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1
Pretendo continuar acrescentando material e corrigindo imperfeições. Por isso
sugiro que o improvável leitor não imprima por enquanto este texto, por ser ainda
um trabalho em desenvolvimento. Sugestões, correções, por favor as envie para
mendes.lg@gmail.com
2
Professor Adjunto do Departamento de Matemática da UFRGS
3
Última atualização: 06/05/2010
Índice
Capı́tulo 1. Introdução 9
1. O Cálculo 9
2. Sobre o Curso 10
3. Livros-texto e Referências 12
Capı́tulo 2. Alguns dos objetivos do Cálculo 13
1. Funções e seus domı́nios 13
2. Função 15
3. Funções definidas a partir de outras funções 15
4. Diferentes domı́nios de funções 17
5. Gráfico descontı́nuo, mas que mesmo assim é gráfico 17
6. Função positiva, negativa e zeros ou raı́zes 18
7. Função crescente ou decrescente 18
8. Máximos e mı́nimos 20
9. Exercı́cios 21
Capı́tulo 3. Propriedade básicas dos números Reais 23
1. Intervalos 23
2. Metamorfoses de cúbicas 26
3. Exercı́cios 33
Capı́tulo 4. Sequências e seus limites 35
1. Sequências 35
2. Limites de sequências 37
3. Definição e Propriedades fundamentais 37
4. Exercı́cios 42
Capı́tulo 5. Limites de funções definidas em intervalos 45
1. Operações elementares com limites de funções 46
2. A definição usual com ǫ e δ 47
3. Limites quando x tende ao infinito 50
4. Quando a parte é do mesmo tamanho do todo 55
5. Exercı́cios 57
Capı́tulo 6. A noção de Continuidade 61
1. Operações com funções contı́nuas 62
2. Polinômios, funções racionais e trigonométricas 64
3. Continuidade da função inversa 68
4. Dois teoremas fundamentais sobre funções contı́nuas 69
3
4 ÍNDICE
Introdução
1. O Cálculo
O Cálculo Diferencial e Integral ou, simplesmente o Cálculo, é a
matemática que está na base da ciência de hoje.
As ciências mais desenvolvidas como Fı́sica e Quı́mica não podem
expressar seus conceitos sem fazerem uso do Cálculo. Também a Econo-
mia e a Biologia cada vez mais são matematizadas através do Cálculo.
O Cálculo foi fundamental na revolução cientı́fica dos séculos XVII
e XVIII e de lá para cá não cessou de produzir resultados e aplicações.
O Cálculo é uma teoria matemática, ou seja, um modo unificado de
se ver uma série de fatos matemáticos.
Na matemática, quando surge uma nova teoria, ao invés de se elim-
inar os resultados das teorias anteriores, o que a nova teoria faz é:
• reobter os teoremas até então conhecidos,
• dar generalizações deles,
• produzir resultados completamente novos.
Isso só ocorre em matemática: em outras ciências uma nova teoria
pode tornar obsoleta e errada a teoria anterior.
Por exemplo, a determinação exata da Área de certas regiões, que
com métodos elementares exigiu o gênio de Arquimedes, com o Cálculo
vira uma continha de rotina. Mas através do Cálculo aparecem fatos
novos e intrigantes sobre Áreas, como o fato de regiões ilimitadas
poderem ter Área finita.
Além de nos permitir provar tudo que já ouvimos falar de matemática
no colégio, o Cálculo vai nos transformar em verdadeiros McGivers, ou
seja, aquele personagem que com quase nada de recursos faz horrores
de coisas, como aparelhos, armas, etc, e suas missões. Através do
Cálculo , só com as quatro operações +, −, x vamos poder no Capı́tulo
28 aproximar com a precisão que quisermos:
• funções fundamentais como arctan(x), ln(x), etc
√
• números como p (p primo), π, e = exp(1).
Uma das inspirações fundamentais para o Cálculo foi a Fı́sica, ou
Fı́sica-matemática com a qual Isaac Newton revolucionou a ciência da
época. Vários fenômenos fı́sicos tiveram então uma explicação com-
pleta e unificada, através das técnicas do Cálculo.
Alguns tópicos do Curso:
9
2. SOBRE O CURSO 10
• No Capı́tulo 3 apresentamos cúbicas em forma implı́cita e al-
gumas de suas metamorfoses, usando apenas material do En-
sino Médio. Depois voltaremos a elas no Capı́tulo 15, já com
métodos do Cálculo, onde tocaremos num tema moderno: pon-
tos racionais de cúbicas. O estudo geral das cúbicas foi um dos
trabalhos de Isaac Newton. No Capı́tulo 30 daremos uma visão
unificada dos diferentes gráficos dos polinômios de grau três.
• o Capı́tulo 7 de Geometria Analı́tica traz material que não
tenho visto por aı́: a Reta de Euler dada analiticamente e o
método original de Descartes para determinar retas tangentes.
• Veremos algumas das conexões do Cálculo com a Fı́sica no
Capı́tulo 24 embora a ênfase do curso seja mais geométrica.
Nas Seções 4 e 6 estaremos seguindo a trilha de Galileu. Também
daremos aplicações à Arqueologia e Geologia.
• no Capı́tulo 25 veremos um pouco da revolução feita por New-
ton.
• no Capı́tulo 26 daremos aplicações à Biologia e Quı́mica (esta,
ainda em elaboração).
• O capı́tulo 3 (em elaboração) apresentará a importante noção
geométrica de curvatura dos gráficos.
• como um Apêndice, no Capı́tulo 31 expomos uma justificação
matemática de uma lei Biológica universal, chamada lei de
Kleiber
2. Sobre o Curso
Um alerta: este curso trata de matemática superior. Em várias
universidades, inclusive a nossa, há uma a tentativa de se ensinar o
Cálculo como se fosse uma continuação do Ensino Médio, seu ensino
sendo feito através de tabelas, regrinhas, macetes.
Se refletimos um pouco, vemos que em alguns cursos como Farmácia,
Economia, Biologia, o Cálculo é uma das poucas disciplinas de matemática
que terão na universidade. Desse modo, imitando o Ensino Médio, se
cursaria um Curso Superior sem ter contato com a Matemática Supe-
rior. A formação cientı́fica desses cursos ficaria prejudicada e de fato
não poderiam chamar-se cursos universitários.
Por isso neste Curso sempre que for possı́vel (exceto quando a ex-
plicação for técnica demais) vamos tentar dar justificações matemáticas
corretas, sem apelar para a credulidade do estudante e argumentos de
autoridade, do tipo acreditem em mim.
Os argumentos que damos são concatenações de idéias simples,
mas às vezes exigem um certo fôlego do leitor para acompanhá-lo do
começo ao fim. Esse treino de concentração certamente irá colaborar
na formação técnico-cientı́fica do estudante.
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 11
1Vejapor exemplo o gráfico do seno que está errado em várias edições do livro
do Anton, pois ele não usou as mesmas escalas
3. LIVROS-TEXTO E REFERÊNCIAS 12
3. Livros-texto e Referências
Livros ruins de Cálculo: vários, de cuyos nombres no quiero acor-
darme.
Bastante razoável o livro do G. Thomas, disponı́vel na biblioteca
em várias edições.
Curto, direto e bom preço: R. Silverman, Essential Calculus with
applications, Dover.
Para mim um dos melhores livros de Cálculo é o de Michael Spi-
vak, Calculus (edições em espanhol e ingles na biblioteca da UFRGS).
Aprende-se muito nesse livro. Claro que é bastante difı́cil como primeiro
livro de Cálculo, mas o esforço de ler qualquer seção dele é sempre rec-
ompensado.
Excepcional e enciclopédico é o livro de R. Courant e F. John,
Introduction to Calculus and analysis, Interscience, 1965 (disponı́vel
em espanhol e inglês na bilioteca da UFRGS).
Usei neste Curso bastante do que aprendi com o Spivak, algumas
coisas que aprendi com o Courant-John, e também com E. Lima Curso
de Análise, Projeto Euclides, SBM.
Usei também informação do belo livro de C.H. Edwards, The his-
torical development of the Calculus, Springer, 1979.
No Capı́tulo sobre equações diferenciais uso material do Courant-
John e do excepcional livro de M. Hirsch e S. Smale Differential equa-
tions, dynamical systems and linear algebra, Academic Press, 1974.
Agradecimentos:
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
-2 -1 0 1 2
x
2. Função
Uma função é uma regra que associa a cada ponto1 de um conjunto
(o domı́nio da função) um ponto de um outro conjunto fixado (o contra-
domı́nio). Dito de outro modo, uma reta vertical traçada passando
por um ponto do domı́nio de uma função y = f (x) corta seu gráfico
exatamente em 1 ponto. Por isso, por exemplo, um cı́rculo não é gráfico
de uma função y = f (x).
O subconjunto do contradomı́nio formado por pontos que são efeti-
vamente valores da função formam a imagem da função. Por exemplo,
f : R → R, f (x) = x2
tem como domı́nio e contradomı́nio os números Reais, mas sua imagem
são apenas os Reais não-negativos2.
