Você está na página 1de 78

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ – CAMPUS DE CAICÓ


DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

ANDRÉIA DIAS DE MEDEIROS

ANÁLISE EM MULTI - ESCALAS DO USO E OCUPAÇÃO DA


TERRA NA MICROBACIA DO RIACHO DO MEIO (JARDIM DO
SERIDÓ-RN)

CAICÓ – RN
2014
ANDRÉIA DIAS DE MEDEIROS

ANÁLISE EM MULTI - ESCALAS DO USO E OCUPAÇÃO DA


TERRA NA MICROBACIA DO RIACHO DO MEIO (JARDIM DO
SERIDÓ-RN)

Monografia apresentada ao Curso de


Geografia da UFRN-CERES, como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do título
de Bacharel em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. Diógenes Félix da Silva


Costa

CAICÓ – RN
2014
Andréia Dias de Medeiros

A monografia Análise em multi escalas do uso e ocupação da Terra na Microbacia do


Riacho do Meio (Jardim Do Seridó-RN), apresentada por Andréia Dias de Medeiros, foi
________________________________ como requisito para obtenção do Grau de Bacharel em
Geografia.

Aprovada em:____/____/____

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________________
Prof. Dr. Diógenes Félix da Silva Costa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DGC-CERES-UFRN)
Presidente

_______________________________________________
Prof. Dr. Roberval Felippe Pereira de Lima
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DGC-CERES-UFRN)
Examinador interno

_____________________________________________
Prof. M.Sc. Franklin Roberto da Costa
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (DGE-PAU DOS FERROS-UERN)
Examinador externo

_______________________________________________
Profa. M.Sc. Bruno Azevedo Cavalcanti Tavares
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DGC-CERES-UFRN)
Suplente
RESUMO

No semiárido brasileiro, os reservatórios de água assumem uma elevada importância em


virtude da vulnerabilidade desta região a estiagem sazonal. Todavia, estes corpos d’água
necessitam de uma gestão integrada tanto a nível de bacia hidráulica quanto de toda a
bacia/microbacia hidrográfica. O objetivo deste trabalho foi realizar o mapeamento do
uso e cobertura da terra a partir de uma abordagem em multiescalas (reservatório) e de
microbacia (Riacho do Meio, Jardim do Seridó-RN), a partir do uso de geootecnologias.
Foi realizado o mapeamento das classes de uso e cobertura da terra em toda a
microbacia com o auxílio de ferramentas do programa ArcGIS 10.2 e uma imagem do
satélite ResourceSat-1. Verificou-se uma predominância da classe de Caatinga
Arbustiva (26,4%) na microbacia, juntamente com Caatinga Arbustiva Densa (24,6%),
Caatinga Arbustiva Aberta (22,8%), Caatinga Herbácea/Cultivo Temporário (14,4%),
Solo Exposto (8,7%) e Reservatórios (3,2%). A partir destes dados, realizou-se uma
análise comparativa do uso e cobertura da terra no entorno do reservatório principal,
verificando-se a classe Caatinga Arbustiva Aberta como predominante (36,7%),
juntamente com a Caatinga Herbácea/Cultivo Temporário (25,6%), a Caatinga
Arbustiva (18,2%), Solo Exposto (12,5%), Caatinga Arbustiva Densa (6,7%), e
pequenos reservatórios (0,3%). Portanto, evidenciou-se que mesmo não ocorrendo na
Microbacia um alto grau de uso e ocupação da terra, o entorno do principal reservatório
apresenta um preocupante percentual de ocupação pela Caatinga Arbustiva Aberta,
Caatinga Herbácea/Cultivo Temporário e Solo Exposto (74,8%), as quais representam
áreas degradadas que foram desmatadas em anos anteriores para a formação de pastos
e/ou cultivo temporário. Verificou-se a necessidade de implantar um plano de
gestão/recuperação de áreas degradadas a nível de microbacia, com ênfase na zona de
entorno do principal reservatório.

Palavras-chave: Semiárido, SIG, Microbacia, Desertificação.


ABSTRACT
In the Brazilian semiarid, water reservoirs are of high importance due to the
vulnerability of this region to seasonal drought. However these water bodies require an
integrated management of both the level of hydraulic basin as the whole watershed. The
aim of this study was to apply a strategy to use mapping and land cover from an
approach at the local level (reservoir) and watershed (Riacho do Meio, Jardim do Seridó
-RN). Mapping use classes and soil cover was conducted throughout the watershed with
the aid of tools with ArcGIS 10.2 software and a satellite image ResourceSat-1. There
was a predominance of class shrubby Caatinga (26.4%) in the watershed, along with
dense shrubby Caatinga (24.6%), shrubby Caatinga Open (22.8%), Caatinga
Herbaceous / Temporary Cultivation (14.4 %), Bare Soil (8.7%) and Reservoirs (3.2%).
From these data, it was performed a comparative analysis only the use and land cover in
the vicinity of the main reservoir, checking the shrubby Caatinga Open class as the
predominant (36.7%), along with the Caatinga Herbaceous / Temporary Cultivation
(25.6%), the shrubby Caatinga (18.2%), Bare Soil (12.5%), Dense shrubby Caatinga
(6.7%), and small reservoirs (0.3%). Therefore it became clear that did not occur in a
high degree of Watershed use and occupation of land, the surroundings of the main
reservoir presents a worrying percentage of occupation by shrubby Caatinga Open,
Caatinga Herbaceous / Temporary Cultivation and Soil Exposed (74.8%) , which
represent degraded areas that were deforested in previous years for the formation of
pastures and / or temporary cultivation. There was a need to develop a plan of
management / restoration of degraded the level of watershed areas, with emphasis on
the surrounding area of the main reservoir.

Keywords: Semiarid, GIS, Watershed, Desertification.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 01 - Esquema de uma Bacia Hidrográfica.......................................................14


FIGURA 02 - Mapa de localização da região semiárida brasileira.................................22
FIGURA 03 - Esquema de um geossistema....................................................................33
FIGURA 04 - Esquema de um Sistema de Informação Geográfica (SIG).....................41
FIGURA 05 - Mapa de localização da Microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó
- RN)................................................................................................................................48
FIGURA 06 - Perfil Altimétrico linear da microbacia do Riacho do Meio (Jardim do
Seridó -RN)......................................................................................................................52
FIGURA 07 - Perfil Altimétrico transversal da microbacia do Riacho do Meio (Jardim
do Seridó - RN)................................................................................................................53
FIGURA 08 - Mapa Altimétrico da microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó -
RN)..................................................................................................................................54
FIGURA 09 - Mapa Hipsométrico da microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó
- RN)................................................................................................................................55
FIGURA 10 - Mapa Hidrográfico da microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-
RN)..................................................................................................................................58
FIGURA 11 - Gráfico com as classes de Uso do Solo da microbacia do Riacho do Meio
(Jardim do Seridó - RN)..................................................................................................59
FIGURA 12 – Caatinga Arbustiva na microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-
RN)..................................................................................................................................60

FIGURA 13 - Caatinga Densa na microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-


RN....................................................................................................................................60
FIGURA 14 - Caatinga Arbustiva Aberta na microbacia do Riacho do Meio (Jardim do
Seridó-RN).......................................................................................................................61
FIGURA 15- Caatinga Herbácea/Cultivo Temporário na microbacia do Riacho do Meio
(Jardim do Seridó-RN)....................................................................................................61
FIGURA 16 - Solo Exposto na microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-
RN)..................................................................................................................................62
FIGURA 17- Reservatórios na microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-
RN)..................................................................................................................................62
FIGURA 18 - Mapa de Uso Solo da microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-
RN)..................................................................................................................................63
FIGURA 19- Mapa de Uso do Solo do açude Riacho do Meio (Jardim do Seridó -
RN)..................................................................................................................................65
FIGURA 20 - Gráfico com as classes de Uso do Solo do açude Riacho do Meio (Jardim
do Seridó – RN)...............................................................................................................66
FIGURA-21: Reservatório Riacho do Meio (Jardim do Seridó-RN)..............................68
FIGURA - 22: Solo exposto no entorno do reservatório Riacho do Meio (Jardim do
Seridó-RN).......................................................................................................................68
FIGURA - 23: Caatinga Herbácea/Cultivo Temporário no reservatório Riacho do Meio
(Jardim do Seridó-RN)....................................................................................................69
FIGURA - 24: Caatinga Arbustiva no entorno do reservatório Riacho do Meio (Jardim
do Seridó-RN).................................................................................................................69
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................8
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..........................................................................13
3.1 Estudos em Bacias hidrográficas......................................................................13
3.2 Bacia hidrográfica como unidade de análise e planejamento...........................15
3.3 Importância dos levantamentos de Uso do Solo...............................................17
3.4 Semiárido Brasileiro.........................................................................................20
3.5 Fragilidade da Caatinga....................................................................................24
3.6 Análise da Paisagem.........................................................................................26
3.7 Estudos Integrados da Paisagem.......................................................................28
3.8 Análise Geossistêmica aplicada a bacias hidrográficas....................................30
3.9 Ecodinâmica da Paisagem................................................................................35
3.10 Impactos Ambientais.........................................................................................37
3.11 Geoprocessamento............................................................................................39
3.12 Sistemas de Informações Geográficas – SIG....................................................40
3.13 Sensoriamento Remoto (SR)............................................................................43
7 OBJETIVOS.......................................................................................................46
7.1 Objetivo Geral...................................................................................................46
7.2 Objetivos Específicos.......................................................................................46
8 MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................47
8.1 Caracterização da área de estudo......................................................................47
8.2 Procedimentos metodológicos..........................................................................49
9 RESULTADOS E DISCUSSÕES.....................................................................51
10 REFERENCIAS...................................................................................................74
1 INTRODUÇÃO

A superfície terrestre vem passando por intensas modificações, tanto no âmbito


tecnológico, como também na sociedade e na economia. Porém, a evolução da
sociedade foi refletida de modo mais expressiva no meio ambiente, principalmente
através da extração de recursos naturais sem o devido manejo. Diante deste cenário de
degradação da natureza, surge então à preocupação com as futuras gerações, e buscam-
se alternativas para uso e preservação destes recursos por meio do planejamento
ambiental (SANTOS, op. cit).
Porém, ao se falar em preservação e conservação dos recursos naturais através
de estratégias de planejamento, verifica-se que apenas uma pequena parte da população
mundial está devidamente esclarecida sobre esta temática (BRASILEIRO, 2009).
Assim, faz-se necessário tomar decisões que busquem um melhor equilíbrio entre
sociedade e natureza.
De acordo com dados obtidos através do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (2006), os levantamentos de uso e cobertura do solo indicam a distribuição
geográfica dos tipos de uso ou classes que podem ser identificadas por meio de padrões
homogêneos da cobertura terrestre. Estes levantamentos são considerados importantes
ferramentas na construção de indicadores ambientais e para a avaliação da capacidade
de suporte ambiental, visto que proporcionam o conhecimento dos diferentes manejos
empregados e identificam alternativas que permitem o desenvolvimento sustentável
(SANTOS, op.cit).
Apesar da importância desta temática, sabe-se que ainda são insuficientes as
informações acerca dos diferentes sistemas naturais potencialmente instáveis, e em
especial do Semiárido brasileiro. Este território configura-se ainda como pouco
explorado do ponto de vista científico, e isto causa uma insatisfação intelectual em
grande parte dos pesquisadores dessa região (PEREIRA NETO, 2013).
Para Ab’Saber (2007), o semiárido das caatingas brasileiras é um dos mais
densamente povoados de todo o mundo, isto porque este bioma é coberto por um
conjunto de elementos naturais com características climáticas, ecológicas, pedológicas e
hidrológicas distintas.
Dentro deste contexto de degradação dos recursos naturais do semiárido,
principalmente através da ação antrópica no ambiente, encontram-se as bacias
hidrográficas. Estas se configuram como célula importante de análise e planejamento

8
territorial, sendo atualmente um dos principais motivos de preocupação da sociedade em
relação a sua preservação (SANTOS, op. cit).
A bacia hidrográfica, enquanto uma unidade de planejamento ambiental
apresenta características intrínsecas, como relevo, tipo de solo e geologia que, em
conjunto, convertem-se em um atributo denominado vulnerabilidade natural. Inserindo-
se nessa unidade a ação humana, ou seja, introduzindo-se fatores externos de ocorrência
não natural, é possível avaliar o nível de degradação que produzem. Surge, assim, a
possibilidade de aplicação de estudos de fragilidade ambiental em bacias hidrográficas,
constituindo-se numa importante ferramenta no planejamento ambiental estratégico
(GHEZZI, 2003).
Desse modo, o presente trabalho pretendeu realizar uma análise em multi-
escalas do uso e cobertura do solo na microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó -
RN). Será utilizada a proposta metodológica proposta por Potter et al. (2005), a qual foi
desenvolvida para analisar tanto ambientes em condição naturais e sob ação antrópica.
As avaliações são realizadas integrando os setores do estrato geográfico (solos,
relevo, rochas, clima, flora, fauna, etc.) que dão suporte à vida animal e humana. A idéia
central consiste em verificar os efeitos da intervenção humana ao longo do tempo sobre
os sistemas ambientais, relacionados com o desenvolvimento tecnológico, científico e
econômico das sociedades humanas. Para a se analisar os efeitos da intervenção humana
sobre os sistemas ambientais, é necessário o conhecimento das potencialidades dos
recursos naturais, que se relacionam com as condições gerais do solo, relevo, clima e
regime hídrico (ROSS, 2005).
Para alcançar atingir todos esses objetivos, foi realizada uma revisão
bibliográfica onde foram pesquisados livros, artigos, teses, dissertações entre outros
materiais acerca do assunto. Esta etapa inicial da pesquisa levou em torno de 06 meses,
seguida da delimitação cartográfica da área para a prática de campo. Posteriormente,
foram coletados os dados necessários para a análise e tabulação. Realizada todas estas
etapas, partiu-se para a escrita e discussão dos resultados obtidos, culminando com a
conclusão do trabalho.
Este trabalho encontra-se estruturado seguindo uma sequencia partindo da
introdução, em seguida uma breve justificativa do porque da escolha do tema desta
pesquisa. Em seguida, abordam-se as principais bases teóricas que norteiam este
trabalho, tais como, os principais conceitos e autores que abordam a bacia hidrográfica
como unidade de pesquisa, e também alguns outros tópicos referentes ao objeto de

9
estudo.
Depois do referencial teórico, a metodologia da pesquisa utilizada esclarece
como se procede uma análise em multi-escalas, da área total da Microbacia do Riacho
do Meio e do entorno do Açude Riacho do Meio (principal reservatório da microbacia)
para só assim se obter os resultados e discussões, foi através destes que se verificou a
atual situação da microbacia, onde se constatou que é preocupante o uso do solo na área
do entorno do reservatório. Assim, foram propostas medidas que venham a suprir a
necessidade das populações que residem neste local através do uso sustentável dessa
área. Por fim, conclui-se que o uso de ferramentas de geoprocessamento para a ánalise
do uso e ocupação do solo em microbacias mostrou-se eficaz para a exequibilidade
desta pesquisa.
Espera-se que esta pesquisa tenha alcançado todos os objetivos através da
análise do padrão de uso e ocupação do solo na microbacia do Riacho do Meio (Jardim
do Seridó-RN). Pretende-se que os resultados possam subsidiar ações de planejamento
em escala municipal, além servir de material consultivo para elaboração de trabalhos
mais especializados na área analisada.

10
2 JUSTIFICATIVA

De acordo com Guerra (1999), o conceito de bacia está fortemente relacionado


aos projetos de planejamento e conservação ambiental. Assim, é de suma importância
uma análise dos aspectos físicos de uma bacia hidrográfica, já que estes dados são
indispensáveis para a análise desta unidade. Porém, não deve esquecer-se de investigar a
maneira como foi conduzida a ocupação da área, em que diante destes parâmetros torna-
se possível buscar os fatores que marcam o comportamento da bacia, sua fragilidade e o
grau de degradação em que se encontra o ambiente, assim como possíveis medidas para
a prevenção da degradação, ou correções a serem efetuadas, com o objetivo de
reconstituir o ambiente.
Para a identificação das classes de uso e ocupação do solo de uma bacia é
preciso que se avaliem inicialmente os aspectos físicos relacionados ao ambiente de
estudo. Este procedimento se dá através de análises isoladas de indicadores, para que se
obtenha um cruzamento dos aspectos e se verifique a intensidade com que este ambiente
possa ser explorado sem prejudicar sua dinâmica e seu equilíbrio, levando em
consideração as limitações a ele impostas através das componentes naturais e antrópicas
(SANTOS, op. Cit).
O semiárido das caatingas brasileiras é um dos mais ricos e diversificados entre
os domínios morfoclimáticos, isto porque este bioma é coberto por um conjunto de
elementos naturais com características climáticas, ecológicas, pedológicas e
hidrológicas distintas (AB’SABER, 2007). Porém, o mesmo ainda é pouco explorado
do ponto de vista científico, indagando pesquisadores desta região a desenvolver
pesquisas cientifica nesta área.
A microbacia do Riacho do Meio, no município de Jardim do Seridó-RN, vem
passando por um uso intensivo de atividades antrópicas relacionadas principalmente à
agricultura (cultivo de algodão), o que interfere diretamente na sua dinâmica natural.
Este fato ocasiona desequilíbrios ambientais, desencadeando processos de degradação
dos solos e águas entre outros fatores. Estes processos acabam por intervir direta ou
indiretamente nas questões econômicas e sociais das populações locais.
Assim, justifica-se o presente trabalho pelo fato de o estudo do uso e ocupação
do solo fornecer ferramentas que indicam possibilidades de utilização do solo, de forma
que venha a suprir as necessidades das populações locais para práticas sustentáveis,
evitando a degradação do ambiente.

