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Boletim Conteúdo Jurídico v. 1110 de 27/08/2022 (ano XIV) ISSN - 1984-0454
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BRASÍLIA

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&RQVHOKR(GLWRULDO
VALDINEI CORDEIRO COIMBRA (DF): Mestre em Direito Penal
Internacional pela Universidade de Granada - Espanha. Mestre em
Direito e Políticas Públicas pelo UNICEUB. Especialista em Direito Penal
e Processo Penal pelo ICAT/UDF. Pós-graduado em Gestão Policial
Judiciária pela ACP/PCDF-FORTIUM. Professor Universitário. Advogado.
Delegado de Polícia PCDF/Ap.
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MARCELO FERNANDO BORSIO (MG): Pós-doutor em Direito da


Seguridade Social pela Universidade Complutense de Madrid. Pós-
Doutorando em Direito Previdenciário pela Univ. de Milão. Doutor e
Mestre em Direito Previdenciário pela Pontifícia Universidade
Católica/SP.
FRANCISCO DE SALLES ALMEIDA MAFRA FILHO (MT): Doutor em
Direito Administrativo pela UFMG.
RODRIGO LARIZZATTI (DF/Argentina): Doutor em Ciências Jurídicas e
Sociais pela Universidad del Museo Social Argentino - UMSA.
MARCELO FERREIRA DE SOUZA (RJ): Mestre em Direito Público e
Evolução Social u, Especialista em Direito Penal e Processo Penal.
KIYOSHI HARADA (SP): Advogado em São Paulo (SP). Especialista em
Direito Tributário e em Direito Financeiro pela FADUSP.
SERGIMAR MARTINS DE ARAÚJO (Montreal/Canadá): Advogado com
mais de 10 anos de experiência. Especialista em Direito Processual Civil
Internacional. Professor universitário.
CAMILA ALENCAR COIMBRA: Bacharelanda em Jornalismo.
Colaboradora em editoração.

País: Brasil. Cidade: Brasília † DF. Endereço: SIG SUL, Q. 01, lote 495, sala 236,
Ed. Barão do Rio Branco, CEP. 70610-410. Tel. (61) 991773598
Contato: editorial@conteudojuridico.com.br
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Publicação semanal em formato digital
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Boletim Conteúdo Jurídico v. 1110 de 27/08/2022 (ano XIV) ISSN - 1984-0454


Boletim Conteúdo Jurídico.

Jurídico, Boletim Conteúdo, vol. 1110, (ano XIV) ISSN † 1984-0454 / Boletim Conteúdo
Jurídico, Brasília, DF. 2022. 568 f.

Revista eletrônica Interdisciplinar com predominância na área do Direito. Obra


coletiva.

Recurso online. Publicação semanal.

ISSN 1984-0454

Coordenação: Valdinei Cordeiro Coimbra.


1. Portal de conteúdo Jurídico. 2. Interdisciplinar. Direito. 3. Filosofia. Educação. 4. Outros.

CDD † 020.5

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SUMÁRIO

COLUNA

Vítima de Estupro: Entrega Voluntária e Incongruência do ECA


Carlos Eduardo Rios do Amaral, 09.
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ARTIGOS
O caso da criança de 10 anos vítima de estupro † uma análise sob a ótica da
LGPD
Icaro Maia Freire, 11.

Contratos desportivos
André Galdeano Simões, 21.

Ética a Nicômaco - Livro II: o hábito em Aristóteles como busca da


excelência moral
Maria Fumiko Sampaio Kumagai, 51.

O direito ao esquecimento sob uma perspectiva social


Rebecca Scalzilli Ramos Pantoja, 65.

O art. 139, IV do CPC/15: aplicação das medidas executivas atípicas para a


satisfação integral da tutela jurisdicional
Ed Gleison Pinto de Sousa, 109.

Capacidade política e o estatuto da pessoa com deficiência


Beatriz Machado Gameleira, 159.

Breve Análise do Pragmatismo Jurídico e os julgamentos do Supremo Tribunal


Federal acerca da autonomia das entidades desportivas
André Galdeano Simões, 167.

Causalidade normativa: a imputação do resultado naturalístico em um contexto


de suposta superação do tipo objetivo finalista
Igor César Sampaio de Castro, 193.

Prescrição intercorrente no processo de execução fiscal


Beatriz Machado Gameleira, 206.

6
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Autocomposição na área da saúde


Leonardo Ranieri L. Melo, Lorrany P. Thibes e Geovana M.R. de Sousa, 216.

Uma análise sobre a multiparentalidade no direito brasileiro


Andreia Carla Afonso Aguiar, 222.

A prática do mobbing e a violação da dignidade humana no ambiente de


trabalho
Raissa Amanda Bertaco, 242.

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Testamento Vital: diretrizes para uma morte digna
Rebecca Scalzilli Ramos Pantoja, 259.

Princípio do delegado natural no contexto do sistema constitucional de


investigação criminal
Eujecio Coutrim Lima Filho, 268.

7UDQVIHUrQFLDVLQWHUQDFLRQDLVDH[SRUWDomRGR·S
pGHREUDQRPHUFDGR
futebolístico globalizado
André Galdeano Simões, 282.

Pela discussão de uma dignidade menstrual


Jennifer Aline Ernesto de Oliveira, 302.

Animais como sujeitos de direito sob a perspectiva do antropocentrismo alargado


Matheus Sad Serenato, 319.

ADPF 779: tribunal do Júri e a ponderação de princípios constitucionais


Maria Luiza F. C. Aguiar, Yuri A. P. Jurubeba e Buenã Porto Salgado, 332.

Breve análise do dano moral coletivo


Beatriz Machado Gameleira, 345.

Na busca ideal de um conceito para o direito tributário


Jorge Henrique Sousa Frota, 357.

Responsabilidade civil do Estado: requisitos e teorias aplicáveis


Elisa Rocha Teixeira Netto, 391.

A homologação de sentenças estrangeiras e os seus principais elementos


caracterizadores
Rônison A. dos Santos, LUCAS F. de M. Vidovix e Sergiano R. da Conceição, 400.

7
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A aplicação de medidas executivas atípicas em face da Fazenda Pública


Beatriz Machado Gameleira, 414.

A Invisibilidade da Violência Obstétrica e a Proteção Jurídica da Mulher no


Brasil
Suelem Cristina Marques da Silva, 434.

O prazo prescricional da ação de petição de herança no reconhecimento de


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filiação post mortem


Rodrigo Bastos Garrido, 450.

Aspectos principiológicos do direito processual à luz do novo Código de


Processo Civil
Ney Costa Alcantara de Oliveira Filho, 464.

