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Número, coisa banal que usamos sempre. Mas se alguém pergunta: o que é número? Bem, pode ser
dito que é um símbolo que representa uma coleção de objetos iguais.
Seja, por exemplo, o objeto representado por *, que chamamos de estrela. Assim a coleção ***
seria representada por 3*, a coleção ***** por 5*, etc. Simples não? Mas imagine a tecnologia sem
números. Seria impossível. A seguir, alguns conceitos mais avançados.
Veja, na tabela 1.1, a coluna B com os números do nosso dia-a-dia: notar que, de 0 a 9, foi usado
um símbolo novo (0, 1, 2, etc) para representar cada coleção, mas, a partir deste último, foram
usados dois símbolos já existentes (10, 11, etc) para representar a coleção (naturalmente, se
avançar mais, serão três, quatro, etc). Tal método é necessário pois, caso contrário, haveria infinitos
símbolos diferentes.
Portanto, um sistema de numeração permite representar qualquer coleção com uma quantidade
finita de símbolos elementares. E o nosso sistema de uso corrente é o decimal por ter a base 10.
A COLEÇÃO
Mas podemos ter sistemas de qualquer base, desde que maior que 1.
Lembrar também que poderiam ser usados outros símbolos em lugar dos algarismos decimais mas
isto traria muita confusão. Com esses, já estamos habituados.
Na coluna D, ocorre outra situação. A base é maior que a decimal e, para facilitar, os símbolos
adicionais foram retirados do alfabeto com as letras de A a F, totalizando 16 e chamado de sistema
hexadecimal.
Na coluna E foi usada a menor base possível. Apenas 2 símbolos, 0 e 1, formando, portanto, o
sistema binário. Notar que, quanto menor a base, maior a quantidade de dígitos necessária para
representar a mesma coleção.
Conforme já visto, para evitar uma proliferação de símbolos de difícil memorização, sistemas de
outras bases usam os mesmos dígitos do decimal e é necessária alguma indicação para evitar
confusão (por exemplo 11 decimal é diferente de 11 octal).
A convenção clássica é númerobase: 1110, 1216, etc. Mas, por questão de simplicidade, aqui é adotada
a convenção da linguagem C de programação:
Decimal sem indicação (12, 350, etc) Octal prefixo 0 (035, 012, etc)
Hexadecimal prefixo 0x (0x11, 0xCC, etc) Binário sem indicação (11, 1101, etc)
Assim, não será usado zero à esquerda, que numericamente não tem sentido, a não ser para indicar
base octal. Mas não poderá haver confusão entre o decimal e o binário? (por exemplo: 11 decimal é
bem diferente de 11 binário). É evidente que sim. Entretanto, na prática, valores não são expressos
em binário. Simplesmente, porque são muito extensos (se 16 em binário é 10000 imagine, por
exemplo, 250000!). Assim, nesta página, os valores em binário serão explicitamente informados.
A conversão de decimal para binário, octal, hexadecimal ou vice-versa dá um pouco de trabalho mas
é fácil. De binário para octal, hexadecimal ou vice-versa, ela é ainda mais fácil porque guarda
relações com potências de 2 (8 = 23 e 16 = 24):
Decimal para binário Divide-se o número sucessivamente por 2 até que o quociente seja 1,
que será o dígito binário mais significativo e os demais serão os restos
da divisão, em ordem inversa. Exemplo: seja o número decimal 13.
1 x 23 + 1 x 22 + 0 x 21 + 1 x 20 = 8 + 4 + 0 + 1 = 13.
Octal para binário Juntam-se os binários equivalentes a cada dígito. Exemplo 013 ( 1
octal é 10 binário e 3 octal é 11 binário). Assim 013 = 1011.
Binário para octal Separam-se os grupos de 3 dígitos da direita para a esquerda e
juntam-se os equivalentes octais. Exemplo: 1011 1 011 e, como
zero à esquerda é desprezado, 1 11 ou em octal 1 3 ou 013 conforme
convenção.
