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Era um casal, que o marido era pescador. E então ia todos os dias ao mar
e não apanhava nada… de peixe. E a mulher chorava:
5 - Oh homem! Vais ao mar e não apanhas peixe e não temos um filho
para nos alegrar e não temos nada, pois vivemos sozinhos os dois.
E porque era assim …lá reclamava. E então o homem continuava, até
que um dia o homem se pôs a dizer:
- Ondas do mar, ondas do mar, minha Isabel está a chorar. Oh lindo
10 peixe pode-nos valer, à Isabel para não sofrer.
E então o homem joga a rede para apanhar, e quando vem um grande
peixe. Vem um grande peixe e apanha o peixe e então disse-lhe o peixe, disse-
lhe, falou com ele e disse-lhe:
- Não me mates. Não me mates e pede o que tu quiseres.
15 E ele então disse que a mulher sofria, porque não tinha filhos e então ele
também. E então que desejava que a mulher tivesse filhos. E então o peixe foi-
se embora. E no outro dia disse para ele voltar. E ele voltou no outro dia,
aparece o peixe outra vez. Aparece o peixe outra vez e disse-lhe para ele:
- O matar, apanhar e o matar e fazer (três…nove postas de peixe…) doze
20 postas de peixe.
E então o homem apanhou o peixe, levou-o e assim fez. E então o peixe
foi cozido e, depois de cozido, a mulher comeu três postas. Tinham uma
canita(1), comeu outras três postas. Tinham uma égua, deu-lhe outras três
postas à égua. E as outras três postas enterrou na estrumeira onde tinha, onde
25 estava o estrume, o lixo.
E então a mulher apareceu grávida, teve três filhos. A cadelinha
engravidou, teve três canitos. E a égua teve três cavalinhos. E na estrumeira
onde ele começa a vêr a nascer, a nascer, a nascer, nasceram três espadas. Ora
que as espadas foram crescendo, até que cresceram à maneira… apanhou as
30 espadas, o homem apanhou as espadas, guardou, que era o que o peixe lhe
tinha dito, para logo fazer isso. Guardou e então os cavalinhos foram
crescendo, os potrozinhos iam crescendo e então cresceram e deram uns
cavalos. Isso foi com os anos. Os canitos da cadela cresceram, foram três
leões. E já vê: era três leões, era os três cavalinhos, era os três filhos e era as
35 três espadas. ( Eram as doze, três vezes quatro são doze.)
E então cresceram, cresceram, cresceram até que um dia já eram homens,
já aquilo tudo era, já com idades. E então um dos filhos disse assim ao pai, o
mais velho (sempre o que nasce primeiro é sempre o mais velho, eram três
gémeos mas sempre o que nasce primeiro é sempre mais velho). Então o mais
40 velho dise para o pai:
- Oh meu pai, eu quero ir correr o mundo. Quero ir correr o mundo, não
posso estar aqui, tenho que ir procurar a minha vida para vos ajudar.
E então pediu ao pai que lhe desse um cavalo, que lhe desse um leão, e
lhe desse uma espada para ele levar. E o pai assim fez. Assim fez ele e ele foi.
45 Levou aquilo e foi. Montou-se no cavalo e foi-se embora. Foi-se embora e foi
andando, andando, andando, andando pelos campos, pelas terras. E então
1
meteu-se numa floresta, (numa coisa), num campo. E depois, então, quando
vai lá muito adiante já pelo campo, pela floresta a fora, quando ele avista uma
torre. Uma torre … E assim:
50 - Olá, mas que será aquilo?
Mas ao mesmo tempo que vê ao lado um pastor e então vai o pastor:
- Oh meu senhor. O senhor se faz favor não me diz que torre é aquela? O
que é aquilo, o que é que aquilo significa?
Diz-lhe o pastor assim:
55 - Oh meu menino, aquilo é a torre da má hora, quem lá vai não torna.
E então o rapaz foi e disse-lhe:
-Bom, vamos vêr.
E então abalou e foi. Foi, chegou lá, bateu as palmas, não havia
ninguém, bateu as palmas…E então quando lhe aparece uma velha com uns
60 grandes cabelos, toda muito velha, toda muito… bom velha, velha como
aquelas velhas feias e sujas e extravagantes. E então apareceu-lhe a velha e
disse-lhe:
- Olá meu menino, há quanto tempo não vinha por aqui ninguêm. O que
é que vossemecê deseja.
65 Diz ele assim:
- Desejava descansar um pouco.
- Ah sim, sim , sim entre, entre, entre. Também isto já é sol posto. E
então vossemecê não pode continuar, não pode seguir o seu caminho, se tiver
que andar mais para longe. E então, olhe, venha jantar comigo, venha jantar
70 comigo.