11
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

As referências bibliográficas comentadas a seguir têm a intenção de tornar


nítidas as bases conceituais e teóricas que estruturam esta pesquisa, enfatizando a
importância dos estudos ambientais em bacias hidrográficas, os fundamentos de análise
do uso e ocupação do solo, bem como os elementos básicos para o seu reconhecimento.
A partir desta fundamentação teórica, os resultados alcançados na pesquisa
sobre análise do uso e ocupação do solo da microbacia do Riacho do Meio (Jardim do
Seridó), somaram-se as referências bibliográficas existentes no sentido de contribuir
para a elucidação das questões referentes ao estudo de bacias hidrográficas, sob o
prisma da análise ambiental, e tendo como objetivo a análise da referida microbacia.

3.1 Estudos em Bacias hidrográficas

Para fundamentar os estudos de análise do uso e ocupação do solo aplicado a


microbacias, é necessário identificar a bacia hidrográfica como sendo uma “unidade
natural de análises da superfície terrestre, que possibilita visualizar mudanças antrópicas
e naturais, sendo possível reconhecer e analisar as inter-relações existentes entre os
diversos elementos da paisagem e os processos que atuam na sua modelagem
(GUERRA, 1999).
Para Christofoletti (1980), a bacia hidrográfica pode ser mais bem definida,
como um conjunto de terras drenadas por um rio e seus tributários, circunscritas e
delimitadas por divisores de água, onde as águas das chuvas, ou escoam
superficialmente pelas vertentes abaixo formando os rios e riachos, ou infiltram no solo
para formação de nascentes e do lençol freático (Figura 01).
As bacias hidrográficas são instrumentos de análise que desencadeiam um
grande interesse por parte dos cientistas, já que as mesmas são ricas em informações.
Dentro desta unidade, podem ser observados diversos aspectos indicadores, como sua
forma, grau de conservação e possibilidades de sua exploração pelo homem, tornando-a
um excelente objeto para desenvolver projetos relacionados ao planejamento ambiental
(GHEZZI, 2003).

12
FIGURA-01: Esquema de uma bacia hidrográfica.
Fonte: TUNDISI et al. (2008).

Nesse contexto, à análise e estudo das bacias hidrográficas dentro da


Geografia, têm por finalidade atender as relações das sociedades humanas de um
determinado território (espaço físico) com o meio natural (recurso à sobrevivência
humana). (GUERRA; CUNHA, 1998).
Diante deste cenário, torna-se evidente a importância dos sistemas fluviais, já
que estes servem para subsidiar as mais diversas necessidades humanas, tais como:
abastecimento, lazer, irrigação, produção de alimentos, entre outros. Porém, são
crescentes os índices de degradação próximos as nascentes d’água, de modo que este
fato vem desencadeando certa preocupação proveniente da necessidade da gestão e
planejamento, que venham a minimizar os possíveis impactos ambientais (PEREIRA
NETO, 2013).

13
Dentro desta questão de preservação e manutenção dos recursos hídricos, a
Geografia traz sua contribuição ao estudo desenvolvido sobre o meio ambiente,
mediante pesquisas que se realizam sobre o prisma da análise integrada, considerando a
ação antrópica sobre o ambiente natural, sendo que esta abordagem é importante no
diagnóstico para formulação dos planos de bacias (SANTOS, 2005).
No semiárido brasileiro, esta preocupação com a gestão dos recursos hídricos
está ligada ao drama de quem ainda sofre com a falta ou escassez do valioso recurso
hídrico. Porém, um outro fator preocupante é a desorganização dos centros urbanos
desta região que sofrem com problemas de poluição, risco de alagamentos e/ou
deslizamentos às margens de seus principais rios, que são provenientes e/ou
intensificados com a falta de gestão e planejamento urbano e ambiental (PEREIRA
NETO, 2013).
As bacias hidrográficas possuem expressividade espacial, constituindo sistemas
ambientais complexos em sua estrutura, funcionamento e evolução. As bacias de
drenagem são unidades fundamentais para mensuração dos indicadores
geomorfológicos, para a análise da sustentabilidade ambiental baseada nas
características do geossistema e do elemento socioeconômico (CHISTOFOLLETTI,
1999).

3.2 Bacia hidrográfica como unidade de análise e planejamento

A bacia hidrográfica é utilizada como unidade territorial de análise,


planejamento e gerenciamento mais eficaz para caracterizar os recursos hídricos,
minimizar os impactos e recuperar os transtornos ambientais, tais como poluição de
afluentes de rio ou diminuição da mata ciliar (SANTOS, 2004). As análises são
geralmente efetuadas em unidades denominadas de bacias hidrográficas ou de
drenagem, caracterizando uma parte da drenagem de um determinado local (GUERRA,
1999).
Dentro deste contexto, Santos (2004) afirma que a bacia hidrográfica se
constitui um sistema bem delimitado geograficamente, onde interagem a dimensão
sócio-político-econômica da sociedade e a dimensão ambiental, nas quais estão
presentes os recursos naturais bem como as trocas (input e output) entre estes sistemas.

14
Para Guerra (2003), a década de 1990 foi marcada pelo aumento da produção
científica na área ambiental, principalmente relacionada ao uso e qualidade da água.
Desse modo, a sociedade passou a ter conscientização sobre a importância dos recursos
hídricos, e com isto criou-se um maior interesse no desenvolvimento de pesquisas neste
âmbito, onde foram criadas leis, em âmbito federal, estadual e municipal, para que fosse
realizada a regulamentação do uso destes recursos hídricos.
Segundo Novaes et al. (2000), a concepção de bacia hidrográfica como unidade
de análise, planejamento e gerenciamento se consolidou a partir da Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro,
em 1992. As discussões nesta Conferência resultaram na aprovação da Agenda 21,
documento que consagra os mais elevados princípios de defesa da biodiversidade e dos
recursos naturais da Terra. Porém, mesmo antes dessa conferência, já havia alguns
autores que consideravam a bacia hidrográfica como unidade de análise e produziam
estudos dirigidos a esta temática, dentre eles, Christofoletti (1980) na qual afirma que
“os estudos relacionados com as drenagens fluviais sempre possuíram função relevante
e que a análise da rede hidrográfica pode levar à elucidação de numerosas questões
geomorfológicas, pois os cursos d’água constituem processo morfogenético dos mais
ativos na esculturação da paisagem terrestre”.(RECUO)
De acordo com Botelho (2011), os estudos que utilizam a bacia hidrográfica
como unidade de análise e planejamento ambiental, têm crescido nos últimos anos. Pois
nela é possível se avaliar de forma integrada as ações humanas sobre o ambiente e seus
desdobramentos sobre o equilíbrio hidrológico, representado pela bacia de drenagem
(GUERRA, 2004).
Para Santos (2004), no planejamento, a tomada de decisões mostra-se como
fator de suma importância, e esta deve ser baseada em análise sócio-ambiental das áreas
de estudo, para assim se poder identificar e apresentar o uso mais adequado dos recursos
naturais. Para o planejamento de uma bacia hidrográfica, muito além dos usos dos seus
recursos hídricos, analisa-se e planeja-se seu potencial hidrológico, geológico, florístico,
turístico, de conservação e de produção, ou seja, todo conjunto potencial que a bacia
oferece bem como suas fragilidades normalmente advindas dos danos acorridos pelas
ações antrópicas a partir dos usos desordenados do solo (PADILHA, 2008).
O planejamento ambiental em bacias hidrográficas pode mitigar ou mesmo
evitar a ocorrência de impactos ambientais decorrentes da ação antrópica
indiscriminada, podendo orientar para que não haja ocupação humana em áreas

15
destinadas à preservação ambiental, isto pode ajudar bastante no processo de
conservação dos recursos naturais (GUERRA, 1999).
Dessa maneira, a bacia hidrográfica torna-se a unidade ideal para se efetuar
trabalhos de planejamento de um modo geral, fornecendo subsídios para que sejam
efetuados diversos estudos que se tornem necessários, como por exemplo, o estudo da
fragilidade ambiental (GHEZZI, 2003).

3.3 Importância dos levantamentos de Uso do Solo

Os estudos de uso e ocupação do solo consistem em buscar conhecimento de


toda a sua utilização por parte do homem ou pela caracterização dos tipos e categorias
de vegetação natural que reveste o solo. As formas de uso e ocupação do solo derivam
das atividades socioeconômicas, estas que são responsáveis pelo desenvolvimento do
sistema técnico-científico e pelas relações estabelecidas entre sociedade e natureza,
além de denunciar o grau de conservação, preservação e degradação dos recursos
naturais em relação aos processos produtivos (SANTOS, 2004).
O uso do solo pode ser entendido como a forma pela qual o espaço esta sendo
ocupado pelo homem. O levantamento do uso do solo é de grande importância, na
medida em que os efeitos do uso inadequado causam deterioração no ambiente. Os
processos de erosão intensos, as inundações, os assoreamentos desenfreados de
reservatórios e cursos d'água são conseqüências do mau uso deste solo (FERREIRA et
al., 2005).
Os levantamentos relacionados aos usos e cobertura do solo se tornam
fundamentais para realização de inventários sobre flora e fauna de regiões
desconhecidas e, suas potencialidades e fragilidades, dos quais podem ser obtidos a
partir da interpretação das imagens aéreas ou orbitais da região e a correlação dos
resultados delas obtidas (SEBUSIANI; BETTINE, 2011).
De acordo com Leite (2013), para o tratamento dos processos de alteração do
meio ambiente em função da atividade antrópica, é importante que se tenha claro as
definições dos termos “uso da terra” e “uso do solo”, que têm sido utilizados de forma
generalizada para indicar as diferentes formas de ocupação agrícola e não agrícola das
terras. Lepsch et al. (1991) salientam que o conceito de “solo” é mais restrito, sendo
considerado como um conjunto de corpos tridimensionais na superfície terrestre,

16
contendo matéria viva com capacidade de suportar plantas. Já a palavra “terra”, é mais
abrangente, pois inclui em seu significado o solo e os vários atributos de uma área,
como o substrato geológico, a hidrologia e os resultados da atividade antrópica.
No Brasil há uma grande diversidade em relação a sua ocupação territorial, tais
como, agricultura, pastagens, reflorestamentos, vegetação natural, urbanização,
mineração entre outras, sendo que cada uma delas apresentam características e dinâmica
espaço-temporal específicas (RODRIGUES et al., 2009). Em várias regiões do país, o
crescimento de áreas urbanas e agrícolas tem ocorrido de modo indiscriminado. Assim,
Guerra (2011) diz que devido este acelerado crescimento urbano, a terra vêm sendo
utilizada de forma inadequada, e isso tem contribuído significativamente para a
degradação dos solos, afetando tanto áreas com cobertura vegetal nativa e intocada,
como áreas agrícolas.
Esse crescimento inadequado e não planejado do uso do solo tem influenciado
diretamente a qualidade e disponibilidade dos recursos hídricos locais, que vêm
acarretando diversos problemas ao meio ambiente, como aumento da produção de
sedimentos, assoreamentos de reservatórios, aumento de áreas de inundação, e poluição
dos corpos hídricos (RODRIGUES et al., 2009). Assim, torna-se fundamental os
levantamentos de uso do solo em corpos hídricos, já que estes estudos mostram-se como
uma importante ferramenta de trabalho para o planejamento territorial e ambiental,
independente de região do país (LEITE, 2013).
Segundo Azevedo e Mangabeira (2001), o processo de levantamento e
caracterização do uso das terras, podem ser realizados através da utilização de imagens
de satélites e outros recursos de sensoriamento remoto, já que para o monitoramento,
ordenamento e zoneamento territorial, é necessário identificar, qualificar, quantificar,
analisar, avaliar e caracterizar as diversas variáveis relacionadas ao uso das terras.
Assim com as informações espaciais disponíveis em um banco de dados espacial, é
possível o planejamento dos recursos naturais, considerando as exigências e restrições
inerentes a cada caso e apresentando o resultado em qualquer escala (VIEIRA, 2002).
Ao tratar de bacias hidrográficas, há uma complexidade em relação aos fatores
atuantes nesta unidade de planejamento, pois a mesma exige um instrumento
computacional que seja capaz de realizar de maneira eficiente, rápida e fácil todo o
serviço relacionado ao manuseio dessas informações. Para suprir tais necessidades, faz-
se uso de produtos chamados de SIG- Sistemas de Informações Geográficas. Os SIGs
operam como ferramentas computacionais criadas especificadamente para manusear

17
informações georreferenciadas, sendo capazes de associar às funções de um Banco de
Dados a visualização espacial em forma de mapas (PAIVA et al., 2003).
Assim, é cada vez mais comum nos estudos envolvendo bacias hidrográficas a
utilização de geotecnologias, por facilitarem o monitoramento da ocupação e manejo
inadequados de solos. O uso de ferramentas computacionais possibilita, dentre outras
tarefas, fazer o cruzamento e análise de todo um conjunto de variáveis, envolvendo
desde as características físicas da área, como também a dinâmica relacionada à ação
antrópica. Para que as administrações municipais possam atender às novas demandas
criadas, é essencial um incremento na eficiência, através do uso de métodos de análise
espacial baseados em técnicas de Sensoriamento Remoto e Sistemas de Informação
Geográfica – SIG (JAIN; DAS, 2009).
O uso das geotecnologias tem sido ferramenta de grande avanço no intuito de
se determinar e caracterizar o uso do solo. A utilização e sensoriamento remoto com
auxílio de sistema de informação geográfica possibilita determinar o uso ocupação do
solo de maneira rápida e econômica, permitindo assim, explorar de forma organizada os
recursos, sejam eles naturais ou não (SILVA; FERNANDES; OLIVEIRA, 2007).
Com relação a análise do uso e cobertura do solo, Rodrigues et al. (2009)
destacam que as informações obtidas pelo sensoriamento remoto são é de grande
utilidade ao planejamento e administração da ocupação ordenada e racional do meio
físico, além de possibilitar avaliar e monitorar a preservação de áreas de vegetação
natural. Segundo os autores, o sensoriamento remoto é uma ferramenta de grande valia
para auxiliar o homem na caracterização do meio físico, biótico e de áreas submetidas
ao processo de antropismo.
Desse modo, entende-se que a manutenção do equilíbrio ambiental e o
desenvolvimento socioeconômico coerente e racional, quanto à exploração dos recursos
naturais, tem como ponto fundamental o conhecimento e controle das transformações
que decorrem do uso da terra. Isso pode ocorrer através de um planejamento de
ocupação das terras que, segundo Santos, (2004), tem como função, direcionar as
decisões de tal modo que haja um maior aproveitamento pelo homem, sem que ocorra
significativa degradação ambiental.

18
3.4 Semiárido Brasileiro

A região semiárida do Brasil é constituída por uma área de 969.589,4 Km²,


significando que uma décima parte do território brasileiro é coberto pelas caatingas,
abrangendo, praticamente, toda a área dos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte;
quase todo o sudeste do estado do Piauí; a maior parte do este dos estados da Paraíba, de
Pernambuco, das Alagoas e de Sergipe; a maior parte de todo o interior da Bahia e até
mesmo uma apreciável porção do extremo norte do estado de Minas Gerais, e apresenta-
se como o mais populoso do planeta (MALVEZZI, 2007) (Figura 02). Esta região vem
demonstrando que, ao invés de ter uma paisagem monótona e pouco diversificada, é
extremamente rica em diversidade, tanto do ponto de vista de seus recursos naturais
como da sua dinâmica social (SÁ et al., 2004).
Essas regiões semiáridas são caracterizadas, de modo geral, pela aridez do
clima, prevalecendo o BSh de Köppen, ou seja, o semiárido muito quente com
temperatura média anual variando de 24 a 26ºC (VARELA-FREIRE, 2000), sendo
marcada pela deficiência hídrica com imprevisibilidade das precipitações
pluviométricas numa média de 750mm/ano (MALVEZZI, 2007; SILVA; TABARELLI,
2004) e umidade relativa do ar média em torno de 50% (MOURA; SCHLINDWEIN,
2009); com subsolo constituído por 70% de rochas cristalinas; com compartimentação
geomorfológica formada por solos rasos, com predomínio de rochas cristalinas; e
presença de solos pobres não só em matéria orgânica como também em relação aos
aspectos físicos e geoquímicos (solos parcialmente salinos, solos carbonáticos) e
ausência de rios perenes, sobretudo no que se refere às drenagens autóctones. O
prolongado período seco anual eleva a temperatura local caracterizando a aridez sazonal
(MOURA; SCHLINDWEIN, 2009).
O bioma Caatinga o principal ecossistema existente nesta região (VARELA-
FREIRE, 2000), corresponde a 10% do território nacional, é caracterizado como
formações xerófilas, lenhosas, deciduais, em geral espinhosas, com presença de plantas
suculentas e afilas, variando do padrão arbóreo arbustivo e com extrato herbáceo
estacional, estendendo-se de 2º54’ a 17º21’S, cobrindo aproximadamente 800.000km²
do Nordeste brasileiro (SILVA; TABARELLI, 2004), com considerável número de
espécies endêmicas, não podendo ser considerada como pobre em diversidade
(CASTELLETTI et al., 2004).