O utilitarismo do não aborto para a felicidade de quem não é vítima: O


estupro de criança de 11 anos e o utilitarismo da Joana Ribeiro Zimmer, do
Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC)
Sérgio Henrique da Silva Pereira, 474.

Sistemas processuais penais


Elisa Rocha Teixeira Netto, 485.

Casamento x união estável e a inconstitucionalidade do artigo 1.790 do


Código Civil
Tuany Gasques Andrade, 492.

A limitação territorial da eficácia subjetiva da coisa julgada na tutela coletiva


Rodrigo Bastos Garrido, 509.

Os riscos da flexibilização do porte e posse de arma de fogo


Leonardo Henrique Soares Cabreira, 526.

A redução da apatridia de acordo com a Convenção de 1961


Beatriz Machado Gameleira, 543.

Revolução 4.0 e uberização: diálogo sobre a precarização e a necessidade de


confrontação do novo modelo de trabalho
Sheina Maia Ferreira, 553.

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75$16)(5¨1&,$6 ,17(51$&,21$,6 $ (;3257$dfi2 ’2 ·3e ’( 2%5$ 12


MERCADO FUTEBOLÍSTICO GLOBALIZADO

ANDRÉ GALDEANO SIMÕES: Advogado


atuando desde 2010 como Gerente Jurídico de
Futebol do C.R. Flamengo, Mestrando em
Direito Desportivo pela PUC/SP. Pós-
Graduado em Direito Desportivo † Centro
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Universitário da Cidade/RJ e em Gestão


Esportiva pelo Programa FGV/FIFA/CIES.
Membro da Comissão de Direito Desportivo
da OAB/RJ. Árbitro Desportivo do Centro
Brasileiro de Mediação e Arbitragem (CBMA).

PAULO SÉRGIO FEUZ

(orientador)

·(DJRUDFRPRpTXHHXILFR
nas tardes de domingo
Sem Zico no Maracanã
Agora como é que eu me vingo
de toda derrota da vida
Se a cada gol do Flamengo
Eu me VHQWLDXPYHQFHGRU
· Saudades do Galinho0RUDHV0RUHLUD

RESUMO: O presente artigo tem como objetivo refletir quanto a relevância das
transferências internacionais e demonstrar na prática as principais cláusulas adotadas pelos
clubes no Brasil e exterior. A desvalorização da moeda nacional aliada ao talento dos
nossos atletas faz com que o Brasil seja o maior exportador de atletas, segundo estudo
elaborado pela FIFA, eYLGHQFLDQGRDYRFDomRGR%UDVLOFRPRH[SRUWDGRUGH·SpGHREUD
Fato que aponta a necessidade de maior profissionalismo para lidar com questões relativas
à venda de atletas. É relevante o apoio jurídico desde a fase negocial da transferência visto
que um deslize pode acarretar no fim das negociações. Para a elaboração contratual é
importante conhecer e respeitar regras internacionais. Frequentemente ao negociarem
atletas, os dirigentes desportivos pensam apenas em valores líquidos deixando de levar em
consideração outros custos como impostos e com direito de formação, por exemplo. Cabe
ao responsável jurídicos alerta-los sobre a existência desses e outros valores. Deve-se
atentar também para as cláusulas de confidencialidade e suas exceções. Não menos

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importante é a nomeação da cláusula de foro e legislação aplicável. Podem parecer


pequenos detalhes irrelevantes, mas importantes para maior segurança jurídica das partes
envolvidas no contrato

Palavras-chave: transferências internacionais, direito esportivo, FIFA

ABSTRACT: This article aims to reflect on the relevance of international transfers and
demonstrate in practice the main clauses adopted by clubs in Brazil and abroad. The

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devaluation of the national currency combined with the talent of our athletes makes Brazil
the largest exporter of athletes, according to a study conducted by FIFA, evidencing Brazil's
vocation as an exporter of "manpower". This fact points to the need for greater
professionalism in dealing with issues related to the sale of athletes. Legal support is
relevant from the negotiation phase of the transfer, since a slip-up can lead to the end of
negotiations. For the contractual elaboration it is important to know and respect
international rules. Often when negotiating athletes, sports managers think only in net
values, not taking into consideration other costs such as taxes and training rights, for
example. It is up to the legal responsible to alert them about the existence of these and
other values. One must also pay attention to the confidentiality clauses and their
exceptions. No less important is the appointment of the jurisdiction clause and applicable
law. These may seem like small irrelevant details, but they are important for the greater
legal security of the parties involved in the contract.

Keywords: international transfers, sports law, FIFA

1.INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como objetivo refletir a respeito da relevância das


transferências internacionais, bem como demonstrar na prática quais as principais cláusulas
adotadas pelos clubes no Brasil e em outros países.

Inicialmente, traremos uma breve evolução histórica sobre o tema; posteriormente,


serão analisados casos concretos, sendo apontadas críticas e observações a respeito.

Algumas sugestões de cláusulas e reflexões a respeito da matéria são necessárias


para o aperfeiçoamento, a fim de garantir o crescimento do profissionalismo no esporte.

2.EVOLUÇÃO HISTÓRICA:

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As transferências internacionais eram raras no Brasil até o início da década de 80,


quando alguns dos astros da seleção que encantou o mundo na Copa de 1982, realizada
na Espanha, se transferiram para o futebol italiano que era naquele momento o grande
centro futebolístico europeu.

Claro que existiram exceções, como no final da década de 50, quando o atleta
Evaristo de Macedo se transferiu para o Barcelona. Na Europa, o futebol foi usado como
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instrumento de propaganda política tanto em ditaduras de extrema direita (como nos


casos da Alemanha nazista de Hitler e a Itália fascista de Mussolini, nas décadas de 1930 e
de 1940) quanto em ditaduras de extrema esquerda (como nos casos dos países do leste
europeu, durante a Guerra Fria).

Na América do Sul, as conquistas pelas seleções de futebol do Brasil, em 1970, e da


Argentina, em 1978, foram exploradas pela propaganda dos seus respectivos regimes
militares.

No Brasil, a profissionalização do futebol que vem a ocorrer, de fato, em 1937, no


Estado Novo de Vargas, é mais um exemplo de que o futebol pode ser utilizado pelo
governo como instrumento aglutinador de seus valores pelo campo político.

Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, foi promulgado o Decreto-lei nº 3.199,


que estabelecia as bases da organização das práticas desportivas em todo o Brasil.