Hexadecimal e binário De forma semelhante ao octal mas, na conversão do binário, são
separados grupos de 4. Exemplos: 0x1A = 11010 e de 11010 para
hexadecimal: 1 = 1 hexa (ou 0x1) e 1010 = A hexa (ou 0xA) e
portanto 0x1A.
Seja um exemplo: alguém deseja um circuito que processe grandezas de 1 a 1 000 000. Então pode-
se considerar 1 volt para cada unidade. Assim tal circuito deveria trabalhar com tensões de 0 a 1
milhão de volts! Não é possível (nem seguro) na prática. Mas pode-se imaginar um circuito que
trabalhe na faixa de 0 a 100 volts e considerar 100/1 000 000 cada unidade. Mas 100/1 000 000 =
0,0001 volt. Seria muito difícil e instável algo para reconhecer variações tão pequenas de tensão.
Isto é apenas um exemplo grosseiro. Existem muitas outras funções que não podem ser executadas
por circuitos de variações contínuas, chamados analógicos. Mas não significa o desaparecimento
deles. Pelo contrário. Certas funções só podem ou são melhor executadas pelos mesmos.
A facilidade do processamento de números binários decorre da existência de apenas dois dígitos, 0 e
1, que podem ser representados por 2 níveis de grandezas como tensão ou corrente (exemplo 0 = 0
volt e 1 = 5 volts). Na realidade, tais níveis não são valores únicos, mas sim faixas. Veja exemplo
com um componente eletromecânico:
Um relé de bobina com tensão nominal de 6 V certamente irá acionar com tensões na faixa de
5 a 7 V e não acionará com tensões de 0 a 2 V. Então o nível lógico 0 será a faixa de 0-2 V e o nível
1, a faixa de 5-7 V. A faixa intermediária, 2 a 5 V, será provavelmente instável (a bobina poderá
acionar ou não) e o projeto do circuito não deve permitir tensões nessa faixa, o que não é difícil.
Com componentes eletrônicos ocorre algo semelhante. Operando desta forma, o circuito se torna
altamente imune a interferências, diferenças de características de componentes, variações de
temperatura e outros.
A contrapartida da facilidade é a necessidade de muitos circuitos pois, como já visto, base pequena
implica muitos dígitos. Mas isso foi contornado pela integração em larga escala dos mesmos.
Na Eletrônica Digital, o conceito de número binário conforme primeiro tópico é ampliado para
informação binária. Ou seja, o conjunto de 0s e 1s não é necessariamente um número. Pode
representar uma instrução, um caractere ou qualquer outra informação. Isto só dependerá do
projeto do circuito e das instruções que lhe forem dadas.
Uma analogia: se você mora no sexto andar de um prédio e seu apartamento tem o "número" 601,
isto não significa necessariamente que abaixo do seu andar existem 600 apartamentos do prédio! O
mais provável é que 6 identifique o andar e 01, um apartamento neste.
Quanto ao processamento, é natural que todos esperem da eletrônica digital operações como soma,
multiplicação, comparação, memorização e tantas outras. Mas todas têm seu ponto de partida nas
funções lógicas elementares, objeto de estudo nos próximos tópicos.
A figura 4.1 representa um bloco lógico (ou porta lógica) genérico, ou seja, um circuito
simbolizado pelo quadrado, com uma ou mais entradas lógicas A, B, etc e uma ou mais saídas
lógicas S1, S2, etc.
Um bloco lógico executa uma determinada função lógica para a qual foi
projetado. Essa função determina os valores que as saídas assumem para cada
combinação de valores das entradas. Tais relações são muitas vezes exibidas
em forma de tabelas de verdade.
Fig 4.1
Abaixo, exemplo de uma tabela de verdade hipotética para um circuito com duas entradas, A e B, e
uma saída S.
Desde que o foco da matéria desta página é a parte lógica, elas não serão exibidas nos demais
circuitos, exceto em casos especiais.
Por via de regra, os blocos serão tratados como caixas pretas, ou seja, seus circuitos internos não
serão objetos de estudo. Apenas as funções que executam.
Além das tabelas de verdade, as funções lógicas podem ser representadas por funções algébricas,
que pertencem à chamada Álgebra de Boole, assunto de tópico mais adiante.