19
A área de domínio do semi-árido brasileiro, também conhecida como a grande
região seca dos sertões nordestinos, é, segundo Ab’Sáber (2007), a mais homogênea
delas do ponto de vista fisiográfico, ecológico e social. O semiárido brasileiro é o maior
do mundo em termos de extensão e de densidade demográfica, sendo assim uma das
regiões semiáridas mais povoadas entre todas as terras secas existentes nos trópicos ou
entre os trópicos.

FIGURA 02: Mapa de localização da região semiárida brasileira


Fonte: IBGE (2012).

20
São diversos os fatos que respondem pela originalidade fisiográfica, ecológica
e social dos sertões secos, região paradoxal em relação aos demais tipos de espaços
geográficos do mundo subdesenvolvido. O grau de diferenciação de seus espaços
econômicos e sociais é inegavelmente baixo. Por outro lado, é uma região sob
intervenção, onde o planejamento estatal define projetos e incentivos econômicos de
alcance desigual, mediante programas incompletos e desintegrados de desenvolvimento
regional intra e interregionais, e uma rede de açudes, com diferentes possibilidades de
fornecimento de água para áreas irrigáveis de planícies de inundação (AB’SABER,
2007).
Souza et al. (2001) destacam que o semiárido brasileiro apresenta
características peculiares em relação a outras regiões do país, tais como: variabilidade
interanual da precipitação, devido à influência de fenômenos de grande escala
resultantes da interação entre a atmosfera e os oceanos tropicais; concentração de
precipitação em períodos de 2 a 5 meses, com alto grau de variabilidade espacial e
temporal em suas meso-regiões; peculiaridades geológicas do semiárido, com áreas
extensas com recobrimento do cristalino, às vezes aflorando à superfície; em que os
solos possuem baixa capacidade de armazenamento de água e entre outros aspectos.
Devido esses e alguns outros fatores, esta região vem sofrendo o processo de
desertificação que, segundo a Convenção das Nações Unidas de Combate à
Desertificação (CCD), consiste na “degradação de terras nas regiões semiáridas e sub-
úmidas secas, resultantes de atividades humanas e variações climáticas”. As causas
deste processo de desertificação do semiárido brasileiro, além de estarem relacionadas
às condições climáticas desfavoráveis e a sua localização sob o clima tropical com
baixos valores pluviométricos, estão associadas ao uso inadequado dos recursos naturais
(desmatamento) e as práticas inapropriadas do uso do solo (sobrepastoreio e cultivo
excessivo), que causam perda da cobertura vegetal nativa (PINTO et al, 2009).
Desse modo, Brasileiro (2009) diz que o bioma caatinga vem despertando cada
vez mais o interesse, principalmente, de pesquisadores e cientistas que trabalham com
áreas em processo de desertificação, pois observa-se uma tendência à expansão de áreas
desérticas. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2003), as áreas mais críticas estão
localizadas no sertão nordestino, e são identificadas como os núcleos de desertificação
de Irauçuba (CE), Cabrobó (PE), Seridó (RN) e Gilbués (PI), totalizando
aproximadamente 19 mil km².

21
3.5 Fragilidade da Caatinga

A distribuição da vegetação de Caatinga no Nordeste do Brasil é


profundamente influenciada pelo forte gradiente climático, que vai da úmida costa leste
até o vasto sertão semiárido. A cobertura vegetal do bioma é representada por
formações xerófilas que são muito diversificadas por razões climáticas, edáficas,
topográficas, e antrópicas. Ao lado destas formações vegetais dominantes, ocorrem
também às florestas dos relevos (florestas perenifólias e sub-perenifólias dos brejos de
altitude e encostas expostas aos fluxos úmidos de ar e de florestas semidecíduas) e as
florestas ripárias e os cerrados e também definiu para o Estado de Pernambuco quatro
zonas fitogeográficas que certamente são válidas para os estados vizinhos de Alagoas,
Paraíba e Rio Grande do Norte (ANDRADE-LIMA, 1981).
A zona da caatinga (ou domínio das caatingas) corresponde à formação xérica
predominante no interior semiárido e que se aproxima do litoral nos estados do Rio
Grande do Norte e Ceará. Dentre as dificuldades encontradas na classificação das
caatingas, a maior delas é a impossibilidade de enquadrá-las em um único tipo
fisionômico, resultando da interação de um conjunto de fatores locais associados ao
clima, relevo, geologia e geomorfologia (SAMPAIO et al., 1996).
Este bioma pode ser considerado como um patrimônio biológico da região
nordestina, já que a mesma não é encontrada em nenhum outro lugar do mundo além do
Nordeste do Brasil. Essa posição única entre os biomas brasileiros não foi suficiente
para garantir à Caatinga o destaque que merece. Pois contrariamente a isso, o que vem
acontecendo é que a Caatinga tem sido colocada em segundo plano quando se discutem
políticas públicas relacionadas para o estudo e a conservação da biodiversidade do país
(CASTELLETTI et al., 2004).
Como a biodiversidade dessa vegetação era pouco conhecida há algum tempo
atrás, criaram-se alguns mitos em relação aos seus aspectos; um deles era dizer que era
uma vegetação homogênea, outros diziam que sua biota era pobre em espécies e em
endemismos, e que a mesma ainda encontrava-se pouco alterada. Porém, hoje pode se
dizer que esses mitos estão superados, pois a Caatinga não é homogênea; é sim
extremamente heterogênea e inclui pelo menos uma centena de diferentes tipos de
paisagens únicas (ALVES, 2007).
Segundo Varela-Freire (2000), a biota da Caatinga não é pobre em espécies e
em endemismos, pois, apesar de ser a área brasileira com menor número de estudos

22
científicos, é mais diversa que qualquer outro bioma no mundo. Os dados mais atuais
indicam uma grande riqueza de ambientes e espécies, com 932 tipos de plantas,148
mamíferos e 510 aves, sendo muitas delas exclusivas do bioma. Desse modo, o autor
afirma que a Caatinga não é pouco alterada, pois está entre os biomas brasileiros mais
degradados pelo homem.
Para Alves et al. (2009), a caatinga apresenta uma imensa diversidade de
espécies e um acentuado grau de endemismo, mas ainda precisa ser estudada com um
maior vigor para suprir as carências de informações atualizadas sobre esse bioma.
Assim, é notório que a falta de dados atualizados e estudos contínuos vem prejudicando
o desenvolvimento da conservação ambiental da mesma.
Segundo Araújo et al. (2005), a urgência em definir uma política para
conservação da biodiversidade da Caatinga fica compreensível quando se considera que
no bioma, há cerca de 40 unidades de conservação, correspondentes a 7,1% da
superfície total, porém, apenas cerca de 1,21 % desse total são unidades de proteção
integral e cerca de 70% da caatinga já foi alterada por ações antrópicas. Visto isso, a
grande variedade de espécies desse bioma está sendo ameaçada e algumas ainda estão
sendo registradas, mostrando como a precariedade de estudos realizados é grande nesse
ecossistema (ALVES, 2009).
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2003), não é uma ação
simples a tentativa de promover a conservação da biodiversidade da Caatinga, pois são
diversos os obstáculos encontrados para que se realize esta ação. Um deles é a falta de
um sistema regional eficiente de áreas protegidas, já que este é o único bioma brasileiro
com tão poucas unidades de conservação de proteção integral relacionado à Caatinga.
Outro obstáculo relacionado a esta temática é a falta de inclusão do componente
ambiental nos planos regionais de desenvolvimento.

3.6 Análise da Paisagem

O conceito de paisagem tem sua origem e desenvolvimento entrelaçados com a


construção de teorias e métodos de pesquisa centrados em inúmeras perspectivas de
análise. Ao longo do tempo, a paisagem adquiriu vários significados, uma vez que os
conceitos e métodos se diversificavam e os estudos passavam da abordagem restrita à
análise dos componentes biofísicos para a perspectiva que se preocupa, no contexto das
abordagens analítico integradas, com o complexo de interações entre os elementos

23
naturais e humanos. No campo das ciências geográficas, a paisagem sempre ocupou um
lugar de destaque, apresentando-se como um importante instrumento de análise e
interpretação da realidade (OLIVEIRA; SOUZA, 2012).
Tendo em vista que as concepções de paisagem vinculam-se a pensamentos
associados ao cenário histórico e cultural de diversas épocas e lugares e dada a
ressignificação do seu conceito ao longo da história do pensamento geográfico, pode-se
afirmar que a discussão sobre a categoria paisagem assume importância no
entendimento da institucionalização da Geografia como ciência (OLIVEIRA; SOUZA,
2012).
Historicamente, é no século XIX, com a escola germânica, que há o surgimento
das primeiras ideias e definições acerca da paisagem. É com os trabalhos de naturalistas
alemães que se estabelecem as formulações do conceito de paisagem como significado
científico. Alexander Von Humboldt destaca-se como um dos precursores no
desenvolvimento de uma noção do conceito de paisagem, apresentando de forma
coerente uma abordagem descritiva e morfológica da estrutura da superfície terrestre,
com ênfase nas relações entre elementos físicos e na fisionomia e funcionalidade da
natureza.
Segundo Vitte (2008, p. 55), a temática relativa ao conceito de paisagem e seu
tratamento na Geografia, acumula ao longo dos tempos uma série de polêmicas
envolvendo uma enorme diversidade de conteúdos e significados. Para o autor, esta
elasticidade demonstra, na realidade, complexificação do conceito, em função de como
o mesmo foi tratado pelas várias correntes na Geografia, moldadas cada qual em um
determinado contexto histórico e cultural. Nos estudos ambientais em geografia ainda se
evoca a característica descritiva e análise fracionada. A paisagem, nesta perspectiva, é
vista como objeto de uma realidade independente dos olhares e percepções dos sujeitos.
Para Bertrand (2004), com a introdução de um panorama subjetivo, a paisagem
se torna um objeto socializado, uma imagem, que só existe através do fenômeno
fisiológico da percepção e de uma interpretação sociopsicológica [...] nem por isso
deixa de ser uma estrutura natural, concreta e objetiva, isto é, independente do
observador. A partir desta consideração percebe-se um dos motivos para uma recorrente
exclusão da paisagem nos estudos ambientais contemporâneos. Este conceito está
repleto de tensões e desconfortos proporcionados pelas conexões entre noções
aparentemente antagônicas e contraditórias, tais como; objetividade–subjetividade,
natureza-cultura e parte-todo.

24
Neste trabalho, seguiu-se o entendimento de que a paisagem é estrutura e
sistema a um só tempo (BERTRAND, 2004). Estrutura devido a sua materialidade
adaptada na dialética sociedade-natureza. Sistema, pois, é uma tradução das
coexistências de processos naturais e sociais. Os sistemas de produções econômicos
estão esteticamente registrados na paisagem. Afinal, a paisagem é sempre uma herança
(AB’SABER, 2003). É um legado dos processos fisiográficos e biológicos e dos
processos históricos de produção societária. A paisagem é ordem e desordem
convivendo dialogicamente. É a natureza na dimensão social e a sociedade numa
dinâmica natural. A paisagem está “inserida em uma rede coerente de significantes
sociais” (BERTRAND, 2004).
Ela não é e não pode ser considerada como um registro neutro dos fenômenos
naturais. A paisagem não é apenas aparência. Nela estão incutidos, olhares penetrados
de diversos valores sociais, sejam estes econômicos, estéticos, religiosos, morais, ou
seja, a paisagem é um produto social. Mas não se pode esquecer que mesmo as
paisagens mais artificializadas permanecem sempre dominadas por mecanismos
naturais: energia solar, fotossíntese que elabora a matéria viva, ciclos biogeoquímicos,
energia gravitacional, etc. Não há paisagem sem dimensão ecológica (BERTRAND,
2004).
Nos estudos ambientais, a paisagem pode ser vista como objeto, mas não
apenas como tal. E o distanciamento desta visão centralizadora objetiva pode ser obtido
considerado no tempo das análises paisagísticas: é o tempo do sociocultural, das
múltiplas temporalidades das representações e dos símbolos nas dimensões identitárias.
A conexão da paisagem com os outros dois conceitos supracitados possibilitam uma
visão transversal, em multiescalas temporais e espaciais de um determinado fenômeno
considerado ambiental (BERTRAND, op. cit.).

3.7 Estudos Integrados da Paisagem

Os estudos integrados da paisagem surgiram por meio da unificação das


ciências da terra em busca de uma percepção holística do meio. Têm como objetivo a
análise dos elementos componentes da natureza de forma integrada, por meio de suas
interconexões. Até a metade do século passado, os estudos ambientais davam-se de
forma setorizada, minimizando a tendência de unificação, integração e

25
interdisciplinaridade tão aspirada pelos naturalistas do século XIX (NASCIMENTO et
al., 2001).
De modo geral, durante toda a década de 1970, os trabalhos de Geografia
Física eram feitos de forma separada, individualizada. A partir do uso dos geossistemas,
foi possível a síntese e os estudos integrados. A Organização das Nações Unidas (ONU)
lançou a expressão “estudos integrados” ao fim desta mesma década. Esses estudos
integrados só são possíveis com aplicação de trabalhos multidisciplinares e através de
algumas estratégias; uma delas é exploração sistemática (NASCIMENTO; SAMPAIO,
2005).
No Brasil esta perspectiva pioneiramente materializou-se com a publicação do
RADAMBRASIL (1981), com o início de seus trabalhos na Amazônia nos anos 70. A
Geografia Física, à luz deste momento, deu um grande passo qualitativo, otimizando
mais sua abordagem e ganhando campo dentro das outras áreas das ciências da terra, de
forma correlacionada. Contribuições a esta questão deram-se com Ab’Saber, Carlos A.
F. Monteiro, Francisco Mendonça, Marcos José Nogueira de Souza, Jurandyr L. S.
Ross, entre muitos outros geógrafos (NASCIMENTO; SAMPAIO, 2005).
Os estudos setorizados permitem um certo reconhecimento da realidade
ambiental, mas tal conhecimento constitui-se de forma incompleta e imparcial,
dificultando, e mesmo impossibilitando, o reconhecimento do ambiente e de seus
recursos naturais de um dado território em seu conjunto. Todavia, destaque-se a
perspectiva da análise geoambiental integrada, que corresponde a atualizações da
análise geossistêmica, pois não confronta com os estudos produzidos setorialmente
pelas ciências naturais. Pelo contrário, a proposta é de incorporação dos conhecimentos
setoriais de ordem geológica, climatológica, hidrológica, pedológica, fitoecológica e
geomorfológica e socioeconômica (SOUZA, 2000).
Para Nascimento (2005), a natureza, em primeiro passo, deve ser entendida de
forma interdependente em relação aos elementos do potencial ecológico em que o fator
biológico seja bastante considerado. A partir daí, procedem-se os estudos das análises e
dos mapeamentos previamente executados, possibilitando a síntese e as correlações
demandadas. As barreiras formais entre os temas e áreas científicas devem ser
derrubadas, descartando justaposição de dados e redundâncias. Para isto, deve-se buscar
a síntese sucessivamente de acordo com as relações causais e de efeito entre os
elementos do sistema analisado, ou seja, a análise deve ser sintética através das relações
mútuas entre os componentes geoambientais no conjunto do sistema (SOUZA, 2000).

