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PASOS.

Revista de Turismo y Patrimonio


Cultural
ISSN: 1695-7121
info@pasosonline.org
Universidad de La Laguna
España

Ferreira de Faria, Ivani


Ecoturismo: etnodesenvolvimento e inclusão social no Amazonas
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, vol. 3, núm. 1, enero, 2005, pp. 63-77
Universidad de La Laguna
El Sauzal (Tenerife), España

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=88130104

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Vol. 3 Nº 1 págs. 63-77. 2005

www.pasosonline.org

Ecoturismo: etnodesenvolvimento e inclusão social no Amazonas


Ivani Ferreira de Faria †
Universidade Federal do Amazonas/UFAM (Brasil)

Resumo: O turismo praticado no Estado do Amazonas (Brasil) é um turismo internacional. A grande


maioria da infra-estrutura turística, pertence às oligarquias políticas regionais e a
empresários/corporações estrangeiras, que visam o lucro imediato e acumulo do capital, considerando
sempre, as populações tradicionais como mão-de-obra barata, excluindo-as de todo e qualquer processo
de planejamento e/ou gestão das atividades (eco) turísticas. Este estudo reflete sobre as formas de
inserção da população tradicional (indígenas e caboclos ribeirinhos) nas atividades ecoturísticas
existentes e qual a percepção destes sobre as mesmas. Discute também os conceitos de ecoturismo,
ecoturismo indígena, turismo indígena, turismo étnico e etnoturismo e aponta o caminho para o
planejamento do ecoturismo no Amazonas.

Palavras chave: Planejamento participativo; Ecoturismo; Inclusão social; Sustentabilidade e população


tradicional

Abstract: The tourism which is practiced in the State of Amazonas (Brazil) is an international tourism.
The great majority of the touristic infra-structure belongs to regional political oligarchies and to foreign
undertakers/corporations that aim at immediate gain and capital accumulation, regarding the traditional
populations (natives and river-bank inhabitants) as cheap labour, excluding them of all and any process
of planning and/or management of the (eco)touristic activities. This research analyses the forms of inser-
tion of the traditional populations in the existing ecotouristic activities and their perceptions about these
activities. It also discusses the conceptions of ecotourism, native ecotourism, native tourism, ethnic tour-
ism and ethnotourism and points out the proceeding for the planning of ecotourism in Amazonas.

Keywords: Participative planning; Ecotourism; Social inclusion; Defensibility; Traditional population


• Ivani Ferreira de Faria e doutoranda pelo Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo/USP. Tema
da pesquisa Identidade e Turismo: subsídios para o planejamento do Turismo Indígena em São Gabriel da
Cachoeira/AM, financiada pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas/FAPEAM. E-mail:
ivigeo@ufam.edu.br
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Introdução infra-estrutura mínima de acesso terrestre,