E então arranjou um grande jantar para os dois. No que estava comendo,
diz ela:
- Vossemecê não sabe uma coisa, que nós aqui costumamos, quando
chega aqui alguém, entretemos um pouco à noite como nós estamos aqui os
75 dois, a jogar um bocadinho à carta. Esse que vencer, tem que lutar um com o
outro para vêr qual é o que vence.
De maneira que a velha sabia aquele jogo todo e é que venceu, venceu e
depois foram lutar, cada um com a sua espada. Ora a velha tinha todas aquelas
artes, o príncipe era novo, ainda não tinha manejado a espada vez nenhuma.
80 Pois a velha venceu, venceu, apanhou-o e meteu-lhe dentro de um alçapão.
Meteu-lhe dentro de um alçapão, lá estava ele lá metido dentro do alçapão,
todo ferido.
De maneira que passados três dias, porque o irmão disse que ao fim dos
três dias voltava, passados três dias não voltou, diz o outro a seguir:
85 - Eu vou à procura do meu irmão. Meu pai tem que me dar também uma
espada.
O mesmo que tinha dado ao irmão: a espada, o cavalo e o leão.
E ela também tinha dito ao rapaz:
- Olhe, tome lá um cabelo. Prenda lá na cavalariça o seu cavalo. E com
90 este prenda o seu leão.
Ele fez isso. E então o rapaz quando ela estava a vence-lo, disse-lhe:
- Acode meu leão.
2
E ela disse-lhe assim:
- Engrossa meu cabelão!
95 Então os cabelos da velha tornaram-se em correntes. Tanto o cavalo
como (o cão) o leão, não se pôde safar. Estavam presos, estavam seguros. E
então foi quando o irmão ao fim dos três dias foi procurá-lo. Foi procura-lo,
encontra o mesmo dito pastor, também lhe “procurou”(2) e ele disse-lhe:
- Oh meu menino…
100 - Que torre era aquela?
Ele disse que aquilo era a torre da má hora, quem lá vai não torna.
- Olhe, há bem três dias que passou por aqui um rapaz muito parecido co
o senhor e também fez a mesma “procura”, mas…nunca mais o vi voltar.
Diz ele assim:
105 - Sim! Deve ser o meu irmão, que eu venho procurar.
E então foi, chegou, aconteceu o mesmo, com a velha. A velha apareceu.
Também lhe fez o mesmo convite para jantar, fez o mesmo convite para, para
luta, ás cartas, jogarem ás cartas e lutarem e então…
De maneira que aconteceu o mesmo. Ela é que ganhou, ela é que
110 ganhou. Lá o pôs lá dentro. Ele quando viu o irmão lá dentro, disse:
- Cá está o meu irmão.
Ficaram os dois ali dentro do alçapão.
Foi o terceiro, foi o terceiro, também aconteceu o mesmo. Mas o pastor
quando o viu disse:
115 - Ai meu menino! Olhe vossemecê vem muito mal encaminhado, porque
além é a torre da má hora e quem lá vai não torna. Há seis dias, primeiramente
em três dias, passou aqui um rapaz e foi para lá e nunca mais voltou. E aos
seis dias passou outro rapaz e, também, que até se pareciam ser irmãos e então
também não voltou, e vossemecê tenha conta. Vossemecê não faça nada do
120 que lhe disserem para você fazer.
E então, a velha, ele chegou, chegou lá, a velha fez os mesmos
contratos(3), deu-lhe os cabelos também para, para prender. Deu-lhe um
cabelo:
- Tome lá, prenda o seu leão. E tome lá, prenda o seu cavalo.
125 Mas o rapaz não fez isso, porque a velha estava nesse dia cozendo pão e
estava o forno a arder e diz ele assim para ele:
- Oh, o que é que farei eu com dois cabelos, um para prender o leão e o
outro para prender o cavalo.
E jogou os cabelos para dentro do forno. Os cabelos arderam. Arderam e
130 então, foi então, e pôs lá na cavalariça e o leão e o cavalo, e veio a jantar com
a velha. Comeram, comeram muito bem. Sim senhor! E foram jogar à carta.
Acabaram de jogar à carta, pois foram à luta, à luta. Ele viu-se que estava
ferido e disse:
- Acode-me meu leão.
135 E ela disse:
- Engrossa meu cabelão.
5 3
Mas ainda bem a palavra dela não estava dita, já o leão estava em cima
dela. E com ela “coiso”, lutou com ela, que matou a velha. Matou a velha,
matou…
140 Bom, matou a velha sim, que ela depois morreu. E então (…)foi então a
procurar onde estavam os irmãos. O alçapão, viu aquele alçapão e foi ver e
então encontrou os irmãos, encontrou os irmãos.
Ela tinha por lá muitas caixas, muitas coisas lá metidas nos buracos. Ele
em procura e viu até que era uma pomada que curava as feridas.