Quando dizemos que f : I → J é sobrejetiva isto quer dizer que
não somente a imagem f (I) verifica f (I) ⊂ J, mas que de fato verifica
f (I) = J. Ou seja, que efetivamente todo ponto de J foi atingido
pela f . Por exemplo, f (x) = x2 só é sobrejetiva vista como função
f : R → R≥0 .
É importante notar na definição de função que só há um valor asso-
ciado a cada ponto do domı́nio. Se houver ambiguidade na atribuição
do valor então dizemos que a função não está bem-definida naquele
ponto. Por exemplo, quando perguntamos qual é a raı́z quadrada de 9
há uma ambiguidade: pode ser que tomemos a raı́z positiva 3 ou a raı́z
negativa −3.
Não confunda a definição de função com outra, a de função injetiva:
uma função é injetiva quando não associa o mesmo valor a dois pontos
distintos de seu domı́nio. Por exemplo, f : [0, 3] → R, f (x) = x2 é
injetiva mas f : [−3, 3] → R, f (x) = x2 não é injetiva.
1Para mim os números Reais formam um reta, portanto uso número ou ponto
indistintamente.
2Várias vezes no curso usaremos isso: o quadrado de um número Real nunca é
negativo
3. FUNÇÕES DEFINIDAS A PARTIR DE OUTRAS FUNÇÕES 16
x=1 x
Figura: Área sob um o gráfico, de x = 1 até x.
y=4
x=2
0
-2 -1 0 1 2
x
-2
-4
-6
3Para evitar escrever duas frases onde só trocaria uma palavra, ponho em
parênteses a modificação a ser feita na frase
CAPÍTULO 2. ALGUNS DOS OBJETIVOS DO CÁLCULO 19
0,8
0,6
0,4
0,2
0
1 1,5 2 2,5 3
x
1
0,8
0,6
0,4
0,2
Claro que há funções que não são nem crescentes nem decrescentes,
ou sejam, que oscilam.
0,8
0,6
0,4
0,2
0
-0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6
x
8. Máximos e mı́nimos
Uma das grandes utilidades do Cálculo é encontrar pontos onde uma
função atinge seu máximo ou mı́nimo. Ou seja, o Cálculo serve para
minimar ou maximizar: rendimento de um processo, custos, gastos,
etc, desde que o problema seja formulado matematicamente.
Vamos definir um máximo local (analogamente um mı́nimo local).
Definição 8.1. Seja f : I → R e x ∈ I. Dizemos que x é máximo
local se existe algum intervalo
(−ǫ + x, x + ǫ)
centrado em x, tal que
∀x ∈ I ∩ (−ǫ + x, x + ǫ), f (x) ≤ f (x).
CAPÍTULO 2. ALGUNS DOS OBJETIVOS DO CÁLCULO 21
É a mesma diferença que há entre ser o cara que corre mais rápido
no clube do bairro e ser o cara que corre mais rápido no mundo !
4,2
3,8
3,6
3,4
3,2
9. Exercı́cios
Exercı́cio 9.1. Determine em que intervalos as funções a seguir
são negativas ou positivas e onde estão seus zeros:
vi) x2 − x
vii) x2 − 5x + 6
viii) x3 − x2
9. EXERCÍCIOS 22
Exercı́cio 9.2. Dê exemplos de frases do dia a dia que são verdade,
mas cujas recı́procas não são verdade.
Exercı́cio 9.3. Negue as seguintes frases:
i) dado qualquer polı́tico, existe um valor de suborno tal que por
esse valor ele se corrompe.
ii) dada uma distância qualquer, existe um tempo tal que a partir
daquele tempo o asteróide dista da terra menos que a distância dada.
Exercı́cio 9.4. Imagine alguns exemplos, qualitativamente, sem
precisar dar explicitamente a regra f (x), de funções:
i) positivas e crescentes,
ii) negativas e crescentes,
iii) negativas e decrescentes,
iv) negativas e decrescentes,
v) com mı́nimo local, mas sem mı́nimo global
vi) com máximo local e máximo global diferentes.
Exercı́cio 9.5. Faça as composições f ◦ g ◦ h e h ◦ g ◦ f , onde:
i) f = x13 , g = sin(x) h = x + 5
ii) f = x2 , g = x1 , h = sin(x).
iv) Imagine algum exemplo onde aconteça f ◦ g ◦ h = h ◦ g ◦ f (o
que é raro !).
Exercı́cio 9.6. (resolvido)
Determine explicitamente as funções inversas f −1 das funções f (x)
a seguir. Teste sua resposta verificando que x = f −1 (f (x)).
i) f : R → R, f (x) = x3
ii) f : R → R, f (x) = x3 + 1
iii) f : R → R, f (x) = (x − 1)3
iv) f (x) = x1 ,
x
v) f : (0, 1) → R, f (x) = 1−x 2 . Dica: o mais difı́cil neste item é
1. Intervalos
Um intervalo I ⊂ R é definido como o conjunto de todos os números
Reais maiores (ou iguais) a um certo número a e menores (ou iguais)
que um certo b.1
Se impomos que sejam estritamente maiores que a e estritamente
menores que b temos um intervalo aberto
I = {x ∈ R; a < x < b}
denotado I = (a, b). Caso contrário surgem os intervalos semi-abertos,
fechados, etc.
Um tı́pico intervalo que vamos usar no Curso será o intervalo aberto
de raio ǫ > 0 centrado num ponto x:
(−ǫ + x, x + ǫ)
onde x é um ponto da reta dos Reais e ǫ > 0 é um número positivo
fixado por nós.
O modo como vamos usar esses intervalos centrados é o seguinte:
(−ǫ + x, x + ǫ) será uma espécie de gaiola ou cercado em torno de
x, delimitando pontos próximos dele (à medida que ǫ > 0 é tomado
pequeno).
Explico isso em mais detalhe:
Definição 1.1. A distância entre dois pontos x, x da reta dos Reais
é definida pelo módulo2 da diferença entre eles:
|x − x| = |x − x|.
23
1. INTERVALOS 24
Demonstração.
Vamos mostrar primeiro que
Tome
x ∈ (−ǫ + x, x + ǫ),
com x 6= x (caso x = x não há nada a provar, pois ǫ > 0).
Ou seja x verifica:
Que equivale4 a:
.
Tome x ∈ {x ∈ R; |x − x| < ǫ}.
Se 0 ≤ x − x então temos
x−x<ǫ ⇔ x < x + ǫ,
e portanto x ∈ [x , x + ǫ).
Se x − x < 0 então
= ( a, x + (x − a) ).
Ora supusemos estar na situação em que x − a ≤ b − x, logo:
(a, x + (x − a)) ⊆ (a, x + (b − x)) = (a, b),
portanto:
(−δ0 + x, x + δ0 ) ⊆ (a, b)
como querı́amos.
2. Metamorfoses de cúbicas
Nesta Seção resolvi descrever curvas interessantes usando apenas
propriedades básicas do Reais, como regra dos sinais, desigualdades,
módulo, etc.
Coloquei na forma de Exercı́cios deste Capı́tulo a prova de várias
dessas propriedades fundamentais.
Para começar lembro uma propriedade básica, a regra dos sinais::
O produto de dois números Reais não-negativos é um número
Real não-negativo. E o produto de dois números Reais negativos é um
número positivo.
Esse princı́pio acarreta que
∀x ∈ R, x2 := x · x ≥ 0.
Logo não há raı́z quadrada de um número negativo.
Tudo o que vem a seguir nesta Seção é baseado nisso.
Começemos com o conhecido cı́rculo y 2 + x2 = r2 de raio r > 0.
Observe que:
CAPÍTULO 3. PROPRIEDADE BÁSICAS DOS NÚMEROS REAIS
27
√
• podemos tomar o gráfico de y = √ r2 − x2 para descrever o
semicı́rculo superior (ou tomar y = − r2 − x2 para o inferior).
• se r2 − x2 > 0 há duas escolhas de raı́zes, positiva e negativa,
e quando x = r ou x = −r essas duas escolhas colapsam numa
só, que é y = 0.
• Onde r2 − x2 < 0 deixamos de √ trabalhar sobre os Reais, pois
os valores associados a y = r2 − x2 passam para o terreno
dos números Complexos.6Como só tratamos neste Curso de
funções a valores Reais, não existem pontos do cı́rculo cuja
coordenada x verifique r2 − x2 < 0.
Por último, observe que mudando o valor de r muda o raio do
cı́rculo, portanto podemos pensar em y 2 + x2 = r2 como sendo uma
famı́lia de cı́rculos em que cada elemento fica determinando pelo r.
Veja a Figura:
0,5
y 0
-1 -0,5 0 0,5 1
x
-0,5
-1
Caso r > 0:
Temos
y 2 = x3 + r x ⇔ y 2 = x · (x2 + r).
Como x2 + r ≥ r > 0, o sinal de x · (x2 + r) só depende do de x. Logo
6Há uma versão magnı́fica do Cálculo sobre os números complexos !
