Você está na página 1de 7

MOTIVOS DO PORQUE OS RICOS ODEIAM TANTO GENTE POBRE EDUARDO

MARINHO - YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=peto7RvXrck&t=183

Transcript:
que se tem nas partes privilegiadas E minoritárias e levar esse conhecimento como uma
oferta como um oferecimento para aqueles que têm direito a acessar esse conhecimento e
foram roubados com braçais ignorantes fáceis de enganar com a mídia preciso levar
conhecimento para onde tá a sabedoria porque é ali que tá
a sabedoria nas cles afastadas não tem sabedoria mas tem o Saber exceção que
desenvolve uma sabedoria por conta própria mas na classe baixa a classe pobre a classe
que tem tem que superar com dificuldade desenvolve a sabedoria Por uma questão de
necessidade de sobrevivência é um pessoal muito mais capaz de superar dificuldade de
enxergar
soluções de criar soluções PR os problemas muito mais solidário aí a solidariedade não
como uma virtude Mas também como uma ferramenta de sobrevivência eu passo
dificuldade o meu vizinho passa dificuldade também todo mundo conhece ali o que que é
dificuldade então quando alguém tá em dificuldade extrema todo mundo se cotiza
para ajudar porque todo mundo sabe o que que é aquilo todo mundo já passou por aquilo a
sol na favela é automática também é ferramenta não é virtude entende então a humanidade
ela é mais desenvolvida pro trato coletivo porque eles são colocados em área de exclusão
onde o estado não atua o estado não
entra ali para saneamento para urbanização para nada ali as pessoas se viram v o estado
só entra ali para bater para dar tiro para aprender os que optam para servir as empresas do
crime que pagam melhor do que as empresas convencionais pros desqualificados as
academias têm que servir de conhecimento
os que têm a capacidade de construção porque os que T os T os que TM a força para
construir uma sociedade mais justa velho são os que constroem Essa sociedade injusta é
uma questão de você passar para ele o acesso para eles né paraa grande maioria o acesso
ao desenvolvimento das capacidades críticas
ao conhecimento né a a a profissionalização a a informação a visão de mundo é preciso
pesado na formação do povo desde a mais Terra infância mano o apoio estatal tem que tá
ali na mais na na gestação Tem que haver um cuidado especial com a formação do povo só
que isso não interessa as elites que comandam hoje a esses interessa a
ignorância porque você fácil você manipular uma sociedade ignorante um povo ignorante
um povo desinformado você pega a psicologia do inconsciente de Antropologia sociologia
os conhecimentos mais profundos sobre o ser humano na mente de um povo que não tem
defesa crítica não tem acesso à instrução foi
sabotado pelo próprio estado no seu direito constitucional a educação a instrução a
informação a formação profissional a moradia a saneamento básico as condições básicas
de existência então o que que eu vejo eu vejo uma sociedade criminosa um estado que não
cumpre a sua constitui ele viola sua lei principal a mais
importante de todas território nacional a maior organização criminosa que tem é o estado
dominado por Elite banqueira internacional com a complicidade das elites locais colonizava
por direito ele chegava com canhão e dominava mesmo Ele criava uma elite para
administrar o lugar era uma minoria Zinha muito
enriquecida o dominante chegava para eles e convencia eles que eles eram melhores do
que a população local criava da Elite que tá aí até hoje a elite rica riquíssima que despreza
o povo e admira o explorador o saqueador o colonizador é a mentalidade colonizada que tá
a elite até a ralé até a periferia meu eh eu não
não sou dedicado a nenhum tipo de permacultura ou alternativa a minha alternativa foi de
vida viver por minha conta agora a minha filha ela tinha juntado um dinheiro aí que Ela
morou nos Estados Unidos viajou de navio de turismo trabalhando ela foi juntando uma
