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[1]

CEIA JUDAICO-CRISTÃ

‫ההגד‬
[2]

CELEBRAÇÃO DA CEIA PASCAL


JUDAICO-CRISTÃ

(Apagam-se as luzes do ambiente).

I - ACENDENDO AS VELAS

Comentarista (C) - Nos lares das famílias


judaicas, ainda cabe à mãe acender as luzes dos
candeeiros para iluminar e dar vida e alegria ao
ambiente em que se realizam as solenidades.
Poderíamos supor que, na “última Ceia”, foi
Maria quem o fez. Mas, a Tradição cristã, desde
a antiguidade, crê que Jesus tenha celebrado a
Ceia com seu restrito grupo de apóstolos.
A Igreja Católica, conservando essa bela
tradição, inicia a cerimônia da Vigília Pascal com
a benção da luz, símbolo da vida de Cristo, o
Messias, Luz do mundo. Também o uso das
velas nos altares tem sua origem nesse antigo
costume israelita. Desta forma, queremos
resgatar, nesta celebração, os elementos
originais da páscoa judaica para tornar ainda
mais significativo para nós cristãos o Mistério
Pascal de Cristo.
[3]

(Nesse momento todos ficam de pé, enquanto


entoa-se esse refrão).

Dirigente (D) – “Eis a luz de Cristo!”


Todos (T) – “Demos graças a Deus!”

(Acendem-se as velas da Menoráh).

Mãe – Bendito sejas Tu, Adonai, nosso Deus, Rei


do universo, que nos santificaste por teus
mandamentos e nos ordenaste benignamente
esta festa das luzes. Bendito sejas Tu, Adonai,
nosso Deus, Rei do universo, que nos conservaste
a vida até o dia de hoje. Que esta casa seja
abençoada, e que a luz da Tua benevolência
brilhe sobre todos nós, trazendo-nos a paz.

T – Amém! Amém! (Reacendem-se as luzes).

II - QIDDUSCH, A BENÇÃO DA FESTA.

C – Podemos nos sentar em nossos lugares.


Todo alimento servido na Páscoa Judaica era
“abençoado” antes de ser consumido, isto é, o
chefe da casa agradecia a Deus, bendizendo-o
por cada um de seus dons. Do mesmo modo,
hoje, o pão e o vinho ao serem consagrados, são
[4]

“abençoados” pelo presidente da celebração


durante a preparação das oferendas na Missa,
isto é, o presidente por eles agradece.

D – Bendito sejas Tu Adonai, nosso Deus, Rei do


universo, que nos escolheste entre todos os
povos, nos santificaste com os teus
mandamentos. Com amor eterno nos deste, Ó
Senhor nosso Deus, dias santificados, para que
celebrássemos esta festa do pão ázimo. Por isso,
reunimo-nos comemorando a nossa libertação,
lembrando nosso êxodo do Egito. Bendito sejas
Tu, porque nos escolheste e nos santificaste
acima dos outros povos, e nos deste por herança
esse tempo sagrado. Bendito sejas Tu, ó nosso
Deus, que santificaste Israel e suas festas.

C- Nesse momento nos será servido o 1º cálice


com vinho, o chamado Qiddush, o cálice “da
Santificação”. Ele ainda não deve ser bebido.
Aguardemos as orações próprias desse
momento.

(Enquanto serve-se o primeiro cálice, o


comentarista prossegue a leitura).

O vinho era servido quatro vezes durante a


refeição pascal, retirado de uma jarra única para
todos os convivas, como símbolo de união. Na
“última Ceia”, Jesus serviu assim este primeiro
cálice de vinho ainda não consagrado, dizendo:
[5]

“Tomai este cálice e distribui-o entre vós. Pois


digo-vos: Já não tornarei a beber do fruto da
videira, até que venha o Reino de Deus” (Lc 22,
17-18). A consagração viria mais tarde, depois
da refeição, ao ser distribuído o terceiro cálice de
vinho, o cálice “da Benção”.

T – Bendito sejas Tu, Adonai, nosso Deus, Rei


do universo, que criaste o fruto da videira.