O mencionado decreto criou o CND (Conselho Nacional de Desporto) órgão ligado


ao Estado, concentrando as funções legislativa, executiva e judicante, e que somente
começou a soltar suas amarras através da Constituição Federal de 1988, mais
especificamente em seu artigo 217, que prevê a autonomia esportiva e a necessidade de
julgamento pela justiça desportiva em matérias relativas a competições e disciplina.

Profunda modificação legislativa se deu com o advento da Lei Zico (Lei 8.672/93) e,
posteriormente, com a denominada Lei Pelé (Lei 9.615/98), atualmente em vigor, que
buscaram a profissionalização do desporto.

Portanto, no Brasil, em razão deste longo período de mais de meio século, pode-se
concluir que o desporto era unicamente ligado à iniciativa pública, que o utilizava como
manifestação cultural com finalidades políticas e religiosas, sempre tendo em vista a
manutenção do poder, passando a ser considerado autônomo apenas com a promulgação
GD·&RQVWLWXLomR&LGDGm

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A desvalorização da moeda nacional aliada ao enorme talento dos nossos atletas


faz com que o Brasil seja o maior exportador de atletas, segundo recente estudo elaborado
pela FIFA135 e conforme relatado em artigo publicado pelos renomados advogados
Bichara Abidão Neto e Victor Eleutério:

·’HDFRUGRFRPUHFHQWHUHODWyULRSXEOLFDGRSHOD),)$ , o Brasil é
há pelo menos dez anos o maior exportador de atletas do futebol
mundial, superando em mais que o dobro a Argentina, segunda

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colocada no ranking. Foram mais de quinze mil transferências de
brasileiros no período, mais de 11% do total mundial. Além disso,
o país figura no relatório como o maior recebedor de pagamentos
pela transferência de atletas, com mais de 7 bilhões de dólares
DFXPXODGRVQHVVHVGH]DQRV 136

Desta forma não há como negar a vocação brasileira de exportador de atletas, sendo
que também em razão da necessidade de geração de recursos, a venda de atletas para o
exterior é uma das maiores fontes de receita para alguns clubes.

3. OS DESAFIOS DAS ENTIDADES DE PRÁTICA DESPORTIVA EM RELAÇÃO ÀS


TRANSFERÊNCIAS:

A evolução tecnológica e a crescente necessidade de profissionalismo fizeram com


que a FIFA adotasse o Transfer Matching System (TMS), que se tornou obrigatório para
todas as transferências internacionais de jogadores profissionais. O sistema de
Regulamento de Transferências da FIFA monitora a movimentação do mercado entre
países e clubes espalhados pelo mundo para evitar corrupção, lavagem de dinheiro, entre
outras coisas.137

Posteriormente, no final de 2014, através da circular 1.464 a FIFA bane a possibilidade


de investidores no futebol que atuavam através de fundos que antecipavam receitas aos
clubes através da garantia lastreada em direitos econômicos dos atletas. Havendo clara

135https://www.fifa.com/legal/football-regulatory/stakeholders/fifa-fund-for-players/media-releases/fifa-
publishes-report-on-ten-years-of-international-transfers. Acesso em 23/11/2021.
136 https://www.bicharaemotta.com.br/artigos/os-beneficios-da-saf-nao-sao-para-todos/. Acesso em
23/11/2021.
137http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2012/01/problemas-em-
documentacao-podem-melar-permanencia-de-itamar-no-fla.html. Acesso em 23/11/2021.

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interferência destes terceiros nas negociações dos atletas, assim possibilitando o retorno
financeiro dos valores investidos.

A grande maioria dos clubes no Brasil, sob o regime de associação sem finalidade
lucrativa, ainda geridos por dirigentes amadores conforme estatutos criados ainda no
princípio do século passado. Havendo a necessidade de profissionalização da
administração desportiva em âmbito nacional.
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É importante definirmos o conceito de profissionalização. Profissionalizar é substituir


a gestão política por uma gestão técnica, responsável e transparente. Importante que este
conceito fique bastante claro para que possamos melhor analisar o futebol na atualidade.

A aversão pelo novo, característica inerente a maioria dos seres humanos, foi
GHVWDFDGDSHORFUDTXH=LFRHPDUWLJRGHQRPLQDGR· Amador x ProfissionalSXOLFDGRQR
Diário Lance! de 28/07/2004:

·8PGRVGLOHPDVGRIXWHEROEUDVLOHLURQDDWXDOLGDGHS rincipalmente
nos grandes clubes, é a dificuldade de passar do amadorismo para o
profissionalismo na administração. E infelizmente o Flamengo deu na
última semana um forte exemplo das consequências negativas que a
manutenção desse modelo amador desgastado pode causar (...) O
mês precisa ter 30 dias! Mas o amador é assim. Na hora da paixão ele
chega e quer tomar a atitude ali, não raciocina com os números, não
vê o ambiente e nem se preocupa com a consequência de seus atos.
138

Em outras palavras: há a necessidade de mudança de mentalidade para que a


transferência de atletas não seja para pagamento de dívidas e sim por questões
desportivas.

A Lex Sportiva é estruturada integralmente de maneira a manter o ambiente


esportivo isento de interferências alheias, potencialmente lesivas aos princípios que regem
as atividades esportivas.

Desta forma, a FIFA foi obrigada a adotar regulamentos e procedimentos que


tornassem o futebol cada vez mais profissional através das medidas anteriormente
mencionadas.

138 CLUBE DE REGATAS DO FLAMENGO. FLAFUTEBOL. Relatório de Gestão 2004. Rio de Janeiro, 2004.

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4. QUESTÕES PRÁTICAS NA ELABORAÇÃO DE CONTRATOS DE TRANSFERÊNCIA


INTERNACIONAL:

Antes mesmo da elaboração contratual é importante o apoio jurídico na fase negocial


da transferência, pois pequenos detalhes podem onerar o clube cedente sem que se atente
para questões tributárias, a título exemplificativo. Recentemente o fisco espanhol pretendia
tributar os clubes estrangeiros em razão da venda de atletas para aquele país. Ou seja, a
ausência deste e outros cuidados podem trazer prejuízos inesperados.

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Além desta questão acima, o dirigente deve sempre buscar conhecer os usos e
costumes do país para o qual está negociando o atleta. Um pequeno deslize pode acarretar
o final das negociações. Por exemplo, no mundo árabe deve sempre se sentar sem que
mostre a sola dos sapatos pois é considerado um grande insulto nesses países. Por isso,
muitas das vezes, o intermediário é peça fundamental para a concretização do negócio.

a) Questões preliminares - O início da redação de qualquer contrato é primordial


que aVSDUWHVLQFOXDPRV·FRQVLGHUDQGRVHPTXHWRGRRKLVWyULFRUHODWLYRDTXH
atleta e da negociação estejam presentes a fim de retratar a realidade dos fatos que
culminaram com a assinatura deste contrato de transferência. É preciso ter em pensamento
que este contrato poderá ser analisado por terceiros que não estiveram envolvidos
diretamente nas tratativas (conselho fiscal do clube ou algum órgão fiscalizador ligado a
entidade de administração desportiva).

