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Origens
Carlos Lacerda nasceu no Rio de Janeiro, então
Distrito Federal,[a] onde seu avô residia e seu pai tinha
grandes interesses políticos.[2] Recebeu o nome de
Carlos Frederico como homenagem aos pensadores
políticos Karl Marx e Friedrich Engels.[3] Era filho do
político, tribuno e escritor Maurício de Lacerda (1888– 2º Governador da Guanabara
1959) e de Olga Caminhoá Werneck (1892–1979),
Período 5 de dezembro de 1960
sendo neto paterno de Sebastião Lacerda, ministro do a 11 de outubro de 1965
Supremo Tribunal Federal e ministro dos Transportes
Vice- Nenhum (1960–63)
no governo de Prudente de Morais. Pela família governador(a) Elói Dutra (1963–64)
materna, era bisneto do botânico Joaquim Monteiro Rafael Magalhães (1964–65)
Caminhoá, trineto do barão do Ribeirão, descendente
direto de Inácio de Sousa Vernek, descendente Antecessor(a) José Sette Câmara
materno de alemães[4] cuja família tinha importante Sucessor(a) Negrão de Lima
influência política e econômica na região; sobrinho- Deputado Federal pelo Distrito Federal
bisneto do barão de Maçambara, do visconde de
Período 4 de abril de 1960
Cananeia, do barão de Avelar e Almeida, da baronesa a 1 de dezembro de 1960
de Werneck, sobrinho-trineto do barão de Santa Fé e
Período 26 de maio de 1958
sobrinho-tetraneto do 1.º barão de Santa Justa.[3] a 12 de dezembro de 1959
Sua primeira ação contra o governo de Getúlio Vargas implantado com a revolução de 1930 deu-se em
janeiro de 1931, quando planejou incentivar marchas de desempregados no Rio de Janeiro e em Santos
durante as quais ocorreriam ataques ao comércio. A conspiração comunista foi descoberta e desbaratada
pela polícia liderada por João Batista Luzardo.[6]
Rompeu com o movimento comunista em 1939, dizendo considerar que tal doutrina "levaria a uma
ditadura, pior do que as outras, porque muito mais organizada, e, portanto, muito mais difícil de
derrubar". A partir de então, como político e escritor, consagrou-se como um dos maiores porta-vozes das
ideologias conservadora e direitista no país, e grande adversário de Getúlio Vargas, e dos movimentos
políticos trabalhista e comunista, sendo contado como um dos principais oradores da ‘Banda de música da
UDN’.[7]
O anti-Getúlio
Inimigo político de Getúlio Vargas, Carlos Lacerda foi o grande
coordenador da oposição à campanha de Getúlio à presidência em
1950 e durante todo o mandato constitucional do presidente, até
agosto de 1954. Uniu-se a militares intervencionistas e aos partidos
oposicionistas (principalmente a UDN) num esforço conjunto para
derrubar o presidente Vargas através de acusações que publicava
em seu jornal, Tribuna da Imprensa.
Com a conclusão do IPM (chamado na imprensa de "República do Galeão") instaurado pelo Brigadeiro
Nero Moura, Ministro da Aeronáutica, o presidente do Inquérito, indicado pelo Ministro, Coronel João Adil
de Oliveira informou, em audiência com o presidente Vargas, que havia a existência de indícios sólidos
sobre a participação de membros da Guarda no atentado.
Dezenove dias depois, com o agravamento da crise política e o ultimato das Forças Armadas pela sua
renúncia, Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no peito em 24 de agosto. O suicídio reverteu a opinião
pública e provocou uma imensa onda de comoção e revolta. Isso obrigou Lacerda e parte de seu grupo a
deixar o país. Na época, milhares de revoltosos tomaram as ruas, empastelando jornais do Globo, ligados à
oposição.
Voltou em seguida para reassumir sua cadeira de deputado e continuar a oposição a Juscelino Kubitschek,
atacando, entre outras coisas, a construção de Brasília.
