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Direito Empresarial Angolano
Direito Empresarial Angolano
Direito Empresarial
(Parte I)
Sumários desenvolvidos
Foi no século XII com um maior desenvolvimento nos seculos seguintes que se
começou a delinear um conceito de direito comercial em sentido próprio, no
sentido de corpo ou sistema normativo autónomo que tem como objecto a
regulação da actividade mercantil.
2.1. CONCEITO
2.2.1.2. Quanto é que uma lei pode ser classificada como comercial?
Compreendamos:
Nota:
Deve, contudo, acrescentar-se uma categoria mais geral de exceções à
aplicação das disposições da lei comercial. Quando aos actos unilateralmente
comerciais sejam contractos de consumo, aplicam-se a ambos os contratantes
as regras especiais das relações de consumo.
Vejamos:
a) Os actos de comerciantes são considerados subjetivamente comerciais
(2.º/2.ª parte CCom);
b) As dívidas dos comerciantes casados presumem-se contraídas no exercício
dos respetivos comércios (15.º CCom); tais dívidas são em princípio da
responsabilidade dos comerciantes e dos seus cônjuges (1691.º/1/d) CCiv);
Excepto:
Empresa
ESTABELECIMENTO COMERCIAL
- do direito ao arrendamento;
- dos direitos reais de gozo;
- dos créditos resultantes de vendas, empréstimos, locações, etc.;
- dos direitos resultantes de certos contratos estritamente relacionados com
a esfera de actividade mercantil, como o de agência, o de distribuição, o de
concessão, os contratos de edição;
- dos direitos emergentes dos contratos de trabalho e de prestação de
serviços com os colaboradores do comerciante no estabelecimento;
- em especial, dos direitos de propriedade industrial, que têm em comum a
característica de terem sido instituídos e regulados na lei especificamente
com vista à proteção da empresa e quer destes direitos seja directamente
titular o comerciante, quer a fruição deles advenha de contratos de
transmissão ou de licença.
E, evidentemente, são também elementos incorpóreos do estabelecimento as
obrigações do comerciante a ele relativas, quer o seu passivo, ou seja, as
dívidas resultantes da sua actividade comercial, quer as demais obrigações
que formam o correspectivo ou a face oposta dos direitos dos tipos acima
mencionados.
• ► A clientela: Existe um direito à clientela quando assenta em
contratos de fornecimento, ou quando resulta de cláusulas de protecção
específica (cláusulas de não-estabelecimento ou de não-concorrência),
consagradas em contratos de trespasse ou cessão de exploração, bem
como em contratos de trabalho, de concessão comercial, etc.
• A clientela constitui um elemento juridicamente distinto e relevante
do estabelecimento.
► O aviamento: Distinto da clientela é o aviamento do estabelecimento, ou
seja, a capacidade lucrativa da empresa, a aptidão para gerar lucros
resultantes do conjunto de factores nela, reunidos.
O aviamento resulta do conjunto de elementos da empresa, mas também de
certas situações de factos que lhe potenciam a lucratividade, como são as
De facto, nalguns casos a lei exige um número superior - é o que sucede nas
sociedades anónimas [que têm de ter, pelo menos, 5 sócios – art. 273.º, n.º1
LSC, exceto se (i) um dos sócios for o Estado, empresa pública ou outra
entidade equiparada para este efeito, e detenha a maioria das ações, caso em
que se exige apenas dois sócios – art. 273.º, n.º2 LSC) e (ii) no caso de
existir um só sócio, que tem de ser uma outra sociedade anónima, sociedade
por quotas ou sociedade em comandita por ações – art. 488.ºLSC] e também nas
sociedades em comandita por ações (onde é exigido um número mais elevado de
sócios: seis sócios (pelo menos cinco sócios comanditários e um comanditado
– arts. 465.º, n.º1 e 479.º LSC)).
Noutros casos a lei admite a unipessoalidade originária. Um desses é o
contemplado no, já referido, art. 488.º que permite a constituição de uma
sociedade anónima com um único sócio que tem de ser uma outra sociedade
anónima, sociedade por quotas ou sociedade em comandita por ações. Outro
ocorre quando o Estado constitui uma sociedade anónima unipessoal (art.
273.º, n.º2) por lei ou decreto-lei17. Finalmente, o art. 270.º-A LSC
permite a constituição das sociedades unipessoais por quotas. (ii) O acto
constituinte da sociedade, como referimos supra, em regra, é um contracto
ou, no caso de sociedades unipessoais, um negócio jurídico unilateral.
Todavia, para além destes, o LSC prevê a constituição da sociedade por
fusão, cisão ou transformação de outras sociedades (art. 7.º, n.º4).
A Lei das Sociedades Comerciais inicia com uma parte geral, composta
por 175 artigos, na qual se consagram as disposições aplicáveis a
todos os tipos de sociedades comerciais. A referida parte geral
contém disposições relativas à personalidade e capacidade, aos
requisitos do contrato de sociedade, às obrigações e direitos dos
sócios, ao capital social, ao regime das sociedades antes do registo,
às deliberações dos sócios, à administração, à responsabilidade civil
pela constituição, administração e fiscalização da sociedade, às
alterações do contrato de sociedade, à cisão e transformação, à
dissolução e liquidação, à publicação dos actos sociais e à
actividade de fiscalização que recai sobre o Ministério Público.
De seguida, a Lei das Sociedades Comerciais consagra o regime
jurídico particular de cada tipo de sociedade: os arts. 176º a 200º
versam sobre as sociedades em nome colectivo, os arts. 201º 9 a 216º
regulam as sociedades em comandita (simples e por acções), os arts.
217º a 300º dispõem quanto às sociedades por quotas e os arts. 301º a
462º tratam das sociedades anónimas.
Subsequentemente, a Lei das Sociedades Comerciais apresenta regras
quanto ao funcionamento dos grupos de sociedades. Sob a epígrafe
Note-se que nas sociedades por quotas pode ser diferido até metade do
valor das entradas em dinheiro, contanto que: (i) o capital social
mínimo seja realizado no momento da escritura; (ii) o valor seja
diferido para uma data certa e (iii) tal data não poderá ser fixada
depois de decorridos um ano sobre a constituição da sociedade.
Já para as sociedades anónimas, o capital social mínimo é o
equivalente em kwanzas a USD 20.000. Neste tipo de sociedade também
só são admitidas entradas em dinheiro e em espécie; querendo
contribuir com a sua indústria, os sócios podem fazê-lo através de
prestações acessórias que não são tidas em conta para efeito de
determinação do capital social. Nas sociedades anónimas é possível
diferir a realização de até 70% das entradas em dinheiro, que deverão
ser realizadas até ao termos do primeiro exercício económico a contar
da data de constituição da sociedade.