26
Dentro desse contexto, a busca do entendimento dos fenômenos
socioambientais como um conjunto indissociável é fundamental para análise integrada
ou geoambiental. Isto demanda, por sua vez, métodos e técnicas que proporcionem esta
visão integrada dos elementos do meio ambiente, possibilitando o aproveitamento
sustentável dos recursos naturais. Desta forma, a Geografia Física coloca-se como
indispensável nos estudos integrados, destacando o potencial ecológico e a exploração
biológica, incluindo-se as atividades sociais (ALBURQUEQUE, 2013).
De acordo com Nascimento (2005), para se obter uma análise geoambiental são
necessários alguns requisitos básicos, tais como: promover diagnóstico integrado dos
componentes geoambientais e os processos desenvolvidos no meio natural; executar
trabalhos de sensoriamento remoto para produção geocartográfica; levantar e avaliar o
potencial de recursos naturais das regiões; identificar as formas de uso e de ocupação da
terra e as correlações ambientais; prognosticar as perspectivas da evolução
geoambiental em função dos impactos emergentes; promover macro e
microzoneamentos geoambientais e/ou socioambientais.
Assim, identifica-se que a análise sistemática auxiliou no enquadramento
metodológico da Geografia através do geossistema. Então, todos os artifícios
metodológicos proporcionados pelo geossistema fortaleceram em um todo os estudos
geográficos, mesmo que esta abordagem não dê todas as respostas aspiradas quando da
sua aplicação (NASCIMENTO, op cit).
Segundo Alburqueque (2013), os estudos integrados ou geoambientais são
importantes nos trabalhos de Geografia Física, propiciando a síntese do espaço
geográfico, pois dialeticamente permitem a elaboração de zoneamentos geoambientais,
de diagnósticos socioambientais, bem como Estudos de Impactos Ambientais (EIA) e
Relatórios de Impactos Ambientais (RIMA).
Estes estudos vêm subsidiando as demandas mais emergentes de alguns
instrumentos de comando e controle do uso e ocupação da terra. Determinam zonas de
uso indiscriminado, conservação e preservação, isto é, o zoneamento-ecológico,
proporcionando o trabalho integrado de técnicos e professores de diversas áreas, assim
como ajudam na reciclagem e formação de tais profissionais (SOUZA, 2005).
Portanto, Santos (2004) afirma que as análises integradas propiciam a
elaboração de cenário sobre as tendências de evolução e dinâmica do espaço geográfico
e facilitam a compreensão da natureza pelas comunidades humanas, contribuindo para o

27
desenvolvimento de uma consciência de conservação e preservação da natureza, como
auxiliam no planejamento ambiental.

3.8 Análise Geossistêmica aplicada a bacias hidrográficas

Nas últimas décadas a Geografia brasileira vem aprimorando a sua abordagem


científica, apresentando nos últimos anos, um significativo acúmulo de conhecimento
associado à temática ambiental, esta é aqui compreendida como aquela que tem por
objeto a análise da relação sociedade x natureza tomada a partir das alterações impostas
ao meio físico (SALLES, 2004).
Este aumento se mostra na expressiva quantidade de pesquisas e publicações,
bem como pela crescente atuação técnica de profissionais geógrafos que buscam a
elaboração de diagnósticos, análises e zoneamentos ambientais. Assim, esse
considerável crescimento veio a consolidar a abordagem geossistêmica como referência
teórica metodológica fundamental para um grande número de geógrafos (SALLES, op
cit.).
Rodrigues (2001), afirma que a escola dos naturalistas teve uma inegável
influência para o conjunto da Geografia Física. Porém, torna-se necessário lembrar que
essas e outras influências não ocorrem simultaneamente e da mesma forma. Até meados
do século XX, diversas tendências metodológicas e diversas preferências de conteúdos
caracterizavam escolas de Geografia Física e os intercâmbios entre elas eram pouco
efetivos. Tratava-se, portanto, de um desenvolvimento descontínuo e relativamente
isolado do conhecimento teórico - metodológico da Geografia Física, no qual a
construção da teoria geossistêmica estava inserida.
Então, surge a Teoria dos Sistemas nos Estados Unidos nas primeiras décadas
do século XX. A sua aplicação teve inicio nas ciências naturais, como fruto do trabalho
pioneiro de Bertalanffy (e.g. 1950, 1973), que a aplicou à Biologia e à Termodinâmica.
Um outro ramo científico a utilizá-la pioneiramente foi a Ecologia, com a proposição
do conceito de ecossistemas (SALLES, 2004). Na Geografia Física, a aplicação da visão
sistêmica data dos anos 1950, inicialmente utilizada em pesquisas de cunho hidrológico
e climatológico. Na Geomorfologia, ela é introduzida na nos anos 1960 (CHORLEY,
1962 apud SALLES, 2004) .
A teoria geossistêmica foi criada com a influência da teoria sistêmica elaborada
por Ludwing von Bertalanffy em 1901 (RODRIGUES, 2001). Este autor definiu os

28
sistemas como conjuntos de elementos que se relacionam entre si, com certo grau de
organização, procurando atingir um objetivo ou uma finalidade. Para ele a Teoria Geral
dos Sistemas seria um instrumento útil capaz de fornecer modelos a serem utilizados em
diferentes campos e transmitidos de uns para os outros, salvaguardando-os do perigo
das analogias superficiais.
Segundo Bertalanffy (1968), a Teoria Geral dos Sistemas foi postulada por
alguns motivos que, entre eles, se destacaram: a preocupação com os campos da ciência
biológica, sociais e do comportamento que romperam com o reducionismo da Física,
exigindo uma nova tecnologia que buscasse a generalização de conceitos científicos e
modelos.
Assim, através da formulação dessa teoria, outros ramos científicos passaram a
utilizá-la, entre eles a Geografia Física, com o surgimento de diversas propostas de
modelos conceituais, morfológicos, de classificação dos sistemas, incluindo-se os
naturais, mais conhecidos como sistemas abertos (RODRIGUES, 2001). Apesar dessa
teoria ter sido formulada pela escola russa, por meio de V.B. Sotchava, que propõe o
conceito e dele se utiliza de forma pioneira num estudo publicado em 1960, a teoria foi
difundida no mundo ocidental pela escola francesa em que o precursor da utilização do
termo geossistema foi o geógrafo russo Sotchava, no início da década 1960
(RODRIGUES, 2001).
Para Sotchava (1977) o geossistema pode ser considerado um “potencial
ecológico de determinado espaço no qual há uma exploração biológica, podendo influir
fatores sociais e econômicos na estrutura e expressão espacial”.
Porém existe uma crítica em relação a esse modelo geossistêmico adotado por
Sotchava, pois de acordo com Ferreira (2010), à imprecisão dos recortes espaciais
expressado na ausência taxonômica. Ou seja, segundo o autor para uma boa análise
ambiental, torna-se necessário que se utilize a classificação proposta por Bertrand em
1972, quando elabora seu esquema taxonômico de análise das unidades de paisagem.
BERTRAND (1972) conjuga de forma clara a idéia dessa subdivisão, quando
propõe seu esquema taxonômico que inclui e posiciona as unidades inferiores, dentre as
quais figuram o "geossistema", o "geofácies" e o "geótopo". Para o sistema taxonômico,
este autor, define que a classificação deva ser proposta em função da escala temporo-
espacial. Haveria unidades superiores, compatíveis com as "zonas", “domínios", ou
"regiões naturais". O autor ainda salienta que as unidades inferiores se constituem em

29
uma boa base para os estudos de organização espacial porque é compatível com a escala
humana.
Ainda na perspectiva de Bertrand (1972) o mesmo propõe uma orientação para
a sistematização, a partir da modelagem, sendo esta subsidiada pela mensuração direta
(monitoramentos e experimentações) das trocas, circuitos, balanços de matéria e energia
nos sistemas e subsistemas (RODRIGUES, 2001) (Figura 03).

FIGURA-03: Esquema de um geossistema


Fonte: BERTRAND (2004).

No Brasil, essa teoria foi inicialmente analisada por iniciativa do Prof. Dr.
Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro, na época docente do Departamento de
Geografia da USP, que a experiência de aplicação da teoria pôde ser levada adiante. Foi
por sua iniciativa que se realizaram as primeiras experiências de aplicação e de
desenvolvimento da proposta no Brasil. Certos contextos institucionais particulares
também funcionaram como importantes pontos de apoio para as empreitadas
(MONTEIRO, 2000).
Outro importante autor que merece ser citado quanto a sua contribuição para a
propagação da Teoria Geossistêmica no Brasil é Christofoletti (1971). Este autor reuniu-
se aos outros geógrafos (principalmente na Associação de Geografia Teorética), fez a
divulgação da Teoria Geral dos Sistemas e de sua aplicação na Geografia. Trabalhos de

30
fundamentação teórica e de aplicação dos princípios sistêmicos são verificáveis em
Christofoletti (1978, 1982 e 1988, 1998).
O avanço da abordagem sistêmica como instrumento conceitual aconteceu de
forma gradual, primeiro com uma preocupação que este método era apropriado para a
Geografia, posteriormente com a identificação das propriedades sistêmicas dos objetos e
a utilização destas na solução de problemas de pesquisa e finalmente, a divulgação dos
conceitos fundamentais da análise sistêmica através de publicações e cursos (op.cit).
Sobre o uso e a importância da Teoria Geral dos Sistemas em Geografia
Christofoletti (1971), afirma que a teoria dos sistemas representa modelo análogo,
utilizado amplamente na pesquisa científica, favorecendo a aplicabilidade de princípios
e noções estabelecidos em determinado ramo científico aos demais. A utilização das leis
de termodinâmica na análise em geomorfologia, geografia e outras ciências é o exemplo
mais comum.
Penteado (1980), ressalta as diversas partes que compõe um geossistema,
como: elementos ou unidades, relações, atributos, entrada (input) e saída (output). Além
disso, a autora trabalha ainda com outras características dos sistemas e com a
classificação dos sistemas aplicadas aos geossistemas como: sistemas isolados, sistemas
não isolados (fechados e abertos, sendo que os sistemas abertos distinguem-se em:
morfológicos, seqüenciais, de processos e respostas e controlados). A autora também
escreve sobre a divisão taxonômica dos geossistemas. Para Sotchava (1978), os
geossistemas são uma classe peculiar de sistemas dinâmicos abertos e hierarquicamente
organizados e correspondem a fenômenos naturais que englobam os fatores econômicos
e sociais, os quais influenciam na estrutura e peculiaridades espaciais.
Segundo Ross (2006), tais fatores devem ser considerados nos
estudos/pesquisas dos geossistemas, pois têm influência sobre as mais importantes
conexões dentro de cada geossistema, sobretudo nas paisagens fortemente modificadas
pelo homem. Para o autor, também são importantes na classificação do geossistema a
dinâmica e o enfoque genético. Qualquer geossistema se encontra em um determinado
estado de dinâmica, no qual as estruturas primitivas, as mudanças de estado e as funções
de determinado componente são fundamentais para o seu entendimento e classificação.
Desse modo a classificação do geossistema deve revelar a tendência dinâmica
do meio natural, mostrando as possibilidades do ótimum natural diante das sociedades
humanas. A reconstrução dos ambientes paleogeográficos servem de suporte para

31
entender a dinâmica do presente e estabelecer a classificação em função da perspectiva
futura da evolução de cada geossistema (ROSS, 2006).
Vale destacar que a ciência geográfica propõe-se a estudar a relação sociedade-
natureza a partir das transformações que ocorrem no espaço como resultado dessas
inter-relações e, assim, auxiliar na elaboração de práticas e instrumentos que auxiliem
na busca de um desenvolvimento sustentável (SOUZA, 2005).
Albuquerque (2013) coloca que os estudos integrados dos sistemas
socioambientais vêm ao longo do tempo se estabelecendo como umas das formas mais
completas e exitosas para o estudo das complexas relações inerentes à sociedade e
natureza, fazendo com que a metodologia sistêmica torne-se como um dos principais
instrumentos de interpretação da dinâmica da paisagem e de sua relação com a ação
humana.
Já Sotchava (1977) afirma que "embora os geossistemas sejam fenômenos
naturais, todos os fatores econômicos e sociais, influenciando sua estrutura e
peculiaridades espaciais, são tomados em consideração durante o seu estudo".
No caso das bacias hidrográficas, Christofoletti et al. (1977) discutiram as
estruturas que compõem o processo de altimetria no qual insere-se uma drenagem, e
disseram que: “as bacias hidrográficas são sistemas que se estruturam a fim de atingir o
estado estacionário, e as relações entre os seus diversos componentes mostram
características alométricas”. A bacia hidrográfica constitui-se em uma unidade natural
básica para o desenvolvimento de estudos que visem compreender e analisar a dinâmica
de seus componentes.
De acordo com Monteiro (2001), a demonstrada relevância para os estudos das
relações homem-natureza e avaliação da qualidade ambiental, bem como o
aprimoramento como veículo para aplicação da Geografia no planejamento são
possibilidades para as quais estão direcionadas as premissas teóricas. Para o autor, a
aplicação do método geossistêmico auxilia no diagnóstico qualitativo, podendo-se, com
isso avançar na prognose tão necessária no planejamento ou ordenação territorial.

3.9 Ecodinâmica da Paisagem

A abordagem Ecodinâmica proposta por Tricart (1977) foi formulada a partir


da Teoria Geral dos Sistemas, pois foi através desta que começaram a surgir na

32
Geografia algumas propostas de modelos teórico-conceituais e de classificação dos
diferentes sistemas.
Para Tricart (1977), a análise e tratamento do meio ambiente deve ser realizada
de maneira integrativa, salientando as relações complexas que há nos sistemas naturais,
introduzindo uma avaliação dos ambientes sob a ótica dinâmica que leva em conta a
intensidade dos processos atuais e seus reflexos nos sistemas ambientais. Portanto, “as
relações complexas se estabelecem entre essas diversas condições, comportando
mecanismos de compensação e auto-regulação” (TRICART, 1977) nos mais diversos
sistemas, tanto ao nível global quanto ao nível local.
A Teoria da Ecodinâmica, desde sua proposição, encontra-se integrada ao
conceito de ecossistema. Segundo Tricart (1977), esta teoria fundamenta-se, sobretudo
no instrumento lógico de sistema com enfoque nas relações mútuas entre os diversos
componentes, sua dinâmica e os fluxos de matéria/energia no ambiente – com base
principalmente no balanço entre pedogênese/morfogênese.
Assim a proposta da Ecodinâmica seria determinar as condições de estabilidade
e instabilidade do ambiente, considerando os componentes morfopedogênicos e
estabelecendo, em função desses componentes, a classificação dos meios ecodinâmicos
(meios estáveis, meios intergrades ou de transição, e meios fortemente instáveis), a
partir do dinamismo presente nas relações entre os elementos da paisagem e as
intervenções humanas (ALBUQUERQUE, 2012).
Nessa contextualização destaca-se que, quando a noção de estabilidade se
sobressai no ambiente, com predomínio dos processos pedogenéticos, preponderam os
ambientes estáveis. Os ambientes intergrades ou de transição correspondem, como o
próprio nome deduz, a um ambiente de transição, influenciados por interferências
permanentes dos fatores morfogenéticos e pedogenéticos em constante atuação (op.cit).
Conforme Souza et al. (2009), esse ambiente tende a situação de estabilidade
ou de instabilidade dependendo das influências/ações impostas pela sociedade,
ensejada, principalmente, pelas atividades socioeconômicas. Já nos ambientes
fortemente instáveis, a morfogênese é o elemento predominante na dinâmica natural, a
qual influencia diretamente os demais componentes naturais.
Vale salientar, neste mesmo contexto, que a análise geoambiental (SOUZA,
2000) e a ecodinâmica das paisagens (TRICART, 1977) presume a consideração dos
mecanismos que integram harmonicamente a natureza, a partir do viés de sua
complexidade e heterogeneidade, concretizando assim a percepção do conjunto que se

33
materializa no meio ambiente geográfico através da trilogia fonte-recurso
aprovisionamento (BERTRAND, 2004).