É definida como a função lógica de duas ou mais entradas e uma saída, tal que
o valor da saída é 1 se todas as entradas são 1 e 0 nos demais casos.
Fig 5.1
A A Tabela 5.1 ao lado é a tabela de verdade para a função E com duas variáveis
de entrada.
Tabela S A Figura 5.2 dá o símbolo usual para a função, com duas variáveis de entrada.
5.1B
0 0 0
0 1 0
1 0 0
1 1 1
Fig 5.2
É definida como a função lógica de duas ou mais entradas e uma saída, tal que
o valor da saída é 1 se pelo menos uma entrada é 1 e 0 se todas as entradas
são 0.
Fig 6.1
A A Tabela 6.1 ao lado é a tabela de verdade para a função OU com duas
variáveis de entrada.
Tabela S A Figura 6.2 dá o símbolo usual para a função, com duas variáveis de entrada.
6.1B
0 0 0
0 1 1
1 0 1
1 1 1
Fig 6.2
É definida como a função lógica de uma entrada e uma saída tal que a saída é
1 se a entrada é 0 e 0 se a entrada é 1.
Fig 7.1
S = A.
Fig 7.2
A É definida como a função lógica de duas ou mais entradas e uma saída, tal que
o valor da saída é 1 se as entradas são diferentes e 0 se as entradas são
iguais.
Tabela S
8.1B A Tabela 8.1 ao lado é a tabela de verdade para a função OU EXCLUSIVO com
0 0 0 duas variáveis de entrada.
0 1 1
1 0 1
1 1 0
A Figura 8.1 dá o símbolo usual para a função, com duas variáveis de entrada.
A expressão conforme álgebra de Boole (ou expressão booleana) é dada por:
S = A B.
Fig 8.1
Aqui são dadas duas funções derivadas de uso bastante comum, formadas pela combinação das
funções E e OU com a função NÃO. As tabelas de verdade são facilmente dedutíveis.
S = (A . B).
Fig 9.1
Função NÃO OU (NOR):
S = (A + B).
Fig 9.2
Variáveis booleanas ou lógicas são as que só podem assumir valores binários, ou seja, 0 ou 1. As
variáveis A, B, S dos itens anteriores são exemplos.
Expressões booleanas são as que indicam igualdades e operações com variáveis lógicas. São
exemplos as expressões nos itens anteriores.
A tabela abaixo dá algumas igualdades, propriedades, etc, que são úteis para a simplificação de
circuitos formados pela combinação de blocos lógicos elementares.
Tabela 10.1
Igualdades Propriedades Outros
A.0=0 A.B=B.A (A) = A
A.1=A A+B=B+A (A . B) = A + B
A.A=A A . (B . C) = (A . B) . C = A . B . C (A + B) = A . B
A.A=0 A + (B + C) = (A + B) + C = A + B + C A + (A . B) = A
A+0=A A . (B + C) = (A . B) + (A . C) A + (A . B) = A + B
A+1=1 (A + B) . (A + C) = A + (B . C)
A+A=A
A+A=1
O bloco NÃO, por sua natureza, só admite uma entrada e uma saída. Os blocos E e OU (e seus
derivados) podem ter qualquer número (2) de entradas. Ou seja, o limite é apenas prático. Nas
figuras abaixo, exemplo de bloco E de 4 entradas (com uma inversora em B) e NÃO OU, também de
4 entradas.
A B A B S
0 0 0 0 1
OU NÃO OU
S=A+B 0 1 S = (A + B) 0 1 0
(OR) (NOR)
1 0 1 0 0
1 1 1 1 0
A
NÃO
S=A 0
(NOT)
1 Alguns blocos lógicos aqui citados são formados
por combinações de blocos elementares, mas
A B são assim considerados pela importância de
OU 0 0 suas funções nos circuitos.
exclusivo S=AB 0 1
(XOR) 1 0
1 1
Em primeiro lugar, consideram-se somente as combinações de saída não zero. Elas são
as combinações 0, 2, 4, 5 e 6 (destacadas com azul na tabela).
Fig 2.1
Conforme já dito, este método não é dos mais eficientes. Os circuitos são grandes
demais e podem ser mais simples, simplificação esta que é objeto dos próximos tópicos.