145 Depois os rapazes seguiram o seu caminho, os rapazes depois que
estavam, o irmão curou-os com uma pomada que encontrou, que a velha como
era mágica(4), era… E então tinha aquela pomada para curar as feridas das
pessoas que aparecessem lá. E então seguiram depois caminho. Os rapazes
cada um foi para seu lado e o mais novo foi direito áquela cidade onde
150 encontrou aquele palácio, aquela terra e aquele palácio onde na torre estava,
havia um rei que tinha uma filha presa lá, porque não podia encontrar-se com
rapazes. E então quando ele (…) quando andou a entrada da casa(5), do
palácio, estava um grande leão à entrada, que era para que ninguém entrasse lá
dentro. E então o rapaz esteve a olhar, esteve a olhar e lá na porta tinha uns
155 dizeres (que eu agora não me lembro quais eram os dizeres). E então o rapaz
disse, o rapaz leu:
- Se o leão estiver de olhos abertos, podes entrar, se estiver de olhos
fechados, não entres.
E então o rapaz viu que o leão estava de olhos abertos, e então, foi e
160 entrou. Entrou para dentro do palácio e depois quando ia para se tirar(6)… o
leão acordou, porque dormia de olhos abertos e quando fechava os olhos era
quando acordava. E viu o rapaz. E então jogou-se ao rapaz, mas o rapaz como
levava a espada lutou com ele e matou-o. Matou-o, entrou para dentro do
palácio e foi seguindo, seguindo. Lá uma outra entrada numa outra, numa sala,
165 encontrou outro leão. Encontrou outro leão e então aconteceu a mesma coisa.
Também lutaram, também… Foram três leões, matou três leões. E quando
chegou à noite, ele vai, entra numa sala, quando vê uma mesa posta com tudo
quanto era bom de comida. E uma voz que lhe disse:
- Come! Satisfaz a tua vontade e ao lado tens um quarto para dormir.
170 E então o rapaz comeu, satisfez a vontade e foi-se deitar no quarto.
Quando estava dormindo, foi então a princesa com uma vela acesa para ver a
cara do rapaz, e então descuidou-se e deixou cair uma pinga em cima da cara
dele. No que deixou cair dá um grito e diz assim:
- Ai! Já me dobraste(7) os meus anos de(…) encanto. Já me dobraste os
175 meus anos de encanto.
E então ela fugiu e desapareceu. Ele nunca mais a viu(…) Ah! Ela depois
no outro dia aparece então foi com as maçâs. Atravessando o corredor, dando-
lhe as três maçâs, mas ele não viu a cara dela. Ela dá-lhe as maçãs e disse:
Quando tiveres algum desejo parte uma das maçãs e come, mas não
180 deixes cair pecadinho(8) nenhum.
Mas depois ele foi-se embora e depois pelo caminho havia muito calor e
chegou à beira duma fonte onde havia uma árvore. E então sentou-se debaixo
4
da árvore para descansar e lembrou-se da maçã e partiu a maça. Comeu, mas
descuidou-se logo, deixou logo cair um bocado. Mas depois apanhou, apanhou
185 e guardou. Guardou. Foi então quando descansou, foi-se embora para casa.
Foi-se embora para casa, chegou a casa dos pais e os irmãos muito aflitos à
espera dele. E então os irmãos perguntaram-lhe o que é que lhe tinha
acontecido e ele disse que lhe tinha acontecido várias coisas, mas que ainda
não tinha perdido as esperanças daquilo que ele tinha ido lá à procura.
190 E então, um dia, lembrou-se que tinha as maçãs, tinha guardado as
maçãs, mas depois lembrou-se que tinha as maçãs e disse aos irmãos que ia
buscar as maçãs para lhes dar a eles. E então foram, partiram cada um a sua
maça E ele comeu o bocadinho da outra, que tinha guardada. Nessa altura foi
então quando lhe apareceram as três raparigas ou três princesas, que cada uma
195 delas casou com um dos irmãos e viveram muito felizes
5
10
(…) Esquecimento do narrador
(1) Canita - cadelinha
(2) “Procurou” - perguntou
(3) Contratos - propostas, sugestões
200 (4) Mágica - bruxa, feiticeira
(5) Andou a entrada da casa - entrou em casa
(6) Ia para se tirar - retirar-se, sair
(7) Dobraste - Aqui não se sabe se dobrou os anos de encanto ou se quebrou
os anos de encanto
205 (8) Pecadinho - bocadinho
210
[ Informante: Maria Luisa Faleiro, idade: 74 anos, nasceu em Conceição de
Tavira e reside actualmente em Pinheiros de Marim ].
215
220
225
230
235
240
6
INTRODUÇÃO
245
Este conto "A Torre Da Má Hora", o qual me propus a analisar, é
segundo o catálogo internacional de Aarne-Thompson, um conto maravilhoso
com adversários sobrenaturais (tipo 303). É um conto de estrutura muito
complexa que comporta elementos sobrenaturais (nascimentos mágicos,
250 objectos mágicos, encantamentos e desencantamentos). O conto maravilhoso
não se aproxima do real, pelo contrário afasta-se e tenta destruir "a ilusão
realista".
