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SBC 4- Aula 5 1

Processo Decisório
↪ Vamos iniciar agora a discussão sobre a importância do processo decisório, principalmente quando a gente pensa
na necessidade da gestão estratégica.

↪ Importante a gente destacar que o gestor toma decisões o tempo todo, então a decisão está presente em todas as
fases do processo administrativo.

↪ A gestão estratégica pressupõe a necessidade de um professor decisório que ocorrerá antes, durante e depois da
sua elaboração e implementação, então estará presente em todo o processo.

• Decidir: deixar fluir, parar de cortar


o Isso mostra porque a dificuldade ou lentidão em decidir, é sentida como um gargalo que obstrui o
fluxo das ações. Se temos alguma dificuldade nesse processo de tomada de decisões, isso funciona
como um gargalo, interrompendo o processo.
• Decisão é uma escolha entre alternativas
o Uma questão importante quando falamos do processo decisório, é que a decisão se configura numa
escolha entre alternativas. Se não há possibilidade de escolha, não há o que decidir. E viver, de fato,
implica em estar constantemente decidindo.
• Nenhuma decisão é somente racional ou emocional. A decisão envolve o ser humano total (funções:
biológicas e psicológicas; dimensões: ética e política).
o Então, lá atrás, já havia o entendimento de que o processo decisório era essencialmente racional,
mas hoje, se percebe que a decisão ou processo decisório envolve o ser humano na sua totalidade.
Então, o processo decisório considera as diferentes dimensões do ser humano.

Dificuldades

↪ Existem algumas dificuldades no processo decisório. Que dificuldades seriam essas?

• Não existe decisão perfeita


o Essas dificuldades para decidir ocorrem porque não existe decisão perfeita, como a decisão envolve
diferentes dimensões do indivíduo, diferentes fatores estão relacionados, ela tem muitas variáveis
associadas.
• A optar por uma alternativa temos que renunciar as outras = sentimento de perda
o Então precisamos escolher uma alternativa entre várias.
• Toda decisão é um ato absolutamente individual e intransferível
o Então somos nós que tomamos uma determinada decisão, mesmo que esteja em um coletivo, então
as decisões coletivas são fruto das decisões que são individuais e não podemos transferir a
responsabilidade por aquela tomada de decisão.

↪ Então a decisão envolve perdas, lida com angustias, com frustração, com a incerteza. A incerteza é praticamente
inerente as situações de decisão, então não temos certeza se aquela escolha será a mais acertada. Se temos
informações concretas, reais, fidedignas, fica mais fácil de acertar, mas não temos 100% de certeza se aquela será a
melhor decisão, mas é importante percebermos que incerteza é diferente de insegurança. Então se temos
informações, mapeamento adequado, se conhecemos o ambiente, o plano que estabelecemos, fica mais fácil de
acertar nesse processo decisório.

Percepção do problema

• “Podemos dizer que existe um problema quando existe um desvio entre aquilo que percebemos e as nossas
expectativas ou necessidades.”

↪ O processo decisório parte de um pressuposto de que temos que perceber a existência de um determinado
problema, então podemos dizer que existe um problema quando existe um desvio daquilo que percebemos e as
nossas expectativas ou necessidades. Então a realidade que se apresenta não é a realidade que gostaríamos de
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perceber. Se percebemos um problema, se isso nos incomoda, isso leva a tentar modificar aquele quadro, portanto,
vamos escolher um caminho que leve a mudança daquele cenário que se apresenta.

↪ A necessidade de decidir surge quando nos defrontamos com um problema que implique na necessidade de
escolha. Temos um problema quando a realidade que se apresenta é diferente daquela que gostaríamos de
perceber.

Fatores que influenciam a percepção do problema

↪ Existem alguns fatores que podem influenciar na percepção do problema. Vai citar alguns deles.

• Os estereótipos perceptivos
• Contexto perceptivo
• Necessidades existenciais
• Supressão perceptiva

↪ Então, a percepção, é importante a gente dizer, que é um processo complexo, sujeito a inúmeras variáveis. É um
fenômeno cultural. Cada cultura lê o mundo de maneira diferente, porque percebe o mundo de maneira diferente.
Então, nem todo mundo enxerga o mundo, enxerga as situações da mesma maneira.