grana E aí comprou um terreno grande no
meio da montanha no meio do mato que tá é uma floresta não não foi desmatado entendeu
tá lá e o dinheiro acabou e ela não construiu nada e tá lá largada a terra nem cerca tem e
há muito tempo tinha falado comigo para eu construir uma casa lá pelo menos para
aparecer gente de vez em quando com 19 anos
quando eu larguei a faculdade e peguei a estrada eu passei a viver de um jeito que eu
achava que não passava dos 30 ano de idade feria eu não tinha mais proteção social
nenhuma né Porque até então eu tava numa família filha de um coronel né eu era filho de
um coronel eu mesmo tinha sido militar né um umas
blitz da PM quando via meus documentos já passava a me tratar com maior respeito sabe
como era eu se eu tomava um tongo de bicicleta já tinha Hospital particular para me receber
então eu tinha uma vida muito garantida muito fácil muito segura materialmente falando de
repente eu me expus ao risco completo
eu pulei para para fora da gaiola acabou o veterin acabou comidinha acabou alpiste acabou
a bananinha acabou a aguinha trocada acabou o tratador entendeu Tava exposto ao
Gavião tava exposto a coruja tava exposto aos predadores tava no mundo porque ter a
liberdade de voar eu tive que abrir mão de toda a segurança e aí eu vi acontecer
coisa à minha volta que eu tinha certeza que uma hora pegava em mim um cara tomou um
tiro do meu lado no meio de uma briga eu e um camarada tentando fugir os dois rips que
estava sendo acusado de um roubo que a gente nem que era garrafada voando pegaram o
cara que tava comigo cortaram ele em retalhos e eu consegui
pular pela janela e fugir o cara ficou internado quase um mês lá para ser costurado todo
para depois que não era nada e a polícia atirou também na minha direção quer dizer eu vi
as coisas acontecerem falar pô eu não vou passar dos 30 anos apesar disso Isso não tô
querendo plantar um terror assim minha
vida virou um terror não isso eram eventos esporádicos a vida ficou muito interessante
interessante as vivências eram muito intensas as histórias e as vidas que eu vi na minha
frente eram coisas que me acrescentavam demais era coisa que eu nunca tinha visto na
vida eu tava enxergando coisas que eu não
enxergava tava vendo a sociedade ser sincera eu tava Encantado velho com que eu tava
vendo só que veando uma brav acontecer F uma hora vai eu né Uma hora me pega e para
mim tá bom eu tô vivendo como eu quero como eu gosto eu tô gostando de est vivo eu
nunca tinha gostado de vivo era melhor melhor morrer
do que viver daquela maneira lá fim da vida frustrado achando que joguei minha vida no lixo
Prefiro não viver então vivendo desse jeito tá bom aí passou os 30 esse ano vou fazer 60
anos cada etapa foi preparando pra etapa seguinte eu acho que eu tô chegando numa
etapa em que a vida se me facilitou muito eu
tenho uma Kombi sa eu tô eu tô com mais visibilidade meu trabalho tá vendendo
antigamente cortavam água frequentemente faltava comida sabe cortavam luz eu tinha que
tá sempre correndo atrás do mínimo necessário não que isso fosse um sofrimento que isso
nunca me aperreou não e inclusive para viver numa
sociedade nessa nossa sociedade com sobra conforto sem preocupação a gente tem que
entregar boa parte consciência e ser conivente com a maldade social então a dificuldade
para mim nunca me mas eu tô reparando que isso tá se facilitando e se tá facilitando é
exatamente para eu poder fazer trabalhos que não vão me dar
dinheiro agora que eu não tô precisando de dinheiro agora o meu trabalho tá me dando
suficiente para pagar todas as minhas contas eu fiquei eu fiquei criei três crianças comigo
sozinho sabe como sempre correndo atrás e levantando exatamente o que eu precisava de
momento a momento nunca com sobra nunca com
sobra e às vezes até com alguma falta Mas corri atrás e agora tô me preparando para
escrever sobre a minha vida entendeu eu tenho comida em casa eu tenho grana para