Governador da Guanabara
Com a transferência da capital para Brasília, candidatou-se ao
governo do recém-criado estado da Guanabara. Apesar do grande
favoritismo inicial, Lacerda foi eleito por pequena margem, tendo
sido ajudado pela divisão de votos populares que ocorreu com a
candidatura de Tenório Cavalcanti ao mesmo cargo.[3]
Participou das articulações conspiratórias que precederam o golpe militar de 1964,[1] mas não estava nas
etapas finais.[10] Sabia com antecedência da deflagração do movimento prevista para o início de abril,[11] e
após a partida de Olímpio Mourão Filho em Minas Gerais, entrincheirou-se com a Polícia Militar e
voluntários no Palácio Guanabara, sede do governo, antecipando um ataque dos fuzileiros navais do
almirante Cândido Aragão.[1] Ele nunca veio: Aragão queria atacar, mas não tinha autorização do
Presidente.[12] Em discurso contra o almirante ele disse:
"Viva a liberdade, viva o Brasil, viva a honra do Brasil, viva a dignidade do Brasil!
Almirante Aragão, Almirante Aragão, assassino monstruoso, incestuoso miserável.
Almirante Aragão, não te aproximes, porque eu te mato com meu revólver! Canalha,
bandido, traidor, a sua hora chegou! Foge enquanto é tempo, garanta a impunidade.
Bandido, matador e mandante de inocentes soldados para matar outros soldados, para
esconder sua desonradez, canalha!"
A 22 de Julho de 1964 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo de Portugal.[13]
Em novembro de 1966 lançou a Frente Ampla, movimento de resistência ao Regime militar de 1964, que
seria liderada por ele e por seus antigos opositores João Goulart e Juscelino Kubitschek. Foi cassado em
dezembro de 1968 pelo regime militar e levado preso para um Regimento de Cavalaria da Polícia Militar,
onde ficou na mesma cela que o seu antigo companheiro do PCB Mário Lago, com quem não falava havia
décadas.[14] Em seguida, voltou a trabalhar por pouco tempo como jornalista, antes de dedicar-se às
atividades na editora de sua propriedade, Nova Fronteira.[15]
Morreu na Clínica São Vicente em 1977, vítima de um infarto no miocárdio. O fato de os três líderes da
Frente Ampla terem morrido em datas muito próximas levantou uma teoria de que essas mortes pudessem
estar relacionadas, o que nunca foi comprovado.
Em 20 de maio de 1987, através do decreto federal nº 94.353, teve restabelecidas, post mortem, as
condecorações nacionais que lhe foram retiradas e Lacerda foi reincluído nas ordens do mérito das quais
fora excluído em 1968.
Empresário e escritor
Em 1965 fundou a Editora Nova Fronteira, que publicou importantes autores nacionais e estrangeiros,
inclusive o Dicionário Aurélio (de 1975 até 2004).
Escreveu numerosos livros, entre eles: O Caminho da Liberdade (1957), O Poder das Ideias (1963), Brasil
entre a Verdade e a Mentira (1965), Paixão e Ciúme (1966), Crítica e Autocrítica (1966), A Casa do Meu
Avô: pensamentos, palavras e obras (1977).
Depoimento (1978) e Discursos Parlamentares (1982) foram compilados e publicados após a sua morte.
Representações na cultura
Carlos Lacerda já foi retratado como personagem no cinema e na televisão:
Herdeiros políticos
O nome de Carlos Lacerda foi usado pelo seu sobrinho-neto, Márcio Lacerda, usando-se disso para se
promover na política. E a medida que cresciam as influências das forças de esquerda depois da Ditadura,
evitou a associação do nome de seu tio-avô ao conservadorismo.[18]
Ver também
Jornalismo político
Política do Brasil
Quarta República Brasileira
Notas
a. Embora registrado na cidade de Vassouras, Carlos Lacerda nasceu no Rio de Janeiro,
então Distrito Federal.[1]
Referências
1. Keller, Vilma (2001). «LACERDA, Carlos» (http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbet
e-biografico/carlos-frederico-werneck-de-lacerda). Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro.
CPDOC FGV. Consultado em 17 de maio de 2021
2. Ideias, Diadorim. «Carlos Lacerda - Mapa de Cultura RJ» (http://mapadecultura.rj.gov.br/vas
souras/carlos-lacerda/). mapadecultura.rj.gov.br
3. DULLES, John WF (2000), Carlos Lacerda – A Vida de um Lutador, 1 – 1914–1960, Rio de
Janeiro: Nova Fronteira.
