Você está na página 1de 14

Sumário

C*Íruro 1. Zeros de funções: O método da 5.3 Exemplos 54


dicotomia I 5.4 Critório de convergência 5l
1.1 Introdução 1 5.5 Programa em linguagem C 59
1.2 Método da dicotomia 2 5.6 Técnicas avançadas: Decomposição de
1.3 Precisão e número de iterações 6 Choles§ 62
1.4 Programa em linguagem C 8 5.1 Exercícios 63
I.5 E,xercícios 9
Biografia: Zenon de Elea 1 I C*Íruro 6. Método dos mínimos quadrados:
Regressão linear 66
CtpÍruro 2. Zeros de funções: O método de 6.I Inrrodução 66
Newton-Raphson 13 6.2 Método dos mínimos quadrados 66
2.1 Introdução 13 6.3 Regressão linear 68
2.2 Método de Newton-Raphson 13 6.4 Exemplos 68
2.3 Exemplos de aplicação 15 6.5 Programa em linguagem C 72
2.4 Cuidados especiais 18 6.6 Linearrzaçã,o de funções 74
2.5 Programa em linguagem C 18 6.1 Exercícios 75
2.6 Exercícios 20 Biografia: Adrien-Marie Legendre 79
Biograf,a: Sir Isaac Newton 24
C*Íruro 7. Método dos mínimos quadrados:
CapÍruro 3. Método de Newton-Raphson para Generalização Bl
duas varidveis 26 1.I Introdução 81
3.1 Introdução 26 7.2 Generalização do método dos mínimos
3.2 Formalismo 26 quadrados 81
3.3 Exemplos de aplicação 28 1.3 Exemplos 84
3.4 Programa em linguagem C 32 1.4 Comentários sobre o método 88
3.5 Técnicas avançadas: O método de 1.5 Programa em linguagem C 89
Newton-Raphson para sistemas de 1 .6 Técnicas avançadas: Estimativa de parâmetros 92
equações não-lineares 34 1.'1 Exercícios 94
3.6 Exercícios 36
CtpÍruro 8. Interpolação polinomial e afórmula
C.a.pÍruro 1. Sistemas lineares: Método de de Lagrange 97
trinngularização de Gauss 38 8.1 Introdução 97
4.I Introdução 38 8.2 Método 98
4.2 DeÍinições 38 8.3 Polinômio interpolador: Exemplos 98
4.3 Método de triangularizaçáo de Gauss 40 8.4 Polinômio interpolador na forma de
4.4 Exemplos 42 Lagrange 101
4.5 Comentários sobre o método 46 8.5 Polinômio de Lagrange: Exemplos 102
4.6 Programa em linguagem C 46 8.6 Programa em linguagem C 104
4.7 Exercícios 48 8.7 Exercícios 108
Biografia: Johann Carl Friedrich Gauss 50 Biografia: Joseph Louis Lagrange 110

CtpÍruro 5. Método iterstivo de Gauss-Seidel 52 CtpÍruro 9. Integração numérica 111


5.1 Introdução 52 9.1 Inrrodução 111
5.2 Método iterativo de Gauss-Seidel 52 9.2 Deflnicões 1l l
Sumário

9.3 Regra dos traPézios 1 13 10.6 Prograúa en linguagem C 134

9.4 ExomPlos 115 lO.7 Exersíçios 136


Biografia: LeonhardEuler 134
9.5 ProgramaemlinguagemC 119
g.6 Técnicas avançadas: O método do Monte 139
Carlo 120 Respostns de Alguns Exercícios Propostos

9.7 Exercíoios 121


ApÊr,totczDerivúas e integrais mais
10. Equações diferenciais
cornuns 750
C*Íraro
orünátíos 124 A.1 Tabela de derivadas 150
10.1 Introdução 124 A.2 Tabela de integrais 151
lO.2 Método de Euler 126
Bmuoenerr.L l54
10.3 Método de Euler: ExemPlos 126 Il
10.4 Método de Runge.Kutta 130 I
ÍNorcn 155
10.5 Método de Runge-Kutta: Exemplos 131
I
Ct PITULO