C – Podemos beber o 1º cálice. Em seguida, um


dos servidores apresenta ao dirigente a bacia e a
toalha para que lave as mãos.
O ato de lavar as mãos durante a ceia da Páscoa
significa a purificação interior de todos aqueles
que participam do solene ritual. Do mesmo
modo, após a apresentação das oferendas na
missa, o sacerdote repete este ato significativo.
Muito provavelmente, foi justamente neste ponto
da ceia que Jesus se levantou e lavou os pés de
seus discípulos, dando assim ênfase e expressão
ao seu “novo mandamento do Amor”.

D – (Enquanto lava as mãos) Bendito sejas Tu,


Adonai, nosso Deus, rei do universo, que nos
santificaste com os teus mandamentos e nos
ensinaste o ritual de lavar as mãos!

C – Todos tomam de seus pratos da erva


amarga, chamada Móror, molham-na na água
[6]

salgada, símbolo das lágrimas e sofrimentos do


Egito. Enquanto molhamos, rezemos juntos.

T – (Enquanto molham a erva amarga) Bendito


sejas Tu, Adonai, nosso Deus, Rei do
universo, que criaste o fruto da terra.

(Todos comem a erva amarga. Um dos servidores


traz agora um prato ou travessa com três grandes
“matsôt” (três grandes pães ázimos cerimoniais),
cada um dentro de um guardanapo de pano. O
dirigente tira a “matsá” do meio e a divide em
dois, escondendo a parte maior sob a toalha, até
o fim da Ceia, como “aficoman”. Então levanta o
prato, mostrando os pães aos presentes).

C – Durante os oito dias da Páscoa, os judeus


eram obrigados a usar o Pão ázimo (matsá) para
comemorar a primeira Páscoa, em lembrança da
saída do Egito, quando não houve tempo para
levedar o pão. Jesus usou também desse pão
para instituir a Eucaristia, na “última Ceia”. É
por isso que as partículas que se consagram em
nossas Missas, no rito latino, também não
contêm fermento. São Paulo nos aconselha a
celebrarmos a Páscoa “não com velho fermento
da malícia, mas com pões ázimos da pureza e da
verdade” (Cor 5,8).

D – Contemplai: este é o pão do tormento, que


nossos pais comeram na terra do Egito. Todos
[7]

vós que tendes fome, vinde e comei! Todos vós


que o desejardes, vinde e celebrai a Páscoa
conosco. Permita Deus redimir-nos de todo mal e
de toda escravidão. Este ano festejamos aqui, no
ano que vem, na terra de Israel, em Jerusalém.
Este ano somos ainda escravos; no ano que vem,
seremos livres!

III – HAGADÁ –
O RELATO DA SAÍDA DO EGITO

C – Nesse momento nos será servido o 2º cálice


de vinho, o chamado cálice “da Redenção”, que
também recebe o nome de cálice “da Hagadá”.
Lembro-lhes que ele ainda não deve ser bebido.
Neste momento, a história da primeira Páscoa é
relatada de novo, como foi ordenado por Deus
no livro do Êxodo (cf. Ex 12,26-28;13,8-9). Tal
qual a Liturgia da Palavra, na Missa, esta parte
do ritual tinha grande valor educativo. Hoje,
como antes, a pessoa mais jovem presente faz as
quatro perguntas tradicionais. Na “última Ceia”
quem as formulou foi, provavelmente, o apóstolo
João.

O “Mais Novo”: Porque esta noite é diferente das


outras? Nas outras noites, tanto comemos do pão
ázimo como do pão comum. Por que nesta noite
comemos somente pão ázimo? Em todas as
[8]

outras noites comemos qualquer espécie de


verduras. Por que nesta noite comemos ervas
amargas?
Em todas as outras noites não colocamos
nenhum condimento nas ervas. Por que nesta
noite as colocamos em água salgada e
“harósset”?
Em todas as noites comemos sem comemorações
especiais. Por que nesta noite celebramos a
Páscoa?

Canto 1: Entrada da Palavra


Shemá Yisrael, Adonai Elohênu, Adonai echád.
Escuta Israel, o Senhor é nosso Deus. UM é o
Senhor!