4. Deister, Sebastião (10 de março de 2022). «A família Werneck no contexto da criação de
Miguel Pereira» (https://revistavaledocafe.com.br/2021/03/10/a-familia-werneck-no-contexto-
de-criacao-de-miguel-pereira/). Vale do Café Revista. Consultado em 22 de dezembro de
2022
5. FORJAZ, Jorge (2007), Genealogias da Ilha Terceira, 7, Lisboa, p. 461.
6. Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «JOAO
BATISTA LUZARDO» (http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/joao-ba
tista-luzardo). CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea
do Brasil. Consultado em 5 de agosto de 2022
7. Beloch, 2001.
8. Fernandes, Luigi. «Debate 1982, Montoro e Jânio Quadros com humor e ironia» (https://ww
w.youtube.com/watch?v=X0K_d-YJloE). YouTube
9. Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil - (CPDOC);
Duque» 🔗
Sabrina Guerghe. «Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro - DHBB, verbete: Paulo
(http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/duque-paulo).
Fundação Getúlio Vargas - FGV. Consultado em 6 de dezembro de 2017
10. Silva, Hélio (2014). 1964: Golpe ou Contragolpe?. Porto Alegre: L&PM. pp. 282–284
11. Souza, Claudio Mello e (1964). O vizinho do presidente (http://docvirt.com/docreader.net/bibl
iotbnm/4348). Os idos de março e a queda em abril 2ª ed. Rio de Janeiro: José Álvaro.
pp. 167–168
12. Almeida, Anderson da Silva (2017). ...como se fosse um deles. Almirante Aragão: memórias,
silêncios e ressentimentos em tempos de ditadura e democracia (http://www.repositorio.ufal.
br/handle/riufal/6113). Niterói: Eduff. pp. 148–150
13. «Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas» (http://www.ordens.presiden
cia.pt/?idc=154). Resultado da busca de "Carlos Lacerda". Presidência da República
Portuguesa. Consultado em 29 de março de 2016
14. Gaspari, Elio (2014). A Ditadura Escancarada 2 ed. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca.
526 páginas. ISBN 978-85-8057-408-1
15. «Carlos Lacerda - Biografia - UOL Educação» (https://educacao.uol.com.br/biografias/carlos
-lacerda.jhtm). educacao.uol.com.br. Consultado em 30 de abril de 2021
16. «AGOSTO - FICHA TÉCNICA» (http://memoriaglobo.globo.com/programas/entretenimento/
minisseries/agosto/ficha-tecnica.htm). memoriaglobo.globo.com
17. «Flores Raras» (https://globofilmes.globo.com/filmografia/drama/filme/floresraras.ghtml).
globofilmes. 16 de agosto de 2013. Consultado em 5 de agosto de 2023
18. Geraldo Elísio (13 de abril de 2012). «O CAMALEÃO DAS GERAIS» (http://www.novojornal.
com/editorial/o-camaleao-das-gerais-13-04-2012.html). Novo Jornal. Consultado em 13 de
abril de 2012
Bibliografia
BELOCH, Israel, ed. (2001), «Aliomar Baleeiro», Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro
pós 1930 (http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/biografias/aliomar_baleeiro) 2ª
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DULLES, John Walter Foster. Carlos Lacerda: a vida de um lutador. 2ª ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2000. 2 vols. Contém um CD [Primeira edição brasileira: 1992]
MENDONÇA, Marina Gusmão de. O demolidor de presidentes: a trajetória política de
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FirLVoHz9Nm5MtWX15XE7Kw&hl=pt-BR&ei=vwvfSrqcG4rT8Aaxlo1x&sa=X&oi=book_res
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MENDONÇA, Marina Gusmão de. 'Imprensa e política no Brasil: Carlos Lacerda e a
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Público do Estado de São Paulo, n° 31, 2008.
Ligações externas
«Artigos e cartas» (http://www.fundamar.com/port_br/index.php?p=calorslacerda.php&&t=C
ARLOS%20LACERDA)
«Os noventa anos do Corvo» (http://www.memoriaviva.com.br/siteantigo/lacerda.htm)
«CPDOC-FGV Dicionário-Histórico Brasileiro. Verbete Biográfico» (http://www.cpdoc.fgv.br/
dhbb/verbetes_htm/2684_1.asp)