Através de vários catálogos de classificação de contos, pude observar
que existe outras versões com variantes do tipo 303, desde versões
255 espanholas: "El Castillo De Irás y no Volverás" e "El Castillo Encantado"; a
versões americanas: "The Golden Children" e "The Two Brothers" até à
versão francesa: "Les Trois Fils Du Meunier".
Era interessante fazer um estema com todas as versões existentes, para
saber qual a que se aproxima do arquétipo. Contudo, esse trabalho não cabe a
260 mim realizá-lo, mas aos folcloristas da escola finlandesa que postulam para
cada conto-tipo, a existência de um arquétipo - forma original do conto, do
qual derivaram todas as versões comprovadas e outras perdidas na tradição.
O melhor estudo que, até agora, foi feito sobre o conto de " Os Dois
Irmãos", é o de Kurt Ranke: "Die Zwei Bruder". Segundo Ranke, o arquétipo
265 primitivo desse conto tinha certos elementos que aparecem em algumas
versões modernas, mas estas são muito poucas e quase todas do Oeste da
Europa.
270
275
280
285
7
15
ANÁLISE MORFOLÓGICA
290
300
O MODELO DE PROPP.
8
III. .Depois, a velha meteu o primeiro irmão dentro de um alçapão,
335 ferido ( Marca no corpo -I 1, e malfeitoria -A 15 ). O segundo estranha o
atraso de três dias do irmão mais velho e presente o perigo. Decide partir (-B
3 -C).Pede também ao pai um cavalo, um leão e uma espada ( -F 1 ). Encontra
o mesmo pastor que lhe fala do mistério e do perigo da torre, e sobre um
rapaz que ali passou muito parecido com ele. O rapaz parte, chega às
340 proximidades da torre ( -G 2 ). Tentativa da velha em enganar a sua vitima da
mesma forma que enganou o irmão (h 1, 2 ). Dá-se o combate e a derrota ( H
2 ).
IV. .A velha mete o segundo irmão dentro do alçapão, lá dentro encontra
o irmão mais velho ( Malfeitoria -A 15). "Foi o terceiro […] também
345 aconteceu o mesmo" ( linha 112, a informante omite a reprodução dos
elementos -B 3 -C -F 1 -G 2 da III sequência, e faz uma síntese ). A velha fez
as mesmas propostas ao irmão mais novo. Este não se deixa enganar e deita
fora os cabelos. Dá-se o combate (-H 2). Durante a luta, o rapaz pede ajuda ao
seu leão, e este como não tinha sido preso, mata a velha ( Vitória do herói -J
350 1).Os irmãos mais velhos são libertados e curados com uma pomada
(Reparação da malfeitoria -K 10). Depois "os rapazes seguiram o seus
caminho. Os rapazes cada um foi para seu lado …"( linha 145-146 - Volta
para casa ¯). Chegada do herói a uma cidade onde havia um palácio com uma
torre (-O ).
355 V. Na torre estava presa a filha de um rei, porque não podia tomar
contacto com rapazes ( Falta - a ). À entrada do palácio estava de guarda um
leão, e na porta havia uns dizeres: se o leão estiver de olhos abertos, podes
entrar, se estiver de olhos fechados, não entres. ( Entrada em cena do
agressor). O animal estava de olhos abertos, o herói decide entrar no palácio,
360 mas ele é visto . Dá-se o confronto. O herói vence (-H 2 ). O elemento H 2
repete-se mais duas vezes ( Triplicação). Depois, o rapaz entra numa sala
onde está uma mesa posta com comida. Uma voz diz-lhe para ele comer e
dormir ( Recompensa ). A princesa espia o rapaz quando este dorme, deixa
cair uma pinga de cera da vela na sua cara ( "Já me dobraste os meus anos de
365 encanto" linha 173-174). Desaparecimento da princesa. No outro dia, a
princesa aparece misteriosamente, dá três maças ao herói, mas não mostra o
rosto. E diz-lhe para quando tiver algum desejo, que partisse uma das três
maças. Partida do rapaz ( Recepção de um auxiliar mágico -F 7 ). Pelo
caminho, decide descansar à beira de uma fonte onde havia uma árvore,
370 antecipa-se em comer uma das maças. Deixa cair um bocadinho, mas
guardou-o logo. Partida ( ). Chegada do irmão mais novo a casa dos pais.
Conta o que aconteceu e mostra as maças ( Volta do herói a casa ¯). Dá as
duas maças aos seus irmãos e ele come o bocadinho que tinha guardado. Ao
comerem as maças aparece três princesas, cada uma casou com um dos
375 irmãos e viveram muito felizes ( Fim da busca, desejo realizado através do
consumo da maça mágica -W ).
