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Aliança Nacional Libertadora

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A Aliança Nacional Libertadora (ANL) foi uma frente de


esquerda composta por setores de diversas organizações de
caráter anti-imperialista, antifascista e anti-integralista
Aliança Nacional Libertadora
(congregando comunistas, alguns tenentes, operários e
intelectuais de esquerda).[1] A organização contou com o Presidente Herculino
apoio do Partido Comunista Brasileiro. Cascardo
Presidente de honra Luiz Carlos
Prestes
História
Fundação 1934
Dissolução 1937
Fundação
Ideologia Socialismo
No início da década de 1930, surgiram em diversos países Comunismo
Marxismo
frentes populares compostas por diferentes correntes
Antifascismo
políticas que sentiam a necessidade de uma atuação
unificada para deter o avanço do nazifascismo. Também no Slogan Pão, Terra,
Brasil, em reação ao crescimento da Ação Integralista Liberdade
Brasileira (AIB), formaram-se pequenas frentes antifascistas
que reuniam comunistas, socialistas anarquistas e antigos
"tenentes" insatisfeitos com a aproximação entre o governo de Getúlio Vargas e os grupos oligárquicos
afastados do poder em 1930.

No segundo semestre de 1934, um pequeno número de intelectuais e militares - entre os quais Francisco
Mangabeira, Manuel Venâncio Campos da Paz, Moésia Rolim, Carlos da Costa Leite, Gregório Lourenço
Bezerra,[2] Caio Prado Júnior,[3] João Saldanha[2] e Aparício Torelly - começou a promover reuniões no
Rio de Janeiro com o propósito de criar uma organização política capaz de dar suporte nacional às lutas
populares que então se travavam. Dessas reuniões surgiu a ANL, cujo primeiro manifesto público foi lido
na Câmara Federal em janeiro de 1935. O programa básico da organização, divulgado em fevereiro, tinha
como pontos principais a suspensão do pagamento da dívida externa do país, a nacionalização das
empresas estrangeiras, a reforma agrária e a proteção aos pequenos e médios proprietários, a garantia de
amplas liberdades democráticas e a constituição de um governo popular, deixando em aberto, porém, a
definição sobre as vias pelas quais se chegaria a esse governo.

No mês de março, constituiu-se o diretório nacional provisório da ANL, composto, entre outros, por
Herculino Cascardo (presidente), Amoreti Osório (vice-presidente), Francisco Mangabeira, Roberto Sisson,
Benjamim Soares Cabello e Manuel Venâncio Campos da Paz. No fim do mês, a ANL foi oficialmente
lançada em solenidade na capital federal à qual compareceram milhares de pessoas. O manifesto foi lido
pelo estudante Carlos Lacerda que, posteriormente, tornar-se-ia uns dos maiores opositores do comunismo.
Na ocasião, Luís Carlos Prestes, que se encontrava na União Soviética, foi aclamado presidente de honra
da organização.[4] Prestes, que nessa época já aderira ao comunismo, desfrutava de enorme prestígio
devido ao seu papel de líder da Coluna Prestes, que na década anterior havia tentado derrubar o governo
federal pelas armas. O grupo tinha 1 milhão de membros em seu auge.[2]

Seções regionais

Ao longo dos anos de 1934 e 1935, calcula-se que dezenas de cidadãos filiaram-se formalmente à ANL,
embora o número exato dessas filiações jamais tenha sido conhecido. Houve adesões importantes, como as
de Miguel Costa, Maurício de Lacerda e Abguar Bastos. Diversas personalidades, mesmo sem se filiar,
mostraram-se simpáticas à Aliança, como os ex-interventores Filipe Moreira Lima, do Ceará, e Magalhães
Barata, do Pará, o deputado federal Domingos Velasco e o prefeito do Distrito Federal, Pedro Ernesto. A
entidade promoveu concorridos comícios e manifestações públicas em diversas cidades e teve sua atuação
divulgada por dois jornais diários a ela diretamente ligados, um do Rio de Janeiro e outro de São Paulo.

No Rio Grande do Sul, a organização teve sua fundação em cerimônia realizada no Teatro São Pedro,
tendo como primeiro secretário da seção gaúcha o estudante de direito Aparício Cora de Almeida e o
presidente na figura do escritor Dyonélio Machado[5] Eloy Martins, dirigente comunista do Rio Grande do
Sul, relatou posteriormente que Aparício era membro "não legalizado" do Partido Comunista Brasileiro e
que sua morte pode ter sido assassinato político por sua ligação com a ANL.[6]

Em Santa Catarina, o núcleo da Aliança Nacional Libertadora, constituído em 1935, liderado por
metalúrgicos e eletricistas, como Álvaro Ventura, João Verzola e Manoel Alves Ribeiro, foi responsável
pela fundação do PCB após a onda de repressão ocasionada pelo Estado Novo de Getúlio Vargas.[7][8]

A Intentona Comunista de 1935


Ver artigo principal: Intentona Comunista

Em abril de 1935 Luís Carlos Prestes voltou clandestinamente ao Brasil. Incumbido pela direção da
Internacional Comunista (Comintern) de promover um levante armado que instaurasse no país um governo
nacional-revolucionário, recebia a colaboração de um pequeno, mas experiente grupo de militantes
estrangeiros, entre os quais se incluía sua mulher, a alemã Olga Benário. A opção de Prestes por manter-se
na clandestinidade num momento em que a ANL ganhava as ruas demonstra bem suas intenções
insurrecionais e a heterogeneidade de perspectivas que caracterizava essa ampla frente de esquerda.