2. METAMORFOSES DE CÚBICAS 28
y 0
0 0,4 0,8 1,2 1,6
x
-1
-2
-3
Caso r < 0
Agora
y 2 = x · (x2 + r),
e (x2 + r) pode ser positivo, negativo ou positivo. Por isso o estudo do
sinal de
x · (x2 + r)
é mais delicado.
Note que
√ √
x2 + r > 0 ⇔ x2 > −r > 0 ⇔ x2 > −r.
Só que √
x2 = |x|
7O sinal >> 1 quer dizer bem maior que 1
8Na Figura traçada há mais informação do que a que justificamos. Somente na
Seção 4 do Capı́tulo 15 é que teremos esses dados.
CAPÍTULO 3. PROPRIEDADE BÁSICAS DOS NÚMEROS REAIS
29
e portanto temos
√
x2 + r > 0 −r. ⇔ |x| >
√ √
Se x >√0, |x| > −r quer √
dizer x > −r mas se x < 0 isso quer dizer
−x > −r, ou seja x < − −r.
Em suma:
√ √
x2 + r > 0 ⇔ x < − −r ou x > −r.
Então
• se x > 0
√
x · (x2 + r) ≥ 0 ⇔ x≥ −r,
e teremos duas opções de √ raı́zes para determinar y. Que co-
lapsam para y = 0 se x = −r.
• se x ≤ 0, só teremos x · (x2 + r) ≥ 0 se (x2 + r) ≤ 0. Ou seja,
√
− −r ≤ x ≤ 0.
Nessa faixa de valores de x teremos √
duas opções de y, que
colapsam em y = 0 se x = 0 ou x = − −r.
y 0
-1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2
x
-1
-2
Por último, note que se |r| vai ficando pequeno, então os pontos
√ √
(− −r, 0), (0, 0) e ( −r, 0)
vão se aproximando. Note que as ovais da parte negativa vão dimin-
uindo de tamanho quando |r| vai diminuindo.
Imagine r vindo de valores positivos, que vão ficando bem próximos
de zero, pulam o valor zero, e passam a assumir então valores negativos.
É como se de um continente fosse expelida uma ilhota, que vai
ficando maior e mais distante do continente: as quatro figuras a seguir
tentam mostrar isso.
2. METAMORFOSES DE CÚBICAS 30
y 0
0 0,4 0,8 1,2 1,6
x
-1
-2
-3
Figura: A curva y 2 − x3 − x = 0.
y 0
0 0,5 1 1,5 2
x
-1
-2
-3
y 0
-0,5 0 0,5 1 1,5 2
x
-1
-2
CAPÍTULO 3. PROPRIEDADE BÁSICAS DOS NÚMEROS REAIS
31
y 0
-1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2
x
-1
-2
Figura: A curva y 2 − x3 + x = 0.
Já aviso: os programas gráficos ficam bem perdidos para traçar essa
curva, se a coordenada x fica próxima de 0.
Por isso vou proceder como em muitos ramos da ciência, vou tentar
inferir qual o formato dessa curva tomando curvas que entendamos e
que estejam cada vez mais próximas dela.
Num sentido que ficará claro mais tarde, essas curvas próximas são
suaves ou não-singulares (ver Definição 3.1 na Seção 3 do Capı́tulo
30).
Na Figura a seguir traço a curva y 2 − x3 = 0 só que estabeleço
x ≥ 0.4, deixando a região em torno de x = 0 como um mistério.
y 0
0 0,4 0,8 1,2 1,6
x
-1
-2
-3
Como quero ter mais luz sobre esse objeto y 2 − x3 = 0 não vou
deformá-lo de novo na famı́lia y 2 −x3 −r x = 0, mas sim noutra famı́lia:
y 2 − x3 + s = 0, s ∈ R>0 .
y 2 = x3 − s
Ou seja:
√
• a curva y 2 = x3 −√s só tem traço no plano Real se x ≥ 3 s e
• a partir de x > 3 s a curva é simétrica em relação
√ ao eixo
3
x,√já que temos duas opções diferentes: y = x − s e y =
− x3 − s.
√
Ademais note que se x > 3 s, então
√ √
y = x3 − s < x3
e
√ √
y = − x3 − s > x3 .
ou seja:
2 3
• dado x > 0, o traço da curva
√ y = x + s que tem y > 0 fica
sempre abaixo do de y = x3 .
2 3
• dado x > 0, o traço da curva
√ y = x + s que tem y < 0 fica
sempre acima do de y = − x3 .
A Figura a seguir ilustra isso para y 2 − x3 + 8 = 0:
y 0
0,5 1 1,5 2 2,5
x
-2
-4
y 0
0,5 1 1,5 2 2,5
x
-2
-4
A curvas y 2 − x3 = 0, y 2 − x3 + 8 = 0 e y 2 − x3 + 1 = 0.
y 0
0,5 1 1,5 2 2,5
x
-2
-4
A curvas y 2 − x3 = 0, y 2 − x3 + 8 = 0, y 2 − x3 + 1 = 0 e y 2 − x3 + 0.5 = 0.
Será que agora o leitor consegue inferir a forma de y 2 − x3 = 0 ?
3. Exercı́cios
Exercı́cio 3.1. (resolvido)
Passo aulas e aulas repetindo que não se pode dividir por zero.
Mas a final, por quê isso é verdade ? No que podemos nos apoiar
para provar que não existe o número 01 ?
Exercı́cio 3.2. (resolvido)
Um aspecto bonito da matemática é que, após assumir a verdade
de certos fatos simples, podemos deduzir fatos novos, às vezes não tão
simples.
Neste exercı́cio, assuma como verdade os seguintes Princı́pios (Ax-
iomas):
Princı́pio 1: a soma de quaisquer dois números Reais não-negativos
é um número Real não-negativo.
3. EXERCÍCIOS 34
1. Sequências
Neste Curso será importante a situação em que o domı́nio de uma
função será o conjunto dos números Naturais N = {1, 2, 3, ...}. Nesse
caso
f :N→R
é chamada de sequência.
A imagem de uma tal f é uma lista de números Reais. Como cada
ponto de sua imagem é do tipo f (n) é comum denotá-lo por xn e a
sequência toda por (xn )n .
Exemplo 2:
Uma sequência fundamental para todo o Curso é
1
f : N → R, f (n) = .
n
No que segue, dizer que N é um conjunto ilimitado em R é dizer
que sempre há um número Natural maior que qualquer número Real
que for dado.
Afirmação 1.1. O fato de que os números naturais N formam um
conjunto ilimitado nos R é equivalente ao fato de que os valores de
f : N → R, f (n) = 1/n ficam tão próximos quanto quisermos de 0,
desde que n seja suficientemente grande.
Demonstração.
Uma equivalência é uma implicação em dois sentidos: ⇔.
Prova do sentido ⇒: Obviamente 1/n nunca é igual a 0: caso
pensássemos o contrário para algum n0 , obterı́amos de n10 = 0 e multi-
plicando por n0 obtemos que 0 = 1: absurdo.
A distância entre f (n) = 1/n e 0 é dada por |1/n − 0| = 1/n.
Suponha que nos foi dado um número positivo muito pequeno ǫ0 > 0.
35
1. SEQUÊNCIAS 36
2. Limites de sequências
O conceito de limite é o conceito fundamental do Cálculo, de onde
surgem outras noções importantes como continuidade, derivada e inte-
gral. Por isso este é um Capı́tulo um pouco mais extenso.
Imagine uma máquina, um sistema ou um processo tal que para
um certo input x dá um certo output f (x). Agora imagine que para
um input parecido x + h (com h pequeno) dá um output parecido:
f (x + h) = f (x) + δ, com δ pequeno.
Apesar de ser uma situação plausı́vel, da qual temos muitos ex-
emplos no dia a dia, também sabemos que há exemplos da situação
oposta, em que, apesar de x + h ∼ x temos f (x + h) muito diferente
de f (x). Essas duas possibilidades são tı́picas de processos contı́nuos
e descontı́nuos, respectivamente.
O objetivo deste capı́tulo é definir essas noções precisamente, pois
nelas se apoiam os dois conceitos centrais do Curso: Derivada e Integral.
Então:
1) A sequência soma (xn + zn )n tem
lim (xn + zn ) = L1 + L2 .
n→+∞
6) Se L2 6= 0, então:
• i) a partir de um certo n, zn 6= 0 e
• ii) limn→+∞ xznn = LL12 .
7) Suponha adicionalmente que a partir de um certo n, xn ≤ L1 e
que, para uma sequência qualquer qn , a partir de um certo n temos
x n ≤ q n ≤ L1 .
Então
lim qn = lim xn = L1 .
n→+∞ n→+∞
| · △| = || · |△|;
no nosso caso, uso para = C e △ = xn − L1
3. DEFINIÇÃO E PROPRIEDADES FUNDAMENTAIS 40
e portanto
1 2
< .
|zn · L2 | |L2 |2
Portanto
1 1 L2 − zn
| − |=| |=
zn L2 zn · L2
1
=| | · |L2 − zn | ≤
zn · L2
2
≤ · |L2 − zn |.
|L2 |2
Mas |L2 −zn | se faz tão pequeno quanto quisermos, desde que esperemos
possivelmente um tempo n ainda maior, já que lim zn = L2 .
