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Rodolfo Walsh

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Rodolfo Walsh

9 de janeiro de 1927
Nascimento
Lamarque, Argentina
25 de março de 1977 (50 anos)
Morte
Estação Entre Ríos - Rodolfo Walsh
Cidadania Argentina
Filho(s) María Victoria Walsh, Patricia Walsh
Ocupação escritor, jornalista, tradutor
Obras destacadas Operación Masacre
Causa da morte Perfuração por arma de fogo
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Rodolfo Walsh
Rodolfo Jorge Walsh (Lamarque, 9 de janeiro de 1927 - desaparecido em Buenos Aires, 25 de março
de 1977) foi um jornalista, escritor e tradutor[1] argentino que militou nas organizações guerrilheiras
FAP e Montoneros.
É especialmente reconhecido por sua luta contra o terrorismo de estado e por ser um pioneiro na escrita
de romances de não-ficção como Operação Massacre e Quem matou Rosendo?, ainda que também
tenha se destacado como escritor de ficção.
Foi assassinado e desaparecido durante a ditadura militar que governou a Argentina entre 1976 e 1983,
integrando nos dias de hoje a lista dos desaparecidos.

Biografia
Primeiros anos
Walsh era de ascendência irlandesa; nasceu em 9 de janeiro de 1927 em Nueva Colónia de Choele-
Choel (que a partir de 1942 passou a se chamar Lamarque), na província de Rio Negro (Argentina).
Em 1941 chegou a Buenos Aires para realizar seus estudos secundários, primeiro num colégio de
freiras em Capilla del Señor e depois no Instituto Fahy de Moreno, um colégio de padres de uma
congregação irlandesa, destinado a filhos de famílias com ascendência dessa nacionalidade. A
experiência neste último serviria para Walsh ambientar três contos que formaram o "ciclo dos
irlandeses": Irlandeses por detras de un gato, Los oficios terrestres e Un oscuro día de justicia. Os três
contos foram publicados em livros (O primeiro em Los oficios terrestres, em 1965; o segundo, em Un
kilo de oro em 1967 e o terceiro num volume próprio em 1973, com uma entrevista feita por Ricardo
Piglia a modo de prólogo); têm sido reunidos em outras edições. Na dos Cuentos completos feita pela
Ediciones de la Flor e ao cuidado de Piglia incluiu-se um quarto conto, El 37, publicado em 1960 numa
antologia da editora Jorge Álvarez sob o título Memórias de infancia.[2]
Cursou dois anos de Letras na Universidade de La Plata; abandonou o curso para trabalhar nos mais
diversos oficios: foi oficinista de um frigorífico, operário, lavador de pratos, vendedor de antiguidades
e limpador de janelas.[3][4]Aos 17 anos, tinha começado a trabalhar como corretor na editora Hachette.
Pouco depois fez suas primeiras incursões no jornalismo, publicando artigos e contos em diversos
meios de Buenos Aires e La Plata.
Atividade jornalística
Em 1951 até 1961 começou a trabalhar para as revistas Leoplán e Vea y Lea, além de continuar na
editora Hachette, já como tradutor. Por esses anos publicou as antologias Dez contos policiais
argentinos (1953) e Antología do conto estranho (1956). Esta última não foi reeditada até 1976 e recém
em 2014 pela editora Cuenco de Prata. Tanto as edições de 1976 como a de 2014 reapareceram em
quatro volumes.
Em 1953 saiu seu primeiro livro, Variações em vermelho, que contém três novelas curtas de gênero
policial, das quais Walsh era muito aficionado, com a que obteve o Primeiro Prêmio Municipal de
Literatura de Buenos Aires. Foi dedicado a Elina Tejerina, sua primeira mulher e mãe de suas duas
filhas, Victoria e Patricia. Anos mais tarde, Walsh renegaria este livro.
Em junho de 1956 produziu-se um levante militar contra o governo de facto que tinha derrocado a Juan
Domingo Perón em setembro de 1955. O levante foi reprimido e durante a madrugada entre 9 e 10 de
junho nove civis foram detidos e fuzilados num aterro sanitário de José León Suárez sobre a rota 4, ao
lado de um clube alemão. Walsh presenciou o levantamento e os combates de rua em La Plata, onde
residia. Meses depois, num bar que frequentava, um homem se lhe acercou e lhe deu a primicia que
mudaria sua vida: "Há um fuzilado que vive".

Capa do livro Operação Massacre (1957) de Rodolfo Walsh, utilizando como imagem o quadro O três
de maio de 1808, do pintor espanhol Francisco Goya.
Walsh conseguiu identificar o sobrevivente como Juan Carlos Livraga, a quem entrevistou, e por quem
pôde saber que havia outros sobreviventes. Os meses seguintes foram de um febril trabalho de
perseguição e busca, interrogando a conhecidos, vizinhos e sobreviventes. Walsh alugou uma casa no
Delta de Tigre sob o nome falso de Francisco Freire, e em poucos meses escreveu a primeira versão do
que depois seria Operação Massacre. O prólogo da primeira edição em livro evidencia as intenções de
Walsh de não dar por terminada a investigação uma vez publicada:
"Esta es la historia que escribo en caliente y de un tirón, para que no me ganen de
mano, pero que después se me va arrugando día a día en un bolsillo porque la
paseo por todo Buenos Aires y nadie me la quiere publicar y casi ni enterarse."