D – Eis o porquê: Os arameus haviam perseguido


de tal modo os nossos pais, que estes resolveram
abandonar a terra de Israel e se fixar no Egito.
Neste país, constituíram grande e forte nação que
se desenvolveu extraordinariamente. Mas,
também no Egito, nosso povo tornou a ser
oprimido, perseguido e obrigado aos mais
penosos trabalhos. Clamamos, então, ao Senhor,
Deus de nossos pais, e Ele nos ouviu e nos
socorreu em nossas aflições, trabalhos e
desgraças. E nos conduziu, cheios de espanto,
para fora do Egito, por meio de muitos sinais e
prodígios. Portanto, mesmo se fôssemos sábios e
versados no conhecimento da Torá (a Lei), ainda
assim seria de nosso dever rememorar, todos os
[9]

anos, o fato inesquecível de nossa saída do Egito.


Cumpre, pois, meditarmos longamente sobre esta
passagem de nossa história.

Leitura do Êxodo, cap. 12

- 1º leitor: v. 1a8
- 2º leitor: v. 11 a 15
- 3º leitor: v. 26 a 34
- 4º leitor: v. 37 a 42

Canto 2

O cativeiro, o cativeiro, o cativeiro acabou! (bis)


1 - Há risos e cantos e muito louvor, o
cativeiro acabou!
2 - Há muita esperança e muita alegria, o
cativeiro acabou!

C – Este é um momento muito solene de nossa


celebração, pois o Cordeiro é trazido.

(Os servos trazem o cordeiro e o mesmo é posto


no meio do recinto).

Para esclarecer a relação existente entre saída


do Egito e a Ceia Pascal, o dirigente levanta
agora os alimentos cerimoniais, um de cada vez,
e explica o que cada um significa. Era este o
ponto alto da refeição dos antigos judeus e
[10]

continua ainda a sê-lo, para nós, os novos


israelitas. Note-se que o cordeiro era sujeito a
muitas exigências do ritual, cheias de significado
profético: devia ser macho, sem defeito, assado
em espeto em forma de cruz, com uma vara
penetrando toda a extensão e a outra separando
os pés dianteiros, e nenhum osso devia ser
quebrado.
T – Qual o significado de “Péssach”?
D – “Péssach” significa o cordeiro pascal que
nossos antepassados sacrificaram ao Senhor em
memória daquela noite, quando o Todo-Poderoso
passou pelas casas de nossos pais no Egito,
como está escrito: “Quando vossos filhos vos
perguntarem: ‘que significa este rito?’,
respondereis: ‘é o sacrifício de páscoa em honra
do Senhor que, ferindo os egípcios, passou por
cima das casas dos Israelitas no Egito e
preservou nossas casas!’ ” (Ex 12,26-27).
T – Qual o significado de “Matsá”?
D – Este é o pão do tormento que nossos pais
levaram consigo para fora do Egito, como está
escrito: “Cozeram bolos ázimos com a massa que
levaram do Egito, pois esta massa não se tinha
fermentado, porque tinham saído às pressas do
cativeiro levando suas provisões” (Ex 12,39).
T – Qual o significado de “Móror”?
D – É a erva amarga. Comeremos para relembrar
que os egípcios amarguraram a vida de nossos
[11]

pais, como está escrito: “Os egípcios odiavam os


filhos de Israel, impunham-lhes a mais dura
servidão, e amarguravam-lhes a vida com duros
trabalhos na argamassa e na fabricação de
tijolos, bem como com toda a sorte de trabalhos
nos campos e todas as tarefas que lhes
impunham tiranicamente” (Ex 1,13-14).
T – Qual o significado de “harósset”?
D – A “harósset”, com sua cor avermelhada,
simboliza a argamassa e os tijolos que os
escravos hebreus eram obrigados a fabricar no
Egito. Misturada com “móror”, que simboliza a
própria vida, feita de acontecimentos doces e
amargos, mas sempre aberta à esperança.