Por exemplo, podemos esperar um n a partir do qual valha | L22 | <
|zn | e também
ǫ · L22
|L2 − zn | < ,
2
o que dá
1 1 2 ǫ · L22
| − |< · = ǫ.
zn L2 |L2 |2 2
Sobre 7): de fato, após esquecermos um certo número de termos
das sequências, temos
| qn − L1 | ≤ |xn − L1 |
e |xn − L1 | se faz tão pequeno quanto quisermos.
4. Exercı́cios
Exercı́cio 4.1. Exemplifique com sequências (xn )n bem simples a
diferença entre as seguintes frases:
i) a partir de um certo tempo n a sequência xn dista de L menos
que um ǫ > 0 e
ii) existem tempos n arbitrariamente grandes tais que xn dista de
L menos que um ǫ > 0.
Exercı́cio 4.2. Para as sequências (xn )n abaixo e para a função
y = f (x) = x12 , diga o formato da sequência ( f (xn ) )n :
i) xn = √1n ,
ii) xn = n1 ,
iii) xn = n2 .
Exercı́cio 4.3.
Explique se existem ou não os limites das seguintes sequências:
i) xn := 5 n,
ii) xn := (−1)n 5,
iii) xn := (−1)n (5 + n1 ),
iv) xn := (−1)n n5
v) xn := (−1)n n1 .
vi) xn = n1 + n2 + n3 ,
vii) xn = n1 · n2 · n3 .
Exercı́cio 4.4.
No dia-a-dia sabemos que todo gremista gosta de azul, mas nem
todos que gostam de azul são gremistas.
Tratando-se agora de sequências xn e zn , dê exemplos onde não
existem
lim xn ou lim zn
n→+∞ n→+∞
mas que no entanto existam:
lim (xn + zn ) ou lim (xn · zn ).
n→+∞ n→+∞
temos
lim f (xn ) = L.
n→+∞
• O leitor verá mais tarde que às vezes x não está no domı́nio
das funções, ou seja, que não faz sentido perguntar por quanto
a função vale nele, mas que, como x está arbitrariamente
próximo do domı́nio dessas funções, podemos perguntar quanto
a função vale em pontos do domı́nio cada vez mais próximos
dele.
45
1. OPERAÇÕES ELEMENTARES COM LIMITES DE FUNÇÕES
46
• o valor f (x) pode ser bem diferente de limx→x f (x). Por isso
tomamos sequências xn contidas em I \ {x} (ou seja, que não
valem nunca x).
Então:
1) A função soma f + g tem
lim (f + g)(x) = L1 + L2 .
x→x
4) Suponha uma função q(x) com o mesmo domı́nio da f (x) tal que
|q(x)| ≤ K, ∀x. Suponha adicionalmente que L1 = 0. Então
lim ( f (x) · q(x) ) = 0.
x→x
se ∀ǫ > existe δ > 0 tal que se 0 < |x − x| < δ então |f (x) − L| < ǫ.
Observações:
• pense em ǫ > 0 como um número pequeno, que impõe o desafio
de se encontrar o δ > 0 suficiente para termos |f (x) − L| < ǫ,
desde que 0 < |x − x| < δ.
• o sı́mbolo ∀ǫ > 0 (para todo ǫ > 0) diz que ǫ será feito tão
pequeno quanto quisermos,
• veremos logo abaixo que o δ depende do ǫ, da natureza da f e
também, em geral, de cada ponto x.
• a cláusula 0 < |x − x| existe para que possamos ter funções
com f (x) 6= L = limx→x f (x).
Um pouco mais sobre o último item: suponha que temos uma f
com f (x) bem diferente dos valores f (x), para x próximos de x porém
diferentes de x. Por exemplo suponha que |f (x) − L| ≥ 1 , embora
|f (x) − L| < ǫ é pequeno se x 6= x, mas x próximo de x. Então
|x − x| = 0 < δ, ∀δ > 0 e no entanto |f (x) − L| ≥ 1. Por isso na
Definição 2.1 estamos interessados apenas em controlar os valores f (x)
para x 6= x.
2. A DEFINIÇÃO USUAL COM ǫ E δ 48
Vejamos agora que essa nova Definição 2.1 tem o mesmo conteúdo
da Definição 0.1 do Capı́tulo 4, mesmo que a princı́pio não pareçam o
mesmo.
Já que vale para todo δ > tomo-os da forma δ(n) := n1 . Então
concluo que os xδ(n) formam uma sequência de I \ {x} que tende a x,
pois
1
0 < |xδ(n) − x| <
n
e já sabemos que os n1 ficam tão pequenos quanto quisermos. Com essa
sequência (xδ(n) )n no domı́nio da f , formo outra sequência f (xδ(n) ) na
imagem da f , que não tende a L já que
|f (xδ(n) ) − L| ≥ ǫ0 , ∀n,
L+ ε
f (x_n)
L− ε
x_n
x −δ x x +δ
Exemplos:
ǫ
|f (x) − L| = |ax + b − (ax + b)| = |a||x − x| < |a| · = ǫ,
|a|
como querı́amos.
2)- No exemplo 1) o δ só dependeu do ǫ. Agora dou um exemplo
em que o δ depende também do x, ficando cada vez menor à medida
que o x vai sendo escolhido mais perto de um extremo do domı́nio da
f.
Seja f : R>0 → R, f (x) = x1 . Veremos na próxima Seção que
limx→x f (x) = x1 . Mas a Figura a seguir ilustra como vai ficando mais
difı́cl encontrar o δ adequado à medida que x > 0 se aproxima do 0.
3. LIMITES QUANDO X TENDE AO INFINITO 50
2ε
2ε
2ε
0,98
0,96
0,94
0,92
Então:
1) A função soma f + g tem
lim (f + g)(x) = L1 + L2 .
x→+∞
6) Se L2 = 6 0, então:
i) se x é suficientemente grande então g(x) 6= 0 e
f (x) L1
ii) limx→+∞ g(x)
= L2
.
1Enuncio apenas para x → +∞, pois é análogo se x → −∞
2
Atenção que L1 , L2 têm que ser números, não podem ser substituı́dos pelos
sı́mbolos +∞ ou −∞
3. LIMITES QUANDO X TENDE AO INFINITO 52
Demonstração.
Prova do item 1): Quero saber se a sequência soma f (xn ) + g(xn )
tende a L1 + L2 , se a sequência xn tem limn→+∞ xn = +∞. Mas
por hipótese f (xn ) tende a L1 e g(xn ) tende a L2 . Logo pelo item
1) do Teorema 3.1 aplicado às sequências f (xn ) e g(xn ) obtemos que
f (xn ) + g(xn ) tende a L1 + L2 .
Os outros itens se demonstram da mesma maneira.
Exemplos:
3)
C 1
lim = C · lim =C ·0=0
x→+∞ x x→+∞ x
usando o Teorema 3.1.
4) Também
1 1 1
lim 2
= lim ( · ) = 0 · 0,
x→+∞ x x→+∞ x x
5)
1 1
lim (C + ) = C + lim =C +0=C
x→+∞ x x→+∞ x
usando o Teorema 3.1.
6)
C1 x C1
lim = ,
x→+∞ C2 x + C3 C2
onde C1 , C2 , C3 são constantes não nulas. De fato, primeiro observe que
se x se faz tão grande quanto quisermos, em particular x > 0. Logo
CAPÍTULO 5. LIMITES DE FUNÇÕES DEFINIDAS EM
INTERVALOS 53
posso escrever:
C1 x x C1 C1
lim = lim C3
= lim
x→+∞ C2 x + C3 x→+∞ x (C2 + x ) x→+∞ (C2 + Cx3 )
e agora uso o Teorema 3.1 e os Exemplos anteriores , concluindo que
C1 C1
lim C3
= .
x→+∞ (C2 + x ) C2
1,8
1,6
1,4
1,2
0,8
0,6
2x2 +x+4
Figura: Gráfico de x2 +3x+7
com x ∈ [0, 200].
8)
Se m < n, am 6= 0, bn 6= 0:
am xm + am−1 xm−1 + . . . + a0
lim = 0.
x→+∞ bn xn + bn−1 xn−1 + . . . + b0
3. LIMITES QUANDO X TENDE AO INFINITO 54
De fato,
am−1
xm · (am + x
+ . . . + xam0 )
lim =
x→+∞ xm · xn−m · (bn + bn−1
x
+ . . . + xb0n )
am−1
1 (am + x
+ . . . + xam0 ) am
= lim bn−1
=0· = 0,
x→+∞ xn−m (bn + x
+ . . . + xb0n ) bn
usando o Teorema 3.1.
Ilustro este Exemplo 8) na Figura a seguir, com am = a2 = 20 e
bn = b3 = 0.01. Escolhi o coeficiente b3 = 0.01 bem pequeno em relação
ao a2 = 20 de propósito, para indicar que não adianta, pois a longo
prazo o grau 3 do denominador é mais importante.