I Zeros de Íwnções:
O método da dicotomia
"Planejar é tomar a decisão de colocar um pé diante do outro.,'
Winston Churchill

1,.1 Introdução
Determinar os zeros de uma função significa achar as raízes dessa função. Esse pÍoce-
dimento é muito importante em aplicações práticas, principalmente no caso de aplica-
ções em computação. Dá-se às raízes o nome de zeros da função porque nesses valo-
res, ou seja, nas raízes, a função assume valor zero. vejamos um exemplo simples de
uma função do segundo grau (veja a Figura 1.1), onde são representadas uma função
e suas taízes:

f(*):ax2*bx+c (1.1)

cuJas ra|Zes sao xr e x2.


o fato de x, e x, serem as raízes de
flx) signif,ca que quando o valor de x na Equação
1.1 for igual a x1 otJ x2, o valor de
flx) é zero.
Em alguns casos (como no caso da equação do segundo grau) é possível determinar
um algoritmo, ou seja, uma seqüência de passos, através dos quais podem-se determi-
nar as raízes de uma função. Entretanto, as soluções através de algoritmos, também
chamadas de '/soluções analíticas", não estão disponíveis paÍa amaioria das funções.
Por exemplo, a função

(1.2)

não tem solução analítica, e a busca por suas raízes não é trivial. Isso signif,ca que não
existe um algoritmo que solucione a função, e as suas taízes devem ser encontradas
por outro método.
Capítulo Um

Figura 1.1 Uma função do segundo grau e suas raízes'

mais "direta", que muitas


Na maior parte dos casos, faz-senecessária uma abordagem
várias vezes para Tocaltzar as raízes'
vezes utiliza um algoritmo simples que é repetido
e o plimeiro a ser apresentado
Esses métodos são chamados de "soluções numéricas",
será o Método da Dicotomia'

1,2 Método da dicotomia


\maÍalz de uma função, e é ideal como
Este é o método mais simples pala se buscar
tema introdutório ao Cálculo Numérico'
vale zeto nataiz, e os valores da
Esse método baseia-se no fato de que se a função
funçãoparaxmaiordoqueafalzepaÍaxmenordoquearatztêmsinaiscontrários.
Essaidéiaébemexpressaatravésdo..TeoremadeBolzano,,:
..Se/forumafunçãocontínuanuminterva|o|a,b)etrocadesinalnosextÍemos
desse intervalo, então existe pelo menos wataizreal
de/no intervalo la' b)'"
Considere aFigura 1.2.
e que em xo é positivo' Como
Pode-se notar que o valor da função ern xo é negativo
a raiz encontra-se entre Í.o a x6tisto é, xo
I xo( Í6, sâbemos que o intervalo fechado [x"
a média entre Í, e x,, que deno-
xo] contém a raiz. Se tomarmos um valor de x como
minaremosx",deta|formaqueointervalo|x,,x,]f,quedivididoemdoisintervalos,
lxo,x,felx,,xo),demesmotamanho'araizdeveráestarcontidaemumdeles'Vejaa
Figura 1.3'
Excetuando a improvável hipótese de x. ser exatamente
ataiz deflx), um dos novos
não'
intervalos, lxo,x")ou [x"' xo]'conterâaraize o outro
é obtida diretamente da obser-
A decisão de qual dos dois intervalos contém araiz
valores extremos,/(x ") e flx), am-
vação da Figura 1.3: o interv alo lxo,x.] tem os seus
bos negativos, enquanto o intervalo lx,, xufapresentafl x,) e flxr) com sinais invertidos'
Zeros de Funções: O Método da Dicotomia

Figura 1.2 Mudança de sinal de flx) antes e depois datarz.