S=A.B
Fig 3.2
Cabe ressaltar que a quadra é formada com elementos não adjacentes porque eles estão
na borda (ou seja, nesta situação, são considerados adjacentes). A mesma regra vale
para pares.
E a saída é:
S = AB + C.
Notar que os diagramas de Veitch Karnaugh podem ser usados também para simplificar
expressões booleanas. Pelo circuito da Figura 2.1 (tópico 2), a saída é equivalente a
Na figura ao lado,
exemplos de pares e
quadras para o caso do
diagrama com quatro
variáveis de entrada.
Fig 5.1
S=ABC+AC+D
Fig 5.2
Fig 5.3
A notação Ø indica valor indiferente (pode ser 0 ou 1), uma vez que não há valor a
indicar acima da combinação 9 e o circuito que fornece as entradas deve evitar
combinações nesses casos (algumas vezes, as combinações que sobram, total de seis,
são usadas para sinal negativo, sinal de erro e outros).
Conforme mencionado na primeira página desta série, a informação binária não tem
necessariamente relação com o número binário que ela representa. Por exemplo, para
a combinação 0, abcdef tem 1111110. Esse número binário não é igual ao dígito
correspondente no display (0). Isso é na realidade um código para o display de sete
segmentos. E o circuito lógico que converte a entrada para o código é chamado
decodificador. A própria entrada de 4 bits ABCD, que tem relação direta com o valor
decimal, é também chamada de código BCD.
a = A + C + BD + BD
d = A + BD + CB + CD +
b = B + CD + CD c=B+C+D
BCD
e = BD + CD f = A + CD + CB + BD g = A + BC + BC + CD
S = (A . B) . (C + D).
Por exemplo: se, no circuito acima, a combinação das entradas ABCD for 1100, a saída
será sempre 0.
O grande avanço da eletrônica digital foi dado pelos circuitos seqüenciais. Num
circuito seqüencial, o valor de uma saída depende não somente da combinação de
valores das entradas, mas também do valor anterior, isto é, o valor que a saída tinha
antes da aplicação da combinação de valores nas entradas.
O bloco elementar da lógica seqüencial é conhecido pelo seu nome em inglês, flip-flop.
Por definição, um flip-flop é um bloco que, conforme Fig 2,
contém:
Existem vários tipos de flip-flops, cuja distinção se faz pelas letras que representam as
entradas 1 e 2.
No arranjo da Fig 3, duas portas NÃO E são interligadas por uma realimentação
recíproca.
Fica evidente que a realimentação fará o valor da saída depender
dos valores das entradas e do valor que tinha antes da aplicação
dos valores das entradas.
Nos casos 0 e 1 (azul. S=0 e R=0), os valores das saídas são iguais aos seus
anteriores.
Nos casos 2 e 3 (lilás. S=0 e R=1), a situação 3 é impossível (Q não pode ser igual a
Q) e pode-se concluir que a saída será forçada para a situação estável (Q=0 e Q=1). E,
pelo mesmo motivo, pode-se concluir que, nos casos 4 e 5 (verde. S=1 e R=0), a saída
será Q=1 e Q=0.
Nos casos 6 e 7 (vermelho. S=1 e R=1), não há situação estável e devem ser
condições impossíveis para este tipo de circuito.
E, portanto, a Nº S R a b c d e f Qa Qa Q Q
tabela de verdade (S) (Qa) (a.b (Qa) (R) (d.e (c) (f)
para o flip-flop ) )
assim construído 0 0 0 1 1 1 0 1 0 0 1 0 1
será conforme 1 0 0 1 0 0 1 1 1 1 0 1 0
abaixo.
2 0 1 1 1 1 0 0 0 0 1 0 1
S R Q 3 0 1 1 0 0 1 0 0 1 0 1 1
0 0 Qa 4 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 1 1
0 1 0 5 1 0 0 0 0 1 1 1 1 0 1 0
1 0 1 6 1 1 0 1 0 0 0 0 0 1 1 1
1 1 * 7 1 1 0 0 0 1 0 0 1 0 1 1
Suponha que o clock está inicialmente no nível zero. Nessa condição, o bloco mestre
está inativo e variações nas entradas J e K não produzem mudanças na saída.