Desde informações contratuais com o clube cedente, como prazo de vigência e se há


compartilhamento de direitos econômicos, passando pela performance esportiva do atleta
naquele momento (atleta revelação da temporada, por exemplo) até a necessidade do
clube cessionário para aquisição do vínculo federativo.

Estes detalhes podem parecer que não são importantes, mas caso o atleta não possua
boa performance no novo clube e com intuito de se defender de eventuais críticas ou
supostas alegações de fraude na contratação. Por outro lado, os clubes brasileiros muitas
vezes são cobrados pela torcida e da mídia HPUD]mRGDYHQGD·SUHFLSLWDGDGHXPDMRYHP
promessa. Então a inclusão da necessidade de venda e de uma oferta vantajosa
financeiramente justifica a razão da venda.

A forma de pagamento, eventuais sanções em caso de inadimplemento e a


participação de intermediários devidamente cadastrados não podem faltar na redação
destes contratos.
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Em razão do fair play financeiro tem sido costumeiro que o pagamento das
transferências seja efetuado de maneira parcelada, portanto caso o parcelamento seja a
longo prazo é importante que o clube cedente tente incluir cláusula de vencimento
antecipado das parcelas vincendas em caso de transferência definitiva do atleta para
terceiro clube.

b) Do objeto da transferência - O objeto da transferência é o vínculo federativo do


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atleta, mas algumas questões se originam desta transferência do direito federativo. Tais
como questões relativas à forma de transferência (temporária ou definitiva), eventuais
bônus, prêmios de revenda, dentre outros.

Importante ressaltar a definição trazida pelo Regulations on the Status and Transfer
of Players (RSTP) da FIFA que GHILQHDWUDQVIHUrQFLDLQWHUQDFLRQDOFRPR·RPRYLPHQWR
registro de um jogador de uma associação para outra assocLDomR &ODUR TXH TXDQGR D
FIFA menciona ·DVVRFLDomR HVWireferindoVH a uma entidade nacional, pois a entidade
máxima do futebol não reconhece as associações regionais existentes dentro de uma
entidade de administração desportiva nacional.

Cabe ao clube cessionário sempre observar o período de registros que são definidos
SHODV DVVRFLDo}HV QDFLRQDLV DV FKDPDGDV ·MDQHODV GH WUDQVIHUrQFLD 1HVWH D
transferência poderá ocorrer a qualquer tempo, mas o registro para que o atleta tenha
condições de aWXDomRGHSHQGHPGD·MDQHOD ou período de registro.

Além do clube cessionário sempre se atentar para regra que os jogadores podermo
registrar-se em, no mi ximo, trHs clubes em uma temporada. Ou seja, durante essa
temporada, o jogador somente poderá ser relacionado para atuar em partidas oficiais por
dois clubes. Como exceFmo a essa regra, um atleta em trDnsito entre dois clubes
pertencentes a associaF} es com temporadas sobrepostas (ou seja, o intcio da temporada
de vermo/outono oposta j temporada de inverno/primavera) poderi ser relacionado para
jogar em partidas oficiais por um terceiro clube durante a temporada sobreposta, desde
que tenha cumprido com as disposiF} es contratuais em relação aos seus clubes anteriores.

Como de conhecimento público, a FIFA veda transferências que envolvam menores


de 18 (dezoito) anos de idade.

Os atletas menores de 18 (dezoito) anos podem firmar contrato com a duraFmo


estabelecida pela legislaFmo nacional de cada associação, porém, em caso de littgio
submetido a yrgmo da FIFA, somente sermo considerados os 3 (trHs) primeiros anos, em
atendimento ao artigo 18.2 do FIFA RSTP.

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A título exemplificativo, em meados de 2020 ocorreu o caso do atleta Lucas Fasson


que notificou seu clube de origem com um pedido de rescisão unilateral do seu contrato
que possuía validade superior aos 3 anos. O São Paulo discordou e ingressou com
demanda junto a FIFA visando que o zagueiro cumprisse na íntegra seu contrato. O clube
paulista notificou clubes europeus que possivelmente estivessem interessados e informou
que, em caso de acerto com o jogador, exigiria o pagamento da multa rescisória de 40
milhões de euros. A FIFA determinou a liberação do registro provisório para que o jogador
pudesse ser registrado pelo La Serena (Chile). No ano seguinte o atleta se transferiu

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definitivamente do clube chileno para o Athletico Paranaense. O caso foi decidido, em
junho de 2022, contrariamente aos interesses do clube paulista na Corte Arbitral do Esporte
(CAS).

Como acima mencionado, o artigo 19 do RSTP da FIFA estabelece algumas regras


que tem a finalidade de proteger os atletas menores de 18 anos. Nesse sentido, a regra
geral que deve ser observada por clubes e associações nacionais é de que transferências
internacionais apenas serão permitidas quando os atletas envolvidos sejam maiores de 18
anos.

Contudo, a própria FIFA estabelece alguns critérios excepcionais que viabilizam


eventual transferência ou vinculação de atleta menor de idade com clubes estrangeiros.

A primeira hipótese de vinculação de atleta menor de idade com clube estrangeiro


prevista no RSTP se refere aos casos em que os pais do atleta se mudam para o país desse
novo clube estrangeiro, por razões não relacionadas ao futebol. Importante destacar que
no passado os próprios clubes costumavam empregar os pais dos atletas estrangeiros que
desejam contratar a fim de enquadrar a contratação destes atletas na permissão
regulamentar emanada pela FIFA. Portanto, a condição de que essa mudança de país por
razões não relacionadas ao futebol é fundamental para que ratio legis desta norma
regulamentar não seja desvirtuada.