Como, segundo o que foi discutido anteriormente, araiz divide regiões com sinais di-
ferentes, o intervalo que contém ataiz é lx", xo).
Uma maneirurápida de verificar se araiz está contida num determinado intervalo é
através do produto do valor da função nos seus extremos. Assim,

f (x") f (x") < 0 (1.3)

í(*")í(x)> 0 (1.4)

Uma vez que se sabe que araiz estácontida no intervalo Lx", xt], pode-se aplicar no-
vamente o mesmo pÍocesso, dividindo-se o intervalo em duas partes. Como resultado,
obtém-se um novo intervalo, menor que o anterior, que ainda contém araiz'

Figura 1.3 Divisão do intervalo em dois subintervalos.


CapÍtulo Um

Aplicando-se sucessivamente esse processo, obtêm-se intervalos oadavezmenorss,


até que os extremos do intervalo que contém a raiz es§am tão próximos
um do outro
como a precisão que se deseja daraiz. Como a cada etapa o intervalo
é dividido em duas
parÍes iguais, ele se denomina uma dicotomia, que significa ,.diúdir
em duas parte§,,.
Vejamos agora um exemplo de aplicação. Detenninemos qual é araizda
úçao

Í(x)= e' +!x


2
(t.g
ou seja, qual valor de x tom zero como resultado da função.
o primeiro passo é detorminar um intervalo fechado Íxo, xof que contenh a a raiz.
Parafazer isso é preciso determinar xae xb,tais quefli) e.flxo) tenham sinais
diferen_
tes. Para tanto faremos uma tabela, onde cslocalemos valores do x
e çalcularemos os
rêspectiYos valores deflx):

,rrll

Vemos que os valores de"(r) Fnta x entre


-l {,9
e são negativos, e para x entre
-0,8 e 0 são positivos. Isso também pode ser apreciado através de uma representação
gráfica defi.r) no inrervalo [-1,0] (veja Figura 1.4).
Pode-se concluir que a raiz da função encontra-se no intervalo fechado
[-0,9; _o,g].
o próximo passo é dividir o intervaro na sua rnetade, calculando a média:

(-o,9)t(-{,8)
,""2
= ={,g5 (1.6)

Para decidir qual deve ser o intervaro a considerar em seguida, se


será fuu, x"] ou
Íx", xu), devemos calcular o valor deflx"):
Zeros de Funções: O Método da Dicotomia

Figura 1.4 Representagão da função Í{x)= e. +l2'xno intervalo [-1, 0].

(-0185)
Í(x")=/(-{,85) = eu'r' + =0,02415 (l'7)
2

Como esse valor é positivo, despreza-se o intervalo lx", xu7, pois a raiz encontra-se
no intervalo Íx o, x,f . Grafi camente:

Figura 1.5 Representação da função l{x)* e' +!xno intervalo [-0,9; --0,8].
2-
Capítulo Um

Repete-se o pfocesso pala o intervalo [-0,9; -0,85], e assim sucessivamente. O


re-

sultado das várias iterações é apresentado na Tabela 1'2:

,tr
.,;|,
,!ttlr

uma
Conclui-se que aÍaizda função é aproximadamente --0,85259' O resultado será
It
um nú-
aproximação, pois paÍa se chegar a uma precisão absoluta, dever-se-ia calcular
mero infinito de iterações, o que não é possível'
I

L.3 Precisão e número de iterações


A.raizde uma função é, do ponto de vista da matemática pura, um número perfeitamente
Basta
definido e exato. Entretanto, a exatidão absoluta náo fazparte do nosso dia-a-dia'
analisar, por exemplo , a raiz da funçãofl'x)= f - 2' A representação matemática
dessa
de-
raiz nos dá, +J2,cujo valor absoluto vale 1,414214, se representada com seis casas
cimais. Se representarmos esse valor coml}casas decimais, teremos I,4I42t3562373'
pode ser
e ainda assim náo é a"representação exata" ae J2. O valor procurado não
é, impos-
representado em notação decimal pol se tratar de um número irracional, isto
sível de ser descrito com todas as suas casas decimais. O mesmo raciocínio seria
válido
se usássemos o valor de n como exemplo.
Mas não é necessiário ir tão longe nessa discussão. Os números irracionais são
apenas