20 9
380 Nota: A informante teve um lapso de memória ao narrar o conto.
Esqueceu-se do motivo dos cabelos da velha que engrossam. Daí que faz uma
analepse no discurso. Na análise morfológica, eu não analiso esse motivo na
III sequência do conto, momento real do discurso onde a elipse ocorre, mas
descrevo esse motivo no momento apropriado do discurso ( na II sequência).
385 Essa reconstituição foi possível através da leitura de outros contos com
motivos semelhantes.
Na última sequência, nota-se a ausência de algumas funções
fundamentais, que seriam importantes para a compreensão dessa parte do
conto. O que se verificou foi que a informante reproduziu certas fórmulas de
390 outros contos, dai a percepção de que existe duas histórias dentro da "Torre da
Má Hora". Segundo Propp, as partes constituintes de um conto podem ser
transportadas para outro. Esse improviso deve-se ao facto da informante, que
foi uma especialista em contar histórias, já não praticar a arte de contar.
Assim deu largas à sua imaginação, às suas lembranças, à sua memória e à
395 sua criatividade, dando uma nova forma ao conto, Foi possível detectar a
origem desses acrescentos pelas semelhanças dos motivos. As maças mágicas
e o leão que dorme de olhos abertos pertencem ao conto das "Três Cidras do
Amor" (A.T. 408): " De guarda à casa está um leão que, se estiver com os
olhos fechados está acordado, se estiver com eles abertos está dormindo. Se
400 estiver com os olhos abertos tire-lhe as chaves (três) e abra os três armários e
encontrará em cada um deles uma cidra e dentro de cada cidra está uma
menina encantada".(1)
Em relação à parte : "… entra numa sala, quando vê uma mesa posta
com tudo quanto era bom de comida. E uma voz que lhe disse: - Come!
405 Satisfaz a tua vontade e ao lado tens um quarto para dormir […] foi então a
princesa com uma vela acesa para ver a cara do rapaz, e então descuidou-se e
deixou cair uma pinga em cima da cara dele [ ] diz assim: -[ ] já me
dobraste os meus anos de encanto" ( linha 166-174). Esta parte apresenta
semelhanças com a história " A Bela e a Cobra" ( A.T. 425 C). Não existe
410 uma grande fixidez dos temas e motivos nos contos. Há sempre repetições e
influências inter-textuais
. Segundo Michèle Simonsen, " A arte de contar situa-se entre a criação
e a sua reprodução. O conto, como todo o género transmitido oralmente,
compreende elementos rígidos, estáveis e elementos fluidos, mais móveis.
415 Estes últimos podem variar de uma narração para outra, no mesmo contador
que improvisa cada vez um pouco, a partir de diversos procedimentos
mnemotécnicos"(2).
420
10
25
O MODELO DE ALAN DUNDES .
+ Supressão da falta
445 Torre
( Maças)
465
470
11
O MODELO ACTANCIAL DE GREIMAS.
475
I. Sequência:
485
Remetente----------------Objecto--------------®Destinatário
Mulher Peixe Pescador
Remetente-------------------Objecto-------------® Destinatário
Pai e o pastor Torre, Maças Três irmãos
505
Ajudantes----------------® Sujeito ¬--------------Opositor
Cavalo, Espada, Três irmãos Velha
Leão, e a Princesa
510
Estes dois esquemas têm seis actantes que mantêm entre si relações
fundamentais para o desenrolar da intriga, cujo o motivo principal é o da
busca ou procura.
Na primeira sequência, a mulher destina o objecto ao pescador, o
515 destinatário. Esse sujeito deseja o peixe. O desejo é concretizado através da
ajuda do próprio peixe que se auto sacrifica. Dá-se o nascimento mágico.
12
30
Tudo se realiza nesse mundo de fantasia. O querer e o desejar é mais
forte do que a vida, o destino. A presença de acções como querer, desejar,
poder ( verbos volitivos que expressam um desejo, uma ordem, uma vontade)
520 são bastante significativas na análise do conto.
Na segunda sequência, o pai e o pastor são , de um certo modo, os
remetentes, que enviam os três irmãos em busca da torre e das maças. Os
destinatários contrariados pelo opositor são ajudados pelo cavalo, a espada, o
leão, e por último a princesa, para alcançar esses objectos.
525
Nota: No conto em análise pode-se falar de uma intriga constituída por
cinco sequências. A primeira introduz novas personagens e novas funções,
assim como a segunda. Existe uma dependência lógica entre essas duas
partes, pois a primeira dá origem à segunda. Segue-se uma dupla repetição da
530 segunda sequência e um acrescento de uma outra, que resulta de um
improviso da informante. Essa sequência está muito incompleta, por isso não
foi possível aplicar o modelo de Alan Dundes e o de Greimas. Apesar disso,
alguns dos seus elementos como as maças e a princesa, que se encontram
entre parênteses, foram aplicáveis, pois dão um certo sentido ao conto.
535
540 PERSONAGENS.
I. Sequência:
II. Sequência:
13
ANÁLISE SEMÂNTICA.