3.10 Impactos Ambientais

A degradação dos recursos naturais renováveis representa o desequilíbrio da


natureza e a futura destruição do ser humano. O rompimento nos padrões normais
desses recursos é o que se pode chamar de impacto ambiental. Assim, Sánchez (2006),
coloca que para se conceituar impactos ambientais é necessário uma breve compreensão
do conceito de “ambiente” para, em seguida, conceituar o que são impactos ambientais.
De acordo com a Lei Federal nº 6.938 de 31 de agosto de 1.981, no seu artigo 3º, inciso
I, meio ambiente é “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem
física, química e biológica, que permite, obriga e rege a vida em todas as suas formas”.
Sánchez (2006) conceitua o ambiente em duas concepções, a qual ele chama
de concepção objetiva, para o ambiente assimilando à idéia de natureza e, pode ser
descrito como: uma coleção de objetos naturais em diferentes escalas (do pontual ao
global) e níveis de organização (do organismo à biosfera), e as relações entre eles
(ciclos, fluxos, redes, cadeias tróficas). A outra é a concepção subjetiva. Nesta o
ambiente é visto como “um sistema de relações entre o homem e o meio, entre ‘sujeitos’
e ‘objetos’” (SÁNCHEZ, 2006).
Essas relações entre os sujeitos (indivíduos, grupos e sociedades) e os objetos
(fauna, flora, água, ar, etc) que constituem o ambiente implicam necessariamente
relações entre esses sujeitos a respeito das regras de apropriação dos objetos do
ambiente, transformando-os em objetos de conflito, e o ambiente, em um campo de
conflitos. Assim, entende-se que o autor define ambiente como “um conjunto de
condições e limites que deve ser conhecido, mapeado, interpretado, e dentro do qual
evolui a sociedade” (SÁNCHES, 2006).
Dentro desse contexto, encontram-se as bacias hidrográficas, que há algum
tempo vem sendo utilizadas como unidade de planejamento e gestão ambiental, já que
nas mesmas é possível realizar avaliações das relações entre as características físicas de
uma bacia de drenagem e quantidade e qualidade das águas que chegam ao corpo
hídrico; como também, as características de um corpo hídrico refletem as de sua bacia

34
de drenagem, levando em consideração todas as suas características químicas e
biológicas do corpo hídrico (GUEZZI, 2003).
A legislação ambiental brasileira considera a bacia hidrográfica como unidade
básica para a gestão ambiental. Desse modo, torna-se importante ressaltar as práticas de
manejo, conservação das águas de superfície, reposição das matas ciliares e retiradas de
solo superficial. Pois, com isso, as condições naturais destes mananciais podem ser
modificadas, porque o transporte de sedimentos em suspensão e de fundo resultará na
alteração da qualidade da água e em assoreamento, diminuindo a vida útil dos
reservatórios (BRASIL, 1997).
A conservação do ambiente, entendida como uso dos recursos naturais de
forma sustentável ou com um bom nível de sustentabilidade, só é possível mediante o
planejamento do uso das terras e dos recursos naturais disponíveis no meio (SANTOS,
2004). Esta medida pode ser implementada a nível nacional, regional e municipal,
levando-se em consideração as peculiaridades ecológicas, econômicas, sociais e
culturais de cada região.
Neste sentido, torna-se de fundamental importância a Avaliação de Impacto
Ambiental (AIA) esta assumindo esta condição de instrumento ou ferramenta de
Planejamento Estratégico Ambiental. A elaboração de um estudo de impacto ambiental
deve ser norteado a partir de uma legislação específica que preconiza sua concepção
abrangendo o meio físico, biótico, sócioeconômico e cultural, através de uma análise
multi e interdisciplinar, a partir de levantamentos básicos primários e secundários
(SÁNCHEZ, 2006).
A Resolução 001/86 CONAMA considera “Impacto Ambiental qualquer
alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por
qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que direta ou
indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem estar da população; as atividades
sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a
qualidade dos recursos ambientais.” (RECUO)
Por sua vez, Sánchez (2006) define impacto ambiental como uma “alteração da
qualidade ambiental que resulta da modificação de processos naturais ou sociais
provada por ação humana”. Este autor complementa afirmando que, os impactos podem
assumir resultados negativos, mas também positivos.
Assim os estudos de impactos ambientais, servem como instrumento para
avaliar as conseqüências de algumas ações, para que possa haver a preservação da

35
qualidade de determinado ambiente que poderá sofrer a execução de certos projetos ou
ações, ou logo após a implementação dos mesmos (SÀNCHEZ, 2006).
A ocupação desordenada das terras, o crescimento demográfico e a escassez de
terras férteis, determinam a necessidade de se gerar fundamentações, estratégias,
atividades e diretrizes que proporcionem aptidão dos ecossistemas com sistemas de
ocupação, capazes de certificar produções sustentáveis em longo prazo.
Consequentemente, deve-se moldar o uso dos recursos naturais, de forma a aumentar e
melhorar as condições econômicas e o progresso social da população afetado por esses
processos quase sempre danosos. Não obstante, para a utilização permanente,
sustentável e eficiente desse meio ambiente, devem-se caracterizar as circunscrições
físicas, biológicas e espaciais para a sua ocupação, identificando-se as possíveis
sensibilidades dos ecossistemas aos impactos ambientais futuros.

3.11 Geoprocessamento

A coleta de informações sobre a distribuição geográfica de recursos minerais,


propriedades, animais e plantas sempre foi uma parte importante das atividades das
sociedades organizadas. Até recentemente, no entanto, isto era feito apenas em
documentos e mapas em papel; isto impedia uma análise que combinasse diversos
mapas e dados. Com o desenvolvimento simultâneo, na segunda metade deste século, da
tecnologia de Informática, tornou-se possível armazenar e representar tais informações
em ambiente computacional, abrindo espaço para o aparecimento do Geoprocessamento
(CÂMARA; MEDEIROS, 1998).
De acordo com Câmara e Medeiros (op. cit), o termo Geoprocessamento pode
ser definido como uma disciplina que utiliza técnicas matemáticas e computacionais
para o tratamento e manipulação de informações geográficas. Esta tecnologia,
denominada geoprocessamento, tem influenciado de maneira crescente as áreas de
Cartografia, análise de Recursos Naturais, Transportes, Comunicações, Energia e
Planejamento Urbano e Regional.
Os Sistemas de Informação Geográfica (GIS) são ferramentas computacionais
utilizadas para o geoprocessamento, a partir destas torna-se possível à realização de
análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados geo-
referenciados, como também é possível automatizar a produção de documentos
cartográficos (CÂMARA et al., 2001).

36
O Geoprocessamento, para Maximiniano (1996), “possibilita a automatização
de trabalhos cartográficos facilitando a realização de análises complexas”. A cartografia
digital com toda a evolução que vem sofrendo vem se tornando um instrumento de
grande valia tanto para as ciências da Terra quanto para outras ciências que dela
necessitem em seus trabalhos, como “engenharia civil, mecânica, arquitetura,
comunicação social e outras”.

3.12 Sistemas de Informações Geográficas – SIG

Em uma conceituação atualizada, Blaschke e Lang (2009) definem os Sistemas


de Informações Geográficas (SIGs) como sendo um sistema composto de hardware,
software e dados. Dentro deste conceito, os autores afirmam que um SIG pode combinar
informações geométricas de fenômenos espaciais ou objetos (features) com informações
temáticas específicas onde, a rigor, a característica de localização de fenômenos
também representa um atributo.
O termo Sistema de Informações Geográficas (SIG) é aplicado para sistemas
que realizam o tratamento computacional de dados geográficos (Figura 04). Devido a
sua ampla gama de aplicações, englobando projetos nas áreas de agricultura, floresta,
cartografia, entre outros, de acordo com Câmara (1998), há pelo menos três grandes
maneiras de utilizar um SIG:
• Como ferramenta para produção de mapas;
• Como suporte para análise espacial de fenômenos;
• Como banco de dados geográficos, com funções de armazenamento e
recuperação de informação espacial.

37
FIGURA-04: Esquema de um Sistema de Informação Geográfica (SIG).
Fonte: Retirado de Mendonça et al. (2011).

Os instrumentos computacionais do geoprocessamento, denominados de


Sistemas de Informações Geográficas (SIGs), surgiram há mais de três décadas e vêm se
tornando ferramentas valiosas nas mais diversas áreas de conhecimento. Tais sistemas
constituem um ambiente tecnológico e organizacional que ganha, cada vez mais adeptos
em todo mundo (MENEGUETTE, 2002).
Dentro das bibliografias consultadas acerca deste assunto, pode-se apresentar
como exemplo mais elucidativo de algumas das primeiras definições para SIG, autores
como Aronoff (1989): “Um conjunto manual ou computacional de procedimentos
utilizados para armazenar e manipular dados georreferenciados” e Cowen (1988). “Um
sistema de suporte à decisão que integra dados referenciados espacialmente num
ambiente de respostas a problemas".
Blaschke e Lang (2009) identificam que o conceito metológico básico de SIG é
a utilização de uma chave espacial inequívoca (spatial Key, geocode), na qual todos os
fenômenos geográficos na superfície da Terra podem ser relacionados entre si. Desta
forma, classes de objetos diversos como, florestas, estradas, fontes d’água podem
apresentar uma só chave espacial, mesmo que não tenham nada mais em comum
(BLASCHKE; LANG, 2009).
De acordo com esta concepção, identifica-se que as relações entre informações
de localização e temáticas são realizadas por meio da chave espacial. Entende-se que no

38
conceito de chave primária em um banco de dados, que as informações temáticas que
estão em conjunto com objetos ou fenômenos, por meio da chave espacial, estão numa
relação ambígua entre si. Estes dados que são compostos por informações temáticas e
geoinformação denominados geodados (BLASCHKE; LANG, 2009).
A maior limitação ao uso de modelos de dados é a dificuldade em trabalhar
grande quantidade de dados que descrevem a heterogeneidade dos sistemas naturais. Por
essas razões, os SIG’s são empregados na criação do banco de dados desses modelos
(MACHADO; VETORAZZI, 2003).
Segundo Blaschke e Lang (2009), em relação à análise espacial, a escolha e a
aplicabilidade dos métodos vão depender do modelo dos dados utilizados. Para o autor
existem dois modelos favoráveis de serem utilizados, o modelo vetorial e o modelo
raster. O modelo vetorial é utilizado para interpretar objetos espacialmente discretos, ou
seja, todos os objetos espaciais que são facilmente demarcados, como por exemplo: os
tipos de solos, os limites administrativos, as estradas, os rios etc. Já no modelo raster, a
área de estudo é dividida em pequenas células, onde esta divisão ocorre regularmente,
com poucas exceções. Esse modelo serve para a representação de fenômenos com
ocorrência contínua que possam vir a assumir outro valor no espaço, como por exemplo:
a altitude do terreno em relação ao nível do mar ou o valor do pH de solo (BLASCHKE;
LANG, 2009).
Bolfe et al. (2008) dizem que esse banco de dados (SIG) é um conjunto de
arquivos estruturados que facilita o acesso a conjuntos de informações que descrevem
determinadas entidades do mundo. Torna-se possível sistematizar tais informações por
meio da utilização do sensoriamento remoto e de técnicas de geoprocessamento.
Para Blaschke e Lang (2009) afirmam que os métodos do processamento de
informações geográficas são adequados para apoiar as mais diferentes tarefas de
planejamento, no que se refere a detectação da situação real e de uma flexível
combinação de diferentes camadas de dados. Nesta discussão, verifica-se que os SIGs
utilizados juntamente com os sistemas de apoio à tomada de decisões (desicion support
systems, DSS) servem para auxiliar nas decisões de planejamento.

3.13 Sensoriamento Remoto (SR)

39
O Sensoriamento Remoto pode ser definido como uma tecnologia que permite
a aquisição de informações sobre objetos sem contato físico com eles (NOVO,1989) .
Em termos gerais, trata-se da utilização de sensores para a aquisição de informações
sobre objetos ou fenômenos sem a verificação in loco. Os sensores seriam os
equipamentos capazes de coletar energia proveniente do objeto, converte-la em sinal
passível de ser registrado e apresentá-lo em forma adequada à extração de informações.
No sensoriamento remoto, a identificação dos objetos ou materiais é feita pelas suas
características espectrais expressas nas várias bandas das imagens adquiridas por um
sensor. Por sua vez, quanto maior for o número de imagens e bandas, que a
complementem, maior será o volume de dados, tornando-se necessário o uso de técnicas
automáticas de análise, que pela versatilidade própria dos computadores, introduz
múltiplas formas de abordagem de dados (LILLESAND; KIEFER, 1987).
Para Florenzano (2011), o SR é a tecnologia de aquisição, à distância, de dados
da superfície terrestre, ou seja, por meio de sensores instalados em plataformas terrestres,
aéreas ou orbitais (satélites), o usuário pode trabalhar com este material mesmo que não vá
a campo. O PDI refere-se ao uso computacional para manipular dados de imagens em um
formato digital, sendo uma importante ferramenta base para a elaboração de mapas, cartas e
outros meios de cartografação da superfície da Terra (FLORENZANO, 2011).
Slater (1980), afirma que os sistemas sensores multiespectrais são idealizados
para atender a aplicações multidisciplinares. Do especialista e do usuário de
sensoriamento remoto é exigido um mínimo de conhecimento sobre as propriedades
físicas e químicas dos diferentes materiais que compõem a superfície do terreno, pois a
informação espectral que estará contida em cada elemento de resolução do terreno
(pixel), será uma integração do conjunto de propriedades destes materiais (normalmente
vegetação, solo, rocha e água). Para Curran (1985), o sensoriamento remoto ampliou a
capacidade do homem em obter informações sobre os recursos naturais e o meio
ambiente, colocando-se como mais uma ferramenta complementar para facilitar
trabalhos temáticos e de levantamentos.
Novo (1989) indica que as principais vantagens que justificam os programas de
sensoriamento remoto orbital são as seguintes: estímulo às pesquisas multidisciplinares;
informações de áreas de difícil acesso; universalização dos dados e das técnicas de
tratamento e análise de dados digitais; facilidade do recobrimento de grandes áreas
(visão sinóptica); cobertura repetitiva com mesma hora local; grande quantidade de

40
dados pontuais, sobre uma mesma área; transferência de dados Satélite/Terra em tempo
real; e o aspecto multiespectral, isto é, a capacidade dos sistemas sensores gerarem
produtos em diferentes faixas espectrais, tornando possível o estudo e análise de
diferentes elementos, os quais são identificados em determinadas faixas do espectro
eletromagnético (NOVO,1989).

41
4 OBJETIVOS

4.1 Objetivo Geral

 Realizar o mapeamento em multi escalas do uso e ocupação da terra na


Microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-RN) a partir do uso das
geotecnologias.

4.2 Objetivos Específicos

 Reunir um acervo cartográfico preliminar da área;

 Montar um SIG com a malha cartográfica da área;

 Delimitar a área da Microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó - RN);

 Realizar uma análise do uso e ocupação da terra na Microbacia;

 Produzir mapas temáticos por meio de imagens de satélite e cartas topográficas,


determinando as classes de uso da terra e cobertura vegetal da Microbacia do
Riacho do Meio (Jardim do Seridó - RN) e do entorno do principal reservatório
da microbacia.

42
5 MATERIAL E MÉTODOS

5.1 Caracterização da área de estudo

A Microbacia do Riacho do Meio está localizada no município de Jardim do


Seridó, situado na mesorregião Central Potiguar e Homogênea do Seridó Oriental
(BEZERRA JÚNIOR; SILVA, 2007), ocupa uma área total de 6.276,5 hectares e faz
parte da bacia hidrográfica Piranhas-Açu, sendo um subafluente da sub-bacia do Rio
Seridó. O principal reservatório desta microbacia apresenta seu barramento entre as
coordenadas 06°32’ de latitude sul e 36°46’ de longitude oeste (Figura-05).
Segundo a classificação de Köppen, o clima nesta região é o semiárido, muito
quente, BSw’h’, onde se verifica os seguintes parâmetros: B= clima seco e quente;
S=sub árido; w’=estação chuvosa se atrasa para o outono; h’= temperatura do mês mais
frio superior a 18°c, com duas estações distintas sendo o período das secas e das chuvas,
e temperatura pouco variável durante o ano tendo como média anual máxima 33,0 °C
(NIMER, 1979).
A vegetação predominante na região é a Caatinga hiperxerófila arbustiva, esta
vegetação é de regime seco com abundância de cactáceas e plantas de porte mais baixo
e espalhado. É chamada também de caatinga subdesértica do Seridó, configurando-se
como a vegetação mais seca do Estado, com arbustos e árvores baixas, ralas e de
xerofitismo mais acentuada. Nesses tipos de vegetação, as espécies mais encontradas
são pereiro, facheiro, macambira, mandacaru, xique-xique e jurema-preta, com
ocorrência de mofumbo e faveleira (VARELA FREIRE, 2000).
Em relação à pedologia a área apresenta como solos principais os: Luvissolos
Crômico e Neossolos Litólico eutrófico. O Luvissolo Crômico é um solo de fertilidade
natural média alta, com textura arenosa/argilosa e média/argilosa, apresentando uma
fase pedregosa, é um solo bem drenado, relativamente rasos e muito susceptíveis a
erosão. Já os Neossolos Litólicos são solos com fertilidade naturais alta, pouco
desenvolvidos, rasos e geralmente com até 50 cm de profundidade, a textura é arenosa
e/ou média, com fase pedregosa e rochosa, rasos, muito erodidos e acentuadamente
drenados, sendo na maioria das vezes associados a afloramentos de rochas (CPRM,
2005).

43
FIGURA-05: Mapa de localização da Microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-RN)
Fonte: Elaborado pela autora.

44
A geomorfologia da área é caracterizada como um relevo denominado de
depressão sertaneja com terrenos baixos situados entre as partes altas do Planalto da
Borborema e da Chapada do Apodi. A altitude varia entre 200 e 400m. Quanto aos
aspectos geológicos a área encontra-se inserida geologicamente, na Província
Borborema, sendo composto de rochas do embasamento cristalino que englobam o
subdomínio rochas metamórficas constituído da Formação Seridó e da Formação
Jucurutu (CPRM, 2005).