Para ilustrar essa hipótese, podemos mencionar o atleta Metinho Silu, congolês,
vinculado ao Fluminense Football Club. Seus pais se mudaram para o Brasil quando o atleta
tinha cerca de 2 anos de idade. O Fluminense realizou todos os procedimentos juntos às

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entidades de administração desportiva e o seu vínculo desportivo foi estabelecido com o


clube brasileiro.139

Outra hipótese se refere exclusivamente a atletas maiores de 16 anos e menores de


18, que podem ser transferidos ou vinculados a clubes estrangeiros, desde que essa
transferência ocorra dentro da União Europeia ou da Zona do Euro. Bem, esse é o teor do
que dispõe o Artigo 19(2)(b)(i) do RSTP.
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No entanto, a FIFA e o CAS têm interpretado essa disposição regulamentar de forma


extensiva e gravemente prejudicial aos clubes que não são localizados na área da União
Europeia ou da Zona do Euro, especialmente os clubes da CONMEBOL, tradicionais
formadores de talentos no futebol. O entendimento que prevalece atualmente na FIFA e
no CAS é de que esta norma foi criada justamente para se adequar às regras de livre
circulação de trabalhadores dentro da União Europeia e a criação de uma regra, por parte
da FIFA, que tratasse desigualmente cidadãos europeus (com relação à possibilidade de se
transferir em âmbito internacional) exclusivamente pelo fato um deles estaria
anteriormente vinculado a um clube localizado dentro da União Europeia (ou Zona do
Euro) e o outro vinculado a um clube localizado fora da União Europeia (ou Zona do Euro),
estaria indo em sentido contrário à motivação inicial da FIFA quando editou esta norma
específica.140

Sem dúvida alguma, a interpretação do artigo 19(2)(b) gera um risco e um prejuízo


sem precedentes aos clubes sul-americanos, na medida em que gera um desequilíbrio no
mercado de transferências do futebol, tendo em vista que o RSTP e o entendimento
adotado pela FIFA garantem aos clubes da União Europeia a possibilidade de atrair
jogadores de todo o mundo, desde que esses atletas sejam maiores de 16 anos e possuam
um passaporte europeu. No caso mencionado em nota de rodapé abaixo, o atleta
argentino, que possui passaporte italiano, se vinculou ao clube inglês (antes do Brexit) com
permissão expressa da FIFA e do CAS. No entanto, o mesmo atleta com dupla cidadania
(argentina e italiana), caso quisesse realizar o caminho inverso, sair de um clube inglês e se
vincular a um clube argentino, não poderia ser transferido por ausência de permissão
regulamentar.

139 https://globoesporte.globo.com/futebol/times/fluminense/noticia/metinho-revela-emocao-do-pai-e-
de-parentes-no-congo-com-periodo-na-selecao-chegaram-a-chorar.ghtml
140 Processo CAS 2016/A/4903, ajuizada pelo Club Atlético Velez Sarsfield v. The Football Association Ltd.,
Manchester City FC e FIFA, em 16 de abril de 2018.

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Outra hipótese excepcional de vinculação de um atleta menor de idade a um clube


estrangeiro prevista no Artigo 19 do RSTP é quando um determinado atleta vive a 50km
da fronteira e o clube ao qual este atleta menor se vincula está igualmente a 50km da
fronteira. A distância entre a sede do clube e a residência do atleta menor não pode ser
superior a 100km.

A quarta hipótese prevista pela FIFA para que um atleta menor se vincule a um clube
estrangeiro é quando o atleta sai de seu país, sem os seus pais, por razões humanitárias,

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tendo sua vida ou liberdade ameaçadas por motivo de raça, religião, nacionalidade,
pertencer a um determinado grupo social ou em razão de opinião política.

Por fim, a última hipótese prevista pela FIFA é quando o jogador é estudante e está
participando de programa de intercâmbio acadêmico. Nessa hipótese, o vínculo do atleta
menor com o clube estrangeiro não pode durar mais que um ano e o clube estrangeiro
deve ser exclusivamente amador, sem equipe profissional e sem qualquer vínculo com
clubes profissionais.

c) Vedações legais (TPO, TPI e Transferências Ponte)

I. Transferência Ponte (Transfer Bridge): quando ocorrer duas transferências


consecutivas de um mesmo jogador, nacionais ou internacionais, ligadas entre si e
compreendendo um registro desse jogador com o clube do meio para contornar a
aplicaFmo dos regulamentos ou regras relevantes e/ou defraudar outra pessoa ou entidade.

Embora a CBF já regulasse desde 2016 a questão das transferências ponte, somente
em 2019 a FIFA regulou a matéria. Assim evitando novos casos que ferem transferências
que não possuem caráter desportivo e visam apenas benefícios financeiros.

A FIFA estabelece a presunção de transferência ponte caso ocorra transferência


sucessiva com prazo inferior a 16 (dezesseis semanas). Cabem as partes envolvidas
demonstrar que a transferência possui caráter desportivo e não visa nenhum tipo de lucro
financeiro.

O •»‡•‰–fl`‰†‡ˆ…•’#‰
†•`–•”•…fl ·‰•fl´•ˆ-†flfl‰Racing
‡»†‡–‰ *…–•fl†‡´fl…`·‡*…–•fl‰…´‡
Club de Avellaneda / Argentina CAS A/

II. Third Party Ownership (TPO): Os Contratos de Cessão de Direitos Econômicos eram
permitidos atp 31/12/2014 desde que com empresas que não interferissem nas
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transferências ou em questões trabalhistas e podiam ser divididos. Não era difícil lermos
QRV MRUQDLV FDVRV HP TXH RV DWOHWDV HUDPcomo verdadeiras pizzas e seus
·IDWLDGRV
percentuais eram divididos entre os investidores e os clubes.

Durante um longo período esta era uma fonte de receita importante para a
sobrevivência dos cofres de clubes em dificuldades para quitar suas obrigações em dia.

A FIFA, em razão de pressão da UEFA, editou a circular 1464 (22/12/2014) que bania
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a possibilidade de terceiros serem detentores de direitos econômicos. Os contratos


assinados até 31 de dezembro de 2014 seriam respeitados, desde que fossem inclusos no
sistema TMS até abril de 2015, e aqueles assinados entre 1º de janeiro de 2015 e 30 de
abril de 2015 somente teriam efeitos pelo período de 1 (um) ano.