8000
6000
4000
2000
0
5 10 15 20 25 30
x
20x2 +30x+40
Figura: Gráfico de (0.01)x3
, para x ∈ [1, 30]
0,4
0,3
0,2
0,1
0
20 40 60 80 100 120
x
-0,1
-0,2
sin(x)
Figura: O gráfico de x
para x ∈ [2, 130]
CAPÍTULO 5. LIMITES DE FUNÇÕES DEFINIDAS EM
INTERVALOS 55
que
x
∀x ∈ R, −1 < < 1.
|x| + 1
De fato, primeiro f (0) = 0 e se x > 0 então |x| = x e portanto:
x
0< < 1,
x+1
pois 0 < x < x + 1. E se x < 0, então |x| = −x e portanto:
x
−1 < < 0,
−x + 1
pois −1 · (−x + 1) = x − 1 < x.
O que não está ainda nada claro é se f é sobrejetora, ou seja, se
(−1, 1) ⊂ f (R), ou seja f (R) = (−1, 1).
Estou assumindo neste momento, sem demonstrar, que a imagem
de f é algum intervalo f (R) = (a, b) ⊂ (−1, 1).
O que quero mostrar agora é que não acontece que −1 < a nem
que b < 1. Para isso meu argumento é o seguinte: vou mostrar que
x x
lim =1 e lim = −1,
x→+∞ | x | + 1 x→−∞ | x | + 1
0,8
0,4
0
-4 -2 0 2 4
-0,4
-0,8x
0
-0,8
-0,40 0,4
0,8
x
-2
-4
5. Exercı́cios
Exercı́cio 5.1. A seguir dado ǫ > 0 determine δ > 0 (em função
de ǫ) tal que |x − x0 | < δ implique |f (x) − L| < ǫ:
5. EXERCÍCIOS 58
b): x0 = 0, f (x) = x2 , L = 0,
0,5
x
0 10 20 30 40 50
0
-0,5
-1
A noção de Continuidade
tenha também
lim f (xn ) = f (x).
n→+∞
Quando dissermos apenas que f é contı́nua estamos querendo dizer f
que é contı́nua em cada ponto de seu Domı́nio.
Observações:
• Quer dizer então que, se uma função é contı́nua em x, é porque
ela manda todas sequências contidas no Domı́nio I de f que
se aproximam de x em sequências no Contra-Domı́nio que se
aproximam de f (x).
• Concluı́mos que, para não termos a continuidade de f em
x ∈ I, tem que haver pelo menos uma sequência xn de pon-
tos de seu domı́nio com limn→+∞ xn = x, mas para as qual
limn→+∞ f (xn ) 6= f (x) .
Isso pode acontece ou porque simplesmente não existe esse
limite ou, mesmo existindo, pode ser que seja diferente de valor
esperado f (x).
• Só faz sentido dizer que f é descontı́nua (não-contı́nua) em
pontos x de seu Domı́nio1
Exemplos de descontinuidades:
1- f : R → R definida condicionalmente por: f (x) = x se x ≤ 0
e por x + 4 se x > 0. Nesse exemplo, sequências xn < 0 que tendem
1Ao contrário do que faz o Anton em seu livro de Cálculo, para quem f :
R \ {0} → R é descontı́nua em x = 0 !!!
61
1. OPERAÇÕES COM FUNÇÕES CONTÍNUAS 62
0,5
x
0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3
0
-0,5
-1
Então:
1) A função soma f + g é também contı́nua em X ou seja
lim (f + g)(x) = (f + g)(x).
x→x
5) Se g(x) 6= 0:
• i) se x é suficientemente próximo de x, então g(x) 6= 0 e
• ii) lim fg(x)
(x)
= fg(x)
(x)
.
L+ ε
L>0
L−ε
x
x −δ x +δ
Porém, suponha que P1 (x) e P2 (x) têm alguma raı́z comum x, que
é de ordem m1 ≥ 1 para P1 (x) e de ordem m2 ≥ 1 para P2 (x). Então
P1 (x)
P2 (x)
estará definida em x se e somente se
m1 ≥ m2 .
Relembro essas noção de ordem ou multiplicidade de uma raı́z:
Definição 2.1. Seja f (x) polinômio a coeficientes Reais.
Dizemos que x é raı́z de ordem exatamente m, se
f (x) = (x − x)m · g(x), m ∈ N,
para um g(x) polinômio a coeficientes Reais que não se anula em x.
2.3. Trigonométricas.
Considere agora um cı́rculo de raio 1.
Podemos usar o comprimento do arco do cı́rculo (medido no sentido
antihorário desde o eixo x > 0) como uma medida do ângulo central.
Assim um ângulo de 360 graus (antihorário, desde o eixo x > 0))
mede +2π (onde π é tomado no sentido elementar de quociente entre
o perı́metro e diâmetro de um cı́rculo). Um ângulo de 90 graus an-
tihorário mede +π/2, o de 180 antihorário mede +π. É claro que há
sempre uma ambiguidade de k · 2π nesse modo como medimos o ângulo
central.
A medida da projeção no eixo y (orientada como o eixo y) do arco
de comprimento θ é o seno do ângulo θ. Assim como a medida da
projeção no eixo x (orientada como o eixo x) do arco de comprimento
θ é o cosseno do ângulo θ.
tan θ
senθ
θ
1 cos θ
sin(x)
tan(x) := .
cos(x)
−π π −π π −π π
... ∪ ( − π, − π) ∪ ( , )∪( + π, + π) ∪ . . .
2 2 2 2 2 2
e não é difı́cil de ver que quando restrita a cada intervalo ela é uma
função:
• i) estritamente crescente e
• ii) que fica em módulo tão grande quanto quisermos se nos
aproximamos suficentemente dos extremos
sin(θ)
pois o denominador cos(θ) de cos(θ) se aproxima de zero enquanto o
numerador sin(θ) se aproxima de 1 ou de −1.
CAPÍTULO 6. A NOÇÃO DE CONTINUIDADE 67
0
-1-0,5
0 0,51
x
-2
-4
1
0,5
0
-4 -2 -0,5 0 2 4
-1x
2Como esqueceu o Anton, na pag. 156, Teorema 2.6.2, da Oitava Edição do seu
livro de Cálculo.
CAPÍTULO 6. A NOÇÃO DE CONTINUIDADE 69
y = f(x)
0 a a+1 b
y = f^{−1} (x)
y = f(x)
0 a a+1 b
Esse teorema (e sua prova) não dão nenhuma pista de como achar
concretamente algum ponto x onde f (x) = 0.
Em dois trabalhos, de 1690 e 1691, Michel Rolle tentou estabelecer
um método para determinar concretamente esses zeros.
Ele o fez de um modo bem confuso, pois não tinha uma boa definição
de Derivada, mas seu nome ficou associado ao teorema que estabele-
ceremos mais adiante no Capı́tulo 10 e que nos permitirá criar métodos
para encontrar raı́zes de polinômios (e de funções mais gerais).
Demonstração.
ii) obviamente implica i), pois:
f (x) = (x − x) · g(x) = 0.
A prova de que i) implica ii) será dividida em duas etapas.
A parte interessante é construir o g(x) que queremos em:
f (x) = (x − x) · g(x) + r,
onde r é uma constante.
Se tivermos feito isso, avaliaremos tudo em x:
0 = f (x) = (x − x) · g(x) + r = r,
para concluir que r = 0.
Para chegarmos na desejada expressão f (x) = (x − x) · g(x) + r,
temos um algoritmo a executar.
Para f (x) = an xn + an−1 xn−1 + . . . + a0 , faço
g1 (x) := an · xn−1
e subtraio
r1 (x) := f (x) − (x − x) · g1 (x).
O g1 (x) foi escolhido para que r1 (x) não tenha termo de grau n. Ou
seja que esse novo polinômio r1 (x) tem grau ≤ n − 1. Se por acaso
r1 (x) ≡ 0 então
f (x) = (x − x) · g1 (x)
e já temos o que queremos, com r = 0 e g(x) := g1 (x).
Caso contrário r1 (x) = bk xk + bk−1 xk−1 + . . ., onde k ≤ n − 1; defino
xk−1
g2 (x) := ,
bk
e subtraio
r2 (x) := r1 (x) − (x − x) · g2 (x).
Pela definição do g2 (x) esse novo polinômio r2 (x) tem grau ≤ n − 2.
Se dermos sorte e r2 (x) ≡ 0 então
f (x) = (x − x) · [g1 (x) + g2 (x)],
e já temos o que queremos com r = 0 e g(x) = g1 (x) + g2 (x).
Caso contrário continuamos, considerando agora r2 (x) = cj xj +
cj−1 xj−1 + . . ., onde j ≤ n − 2 e definindo g3 (x) e r3 (x) como fizemos
antes.
O que importa é que o grau desse novo r3 (x) será ≤ n − 3. Ou seja,
como vão caindo os graus dos rk (x) a cada etapa, após no máximo n
etapas chegaremos a um rk (x) (k ≤ n) que ou bem é ≡ 0 ou bem tem
CAPÍTULO 6. A NOÇÃO DE CONTINUIDADE 73
e a fatoração é
√ √
3 2 −1 − −1 3
x − 1 = (x − x1 ) · ( x + x1 x + x21 ), onde x1 := .