À medida que a ANL crescia, aumentava a tensão política no país, com frequentes conflitos de rua entre
comunistas e integralistas. No dia 5 de julho, a ANL promoveu manifestações públicas para comemorar o
aniversário dos levantes tenentistas de 1922 e 1924. Nessa ocasião, contra a vontade de muitos dirigentes
aliancistas, foi lido um manifesto de Prestes propondo a derrubada do governo e exigindo "todo o poder à
ANL". Vargas aproveitou a grande repercussão do manifesto para, com base na Lei de Segurança
Nacional, promulgada em abril, ordenar o fechamento da organização.

Na ilegalidade, a ANL não podia mais realizar grandes manifestações públicas e perdeu o contato com a
massa popular que com ela se entusiasmava.[2] Ganharam então força em seu interior os membros do
Partido Comunista e os "tenentes" dispostos a deflagrar um levante armado para depor o governo. Em
novembro de 1935 estourou em Natal (RN) um levante militar em nome da ANL. Em seguida ao
movimento em Natal, que obteve apoio popular e chegou a assumir o controle da cidade por quatro dias,
foram deflagrados levantes em Recife e no Rio de Janeiro. O governo federal não teve dificuldade para
dominar a situação, iniciando logo a seguir intensa repressão contra os mais variados grupos de oposição
atuantes no país, vinculados ou não ao levante. A ANL, alvo principal dessa onda repressiva, foi
inteiramente desarticulada.
A despeito de seu fracasso, a chamada revolta comunista forneceu forte pretexto para o fechamento do
regime. Após novembro de 1935, o Congresso passou a aprovar uma série de medidas que cerceavam seu
próprio poder, enquanto o Executivo ganhava poderes de repressão praticamente ilimitados. Esse processo
culminou com o golpe de Estado de 10 de novembro de 1937, que fechou o Congresso, cancelou eleições
e manteve Vargas no poder. Instituiu-se assim uma ditadura no país, o chamado Estado Novo, que se
estendeu até 1945.[9]

Ver também
Ação Libertadora Nacional
Intentona Comunista

Bibliografia
CALDEIRA, José de Ribamar Chaves. A ANL no Maranhão. São Luís, EDUFMA, 1998. 81
p.
CASTRO, Ricardo Figueiredo de. “A Frente Única Antifascista (FUA) e o antifascismo no
Brasil (1933 – 1934)” In.: Topoi, Rio de Janeiro, no 5, setembro de 2002. p. 354 – 388. [1] (htt
ps://web.archive.org/web/20090617104923/http://www.ifcs.ufrj.br/~ppghis/pdf/topoi5a15.pdf)
FONSECA, Vitor Manoel Marques da. A ANL na legalidade. Niterói, ICHF/UFF, 1986. 339 p.
[dissertação de mestrado]
FREITAS, Valter de Almeida. ANL e PCB: mitos e realidade. Santa Cruz do Sul, SC,
ENFUNISCA, 1998. 206 p.
HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves Leite. Aliança Nacional Libertadora: ideologia e
ação. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985. 80 p. [Série Revisão: 18]
KONRAD, Diorge Alceno. 1935: a Aliança Nacional Libertadora no Rio Grande do Sul.
Porto Alegre, PUCRGS, 1994. [Dissertação de mestrado]
MONTAGNA, Wilson. A Aliança Nacional Libertadora (ANL) e o Partido Comunista
Brasileiro (1934 – 1935). São Paulo, PUC de São Paulo, 1988. [dissertação de mestrado]
OLIVEIRA, Marcos Aurélio Guedes de Oliveira (org.). O Comintern e a Aliança Nacional
Libertadora. Recife, Edições Bagaço, 1996. Apresentação de Michel Zaidan e introdução de
Marcos A. G. De Oliveira.
PRESTES, Anita Leocádia. Luiz Carlos Prestes e a Aliança Nacional Libertadora: os
caminhos da luta antifascista no Brasil (1934/35). Petrópolis: Vozes, 1997.
VIANNA, Marly de Almeida Gomes. “A ANL (Aliança Nacional Libertadora)” In.: MAZZEO,
Antonio Carlos. (org.) Corações vermelhos: os comunistas brasileiros no século XX. São
Paulo: Cortez, 2003. p. 31 – 60

Referências
1. Marly de Almeida Gomes Vianna. «Revolucionários de trinta e cinco» (http://books.google.c
om.br/books?id=kCksAAAAYAAJ&q=revolucion%C3%A1rios+de+35&dq=revolucion%C3%
A1rios+de+35&hl=pt-BR&ei=MzhsTpznLc2ltweA98DmBQ&sa=X&oi=book_result&ct=result
&resnum=1&ved=0CCoQ6AEwAA)
2. «PCB - Partido Comunista Brasileiro» (https://pcb.org.br/portal2). PCB - Partido Comunista
Brasileiro. Consultado em 12 de março de 2021
3. BREVE ESBOÇO SOBRE A TRAJETÓRIA POLÍTICA DO MILITANTE COMUNISTA CAIO
PRADO JÚNIOR (http://marxismo21.org/wp-content/uploads/2012/09/L-Peric%C3%A1s-CP
Jr.1.pdf) Marxismo 21
4. Olga Benario Prestes: um exemplo para os jovens de hoje (http://www.brasildefato.com.br/n
ode/5617) Brasil de Fato
5. Marçal, João Batista. Comunistas Gaúchos. Porto Alegre: Tchê Editora, 1986
6. Martins, Eloy. Um depoimento político. Porto Alegre: Gráfica Pallotti, 1989
7. Ribeiro, Manoel Alves. Caminho. Florianópolis: Guapuruvu, 2001
8. repositorio.ufsc.br - pdf (https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/112122/9593
6.pdf?sequence)
9. «A Revolta Comunista de 1935 - CPDOC - FGV» (http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Fato
sImagens/RevoltaComunista). Consultado em 18 de abril de 2015

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