Assim diversos clubes foram obrigados a correr para formalizar transferências ainda
no ano de 2014, a fim de não serem contrárias a nova regulamentação imposta pelo novo
artigo 18ter do RSTP da FIFA.141

Havia diversos casos de abuso dos investidores que impunham aos clubes cláusulas
leoninas e assim nunca saiam perdendo. A título exemplificativo abaixo transcrevo um
exemplo desta modalidade de cláusula imposta pelos investidores:

·1DKLSyWHVHGHVHUUHFHELGDXPDSURSRVWDSDUDDWUDQVIHUrQFLD
ATLETA por valor igual ou superior a ‰.000.000,00 (quatro milhões
de euros) mesmo que em qualquer outra moeda diferente, e não
havendo interesse do CLUBE X em aceitá-la, fica conferida a
EMPRESA a faculdade de optar entre:

I - Exigir e receber do CLUBE X o valor percentual a que teria direito


a receber caso a proposta fosse aceita e nos moldes em que
pactuado no presente instrumento, finalizando sua participação nos
direitos econômicos do ATLETA; ou

II - Manter a vigência do presente instrumento e assim continuar


GHWHQWRUDGRSHUFHQWXDOUHIHULGRQD&OiXVXOD3ULPHLUD

Particularmente a maneira açodada que foi editada a circular foi de maneira


impensada apenas excluir todo e qualquer terceiro, sendo que no período de sua edição

141http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2014/12/fla-corre-para-garantir-cirino-
ate-esta-quarta-feira-por-conta-de-regras-da-fifa.html

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consideravam o atleta como terceiro. Fato este que é um verdadeiro absurdo, pois os
direitos econômicos nascem do vínculo federativo entre clube e atleta, portanto não seria
o atleta uma figura estranha a relação e em boa hora a FIFA reviu seu pensamento e incluiu
o atleta, além dos clubes anteriores, como aqueles que estão no rol que não podem ser
considerados como terceiros.

Não apenas em razão da pandemia, que impossibilitou algumas fontes de receitas


para os clubes, a FIFA deveria rever a sua opinião e ao invés de abolir deveria regulamentar

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a questão dos terceiros.

Portanto regular apesar de dar mais trabalho seria uma solução melhor para os
clubes, pois assim viabiliza que clubes com menor possibilidade de investimento tenham
capacidade de manter seus craques que cada vez mais cedo se transferem para o exterior
e poderiam completar sua formação em seu país de origem.

III. Third Party Influence (TPI): A FIFA, através do artigo 18bis, veda toda e qualquer
influência de terceiros em relação ao contrato de trabalho entre clube e atleta, mesmo que
este terceiro seja o clube detentor do vínculo definitivo do atleta e cede temporariamente
apara outro clube. Ou seja, o clube cedente não pode interferir no vínculo do novo contrato
de trabalho entre atleta e clube cessionário.

Portanto, inválidas são as cláusulas que preveem a rescisão antecipada em razão de


recebimento de propostas pelo clube cedente.

Um caso muito frequente são as denominadDVFOiXVXODVGH·QmRDWXDomRHPUHODomR


ao clube cedente. Estas são proibidas, então uma maneira de driblar esta questão é a
cobrança de algum valor em razão da escalação do atleta. Nestes casos, o empréstimo
gratuito se torna oneroso.

5. Cláusulas típicas nos contratos de transferência internacional:

5.1 Sell on fee (Prêmio de Revenda) † A cláusula ·6HOO


-on feeVHUHIHUHjSDUWLFLSDomR
sobre os valores recebidos a título de transferência onerosa e definitiva do Atleta para
outra entidade de prática desportiva, nacional ou estrangeira, durante a vigência do
presente contrato, ou seja, se o novo clube transfere o jogador para um terceiro clube, o
antigo clube tem direito a uma porcentagem sobre a nova taxa de transferência acordada,
conforme definição da FIFA (Anexo III, art. 4.2 do RSTP) que impõe aos clubes o dever de
informar o sell-on fee no sistema TMS.

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Primeiro exemplo: O clube A e o clube B concordam na transferência 1 de modo que


quando o jogador p transferido para o clube C (transferência 2), o clube A teri» direito a
receber 10% da nova taxa de transferência acordada entre o clube B e o clube C na
transferência 2. O clube A e o clube B devem declarar a porcentagem da taxa de sell-on
acordada na transferência 1.

Contrato·&DVRRFRUUDDWUDQVIHUrQFLDSDUDWHUFHLURFOXEHFOXEH&RFOXEH%SDJ
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Sell-on
ao clube A 10% (dez por cento) do total líquido da futura WUDQVIHUrQFLD&OiXVXOD¶
fee•

A manutenção deste percentual de uma transferência futura pode possuir variações.

Segundo Exemplo: percentual fixo sobre o valor total da futura transferência x


percentual sobre eventual lucro obtido pelo novo clube em uma transferência futura:

Contrato: · Clube A e o clube B acordam a venda do Atleta no valor de ‰10 milhões


(transferência 1), caso o jogador seja transferido para o clube C (transferência 2), o clube A
teri» direito a receber 10% sobre o montante que exceder ao valor da transferência 1. Ou
seja, caso a transferência acordada entre o clube B e o clube C na transferência 2 seja
equivalente a ‰11 milhões; o clube B deverá pagar ao clube A o percentual de 10% (dez
por cento) sobre ‰1 milhão excedentes da transferência 1.

Valor excedente de ‰1 milhão corresponde a ‰100 mil (10% que deverá ser pago ao
clube A).

Uma questão que o clube cedente sempre deve se atentar para evitar que o clube
cessionário que adquire o vínculo do atleta burle o direito de sell-on fee é sempre registrar
que no caso de transferência para terceiro clube que não envolva valores, mas apenas troca
de atletas as partes busquem um órgão com credibilidade para mensurar o valor de
mercado daquela transferência e assim possa resguardar seu direito.

Ao contrário do mercado sul-americano, o mercado europeu prefere adotar a


cláusula sell-on fee em detrimento da nomenclatura direitos econômicos.

5.2 Add-on fee (Bônus por performance): É o pagamento de bonificação em razão do


alcance de metas pré-determinadas ligadas a performance desportiva pelo atleta
(individual) ou pela equipe (coletiva).

É uma taxa de transferência condicional em que a quantia adicional paga pelo novo
clube ao antigo clube, caso certas condições forem cumpridas.

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Exemplo I: se o jogador marcar 10 gols ou atuar em 15 partidas como titular, o Clube


B pagará ao Clube A a quantia de ‰500 mil (bônus por performance individual).

Exemplo II: se o Clube B for campeão nacional ou se classificar para o principal torneio
continental, o Clube B pagará ao Clube A a quantia de ‰1 milhão (bônus por performance
coletiva).

5.3 Loyalty bonus (Bônus de lealdade): O bônus por lealdade normalmente é pago

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pelo cumprimento do contrato de trabalho, pois ele privilegia a manutenção do contrato
† uma espécie de pagamento de luvas de forma invertida.

Contrato: · Pela efetiva permanência no primeiro ano de contrato (01/07/2019 à


30/06/2020) - o CLUBE A terá direito a receber a quantia líquida de ‰2 milhões, a título de
bonificação de lealdade, através de parcela única, com vencimento em 31 de julho de
2020.