Quando o clock passa para 1, o circuito escravo é bloqueado, mantendo a saída Q
anterior. Variações nas entradas produzem variações em Qm e Qm mas não afetam a
saída porque CK é zero.
Quando o clock passa para zero, o mestre é bloqueado e o escravo, liberado. Assim, ele
assume a saída correspondente ao estado anterior à transição.
E a tabela de verdade é a
mesma do tipo anterior,
considerando que as
mudanças só ocorrem nas
transições de 1 para 0 do
clock.
J K Q
0 0 Qa
0 1 0
1 0 1
1 1 Qa
Tabela de verdade:
Um flip-flop tipo T é um JK com as
T Q
entradas interligadas e, portanto, seus
valores só podem ser iguais. 0 Qa
1 Qa
Quando habilitar = 1, se
uma entrada E for 0, o
respectivo PR será 1 e o
flip-flop terá valor 0 devido
à limpeza anterior.
Considerando ainda
habilitar = 1, se uma
entrada E for 1,
o respectivo PR será 0, o que faz a saída do flip-flop 1. Assim, essa operação transfere
os dados das entradas paralelas para os respectivos flip-flops. De forma similar ao item
anterior, os pulsos de clock deslocam a informação para a direita e a forma serial
estará presente na saída S.
As entradas J e K de cada
flip-flop são mantidas no
Fig 3.1: contador de pulsos tipo assíncrono básico nível 1.
Supondo que inicialmente
todos os flip-flops estão no
nível 0, o comportamento
pode ser visto pelos
gráficos da Figura 3.2.
O circuito do tópico anterior conta seqüências de 16 pulsos e não é difícil concluir que
esse número é resultado de 2n, onde n é o número de flip-flops (4 no caso). Entretanto,
em muitos casos, é necessário que a contagem seja feita em seqüências de 10 pulsos
(ou décadas), a base usual de numeração.
Desde que 10 não é
potência inteira de 2, pode
ser usado o artifício
indicado na Figura 4.1:
uma porta NAND com a
saída conectada nas
entradas CLEAR dos flip-
flops.
As entradas da porta
recebem os valores S3, S2
(equivalente a Q do flip-
flop 2), S1 e S0
(equivalente a Q do flip-
flop 0).
Fig 4.1: contador de década assíncrono
Assim, quando o valor
nessas entradas for igual a
1010 (10 em binário), as
entradas CLEAR serão
nulas, zerando
os flip-flops e reiniciando a contagem. Observar que o artifício pode ser ajustado para
qualquer tamanho da seqüência, desde que menor que 2 n, onde n é o número de flip-
flops.
Na contagem decrescente,
as saídas são
Fig 5.1: contador assíncrono decrescente complementos dos valores
da tabela 3.1, ou seja,
1111, 1110, etc
Assim, um meio de se obter contagem decrescente é simplesmente considerar, no
circuito da Figura 3.1, as saídas S0 a S3 como as saídas Q dos respectivos flip-flops,
conservando as ligações entre Q e CK dos flip-flops adjacentes.
Outra forma é modificar o circuito para o da Figura 5.1: as entradas de clock recebem
as saídas Q e não Q, permanecendo estas últimas como saídas. A análise gráfica pode
ser feita de forma similar ao tópico 3 e, por isso, aqui não é colocada.
Havendo necessidade de
contagem crescente ou
decrescente, pode ser
usado um arranjo conforme
circuito da Figura 5.2.
Conforme visto na página anterior, nos contadores assíncronos os flip-flops são ligados
em cascata e trabalham em diferentes freqüências. Na realidade, cada um opera na
metade da freqüência do anterior. Os circuitos são simples e, em princípio, pode parecer
que atendem todas as necessidades. Entretanto, os circuitos práticos apresentam
pequenas diferenças e variações de tempos de resposta e, assim, erros podem ocorrer
com freqüências mais altas.