5.2 Procedimentos metodológicos

Os procedimentos metodológicos adotados para realização do presente trabalho


foram divididos em três etapas: 1) levantamento bibliográfico e cartográfico prévio da
área estudada; 2) Processamento Digital das Imagens, envolvendo técnicas de realce de
contraste das imagens orbitais, fusão entre as bandas multiespectrais, composições
coloridas no sistema de cores RGB (Red-Green-Blue) e mosaicagem das diferentes
cenas processadas; 3) classificação e quantificação de área das diferentes classes de
ocupação do solo presentes na área através de mapas temáticos em escala de 1:100.000
(Mapa da microbacia) e de 1:20.000 (Carta do Açude Riacho do Meio), ambos com
base na análise espectral, tonalidades e texturas das imagens, realizadas com base nas
categorias descritas pelo Manual Técnico de Uso da Terra do IBGE (2006).
Para uma descrição mais restrita da área de estudo, utilizou-se a malha
cartográfica digital sobre o embasamento geológico-geomorfológico, produzida pela
CPRM (2006), na escala de 1:500.000 do Estado do Rio Grande do Norte. Os resutados
dos produtos de sensoriamento remoto foram produzidos a partir de uma imagem do
satélite Resource-Sat (sensor: LISS3, órbita 337, ponto 081, de 04/2012), com resolução
espacial de 20 metros. Esta imagem é disponibilizada gratuitamente pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, a qual foi processada com auxílio do software
Arcgis 10.2 (versão acadêmica), obtendo-se uma imagem resultante em falsa cor (Red-
Green-Blue). Para a elaboração da carta altimétrica da microbacia, foi utilizada 01
imagem SRTM - Shuttle Radar Topography Mission (folha 06S375ZN), disponibilizada
gratuitamente pela National Aeronautics and Space Administration – NASA.
Para atingir a precisão desejada, as imagens foram georreferenciadas na grade
de coordenadas UTM (Universal Transversa de Mercator), iniciando-se pelas cartas

45
topográficas (em formato digital) da SUDENE (folha SB-24-Z-D-V Jardim do Seridó),
em escala 1:100.000, a partir do Datum Córrego Alegre. Logo em seguida, após se
concluir este processo, o Datum das cartas foi modificado para SIRGAS 2000, Zona
24S.
Toda a delimitação das classes de ocupação, produção de material cartográfico
digital e Processamento Digital de Imagens de sensoriamento remoto foram realizados
com o auxílio do software ARCGIS 10.2 (ESRI ©), finalizando-se as atividades com a
elaboração de mapas das diferentes classes de ocupação do solo presentes na área. As
classes definidas foram: Caatinga Arbustiva, Caatinga Arbustiva Densa, Caatinga
Arbustiva Aberta, Caatinga Herbácea/Cultivo Temporário, Solo exposto e
Reservatórios. Criou-se um arquivo “shapefile” do tipo polígono, digitalizando-se em
tela as classes definidas anteriormente com auxílio da classificação supervisionada.
Para se obter uma análise comparativa entre o uso do solo na microbacia e no
seu principal reservatório, foi delimitada uma zona de análise de proximidade com um
raio de 200 metros no entorno do açude Riacho do Meio (principal reservatório da
microbacia), esta zona foi delimitada através da função buffer do software ArcGIS 10.2.
A zona de buffer pode ser definida como sendo uma área/zona com largura específica e
com distância pré-determinada gerada em torno de um objeto (BLASCH; LANG,
2000). Salienta-se que 91,3 metros de buffer é quase universalmente aceito como
adequado para proteger a qualidade do fluxo de água (LARGE; PETTS, 1994;
RICHARDS et al., 1996; POTTER; CUBBAGE; SCHABERG, 2005), porém neste
trabalho em se tratando de uma área de relevo acidentado, justifica-se o fato de que será
utilizado um buffer de 200m.
Além da vetorização das classes de uso e ocupação da terra, outros temas
também foram identificados visando atender as premissas deste estudo: hidrografia, e
pontos cotados (utilizados para auxiliar na constituição do modelo digital de elevação da
área de estudo). Para a geração de um Modelo Digital de Terreno (MDT) representativo
da área de estudo foi necessária a obtenção de dados referentes às curvas de nível do
local, que trazem consigo informações altimétricas da área da microbacia, permitindo a
constituição de um perfil topográfico com a finalidade de considerar sua influência nos
processos de uso e ocupação da terra.
Após a inserção e tratamento destas informações no software ArcGIS®,
gerou-se o MDT da área, com as respectivas coordenadas das cotas, para a constituição
de uma grade regular. Por fim, para a tabulação e armazenamento dos dados e a

46
confeccção das tabelas, foi utilizado uma planilha eletrônica do Excel (©Microsoft
Office).

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Através dos trabalhos desenvolvidos durante esta pesquisa foi possível


produzir materiais cartográficos atualizados para a área em estudo, referente aos
diversos usos da terra. A análise da imagem de satélite foi importante para a
identificação prévia de uma quantidade maior de elementos geográficos, como a
delimitação de áreas com cultivos agrícolas distintos, a verificação de áreas onde o
processo de ocupação se encontra em estágio de expansão, entre outros aspectos
socioambientais.
As visitas de campo foram sempre experiências enriquecedoras e fontes de
informações que complementaram o entendimento das leituras realizadas dos diversos
materiais disponíveis durante o desenvolvimento da pesquisa, confirmando alguns
pontos do diagnóstico que ainda suscitavam dúvidas.
No decorrer desse trabalho foram produzidos diversos mapas temáticos, entre
eles pode-se citam-se o de hidrografia, o de altimetria, o de hipsometria, e os de uso e
ocupação das terras na microbacia e do entorno do açude riacho do meio.
Com relação à altimetria da microbacia a mesma caracteriza-se por não
apresentar grandes elevações. Ao se analisar o mapa altimétrico da microbacia
juntamente com os perfis de altimetria foi verificado que a área apresenta a menor cota
altimétrica no nível de 43,5 m e a maior em torno de 130m a 140m, sendo elas
distribuídas em quatro classes de acordo com o mapa altimétrico: de 1m a 47,375m, de
47,375 a 93,75m, de 93,75m a 140,125m, e de 140,125m a 186,5m(FIGURAS 08 e 09).
As maiores altitudes da microbacia estão localizadas a sudeste, e a leste-
sudeste, e as menores altitudes a noroeste, e oeste-noroeste (Fig. 06). As altitudes entre
140 e 120 metros estão localizadas basicamente na área das nascentes, que se localizam
na porção leste-sudeste da microbacia. As altitudes entre 70 e 90 metros ocupam a
maior parte da extensão territorial da microbacia. As altitudes entre 50 e 70 metros
predominam ao longo do curso principal da microbacia e se iniciam no médio curso
deste, conforme pode ser observado a partir da figura 04. A margem direita, na região
do médio curso caracteriza-se por apresentar uma predominância maior desta altitude
em relação à margem esquerda.

47
De acordo com o perfil altimétrico transversal da microbacia apresenta uma
cota máxima de aproximadamente 75 metros (margem direita) e 62 metros (margem
esquerda) (Figura 07). Com relação às altitudes de 60 a 48 metros, as mesmas estão
restritas a área próxima ao principal reservatório da microbacia (Açude Riacho do
Meio), inclusive apresentando um degrau em relação às áreas próximas, o que provoca
uma aceleração nas águas fluviais, e que de modo geral contribui para o rápido
escoamento pluvial.

FIGURA-06: Perfil Altimétrico linear da microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-RN)


Fonte: Elaborado pela autora.

48
FIGURA-07: Perfil Altimétrico transversal da microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-RN)
Fonte: Elaborado pela autora.

49
FIGURA-08: Mapa Altimétrico da microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-RN)
Fonte: Elaborado pelos autora

50
FIGURA-09: Mapa Hipsométrico da microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-RN)
Fonte: Elaborado pela autora

51
São diversos os trabalhos que utilizam dados SRTM para a análise de bacias
hidrográficas. Entre eles pode-se destacar Ross et al., (2005), que trabalhou a
caracterização empírica da fragilidade ambiental utilizando geoprocessamento. A área
estudada foi à bacia do córrego do Onofre, localizada no município de Atibaia, São
Paulo.
O objetivo do trabalho consistiu em mapear a fragilidade ambiental utilizando
técnicas de geoprocessamento, como Modelagem Numérica do Terreno (MNT),
Sensoriamento Remoto (SR) e álgebra de campo. A partir do MNT foram geradas cartas
derivadas que auxiliaram na elaboração dos produtos intermediários. Os dados de SR
foram utilizados para a confecção do mapa de uso e cobertura vegetal. A álgebra de
campo permitiu combinar as diferentes informações gerando o mapa síntese (ROSS et
al., 2005).
No tocante a drenagem fluvial a mesma se compõe por um conjunto de canais
de escoamento que se inter-relacionam e que formam a bacia de drenagem, que pode ser
definida como a área drenada por um determinado rio ou por um sistema fluvial. O total
de água que atinge os cursos de águas fluviais está na dependência do tamanho da área
ocupada pela bacia, da precipitação total e de seu regime, e das perdas devidas a
evapotranspiração e à infiltração (CHRISTOFOLETTI, 1974).
A bacia de drenagem, na classificação dos sistemas enquadra-se como um
sistema aberto. Em seu interior ocorrem diversos subsistemas, entre os quais, as
vertentes, o solo, o processo de intemperismo e o rio. A mirobacia do Riacho do Meio
constitui-se por ser uma bacia de pequeno porte, sendo que o canal principal possui
largura inferior a 10 metros. A área total da bacia possui 6.276,5 ha. O canal principal
possui uma extensão de 17,35 km e em média os canais tributários possuem uma
extensão de 700 metros. O padrão de drenagem de acordo com a disposição dos rios é
dendrítico ou arborescente, desenvolvido sobre rochas resistentes e uniformes (Figura
10).
Através da observação da hidrografia ao longo da microbacia ressalta-se a
importância de se disciplinar os usos da terra neste ambiente, com base em suas
prerrogativas ambientais. Isso se justifica pela já conhecida escassez relativa da água na
região. Nas visitas in loco, ficou evidente o uso não apropriado da terra em trechos da
margem do principal reservatório da microbacia, o que envidencia que este fato pode ser
o resultado de uma não adequação à legislação ambiental associada às práticas ilegais.

52
Assim, segundo Christofoletti (1974), “a hierarquia fluvial consiste no
processo de se estabelecer à classificação de determinado curso de água (ou da área
drenada que lhe pertence) no conjunto total da bacia hidrográfica na qual se encontra.
Isso é realizado com a função de facilitar e tornar mais objetivo os estudos
morfométricos sobre as bacias hidrográficas”.
Em relação à hierarquia fluvial a microbacia do Riacho do Meio apresenta-se
como de 4ª ordem. Esta ordem da bacia é atribuída a partir da proposição realizada por
Strahler (1952). Esta proposição considera que os menores canais, sem tributários, são
considerados como de primeira ordem, e se estendem desde a nascente até a
confluência; os canais de segunda ordem surgem da confluência de dois canais de
primeira ordem, e só recebem afluentes de primeira ordem; os canais de terceira ordem
surgem da confluência de dois canais de segunda ordem, sendo que estes podem receber
afluentes de segunda e primeira ordem; canais de quarta ordem surgem da confluência
de dois canais de terceira ordem, podendo receber os tributários das ordens inferiores. E
assim por diante (CHRISTOFOLETTI, 1974).
Trabalho semelhante a esse foi realizado nas Bacias hidrográficas do Corrégo
Teixeiras em Minas Gerais, onde dentro desta pesquisa o autor Silva (2011), analisou
diversos parâmetros das bacias para conseguir realizar a análise morfométrica e
hidrológica das mesmas. Nos resultados foi delimitada a área das microbacias, para por
conseguinte, serem descritos todos os aspectos fisícos da área, e através desses dados,
confeccionados os mapas de drenagem, hipsometria e uso do solo das microbacias.
Este trabalho foi de suma relevância para o município da área estudada, já que
as bacias hidrográficas alvo da pesquisa são de grande importância para o município de
Juiz de Fora e para recarga e qualidade ambiental do Rio Paraibuna. Os estudos
mostraram que as áreas de drenagem são significativas, superando 19 km² e que há uma
má ocupação do espaço, predominando áreas com solos parcialmente expostos com
presença de campos e pastagens, erosões e algumas plantações (SILVA, 2011).

53
FIGURA-10: Mapa Hidrográfico da microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-RN)
Fonte: Elaborado pela autora.

54
Após o processamento digital da imagem da Microbacia do Riacho do Meio
(Jardim do Seridó-RN), elaborou-se o mapa de uso e ocupação do solo da referida área
de estudo (Figura 18). Verificou-se que a zona estudada corresponde a uma área total
de 6.276,5 ha, e através da análise da paisagem, foram determinadas 06 classes de uso
da terra na microbacia, bem como a área ocupada por cada uso: Caatinga Arbustiva,
Caatinga Arbustiva Densa, Caatinga Arbustiva Aberta, Caatinga Herbácea/Cultivo
Temporário, Solo exposto e Reservatórios (Figuras 12, 13, 14, 15, 16 e 17).
De acordo com as informações obtidas a partir do SIG gerado, e
conseqüentemente com mapa anterior, é possível realizar uma avaliação de como o uso
e ocupação dessa bacia hidrográfica se encontra distribuído. A seguir um gráfico
(Figura 11) apresentando todas as categorias criadas para a realização do estudo e
geração do mapa e as porcentagens que cada uma representa com relação à área total de
estudo.

3.2
8.7
14.4
24.6
Caatinga Arbustiva Densa
Caatinga Arbustiva Aberta
Caatinga Arbustiva
Caatinga Herbáceo/Cul-
tivoTemp
Solo Exposto
Reservatório
26.4
22.8

Figura-11: Gráfico com as classes de Uso Solo da microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-
RN).
Fonte: Elaborado pela autora.

55
Figura-12: Caatinga Arbustiva na microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-RN).
Fonte: Acervo da autora.

Figura-13: Caatinga Densa na microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-RN).


Fonte: Acervo da autora.

56
Figura-14: Caatinga Arbustiva Aberta na microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-RN).
Fonte: Acervo da autora.

Figura-15: Caatinga Herbácea/Cultivo Temporário na microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-


RN).
Fonte: Acervo da autora.

57
Figura-16: Solo Exposto na microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-RN).
Fonte: Acervo da autora.

Figura-17: Reservatórios na microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-RN).


Fonte: Acervo da autora.

58
Figura-18: Mapa de Uso Solo da microbacia do Riacho do Meio (Jardim do Seridó-RN)
Fonte: Elaborado pela autora.

59
Verificou-se uma predominância da classe de Caatinga Arbustiva com 26,4%
(1.655,8 hectares) na microbacia, compreendendo a cobertura vegetal com plantas de
tamanho e porte menores (altura < 8m) que as de característica arbórea (altura > 8m). A
Caatinga Arbustiva Densa representa 24,6% (1.541,7 hectares), sendo caracterizada por
uma vegetação com porte e alturas consideráveis dispostas próximas umas das outras. Já
a Caatinga Arbustiva Aberta ocupa 22,8% (1.430,4 hectares), a qual representa arbustos
de pequeno porte.
A área com Caatinga Herbácea/Cultivo Temporário representa 14,4% (905,5
hectares), essa classe pode ser representada por cultivo temporário de herbáceas,
agricultura de subsistência e/ou fomação de pasto. A classe de solo exposto equivale a
8,7% (545,1 hectares), apresentando-se desprovidas de vegetação durante a estação seca
do semiárido, mas que durante o período chuvoso exibe uma vegetação rala, ou seja,
vegetação com plantas arbustivas de pequeno porte (≤ a 2 m de altura) que se
apresentam distantes umas das outras. Os Reservatórios ocupam 3,2% (198,0 hectares)
da área total da microbacia, esses são designados como represamentos artificiais dos
cursos d’água utilizados para um ou múltiplos fins, tais como: abastecimento público,
irrigação, controle de enchentes, etc.
A partir destes dados, realizou-se uma análise comparativa apenas do uso e
cobertura do solo no entorno (raio de 200 metros) do reservatório principal – Açude
Riacho do Meio (Figura 19), verificando-se a classe Caatinga Arbustiva Aberta como
predominante (36,7%), juntamente com a Caatinga Herbácea/Cultivo Temporário
(25,6%), a Caatinga Arbustiva (18,2%), Solo Exposto (12,5%), Caatinga Arbustiva
Densa (6,7%), e pequenos reservatórios (0,3%) (figura 20, 21, 22, 23 e 24).
A escolha para determinar o valor de um raio de 200 metros para delimitação
do buffer ao entorno do açude (Figura 21) se deu baseada na lei 12. 727 de 17 de
Outubro de 2012, onde de acordo com o “Art. 1o-A, esta Lei estabelece normas gerais
sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva
Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da
origem dos produtos florestais e o controle e prevenção dos incêndios florestais, e prevê
instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos. Esta lei se
aplica as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de
barramento ou represamento de cursos d’água naturais.

60
Figura-19: Mapa de Uso Solo do açude Riacho do Meio (Jardim do Seridó-RN).
Fonte: Elaborado pela autora.

61
0.
3 12.5
36.7
Caatinga Arbustiva Aberta
Caatinga Arbustiva
25.6 Caatinga Arbustiva Densa
Caatinga Herbácea/
CulTemp
Pequenos Reservatórios
6.7 18.2 Solo Exposto

Figura-20: Gráfico com as classes de Uso do Solo do Açude Riacho do Meio (Jardim do Seridó-RN).
Fonte: Elaborado pela autora.