Ao fim, de 15 de janeiro a 30 de março de 1957, conseguiu a publicação no pequeno jornal nacionalista


Revolución Nacional. De 27 a 29 de junho, publicou mais nove artigos na revista Maioria dos irmãos
Tulio e Bruno Jacovella, por cuja recomendação, Walsh se apresentou no Estudo Ramos Mejía onde
funcionava o semanário Azul y Blanco onde pediu para falar com o Dr. Marcelo Sánchez Sorondo, seu
diretor.
Em dezembro de 1957 apareceu a primeira edição do livro, com o subtítulo "Um processo que não tem
sido clausurado", de Edições Sigla, sustentada por Jorge Ramos Mejía, propriedade de Sánchez
Sorondo. Em reedições posteriores (1964, 1969, sete edições entre 1972 e 1974), Walsh foi retificando
dados, agregando e suprimindo prólogos e epílogos, comentando o impacto do livro com o passar dos
anos, demonstrando ao mesmo tempo a evolução de seu pensamento, que foi virando a cada vez mais
para a militância política e afastando da escrita de ficção. Na atualidade, Operação massacre é
considerado uma peça única de investigação jornalística, precursora do Novo Jornalismo e considerada
por alguns o primeiro romance testemunhal ou romance de não-ficção, se antecipando por dez anos a
A sangue frio do estadounidense Truman Capote, considerada fundadora do gênero no âmbito anglo-
saxão.

Atividade política
Até 1957, a relação de Walsh com grupos políticos tinha sido quase nula. Entre 1944 e 1945 teve
aproximações à Aliança Libertadora Nacionalista, um agrupamento que o mesmo Walsh caracterizou
anos mais tarde como "a melhor criação do nazismo na Argentina... antissemita e anticomunista numa
cidade onde os judeus e a esquerda tinham peso próprio".[5][5] Sabe-se que também foi anti-peronista
e que apoiou o golpe de Estado que derrubou Perón em 1955, pelo menos até outubro de 1956, em que
assinou na revista Leoplán a nota "Aqui fecharam seus olhos", a laudatória dos aviadores navais caídos
enquanto bombardeavam resistentes peronistas durante a Revolução Libertadora.[6][7]Por outra parte,
afirmou em setembro de 1958:
Em 1959 viajou a Cuba, onde junto com seus colegas e compatriotas Jorge Masetti, Rogelio García
Lupo (a quem conheceu durante seu passo pela ALN) e o escritor colombiano Gabriel García Márquez
fundou a agência Prensa Latina. Durante sua estadia na ilha interceptou por acidente e conseguiu
decifrar, com apenas um manual de criptografia, as comunicações secretas entre a CIA e agentes na
Guatemala sobre os preparativos para a invasão de Praia Girón, operação que fracassou graças ao labor
de Walsh, que também se infiltrou na base norte-americana disfarçado de sacerdote protestante por
sugestão de Massetti.[8]
De volta à Argentina trabalhou na revista Panorama e durante a ditadura de Onganía, fundou o
semanário da CGT dos Argentinos que dirigiu entre 1968 e 1970, e que depois da detenção de
Raimundo Ongaro e o mandado de busca à CGTA em 1969 foi publicado de forma clandestina.
Nesses anos publicou suas duas únicas obras de teatro (A granada e A batalha) e suas colecções de
contos mais célebres: Os oficios terrestres (1965, que inclui o conto "Essa mulher") e Um quilo de ouro
(1967). A partir de 1968, segundo escreveu Walsh, suas ideias sobre literatura e compromisso político
modificam-se de modo substancial, começando a privilegiar o segundo sobre a primeira.[9] Esta
aproximação ao ativismo militante desembocou em 1973 no rendimento de Walsh ao movimento
Montoneros.
Em 1969 publicou Quem matou a Rosendo?, uma investigação sobre o assassinato do dirigente sindical
Rosendo García. Walsh concluiu que o responsável era Augusto Timoteo Vandor, secretário geral da
CGT, e partidário de uma política menos combativa e mais concessiva com o governo militar. Pouco
depois, surpreendeu-se ao inteirar de seu assassinato.[10]
Seguiu vivendo em Lorelei, a casa alugada no Delta de Tigre, onde escreveu a primeira versão de
Operação massacre e onde residia desde seu regresso de Cuba (1961).[11]
Em 1967 conheceu Lilia Ferreyra, quem seria sua companheira até seu desaparecimento.

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