565
No conto a fantasia está presente através da concretização de desejos, de
encantamentos, e de combates sobrenaturais. O atributo da personagem, o
pescador , é o de herói, já que ele foi submetido a uma prova de simplicidade,
generosidade, confiança e passa nessa prova. Todo o conto resulta do doador
570 inicial, o peixe, que se oferece como auxiliar. O maravilhoso surge, o
sobrenatural acontece.
A um nível mais profundo do conto, o nível semântico, que organiza os
conteúdos e constitui a axiologia ( teoria dos valores, por exemplo do bem e
do mal . Esse sistema de valores é organizado em categorias semânticas
575 opostas: as isotopias. Assim todo o nível semântico do conto pode ser
definido por contradições, ambiguidades e conjuntos opostos.
605
35 14
AS TRANSFORMAÇÕES:
610
-Situação Mediana:
625
645
Nos contos maravilhosos o processo de arriscar-se na vida, o contacto
com o perigo e as provas difíceis é fundamental para o herói. Para isso, ele
deve libertar-se das figuras do pai e da mãe, vencer o agressor ou os
agressores ( Feiticeiras, ogros, dragões). Assim o leitor ou ouvinte poderá
650 reconhece-lo como o verdadeiro herói e adulto. A torre funciona como um
meio para obter a finalidade: a maturidade, condição indispensável para o
casamento.
Os dois primeiros irmãos podem ser considerados os falsos heróis.
Apesar do mais novo ter o mesmo procedimento, os seus irmãos mais velhos
15
40
655 não foram inteligentes, nem corajosos, mas sim ingénuos, fracos, deixaram-se
enganar, e perderam a luta. O adversário sobrenatural tem poderes mágicos,
maléficos. Neste caso, a velha não transforma os irmãos em animais, mas os
encanta ou os petrifica (2). O herói não é sobrenatural, mas sim os seus
auxiliares: o cavalo, o leão, e a espada que o ajudam. Segundo Michèle
660 Simonsen, " Ele tem necessidade de auxiliares, e são eles na maioria das
vezes que são dotados de poderes sobrenaturais " (3).
665
670
675
680
685
690
695
16
ANÁLISE COMPARADA.
ENTRE O CONTO DA " TORRE DA MÁ HORA" E OUTRAS VERSÕES.
Pontos comuns:
· ·Aventura de três irmãos. Existe uma torre e uma velha feiticeira.
710 · ·O irmão mais novo é sempre reconhecido como o herói.
Pontos divergentes
· ·A versão de C.P. tem um começo diferente: "Era uma vez uma mulher,
que tinha três filhos". Ausência do pai e das espadas. Novo objecto mágico
715 - Um taleigo de dinheiro. Morte dos dois primeiros irmãos, e ressuscitação
destes.
735
3ª versão: "A torre da Babilónia, quem lá vai nunca mais torna" in J.Leite
Vasconcelos, pág. 490-492.
Pontos comuns:
740
· ·Situação inicial semelhante. O pai como doador dos objectos mágicos. Tal
como no conto em análise, existe o motivo do encantamento.
745
Pontos divergentes:
17
45
· Divisão do peixe em cinco postas, e não doze.
· ·Concepção mágica de dois rapazes, em vez de três. Partida simultânea.
750 · ·Nova variante - Chegada a um "monte" onde se encontra uma donzela
prestes a ser devorada por uma bicha de sete cabeças. Casamento
consecutivo dos dois irmãos com a donzela. Depois de saber que a mulher
o enganou, o irmão mais velho mata o mais novo, seu salvador.
755
4ª versão: " O rei dos peixes" in Alda da Silva Soromenho e Paulo Garatão
Soromenho, pág. 381-386.
Pontos comuns:
760
· ·Situação inicial idêntica ao conto tipo A.T. 303.
· ·Existe o episódio da torre e o combate com a velha.
· ·Em vez de três irmãos, existem dois. Morte dos pais: " Lá fora crescendo,
até que chegaro à conclusão que faleceu o pai e a mão". Não existe
mandatário, iniciativa própria de partir simultaneamente
770 · ·Deixam uma sinal de vida - copo de água. Se a água ficar turva indica
perigo de morte.
· ·Chegada a uma cidade , combate com uma bicha de sete cabeças. Surge
um impostor que se identifica como o herói. Dá-se o reconhecimento do
herói através das sete línguas da bicha e dos sete retalhos do vestido da
775 princesa. Casamento com a filha do rei. Dá-se o mesmo procedimento
com o segundo irmão, encontro e dormida.
· ·O irmão mata o seu salvador, depois há o arrependimento e ressuscitação.
Pontos comuns:
790
Pontos divergentes:
18
· ·Não existem as espadas maravilhosas. Existe um sinal de vida - " a garrafa
de água turva" indica perigo e morte.
795 · ·Metamorfose da velha em gigante.