2
Note que:
(x − 1) · (x − x2 ) = x2 − (x2 + 1) x + x2 =
= x2 + x1 x + x21 ,
pois claramente
x2 + 1 = −x1 ,
e
x21 = x2 .
8. Exercı́cios
Exercı́cio 8.1. Considere a função definida assim: f (x) = 0 se x
é um número racional e f (x) = 1 se x é um número irracional.
√
5 · x2 + x √
lim = 5
x→+∞ x+2
2,2
1,8
1,6
1,4
1,2
0,8
20 40 60 80 100
x
√
5·x2 +x
√
Figura: Gráfico de y = x+2
, x ∈ [1, 100], 5 ≈ 2.23.
√ 1
lim ( x2 + x − x ) = .
x→+∞ 2
8. EXERCÍCIOS 76
0,5
0,48
0,46
0,44
0,42
20 40 60 80 100
x
√
Figura: Gráfico de y = x2 + x − x, x ∈ [1, 100].
Demonstração. De
y 1 = a · x1 + b e y 2 = a · x2 + b,
subtraindo-as, obtemos:
y 2 − y 1 = a · (x2 − x1 ),
de onde
y2 − y1
a= ,
x2 − x1
(onde é crucial que x2 6= x1 ). E daı́ sai que:
y − y1
b = y1 − ( 2 ) · x1 ,
x2 − x1
ou o que dá no mesmo:
y2 − y1
b = y2 − ( ) · x2 .
x2 − x1
77
1. EQUAÇÕES DE RETAS, COEFICIENTES ANGULAR E
LINEAR 78
Exemplos:
1)- a diagonal y = x tem coeficente angular 1 e a anti-diagonal
y = −x tem coeficiente angular −1.
2)- A reta horizontal y = b tem coeficiente angular 0, pois y = b =
0 · x + b.
Observações:
• Se x1 = x2 então a reta que liga (x1 , y 1 ) e (x2 , y 2 ) é vertical e
não tem um coeficiente angular definido.
Temos a tentação de dizer que o coeficiente angular da reta
vertical é +∞. Mas se começamos com a anti-diagonal e a va-
mos levantando, os coeficientes angulares ficam cada vez mais
negativos e ao atingir a posição vertical ficariam −∞: essa
ambiguidade entre +∞ e −∞ para o candidato a coeficiente
angular da reta vertical é que faz que seja melhor desistirmos
de atribuir um coeficiente angular à reta vertical.
• Geometricamente o coeficiente angular a representa o quo-
ciente entre o cateto oposto y 2 −y 1 e o cateto adjacente x2 −x1
do triângulo retângulo formado pelos pontos (x1 , y 1 ), (x2 , y 1 )
e (x2 , y 2 ): logo a = tan(α) ( tangente do ângulo (anti-horário)
α formado pela reta e o eixo horizontal). Vimos na Seção ??
que se um ângulo que tende a +π 2
sua tangente tende a +∞,
enquanto que, se o angulo tende a −π 2
, sua tangente tende a
−∞.
• Se fixamos a e variamos b em y = a · x + b estamos descrevendo
uma famı́lia de retas paralelas com a mesma inclinação.
2. Ortogonalidade
Deve estar claro pelo que já explicamos que duas retas y = ax + b1
e y = ax + b2 , com b2 6= b1 , são de fato paralelas.
Agora gostaria de explicar que uma par de retas y = ax + b1 e
y = − a1 x + b2 , com a 6= 0, são ortogonais.
Posso me restringir a considerar retas pela origem: y = ax e
y = − a1 x, pois estas são translações verticais das retas anteriores, e
portanto têm entre elas o mesmo ângulo que as anteriores. Posso su-
por também que a > 0 (caso a < 0 então − a1 > 0 e poderia trabalhar
com este coeficiente angular).
Se escrevo a = B A
, com A, B > 0, então − a1 = − BA
.
Agora considero 3 triângulos (ilustrados na Figura a seguir):
• ∆1 dados pelos pontos (0, 0), (A, 0) e (A, B) e
• ∆2 dado pelos pontos (0, 0), (−B, 0) e (−B, A).
• ∆3 dado pelos pontos (0, 0), (A, B) e (−B, A).
3. TEOREMA DE TALES NO CÍRCULO 80
( A,B )
(−B , A )
∆3
∆1
∆2
(−B , 0) (0, 0) ( A, 0 ) x
Portanto o triângulo
√ ∆3 é isósceles, pois tem dois lados de mesmo
tamanho λ := A + B 2 . Esses lados formam um ângulo em (0, 0) que
2
Demonstração.
Vamos provar para pontos do Cı́rculo com coordenada y > 0 (para
os outros é análogo).
Tome
√ um ponto no do Cı́rculo de raio r > 0, de coordenadas
(x, + r2 − x2 ), onde x ∈ [−r, r]. √
(x, + r2 − x2 )
Queremos ver se os coeficiente angular a da reta ligando √
a (r, 0) e o coeficiente angular a′ da reta ligando (x, + r2 − x2 ) a
(−r, 0) satisfazem a condição que expressa a ortognalidade:
a′ · a = −1.
Mas √ √
′ r 2 − x2 − 0 r 2 − x2
a = = ,
x − (−r) x+r
√
r 2 −x2
enquanto que a = e portanto:
x−r
√ √
′ r 2 − x2 r 2 − x2 r 2 − x2
a ·a= · = 2 = −1.
(x + r) (x − r) x − r2
4. A Reta de Euler
Um Teorema muito geral, que escapou de Euclides, mas não de
Euler, é o seguinte:
Afirmação 4.1. (Reta de Euler)
Considere qualquer triângulo.
Se o triângulo não é equilátero, o Baricentro B, o Circuncentro C
e o Ortocentro H são pontos distintos mas são colineares. Ademais as
distâncias entre eles verificam:
HB = 2 · BC.
Se o triângulo é equilátero, os três pontos coincidem num mesmo
ponto.
4. A RETA DE EULER 82
1,5
0,5
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
1,5
0,5
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Demonstração.
Não perdemos muita generalidade se supusermos que o triângulo
tem vértices:
(0, 0), (1, 0) e (A, B), B 6= 0,
pois isso se obtém escolhendo um sistema de coordenadas cartesiano
adequado.
CAPÍTULO 7. GEOMETRIA ANALÍTICA PLANA 83
H ∈ h2 ,
onde h2 é a altura que sai de (1, 0) e chega ortogonal a l2 .
Se l2 : x = 0 (quando A = 0) então
h2 : y=0
B
obviamente passa por H. E se l2 : y = A
· x (no caso A 6= 0) então:
A A
h2 : y = − ·x+ .
B B
Nesse caso também H ∈ h2 .
Esse ponto de encontro das três alturas é o Ortocentro.
CAPÍTULO 7. GEOMETRIA ANALÍTICA PLANA 87
Quando H = B ?
Quando
A+1 B A(A − 1)
A= e =− .
3 3 B
Que é exatamente quando:
1 3
A= e B2 = ,
2 4
que diz que se trata de triângulo equilátero, como já vimos.
Falta vermos também quando o Ortocentro coincide com o circun-
centro. Isso se dá quando
1 A(A − 1) A · (A − 1) B
A= e − = + ,
2 B 2B 2
que também dão
1 3
A= e B2 = ,
2 4
formando triângulos equiláteros.
Agora, supondo que nosso triângulo não seja equilátero, só nos resta
encontrar a equação da reta ligando B a C e conferir que ela passa pelo
H.
A reta por B e C é ou bem a reta vertical
1 1
x = , se A = ,
2 2
quando o triângulo é isósceles, ou bem se A 6= 21 :
B 2 + 3A2 − 3A A(B 2 + A2 − 1)
y=− ·x+ .
B(2A − 1) B(2A − 1)
Esta é a reta de Euler !
Só falta agora verificarmos as distâncias.
Os quadrados das distâncias são:
2 2 1 A(A − 1) 1 2
HB := ( A − )2 + ( + B) =
3 3 B 3
10A B − 10AB + B + 9A − 18A + 9A2 + B 4
2 2 2 2 4 3
= .
9B 2
Enquanto que
2 1 1 A(A − 1) 1 2
BC := ( A − )2 + ( + B) =
3 6 2B 6
10A B − 10AB + B + 9A − 18A + 9A2 + B 4
2 2 2 2 4 3
= .
36B 2
ou seja
2 2
HB = 4 · BC ,
como querı́amos.
4. A RETA DE EULER 88
Observação 1:
Observe que temos a equação explı́cita e portanto podemos deter-
minar casos onde a reta de Euler é horizontal. Que ocorrem para pontos
da forma
p
P = ( A, ± 3A(1 − A) ).
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
√
6
Figura: A reta de Euler é horizontal para pontos da forma P = ( 32 , 3
).