comprar mais comida eu posso trabalhar me dedicar ao meu trabalho inteira sem ter que ir
pra Rua arrumar dinheiro já tô conseguindo vender pela internet já fiz rifa então
materialmente eu já passei pelas dificuldades que eu tinha que passar eu acho que eu teria
até vergonha de ter acesso mas eu suficiente para exercer minha vida como meu coração e
minha consciência mandarem sabe meu coração e minha consciência diz assim escreve
escreve que pela reação que tá tá aí na
sua frente já vai ser útil para as pessoas lerem a respeito escreve Lê para refletir para ver o
que eu vi na sociedade eu tinha a sensação velho na vida abastada junto com que eu vivi
uma sociedade falsa parecia que a sociedade armava um cenário para me favorecer com
empregada era uma realidade a empregada
ali uniformizada velho ela era uma pessoa sacaneada que morava numa favela que fora dali
ela tinha que ter outro comportamento ela tinha uma vida que ali e ninguém imaginava era
uma incógnita para mim a vida dos empregados eu não sabia da vida de nenhum deles era
uma vida de teatro mano eu tava vivendo como realidade um cenário
uma coisa que quando eu fui para mendig câncer quando eu já tava mendigo desprezado
suspeito mal visto aí eu tava vendo a realidade ninguém mais fingia para mim não tinha
mais sorriso falso pro meu lado e na CL você vai ter não Não vamos dizer sorriso falso mas
sorris sorrisos profissionais entendeu E e isso
me cansava isso me angustiava É porque era um inferior social ele era obrigado a sorrir
para quem ele nem conhece só porque você tem grana esse sorriso não me constrangia
então quando eu lá embaixo que até a polícia me perseguia eu falei era isso que eu queria
ver a sociedade como ela é eu não quero
ser paparicado eu quero ver a realidade Poxa eu tenho duas orelhas dois olhos e uma boca
parei de falar e comecei a ouvir e comecei a perceber o código de comunicação dessas
pessoas comecei a ver que eles têm outro código de comunicação o que me levou até ali a
não aceitação do mundo como me apresentam me
apresentar um mundo onde eu ia ter que competir com todo mundo eu fui atleta desde o
Colégio Militar desde 10 anos de idade ganhava um monte de coisa no exército eu ganhei
troféu de corrida e fazia ciclismo ganhava também mas quando quando eu fui chegando
mais mais velho mais novo você não percebe mas mais
velho mais velho assim 18 anos eu comecei a perceber a tristeza dos Derrotados aí perdeu
o gosto da competição eu não quero produzir esse sentimento eu não quero mais competir
mas o mundo cobra que você entre nessa quando eu falei com o meu tenente no exército
que não quero mais competir eu comecei a ser percebido porque eu era
medalhista o mundo tava me cobrando quando eu tava na universidade e falei não quero
mais competir a família meiu me puniu com afastamento e quando eu fui pro Meo da
Periferia eu percebi que a competição é uma grande falc trua nós não estamos nos
preparando para viver numa sociedade harmônica quando eu era moleque Eu achava que a
pessoa era médica o cara escolhia a profissão da medicina para diminuir o sofrimento das
pessoas que sofrem e hoje eu vejo que não faz medicina para ganhar dinheiro para ganhar
status o cara fala não vou pro lugar onde não tem médico porque não tem estrutura lá ué
mas é exatamente porque não tem estrutura que
precisa de medic tá cheio de gente essa mentalidade Empresarial foi implantada na
sociedade eu acho que a miséria é uma coisa planejada e eu não vou participar disso a
minha resposta com meu pai eu conversei 4 horas com ele antes da última saída com a
mochilinha nas costas já resolvido e ele dizia para onde você
vai não sei o que que você vai fazer eu falei não sei mas do que que você vai viver não sei
mas se você ficar doente você quebrar uma perna eu só vou pensar nisso se acontecer o
meu medo é viver uma vida assim sentio eu tive que ter meus filhos em um hospital público