fluvial e/ou aéreo; a área do Pólo em
Estas reflexões são resultado de questão, coincide com o Projeto “Corredores
pesquisa realizada em 2002 nos municípios Ecológicos” (EMANTUR, 1997 ).
integrantes do Pólo de Ecoturismo do Em 2001, após discussões entre a
Estado do Amazonas e de trabalhos de Secretaria Estadual de Cultura e Turismo
campo da disciplina Geografia do Turismo do Amazonas junto com o Ministério do
no município de Silves com apoio de Meio Ambiente, foram anexados ao pólo os
literatura especifica, na qual buscamos municípios de São Gabriel da Cachoeira e
analisar as formas de inserção da Santa Izabel do Rio Negro totalizando 14
população tradicional (indígenas e caboclos municípios.
ribeirinhos) nas atividades ecoturísticas Possibilitar o entendimento, por parte
existentes e o qual a percepção destes sobre das comunidades, do que é o ecoturismo e
as mesmas. os impactos dele advindo, bem como as
Para a analise proposta elegemos três formas de inserção destas na atividade,
municípios integrantes do pólo, com possibilita que a comunidade decida em
potencialidades para o ecoturismo e relação ao turismo que deseja, traçando
ecoturismo indígena que dentro dos cenários futuros, condizentes com seus
princípios do etnodesenvolvimento poderão anseios e necessidades.
promover a melhoria nas condições de vida
das populações tradicionais amazonense os Políticas Públicas para o desenvolvimento
quais são: São Gabriel da Cachoeira, com do Turismo na Amazônia.
potencialidade para o turismo indígena,
Barcelos, com elevado potencial, mas que Diante da necessidade de
exclui a comunidade e Silves como exemplo implementação de políticas públicas para
de ecoturismo comunitário do Estado do um melhor gerenciamento dos recursos
Amazonas. Realizamos entrevistas com naturais da Amazônia, o governo federal
entidades indígenas e indigenistas, implementou no inicio da década de 1990,
associações de classe, de moradores, políticas públicas para o Turismo com o
lideranças e membros da comunidade em intuito de incentivar a implantação dessa
geral. atividade na região, diretrizes que orientem
O Estado do Amazonas por suas o desenvolvimento de um dado setor,
características naturais e sócio-culturais é surgindo daí dois documentos que
considerado como um dos principais expressam essas políticas, concebidas para
destinos ecoturísticos brasileiros. Para isso reger as ações a serem seguidas na região
foram implementadas políticas públicas amazônica: o Plano de Turismo da
como o PROECOTUR, com o intuito de Amazônia (PTA), que tem dentre suas
incentivar a implantação dessa atividade diretrizes gerais: promover o
na região. desenvolvimento turístico de forma
O primeiro pólo de ecoturismo do Estado sustentável, melhorar o aproveitamento dos
do Amazonas era composto inicialmente por recursos naturais para o turismo receptivo,
12 municípios Manaus, Presidente revigorar a imagem da Amazônia como
Figueiredo, Rio Preto da Eva, Itacoatiara, destino das correntes turísticas.
Silves, Iranduba, Manacapuru, Careiro, No Ministério do Meio Ambiente, as
Careiro da Várzea, Autazes, Novo Airão e ações no sentido da criação de uma política
Barcelos. Os critérios para a seleção desses de fomento ao desenvolvimento dos povos
municípios foram: a proximidade da capital indígenas estão sendo implementadas
de Manaus; o fato de serem principalmente no âmbito da Secretaria de
reconhecidamente portadores de potencial Coordenação da Amazônia (SCA). De um
ecoturístico e já possuírem produtos em lado, há a Coordenadoria de
operação; em quase todos ocorrem Agroextrativismo, que prepara o “projeto
Unidades de Conservação; grande parte dos Gestão Ambiental em terras Indígenas na
municípios possui reservas ambientais e Amazônia”; do outro, o “programa Piloto
áreas indígenas; todos contam com uma para a proteção das Floretas Tropicais do
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Brasil” (PPG7), que inclui o “Subprograma turismo), pouca informação obtivemos sobre
projetos Demonstrativos”, no qual estão sua inserção nos Estados amazônicos.
localizados o PDA e o PDPI (Projetos De acordo com Cruz (2003), esses
Demonstrativos dos Povos Indígenas). programas se completam na medida em que
O processo de elaboração do PDA teve um cria a materialidade requerida por um
inicio em agosto de 1992, com a primeira uso turístico dos lugares e o outro trata de
“missão” do Banco Mundial, sendo aspectos intangíveis da atividade (como é o
concluído no inicio de 1995, quando o caso de sua gestão); ambos são
“Projeto” foi aprovado e os tramites fundamentais para o desenvolvimento de
administrativos, terminados. O PDA apóia um turismo organizado. As maiorias das
financeiramente iniciativas ou experiências já realizadas ou em curso são
experimentos (projetos) comunitários de sustentadas financeiramente por agências
proteção das áreas de florestas tropicais na de cooperação internacional, privadas e
Amazônia e na Mata Atlântica e públicas e internamente esses recursos
ecossistemas associados, e ações destinadas provem de instâncias governamentais como
a recuperação e ao manejo de espécies da o PDA, FNMA (Fundo Nacional do Meio
fauna e flora dessas regiões. Fruto da Ambiente) e o PDPI no âmbito do PPG7.
pressão das entidades não-governamentais A estratégia do desenvolvimento
e movimentos sociais e ambientalistas que regional via pólos adotada pelo
atuam nessas regiões foi concebido de PROECOTUR, que promove a concentração
acordo com uma das características mais espacial de estruturas e de fluxos de
marcantes do novo discurso visitantes aparece não apenas como uma
desenvolvimentista e opção do planejamento físico-territorial do
etnodesenvolvimentista: a de estar voltado turismo; ela é a opção política, orientadora
para a valorização da participação e para o de um planejamento espacialmente
apoio as iniciativas das comunidades locais segregador de turistas e de residentes
e suas organizações (associações, (ibid.).
cooperativas, sindicatos) e das ONG´s Em relação aos povos indígenas o
(Verdum, 2002:93). governo federal criou o PDPI em 1999,
O Plano de Desenvolvimento da vinculado ao PDA, com sede em
Amazônia, tem na sua essência a visão que Manaus/AM, quase como uma extensão dos
“o ecodesenvolvimento com alta tecnologia e propósitos do PDA. Se o PDA tem como
elevada qualidade de vida, sintetiza o objetivo apoiar iniciativas das populações
modelo de sociedade que se quer ver locais e de ONG´s (organizações não
implantado na Amazônia” (SUDAM, governamentais) em geral, fortalecer a
1993:.5). Este programa tem entre suas capacidade desses grupos para elaborar e
diretrizes mais importantes, promover o gerenciar projetos de desenvolvimento
crescimento econômico regional, assegurar (sustentável) local e gerar e divulgar
a conservação do meio ambiente, estimular conhecimento a partir dessa s experiências,
o desenvolvimento científico e tecnológico, o no caso do PDPI esses objetivos surgem
Proecotur, o Prodetur e mais recentemente relacionados a um publico especifico, os
o PNMT. povos indígenas, acrescidos da preocupação
Programa Nacional de Municipalização com a proteção dos territórios demarcados e
do Turismo (PNMT), iniciado no Governo dos recursos naturais neles existentes e
Fernando Henrique Cardoso, mas que foi com a superação de algumas falhas do
extinto por não ter conseguido alcançar instrumental conceitual e operacional no
seus objetivos que tinha por objetivo “mecanismo PDA”, como por exemplo no
capacitar municípios para a gestão local do acompanhamento da execução de projetos e
turismo e o Programa de Desenvolvimento na assessoria complementar, quando
do Ecoturismo para a Amazônia Legal necessária.
(PROECOTUR), visa criar infra-estruturas Os esforços para a criação do PDPI
básicas e turísticas para a implementação propriamente dito tiveram inicio em 1997,
de pólos ecoturísticos em todos os estados como parte dos preparativos para a reunião
da região. A respeito do PRODETUR dos do PPG7 realizada no fim daquele ano.
(Programa de Desenvolvimento do As negociações e arranjos institucionais se
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estenderam até meados de 1999, quase que Cachoeira, na região do Alto Rio Negro,
exclusivamente no âmbito governamental e surgiu da necessidade de manter os
intergovernamental, envolvendo o governo domínios da coroa portuguesa a salvo dos
brasileiro (PDA e PPTAL), as agencias interesses espanhóis na região ocupada por
governamentais alemãs KFW e GTZ e o várias nações indígenas, quando da invasão
Banco Mundial. Como subsídios às dos europeus, no século XVII, na Amazônia.
discussões estabelecidas ao longo desse Os primeiros povoamentos europeus estão
período, foram realizados estudos associados à presença de sertanistas e
relacionados à promoção e a assistência a religiosos, com objetivos econômicos,
saúde indígena, sobre capacitação e político-militares e religiosos para a região.
educação formal indígena, direito indígena, Com este intuito, uma expedição para
participação indígena e políticas públicas, policiamento e fortificação foi enviada ao
economia indígena em contextos alto rio Negro, em 1761.
interétnicos e desempenho dos projetos A cidade de São Gabriel da Cachoeira
indígenas no PDA (Verdum, 2002: 100). possuiu, durante a sua história, quatro
Nessa perspectiva o PDPI, apresenta-se nomes: São Gabriel da Cachoeira, São
com um aliado na implantação de projetos Gabriel do Rio Negro, São Gabriel e
com novas tecnologias sociais e econômicas Uaupes.
em terras indígenas, com base no A população total do município de São
planejamento participativo e comunitário Gabriel da Cachoeira é de 29.951
no qual o ecoturismo pode ser uma habitantes (IBGE, 2000), embora a
alternativa. prefeitura faça uma estimativa atual de
45.000 habitantes. 95% da população são
O Olhar da comunidade sobre o ecoturismo representados por 23 povos indígenas,
distribuídas em 427 aldeias. Registra-se a
No Pólo de Ecoturismo do Estado do presença de militares devido à presença de
Amazonas os municípios que têm uma das bases do projeto SIVAM (Sistema
potencialidade para o ecoturismo indígena de Vigilância da Amazônia) e do 5º
são: São Gabriel da Cachoeira, denominado Batalhão de Infantaria de Selva/5º BIS, por
como o município mais indígena do se tratar de zona de fronteira e área de
Amazonas com 95% da população indígena, segurança nacional.
23 nações e 22 línguas diferentes de três Floresta e rio representam dois aspectos
famílias Tukano, Aruak e Maku; Santa importantes na territorialidade das
Izabel do Rio Negro e Barcelos, com a diversas nações indígenas dessa região. É o
presença da cultura Yanomami com ritos território de nações que pertencem a três
que a distingue das demais; e Presidente famílias lingüísticas distintas, Tukano
Figueiredo, com a cultura dos Waimiri- Oriental, Aruak e Maku cuja ocupação é
Atroari, com seus mitos e história específica reconhecida historicamente desde tempos
que podem representar um novo caminho imemoriais (Faria,1997).
para o ecoturismo no Estado. Entretanto, No município a população rural conta
nenhum estudo foi realizado com os povos com 17.586 habitantes e a população
desses municípios sobre a implantação e urbana com 12.365 hab, com um equilíbrio
viabilização do ecoturismo em suas Terras entre a população feminina e masculina.
e esta pesquisa limitou-se a investigar o As terras indígenas representam 80% do
que os indígenas e caboclos ribeirinhos vem território de São Gabriel da Cachoeira e,
se inserindo no turismo praticado e o que grande parte da população indígena, ainda
pensam sobre a atividade turística. fala o nheengatu ou língua geral - uma
Presidente Figueiredo alem o potencial herança do tempo dos jesuítas que, na
para o ecoturismo indígena, figura no tentativa de uniformizar a comunicação
cenário regional como a “Terra das com as tribos em todo o país, instituíram o
Cachoeiras” e Silves aparece como tupi-guarani como língua mãe.
município potencial para o ecoturismo Em São Gabriel da Cachoeira a
comunitário. Federação das Organizações Indígenas do
São Gabriel da Cachoeira Rio Negro – FOIRN é a principal
O município de São Gabriel da organização atuante nas questões
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relacionadas às comunidades indígenas turismo indígena no município.