Observação 2:
É natural termos curiosidade por qual seria o gráfico da função
z = z(A, B), B 6= 0 dada por
√
1 3
( , ) ∼ (0.5, 0.8).
2 2
CAPÍTULO 7. GEOMETRIA ANALÍTICA PLANA 89
0 1
1,2 0,8
1 0,6
0,8
y 0,6 0,4 x
0,4 0,2
0,2 0
Mas não se vê muita coisa. Já as próximas duas Figuras são per-
fis da superfı́cie, e elas sim ilustram bem que um ponto próximo de
(0.5, 0.8) é o mı́nimo dessa função z = z(A, B) (na figura o eixo x é o
dos A e o eixo y é o dos B).
0
1 0,8 0,6 0,4 0,2 1 ,2
0,8
00,2
0,4
0,6
x
y
5. FUNÇÃO INVERSA COMO REFLEXÃO DE GRÁFICO NA
DIAGONAL 90
0 1
0
0,8 x
0,6
0,4
0,2
1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2
y
y=x
(B,A)
r
y= f^{−1}(x)
(A,B)
y= f(x)
1Me baseei mais no livro de Edwards, mas o leitor pode comparar com o que
está nas páginas 95-113 de The geometry of René Descartes, Dover.
6. O MÉTODO DE DESCARTES PARA AS TANGENTES A UM
GRÁFICO 92
y 1
0
0 1 2 3 4 5
x
-1
-2
1
y
0
0 1 2 3 4 5 6 7
x
-1
-2
-3
7. Exercı́cios
Exercı́cio 7.1. Qual é o coeficiente angular da reta y = y(x)
determinada pela equação 3y + 4x − 27 = 0 ?
CAPÍTULO 7. GEOMETRIA ANALÍTICA PLANA 95
Exemplos:
1)- Tome um x1 > 0 e fixe no gráfico da função f (x) = |x| o
ponto (x1 , x1 ). Note que os x2 próximos de x1 também são positivos e
portanto as secantes determinadas por (x1 , x1 ) e (x2 , x2 ) são sempre as
mesmas, de fato, são todas iguais à diagonal y = x. Analogamente, se
x1 < 0 as secantes que envolvem o ponto (x1 , −x1 ) e outro do gráfico
bem próximo coincidem com a antidiagonal y = −x.
2) - Certamente nenhuma secante ao gráfico de y = x2 coincide com
o gráfico; vemos que aqui as secantes mudam de inclinação.
Imagine que (x1 , f (x1 )) fica parado mas que (x2 , f (x2 )) está se movendo,
no gráfico de f , indo cada vez mais próximo de (x1 , f (x1 )). Se f é
contı́nua, basta supor que a coordenada x2 fica próxima de x1 para
necessariamente f (x2 ) ficar mais próxima de f (x1 ).
Como x2 fica próximo de x1 sua diferença
h := x2 − x1
tem módulo pequeno. Para deixarmos o ponto (x1 , f (x1 )) em destaque,
vamos escrever o coeficiente angular acima como:
f (x1 + h) − f (x1 )
ax1 ,h := , onde x1 + h = x2 .
h
0
0 0,5 1 1,5 2
x
-1
-2
e no entanto:
|0 + h| − |0| −h
lim = lim =
h→0
h<0
h h→0
h<0
h
= lim −1 = −1,
h→0
h<0
0,8
0,6
0,4
0,2
0
-1 -0,5 0 0,5 1
x
(1, tan θ )
( cos θ, sen θ)
θ
(1,0)
(0,0)
Das inclusões:
△ ⊂ s(θ) ⊂ ∆
obtemos:
A△ (θ) < As (θ) < A∆ (θ)
CAPÍTULO 8. A TANGENTE AO GRÁFICO, SEGUNDO O
CÁLCULO 101
Por outro lado, quando −π/4 < θ < 0 ainda temos cos(θ) > 0 e pela
Afirmação 3.1 tı́nhamos:
sin(θ)
< θ,
cos(θ)
cos(θ)
de onde obtenho (multiplicando por θ
< 0):
sin(θ)
> cos(θ).
θ
De novo da Afirmação 3.1 para −π
2
< θ < 0:
θ < sin(θ)
e obtenho (já que θ < 0):
sin(θ)
< 1.
θ
Então como antes obtenho:
sin(θ)
lim = lim cos(θ) = cos(0) = 1,
θր0 θ θ→0
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
-3 -2 -1 0 1 2 3
x
sin(θ)
Figura: Gráfico de y = f (x) = θ
para 0 6= θ ∈ [−π, π] e f (0) = 0.
1,5
0,5
0
-1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5
x
-0,5
-1
-1,5
5. Exercı́cios
Exercı́cio 5.1. i) Determine os intervalos em que coeficientes an-
gulares das secantes da função f (−∞, 0) ∪ (0, +∞) → R, f (x) = 1/x
são positivos ou negativos.
ii) Diga (ainda de modo bem intuitivo) o que acontece com esses
coeficientes angulares de secantes quando o ponto fixado x fica próximo
de zero (separadamente se x < 0 ou se x > 0) ou com módulo de x
muito grande (x > 0 ou x < 0).
Exercı́cio 5.2. (resolvido)
Sabendo que o gráfico de uma f e de sua f −1 são reflexões um do
outro na diagonal, que consequência tiramos disso para o gráfico de
1/x ?
Exercı́cio 5.3. Calcule as equações y = ax + b das retas tangentes
no ponto (1, 1) dos gráficos de:
i): y = x2
ii): y = x3
iii): y = x4
sin(x)
Exercı́cio 5.4. Pedi para o programa Maple plotar y = x
e
2
y = sinx(x) para x ∈ [−3, 3] e ele repondeu:
0,8
0,4
0
-3 -2 -1 0 1 2 3
x
-0,4
A derivada
Observações:
• Não estamos dizendo que sempre exista f ′ (x), ao contrário, é
uma bela propriedade para uma f ter derivada f ′ (x). Quando
dissermos apenas que f tem Derivada (ou também, é De-
rivável ), estamos dizendo que ela tem Derivada em cada ponto
de seu domı́nio.
• após a definição de derivada, podemos redefinir a reta tangente
ao gráfico de y = f (x) no ponto (x, f (x)) como a reta que passa
por esse ponto e tem coeficiente angular f ′ (x). Essa reta se
determina assim: pondo
y − f (x)
= f ′ (x)
x−x
1Essa notação lembra a de I. Newton, mas o outro criador do Cálculo, G.
Leibniz usava a notação dd fx (x), muito usada nos livros de Cálculo.
105
1. DEFINIÇÃO, PRIMEIRAS PROPRIEDADES E EXEMPLOS
SIMPLES 106
obtenho:
y = f ′ (x) · x + (f (x) − f ′ (x)x).
1): f1 (x) = 1:
1−1
f1′ (x) = lim = lim 0 = 0.
h→0 h h→0
0,8
0,6
0,4
0,2
0
-1 -0,5 0 0,5 1
x
(x + h) − x
f2′ (x) = lim = lim 1 = 1.
h→0 h h→0
2. UM ÁRBITRO QUE SÓ AVALIA AS INCLINAÇÕES 108
0,5
0
-1 -0,5 0 0,5 1
x
-0,5
-1
0
-1 -0,5 0 0,5 1
x
-1
-2
0
-1 -0,5 0 0,5 1
x
-1
h · (4x3 + 6x2 h + 4x h2 + h3 )
= lim
h→0 h
= lim (4x3 + 6x2 h + 4x h2 + h3 ) = 4x3 ,
h→0
pois o polinômio em h de grau ≤ 3 dado por 4x3 + 6x2 h + 4x h2 + h3
é uma função contı́nua !
0
-1-0,50 0,5 1
x
-2
-4
3. A segunda derivada
Pisando no acelerador do carro vemos o ponteiro do velocimêtro mu-
dar de posição, pois aumentamos a velocidade instantânea. Enquanto
que, pisando no freio do carro, desaceleramos o carro, diminuimos sua
velocidade instantânea.
Vamos usar o sı́mbolo da derivada
f ′ (x)
para denotar a velocidade instantânea em cada tempo x.
Note que antes tı́nhamos uma função f (x) que dava a posição em
cada instante. Agora estamos interessados em variar não a posição
f (x) em cada instante, mas sim a velocidade f ′ (x) em cada instante.
Então podemos perguntar agora quanto f ′ (x) variou num tempo
determinado, ou seja podemos falar da aceleração média:
f ′ (x2 ) − f ′ (x1 )
.
x2 − x1
Exemplo dessa grandeza no dia-a-dia: nas revistas especializadas em
carros sempre falam do carro que passa de zero a 100 km/h em tantos
segundos.
Agora passando ao limite:
f ′ (x1 + h) − f ′ (x1 )
lim .
h→0 h
obtemos a aceleração instantânea no instante x1 . Um sı́mbolo para
ela é:
f ′′ (x1 ) := (f ′ )′ (x1 )
4. EXERCÍCIOS 110
4. Exercı́cios
Exercı́cio 4.1. Qual o gráfico de f (x) = |x + 1|?