um bom exemplo do que se deseja discutir aqui. Na verdade, pala certas aplicações,
o valor ae Jí pode ser substituído por 1,414, ou até mesmo por 1,4. Dependendo
da

aplicaçãO, o conceito de "exatidão" passa a ser "precisão", que, entre


outros significa-
caso'
dos, corresponde ao número de casas decimais adequado para um determinado
Zeros de Funções: O Método cla Dicotomia

Nas aplicações de cálculo numérico, a precisão passa a ter uma importância primor-
dial. Os computadores digitais, por mais rápidos e soflsticados que sejam, têm limi-
tações de precisão inerentes à sua construção. Os circuitos digitais são naturalmente
limitados e, portanto, capazes de alcançar um nível de precisão também limitado, se
bem que suÍiciente para a grande maioria das aplicações discutidas nesta obra.
Chama-se de "iteração" a cada passagem pelo processo, e sua repetição até alcançar
o valor desejado implica necessariamente uma melhoria da aproximação da rarz. Cada
iteração divide por dois o intervalo considerado. Depois de duas iterações, o intervalo
será quatro vezes menor. Depois de três iterações, oito vezes menor.
ATabela 1.3 apresenta o avanço do tamanho dos intervalos à medida que o método
é aplicado:

Tamânho relativo aó
iítervalo original,' Potência de 2 da divisâo

0 1,000000000 20=7

1 0,s00000000 )1 -)
t'
2 0,250000000 1) Á
- t
J 0.125000000 lr - Q

I
:
4 0,062500000 2a=16 !
I

5 0.03 1 250000 )5_?,


rl

6 0,01s625000 26=64
7 0.007812-500 21 = 128
8 0,003906250 28 = 256
9 0.00195312s )q - §l )

10 0,000976563 2to = 1.024

Observe que, depois de 10 iterações, o intervalo foi dividido por 1024, ou seja, al-
cançou-se uma precisão da ordem de milésimos. Com mais dez iterações podem-se
alcançar precisões da ordem do milionésimo, ou 11220 (veja o Exercício 1.2, no final
deste capítulo).
Assim, é possível prever o número de iterações necessário para satisfazer uma pre-
cisão previamente estabelecida e, portanto. resolver o problema sempre num tempo
que também é previsível.
Capítulo Um

1.4 Programa em linguagem C


A seguir é apresentada a listagem de um programa escrito em linguagem C que executa
o algoritmo apresentado

//-----------
// Programa dicotomia

#include <stdio. h>


#include <math.h>
// ---- funeao a ser resolvida
floatf(floatx)
{
float y;
y=êxp(x)!(xlz.o);
return y;
I
float dicotomia(float xa, float xb, float precisao)
{
float xc, anterior;
antêrior = xb;
XC = xa;
while (fabs (xc-anterior) > precisao) {
Anterior = Xc;
*q:(xa+xb) /2.A;
if(f(xa)*f(xc)<0.0) xb = xc;
else
if(f(xb)*f(xc)<0.0) Xa : xe;
1

return xc;
)
int main(int argc, ehar* argvl])
{
float raiz;
raiz = dicotomia(-0. 9, -0.8, 0. 0001) ;
printf("taiz = %g\n",raiz) ;
getchar();
return 0;

Figura 1.6 Programa em linguagem C que acha a raiz de Í(x) = e' +)xpelo Método da Di-
cotomia.