neste município e trabalha articulada com Não existem no município, atrativos
as representações e principais lideranças turísticos organizados que envolvam os
destas comunidades. A FOIRN tem por povos e a cultura do lugar. No mais, os
objetivos a autodeterminação dos povos; a turistas quando chegam e se deparam com
defesa e garantia das terras indígenas; a um município totalmente indígena vão até
recuperação de valorização da cultura a sede da FOIRN onde funciona uma
indígena; o apoio à subsistência econômica pequena loja de artesanatos e alguns livros
e social; a articulação com as organizações sobre a cultura e a organização desses
interlocais e regionais. Sua área de povos.
abrangência inclui três municípios, Santa Mesmo a Secretaria Municipal de
Izabel do rio Negro, Barcelos e São Gabriel Turismo parece desconsiderar esse
da Cachoeira. potencial para o turismo indígena, pois todo
Na sede do município, encontram-se os planejamentos, poucos, existentes estão
muitas associações, que representam voltados para o Parque Nacional do Pico da
diferentes interesses. Algumas delas estão Neblina, o Morro dos Seis Lagos e roteiros
diretamente ligadas ao desenvolvimento da com trilhas fluviais ao longo dos rios de
atividade turística como Associação de água preta como o Negro e Uaupes.
Artesãos (Tukano e Baniwa) e 07 Para as comunidades indígenas de São
Associações de Bairros (Praia, Centro, Gabriel da Cachoeira o ecoturismo pode ser
Dabaru,Tirirical, Boa Esperança, Nova considerado uma alternativa de renda,
Esperança e Areal) e etc. porém, pouco sabem sobre os danos e
O patrimônio cultural herdado dos três benefícios que essa atividade poderá
grupos indígenas (danças, artesanatos, causar. Entretanto, reivindicam sua
lendas, mitos e ritos) transforma-se em um participação no planejamento e na gestão
elevado potencial para o ecoturismo, onde do Plano de Desenvolvimento do Pólo de
esse patrimônio funde-se ao patrimônio Ecoturismo para a área e consideram que o
natural revelando o que Faria (1997), sucesso do mesmo está ligado ao seu
denominou de “geografia mítica” o que envolvimento em todas as etapas do
torna o município de São Gabriel da processo bem como o fortalecimento do
Cachoeira ímpar quanto à sua identidade Conselho Municipal do turismo com o
para o ecoturismo. Manifestações culturais aumento da representação das
destas comunidades, que merecem comunidades no mesmo.
destaque são: Jurupari – festas Além das belezas naturais da área, a
tradicionais, sem a presença de mulheres; cultura local deve ser, também, entendida
Kapiwaiá – festas comemorativas, com como um atrativo ecoturístico, porém, as
duração de 3 a 4 dias, com objetivo de comunidades reforçam a necessidade de
agradecimento aos deuses, em função, por cuidados e respeito em relação aos hábitos e
exemplo, de uma boa colheita ou do costumes locais. Para que ocorra esse
nascimento do filho de um membro entendimento, informações acerca da
importante na comunidade, cuja comunidade visitada são de grande valia.
apresentação é proibida; Dabucuri – festas Também há clara preocupação, em relação
para o recebimento de uma visita amiga à à saúde da comunidade, frente às possíveis
comunidade, com oferecimento de comida, doenças trazidas pela entrada do turista.
bebidas e frutos silvestres. Reconhecem também a falta de infra-
O turismo praticado em São Gabriel da estrutura turística, a má qualidade dos
Cachoeira não tem envolvido a cultura dos serviços prestados e a fragilidade do
23 povos indígenas que habitam essa Conselho Municipal de Turismo.
região. Toda riqueza do patrimônio cultural Quanto às lideranças indígenas,
e sub-valorizada porque a maior parte dos respectivamente da Federação das
turistas que chegam ao município vem para Organizações Indígenas do Rio Negro
conhecer o pico da Neblina e as belezas (FOIRN), ainda não tem uma opinião
naturais da região propagada pelas formada sobre o tema, mas desejam
agencias de turismo que desconhecem ou às realizar estudos e debates com as
vezes desconsideram o potencial para o comunidades para que possam definir a
68 Ecoturismo: etnodesenvolvimento e inclusão social …

concretização ou não do turismo indígena justifica a precariedade de funcionamento


