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Esse estudo tem caráter metalingüístico, ou seja, usa-se a linguagem para explicar
a própria linguagem, fato que apresenta implicações positivas e negativas. As negativas
ficam por conta da permanente influência que o falar cotidiano, coloquial, exerce sobre
os outros níveis de formalidade, e da conseqüente "contaminação" que nos dificulta, às
vezes, fazer as escolhas adequadas às diferentes situações de comunicação. As
implicações positivas dizem respeito à permanente possibilidade de auto-
aprimoramento, já que vivemos e nos movemos regidos pela linguagem.
O ato de argumentar
Como o nome indica, esta variedade lingüística segue as normas de uma gramática
altamente padronizada, restrita a um número relativamente pequeno de falantes que
tiveram o privilégio de adquiri-la, seja por meio de leitura quantitativa e qualitativa,
seja pelo esforço sistemático de aprender. Nesse sentido, aprender a norma culta do
idioma implica procedimentos semelhantes aos utilizados ao se estudar uma língua
estrangeira, idéia muito bem sintetizada pelo eminente gramático Evanildo Bechara
quando afirma que o falante de língua materna deve tornar-se um poliglota em seu
próprio idioma.
O padrão culto do idioma, além de ser uma espécie de marca de identidade, constitui
recurso imprescindível para uma boa argumentação. Ou seja: em situações em que a
norma culta se impõe, transgressões podem desqualificar o conteúdo exposto e até
mesmo desacreditar o autor.
• Nível ortográfico
Deste fazem parte todos os aspectos relacionados à grafia (abreviaturas, parônimas e
homônimas, uso de letras, hífen) e à acentuação das palavras.
• Nível morfossintático
A morfologia é a parte da gramática que dá conta da forma das palavras, enquanto a
sintaxe diz respeito às regras de combinação das palavras e orações de uma língua. É
difícil demarcar seus limites. As flexões verbais (que são do âmbito da morfologia), por
exemplo, só existem devido à necessidade de o verbo se adequar ao sujeito da estrutura
em que ele se encontra (questão de concordância verbal, sintática). Como ilustração,
observemos que na frase "Quantas partes contém esse relatório?" deve ser usada a
flexão verbal "contém" (singular), e não sua homônima "contêm" (plural), porque o
sujeito é "este relatório", e não "partes". A escolha é sintática, e a conseqüência é
morfológica. E mais: a marca da flexão/concordância é gráfica... mas esta já é outra
história, que apenas confirma a indissociabilidade entre os diferentes componentes dos
proferimentos lingüísticos.
• Nível sintático-semântico
Em sentido amplo, a semântica trata do sentido das palavras que formam o léxico de
uma língua, em todos os seus aspectos, como relações semânticas em geral,
semelhanças e diferenças de sentido entre os vocábulos, usos denotativo e conotativo da
linguagem.
Assim como a língua que nos constitui desde sempre - na História coletiva ou na
história pessoal - não se deixa jamais apreender/aprender/prender por completo, assim
também as reflexões sobre ela resultam incompletas e parciais. O que é muito bom, já
que sempre estaremos desafiados a descobri-la um pouco mais. Fica o convite.