O programa é composto por três funções: a função principal (nain) que "chama" a ro-
tina que executa o método, a própria rotina do método (dicotomia) e uma última função
oom a descrição matemática do problema a ser resolvido (flr)). Essa estrutura permite
que o problema possa ser alterado com facilidade para ser aplicado a outÍos casos.
Zeros de Funções: O Método da Dicotomia

A função "dicotomia" é chamada com três argumentos: os limites do intervalo a ser


considerado e a precisão estabelecida para os cálculos. No seu interior, a rotina usa
umloop (while (fabs(xc-anterior) > precisao)) que é repetido até que uma
iteração leve a um resultado parcial em,r" cuja diferença para a iteração anterior seja
menor do que a precisão exigida. A comparação é feita com a variável "anterior", que
guarda o resultado da última iteração.
Em cada iteração, calcula-se o valor da função nos pontos extÍemos do intervalo e
no ponto médio (flx,), flx) e .flx")), tomando-se, em seguida, a decisão.de qual deve
ser o intervalo a ser considerado para a continuação do processo.

1.5 Exercícios
L Ache, pelo Método da Dicotomia, a raiz da função

ftx)=É-*-7 0.8)

com uma precisão de quatro casas decimais.

2. Proponha uma regra geral para estabelecer o número de iterações necessárias para alcançar
uma determinada precisão quando se usa o Método da Dicotomia. Use essa regra para cal-
cular quantas iterações são necessárias para chegar a uma precisão de 10{.

3. Ache, pelo Método da Dicotomia , a raiz da função

f(x)_e_,rd)
\ t.,J (1's)

com uma precisão de quatro casas decimais. Sabe-se que a raiz encontra-se no intervalo
to,21.
4. No exercício anterior, a raiz é 1, que é alcançada logo na primeira iteraçã0. proponha uma
modificação do programa apresentado no item 7.4 para o caso de o ponto médio do intervalo
coincidir com a raiz exata da função.
5. Proponha um método generalizado que ache todas as raízes de uma função utilizando o Mé-
todo da Dicotomia. Aplique esse novo método para achar todas as raízes da função

fl,x) = * - x+ sen(Sx) (1.1 0)

6. A função

f{x) = * + I,95x-2,09 fl.11)

tem uma raiz positiva e outra negativa. Determine o intervalo em que essas raízes estão con-
tidas. Determine o valor dessas raízes.
7. Sabe-se que a função

f(x)=x-3-r' (1.12)

tem uma raiz no intervalo x= [1,0; 3,0]. Use o Método da Dicotomia e encontre o valor da
raiz (considere quatro casas decimais).
l0 Capítulo Um

8. Um pára-quedista saltou de um avião a2O0O metros de altura. Sabendo-se que a velocida-


de de queda livre aumenta 10 m/s a cada segundo e que ele não pode abrir o pára-quedas
se estiver a mais de 100 km/h, qual é o tempo limite para a abertura do pára-quedas? Use o
Método da Dicotomia e estipule a precisão que julgar necessária. Dica: considere a velocidade
de queda inicial igual azerc, e lembre-se de que v=vo+ âLt (não se esqueça de transformar
km/h em m/s).

9. Uma nave espacial sai da Terra a caminho de Marte. Sabendo-se que a órbita da Terra em
torno do Sol tem um raio médio de 149,598 milhões de quilômetros e que o raio médio da
órbita de Marte é de227,398 milhões de quilômetros, calcule, através do Método da Dico-
tomia, a que distância da Terra aÍorça de atração da Terra e Marte se anulam, no caso de
proximidade máxima entre os dois planetas. Considere que a massa de Marte equivale a 0,11
da massa daTerra e a força de atração gravitacional é dada por

- ^Mm (1.13)
d'
onde Mé a massa do planeta, m é a massa da espaçonave, G é aconstante de gravitação
universal e déa distância entre a nave e o planeta. Dica:caro leitor, antes de mais nada,
não entre em pânicol Não é necessário saber o valor de G nem de m, pois estas constantes
desaparecerão no decorrer do cálculo. Escreva as equações das forças, F, e F*, levando em
conta as distâncias entre os planetas e a nave, dre d*; depois iguale as duas equações (pois
as "forças se anulam"). Lembre-se de que du = (órbita de Marte - órbita da Terra) - dr.