em Terra Indígena, formas de inserção na com pouco ou nenhum apoio em relação a
atividade turística com regras e normas a acessórias e ações isoladas dificultando o
serem seguidas. alcance dos resultados.
É necessário, possibilitar, um melhor A Associação dos agricultores e criadores
entendimento do que é o do Município de Barcelos (AACMB),
turismo/ecoturismo e os impactos dele composta de 180 membros têm como
advindo; bem como as formas de inserção objetivos capitar recursos junto a órgãos
das mesmas na atividade, a fim de se evitar financiadores que visam o desenvolvimento
a criação de expectativas, sem da comunidade e manter o homem no meio
possibilidades de concretização, para que rural através de projetos nas áreas de
não haja frustração, desinteresse e educação, saúde e produção. As
descrédito por parte da comunidade dificuldades que encontram são a
envolvida. burocracia e falta de apoio.
Barcelos Existe ainda no município a Associação
O município teve inicio com a fundação dos Piabeiros que são pescadores de peixes
da Missão de Nossa Senhora da Conceição ornamentais.Devido a grande importância
de Mariuá (mari = grande, iuá = braço; da atividade de pesca esportiva para o
significa braço grande do rio negro) pelo índice de fluxo turístico no município, a
Frei Carmelita Matias São Boaventura em Colônia de Pesca Z33 possui um relevante
1728. papel para a integração de comunidade em
A população total recenseada é de um plano de desenvolvimento da atividade
24.197 habitantes com densidade turística.
demográfica de 0,19 hab/km2. A população A colônia Z33 se encontra em fase de
rural é constituída de 16.243 habitantes e a estruturação e esta sendo criada a partir de
urbana de 7.954 habitantes (IBGE, 2000). uma fusão entre duas associações já
A taxa média geométrica de incremento existentes: A Associação de Peixes
anual da população foi 9.89 habitantes no Ornamentais e a Associação de Peixes
período de 1996/2000. Observa-se que 67% Comestíveis. Através da união destas duas
da população residente está localizada no associações, a nova Colônia pretende-se
meio rural. Isto pode ser explicado em realizar atividades de apoio na
decorrência da atividade econômica no regularização da documentação de pessoal
município ser baseada principalmente no envolvido nas atividades de pesca esportiva
extrativismo. e profissional, além de prestar auxílio aos
No município existem 44 comunidades pescadores no período que a pesca fica
rurais que estão distribuídas por toda calha proibida para a reprodução do pescado.
do médio rio Negro e 89 assentamentos Esta Colônia demonstra que há mobilização
(comunidades e sítios) indígenas e dos envolvidos, porém é preciso apoio tanto
ribeirinhos, espalhados pelas margens do na organização interna, quanto nas
rio Negro e seus afluentes. relações com o poder público local e
A população indígena é composta pelas programas de incentivo fiscal.
nações: Yanomami, Tukano, Dessana, O turismo é considerado pelas
Baniwa, Baré, Piratapuia e Waimiri- lideranças locais como uma grande
Atroari. Suas terras foram homologadas oportunidade para o desenvolvimento da
pela Funai, faltando ainda o registro cidade, que em alguns anos provavelmente
destas. Existe um núcleo populacional dos terá um aumento significativo do fluxo
Waimiri-Atroari morando na área urbana turístico. As lideranças entendem que é
da cidade. necessário uma qualificação da população
No município de Barcelos existem 07 no que se refere aos serviços e ampliação da
associações de bairros em processo de infra-estrutura para o atendimento
formação, as quais são: de Aparecida, adequado devido ao aumento desta
Mariúa, Marará, Nazaré, São Francisco, atividade.
São Lázaro e São Sebastião. Toadas essas Um fato de fundamental importância foi
associações estão em processo de exposto com preocupação pelas principais
estruturação e organização, fato que lideranças qual seja, a pequena circulação e
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permanência do turista na sede do dos recursos humanos locais;


município em virtude do tipo de turismo • Conservação e valorização das
praticado pelo hotel de selva que não atividades tradicionais do lugar.
poderíamos classifica-lo como turismo O fato do turismo não fazer parte do
ecológico e nem como ecoturismo, pois não cotidiano da comunidade, dificulta o
existe a preocupação com a conservação do entendimento das vantagens e
ambiente e nem o envolvimento da desvantagens que podem advir dessa
comunidade. Ao contrário, o que existe é prática social. Apenas as pessoas que tem
uma segregação da população local, porque alguma ligação direta ou indireta com essa
o turista ao chegar no aeroporto, segue atividade têm clareza quanto aos possíveis
imediatamente para o porto, e em seguida benefícios gerados por esta atividade.
vai de barco para o hotel. O percurso de Diversos cursos e oficinas de capacitação
volta é o mesmo. Sequer chega conhecer a abordando diferenciados temas foram
cidade. Desta forma não gera recursos para realizadas no município. A principal critica
a cidade e não traz os benefícios que a levantada em relação aos mesmos, foi
atividade turística deve trazer para os quanto à continuidade das atividades
lugares onde o ecoturismo é praticado. propostas e do conteúdo aprendido. Foi
Entendemos como Turismo de Natureza, recomendado que os eventos realizados
o tipo de turismo que utiliza como atrativos proponham ações concretas que sejam
os recursos ou o patrimônio natural como: apoiadas pelo programa de
rios, fauna, flora, montanhas, vales etc. desenvolvimento turístico, fazendo com que
Pode ser subdividido em: Turismo os objetivos vislumbrados e planejados pela
Ecológico, definido como o turismo que própria comunidade sejam efetivamente
utiliza o patrimônio natural a ser admirado alcançados. Esperando-se assim, o efetivo
e com vistas à educação ambiental, sem engajamento comunitário nos planos de
priorizar o envolvimento da comunidade gestão.
local e Ecoturismo, definido como o turismo Várias sugestões partiram das
planejado que promove a interação entre comunidades para aumentar a
natureza e comunidade com vistas a uma participação: organização de associações ou
utilização sustentável e conservacionista do cooperativas; formação de guias mirins;
patrimônio natural e cultural, criação e fortalecimento do centro de
proporcionando melhoria na qualidade de artesanato para estimular os artesãos que
vida da população envolvida sem causar residem na cidade; capacitação para os
impactos negativos à sua territorialidade barqueiros que podem vir a prestar serviços
(Faria, 2000). para os turistas; criação de usina de
O ecoturismo geralmente é confundido beneficiamento das potencialidades
com turismo de natureza, turismo ecológico agrícolas; cursos e/ou atividades que
ou qualquer atividade turística que utiliza discutam a temática do envolvimento da
o patrimônio natural como atrativo como, comunidade com os turistas, a relação
por exemplo, atividades desenvolvidas por turista/comunidade, benefícios para a
hotéis de selva ou na selva. cidade; fomento de micro-crédito para
Para ser considerado como ecoturismo barqueiros comprarem o próprio motor para
alguns princípios básicos devem ser prestar serviços ao turista e fazer eventos
considerados: que divulguem os atrativos.
• O Atrativo ecoturístico deve envolver Para que o ecoturismo obtenha êxito, foi
o patrimônio natural e cultural; considerado pelas lideranças, que o
• Utilização sustentável e PROECOTUR, preveja apoio aos
conservacionista dos atrativos; prestadores de serviços turísticos; estimule
• Envolvimento da comunidade a participação ativa da comunidade; faça
(planejamento e gestão participativa e um planejamento adequado a realidade
comunitária das atividades ecoturísticas); local; apóie à diversificação das atividades
• A Forma ideal de funcionamento em turísticas; apóie a criação de uma
pequenos grupos respeitando a capacidade organização local que possa trabalhar
de carga e de suporte; diretamente com o turismo urbano; que os
• Valorização (formação e capacitação) projetos tenham uma gestão e sustentação
70 Ecoturismo: etnodesenvolvimento e inclusão social …