Desse modo a área de estudo se enquadra nesta lei, já que o açude riacho do
meio é um reservatório d’água artificial sendo um barramento de um afluente da bacia
hidrográfica do rio Seridó. Assim, torna-se de fundamental importância o mapeamento
de uso do solo nesta área, tendo o vista que o mesmo serve de fonte de abastecimento
para a população local.
A interpretação das cartas de uso e ocupação do solo da área do entorno do
açude juntamente com a da área total da microbacia constitui-se como um importante
instrumento de análise para este trabalho, pois a partir dos resultados obtidos neste
mapeamento foi possível se diagnosticar a situação em que se encontra o entorno do
principal reservatório da microbacia, como também realizar a analíse do espaço físico
da bacia em referência.
Verificou-se realidades distintas entre as duas áreas, de modo que deve ser
levada em consideração a possibilidade de averiguar se as formas de uso e ocupação do
solo estão de acordo com o potencial produtivo da área e compatível com a legislação
ambiental vigente no país.
Tomando esse contexto como base, torna-se evidente, a necessidade da
implementação de políticas públicas, que sejam capazes de promover medidas
mitigadoras destinadas a preservar a médio e longo prazo, a biota local, bem como a
aplicação de penalidades previstas em lei para aqueles que promovem a degradação do

62
meio ambiente. Essas medidas deverão ser acompanhadas da elaboração de planos de
manejo e de recuperação das áreas degradadas.
Ainda em relação as classes de uso e ocupação diagnosticadas na microbacia, o
estudo detectou total ausência do poder público e/ou privado como gestores capazes de
planejar e monitorar políticas de recuperação ambiental, plano de manejo ou outro tipo
de medida capaz de regulamentar e/ou monitorar as atividades antrópicas desenvolvidas
junto a esta microbacia hidrográfica.
Assim, sabendo das potencialidades representadas pelos recursos naturais
existentes na microbacia hidrográfica do riacho do meio, a pesquisa constatou que se
tais recursos forem utilizadas de maneira correta e bem planejadas, poderão gerar
empregos e consequentemente renda para a população que reside na área da microbacia.
Portanto, para que possa se ter uma gestão eficaz no espaço da microbacia, se
faz necessário conhecer os aspectos territoriais, socioambientais e sócioespaciais, para
poder garantir suporte de conhecimentos técnicos, através de ações planejadas, capazes
de promover o almejado desenvolvimento sustentável da área pesquisada. A partir
disso, indica-se como suporte para tal objetivo, a efetivação de um zoneamento
ecológico-econômico na microbacia, aliado com um monitoramento dos recursos
naturais (solo e água) acompanhado de instrumentos reguladores de uso e ocupação em
toda a região estudada.
Dessa maneira, o levantamento do uso e ocupação do solo de uma área/região
tornou-se um aspecto de interesse fundamental para a compreensão dos padrões de
organização do espaço (ROSA, 2009). Assim sendo, entende-se que o estudo da
superfície terrestre é de suma importância para as diversas ciências preocupadas em
analisar as transformações do meio em decorrência da ação humana (BOLFE et al.,
2009). Com isso o Sensoriamento Remoto juntamente com o SIG, serviram de auxílio
instrumental para o conhecimento das ocupações da área da bacia e do açude, nesse
sentido, Rosa (2003) concorda na eficácia dessas ferramentas para mapear, monitorar os
recursos naturais e a análisar as áreas.
Além disso, Crepasi et al. (2001) apontam que estas ferramentas proporcionam
o conhecimento dos mecanismos atuantes nas unidades de paisagem natural, o que
permite a orientação das atividades desenvolvidas na área e possibilita evitar agressões
ao meio ambiente e a obtenção de maior produtividade, além de direcionar ações
corretivas dentro das áreas onde ocorre o uso inadequado.

63
Figura-21: Reservatório Riacho do Meio (Jardim do Seridó-RN).
Fonte: Acervo da autora.

Figura-22: Solo exposto no entorno do reservatório Riacho do Meio (Jardim do Seridó-RN).


Fonte: Acervo da autora.

64
Figura-23: Caatinga Herbácea/Cultivo Temporário no reservatório Riacho do Meio (Jardim do Seridó-RN).
Fonte: Acervo da autora.

Figura-24: Caatinga Arbustiva no entorno do reservatório Riacho do Meio (Jardim do Seridó-RN).


Fonte: Acervo da autora.

65
O desmatamento no entorno do açude é causado principalmente pelo preparo
de áreas agrícolas, além do estabelecimento de lotes devido o crescimento imobiliário.
Ainda de acordo com a pesquisa, a prática de queimadas da vegetação é bastante
comum na região.
Pode-se dizer que a utilização de imagens de alta resolução espacial - como no
caso das imagens de satélite para fins de estudo do uso e ocupação da solo auxilia e
reduz o tempo nas observações de campo, já que permitem uma análise prévia do
espaço a ser levantado, e permitem dar uma atenção maior as discrepâncias
identificadas previamente.
É importante ressaltar que mesmo que as imagens nos permitam identificar as
“rugosidades” do espaço geográfico, estes fatores também são considerados levando em
consideração os fatores políticos, econômicos, sociais e ambientais que estão sempre no
centro das decisões referentes à apropriação do espaço pela sociedade e, por este
motivo, são os propulsores das transformações espaciais (FONSECA, 2008).
Como bem salienta Ganzeli (1995, p. 134), ao afirmar que “se considerarmos
as atividades econômicas, sejam elas urbanas, industriais ou agrícolas, como as
principais causadoras das transformações ambientais, a utilização e a exploração dos
recursos naturais pelos agentes econômicos podem ser consideradas como as principais
causas de degradação ambiental”, também a proposta de solução para um uso adequado
da terra deve focar justamente a organização destas atividades e o cumprimento de
normas e diretrizes que devem obrigatoriamente estar contempladas no Plano Diretor
Municipal.
A análise de uso do solo na área deve-se preocupar com áreas antropizadas e
com culturas, ou seja, que sofrem ou sofreram alguma ação do homem. Nota-se que nas
APP de margem de cursos d´água principalmente no entorno açude riacho do meio é a
que mais sofre ação do homem com um total de área antropizada em torno de 74,8% de
área com caatinga aberta, solo exposto e culturas, ou seja, representada por áreas que
foram desmatadas para diversos fins, como também para pastagens ou plantio de
culturas.
A partir da observação de campo na área de estudo confirmou-se que a
população tende a utilizar áreas ao longo dos rios, outro fato confirmado nesse
cruzamento é a questão da classe culturas aparecer nesse mapeamento, isso por um
motivo simples, a falta de água na região, e as culturas principalmente de hortaliças
tendem a serem cultivadas nos vales da região, perto dos cursos d´água.

66
Silva e Rosa (2009) diz que o uso das geotecnologias para o monitoramento e
planejamento do uso sustentável dos recursos naturais tem se difundido cada vez mais e
facilitado o desenvolvimento de estudos ambientais. Uma ampla tecnologia existente
permite o uso de ferramentas e produtos capazes de facilitar e agilizar o levantamento,
mapeamento e análise dos recursos naturais existentes (SILVA; ROSA, 2009).
De acordo com Rosa (2003), sobre a necessidade do conhecimento dos usos da
terra, a autora afirma que o conhecimento atualizado da distribuição e da área ocupada
pela agricultura, vegetação natural, áreas urbanas e edificadas, bem como informações
sobre as proporções de suas mudanças, se tornam cada vez mais necessárias aos
legisladores e planejadores, seja ao nível de governo federal, estadual ou municipal,
para permitir a elaboração da melhor política de uso e ocupação do solo.
Através desse conhecimento e análise das áreas em especial das bacias
hidrográficas, surge a necessidade de utilização desse conhecimento para auxiliar na
formulação de politicas públicas e com isso uma promover uma melhor eficácia na
gestão das bacias hidrográficas. Por esta razão Silva (2009) aborda que o
monitoramento das bacias hidrográficas torna-se relevante para que possa haver a
proteção da cobertura vegetal na área.
Vale salientar também que, dentre os recursos naturais, a água é de
fundamental importância e um dos recursos mais ameaçados do planeta, tendo em vista
as intensas agressões que são causadas aos ecossistemas aquáticos. Portanto, são
perceptíveis, nas mais diversas escalas de análise, os significativos abusos que são
causados aos corpos hídricos pelas ações indevidas do homem, o que acaba resultando
em prejuízo para a própria humanidade, primordialmente, quando se trata de
potabilidade da água em áreas densamente povoadas, ocasionando, conseqüentemente,
problemas de escassez hídrica.
Percebe-se claramente neste levantamento que a área ocupada pela Microbacia
não se encontra com um nível significativo de uso e ocupação do solo. Porém,
evidenciou-se que mesmo não ocorrendo na Microbacia um alto grau de uso antrópico
do solo, o entorno do principal reservatório apresenta um preocupante percentual de
ocupação pela Caatinga Arbustiva Aberta, Caatinga Herbácea/Cultivo Temporário e
Solo Exposto. Estas classes representam áreas degradadas que foram desmatadas em
anos anteriores para a formação de pastos e/ou cultivo temporário.
Dentro desta perspectiva Alburqueque (2012), diz que o planejamento e a
gestão territorial devem ser norteados através de um conjunto de decisões baseadas em

67
características físicas, sociais, econômicas e entre outras, levando sempre em
consideração as suas potencialidades e limitações aos mais diversos cenários tendenciais
de uso e ocupação do solo.
Desse modo, o administrador público depende do conhecimento de seu
município para uma administração eficiente, afinal, as ações de gestão acontecem em
lugares específicos, os problemas a serem resolvidos possuem uma determinada
localização, e o conhecimento do território permite um maior número de acertos na
tomada correta de decisões.

68
CONCLUSÃO

Para a realização do mapeamento do uso e ocupação do solo na microbacia do


Riacho do Meio (Jardim do Seridó), foi necessário o uso de técnicas de
geoprocessamento, que permitiu não somente maior rigor e precisão nas análises, mas
também a atualização periódica desses dados, num intervalo de tempo cada vez menor,
gerando uma dinâmica contínua de monitoramento da área a ser estudada.
Constatou-se que a análise do uso e ocupação da terra, tomando por unidade de
planejamento a microbacia hidrográfica, pode vir a contribuir significativamente para o
diagnóstico e conseqüente conhecimento de como os processos antrópicos se
estabeleceram na área. A compreensão da dinâmica de ocupação do solo e de sua
interferência nos processos naturais é fundamental para o estabelecimento de ações de
planejamento sócio-ambientais para a gestão púbica municipal.
O trabalho realizado por meio da aplicação de geotecnologias aplicadas a nível
de microbacia demonstrou ser um instrumental dotado de agilidade para o levantamento
de uso e ocupação do solo na referida Microbacia ao longo dos anos, podendo servir de
suporte para a projeção de cenários futuros, como também subsidiar decisões para que
sejam estabelecidas estratégias de planejamento sócio-econômicos e ambientais a médio
e longo prazo.
As conclusões apontam que a dinâmica do uso e ocupação do solo da
microbacia é conflituosa. Em síntese, a qualidade ambiental da região foi qualificada
como boa de acordo com a metodologia do estudo, porém em alguns pontos foram
verificados índices de degradação bastante avançados, como a retirada da mata ciliar. A
supressão desta vegetação, quase inexistente no entorno do principal reservatório da
microbacia, foi apontada como o principal fator determinante da avaliação negativa da
qualidade ambiental ao longo dos rios, como um descumprimento da legislação.
Assim, através dos resultados obtidos neste trabalho, conclui-se que é urgente a
implantação de polítcas públicas de ordenamento territorial em toda microbacia,
principalmente na área situada no entorno do principal reservatório. Dentre as atividades
a serem implantadas, ressalta-se a importânica da gestão/recuperação de áreas
degradadas.

69
7 REFERENCIAS

AB’ SABER, A. N. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas.


4 ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2007.

______. Províncias geológicas e domínios morfoclimáticos no Brasil. São Paulo,


1970.
______. O relevo brasileiro e os seus problemas. In: A terra e o Homem: as bases
físicas, vol. I. São Paulo: Nacional, Cap. 2, 1964.

ALBUQUERQUE, E. R. Aplicação de geotecnologia na gestão ambiental do Município


de Salinas, Minas Gerais. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Santa
Cruz, Programa de Pós - graduação em Desenvolvimento Regional e Meio
Ambiente/PRODEMA. Ilhéus, BA: UESC, 2009.

ALVES, J. J. A. Geoecologia da caatinga no semi-árido do Nordeste brasileiro.


CLIMEP: Climatologia e Estudos da Paisagem, Rio Claro, v.2, n.1, p. 58-71, 2007.

ALVES, J. J. A.; ARAÚJO, M. A.; NASCIMENTO, S. S. Degradação da Caatinga:


Uma Investigação Ecogeográfica. Caatinga, Mossoró, v.22, n3, p 126-135, 2009.

ARAÚJO, F.S.; RODAL, M.J.N.; BARBOSA, M.R.V. Análise das variações da


biodiversidade do bioma caatinga. Brasília-DF: Ministério do Meio Ambiente,., 2005.

ARONOFF, S. Geographical Information System: a management perspective. Otawa:


WDI Publications, 1989.

ANDRADE-LIMA, D. A. The caatinga dominium. Rev. Bras. Bot. Rio de Janeiro, v.4,
n.1, p. 149-153, 1981.

ANDREOZZI, S. L. Planejamento e Gestão de Bacias Hidrográficas: uma abordagem


pelos caminhos da sustentabilidade sistêmica. 302f. Tese (Doutorado) - Universidade
Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas: Rio Claro, 2005.

AZEVEDO, E.C.; MANGABEIRA, J.A.C. Mapeamento de uso das terras utilizando


processamento digital de imagem de sensoriamento remoto. Balanço do Monitoramento
Orbital das Queimadas no Brasil em 2001. In: Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária. Capítulo 7 – Comunicado Técnico. Campinas: Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária, 2001.

BERTRAND, Georges. Paysage et Géographie Physique Global. Esquisse


méthodologique. Revue Géographique dês Pyrenées et du Sud Ouest. Toulouse, v.
39, nº 3, p. 249-272, 1968.

BERTRAND, Georges. “Paisagem e geografia física global. Esboço metodológico”.


Revista RA´E GA, Curitiba, Editora UFPR. n. 8, p. 141 – 152, 2004.

BERTALANFFY, Ludwing Von. Teoria geral dos sistemas. Trad. de Francisco M.


Guimarães. Petrópolis: Vozes, 1973.

70
BEZERRA JÚNIOR, J. G. O; SILVA, N. M. Caracterização geoambiental da
microrregião do Seridó Oriental do Rio Grande do Norte. Holos, v. 02, n. 23, p. 78-91,
2007.
BITTENCOURT, L.F.F.; BATISTA, G.T.; CATELANI, C.S. Sensoriamento remoto
aplicado ao estudo de ocupação de solo de mata ciliar do rio Paraíba do Sul no
município de Caçapava. In: I Seminário de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
do Vale do Paraíba – GEOVAP; 2006; Anais...Taubaté, Brasil. UNITAU; 2006. p. 89-
99..

BLASCHKE, T.; LANG, S. Análise da paisagem com SIG. São Paulo: Oficina de
textos, 2009.

BOLFE, E. L.; MATIAS, L.F.; FERREIRA, M.C. Sistemas de informação geográfica:


uma abordagem contextualizada na história. Geografia, Rio Claro, v. 33, n. 1, p. 69-88,
jan./abr. 2008.

BRASIL. Estágio atual dos aspectos institucionais da gestão de recursos hídricos no


Brasil. Política Nacional de Recursos Hídricos, Brasília: Ministério do Meio Ambiente
dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal / Secretaria Nacional dos Recursos
Hídricos, p. 3-11, 1997.

BRASILEIRO, R. S. Alternativas de desenvolvimento sustentável no semiárido


nordestino: da degradação à conservação. Scientia Plena, v.05, n. 05. p. 1-12, 2009.

BOTELHO, R. G. M. Bacias Hidrográficas Urbanas. In: GUERRA, A. J. T (orgs.).


Geomorfologia Urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.

CAMARA, G.; MEDEIROS, J.S. Sistemas de Informações Geográficas. Aplicações


na Agricultura.2 ed. Embrapa. SPI. 1998.

CÂMARA, G.; DAVIS. C.; MONTEIRO, A.M.; D'Alge, J.C. Introdução à Ciência da
Geoinformação. 2. ed. São José dos Campos: INPE, 2001.

CÂMARA, G.; CASANOVA, M.; HEMERLY, Y. A.; MAGALHÃES, G. MEDEIROS


C. Anatomia de Sistemas de Informações Geográficas. Campinas: Instituto de
Computação, UNICAMP, 1996.

CASTELLETTI, C. H. M.; CARDOSO, J. M. S.; TABARELLI, M.; MELO, A.