10. Uma escola de nÍvel superior oferece um curso de Bacharelado em Ciências da Computa-
ção com quatro anos de duraçã0. Uma estimativa baseada na observação de vários anos do
curso mostra que a cada ano que passa, 5% dos alunos de cada turma desistem. A soma
dos salários dos professores e de outras despesas equivale a 40.000 reais por mês para este
curso. A cada início de ano, as mensalidades sofrem um reajuste de 12%. Uma vez que o
dono da escola deseja um lucro de um milhão de reais paracada turma formada, qual deve
ser o valor da mensalidade praticado no primeiro ano?

11. O capitão Kirk, da nave estelar Enterprise, está viajando com metade da velocidade da luz.
Para receber mensagens da Federação Unida de Planetas, ele deve levar em conta o efeito
Doppler, que altera as freqüências de rádio segundo a fórmula

LLv (1.14)
Lrc
onde yé a velocidade da Enterprise, cé a velocidade da luz, À"é o comprimento original da
emissão e ÀÂ é o quanto o comprimento de onda foi alterado. A relação entre comprimento
de onda e freqüência é dada por:

f =c). (1.15)

Para ouvir as notícias da Eldorado AM (700 kHz), em qual freqüência o capitão Kirk deve
sintonizar seu rádio?

12. Num chuveiro elétrico, a energia elétrica consumida é dada pela expressão:

,.U,
,R (í.1 6)

onde Pé a potência em watts (W), Ué a tensão em volts (V) e Ré a resistência do chuvei-


ro em ohms (A). Use o Método da Dicotomia para calcular a nova resistência para que um
chuveiro funcione em 22O volts da mesma forma que funcionava em 110 volts.
Zeros de Funções: O Método da Dicotomia 1l

* + 1,95x- 2,09 tem uma raiz positiva e outra negativa. Determine o inter-
13. A função fl,x) =
valo em que estas raízes estão contidas. Determine o valor destas raízes.

14. 0 grego Aquiles, que consegue correr 150 metros em 10 segundos, foi desafiado a apostar
corrida com Mary, atarlaruga de Pitágoras, cuja velocidade máxima é de 1 metro por mi-
nuto. Para ajudar o pobre bichinho, o grande herói resolveu dar-lhe uma vantagem de 200
metros. U m certo tem po depois de dada a largada (um tempo bem curto...), Aqu iles estava
alcançando o ponto de partida de Mary, mas o animal já tinha andado um pouco. Aquiles
pensou: "Quando eu chegar ao ponto em que a tartaruga está agora, ela terá andado mais
um pouco. E depois, mais um pouco. Desse jeito, eu nunca alcançarei a tartaruga...". Acon-
tece que nós sabemos que Aquiles ultrapassa a tartaruga, e que o seu raciocínio deve estar
errado. Explique por quê.

Biografia
Zenonde Elea
Zenon é considerado um dos grandes filósofos gregos da época
pré-socrática. Foi aluno e amigo do filósofo parmênides. Aliás, a
obra de Platão, "Parmênides", é aprincipal fonte de informações
a respeito de suas realizações. Ele estudou segundo os conceitos
da escola Eleâtica (de Elea, é claro...), que, entre outras suposi-
ções, postulava que tudo o que existe seria uma manifestação de
um único ente, e que o mundo seria um "ser''.
Zenon alcançou certa fama, mesmo junto dos filósofos de Ate-
nas, através de seu livro sobre problemas ligados à interpretação
de paradoxos. um paradoxo é um tipo de proposição cujo desenvolvimento en-
contra sua própria negação. os paradoxos são importantes ferramentas paÍa o
desenvolvimento da fllosofla, matemática. artes, ética e legislação, sendo muito
valorizados pela nata da f,losof,a grega na época.
Nesta obra,Zenon descreve quarenta paradoxos, e dentre estes se pode desta-
car aqueles mais famosos, que chegaram até nossos dias.
No "Paradoxo da dicotomia",zenon propõe que "um corpo que se move deve
alcançar a metade do percurso antes de chegar ao flnal deste". Entretanto, para
alcançar a metade do percurso, o corpo também tem que ultrapassar a metade des-
ta meia distância, e por conseqüência a metade desta, e assim por diante. Dessa
forma, o caminho completo seria dado por