independente da prefeitura local de modo a bairros no meio urbano com 3.363 hab,
dar continuidade às atividades mesmo nos justificando a maior presença da população
períodos de transição eleitoral, e finalmente no meio rural.
que todos os atores sociais ligados ao No município a organização comunitária
ecoturismo possam se unir em prol da é bem desenvolvida. Atuam com lideranças
efetivação das diretrizes e estratégias do comunitárias principalmente das rurais,
programa (Plano de Desenvolvimento do pois no meio urbano, não existem
Pólo de Ecoturismo do Amazonas). associações de bairro.
O Parque Nacional do Jaú, Parque A ASPAC (Associação de Silves para
Estadual do Aracá, a APA de Mariuá, Ilhas preservação Ambiental e cultural), é uma
e em seguida as parias constituem os organização não governamental brasileira,
principais atrativos. É de se ressaltar, sem fins lucrativos, formada por
também, que os atrativos culturais como o comunidades de ribeirinhos e seus
festival do peixe ornamental é importante, membros, residentes nos lagos em entorno
porém o perfil do turista que freqüenta este da ilha de Silves, fundada em 1981 com a
evento está mais para o de massa do que preocupação de defender os lagos da pesca
ecoturista e que as comunidades indígenas, predatória. Hoje, a ASPAC trabalha com as
principalmente a Yanomami são atrativos comunidades tradicionais da região de
tão significativos quanto os atrativos Silves no desenvolvimento do Ecoturismo
naturais existentes na área. para que os recursos e benefícios advindos
Outro fator importante a ser desta atividade possam ser revertidos para
considerado é a presença no Parque do a proteção de seus lagos de pesca. Vários
Jaú, de 150 famílias de caboclos ribeirinhos projetos são implementados por ela como de
com aproximadamente, 800 a 900 capacitação de monitores e fiscais
habitantes que vem realizando cursos de ambientais, oficinas de educação
capacitação e formação de fiscais ambiental, projeto de permacultura que
ambientais voluntários como forma de atingem 5 comunidades com a previsão de
incluir a comunidade na vida do parque. chegar as 12 até 2003.
Esse trabalho desenvolvido pela Fundação Os principais projetos são executados
Vitória Amazônia em parceria com o pela ASPAC em parceria com o WWF,
IBAMA, significando que nesse atrativo, IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio
pode-se desenvolver atividades Ambiente e Recursos Naturais
verdadeiramente ecoturísticas. Renováveis), INPA (Instituto Nacional de
Silves Pesquisa Amazônica) e CPT-Regional
Silves é um dos povoados mais antigo do (Comissão da Pastoral da Terra).
Amazonas, talvez o primeiro núcleo Entre eles está a Pausada Ecológica
europeu criado no Estado do Amazonas que Aldeia dos Lagos, construída como parte do
teve seu inicio com a fundação da Missão de projeto “Silves: um projeto de ecoturismo
Índios chamada Aldeia de Saracá, da comunitário na Amazônia brasileira”,
Ordem das Mercês em 1660 que executado pela ASPAC com apoio técnico do
concentrava índios Barururus, Caboquenas WWF e financiado pelo governo da Áustria
e Guanavenas. e WWF. O objetivo é viabilizar o primeiro
A população de Silves é constituída, na empreendimento comunitário de
sua maioria por caboclos descendentes dos ecoturismo da Amazônia, com renda
primeiros habitantes, os indígenas, mas utilizada em benefício da conservação do
que não reconhecem mais suas origens e sistema de lagos de pesca da região e para
por descendentes de portugueses, espanhóis a melhoria da vida dos ribeirinhos. Foram
e nordestinos que chegaram durante o definidos três tipos de área de pesca: lagos
apogeu da borracha no início do século XX. para procriação (santuários de proteção
De acordo com o IBGE (2000), o total), lagos de manutenção (permitida a
município conta com 7.785 habitantes, pesca artesanal) e lagos de exploração
divididos em 4.179 homens e 3.606 pesqueira, permitindo a pesca comercial.
mulheres com densidade demográfica de O projeto denominado “Conservação dos
3,78 hab/km2. Existem 26 comunidades Recursos Hídricos” atua em três vertentes:
rurais com cerca de 4.422 habitantes e 04 uma de preservação dos lagos, outra ligada
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a permacultura e capacitação e formação de atividade, garantir financiamento e


fiscais e monitores ambientais, está em preservar os lagos evitando a pesca
funcionamento e tem uma ótima aceitação predatória. A produção é para
por parte das comunidades. abastecimento interno e o excedente para
Existem projetos a espera de ser vendido para outros municípios. Em
financiamento como do Museu Histórico parceria com a ASPAC, recebem oficinas de
que visa resgatar a história e a cultura do educação ambiental, de fiscais ambientais e
lugar além de abrigar as peças apóiam nos roteiros que levam os turistas
arqueológicas encontradas no município; e para conhecer os lagos.
a construção de um mirante no rio Apesar da forte organização comunitária
Sanabani, cuja localização é privilegiada e das três principais associações existe uma
está á uma altura de quase 100 m em rivalidade da Associação dos Produtores
relação ao nível do rio. Agrícolas em relação a elas. A comunidade
Outro projeto de origem comunitária é em geral confia no trabalho das associações
desenvolvido pelo AVIVE (Associação Vida que precisam ser fortalecidas com apoio
verde da Amazônia) que visa à utilização de técnico e financeiro para os projetos que
espécies aromáticas da Amazônia como esperam financiamento para serem
alternativa econômica para as mulheres via executados.
extração vegetal de óleos essenciais e No que diz respeito ao apoio à gestão
fabricação de produtos naturais como municipal, não há a organização de
sabonetes, cosméticos naturais e chás de nenhum conselho municipal quer seja da
uso popular da região recebe o apoio técnico saúde, educação ou turismo.
e financeiro do WWF-Brasil. O ecoturismo é considerado uma
A AVIVE, uma Associação de Mulheres alternativa de renda para as comunidades
fundada em 1999, está à frente de um ribeirinhas. Estas participam no
projeto comunitário que tem o apoio técnico planejamento das atividades desenvolvidas
e financeiro do WWF-Brasil. O projeto visa pelas associações que esperam
a exploração de espécies aromáticas da participarem também, do plano de gestão
Amazônia como alternativa econômica para do Plano de Ecoturismo
as Mulheres via extração sustentável de Em Silves o ecoturismo já é uma
óleos essenciais como pau-rosa, preciosa e realidade e considerado como a única
outros e fabricação de produtos naturais experiência comunitária no Amazonas.
como sabonetes, cosméticos naturais e chás Entretanto, a comunidade faz distinção
de uso popular da região e integração de entre o turismo praticado pela Pousada
ações de conservação ambiental. Os Aldeia dos Lagos e pelo Hotel Guanavenas.
produtos são 100 % naturais, livres de Consideram como ecoturismo o
conservantes, corantes e aromas sintéticos. desenvolvido pela ASPAC onde há o
Os Óleos essenciais que aromatizam os envolvimento da comunidade e geração de
sabonetes tem origem controlada e renda para a mesma e como turismo de
certificada. massa o turismo do Hotel, que emprega
A associação dos Produtores Agrícolas, apenas 30 pessoas da comunidade não
formada por 95% de trabalhadores rurais, gerando nenhum outro tipo de renda. As
foi criada com o objetivo de resgatar o principais lideranças consideram que o
antigo costume dos índios sobre o sistema fluxo ecoturístico atual é pequeno e
de “puxirum” e conseguir financiamento alertam, todavia, para a falta de infra-
junto aos bancos para pequenos produtores. estrutura, principalmente urbana e de
O trabalho coletivo é uma forma de equipamentos de apoio.
garantir o financiamento, a venda dos Há necessidade de criação do Conselho
produtos em grande escala e ao mesmo Municipal de Turismo e Meio Ambiente,
tempo criar oportunidades de melhorar a para que as associações locais possam,
perspectiva de vida dos associados. através deste instrumento legal, estarem
A associação dos pescadores de Silves, é devidamente representadas.
formada por 316 pescadores com O ecoturismo comunitário desenvolvido
participação ativa de 200 pessoas. Foi pela ASPAC e em seguida os lagos do
criada com a intenção de legalizar a Canaçari, Saracá, Purema e Paramiri se
72 Ecoturismo: etnodesenvolvimento e inclusão social …

