito, ele recomendou submissão à Babilônia.
Finalmente, declarou profecias de salvação: Deus faria uma nova aliança.
Logo após 587 a.C.

- Obadias
Profecia contra Edom por causa de sua atitude em relação a Judá, quando da queda de Jerusalém.

Séc 6 a.C (no exílio)

- Ezequiel
Chamado na própria Babilônia. A princípio, profecias de juízo. As profecias de salvação só passaram
a ocorrer após a queda de Jerusalém em 587 a.C.

Séc 6 a.C (após o exílio)

- Ageu e Zacarias incentivaram o povo a reconstruir o templo após o exílio (520 a.C. em diante)

Séc 5 a.C.

- Zacarias
Capítulos 1 à 8 lidam com o mesmo período que Ageu.
Capítulos 9 à 14 pertencem a um período posterior.
Ambas as partes preveem uma época em que todas as nações puderam participar da salvação de Deus.
Séc V a IV a.C.

- Malaquias
Conclama o povo de Judá a um comprometimento total. Antevê a aparição futura de "Elias".
Data incerta

- Joel
Faz uma conexão entre uma praga de gafanhotos e o "Dia do Senhor".

Ainda hoje, somos chamados a declarar e a praticar a justiça, a santidade e o amor ao Grande Deus a
quem servimos. Talvez não estejamos entre aqueles que são reconhecidos como profetas. Talvez, nem todos
de nós, sejamos capazes de resumir a essência das coisas que Deus quer que o seu povo ouça; isto de uma
forma a ser imediatamente reconhecida como válida por todos aqueles que pertencem a Deus e
genuinamente buscam a sua Palavra.
Mas, se todos os crentes estão em um relacionamento direto com Deus, há sim o potencial de que todos
os crentes ouçam o que Deus está dizendo.
Se isto é verdade, é extremamente importante que sejamos todos bons ouvintes: capazes de ouvir o que
Deus realmente está falando para podermos compartilhar com os outros; e capazes de ouvir o que os outros
estão nos dizendo para que possamos julgar se Deus está realmente falando a nós através deles.

Diferença entre Profetas e Profecias

Profetas

Deus deu o dom ministerial de profeta para a igreja como um presente.37


Os dons ministeriais foram dados por Cristo aos homens quando Ele subiu e triunfou nas alturas. 38
Dentre esses dons, o dom de profeta tem em vista – como os demais dons ministeriais; apóstolos,
pastores, mestres e evangelistas – o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério e edificação do
corpo de Cristo, até que todos cheguem à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao
estado de homem feito à medida da estatura perfeita de Cristo.
Diferentemente dos dons espirituais que são apresentados em I Coríntios 12.8-11, o dom ministerial
de profeta foi dado para equipar a igreja de Jesus. O profeta equipa a igreja com olhos para ver e ouvidos
para ouvir.
O profeta não substituiu a necessidade que temos de ouvir a Deus por nós mesmos. Cada um de nós
deve buscar ouvir individualmente a voz de Deus, uma vez que todos nós fomos criados para nos relacionar
intimamente com Deus.
O dom de profeta foi dado ao corpo de Cristo para nos ajudar a ouvir a voz de Deus de forma mais
clara.
Em um ambiente imaturo, geralmente, as pessoas vão buscar ouvir a voz de Deus, receber uma direção,
mais discernimento e clareza apenas através de um profeta, sem se preocupar em desenvolver um
relacionamento direto com o Senhor.

37
"Paulo, o Espírito e o povo de Deus"- Gordon D. Fee; pg.203.
38
Efésios 4:8; Romanos 12:6-8; I Coríntios 12:5; I Coríntios 12:28-30.
Por isso, entendemos que o principal papel de um profeta é dar à igreja olhos para ver e ouvidos para
ouvir.
A graça que o profeta carrega gera capacitação para ouvir a voz do Espírito. Os profetas têm autoridade
para corrigir e direcionar, porque eles fazem parte do governo de Deus.

O dom de profecia

“Pois quem fala em língua não fala aos homens, mas a Deus. De fato, ninguém o entende; em espírito fala mistérios.
Mas quem profetiza o faz para a edificação, encorajamento e consolação dos homens. Quem fala em línguas a si
mesmo se edifica, mas quem profetiza edifica a igreja. Sigam o caminho do amor e busquem com dedicação os dons
espirituais, principalmente o dom de profecia.”
(1 Coríntios 14:1-4)

O objetivo da profecia é edificar, consolar e exortar. Edificar significa construir, elevar; consolar
significa trazer para perto, amenizar a dor, o sofrimento e a afiliação; e exortar significa animar, trazer
estímulo.
Todos nós podemos profetizar39, trazer uma palavra de Deus para o fortalecimento, exortação e
conforto. É o desejo de Deus que busquemos com dedicação os dons! Todos os filhos podem profetizar!