IV – AÇÃO DE GRAÇAS
PELA SAÍDA DO EGITO

C – A prece de gratidão pela saída do Egito,


agora pronunciada pelo dirigente, é semelhante
ao Prefácio da Missa. E os Salmos HALLEL – os
grandes salmos de louvor (113-118, Vulgata
112-117) – que todos cantam em respostas, são
como a aclamação do “Santo”. Em nossa liturgia
é o “Aleluia”, significa literalmente “Louvai ao
Senhor”. Estes salmos eram muitas vezes
cantados, ou rezados, por Nosso Senhor.
[12]

D – (Enquanto ergue, ainda, o 2º Cálice de vinho,


o “da Hagadá”). Em toda geração, cada um deve
considerar-se como se tivesse pessoalmente
saído do Egito, como está escrito: “Explicarás
então a teu filho: ‘Isto é em memória do que o
Senhor fez por mim, quando saí do Egito’” (Ex
13,8). Portanto, é nosso dever agradecer, honrar e
louvar, glorificar, celebrar, enaltecer, consagrar,
exaltar e adorar a quem realizou todos esses
milagres para nossos pais e para nós mesmos.
Ele nos conduziu da escravidão à liberdade, do
sofrimento à alegria, da desolação a dias
festivos, da escuridão a uma grande claridade e
do cativeiro à redenção. Cantemos diante d’Ele
uma nova canção. (O dirigente repõe no lugar o
seu cálice).

(Todos se levantam e cantam, ou recitam, o salmo


114(113)).
S - Aleluia, louvemos o Senhor!
T – Aleluia, louvemos o Senhor!
S - Quando Israel saiu do Egito, a casa de Jacó
de um povo bárbaro.
T - Judá tornou-se o santuário do Senhor, e
Israel o seu reino.
S - O mar viu e fugiu, voltou atrás o Jordão.
T - Os montes pularam como cordeiros; as
colinas, como ovelhas.
S - Que tens, ó mar para fugir? Por que voltas
atrás, ó Jordão.
[13]

T - Por que saltais, ó montes, como


cordeiros?
E vós, colinas, como ovelhas?
S - Treme, ó terra, ante a face do Senhor,
ante a face do Deus de Jacó.
T - Que muda a rocha em água, e a pedra em
fonte.
S - Aleluia, louvemos o Senhor!
T – Aleluia, louvemos o Senhor!

(Todos sentados).

V - LOUVOR SOLENE PELOS ALIMENTOS

C – Neste momento, “abençoa-se o vinho e,


depois, o pão ázimo e as ervas amargas,
símbolos da escravidão do Egito, da qual Deus
libertou o seu povo”.

D – Bendito sejas tu, Adonai, nosso Deus, rei do


universo, que nos redimes, libertaste nossos pais
do Egito e nos permitiste viver esta noite para
participar do cordeiro, do pão ázimo e das ervas
amargas. Permite-nos, ó Senhor nosso Deus e
Deus de nossos pais viver até outras datas
festivas e santificadas.
[14]

Seja a tua vontade cumprida por Jacó, Teu servo


escolhido, de modo que o Teu Nome seja
santificado por todos na terra e todos os povos
sejam levados a louvar-te em uma só voz. E nós
te cantaremos novos hinos de louvor pela nossa
redenção e pela libertação de nossas almas.
Glorificado sejas Tu, ó Senhor, que redimiste
Israel.

T – (Com o cálice na mão) Bendito sejas Tu,


Adonai, nosso Deus, rei do universo, que
criaste o fruto da videira.

D – (Todos tomam do segundo cálice. O dirigente,


a seguir, toma a primeira matsá, pronunciando a
benção) Bendito sejas Tu, Adonai, nosso Deus, rei
do universo, que da terra tiras o pão!

C – Assim como no caso do vinho distribuído de


uma jarra comum, a divisão e distribuição de
um único pão ázimo a todos os presentes
significa unidade. É o que a propósito, lembra
São Paulo: “Porque, embora, sendo muitos,
formamos um só corpo, pois todos nós
partilhamos de um mesmo pão” (1Cor 10,17).
Por isso, o dono da casa, durante a refeição da
páscoa, molhava um pedaço de pão em harósset
e o oferecia a cada um dos convidados: era
costume tido como sinal de afeto. Isto dá um
caráter notável ao gesto de Jesus, partindo um
pedaço de pão oferecendo-o a Judas. Era o
[15]

último apelo do seu grande amor. E o Evangelho


nos diz, laconicamente: “tendo ele recebido o
bocado de pão, apressou-se em sair. Já era
noite” (Jo 13,30).