Pontos comuns:
805
· ·Princípio idêntico com o peixe, com o motivo da torre, cujo procedimento
tem sido semelhante ao longo das várias versões. O herói é sempre o irmão
mais novo.
· ·Nesta versão existe uma profecia do nascimento por parte do peixe - "
Então que me levas […], que há-de ter dois filhos iguais um ao outro,
dás duas à tua leoa, que há-de ter dois leões iguais um ao outro, dás duas
815 à tua égua , que há-de ter dois cavalos iguais um ao outro, e enterras
duas no teu jardim, qu’hão de nascer duas favas iguais uma à outra!".
(pág. 228).
· ·Partida simultânea de casa. Não se menciona os animais mágicos. Deixam
um sinal de vida - uma cruz que ao deitar sangue indica morte.
820 · ·Episódio da bicha de sete cabeças, morta com ajuda do cavalo, do leão e
da espada. Surge um impostor, depois dá-se o reconhecimento, segue-se
o casamento com a princesa. Em vez do aprisionamento dá-se a morte
do irmão mais velho através da decapitação.
·
825 · ·Final cómico: Ao colocar a cabeça no pescoço do primeiro irmão, para
este ressuscitar, troca-se a sua posição, ficando a cara para o lado das
costas. Mas a história acaba com a cabeça na posição certa.
Pontos comuns:
Pontos divergentes:
50 19
· ·Presença dos elementos do conto tipo A.T. 300.
840 · ·Ao invés de casar com uma princesa, o irmão mais velho casa com a filha
de um comerciante. Repete-se o equivoco da mulher, e esclarecimento
do verdadeiro marido que provoca espanto na mulher, quando se
encontra na presença dos três irmãos.
· ·Nova variante: Fica o primeiro irmão casado e os outros são
845 recompensados com riquezas
850
855
860
865
870
875
880
O Peixe.
20
55
885
O motivo do peixe e da concepção mágica é muito comum em certos
contos maravilhosos, por isso existem contos que parecem aparentar-se com o
conto " A Torre da Má Hora". Temos por exemplo, um conto tão difundido na
França " O Rei dos Peixes" ( A.T. 303+300). Este conto, para além da
890 presença de outras variantes, tem os elementos do peixe, dos três irmãos e da
torre. É curioso, o facto de haver no Egipto uma história semelhante, a de "
Dois Irmãos", chamados Anub e Bata, conto esse do séc. XIII a.C.
No Egipto antigo o peixe possui uma grande simbologia. Era
considerado um animal sagrado e o seu consumo era proibido a todo o ser
895 sacralizado, rei ou sacerdote, porque acreditava-se que provocava
metamorfoses. Era considerado um símbolo da vida e da fecundidade, em
virtude da sua faculdade de reprodução e do número infinito dos seus ovos.
Havia assim a representação de dois peixes sagrados no antigo Egipto: O "
Dagon" fenício e o " Oannes" mesopotâmico. Os dois tinham simbologias
900 idênticas, "Oannes" foi considerado uma representação de Cristo. Dai que
essa simbologia se estendeu ao cristianismo com uma outra interpretação
própria A palavra grega " Ichtus" (= peixe) foi tomada pelos cristãos como
um ideograma ( sinal que exprime, não letras nem sons, mas uma ideia) em
que cada uma das cinco letras gregas era vista como a inicial de outras
905 palavras, tais como: Iesus Christós, Theou Uios Soter ( processo feito por
anagrama, i.é., palavras formadas pela inversão das letras da palavra grega).
Dai que Cristo seja representado muitas vezes por um peixe nos antigos
monumentos cristãos, em especial nas catacumbas ( monumentos funerários).
No Islão também se associa igualmente o peixe à ideia de fertilidade. O
910 peixe está ligado também à prosperidade. Sonhar que se está a comer um
peixe é de bom agoiro.
O Número Três.
21
930 Nos contos mágicos este número está relacionado com a repetição
sucessiva de três actos que asseguram o êxito da procura ou busca e que
constituem um todo indissolúvel. Neste caso à terceira tentativa é que um dos
irmãos, o mais novo, consegue derrotar a velha feiticeira. Os objectos
mágicos estão também agrupados a três: "E então a mulher apareceu grávida,
935 teve três filhos. A cadelinha engravidou, teve três canitos. E a égua teve três
cavalinhos. E na estrumeira […] nasceram três espadas" (linha 26.-28).
Na tradição de alguns povos o três é o número simbólico do princípio
masculino (têm um glifo, cavidade cilíndrica ou triangular aberta em ornatos
arquitectónicos, que representa o pénis e os dois testículos).É assim o símbolo
940 da masculinidade e também do movimento, por oposição ao quatro, símbolo
da feminilidade.
Os psicanalistas vêem neste número um símbolo sexual.
945
O Fenómeno dos Gémeos.
A Viagem.