“E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas
profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões;”
(Joel 2:28)

O amor está no centro da palavra profética. Profetizar ou exibir qualquer manifestação do Espírito sem
a prática do amor, em nada resulta, afirma Paulo.40 Os dons espirituais são transitórios, mas o amor é o que
vai permanecer.41
Como vimos anteriormente, quando profetizamos, trazemos o que há de melhor nas pessoas. Iremos
achar o ouro escondido no meio da sujeira, e encontrar os tesouros escondidos na vida daquela pessoa.
Quando Deus mostra coisas negativas ou revela algum pecado na pessoa, devemos discernir e buscar
a solução do problema; para que, então, possamos profetizar a solução, não reforçando o problema, além
disso, não devemos somente declarar a profecia, mas demonstrá-la em amor.
Sob essa perspectiva, a pessoa que recebe uma profecia receberá também a graça necessária para
enfrentar e solucionar as questões de sua vida.
Quando as pessoas falam de forma condenatória ou em tom de julgamento chamando isso de profecia,
tornam o problema ainda maior, afastando mais e mais a pessoa da solução – pois ela se sentirá julgada e
sentenciada.
Por exemplo, quando uma pessoa está afundada em adultério, devemos profetizar algo como: “Deus
está derramando fidelidade sobre você. Você é conhecido como uma pessoa muito fiel nos céus”.

39
I Coríntios 14:31.
40
I Coríntios 13:1-3.
41
I Coríntios 13:8-10.
Velho Testamento X do Novo Testamento: Diferenças entre as palavras proféticas:

VT: Condenação e julgamento


NT: Reconciliação e Justificação

As três partes da profecia

Quando a profecia é liberada, ela carrega uma unção para ser cumprida. Ou seja, Deus derrama da sua
graça para que ela possa acontecer fundamentada no propósito divino. Devemos estar sensíveis às pessoas,
ajudando-as a enxergarem como Deus as vê.

1) Palavra de Conhecimento. É a informação de um fato real que ocorreu ou está ocorrendo


na vida de uma pessoa. Como um diagnóstico primário, pode ser representada por uma figura ou
uma situação.

2) Palavra Profética. É a interpretação da palavra de conhecimento. Esse significado vem da


parte de Deus e devemos tomar cuidado para não enxergá-la de nossa perspectiva. A interpretação
poder vir de outra pessoa que faz parte do Corpo, e não necessariamente de quem a recebeu. A
palavra profética é a intenção de Deus, o propósito que Ele tem sobre a pessoa. Diferente da palavra
de conhecimento, a palavra profética está sempre relacionada ao futuro, podendo não ter nenhuma
relação com a situação presente da pessoa.

3) Palavra de sabedoria. É a direção prática, a orientação de como a pessoa deverá se mover


para cumprir a palavra profética. Devemos aplicar a palavra que recebemos uma vez que sabemos
o significado. É muito importante que seu líder espiritual esteja envolvido. Eles deverão ajudar no
processo e no planejamento da aplicação da palavra revelada em sua vida e em como mover-se nela.

Textos para explorarmos: II Pedro 1:20-21; I Coríntios 14:31; Atos 2:17-18.

O Chamado de um profeta ou profetisa

O chamado de um profeta pode ocorrer desde o nascimento, ou quando ele nasce novamente. Conforme
entendemos, não se trata de algo que você busca ser, mas sim de algo que é instituído por Deus.
Não se pode encontrar esse chamado em cursos livres ou em universidades, assim como os demais
ministérios que são descritos em Efésios 4 também não podem ser aprendidos sem a graça e a vontade do
Senhor.
Quando recebemos o chamado para ser profeta, temos a responsabilidade de desenvolver o dom,
passando por um processo de amadurecimento que pode levar alguns anos.
Há três componentes essenciais para qualquer ministério maduro. Estes componentes são: Chamado,
Dom e Unção.

● Chamado mostra a identidade: João era o profeta do Altíssimo - Lucas 1:76.


