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De: Mussolini Para: Getúlio

Telegramas mostram relação próxima entre o Brasil e a Itália fascista

Novembro de 1940. No dia 10, o então presidente da República, Getúlio Vargas, recebia um telegrama de parabéns,
escrito em italiano e enviado pelo então ditador da Itália, o fascista Benito Mussolini.

Na mensagem curta, de apenas 11 linhas, Mussolini felicitava Vargas pelo 10º aniversário de sua chegada ao poder, após a
Revolução de 30. "A Itália fascista cordialmente parabeniza o júbilo dessa grande nação amiga", escreveu Mussolini. O
telegrama simbolizava a relação de proximidade desenhada entre o governo de Vargas e a Itália fascista de Mussolini.

Abril de 1974. Em uma das dezenas de pastas que compõem o arquivo nacional italiano, em Roma, o telegrama enviado
por Mussolini a Vargas descansava, inacessível ao conhecimento público. A entrada no arquivo era proibida a
pesquisadores, mas isso não desmotivou um jovem estudante brasileiro que buscava documentação para embasar sua
pesquisa de doutorado.

Ricardo Seitenfus, então com 26 anos, brigava contra o relógio em uma proibida investigação. Auxiliado pelo professor
italiano Rodolfo Mosca, responsável pela seleção de documentos diplomáticos, ele entrou nos arquivos sem autorização.

- Eu só poderia entrar se o diretor do arquivo não estivesse lá - recorda Seitenfus, hoje diretor da Faculdade de Direito de
Santa Maria (Fadisma) e conselheiro jurídico da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Quando o diretor viajou, o professor italiano mandou um aviso ao brasileiro. Seitenfus teria apenas 10 dias para procurar
documentos que trouxessem registros da relação do Brasil e dos países do Cone Sul com a Itália durante o comando de
Mussolini, de 1922 a 1943.

- Estava havia sete dias lá quando avisaram que o diretor chegaria. Eu tinha só 24 horas. Na saída, pedi que o responsável
pelo arquivo fizesse as cópias. Deixei o dinheiro, meu endereço e confiei. Dias depois, os papéis chegaram à minha casa -
lembra Seitenfus.

Doados a universidade, papéis serão digitalizados

Cerca de 10% dos documentos foram usados pelo professor na tese de doutorado. O restante, composto também por
papéis da Alemanha, de Getúlio Vargas e de Osvaldo Aranha, não foi publicado. Há dois meses, o material foi doado à
Pontifícia Universidade Católica (PUCRS).

São mais de mil documentos. Parte do material será digitalizada e ficará disponível para pesquisadores. Foi uma
exigência de Seitenfus antes de formalizar a doação. Ele defende que pesquisas clandestinas sejam, definitivamente,
coisa do passado.

( iara.lemos@diariosm.com.br )

IARA LEMOS

Parabéns pelo aniversário

Em 10 de novembro de 1940, o ditador italiano Benito Mussolini escreveu ao presidente Getúlio Vargas: "No décimo
aniversário de vossa chegada ao poder (...), a Itália fascista cordialmente parabeniza o júbilo dessa grande nação amiga".

O casamento de Olga e Prestes

Em 25 de março de 1938, a Secretaria de Estado das Relações Exteriores do Brasil fornecia detalhes ao então embaixador
da Alemanha no Brasil, Karl Ritter, sobre o casamento de Luiz Carlos Prestes e Olga Benário. Posteriormente, ela foi
entregue à Alemanha e morreu em um campo de concentração nazista, em 1942.

Brasil, informante

A embaixada dos Estados Unidos no Brasil, em 15 de junho de 1938, enviou mensagem de agradecimento ao então
ministro das Relações Exteriores do Brasil, Osvaldo Aranha. O brasileiro teria enviado um telegrama informando os
americanos sobre as atitudes do então embaixador da Alemanha no Brasil, Karl Ritter.

Afago a Mussolini

Em outubro de 1937, Plínio Salgado, chefe da Ação Integralista Brasileira, encaminha correspondência a Benito Mussolini:
"Os integralistas brasileiros, por meu intermédio, apresentam aos fascistas italianos as suas saudações cordiais", escreveu.

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