(Divide-se o 1º Pão ázimo – O dirigente parte a


primeira matsá e metade restante da segunda em
pedaços pequenos, e os distribui a cada um dos
presentes. Segurando o pedaço recebido, dizem
todos).

T – Bendito sejas Tu, Adonai, nosso Deus, Rei


do Universo, que por Teus mandamentos nos
santificaste e nos ordenaste comer do pão
ázimo. (Todos comem do pão repartido).

D – Vamos tomar das ervas amargas e colocar


nelas um pouco de harósset, comprometendo-nos
a assumir a vida de cada dia, feita de dores e
alegrias.

T – (Cada conviva embebe uma folha das ervas


amargas na harósset e diz:) Bendito sejas Tu,
Adonai, nosso Deus, Rei do Universo, que por
Tua vontade nos santificaste e nos ordenaste
comer das ervas amargas, temperadas com a
Tua doçura. (Todos comem a folha embebida na
harósset).
[16]

VI – REALIZA-SE A CEIA PASCAL

C - Neste ponto interrompe-se o Séder, o ritual


propriamente dito. Vamos dividir o Cordeiro. O
jantar partilhado é símbolo de confraternização,
expressão de unidade e de amor de nossa turma
que se reúne para esta ceia.

(Momento da Ceia).

VII – O PÃO E O VINHO “DA BENÇÃO”

C - Para a continuação do ritual, ao fim da


refeição, vamos proclamar a leitura do trecho do
Evangelho sobre a Instituição da Eucaristia.
Leitura de Lc 22, 7-27

(Agora consome-se o segundo pão ázimo para


terminar a refeição da Páscoa, segundo o
costume israelita).
Provavelmente foi nesse momento da Ceia que
Jesus tomou o pão, pronunciou a bênção de
ação de graças, partiu-o e o distribuiu aos
[17]

discípulos dizendo: “Isto é o meu corpo, que é


dado por vós” (Lc 22,19).

(Todos seguram o pedaço de pão ázimo em suas


mãos, enquanto o Dirigente diz:).

D – Bendigamos ao Senhor.
T – Que o Nome do Senhor seja bendito agora
e para sempre!
D – Bendito seja o Senhor nosso Deus, Rei do
Universo, que alimenta o mundo inteiro com
bondade e graça, amor e misericórdia. Ele dá o
pão a todas as suas criaturas, pois eterno e santo
é seu Nome. Ele é quem tudo sustenta, faz bem a
todos e provê alimento para todos os seus filhos.
T – Bendito sejas Tu, Adonai, nosso Deus, que
dás alimento a todas as criaturas.

(Todos comem o pedaço de matsá. Serve-se o


terceiro cálice que, porém, ainda não é bebido).

C – São Paulo refere-se ao terceiro cálice, o


cálice “da bênção”, quando pergunta: ‘O cálice
da bênção, pelo qual bendizemos, não é a
comunhão do Sangue de Cristo? (1Cor 10,16).
São Lucas narra que depois de cear, Jesus
tomou o cálice, deu graças e ofereceu-os aos
discípulos, dizendo: “este cálice é a nova aliança
em meu sangue, que será derramado por vós”
(Lc 22,20).
[18]

A parte do salmo 116(115), que segue, era


recitada pelo sacerdote antes de tomar do cálice,
durante a missa. O cálice da Salvação é o
Sangue de Cristo; Deus quebrou nossos grilhões
pelo seu sacrifício. Ele, Jesus, é o Todo-Santo,
cuja morte é preciosa aos olhos do Senhor. Com
Ele oferecemos o perfeito sacrifício de louvor na
Missa.

(Todos de pé, com o terceiro cálice na mão,


proclamam Salmo 115(116) que segue).