Fig 2.1: circuito incompleto de um contador síncrono
O esboço de um contador síncrono de 4 dígitos binários é dado na Figura 2.1: cada flip-
flop recebe a mesma entrada E e as saídas Q são os dígitos resultantes da contagem, de
forma similar ao assíncrono. A tarefa agora é achar ligações e blocos lógicos entre os
flip-flops de forma que a contagem seja efetivada com a entrada de clock comum.
os correspondentes valores que as entradas devem ter para ocorrer cada transição de
Qa para Q.
Observe a primeira linha de valores da Tab 3.2: a transição de Qa=0 para Q=0 só pode
ocorrer nos casos I e II da Tab 3.1 (nos demais casos, ou Q é 1 ou o inverso de Qa, o
que é contra a hipótese assumida de Qa=0 e Q=0). Assim, nos casos I e II de Tab 3.1,
a entrada J é sempre 0 e a entrada K, 0 ou 1, isto é, indiferente (simbolizado por Ø
conforme já visto em páginas anteriores). Raciocínio similar é usado para os demais
casos, resultando na tabela de transição 3.2.
Consideramos que a primeira linha (pulso 1) corresponde à transição deste para o pulso
2. Assim, S3 (ou Q3) vai de 0 para 0 e, conforme tabela 3.2, J3 e K3 serão
respectivamente 0 e Ø. S2 e S1 também vão de 0 para 0 e, assim, os dados de J2/K2 e
J1/K1 também serão 0 e Ø. S0 muda de 0 para 1. Portanto, conforme Tab 3.2, J0 e K0
serão 1 e Ø respectivamente.
A tabela pode é completada com o uso procedimento similar, lembrando que, no pulso
10, a transição é para valores de S3 S2 S1 S0 iguais a 0000, ou seja, o reinício da
contagem.
Podemos concluir que o circuito da Figura 2.1 funcionará como um contador de década
síncrono se cada entrada J e K de flip-flop receber a saída de um circuito combinatório
de entradas S3 a S0 e tabela de verdade conforme Tab 4.1. Desde que são oito o total
de entradas J e K, serão necessários oito circuitos combinatórios, que podem ser
traçados com o uso dos diagrama de Veitch-Karnaugh, já vistos na página Eletrônica
Digital IA e Eletrônica Digital IB.
Desde que o circuito não opera com valores de S3 S2 S1 S0 acima de 1001, os valores
de saída nos diagramas devem ser considerados indiferentes (Ø) para maximizar a
simplificação.
Com o uso de dois blocos E de duas entradas e um de três entradas, é possível aplicar
os valores nas entradas dos flip-flops de acordo com os resultados do tópico anterior. E
o circuito básico do contador é dado na Figura 6.1 abaixo.
Procedimento similar pode ser usado para contadores de outras seqüências e contadores
que operam de forma crescente ou decrescente. Neste último caso, basta acrescentar
na tabela uma variável de controle que seja, por exemplo, 0 para a parte crescente e 1
para a decrescente. Com 4 flip-flops, a simplificação é mais trabalhosa, pois, neste caso,
os diagramas de Veitch-Karnaugh serão de 5 variáveis.
As Figuras 2.1 e 2.2 dão os diagramas de blocos básicos dos conversores analógico-
digitais (AD) e digital-analógicos (DA). Em alguns casos, a entrada e saída são
analógicas e uma configuração como a indicada na Figura 2.3 pode ser aplicada.
1 1 0 0 7,500
Fig 4.1 circuito. Aqui
1 1 0 1 8,125
consideramos
1 1 1 0 8,750
5V, isto é, nível
1 é igual a 5 V. 1 1 1 1 9,375
Adaptando a igualdade #III.1# do tópico anterior para o circuito da Figura 4.1, isto é,
adicionando uma entrada, temos: Vs = -Rr [ (Va/R) + (Vb/2R) + (Vc/4R) + (Vd/8R) ]
ou
Vs = - [ (Va/1) + (Vb/2) + (Vc/4) + (Vd/8) ]. Para este caso, é montada a tabela 4.1
acima, supondo, conforme já dito, que entrada lógica 0 é 0 V e 1 é 5 V (não considerado
o sinal negativo da saída pois o que interessa são os valores absolutos para demonstrar
o funcionamento).