na gloriosa categoria de indigência e
cansei de dormir em cima do papelão mas a minha origem não foi essa minha família era
abastada minha família tinha bastante grana meu pai era oficial do exército eu estudei em
ótimas escolas só que eu tinha uma diferença eu me incomodava com os privilégios que eu
tinha os meus amigos eram num uma favela
que tava no fundo da minha casa e eu jogava bola com eles eu sentia que aquelas crianças
eram superiores a mim eles tinham muito mais Liberdade enquanto eu era monitorado eu
percebia que eram pessoas muito mais livres do que eu eu era preso e quando eu estava
no meu meio na minha casa com os meus amigos eu questionava essa
diferença questionava os nossos privilégios e nesse meio é muito mal recebido as pessoas
não querem saber não querem tratar do assunto miséria isso sempre foi assim sempre vai
ser assim é assim que eles pensam e eu me senti estranho eu era um estranho naquele
meio e fui passei a adolescência tentei entrar no exército não tenho
temperamento para aquilo fui funcionário do Banco do Brasil também não tenho
temperamento para aquilo eu vivia por pressão familiar em nome das coisas dos benefícios
das facilidades e eu sentia alguma coisa estranha Nisso porque não me satisfazia eu sentia
uma atração muito grande pela maneira dos mais
pobres que no caso do meu convívio eram os serviçais eles eram mais espontâneos mais
sinceros o olhar tinha alguma coisa diferente e eu tentava me aproximar deles eu ia pras
festas e ficava na cozinha conversando com os garções com os cozinheiros com as
pessoas com os faxineiros que me tratavam muito bem mas não me
tratavam com igualdade porque quando tratavam entre si eu sentia que era diferente eu era
um Riquinho legal quando eu cheguei até a faculdade eu entrei na faculdade por pressão
familiar também eu vi esses assuntos que eu queria discutir que não encontrava jeito seria
discutidos e fiquei muito encantado com aquilo por uns TRS meses
porque depois eu percebi que essas pessoas também não se aproximavam dos mais
pobres quando eu saí do exército eu tinha o couro bem duro eu aguentava dormir no chão
papelão molhado passava fome tranquilamente então eu saturado do meu meio social Todo
feriado todo espaço que eu tinha eu viajava de carona ia para uma uma aldeia
de pescadores uma vila no alto da montanha onde estavam as pessoas mais pobres porque
eu sentia muita atração e ficava observando que aquelas pessoas tinham muito mais
espontaneidade tinha uma união muito maior do que no meu meio na minha classe eu tinha
uma humanidade uma relação afetiva que eu não conhecia
Aí eu resolvi já decepcionada com a faculdade não ter nada vou fazer a experiência do que
não ter nada eu quero andar pelo mundo sem nada só que aí a família ofendida com a
minha opção cortou relações e o que era para ser uma experiência virou situação e assim
eu vivo até hoje E aí eu cheguei no meio
mais pobre pedindo o que comer pedindo onde dormir e as pessoas começaram a me olhar
com igualdade como eu tinha a visão condicionada porque a gente é condicionado por uma
mídia cheio de psicologia do inconsciente eu cheguei no meio dos mais pobres como quem
chega no meio dos ignorantes eu vou ensinar
eles porque eu tive mais escolas e começar Ava a falar da humanidade da desigualdade
mas eu a língua que eu falava não era a língua daquele lugar e as pessoas ali já estavam
Mirando com igualdade porque eram um mais do que todo mundo então eu percebia que
com igualdade eles eram mais espontâneos eles riam da minha cara do meu jeito de
falar eu de repente me dei conta que ninguém entendia o que eu tava falando aí eu me
senti um idiota duas vezes primeiro porque eu achei que eu tava indo pro meio da
ignorância e eu percebi que ignorante Ali era eu e segundo porque eu tenho eu percebi que
eu tenho duas orelhas dois olhos só uma boca eu