S – Que poderei retribuir ao Senhor, por tudo o


que Ele me tem dado?
T – Erguerei o cálice da salvação, invocando o
Nome do Senhor.
S – Cumprirei meus votos para com o Senhor na
presença de todo o seu povo.
T – Preciosa é, aos olhos do Senhor, a morte
de seus santos.
S – Sou Senhor, o teu servo; teu servo e filho de
tua serva.
T – Quebraste os meus grilhões e, por isso,
vou oferecer-te um sacrifício de louvor,
invocando o Nome do Senhor.
S – Cumprirei os meus votos para com o Senhor
na presença de todo o seu povo; nos átrios da
casa do Senhor, no teu recinto, ó Jerusalém.
T – Bendito sejas Tu, Adonai, nosso Deus, rei
do Universo, que criaste o fruto da videira!
[19]

(3º cálice, o da “Benção”, é tomado e todos se


sentam, para a leitura do diálogo da Ceia).

VIII- DIÁLOGO DA CEIA (Jo 13-15)

C – Leitura de alguns trechos do último diálogo


de Nosso Senhor Jesus Cristo com seus
apóstolos (João 13 a 15):
Jesus (Dirigente) – Agora foi glorificado o Filho
do Homem, e Deus foi glorificado nele. Se Deus
foi glorificado, também Deus o glorificará em si
mesmo e o glorificará em breve. Filhinhos, ainda
apenas um pouco estarei com vocês. Vocês me
hão de procurar, mas também digo: aonde eu
vou vocês não podem ir. Dou-lhes um novo
mandamento: amem-se uns aos outros! Como
eu amei vocês, assim também vocês devem
amar-se uns aos outros. Nisto conhecerão todos
que vocês são meus discípulos: se vocês se
amarem uns aos outros.
N – Perguntou-lhe Simão Pedro:
Pedro (5° Leitor) – Senhor, para onde você vai?
Jesus – Para onde eu vou você não pode me
seguir agora; mais tarde você há de me seguir.
Pedro – Porque não posso segui-lo agora? Darei
a minha vida por você!
Jesus – Dará sua vida por mim? Em verdade,
em verdade lhe digo: não cantará o galo, sem
que você me tenha negado três vezes.
N – Disse-lhe Tomé:
[20]

Tomé (6° Leitor) – Senhor, não sabemos para


onde você vai. Como podemos conhecer o
caminho?
Jesus – Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida,
Tomé. Ninguém vai ao Pai, senão por mim. Se
vocês me conhecessem, também certamente
conheceriam o Pai. Mas desde agora vocês o
conhecem, pois já o viram.
N – Disse Felipe:
Felipe (7° Leitor) – Senhor, mostre-nos o Pai e
isto nos basta!
Jesus – Há tanto tempo que estou com vocês, e
ainda não me conhecem, Felipe? Aquele que me
vê, vê também o Pai. Como, pois, você diz:
Mostre-nos o Pai? Vocês não creem que eu estou
no Pai e o Pai está em mim. Em verdade, em
verdade digo a vocês: aquele que crer em mim
fará as obras que eu faço e fará ainda maiores,
porque vou para o Pai. Então, tudo o que vocês
pedirem ao Pai em meu nome, eu farei, para que
o Pai seja glorificado no Filho. Como o Pai me
ama, assim também eu amo vocês. Se
guardarem os meus mandamentos, vocês
permanecerão no meu amor como eu também
guardei os mandamentos de meu Pai e
permaneço no seu amor. Disse a vocês estas
coisas para que a minha alegria esteja em vocês
e a alegria de vocês seja completa. Este é o meu
mandamento: amem-se uns aos outros, assim
como eu amo vocês. Ninguém tem maior amor
do que aquele que dá a vida por seus amigos.
[21]

Vocês serão meus amigos, se fizerem o que lhes


mando. Já não os chamo de servos, porque o
servo não sabe o que faz o seu senhor, mas
chamei-os de amigos, porque lhes ensinei tudo
quanto ouvi de meu Pai. Não foram vocês que
me escolheram, mas eu os escolhi e os constitui
para que tudo quanto pedirem ao Pai em meu
nome, ele o conceda a vocês. O que mando, é
que vocês se amem uns aos outros.