apresentam como os mais importantes requer que as comunidades sejam


atrativos no município. É de se ressaltar, efetivamente gestoras de seu próprio
também, que os atrativos culturais como desenvolvimento, que busquem formar seus
festas folclóricas e religiosas, os quadros técnicos – antropólogos,
artesanatos somados aos rios e praias engenheiros, professores etc. – de modo a
urbanas são atrativos complementares da conformar unidades político-
sede. administrativas que lhe permitam exercer
O envolvimento direto de algumas autoridade sobre seus territórios e os
comunidades segundo os princípios do recursos naturais neles existentes, de
etnodesenvolvimento fez de Silves o serem autônomos quanto ao seu
primeiro município do Estado a oferecer no desenvolvimento étnico e de terem a
mercado produtos de ecoturismo, capacidade de impulsiona-lo.
valorizando assim tanto seus atrativos Outra referência importante é de
naturais quanto a sua riqueza cultural Stavenhagem (1997:57), propositor do
proporcionando aos caboclos ribeirinhos conceito, que definiu etnodesenvolvimento
geração de renda e melhoria nas condições como o desenvolvimento que matem o
socioeconômicas de suas comunidades. diferencial sociocultural de uma sociedade,
ou seja, sua etnicidade. Nessa acepção,
Etnodesenvolvimento: (eco) turismo desenvolvimento tem pouco ou nada a ver
indígena como alternativa de inclusão com indicadores de “progresso” no sentido
social usual do termo: PIB, renda per capta,
mortalidade infantil, nível de escolaridade
A discussão sobre o etc. Na definição de Stavenhagen, o
etnodesenvolvimento emergiu no debate “etnodesenvolvimento significa que a etnia,
latino-americano de forma mais autóctone, tribal ou outra, detém o controle
consistente em 1981, na cidade de São sobre suas próprias terras, seus recursos,
Jose da Costa Rica, por ocasião de uma sua organização social e sua cultura, e é
reunião de especialistas em livre para negociar com o Estado o
etnodesenvolvimento e etnocídio na estabelecimento de relações segundo seus
América Latina. O conceito de interesses” . Em termos gerais, os
etnodesenvolvimento se formou então princípios básicos para o
como um contraponto critico e etnodesenvolvimento seriam:
alternativo as teorias e ações “Objetivar a satisfação de necessidades
desenvolvimentistas e etnocidas, que básicas do maior número de pessoas em vez
tomavam as sociedades indígenas e as de priorizar o crescimento econômico;
comunidades tradicionais em geral como embutir-se de visão endógena, ou seja, dar
obstáculo ao desenvolvimento, a resposta prioritária à resolução dos
modernização e ao progresso (Verdum, problemas e necessidades locais; valorizar e
2002:.87-88). utilizar conhecimento e tradições locais na
Uma das principais referências na busca da solução dos problemas; preocupar-
formulação do conceito de se em manter relação equilibrada com o
etnodesenvolvimento na América Latina é meio ambiente; visar a auto-sustentação e a
Guilhermo Bonfil Batalla, que assim o independência de recursos técnicos e de
definiu: pessoal e proceder a uma ação integral de
“É o exercício da capacidade social dos base, [com] atividades mais participativas”
povos indígenas para construir seu futuro, (ibid.:18-19).
aproveitando suas experiências históricas e O ecoturismo é considerado uma
os recursos reais e potenciais de sua alternativa de renda para as comunidades
cultura, de acordo com projetos definidos tradicionais do Amazonas. Além das
segundo seus próprios valores e aspirações. belezas naturais, a cultura deve ser,
Isto e, a capacidade autônoma de uma também, entendida como um atrativo
sociedade culturalmente diferenciada para ecoturístico, a necessidade de cuidados e
guiar seu desenvolvimento” (Batalla et respeito em relação aos hábitos e costumes
al.,1982). específicos, devem ser ressaltados no
Para Batalla, o etnodesenvolvimento planejamento dessa modalidade turística.
Ivani Ferreira de Faria 73

Denominamos ecoturismo indígena o envolvidas por meio de várias estratégias


ecoturismo praticado dentro das terras que deverão ser pensadas e planejadas
indígenas através do planejamento/gestão junto com a comunidade, técnicos,
participativa e comunitária respeitando os entidades indígenas, indigenistas e
valores sociais, culturais e ambientais dos ambientalistas.
diferentes povos envolvidos onde a O Turismo étnico é definido por Swain
comunidade é a principal beneficiada. (ibid.) como o “tipo de turismo que se refere
Faz-se necessário definir o turismo ao marketing das atrações turísticas
cultural, etnoturismo e étnico para inspiradas no modo de vida indígena”,
compreendermos melhor o turismo enquanto para Wood (ibid.) “Turismo étnico
indígena. O turismo cultural se definiria poderia ser definido pelo seu foco direto
“em termos de situações em que o papel da sobre pessoas vivendo uma identidade
cultura e contextual, [...] está para moldar cultural cuja singularidade esta sendo
a experiência do turista de uma situação comprada por turistas”.
em geral, sem um foco particular sobre a Nas definições de Swain e Wood, o ponto
singularidade de uma identidade cultural comum está na mercantilização da cultura
especifica” (Wood, 1984:361). e da identidade, sendo que a primeira
Tudo o que é feito pelo homem constitui sugere que só ocorreria com sociedades
o patrimônio cultural, portanto o Turismo indígenas e a segunda em diversas
Cultural é aquele que tem como objetivo manifestações de identidades étnicas. Na
conhecer os bens materiais e imateriais nossa concepção, o turismo étnico é
produzidos pelo homem. Pode ser dividido inspirado na diversidade étnica dos povos
em Histórico, gastronômico, folclórico, com suas identidades especificas, sendo
Etnoturismo (indígena e étnico) religioso, praticado não exclusivamente por eles, fato
esportivo etc. que justificaria em parte, o caráter mais
Etnoturismo é um tipo de turismo comercial da atividade, que acaba por
cultural que utiliza com atrativo a banalizar a cultura, transformando-a em
identidade, a cultura de um determinado produto de massa e mercantilizando a
grupo étnico (japoneses, alemães, ciganos, própria pessoa do ser étnico. É o tipo de
indígenas etc, ). O turismo indígena e o turismo em que existe a representação,
étnico podem ser um dos tipos do propaganda e venda de atrações turísticas
etnoturismo. inspiradas no modo de vida dos diversos
O turismo indígena, como o nome grupos étnicos.
sugere, é o turismo realizado em terras No turismo étnico, o nativo não esta
indígenas ou na cidade com base na simplesmente lá para servir as
identidade cultural e na gestão do necessidades do turista; esta ele mesmo
grupo/etnia indígena envolvida. Dessa “em exposição”, um espetáculo vivo a ser
forma, não concordamos com Swain (1989) recrutado, fotografado (Van Den Berghe,
que define turismo indígena como “tipo de 1984:345).
turismo que teria suas bases na terra e na Ainda na opinião de Van Den Berghe o
identidade cultural do grupo, controlado “turismo étnico representa a última onda
por ele”, pelo fato de que muitos povos de expansão do capitalismo explorador para
indígenas não querem essa atividade a mais remota periferia do sistema mundial
dentro de suas terras, mas querem divulgar [...]. Povos do Quarto Mundo que foram
suas culturas como valorização da primeiro repelidos para regiões de refugio –
identidade e algum ganho econômico, as ‘reservas nativas’ dos colonizados – estão
porém sem mercantilizá-la (Faria, 2002). agora sendo ‘redescobertos’ como um
O fato de povos e grupos indígenas recurso turístico (Van Den Berghe, 1984) –
praticarem atividades turísticas fora de e é justamente dessa forma que índios sob
suas terras não desqualifica o tipo de “extrema marginalização” se tornaram
turismo, pois a cultura e a identidade “uma atração turística primordial para
permanecem com eles podendo ser afluentes viajantes do Primeiro Mundo em
realizado nos núcleos populacionais de busca do outro primitivo, autêntico” (Van
modo que não afete negativamente a Den Berghe, 1995:571).
cultura dos povos e comunidades Não descartamos que o turismo indígena
74 Ecoturismo: etnodesenvolvimento e inclusão social …