/r. yo* /a* /re* %z*... = 1 (1.17)

Zenon af,rmava que esta soma não resulta em 1, pois paratanlo seria necessário
um número inflnito de passos. Portanto, seria impossível para um corpo se mo-
ver, e daí que o movimento é apenas uma ilusão em nossas mentes. Atualmente,
considera-se que
!
t2 Capítulo Um

i -L=r
,L,t 1l
(1.18)

é válido.
de formação,
As intenções de Zenon eram de justif,car a fllosofia de sua escola
a variedade dinâmica de
os eleáticos, e de seu mentoÍ, Parmênides, que negavam
formas e composições observadas no mundo'
.,Aquiles e a tartaruga",zenofr discute a dicotomia do tempo
No paradoxo
(vejaoExercício14).AcadapassodeAquiles,atartarugaavançaumapequena
tartaruga, esta es-
fração do espaço. Quando Aquiles chegar ao ponto original da
e o argumento
tará mais adiante, exigindo do atleta mais um pequeno esforço.'.
também menores,
continua com passos cadavez menores em frações de tempo
alca,nça e ultrapassa a
mas inflnitamente. Apesar de todos saberem que Aquiles
tartaruga,aargumentaçãodeZenonganhoumuitoprestígio,principalmentede-
o paradoxo é esco-
vido à sua forma de apresentação. uma das formas de refutar
da tartaruga' em
lher um certo instante de tempo, no qual Aquiles estará adiante
vez de fi.car "fatiando" o tempo em pedaços cadavez menores'
por
Formalmente, se considerarmos que a velocidade é dada
. lllll

,rrilil Ll (1.1e)
Lt
do tipo v = 0/0,
a cadapassagem do paradoxo nos aproximamos de uma explessão
rtl
o que poderia ser um argumento a favor dos eleáticos.
Entretanto, segundo as pro-
que o numerador
po.iç0", de sir Isaac Newton (veja no capítulo 2), no limite em
,lil

instantânea deAqui-
àesta fração se iguala azeÍo,temos a deflnição da velocidade
e equivale à
les (e também da tartaruga). Esta grandezaé perfeitamente definida
velocidade que é lida no velocímetro dos automóveis atuais'
"Parado-
da Flecha" e o
Os outros paradoxos famosos deZenonsão o "Paradoxo
a flecha nunca
xo do Estádio". Para o caÍo leitor, basta dizer que, segundo zenon,
lado do estádio'
alcançarâo alvo, e Hércules jamais conseguirá chegar ao outlo
pitágorase Anaxágorasfi.zeram várias pÍopostas para resolver os paradoxos de
medidas tão
zenon,e chegaram a desenvolver a noção dos "incomensuráveis"'
trabalhos de Zenon
inflnitamente pequenas que seria impossível descrevê-las. Os
principalmente na
contribuíram muito para a evolução do pensamento humano,
área matemática dos inflnitesimais, e suas repercussões
em física.

Segundo o historiador Diógenes Laertius, zenon faleceu


durante um conflito
a ilha. Diógenes
em El"a, numa revolta popular contra um tirano que dominava
elas sua também fa-
também escreveu a respeito de outras obras de Zenon, entre
do universo.
mosa,,cosmologia", onde são discutidas as origens da vida e
Nascimento: Elea (atualmente no sul da ltália), 490 a'C'
Morte: Elea,425 a.C.

Você também pode gostar