Canto 3: Comei, tomai, é meu corpo e meu


sangue que dou, vivei no amor, eu vou preparar a
ceia na casa do Pai.
1.Eu vou partir, deixo o meu testamento.
Vivei no amor, eis o meu mandamento.
2.Irei ao Pai, sinto a vossa tristeza.
Porém, no céu vos preparo outra mesa.
3.De Deus virá o Espírito Santo,
que vou mandar pra enxugar vosso
pranto.
4.Eu vou, mas vós me vereis novamente.
Estais em mim e eu em vós estou
presente.
[22]

IX – A BENÇÃO FINAL

(Serve-se o quarto cálice).

C. O quarto cálice, chamado cálice “da


Aceitação”, é servido, pois faz memória ao fato
de Deus nos assumir como seu povo. Todos se
levantam, erguem os cálices e dizem:
T- Bendito sejas Tu, Adonai, nosso Deus, rei
do Universo, que criaste o fruto da videira!

(4º Cálice é tomado por todos. O Dirigente termina


a cerimônia convidando os presentes à oração e
depois proferindo a antiga benção tirada do livro
dos Números 6,24-26).

D - Agora, irmãos e irmãs, antes de nos


separarmos, rezemos ainda:
T- Ó Senhor, nosso Deus e Deus de nossos
pais, ao terminar esta refeição ritual que
comemora a páscoa do povo de Israel e sua
libertação da escravidão do Egito, símbolo de
todas as libertações, assim como a ceia que
Jesus celebrou com seus discípulos na última
noite de sua vida, prenúncio da nova
libertação do mal e do pecado por meio de
sua morte, pedimos tua ajuda para levar, ao
[23]

nosso dia-a-dia, esta mensagem de liberdade


e de vida.

Que a recordação desta noite, com as


palavras e os gestos de Jesus, inspire nossa
conduta ao longo de nosso caminho. Faze-nos
sair da escravidão que nós mesmos buscamos
e à qual facilmente nos submetemos: a
escravidão do poder, do dinheiro, dos
prazeres, da vida sem sentido.
Faze-nos compreender que a liberdade que
nós pedimos e queremos deve ser também
liberdade para os outros. Por isso, ajuda-nos a
desenterrar de nossos corações todo
sentimento de egoísmo, de soberba, de ódio,
de intolerância.
Por meio de nossa palavra, de nossa atitude,
de nosso trabalho, de nosso testemunho,
queremos colaborar, na mediada de nossas
forças, para que ninguém viva sob o terror, o
medo, a pobreza, a opressão; sobretudo, para
que ninguém viva sob a escravidão que é a
raiz a de todas as escravidões do homem, o
pecado. Que a luz da liberdade chegue até os
últimos rincões do mundo e ao coração de
cada homem.
Então poderemos todos viver como teus
filhos e filhas e irmãos entre nós, plenamente
livres, com aquela liberdade que nos deste
por meio de Jesus, teu Filho e nosso Senhor.
Amém. “Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22, 20).
[24]

D – O Senhor abençoe e guarde a vocês. O


Senhor lhes mostre a sua face e conceda-lhes a
sua graça. O Senhor volva o seu rosto para vocês
e lhes dê a paz: o Pai +, o Filho e o Espírito Santo!

T- Amém, Amém, Aleluia. Aleluia

Canto 4:
1.No Egito escravo eu fui, sim, sim oh sim.
No Egito escravo eu fui, do rei Faraó.
Triste, bem triste estava, meu coração
chorava, liberta-me Senhor.(2x)
Livre, me deixaste livre, me deixaste livre,
livre Senhor! (bis)
2.Moisés foi ao Faraó, sim, sim, oh, sim.
Moisés foi ao faraó, e lhe disse assim:
Deixa meu povo livre para prestar-me
culto, a mim que sou o Senhor.(2x)
3.Faraó se endureceu, sim, sim, oh, sim.
Faraó se endureceu e não os deixou ir.
Deus enviou dez pragas, desembainhou,
sua espada, deu-lhes a liberdade. (2x)
4.Agora que livre estou, sim, sim, oh, sim.
Agora que livre estou, livre para ti.
Quero prestar-te culto, quero cantar-te
glória, glória a ti Senhor. (2x)

Glória, Glória, Aleluia, Glória, Aleluia


a Ti Senhor! (bis).
D: Saudemos uns aos outros na paz!

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