Para a primeira linha de dados (0000) o valor da saída é naturalmente zero. Para a
segunda linha (0001) é | Vs | = 0/1 + 0/2 + 0/4 + 5/8 = 0,625 V. Para a terceira linha
(0010) temos:
| Vs | = 0/1 + 0/2 + 5/4 + 0/8 = 1,250.
Repetindo o cálculo para as demais linhas, o resultado é o informado na tabela. Pode-se
observar que os valores analógicos da saída são proporcionais aos valores digitais das
entradas, com intervalo de 0,625 V correspondendo ao intervalo 1 da entrada digital.
Notar que o intervalo (e, portanto, a máxima tensão de saída) depende da relação Rr/R
(1 neste exemplo) e que ela pode ser modificada para resultar em valores adequados ao
circuito.
Fig 5.2
Na análise, consideramos V a tensão do nível lógico 1. Para a situação 0000 (Va = Vb =
Vc = Vd = 0), temos naturalmente tensão nula na entrada e saída também nula.
Fig 6.1
Cada unidade binária de entrada corresponde a 1
mV de saída, que varia portanto de 0 V (000H na
entrada) até 4,095 V (FFFH na entrada).
As entradas digitais passam antes da conversão por dois registradores temporários:
registrador de entrada (Reg in) e do conversor (Reg DAC).
R/W E as entradas auxiliares (R/W, CS e LDDAC)
manipulam as operações conforme Tabela 6.1 ao
lado.
A entrada CS ("chip select") é para o caso de
Tab LDD mais de um dispositivo no circuito.A entrada CLR
ela AC Reg In Reg DAC Modo
("clear") zera o dispositivo.
6.1
CS
Alimentação Vdd de 4,75 a 5,25 volts.
0 0 0 escreve escreve escrever
0 0 1 escreve mantém escr entr
1 0 1 lê mantém ler entr
Ø 1 0 mantém atualiza atualizar
Ø 1 1 mantém mantém manter
É provavelmente a
forma mais simples e
direta de conversão. A
Figura 2.1 dá o
diagrama básico para
saída em três dígitos
binários.
Uma tensão de
referência (4,8 V no
exemplo) é aplicada na
série de divisores de
tensão formados por R1
a R7, de idênticos
valores (R).
Os blocos C1 a C7 são
comparadores: se o
sinal em (+) for maior
que em (-), a saída é 1
e nula nos demais
casos.
Suponhamos, por
exemplo, que 2 volts
são aplicados na
entrada analógica: C1,
C2 e C3 terão saída 1 e
C4, C5, C6 e C7 terão
saída 0. Ou, de baixo
para cima, 0001111.
É também fácil concluir que a resolução depende do número de dígitos binários (bits) da
saída. No exemplo dado, de 3 bits, temos resolução = 1/2 3 = 0,125 ou 12,5%.
Mas no circuito há um
comparador e uma
porta E na entrada de
Fig 3.1 clock. Enquanto a
tensão Vcon for menor
que a da entrada
analógica Ea, a saída do
comparador é 1 e os
pulsos de clock são
dirigidos ao contador.
No momento em que Vcon se torna maior que Ea, a saída do comparador passa para 0,
bloqueando os pulsos de clock e, portanto, a contagem. Desde que a saída do
comparador também vai para a entrada de clock dos flip-flops (tipo mestre-escravo), o
valor digital da saída do contador é armazenado nos mesmos (lembrar que flip-flops tipo
mestre-escravo só permitem a mudança de estado na transição de 1 para 0 do clock).
Portanto, a saída digital armazenada nos flip-flops tem relação linear com a entrada
analógica Ea desde que, é claro, ela esteja dentro da faixa 0-Vmax.
Os pulsos de clock
alimentam
continuamente a
entrada do contador, o
qual dispõe de uma
entrada digital que
comuta, de acordo com
o nível lógico, o sentido
da contagem (crescente
ou decrescente),
conforme já visto nas
Fig 4.1 páginas
correspondentes
(Eletrônica Digital IIA e
Eletrônica Digital IIB).