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Vai começar a «Missa dos Pastores», finda a qual, todos regressam a casa.

Regresso da Igreja

Quatro horas da manhã.


Pelo caminho acima, vai a mulher do lavrador, çom a sua ninhada.
O do colo dorme-lhe nos braços; dois outros seguram-se-lhe aos vestidos, porque,
assim, tontos de sono, mais facilmente se guiam no caminho, quando os olhos se
fecham.

Dum lado para outro, andam Boas Festas, pelos ares.


No céu, brilha intensamente a estrela de alva.
Estoiram bombas, isoladas.
Grupos de gente nova trocam impressões sobre o Natal e aguentam a conversa,
para que o amor não fuja.
Um ou outro «maçhete» (24) ainda toca, desafinadamente.
Pelos vidros das janelas abertas, sai luz doirada, de muitas casas.
O frio incomoda.
Atrás da mãe, vai um dos filhos mais velhinhos, — nove anos apenas — com as
mãos, nas algibeiras, as orelhas do barrete caidas e a assobiar, para dar que fazer
aos beijos enregelados, como o nariz, pelo frio da noite.
Chegaram ao portal.
Até que enfim.
Rodou novamente a chave na fechadura.
Entraram todos.
A mãe estendeu o do colo sobre a cama e deixou-o de papo para o ar e braços
abertos a dormir, para ir acender a luz e aquecer o estômago da família com fatias
de bolo, pão com carne e aguardente com mel.
Depois, todos para a cama, excepto a Mãe,— não fosse Ela Mãe,— que ficará na
cozinha a preparar o almoço.
Começou o grande dia da família, o Dia do Natal.

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