M. S. Quanto ainda resta da Caatinga? Uma estimativa preliminar. In: TABARELLI,
M.; CARDOSO, J. M. S. Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias
para a conservação. Recife: MMA, UFPE, 2004. p. 91-100.

COWEN, D.J. GIS versus CAD versus DBMS: What are the differences.
Photogrammetric Engineering and Remote Sensing., v.54, p. 1551-4, 1988.

COSTA, N. M. C. da; SILVA, J. X. da. Geoprocessamento aplicado à criação de planos


de manejo: o caso do Parque Estadual da Pedra Branca-RJ. In: SILVA, J. X. da;
ZAIDAN, R. T. Geoprocessamento & análise ambiental: aplicações. Rio de Janeiro:
Bertrand, 2004.

71
CPRM. Serviço geológico do Brasil. Projeto cadastro de fontes de abastecimento por
água subterrânea. Jardim do Seridó: CPRM, PRODEEM, 2005.

CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. 2 ed. São Paulo: Ed. Edgard Blücher, 1980.

______. A abordagem sistêmica e as perspectivas analíticas em Geomorfologia.


Boletim de Geografia Teorética, v. 15, nº 29-30, p. 454-456, 1985.

______. Modelagem de sistemas ambientais. São Paulo: Edgard Blucher, 1999. 236p.

CREPANI, E. et al. Zoneamento Ecológico Econômico. In: FLORENZANO, T. G


(org.). Geomorfologia: conceitos e tecnologias atuais. São Paulo: Oficina de textos,
286-318, 2008.

CURRAN, P. J. Principles of remote sensing. London: Longman, 1985, 282p.

EMBRAPA, Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de


Classificação de Solos. Brasília: EMBRAPA Produção de Informação; Rio de Janeiro:
EMBRAPA Solos, 1999. 412p.

FERREIRA, A. B. et al. Análise comparativa do uso e ocupação do solo na área de


influência da usina hidrelétrica capim branco, a partir de técnicas de geoprocessamento.
In: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Anais... São José dos Campos: INPE,
2005.p.2997-3004.

FLORES, M.X. Uso agrícola do solo: principais tipos de solos, potencial de utilização e
impactos ambientais. In: QUEIROZ, T. A. Análise ambiental: estratégias e ações. Rio
Claro: Editora LTDA, 1995.

FLORENZANO,T. G. Iniciação em sensoriamento remoto. 3 ed. São Paulo: Oficina


de textos, 2011.

FONSECA, M. F. Geotecnologias aplicadas ao diagnóstico do uso da terra no entorno


do Reservatório de Salto Grande, município de Americana (SP), como subsídio ao
planejamento territorial. 2008. 69f. Dissertação (mestrado) Universidade Estadual de
Campinas, Instituto de Geociências, Campinas,SP. 2008.

GHEZZI, A. O. Avaliação e Mapeamento da Fragilidade Ambiental da Bacia do Rio


Xaxim, Baia de Antonina – PR, com o Auxilio de Geoprocessamento. 2003. 57f.
Dissertação (Mestrado do Curso de Pós-Graduação em Ciência do Solo) -
Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, Universidade Federal do Paraná, Paraná.
2003.

GUERRA, A. T. Erosão e Conservação dos Solos: conceitos, temas e aplicações. Rio


de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.

GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. (orgs.). Geomorfologia e Meio Ambiente. Rio de


Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

72
GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B.. (orgs). Geomorfologia do Brasil. Rio de janeiro:
Bertrand Brasil, 1998.

IBGE. Manual Técnico de Uso da Terra. Rio de Janeiro, 2006. 91p.


JAIN, M. K.; DAS, D. Estimation of sediment yield and areas of soil erosion and
deposition for watershed prioritization using GIS and Remote Sensing. Water
Resources Management, v.24, n.10, p.2091-2112, 2009.

KAWAKUBO, F. S. et al. Caracterização empírica da fragilidade ambiental utilizando


geoprocessamento. In: Simpósio Brasileiro de SensoriamentoRemoto, 2005, Goiânia-
Go. Anais... São José dos Campos INPE, 2005, p. 2203-2210.

LEPSCH, I.F.; BELLINAZZI JR., R.; BERTOLINI, D.; ESPÍNDOLA, C.R. Manual
para levantamento utilitário do meio físico e classificação de terras no sistema de
capacidade de uso. 4ª aproximação, 2ª imp. rev. Campinas: Sociedade Brasileira de
Ciência do Solo, 1991. 175p.

LEITE, B. S. Caracterização do Meio Físico em Bacias Hidrográficas com Suportes de


Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento. 2013. 46f. Dissertação (Mestrado do
Instituto de Geociências e Ciências Exatas) Universidade Estadual Paulista, Rio Claro-
SP. 2013.
LILLESAND, T. M.; KIEFFER, R. W. Remote Sensing and Image Interpretation.
New York: John Wiley & Sons, 1987.

MACHADO, R. E.; VETTORAZZI, C. A. Simulação da produção de sedimentos para a


microbacia hidrográfica do ribeirão dos Marins (SP). Revista Brasileira de Ciência do
Solo, Viçosa, v. 27, n. 4, p. 735-741, 2003.

MALVEZZI, Roberto; Semi – Árido: Uma Visão Holística. Brasília: Confea, 2007, p.
106.

MAXIMIANO, G.A. Bacia do Rio Pato Branco, e Ensaio Cartográfico Para a Análise
da Fragilidade do Meio Físico Com Uso de Geoprocessamento. 1996. 109f.
Dissertação (Mestrado em Geografia Física) – Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas. USP. São Paulo, 1996.

MENEGUETTE, A. (2002). Introdução ao geoprocessamento. Courseware em


Ciências Cartográficas - Unesp - Campus de Presidente Prudente.
URL:http://www.multimidia.prudente.unesp.br/arlete/hp_arlete/courseware/ intgeo.htm.
Acesso em 2014.

MENDONÇA, R. A. M.; BERNASCONI, P.; SANTOS, R.; SCARANELLO, M. Uso


das Geotecnologias para Gestão Ambiental: experiências na Amazônia Meridional.
Cuiabá: IC V- Instituto Centro de Vida, 2011.

MONTEIRO, C. A. F.. A Geografia no Brasil (1934-1977): avaliação e tendências.


Série Teses e Monografias, n. 37. Instituto de Geografia, Universidade de São Paulo.
São Paulo, 1980.

73
MONTEIRO, Carlos Augusto de Figueiredo. Geossistemas: a história de uma procura.
São Paulo: Contexto, 2001.

MOURA, D. C.; SCHLINDWEIN, C. Mata Ciliar do rio São Francisco como


Biocorredor para Euglossini (Hymenoptera, Apidae) de Florestas Tropicais Úmidas.
Manejo Florestal Sustentável e Biodiversidade. Neotropical entomology. v. 38, n. 2, p.
281-284, 2009.

NASCIMENTO, F. R. do. Método em questão. O uso da Teoria dos Sistemas em


Geografia Física: o caso da Geomorfologia. 136 fl. 2001. Monografia (Bacharelado
em Geografia –Levantamentos fisográficos e conservacionistas). Fortaleza, 2001.

NASCIMENTO, F. R.; SAMPAIO, J. L. F. Geografia Física, Geossistemas e Estudos


Integrados da Paisagem. Revista da Casa da Geografia de Sobral, Sobral, v. 6/7, n. 1,
p. 167-179, 2004/2005.

NIMER, Edmon. Climatologia do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 1979.

NOVAES, W. (Coord.); RIBAS, O.; NOVAES, P. da C. Agenda 21 Brasileira - Bases


para discussão. Brasília: MMA/PNUD, 2000. 196 p.

NOVO, E. M. Sensoriamento remoto: princípios e aplicações. São Paulo: Edgard


Blucher, 1989.

OLIVEIRA, A.; SOUZA, R. M. Contribuições do Método Geossistêmico aos Estudos


Integrados da Paisagem. Geoambiente on-line, n.19, p. 157-175, 2012.
PADILHA D. G. Geoprocessamento aplicado na caracterização da fragilidade
ambiental da bacia hidrográfica do Arroio Grande, RS. 2008. 86 f. Dissertação
(Mestrado do Programa de Pós – Graduação em Geomática), Universidade Federal de
Santa Maria, Santa Maria. 2008.

PAIVA, et al. Estimativa das perdas de solo por erosão hídrica na bacia do rio uma
Taubaté-SP com o emprego de sensoriamento remoto. In: Simp. Bras. Sens.
R...INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS. Anais... São José dos
Campos: INPE, 2003.

PENTEADO, M. M. Fundamentos de Geomorfologia. Rio de Janeiro: IBGE, 1980.

PEREIRA NETO, M. C. Fragilidade ambiental da bacia hidrográfica do Rio Seridó


(RN/PB –Brasil). 2013. 117f. Dissertação (Mestrado do Programa de Pós-Graduação
em Geografia) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, Natal. 2013.

PINTO, R. M. S.; CARVALHO, V. C.; ALVALÁ, R. C. S. Mapas de variabilidade


temporal do uso e cobertura da terra do núcleo de desertificação de Irauçuba (CE) para
utilização em modelos meteorológicos. Anais.. XVI Simpósio Brasileiro de
Sensoriamento Remoto, Natal, Brasil, abril 2009, INPE, p.6077-6083.

74
POTTER, K. M; CUBBAGE, F, W; SCHABERG, R. H. Multiple-scale landscape
predictors of benthic macroinvertebrate community structure in North Carolina.
Landscape and Urban Planning, v. 71, 77–90, 2005.

RODRIGUES. Cleide. A teoria geossistêmica e sua contribuição aos estudos


geográficos e ambientais. . Revista do Departamento de Geografia USP. São Paulo,
n°14. p. 69-77, 2001.

RODRIGUES, F. M.; PISSARRA, T. C. T.; CAMPOS, S. Análise temporal do uso e


ocupação do solo na microbacia hidrográfica do Corrégo da Fazenda Glória, Município
de Taquaritinga, SP. Irriga, Botucatu, v. 14, n. 3, p. 314-324, 2009.

ROSA, R. Introdução ao sensoriamento remoto. 7. ed. Uberlândia: EDUFU, 2009.

ROSA, R. Geotecnologias na Geografia Aplicada. Revista do Departamento de


Geografia,Uberlândia, n.16, p.81-90, 2005.

ROSA, R. B. et al. Introdução ao Geoprocessamento: Sistema de Informação


Geográfica. Uberlândia, 1996. 104 p.

ROSS, J. L. S. Geomorfologia, Ambiente e Planejamento. São Paulo: Contexto, 1990.

ROSS, J. L. S. Análise empírica da fragilidade dos ambientes naturais e antropizados.


Revista do Departamento de Geografia, n. 8, São Paulo: FFLCH/USP, 1994.

ROSS, J. L. S. et al. Caracterização empírica da fragilidade ambiental utilizando


geoprocessamento. In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 2005, Goiânia-
Go. Anais... São José dos Campos INPE, 2005, p. 2203-2210.

ROSS, J. L. S. Ecogeografia do Brasil: subsídios para o planejamento ambiental. São


Paulo: Oficina de Textos, 2009.

SÁ, I. B.; RICHÉ, G. R.; FOTIUS, G. A. As paisagens e o processo de degradação do


semi-árido nordestino. In: SILVA, J.M.C.; TABARELLI, M.; FONSECA, M.T. da;
LINS, L.V. (Org.). Biodiversidade brasileira: avaliação e identificação de áreas e
ações prioritárias para conservação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2004, p.
17-36.
SALES, Vanda Carneiro de Claudino. Lagoa do Papicu: natureza e ambiente na cidade
de Fortaleza. 1993. Dissertação (mestrado em Geografia). FFLCH-USP, Dept° de
Geografia. São Paulo, 1993. p. 18-70.

SAMPAIO, E. V. S. B.; MAYO, S. J.; BARBOSA, M. R. U. Pesquisa Botânica


Nordestina: progresso e perspectivas. Recife: SSB/ Seção Regional de Pernambuco.
1996.

SANTOS, R. F. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de


Textos, 2004.

75
SANTOS, E. Mapeamento da fragilidade ambiental da bacia hidrográfica do Rio Jirau
Município de Dois Vizinhos – Paraná. 2005. 141f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Pós-Graduação em Geografia, Setor de Ciências da Terra, Universidade Federal do
Paraná, Paraná. 2005.

SEBUSIANI, H. R. V.; BETTINE, S. C. Metodologia de análise do uso e ocupação do


solo em micro bacia urbana. Revista Brasileira de Gestão e de Desenvolvimento
Regional. Taubaté, Brasil, v.7, n. 1, p. 256-285, 2011.

SLATER, P. N. Remote Sensing, optics and optical systems. Massachusetts: Addison


Wesley Publishing Company, 1980.

STRAHLER, A. N. “Hypsometric (area-altitude) analysis of erosional topography”,


Geol. Soc. America Bulletin, pp. 1117-1142, 1952.

SILVA, L. C. do N.; FERNANDES, A. L. V.; OLIVEIRA, W. de. Análise do uso e


ocupação do solo na microbacia Dom Tomaz no município de Três Lagoas - MS. In:
Seminário dos Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Paranaíba Do Sul: O
Eucalipto e o Ciclo Hidrológico, 1., 2007, Taubaté. Anais... Taubaté: [s.n.], 2007. p.
325 - 330.

SILVA, J. M. C.; TABARELLI, M.; FONSECA, M. T. & L., VANUCCI, L.


(organizadores). Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias para a
conservação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente: Universidade Federal de
Pernambuco, 2004. 382p.

SILVA, R. C. Análises morfométricas e hidrológicas das bacias hidrográficas do


Córrego Teixeiras, Ribeirão das Rosas e Ribeirão Yung, Afluentes do Rio Paraibuna,
Município de Juiz de Fora/Mg. 2011. 97f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Especialização em Análise Ambiental) Universidade Federal de Juiz de Fora, MG,
2013.

SILVEIRA, C. T; OKA-FIORI C. Análise empírica da fragilidade potencial e


emergente da bacia do Rio Cubatãozinho, Estado do Paraná. Caminhos de Geografia.
Uberlândia .v. 8, n. 22. 2007 p. 1 – 17.

SOTCHAVA, V.B. Por uma teoria de classificação de geossistemas de vida


terrestre. São Paulo: USP – FFLCH, Dept° de Geografia:, 1973.

SPÖRL, C. Análise da Fragilidade ambiental relevo-solo com aplicação de três modelos


alternativos nas altas bacias do rio Jaguari-Mirim, ribeirão do Quartel e ribeirão da
Prata. 159f. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas, USP, São Paulo, 2001.

SPÖRL, C.; ROSS, J. L. S. Análise comparativa da fragilidade ambiental com aplicação


de três modelos. GEOUSP – Espaço e Tempo. São Paulo. n. 15, p.39-49, 2004.

SOUZA, M.J.N. O campo de ação da Geografia Física. Boletim de Geografia Teorética.


In: Anais Simpósio Aplicado de Geografia Física Aplicada, v. 15, nº 29-30, p. 32-40,
1985.

76
______.Questões metodológicas da Geografia Física. Fortaleza: Mestrado Acadêmico
em Geografia – UECE, 2000.

SOUZA, M. J. N. Bases Naturais e Esboço do Zoneamento Geoambiental do Estado do


Ceará In: LIMA, L. C; SOUZA, M. J. N; MORAES, J. O; Compartimentação
territorial e gestão regional do Ceará. Fortaleza: FUNECE, 2000.

TAMANINI, M. S. A. Diagnóstico Físico-Ambiental para determinação da fragilidade


potencial e emergente da Bacia do Baixo Curso do Rio Passaúna em Araucária – PR.
(2008): 105f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Setor de Ciências da Terra,
Universidade Federal do Paraná, Curitiba (PR), 2008.

TRICART, J. Ecodinâmica. Rio de Janeiro: IBGE/Recursos Naturais e Meio


Ambiente, 1, IBGE, 97 p. 1977.

VAEZA, R. F.; OLIVEIRA-FILHO, P.C.; DISPERATI, A. A.; MAIA, A.G. Uso e


ocupação do solo a partir de imagens orbitais de alta resolução para estudo em bacia
hidrográfica em área urbana. In: XIX Seminário de Pesquisa/ XIV Semana de Iniciação
Científica; 2008; Irati. Anais... Irati, PR: Universidade Estadual do Centro-Oeste –
UNICENTRO; 2008.

VARELA-FREIRE, A. A. Caatinga hiperxerófila do Seridó, a sua caracterização e


estratégia para a sua Conservação. In: V Simpósio de Ecossistemas Brasileiros, 2000.
Anais..., 2000, v. 4, p. 83-109.

VIEIRA, A. S. Orientações para Implantação de um SIG Municipal Considerando


Aplicações na Área de Segurança Pública. Monografia. (Especialização em
Geoprocessamento). Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Belo Horizonte,
2002.

VITTE, Antonio Carlos. A Geografia Física no Brasil: um panorama quantitativo a


partir de periódicos nacionais (1928-2006). Revista da ANPEGE, v. 4, p. 47-60, 2008.

77

Você também pode gostar