970 No mundo dos contos e das lendas a viagem sob a terra significa a
penetração no domínio dos sonhos. Segundo Jung indica uma insatisfação,
que leva à procura e à descoberta de novos horizontes. Esta aspiração à
viagem será a busca da Mãe perdida, como pensa Jung ? (3).
22
60
No conto em análise os três irmãos partem para conhecer o mundo, um
975 espaço infinito,mais aberto do que o mundo fechado que apenas conhecem: a
casa dos pais. Sonham com o lado do desconhecido .
1015
23
1020 A Velha feiticeira: "The Goddess of life and Death".
1040
1045
1050
1055
1060
1065
65 24
OS CONTOS MARAVILHOSOS SEGUNDO JUNG.
Para os jungianos, como também para para Marie-Louise Von Franz, ex-
colaborador de Jung, todos os contos maravilhosos têm relações com os
1070 sonhos e as fantasias, porque é neles que o inconsciente tem a sua acção. Para
Jung o inconsciente das personagens é estruturado por arquétipos que podem
ser implicitamente deduzidos a partir das funções, das manifestações dos
indivíduos. Por exemplo neste conto em análise, a velha é uma figura
arquétipo da Mãe-terra,i.é., a sua antítese. Segundo Jung, ela é a sombra, o
1075 duplicado negativo da Mãe- terra, da mãe maternal. Tal como a Mãe-terra
egípcia, Isis, chamada a grande feiticeira. A bruxa tem dois aspectos desse
arquétipo: tem o lado mau, negro, e o lado bom, maternal.
Os contos maravilhosos estão sob a influência da civilização cristã: a
Virgem Maria, por exemplo representa o lado bom, maternal, e não tem o
1080 lado negativo, a sombra. Mas para Jung quando essa figura da Virgem Maria
se tornou importante, foi também o momento em que se deu a perseguição à
bruxas. Assim a figura da Mãe dividiu-se no lado bom, maternal, e no lado da
bruxa destruidora.
Segundo as palavras de Marie-Louise "in fairy tales the devil therefore
1085 lives with the old woman, i.é., his own mother, the Great Mother Earth" (1)
Para Jung, a feiticeira é uma projecção do "Anima" masculino, ou seja, a
imagem do aspecto feminino que subsiste no inconsciente do homem, e que
resulta ao mesmo tempo da imagem feminina colectiva transmitida pela
comunidade. No conto essa projecção do "Anima" é visível nos três irmãos,
1090 particularmente no irmão mais novo que consegue vencer o seu adversário
feminino. Os jungianos afirmam que nos contos cada personagem acentua um
aspecto parcial de si mesmo, geralmente o que falta na comunidade no
momento da criação do conto. Então pode-se dizer que o irmão mais novo
possui inconscientemente um complexo maternal negativo que o faz vencer.
1095 Marie-Louise também afirma que :"a man with a negative mother complexe is
caught by a tremendous but half unconscious ambition and power drive which
apparently makes him very successful in life […]. The neglected archetype of
the mother in Christian civilization destroys the whole process of
individuation." (2)
1100 A individuação é o fenómeno de aquisição do si mesmo, i.é., a
consciência dos arquétipos inconscientes, em assumi-los e em integrá-los ao
ego consciente. Para os junguianos todos os contos pretendem descrever um
processo psíquico, a individuação. Assim os irmãos ao iniciarem a sua busca,
iniciam também o começo da consciencialização em direcção à individuação.
1105 Mas só o irmão mais novo é que atinge a individuação.
O arriscar-se na vida, o perigo é a condição essencial para tornar-se
consciente: " So just the one who takes the risk is the one petrified and at the
moment the one who stayed out of life and did not get involved physically or
spiritually in the life process is the great redeemer who can finish off the
1110 witch, who can see trough her and put an end to her destructiveness, to the
destructiveness in the anima."(3).
25
70
A feiticeira encarna os desejos, os medos e outras tendências da nossa
psique que são incompatíveis com o nosso "Eu", seja por serem demasiado
infantis, seja por qualquer outra razão. Jung observou que a alma é muitas
1115 vezes personificada por uma feiticeira, pois as mulheres têm mais ligações
com as forças obscuras e com os espíritos
1120
1125
1130
1135
1140
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1150
1155 (1) Marie-Louise Von Franz, "Shadow & Evil in Fairy Tales", pág. 105.
(2) Marie-Louise Von Franz, "Shadow & Evil in Fairy Tales", pág. 106-107.
(3) Marie-Louise Von Franz, "Shadow & Evil in Fairy Tales", pág. 107
26
CONCLUSÃO
1160
1180
1185
1190
1195
1200
27
75
BIBLIOGRAFIA
1205
Antti Aarne e Stith Thompson. " The types of the folktale: a classification and
bibliography" ( 1961), Helsínquia, Folklore Fellows Communications,
1210 1981.
1215 Gerard, André. "Violence and the Sacred", Baltimore, John Hopkins Univ.
Press, 1977.
28