Também pode ser pago ao Atleta, conforme disposição em seu contrato de trabalho:

Exemplo: · Pelo presente instrumento, a CONTRATANTE se obriga a pagar ao


CONTRATADO, a título de bonificação individual de lealdade, um loyalty bonus, caso
permaneça vinculado ao CONTRATANTE até o término de seu vínculo federativo, a
bonificação conforme as tabelas do Anexo I ao presente instrumento.

6. CESSÃO TEMPORÁRIA COM OPÇÃO DE COMPRA:

Há casos que o clube cede um atleta para outro e as partes, em comum acordo,
resolvem fixar o valor de eventual transferência definitiva do vínculo federativo do atleta.
142

Neste caso importantíssimo que o clube cessionário faça o acerto salarial de eventual
futuro contrato de trabalho, pois neste caso pode se acertar com o clube cedente, mas não
conseguir efetivar a transferência.

Normalmente, esta é a redação desta cláusula de eventual transferência:

142https://ge.globo.com/futebol/times/vasco/noticia/dirigente-do-independiente-confirma-acordo-e-
vasco-aguarda-documentacao-para-acerto-com-benitez.ghtml

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·2 CEDENTE, com autorização e concordância expressa do ATLETA, concede ao


CESSIONÁRIO a opção de aquisição em definitivo do direito de inscrição federativa e
vínculo esportivo, além de 50% (cinquenta por cento) dos direitos econômicos do ATLETA,
pelo valor líquido de ‰10.000.000,00 (dez milhões de euros), a qual deverá ser exercida
pelo CESSIONÁRIO por meio de notificação por escrito formalizada em até 30 (trinta) dias
antes do término da presente cessão temporária.
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Na hipótese de exercício da opção pelo CESSIONÁRIO, o ATLETA se compromete a


celebrar contrato especial de trabalho desportivo, que deverá viger pelo período mínimo
de 3 (três) anos a contar da data do exercício pelo CESSIONÁRIO até 31/12/2022, com
salário mensal inicial de ‰8.000,00 (oito mil euros) a partir de 01/07/2020, ‰12.000,00
(doze mil euros) a partir de 01/01/2021; e ‰15.000,00 (quinze mil euros) a partir de
01/01/2022. Sendo desde já estipulada entre as partes que a Cláusula Indenizatória
Desportiva para o exterior será eTXLYDOHQWHHPUHDLVD‰ 30.000.000,00 (trinta milhões de
HXURV

Qualquer contrato de transferência depende da expressa concordância e acerto


salarial prévio com o atleta a fim de possuir eficácia, senão será uma · cláusula de
arquibancada WDLVquais aquelas que impõem a possibilidade de nova transferência
apenas para determinado clube ou a obrigatoriedade de apenas se transferir para o clube
cedente em caso de eventual cessão temporária futura. No máximo, o que o clube
cessionário poderá garantir é um direito de preferência, mas que na prática esbarra na
vontade do atleta.

Outra questão que deve ser observada é a razoabilidade do valor da clausula


indenizatória imposta pelo clube empregador, pois caso não tenha razoabilidade com os
valores de mercado ou pagos a título de remuneração ao atleta podem ser revistos pelo
CAS.

Muitas vezes, independente da cláusula indenizatória, clube e atleta acertam a


GHQRPLQDGD·buy-out clauseRQGHDVSDUWHVOLYUHPHQWHHVWLSXODPXP·YDORUGHVDtGD

Tem sido cada vez mais frequentes casos em que os clubes, com intuito de evitar
sanções impostas pelo fair play fLQDQFHLURLQFOXHPXPD· opção obrigatória de compra
foi o caso do empréstimo do atleta Mbapé do Mônaco ao PSG, em agosto/2017, com
RSomRGHFRPSUDSRU‰ milhões.

As metas devem ser razoáveis e obrigatoriamente guardar relação direta com a


atuação do atleta, por exemplo não se pode incluir FRPRPHWD·FKRYHUHP/RQGUHV , ou

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seja, uma meta sem razoabilidade desportiva (· atuar em 1 partida o clube B deve exercer
a opção de compra .

6.1. Cláusula de recompra (Buy-back clause)

Esta modalidade de cláusula é frequente nos empréstimos com opção de compra


SDUDDWOHWDVFRQVLGHUDGDV·MRYHQVSURPHVVDV um exemplo de redação desta cláusula seria:

·1RFDVRHPTXHR&OXEH$H[HUoDD2SomRGH&RPSUDGR-RJDGRU

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o Clube B terá, durante o período de dois anos após a data em que
a Opção de Compra do Clube A entrar em vigor, uma opção para
readquirir o registro do Jogador permanentemente em consideração
dD 7D[D GH 5HFRPSUD D ·2SomR GH 5HFRPSUD $ 2SomR GH
Recompra deve poder ser exercida pelo Clube B: - enviando uma
notificação por escrito ao Clube A em ou antes de 30 de novembro
de 2019 para entrar em vigor no mais breve possível após 1 de janeiro
de 2020; ou, - notificando por escrito o Clube A em ou antes de 30
de novembro de 2020, a partir de 1 de janeiro de 2021 ou o mais
cedo possível. No caso de a Opção de Recompra ser exercida
(sujeito ao Clube B e o Jogador concordar com os termos do contrato
de jogo que serão aplicados após o retorno do Jogador ao Clube B,
e esse fato ser notificado ao Clube A por escrito), pelo Clube B, o
Clube A e o Jogador tomarão imediatamente as medidas necessárias
para efetivar a transferência permanente do registro do Jogador para
o Clube B e o cancelamento do contrato do Jogador com o Clube A
o mais rápido possível. A Taxa de Recompra a ser paga pelo Clube
B ao Clube A pelo exercício da Opção de Recompra na cláusula x
DFLPDVHUi‰SDJiYHLV em três parcelas iguais da seguinte
PDQHLUD‰SDJiYHLV dentro de 7 dias após o re-registro do
Jogador no Clube B (o "Re-registro do Clube B ); 7.333.333 euros a
pagar no aniversário do Reinscrição do Clube B; e 7.333.334 ‰a pagar
no segundo aniversário do Reinscrição do Clube B, em cada caso,
sujeito ao re-registro do Jogador no Clube B, de forma permanente.

Esta modalidade de cláusula é bastante utilizada pelos multi-club ownership que ao


adquirirem jovens atletas costumam emprestá-los com intuito de adquirirem experiência
e valorização no mercado.

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6.2. A validade da transferência: condicionantes nulas

De acordo com a FIFA a reprovação nos exames médicos apys a sua assinatura e que
deveriam ter ocorrido antes da celebraFmo do ajuste laboral, além da obtenFmo de visto ou
permissmo de trabalho, quando se tratar de atleta estrangeiro, não podem ser
condicionantes nulas, por forFa do art. 18.4 do Regulamento da FIFA sobre o Status e a
TransferHncia de Jogadores, para a validade do contrato de trabalho.
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7. MECANISMO DE SOLIDARIEDADE E TRAINING COMPENSATION.