tenho que ouvir mais observar mais e falar menos e eu comecei a fazer isso prestar atenção
e percebi que no meio da Periferia que a gente julga que é tão ignorante existem códigos de
comunicação inacessíveis para quem fala língua acadêmica são códigos intuitivos são
códigos de sentimento são gestuais é
mímica é uma coisa muito mais profunda e eu percebi também aliás no meu próprio couro
que a capacidade de resistência nas periferias é muito maior do que nas outras classes
porque Quem trata com dificuldade ganha força ali se se acostuma aqui todo mundo sabe
disso você acostuma tratar com dificuldade superar
perdas o tempo todo dificuldade gera resistência facilidade gera fragilidade Então as
classes mais altas como Aquela que eu era originário era muito frágil muito medrosa era o
que me incomodava lá era o medo Ali era um medo enorme de cair de patamar e quando
eu tava misturado com a maioria eu via que ali
ninguém ficava triste porque não tinha nada pelo contrário er uma alegria danada as
dificuldades eram pinto era brincadeira de criança aí eu comecei a perceber que essas
pessoas não sabem disso porque tem todo um processo de impedimento do
desenvolvimento dessas pessoas comecei a perceber que a escola
pública não merece nome de escola existe uma Sabotagem institucional ali não chegam
verbas não chega a ensino ali é um centro de tortura de professores de alunos e de
funcionários a escola pública é feita para fabricar ignorância para que as pessoas não se
deem conta do que acontece no mundo eu comecei a
perceber também que quem faz tudo na sociedade é a Rapaziada mais pobre se você se
colocar em qualquer lugar da cidade em qualquer lugar onde tenha civilização e olhar em
volta você não vai ver Um milímetro que não foi mão de pobre que botou ali todas as roupas
são costuradas por pobres todas as paredes
são levantadas por pobres a comida que se come é plantada colhida trazida e preparada
por pobres o pobre faz tudo Tudo Não falta nada só que ele não sabe disso a sociedade se
estruturou em cima da massa mais po e a massa mais prob sustenta essa estrutura é uma
estrutura criada na época dos reis ainda onde a
sociedade vivia em função daquela Cúpula da nobreza toda a sociedade existia uma classe
intermediária que era pequena nobreza que administrava os peões o povão que fazia tudo
sustentava tudo e aquela cúpula pequenininha essa estrutura tá aí até hoje só que em vez
de Reis são Mega empresários Mega banqueiros que controlam a mídia
controlam os políticos eu não acredito mais na política porque quem faz a política são os
empresários que financiam as campanhas é empresário que faz política pública eles estão
na cúpula e não querem sair da Cúpula E para isso tomaram todos os cuidados muita coisa
do que eu queria foi induzida por eles muita coisa da minha
visão de mundo foi induzida por esse motivo você tem que ver o mundo distorcido para ele
permanecer como tá quando a gente começa a perceber a gente começa mudar os valores
começa a mudar o comportamento eu acho que é isso que vai mudar a estrutura toda da
sociedade porque os mais pobres não só constroem a
sociedade eles sustentam a sociedade eles mantém a sociedade a carga tributária que é o
que banca o estado ela tá em cima do consumo ela não tá em cima nem do patrimônio nem
da renda e tando em cima do consumo se divide entre a maioria o mais pobre paga pela
sociedade e no entanto ele é traído ele é sabotado ele é despresado ele é
perseguido eu tive que ter meus filhos em hospital público na gloriosa categoria de
indigência e cansei de dormir em cima de papelão mas a minha origem não foi essa minha
família era abastada minha família tinha bastante grana meu pai era oficial do exército
estudei em ótimas escolas só que eu tinha uma diferença eu me incomodava com
os privilégios que eu tinha os meus amigos eram num uma favela que tava no fundo da
minha casa e eu jogava bola com eles eu sentia que aquelas crianças eram superiores a