● Dom produz habilidades - 1 Pedro 4:10-11.
● A unção aponta para o propósito - Isaías 61.1.
Os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis.42 A unção, porém, vai e volta como um fluir, de acordo
com o relacionamento que temos com o Espírito Santo.
O chamado de Deus descreve quem nós somos, a unção aponta para propósito de Deus na nossa vida
e os dons nos são dados para que desenvolvamos as habilidades necessárias para cumprirmos os propósitos.

A palavra profética tem o poder de saber o futuro e de causá-lo

A profecia é baseada em uma revelação - apokalupsis: tirar o que está coberto, divulgar, revelar,
manifestar, iluminar – podendo incluir uma predição, direção, instrução. Profetizar é declarar o coração de
Deus, compreendendo o que Ele pensa, sente deseja, planeja, vê, faz; demonstrando sempre Seu afeto e Sua
ternura.

- Saber o futuro: Atos 11:28.


- Causar o futuro: Ezequiel 37:1-10.

A diferença entre palavra de conhecimento e profecia

A palavra de conhecimento descreve algo que aconteceu no passado, ou um fato que está acontecendo
no presente sobre a vida de alguém. São informações legítimas as quais você não teria como saber a não ser
através da revelação do Espírito Santo.
A profecia refere-se ao futuro, por isso, nem sempre saberemos se acontecerá, a não ser que realmente
se cumpra – podendo ser num futuro próximo ou distante.
*Profetizar/Prophetes - Pro (antes, na frente, movimentar para a frente) - Phetes (mostrar, declarar,
notificar, falar afirmar).

Níveis de Profecia

Nível 1 – Cultura Profética

A cultura profética acontece quando um profeta ou uma unção profética está presente em um lugar
geográfico. Nesta atmosfera, até mesmo pessoas que nunca profetizaram podem profetizar. Isso acontece
na vida do Rei Saul43 enquanto ele perseguia Davi no deserto e encontrou um grupo de profetas profetizando.
De repente, o Espírito apoderou-se de Saul e ele começou a profetizar junto com os profetas. Ele despiu-se
de sua roupa e ficou deitado durante todo aquele dia e toda aquela noite.

42
Romanos 11:29
43
I Samuel 19:24
Nível 2 – O dom da profecia

Esse segundo nível de profecia é simplesmente o dom do Espírito Santo operando através de uma
pessoa.44

Nível 3 – Pessoas Proféticas

Essas pessoas não são profetas, mas podem operar sob o dom de profecia em um alto nível. Elas
também têm um ministério profético aprovado e têm um forte relacionamento com a liderança da igreja. É
permitido a essas pessoas, muitas vezes, direcionar e corrigir pessoas da igreja local. Esse nível de
relacionamento confiável com a liderança pode demorar anos para se desenvolver.

Nível 4 –Profetas e profetizas

É o nível mais alto do ministério profético. O profeta ou profetiza, através do seu dom, disponibiliza
ouvidos para ouvir e olhos para ver à igreja de Jesus, trazendo direção e discernimento. Seu chamado
ministerial pode ser exercido no governo da igreja, de nações e de instituições. Eles seguem um caminho
árduo de ascensão e preparação ministerial até serem reconhecidos.

44
I Coríntios 12:7-11
BIBLIOGRAFIA

GOLL, J. G. The Prophetic Power of Vision, Dreams, and Open Heavens. Shippensburg, PA: Destiny Image,
2005.
FEE, G. D. Paulo, o Espírito e o povo de Deus. São Paulo, SP: Vida Nova, 2015.
Vine, V. E. Dicionário VIne: O Significado exegético e expositivo das palavras do Antigo e do Novo Testamento/W.E
Vine; editado por Merrill F. Unger, Wllian White, JR.; traduzido por Luís Aron de Macedo. 1ª ed. - Rio de Janeiro:
Thomas Nelson Brasil, 2016. 1120 p.
JOHNSON, Bill. Face a face com Deus. a busca decisiva para experimentar sua presença/ Bill Johnson; tradução
Onofre Muniz. - São Paulo, SP: Vida, 2010.
Bíblia Sagrada: Nova Versão Internacional (NVI). São Paulo: Vida, 2007.
Bíblia Sagrada: Almeida Revista Atualizada (ARA). São Paulo: SSB, 1993.
CARSON, D. A. A manifestação do Espírito: A Contemporaneidade dos Dons à luz de 1Coríntios 12-14/ D. A.
Carson; tradução de Caio Peres - São Paulo:Vida Nova, 2013.232p.

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