↪ Como o ser humano é um ser global, que tem vários fatores associados, esses fatores que fazem parte da
identidade, da formação desse individuo, interferem diretamente na forma colo ele lê, ele vê e ele percebe o
mundo. Isso vai interferir também na percepção do que seria um problema e na decisão, no processo decisório.

↪ Então, o estereótipo perceptivo diz respeito a tudo aquilo que percebemos com muita frequência, que faz parte
nossa rotina, algo que é muito familiar, facilmente reconhecível. Por exemplo, o toque da campainha de um familiar,
a forma como ele anda, como ele se desloca, tudo isso faz parte do que se configura chamar de estereótipo
perceptivo. O estereótipo exige menos da nossa percepção e torna o cotidiano muito mais eficiente, porque é
facilmente reconhecível, mas a gente vai ver também que pode não ser tão interessante assim (vamos ver mais para
frente), então a gente tem que ter alguns cuidados em relação aos estereótipos perceptivos. Nós estamos falando de
fatores que influenciam a percepção do problema.

↪ Contexto perceptivo diz respeito ao momento de vida do observador, entendendo que esse momento de vida
interfere ou pode interferir na percepção e na posterior tomada de decisão, por exemplo, uma gestante vê muito
mais gestante no dia a dia, além dela aumentar esse olhar em relação a outras mulheres na mesma situação,
gestantes como ela, torna aquela pessoa muito mais sensível a determinadas situações ou questões, então aquilo faz
muito mais sentido para ela.

↪ Outro fator que pode influenciar na percepção do problema são as necessidades existenciais. Existe um desenho,
podemos dizer assim, de Maslow, de necessidades e motivos, que apontam diversas necessidades existenciais do ser
humano e mostra que para a gente chegar lá no topo desse esquema a gente precisa ter as necessidades mais
básicas supridas. Então só a partir do momento em que eu tenho as necessidades mais básicas satisfeitas, eu consigo
avançar no sentido do topo dessa pirâmide que diz respeito a auto realização. Então as necessidades existenciais
humanas são físicas, elas são socioemocionais, elas são intelectuais e elas constituem um modelador poderosíssimo
da percepção humana.

↪ A percepção é dependente da intensidade do grau de satisfação das necessidades da pessoa naquele momento.
Então uma pessoa, por exemplo, que tem escassez ou tem falta de elementos mais básicos de sobrevivência, como
água, comida, uma habitação. Então se existe carência dessas questões fica muito difícil dela pensar em se inserir
socialmente, então a gente só consegue caminhar nessa Pirâmide de Maslow de necessidades e motivos na medida
em que eu tenho as necessidades mais básicas supridas ou atendidas.

↪ E a supressão perceptiva é quando deixamos de perceber questões importantes, principalmente por causa dos
estereótipos perceptivos já estabelecidos. Então a gente tem que ter muito cuidado com os estereótipos, muito por
conta da possibilidade de supressão perceptiva. Então aquilo é tão familiar, aquilo faz parte tão fortemente do meu
cotidiano, ele acontece com tanta frequência que às vezes eu deixo de perceber outras questões que são
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extremamente importantes. E isso pode acontecer ou se refletir, por exemplo, em um atendimento odontológico
quando deixa de perceber questões daquele paciente que são extremamente importantes porque o quadro que se
apresenta para mim naquele momento é muito familiar ou se relaciona, por exemplo, com uma determinada
patologia. Então isso tira o meu foco muitas vezes do todo e eu acabo deixando de perceber algumas questões que
são extremamente importantes.

