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Era uma vez um pobre casal que morava em uma cabana miserável em um bosque
longe de tudo e de todos. Eles viviam com dificuldade e o dinheiro nunca sobrava,
às vezes nem bastava. Eles tinham três filhos, e o mais novo deles era chamado
Cinzeiro, pois ele não fazia outra coisa além de mentir e bisbilhotar entre os cinzas.
Um dia, o filho mais velho disse que iria embora para ganhar a vida sozinho;
ele logo conseguiu permissão para fazer isso foi encontrar seu caminho pelo mundo.
Ele caminhou sem parar durante o dia todo, e quando a noite estava começando a
cair, ele chegou a um palácio real. O Rei estava parado do lado de fora na escada e
perguntou para onde ele estava indo.
— Oh, estou procurando um lugar para ficar, meu senhor. — Disse o jovem.
O jovem achou que era um trabalho fácil cuidar dos potros e que ele poderia
fazer isso muito bem.
Assim que avistou o jovem, que corria atrás dos potros com suor a escorrer
pelo rosto, ela gritou:
—Venha aqui, venha aqui, meu lindo rapaz, e deixe-me pentear seu cabelo.
— É melhor voltar direto para casa. — Disse ele. — Pois não há motivo para
ir até ao palácio do Rei.
Então quando os potros chegaram ela deu ao rapaz um cantil com água e um
pouco de musgo, e disse-lhe para mostrar isso ao Rei e dizer que foi isso que seus
sete potros comeram e beberam.
— Então podes me dizer o que meus sete potros comem e bebem. — Disse o
Rei.
Então o jovem pegou cantil e o pedaço de musgo que a senhora lhe havia
dado e disse:
Assim o Rei soube como sua vigilância havia sido feita e ficou tão irado que
de imediato ordenou a seu povo que perseguisse o jovem de volta para sua casa.
Mas primeiro eles deveriam chicotear três vezes suas costas e espalhar sal nela.
Quando o jovem voltou para casa, qualquer um pode imaginar o estado de
espírito em que ele estava. Ele havia saído uma vez em busca de um lugar para
morar, mas nunca mais tentaria tal coisa novamente.
No dia seguinte, o segundo filho disse que seria sua vez de sair pelo mundo
em busca de fortuna. Seu pai e sua mãe negaram e pediram-lhe que cuidasse das
costas do irmão mais velho, mas o jovem não desistiu de suas ideias e se manteve
firme quanto a seus desejos. Depois de muito, muito tempo ele conseguiu permissão
para partir e seguiu seu caminho. Após de ter caminhado o dia todo ele também foi
ao palácio do Rei, que estava parado do lado de fora na escada e perguntou para
onde ele estava indo. Quando o jovem respondeu que estava procurando um lugar
para ficar o Rei disse que ele poderia servi-lo e vigiar seus sete potros. O Rei então
propôs a ele o mesmo castigo e prêmio que havia prometido a seu irmão.
Com a clara luz da alvorada, o Mestre Cavalariço soltou os sete potros, que
subiram novamente as colinas e vales. O rapaz correu atrás deles, mas aconteceu
com ele tudo o que havia acontecido com seu irmão. Depois de correr atrás dos
potros por muito, muito tempo e de sentir calor e cansaço, ele passou por uma fenda
em uma rocha onde uma velha senhora estava sentada girando com uma roca e ela
o chamou:
— Venha aqui, venha aqui, meu lindo rapaz, e deixe-me pentear seu cabelo.
No terceiro dia, Cinzeiro queria partir. Dizia que tinha o desejo de tentar vigiar
os sete potros ele mesmo.
Seus dois irmãos riram e zombaram dele. — Se tudo deu errado conosco, por
que acha que vai conseguir? Você que é tão bem-sucedido que nunca fez outra
coisa a não ser mentir e fuçar entre as cinzas! — Disseram eles.
Os dois irmãos riram dele, seus pais imploraram para que não fosse, mas de
nada adiantou, e Cinzeiro partiu. Então, depois de caminhar o dia todo, ele também
foi ao palácio do Rei quando a escuridão começou a cair.
E lá estava o Rei do lado de fora, nos degraus. Ele perguntou para onde
Cinzeiro estava indo.
— De onde vem rapaz? — Perguntou o rei, pois a essa altura ele queria saber
um pouco mais sobre os candidatos antes de colocar qualquer um deles a seu
serviço.
Então Cinzeiro disse a ele de onde havia vindo e que era irmão dos dois que
cuidaram dos sete potros para o Rei, então ele perguntou se poderia tentar vigiá-los
no dia seguinte.
— Deviam ter vergonha! — Disse o Rei, que se enfurecia até de pensar neles.
— Se tu és irmão daqueles dois, tu também não serves para nada. Já estou farto de
tais indivíduos.
— Bem, como caminhei até aqui, poderia apenas me conceder uma tentativa.
— Disse Cinzeiro.
— Venha aqui, venha aqui, meu lindo rapaz, e deixe-me pentear seu cabelo.
— Venha para cá então, venha até mim! — Disse Cinzeiro ao passar pulando
e correndo, segurando com força a cauda de um dos potros.
— Suba nas minhas costas, pois ainda temos um longo caminho a percorrer.
— E assim fez o rapaz.
— Sim, agora vejo algo que é branco. — Disse Cinzeiro. — Parece o tronco
de uma grande árvore de bétula.
Cinzeiro tentou, porém não conseguiu. Ele tomou então um gole do líquido no
jarro, depois outro, e depois disso ainda outro, e após isso foi capaz de empunhar a
espada com extrema facilidade.
— Bom. — Disse o Potro. — Agora deves levar a espada contigo, com ela
cortarás as cabeças de todos os sete de nós no dia do teu casamento e então nos
tornaremos príncipes novamente como éramos antes de um poderoso Troll ter
lançado um feitiço sobre nós. Pois somos irmãos da Princesa de quem terá a mão
quando contar ao Rei o que comemos e bebemos. Depois de cortar nossas
cabeças, você deve tomar o máximo de cuidado para colocar cada cabeça na cauda
do corpo ao qual pertencia antes, e então o feitiço que o Troll lançou sobre nós
perderá todo o seu poder.
— Sim! — Disse Cinzeiro. — Agora vejo algo parecido com uma faixa azulada
muito, muito longe.
Havia uma ponte longa e formosa sobre o rio e, quando chegaram ao outro
lado dela, cavalgaram ainda mais por um longo, longo caminho, e então mais uma
vez o Potro perguntou se Cinzeiro via alguma coisa. Ele respondeu que sim, desta
vez ele viu algo que parecia preto muito, muito longe, similar a uma torre de igreja.
Primeiro eles passaram pela ponte, depois pelo tronco da bétula e depois pela
velha senhora que estava sentada na fenda da rocha girando sua roca. Passaram
tão rápido que Cinzeiro não conseguiu ouvir o que a velha mulher gritara atrás ele,
mas ouviu o suficiente para entender que ela estava extremamente enfurecida.
Já estava escuro quando eles voltaram até o Rei ao anoitecer, e ele próprio
estava parado no pátio esperando por eles.
Então, tudo estava pronto para o casamento e o Rei disse que seria tão
majestoso e magnífico que todos ouviriam falar dele todos indagariam a respeito.
— Metade do meu reino já é teu. — Disse o Rei. — E a outra metade será tua
após a minha morte, pois meus filhos podem obter países e reinos para si agora que
se tornaram príncipes novamente. — Portanto, como todos bem podem imaginar,
houve alegria e felicidade naquele casamento.