seja na modalidade do ecoturismo, tenha Meio Ambiente e do Centro de Trabalho


seu lado comercial. A diferença esta na Indigenista. Em junho de 1997, em Silva
essência, na finalidade e contexto em que o Jardim no Rio de Janeiro foi elaborada a
turismo indígena e étnico se desenvolve. metodologia e o Manual Indígena de
No turismo étnico realizado sob a Ecoturismo com princípios, critérios e
inspiração da cultura indígena, por grupos diretrizes a fim de informar e preparar as
da sociedade envolvente, o povo indígena comunidades indígenas para operações
representado deverá ter a participação no ecoturistica que vem ocorrendo
processo de gestão ou no recebimento de informalmente e sem controle dentro das
royalties (ao respectivo povo), pois se trata terras indígenas.
de um patrimônio cultural de propriedade O Programa Piloto de Ecoturismo em
coletiva que estará sendo usado. Para isso, Terras Indígenas, elaborado pelo GTC
as organizações indígenas com o apoio da Amazônia, tem como objetivo coordenar a
FUNAI (Fundação Nacional do Índio), elaboração e execução da Política e o
deverão registrar devidamente seu Programa Regional de Ecoturismo,
patrimônio cultural material e imaterial conforme Portaria Interministerial nº 21 de
em cartório. 30 de novembro de 1995 do Ministério do
O Turismo indígena, principalmente o Meio Ambiente, dos recursos hídricos e da
desenvolvido em terras indígenas, vem Amazônia Legal com o apoio da FUNAI
promovendo várias discussões e polêmicas Para a realização do ecoturismo indígena
junto a lingüistas, antropólogos, geógrafos, alguns princípios devem ser observados e
indigenistas e indígenas. O cerne da respeitados (MMA,1997):
questão reside na presença de turistas, das • A tradição cultural do indígena
mais diversas culturas, dentro da terra deve prevalecer sobre os interesses do
indígena, o que pode provocar não apenas ecoturismo;
descaracterização cultural como também • O ecoturismo deverá levar em
perturbar o ambiente natural, o cotidiano conta o grau de contato da comunidade
das comunidades e promover uma indígena;
mercantilização da própria cultura. Por um • A comunidade deve participar de
lado, em função desses motivos, ainda há todo o processo do ecoturismo em suas
muita resistência para a implantação dessa terras;
atividade em terra indígena, onde a relação • Cabe à comunidade a gestão do
custo/benefício não é favorável as ecoturismo em suas terras;
comunidades, em que os custos ao ambiente • O ecoturismo deve gerar recursos
e a cultura serão maiores que os benefícios econômicos para melhorar a qualidade de
econômicos advindos das atividades vida da comunidade indígena;
turísticas. Por outro lado, mesmo cientes • O uso sustentável dos recursos
dos riscos dessa atividade, há grupos que naturais deve ser praticado;
acreditam que se o ecoturismo, for bem • Ecoturismo deve ser uma atividade
planejado com participação da comunidade complementar e de apoio às atividades
no processo de gestão, com preparação e tradicionais e a outros projetos da
esclarecimento da população no que se comunidade indígena.
refere à conscientização sobre o turismo e Critérios para seleção de áreas:
riscos que poderão advir, poderá ser uma Apoio da comunidade; condições de
alternativa econômica para esses povos. acesso; condições de salubridade; carências
Nesse sentido, o Grupo Técnico de de alternativas econômicas; possibilidade
Coordenação de Ecoturismo para a de apoio e parecerias; existência de
Amazônia Legal – GTC, em 1997 organizou atrativos naturais e culturais.
um Workshop em Bela Vista de Goiás para A esses critérios acrescenta-se:
discutirem sobre a elaboração e execução da Projetos desenvolvidos em bases
Política do Programa Piloto de Ecoturismo comunitárias e sustentáveis; priorização da
em Terras Indígenas que contou com a gestão participativa dos povos indígenas em
participação de representantes da FUNAI suas terras e na cidade; existência de
de diversos municípios e estados operador\agência receptiva prioritaria-
brasileiros, da Ecobrasil, Ministério do mente coordenada pelas organizações
Ivani Ferreira de Faria 75