Fatores que direcionam a escolha

↪ Existem fatores que direcionam a escolha. Então a gente falou dos fatores que interferem nessa percepção do
problema e existem agora fatores que direcionam a escolha de alternativas. Então o que que faz com que eu escolha
a alternativa “a” em detrimento da “b” ou da “c”?
• Informações fidedignas
o Então o primeiro ponto são as informações fidedignas, informações reais, informações concretas,
informações verdadeiras. Então ter acesso a essas informações torna o meu processo decisório mais
fácil, mais tranquilo.
• Grau de satisfação das necessidades existenciais
o O grau de satisfação das necessidades existenciais, ou seja, o quanto foram satisfeitas observando a
pirâmide de necessidades e motivos. Então quanto eu consigo avançar ou consegui avançar nessa
pirâmide em direção a auto-realização que está lá no topo.
• Decisão e perda
o Questões relacionadas a decisão e perdas. A gente viu anteriormente que o processo decisório
envolve perda, porque quando eu escolho uma alternativa, eu abro mão da outra ou das outras.
Então eu preciso compreender que sempre haverá perda pelo menos naquele momento, então não
significa dizer que depois não posso optar por aquela alternativa num segundo momento se a minha
primeira alternativa não se concretizar ou não funcionar, mas, naquele momento existe a perda.
Então, se tem, por exemplo, que escolher entre um curso de especialização ou outro, naquele
momento, só pode fazer um curso, então, necessariamente precisa tomar essa decisão. Há um
sentimento de que alguma coisa está sendo deixada de lado e realmente é, de fato, pelo menos
naquele momento.
• O medo do novo
o É um aspecto extremamente importante, tem uma característica inconsciente mesmo, pois, dá
muito mais trabalho conhecer algo do que reconhecer. Então, reconhecer dá mais conforto, é mais
fácil do que partir do zero e escolher uma alternativa que seja completamente diferente daquilo que
já é feito.
• Valores individuais
o São os princípios do indivíduo que, dependendo da forma com que esses princípios estão ou se
apresentam para o indivíduo, eles podem também fazer com que se escolha por uma ou por outra
alternativa.
• Inércia
o Modificar uma posição exige, sem sombra de dúvida, esforço. Então, às vezes, há a fuga das decisões
justamente pois é preciso se movimentar, pois isso vai exigir um certo esforço.

Bloqueadores das decisões

↪ E por fim, temos os bloqueadores das decisões, dentre os bloqueadores das decisões a gente pode citar
alienação, a resignação, a dificuldade de estabelecer prioridade, a falta de confiança, o perfeccionismo, a pressão
do tempo e os referenciais teóricos muito rígidos.

• Alienação
o A alienação está relacionada ao fato de não percebermos o mundo como ele é de fato, então
vivemos o mundo e não percebemos o mundo como ele se apresenta, o mundo real, e se não
percebemos, não somos capazes de decidir. Então a gente viu anteriormente que para decidir
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qualquer coisa, sobre qualquer assunto, precisamos ter informações reais, concretas sobre ele e
se não enxergamos esse mundo da forma como ele é, fica muito difícil de tomar qualquer tipo de
decisão.
• Resignação
o A resignação faz parte daquele indivíduo que de fato não deseja qualquer tipo de mudança,
resignado, aceita aquela determinada situação e não muda, acredita que o que ele vive seja o
melhor para ele naquele momento.
• Dificuldade de estabelecer prioridades
o É importante a gente entender que não dá para fazer tudo, então tem que definir o que é mais
importante naquele momento.
• Falta de confiança
o Porque paralisa a nossa capacidade decisória.
• Perfeccionismo
o Acha extremamente interessante porque os perfeccionistas apresentam uma grande dificuldade
de lidar com o tempo porque eles querem decisões e condições perfeitas, o que a gente já viu que
na maioria das vezes não acontece, então por ele nunca achar que aquilo está de fato bom, ele
evita esse processo decisório.
• Pressão do tempo
o A pressão do tempo, porque quando temos pressa tendemos a agir de forma impulsiva, então ele
pode ser um bloqueador ou um mal conselheiro nesse processo decisório.
o A ideia de falta de tempo pode instalar o caos, então queremos fazer em um dia tudo o que tivemos
uma vida inteira pra colocar em prática.
• Referenciais teóricos muito rígidos
o E por fim os referenciais teóricos muito rígidos, principalmente os referenciais culturais, porque eles
limitam a visão do decisor.

↪ Então o processo decisório é importante destacar que ele envolve, mais uma vez, o ser humano na sua totalidade,
então existem aspectos racionais e aspectos culturais, sociais, emocionais, religiosos, que fazem parte desse
processo decisório. Então hoje já existe a convicção de que ele não é 100% racional, existem diversos elementos que
interferem na percepção do problema, que é a partir daí que se dá o processo decisório, que limitam a decisão, o
processo decisório, e existem fatores que funcionam como bloqueadores das decisões. Então é preciso que
estejamos atentos e que entendamos que o processo decisório faz parte do processo de gestão.

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