Frequentemente os dirigentes desportivos ao negociarem os atletas pensam apenas


em valores líquidos e o clube que contrata deixa de levar em consideração o custo com
direito de formação ou mecanismo de solidariedade.

Portanto, importante sempre alertar sobre esta questão que pode causar um
desgaste desnecessário, a fim de também evitar um aumento no custo final da operação.

Será sempre devida seja por transferência temporária ou definitiva, desde que
onerosa. Incluindo-se também eventuais bônus acessórios recebidos em função da
transferência e acima mencionados.

Em regra, o clube cessionário deve reter o percentual de 5% (cinco por cento) para
após a análise do passaporte desportivo do atleta fazer a distribuição dos valores daqueles
clubes que contribuíram para formação desportiva do atleta entre 12 e 23 anos de idade.

No cálculo do pagamento de mecanismo é a questão do cômputo de acordo com o


período da temporada, isto porque na Europa, por exemplo, o início da temporada ocorre
no meio do ano enquanto no Brasil a temporada se inicia em janeiro.

Desta forma, há a sobreposição de temporadas (overlaping seasons) que pode gerar


uma pequena alteração nos cálculos.

Definição no contrato de transferência se o valor de transferência já inclui eventuais


valores devidos à título de mecanismo de solidariedade e/ou training compensation é
importante para evitar discussões futuras sobre a responsabilidade sobre o pagamento
destes valores.

Exemplo: Clube A pagará x milhões líquidos (livre de impostos). O valor da


transferência não inclui valores de mecanismo de solidariedade e/ou direito de

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formação que não serão retidos e ficarão sob responsabilidade do Clube A pagar
diretamente aos clubes que contribuíram com a formação do atleta.

Definição no contrato de transferência se o antigo clube do atleta será responsável


por reembolsar o novo clube caso este seja cobrado por um terceiro clube em valores de
mecanismo de solidariedade ou training compensation.

Exemplo: Em caso de cobrança direta, o Clube A deverá reembolsar o Clube B pelas

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despesas decorrentes do pagamento que seria de sua responsabilidade.

O mecanismo de solidariedade interno, recentemente, passou a ser admitido pelo


RSTP da FIFA. Portanto, o caso de um atleta que se transfere entre dois clubes de um
mesmo país. Anteriormente não seria possível a cobrança de mecanismo de solidariedade
† fato que hoje pode ser cobrado.

Já a compensação por treinamento poderá ser cobrada caso o atleta assine seu
primeiro contrato de trabalho com clube diverso daquele que foi seu clube formador ou
em caso de transferência internacional em idade de formação (até 23 anos de idade).

8. DA IMPORTÂNCIA DAS DISPOSIÇÕES FINAIS DO CONTRATO DE TRANSFERÊNCIA:

Uma questão primordial que as partes sempre devem sempre estarem atentas na
redação de um contrato de transferência internacional é em relação ao idioma. Escolher
dentre os idiomas oficiais da FIFA aquele que tenha maior proximidade e em caso de
contratos bi colunados com outro idioma não deixar de incluir que em caso de eventual
controvérsia prevaleça o idioma que lhe for mais próximo e traga maior segurança.

Os canais de comunicação devem ser incluídos, pois com o crescimento tecnológico


é importante a agilidade na troca de correspondências entre as partes. Ideal é sempre
adotar os e-mails corporativos dos clubes, pois os e-mails dos profissionais podem mudar
caso tenha mudança no corpo diretivo dos clubes.

Deve-se atentar também para as cláusulas de confidencialidade e suas exceções, além


de cláusulas anticorrupção e compliance † além do respeito as leis de proteção de dados.

Não menos importante é a nomeação da cláusula de foro e legislação aplicável. Ideal


é escolher os estatutos da FIFA e seus órgãos judicantes. Subsidiariamente a legislação
suíça, a fim de fugir de eventuais desgastes com a parte contrária.

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O CAS tem sido a melhor alternativa para eventual recurso das decisões emanadas
dos órgãos judicantes da FIFA, mas é importante prever como será composto o painel em
razão do alto custo da arbitragem internacional. Se será arbitro único ou três árbitros, além
da língua do painel.

Podem parecer pequenos detalhes irrelevantes, mas importantes para maior


segurança jurídica das partes envolvidas no contrato.
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9. CONCLUSÃO

A HYLGHQWH YRFDomR GR %UDVLO FRPR H[SRUWDGRU GH ·Sp GH REUD IRUWDOHF


necessidade de maior profissionalismo para lidar com as questões relativas à venda de
atletas. Desde os usos e costumes até a legislação pertinente sobre a matéria.

Contratos melhor elaborados trazem maior segurança jurídica aos clubes e


consequentemente mais recursos que podem ser investidos no futebol de base.

Desta forma elevaremos o número de novos talentos e criando um ciclo virtuoso que
contribuirá para o fortalecimento de nosso futebol e novamente colocando o Brasil em
posição de destaque no cenário mundial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASIL Lei 9.615/98 de 24 de março de 1998. Institui normas gerais sobre desporto e dá
outras providências. (Lei Pelé). Diário Oficial da União, Brasília - DF, publicado em 25 de
março de 1998.

CALIXTO, Vinicius. Lex Sportiva e Direitos Humanos. Entrelaçamentos


transconstitucionais e aprendizados recíprocos(GLWRUD’•3OiFLGR%HOR+RUL]RQWH
, 2017.

CAMARGOS, Wladimyr. Constituição e Esporte no Brasil. Editora Kelps. Goiânia, 2018.

COELHO, Paulo Vinicius. Bola fora: a história do êxodo do futebol brasileiro. Editora
Panda Books. São Paulo, 2009.

CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL. Regulamento Nacional de Registro e


Transferência de Atletas de Futebol. Rio de Janeiro, 2021.

COUTINHO FILHO, José Eduardo. Futebol Globalizado: paixão de bilhões, mercado de


trilhões. (GLWRUD’•3OiFLGR%HOR+RUL]RQWH
, 2021.

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and Transfer of Players. Zurique (Suíça), 2021.

MELO FILHO, Álvaro & SANTORO, Luiz Felipe Guimarães. Direito do Futebol - Marcos e
Linhas Mestras. Editora Quartier Latin. São Paulo, 2019.

NICOLAU, Jean Eduardo. Direito Internacional Privado do Esporte. Editora Quartier Latin.
São Paulo, 2018.

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