indígenas; preparação da comunidade para maioria dessas populações vem passando


a implantação do ecoturismo; realização de por privações de toda ordem (alimentar,
avaliação de impacto socioambiental: saúde, educação etc.) legadas de condições
Diretrizes: naturais e históricas.
• Conservação do Patrimônio natural Mesmo em condições desfavoráveis essas
– incentivo às práticas conservacionistas; populações vêm resistindo às pressões
• Respeito e valorização da cultura antrópicas da população envolvente e
Indígena – controle e prevenção de doenças necessitam de novas tecnologias sociais e
transmissíveis, respeito a privacidade da econômicas para sobreviverem.
família indígena, postura ética do visitante Diante disso, o ecoturismo surge como
quanto à diversidade cultural, conservação alternativa econômica viável com
dos sítios arqueológicos, preparo das possibilidade de gerar benefícios diretos e
comunidades para receber visitantes, indiretos para as comunidades envolvidas,
fomento a comercialização do artesanato e mas também como um instrumento de
da arte indígena; valorização cultural, pois é a diversidade
• Gestão participativa beneficiando cultural, a cosmovisão, os ritos, os mitos
toda a comunidade indígena – meios para a desses povos, os principais atrativos para o
gestão autônoma, participativa e ecoturista.
organizada propiciados, partilha dos Considerações finais
resultados econômicos pela comunidade; No imaginário coletivo mundial, a
• Minimização dos impactos Amazônia surge como santuário ecológico e
negativos resultantes das visitações – como “território índio” estando à cultura
conscientização dos riscos causados pela indígena imensamente associada ao
prostituição e abusos sexuais, porte de produto Amazônia. O turismo indígena bem
armas, uso de drogas e introdução de como o ecoturismo encontra no estado do
hábitos nocivos à comunidade; Amazonas o ambiente propicio para o
• Proteção à integridade física dos desenvolvimento dessa modalidade criando
visitantes em Terras Indígenas e seu uma forte identidade turística que
entorno – prestação de serviços adequados destacará o Amazonas como Estado
aos visitantes, implantação de infra- referência no cenário nacional e
estrutura adequada; internacional.
• Visitação planejada, disciplinada e Entretanto, o turismo praticado no
controlada com base na legislação vigente – Estado do Amazonas é um turismo
cumprimento das legislações específicas internacional voltado a turistas
vigentes, fiscalização e controle eficiente. estrangeiros onde a grande maioria da
A essas diretrizes acrescenta-se: infra-estrutura turística, seja
elaboração de uma legislação específica equipamentos turísticos ou de apoio,
para o ecoturismo Indígena, pois as leis pertencem as oligarquias políticas regionais
existentes dizem respeito a proteção e e a empresários/corporações estrangeiras,
conservação dos recursos naturais e sobre que visam apenas o lucro imediato e o
as Terras Indígenas art. 131 e 132 da acumulo do capital, considerando sempre,
Constituição Federal; monitoramento e as populações tradicionais como mão-de-
avaliação da atividade ecoturistica em obra barata, excluindo-as de todo e
Terra Indígena pelas Organizações qualquer processo de planejamento e/ou
Indígenas, FUNAI e IBAMA; criação de gestão das atividades turísticas.
tecnologias sócio ambientais de baixo Esse tipo de turismo voltado ao mercado
impacto e registro em cartório (patentear) internacional e excludente impera na
os artesanatos, ritos, mitos, culinária Amazônia e na maioria dos municípios que
utilizados como atrativos culturais pelos compõem o pólo de ecoturismo do estado do
diversos povos que desenvolvem a prática Amazonas.
do ecoturismo. Numa região como a Amazônia, com
Paradoxalmente, a riqueza cultural e tamanha biodiversidade, sociodiversidade e
natural não vem garantindo às diversas diferenças socioeconômicas, é importante
nações indígenas bem como caboclos que a comunidade e seus residentes
ribeirinhos a sua sobrevivência. A grande recebam benefícios satisfatórios do turismo
76 Ecoturismo: etnodesenvolvimento e inclusão social …

para motivar as mudanças desejadas, comunidades envolvidas, das entidades de


porque o desenvolvimento do turismo pode classe e órgãos públicos, FUNAI, IBAMA,
requerer mudanças de comportamento no consultoria especializada por meio de
sentido de passar a conservar o ambiente parcerias com universidades e ONG´s e
em vez de destruí-lo. A melhoria do nível de etc.
vida da comunidade deve ser benefício E parafraseando Farias (2001:10),
principal para que haja uma melhor conscientizar as comunidades só se concebe
distribuição da riqueza e um melhor dentro da sua cultura num processo
equilíbrio social.. gradativo de revelação do cotidiano e
As culturas indígenas e caboclas podem imaginário, a partir dos quais os atrativos
ser inseridas no turismo, seja na são idealizados e configurados. Dessas
modalidade do ecoturismo indígena ou no ações, nasce a autonomia individual e
ecoturismo comunitário por meio dos coletiva, ensejando a concretude expressa
artesanatos, que devem ser incentivados; nos atrativos, na sua organização e venda.
por meio de seus ritos e mitos que possam Deve-se refutar as concepções
ser expostos e mostrados em apresentação exclusivamente econômicas e agregar aos
pública desde que não sejam profanados ou atrativos, ações de responsabilidade social,
mercantilizados; por meio da culinária; por desenvolvendo uma teia de solidariedade
meio da observação e participação do modo local.
de vida e cotidiano; por meio de trilhas Portanto, a participação efetiva da
interpretativas onde há a fusão do comunidade no planejamento do (eco)
patrimônio natural com o cultural; por meio turismo em conjunto com governo, trade
da construção de museus específicos para turístico e pesquisadores é um grande
São Gabriel da Cachoeira com seus 23 desafio para a região e seus atores, pois
povos, e com a criação de eventos como sabemos que as populações locais, nativas
Convenção de Línguas e Territorialidades estão sempre a margem do grande
Indígenas e etc. movimento capitalista global em que a
As entidades indígenas do Amazonas e correlação de força desigual tende sempre
da região do Rio Negro, ainda não têm uma para o mesmo lado, do capital e do lucro. E
posição em relação ao turismo indígena, para que isto venha acontecer será
seja pela falta de informação e discussões necessária a construção de uma civilização
sobre o assunto ou ainda pelo receio dos para o turismo, por meio de uma educação
danos que essa atividade poderá causar. Há para o turismo, em que a justiça social,
necessidade de promover uma discussão conservação e valorização do patrimônio
urgente com entidades indígenas e cultural, natural e humano sejam seu ideal
lideranças de comunidades municia-las de e não apenas retórica. Não se concebe
conhecimento pó meio da formação e pensar em ecoturismo para a Amazônia e
capacitação para que possam criar para o Amazonas sem o planejamento
diretrizes especificas para essa modalidade participativo e comunitário para garantir a
de turismo de acordo com cada povo sustentabilidade socioambiental, econômica
respeitando e preservando sua cultura, ou e cultural dos povos amazônicos.
seja, cada povo deve planejar e participar “Os povos da Amazônia são hoje, os
de todo o processo de planejamento e gestão mais ricos depositários dos valores que
do ecoturismo. irão nortear a reorganização popular
De acordo com os princípios do futura do ocidente. O nosso
etnodesenvolvimento a cultura pode ser engajamento pela sobrevivência desses
resgatada e valorizada por meio dessas povos é fundamental para o futuro
estratégias, e promover inclusão social das esperançoso da humanidade” (Egidio
comunidades envolvidas, com justiça social Schwade, 1992).
e redução das desigualdades através da
redistribuição de renda, que necessitam de Bibliografia
investimentos financeiro e técnico para o
seu pleno desenvolvimento e sucesso. Deve Batalla, Guilherme Bonfil et al.
se ressaltar que todas essas estratégias 1982 América Latina: etnodesarrollo, etno-
devem contar com a participação das cidio. Costa Rica: FLASCO.
Ivani Ferreira de Faria 77

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