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Tem sido pauta de discussão no meio concorrencial e político a questão envolvendo a revisão do

Termo de Compromisso de Cessação de Conduta (“TCC”) Termo de Compromisso de Cessação de


Conduta n° 08700.003136/2019-1 da Petrobras com o CADE no mercado de gás, com o
objetivo de evitar condutas anticompetitivas.

Esse TCC foi resultado de um inquérito administrativo no Cade que investigava supostas práticas
anticompetitivas da Petrobras no setor de gás, em especial se a estatal fazia discriminação de preço
na venda do insumo às distribuidoras. A Petrobras supostamente beneficiaria a GásBrasiliano
Distribuidora, da qual era acionista indireta via Gaspetro.

A espinha dorsal dos TCCs é levar a Petrobras a desverticalizar sua presença no setor de gás e
reduzir sua posição de monopolista no refino – o que aumentaria a concorrência atraindo
investimento privado e reduzindo o poder monopolista da estatal.

Com a celebração do acordo, a Petrobras assumiu diversos compromissos com destaque para a
obrigação de alienar suas participações societárias nas transportadoras de gás natural Nova
Transportadora do Sudeste (NTS), na Transportadora Associada de Gás(TAG), na Transportadora
Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG).

A estatal conseguiu alienar todas as participações, exceto a da TBG – cuja venda deveria ser
concluída até dezembro de 2021. A Petrobras deu início à alienação da TBG em 2020, mas não
obteve sucesso em vender a transportadora dentro do prazo original.

No entanto, em meados de novembro deste ano, a Petrobras encaminhou requerimento ao CADE,


para negociar a revisão do TCC assinado com o órgão antitruste em 2019.

Como justificativa para a revisão a Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS apresentou: “Conforme
apresentado no PE 2024-2028, a atual estratégia da Petrobrás para o segmento de G&E é a de atuar de
forma competitiva e integrada no comércio de gás e energia e no aprimoramento do portfólio, buscando
a inserção de fontes renováveis, como, por exemplo, a aquisição e atuação na comercialização de
biometano como parte das atividades comerciais do segmento, alinhadas às ações de descarbonização.
Nesse sentido, os posicionamentos de negócio em G&E visam canalizar os esforços da área para
atendimento eficaz, com geração de valor, dos clientes de gás e energia da Petrobras, em um contexto de
intensificação da concorrência e de aceleração dos processos de mudanças decorrentes da transição
energética. O atual plano de investimentos da Petrobras prevê ampliação da infraestrutura e portfólio de
ofertas de gás natural, garantia da confiabilidade e desempenho operacional e energético. Diante do
alinhamento estratégico apresentado no PE 2024-2028, a Compromissária, respeitosamente, vem, por
meio deste, requerer a renegociação do TCC celebrado com o Conselho Administrativo de Defesa
Econômica ("CADE")' e homologado na 146a Sessão Ordinária de Julgamento em 08 de julho de 20192,
observando o quanto disposto na Cláusula 8.3 (1) do referido TCC.”

Com a alteração proposta no TCC, O plano dentro da Petrobras, no entanto, é não apenas manter
a TBG como transformá-la numa grande plataforma para que a estatal possa voltar a investir no
segmento de transporte de gás.
A pressão da Petrobras para rever os acordos vai colocar à prova a coerência dos dois servidores
mais sêniores do CADE, que de lá para trocaram de cadeira: Alexandre Barreto, o então presidente,
hoje é o superintendente-geral; e Alexandre Cordeiro, o presidente atual, na época era o
superintendente-geral. “Há três anos, eles disseram que a Petrobras tinha que vender os ativos
para estimular a concorrência.

Se eles interromperem o processo agora, a mensagem que vão passar é que agora tudo bem ser
monopolista?” disse um executivo do setor.

Nos termos do TCC, a Petrobras vendeu a TAG, a NTS e a Gaspetro (atual Commit Gás). O processo
de venda da TBG, entretanto, não seguiu adiante. Como o Gasbol possui um caráter estratégico
de integração energética regional, manter a transportadora no portfólio da petroleira é o caminho
natural.

No entanto, a Petrobras pode optar por não vender sua participação de 51% na TBG?

Este artigo investiga a viabilidade de revisão do Compromisso de Cessação de Prática (TCC)


assinado entre o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e a Petrobras, com foco
no Termo de Compromisso de Cessação de Conduta n° 08700.003136/2019. Exploramos o
contexto do caso que levou à assinatura do TCC, as mudanças políticas subsequentes, o pedido
de revisão pela Petrobras e as implicações legais e econômicas associadas.

A TBG opera o gasoduto Bolívia-Brasil, que interliga os 2 países, trazendo o insumo boliviano para
5 Estados das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil –correspondentes a cerca de 50% do
PIB (Produto Interno Bruto) nacional

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