mim eles tinham muito mais Liber enquanto eu era monitorado eu percebia que eram
pessoas muito mais livres do que eu eu era preso e quando
eu estava no meu meio na minha casa com os meus amigos eu questionava essa diferença
questionava os nossos privilégios e nesse meio é muito mal recebido as pessoas não
querem saber não querem tratar do assunto miséria isso sempre foi assim sempre vai ser
assim é assim que eles pensam e eu me senti estranho eu era um estranho naquele meio
e fui passei adolescência tentei entrar no exército não tenho temperamento para aquilo fui
funcionário do Banco do Brasil também não tenho temperamento para aquilo eu vivia por
pressão familiar em nome das coisas dos benefícios das facilidades e eu sentia alguma
coisa estranha Nisso porque não me satisfazia eu senti uma atração muito
grande pela maneira dos mais pobres que no caso do meu convívio eram os serviçais eles
eram mais espontâneos mais sinceros o olhar tinha alguma coisa diferente e eu tentava me
aproximar deles eu ia pras festas e ficava na cozinha conversando com os garções com os
cozinheiros com as pessoas com os faxineiros que me tratavam muito bem mas
não me tratavam com igualdade porque quando se tratavam entre si eu sentia que era
diferente eu era um Riquinho legal quando eu cheguei até a faculdade eu entrei na
faculdade por pressão familiar também eu vi esses assuntos que eu queria discutir que não
encontrava jeito seria discutidos e fiquei muito
encantado com aquilo por uns três meses porque depois eu percebi que essas pessoas
também não se aproximavam dos mais pobres quando eu saí do exército eu tinha o couro
bem duro eu aguentava dormir no chão papelão molhado passava fome tranquilamente
então eu saturado do meu meio social Todo feriado todo espaço
que eu tinha eu viajava de carona ia para uma uma aldeia de pescadores uma vila no alto
da montanha onde estava as pessoas mais pobres porque eu sentia muita atração e ficava
observando que aquelas pessoas tinham muito mais espontaneidade tinha uma união muito
maior do que no meu meio na minha classe
eu tinha uma humanidade uma relação afetiva que eu não conhecia Aí eu resolvi já
decepcionada com a idade não tem nada vou fazer experiência do que é não ter nada eu
quero andar pelo mundo sem nada só que aí a família ofendida com a minha opção cortou
relações e o que era para ser uma experiência virou
situação e assim eu vivo até hoje E aí eu cheguei no meio mais pobre pedindo o que comer
pedindo onde dormir e as pessoas começaram a me olhar com igualdade como eu tinha a
visão condicionada porque a gente é condicionado por uma mídia cheio de psicologia do
inconsciente eu cheguei no meio dos mais pobres como quem chega
no meio dos ignorantes eu vou ensinar eles porque eu tive mais escolas e começava a falar
da humanidade da desigualdade mas eu a língua que eu falava não era a língua daquele
lugar e as pessoas ali já estavam mando com igualdade porque eram mais do que todo
mundo então eu percebia que com igualdade eles eram mais espontâneos
eles riam da minha cara do meu jeito de falar eu de repente me dei conta que ninguém
entendia o que eu tava falando aí eu me senti um idiota duas vezes primeiro porque eu
achei que eu tava indo pro meio da ignorância e eu percebi que ignorante Ali era eu e
segundo porque eu tenho eu percebi que tenho
duas orelhas dois olhos e só uma boca eu tenho que ouvir mais observar mais e falar
menos e eu comecei a fazer isso prestar atenção e percebi que no meio da Periferia que a
gente julga que é tão ignorante existem códigos de comunicação inacessíveis para quem
fala língua acadêmica são códigos intuitivos são
códigos de sentimento são gestuais é mímica é uma coisa muito mais profunda e eu percebi
também aliás no meu próprio couro que a capacidade resistên nas periferias é muito maior
do que nas outras classes

Você também pode gostar