Onde é contı́nua e onde não tem derivada ?
Exercı́cio 4.2. Consider as funções definidas por:
f (x) = x2 + x + 2, se x < 1,
f (x) = −x2 + b · x + c, se x ≥ 1.
Ajuste os parâmetros b, c para que f seja contı́nua e derivável em
x = 1.
Dica: impondo a continuidade se produz uma relação entre c = c(b).
E o valor de b sai de impôr-se a derivabilidade.
Exercı́cio 4.3. Usando apenas a definição, derive (onde C é uma
constante ):
i) y ≡ C
ii) y = C · x,
iii) y = C · x2
iv) y = C · x3 ,
v) y = ( x − C )2
vi) y = ( x − C )3
CAPÍTULO 9. A DERIVADA 111
0,5
0
-1 -0,5 0 0,5 1
x
-0,5
-1
Demonstração.
Considere o mı́nimo global mf e o máximo global Mf de f em [a, b].
Se mf = Mf isso quer dizer que f é constante: então para qualquer
ponto de (a, b) temos f ′ (x) = 0 e acabou.
Supomos então que mf < Mf .
Vamos nos convencer agora que não é possı́vel que ambos os valores
mf e Mf sejam valores de f nos pontos extremo a, b de [a, b]. De fato,
se por exemplo f (a) = mf , como por hipótese f (a) = f (b), então
f (b) = mf ; como Mf > mf então Mf será atingido por x ∈ (a, b). Vice
versa se supomos que f (a) = Mf , concluimos que mf é atingido em
x ∈ (a, b).
Agora vamos mostrar que num x ∈ (a, b) onde f (x) = mf ou onde
f (x) = Mf temos que ter f ′ (x) = 0.
Por exemplo, suponha x ∈ (a, b) onde f (x) = mf e por absurdo,
suponha que f ′ (x) 6= 0:
Há dois Casos a considerar:
Caso 1): f ′ (x) < 0.
Já que x vive num intervalo aberto (a, b) existe pela Afirmação 1.2
um intervalo centrado em x,
(−δ0 + x, x + δ0 ) ⊂ (a, b)
f (x + h) − f (x)
lim <0
h→0 h
113
1. TEOREMAS DE ROLLE E DE LAGRANGE 114
m_f
x x+h ( h >0 )
m_f
x+h x ( h<0 )
O uso que Rolle fazia desse fato era para localizar zeros (raı́zes) de
polinômios apenas.
Ele pensava assim, sempre que houver duas raı́zes a e b sucessivas
de um polinômio p(x) de grau n tem que haver uma raı́z do polinômio
p′ (x) situada no intervalo [a, b] (veremos na Parte 2 que sempre a função
Derivada de um polinômio é também um polinômio). Mais ainda, como
vimos já em alguns exemplos simples, o grau de p′ (x) é n − 1. Logo
pode ser mais fácil achar as raı́zes de p′ (x) que as do polinômio original
p(x). E aı́ teremos alguma informação sobre a possı́vel localização das
raı́zes a e b de p(x).
(obs.: Na Figura a seguir os eixos horizontal e vertical não estão na
mesma escala)
1A f não precisa ser crescente nessa região, como parece sugerir a Figura; f
precisa apenas valer menos que f (x). Voltaremos nisso na Seção 4 deste Capı́tulo
1. TEOREMAS DE ROLLE E DE LAGRANGE 116
10
0
-2 -1 0 1 2
x
-5
-10
Figura: Polinômio p(x) com 5 raı́zes Reais e p′ (x) com 4 raı́zes Reais.
0,5
0
-1 -0,5 0 0,5 1
x
-0,5
-1
Demonstração.
2Atenção: muitos estudantes confundem o que diz o Teorema de Lagrange com
o que diz a definição da Derivada.
CAPÍTULO 10. SINAL DA DERIVADA E CRESCIMENTO 117
Seja p(x) a equação da reta passando por (a, f (a)) e (b, f (b)). Con-
sidere uma nova função, a função diferença f −p dada por (f −p)(x) :=
f (x) − p(x).
Então f − p é contı́nua, pelo item 1) do Teorema 1.1. E afirmo que
ela é derivável em (a, b), com (f − p)′ (x) = f ′ (x) − p′ (x).
De fato:
(f − p)(x + h) − (f − p)(x)
(f − p)′ (x) := lim =
h→0 h
f (x + h) − f (x) p(x + h) − p(x)
= lim ( − )
h→0 h h
e pelo item 1) do Teorema 1.1 esse último limite vale:
f (x + h) − f (x) p(x + h) − p(x)
lim − lim =: f ′ (x) − p′ (x),
h→0 h h→0 h
ou seja, provamos que (f − p)′ (x) = f ′ (x) − p′ (x). Agora noto que
(f − p)(a) = f (a) − p(a) = 0, e (f − p)(b) = f (b) − p(b) = 0,
e portanto estamos em condições de aplicar em (f − p) o Teorema de
Rolle: portanto existe algum x ∈ (a, b) onde
(f − p)′ (x) = 0,
ou seja onde
f ′ (x) = p′ (x).
Por outro lado p(x) = a1 · x + a0 já que é um polinômio de grau ≤ 1 e
sua derivada é o coeficiente angular da reta: p′ (x) ≡ a1 e sabemos que
f (b) − f (a)
a1 = .
b−a
f (b)−f (a)
Portanto f ′ (x) = b−a
como querı́amos.
10
0
-2 -1 0 1 2
x
-5
-10
Demonstração.
Não temos a capacidade de predizer qual a constante que iremos
encontrar. O que podemos apenas é raciocinar por absurdo: suponha
que f não é constante.
Então existem x1 , x2 ∈ I tais que f (x1 ) 6= f (x2 ). Restrinja f ao
domı́nio [x1 , x2 ]. Então pelo Teorema do Valor Médio de Lagrange
aplicado à restrição f : [x1 , x2 ] → R tem que haver um x ∈ (x1 , x2 ) tal
que:
f (x1 ) − f (x2 )
f ′ (x) = .
x 1 − x2
f (x1 )−f (x2 )
Mas x1 −x2
6= 0 e isso contradiz a hipótese de que f ′ (x) ≡ 0.
12
0
-1 -0,5 0 0,5 1
x
Demonstração.
Como já observamos, ∀x ∈ I, (f − g)′ = f ′ (x) − g ′ (x). A hipótese
dá então que (f − g)′ (x) ≡ 0. Logo pelo Teorema 2.1, (f − g)(x) ≡ C
(é constante) ; logo f (x) ≡ g(x) + C.
4. UMA CONFUSÃO FREQUENTE SOBRE O SINAL DA
DERIVADA 120
Peço atenção agora, para que se evite uma confusão que aparece
em algumas exposições.
4A recı́proca é falsa, como mostra f (x) = x3
5Essa expressão latina quer dizer, desde que adaptando, mudando, o que for
conveniente; no nosso caso, sinais, desigualdades.
CAPÍTULO 10. SINAL DA DERIVADA E CRESCIMENTO 121
As hipóteses dos itens ii) e iv) do Teorema 3.1 pedem que o sinal
da função derivada seja positivo (ou negativo) em todo um intervalo
aberto I.
Seria falso um enunciado assim:
0,08
0,04
0
-0,2 -0,1 0 0,1 0,2
x
-0,04
-0,08
Demonstração.
Contida na demonstração do Teorema de Rolle.
5. Exercı́cios
Exercı́cio 5.1. A figura que exemplifica o T.V.M de Lagrange no
texto é o gráfico de y = x3 . Quando x ∈ [−1, 1] em quais pontos do
gráfico a inclinação da reta tangente é 1 ?
dos quais plotei apenas 7 representantes (b = 1, 1.2, 1.3, 4/3, 1.6, 1.8, 2):
CAPÍTULO 10. SINAL DA DERIVADA E CRESCIMENTO 123
x
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
0
-5
-10
1,5
0,5
0
0,4
0,5
0,6
0,7
x
1. Primeiro critério
Se olharmos bem a demonstração que demos do Teorema de Rolle,
veremos que de fato já provamos o seguinte:
Demonstração.
De i): Temos que f ′ (x) ≤ 0 se x ∈ (−δ + x, x) e f ′ (x) ≥ 0 se
x ∈ (x, x + δ).
Mas então pelo item iii) do Teorema 3.1, a função original f (x) é
decrescente em (−δ + x, x). E pelo item i) do Teorema 3.1 a função
original f (x) é crescente em (x, x + δ).
A conclusão é que x é ponto de Mı́nimo da f restrita a (−δ+x, x+δ),
um Mı́nimo local portanto.
De ii): completamente análoga, mutatis mutandis.
1Émuito importante que (a, b) seja aberto, pois f : [0, 1] → R, f (x) = x tem
pontos de máximo e mı́nimo e no entanto f ′ (0) = f ′ (1) = 1, onde essas derivadas
′ ′
devem ser entendidas como derivadas à direita f+ (0) e à esquerda f− (1).
125
2. CRITÉRIO DA SEGUNDA DERIVADA 126
12
10
0
0 2 4 6 8 10
x
x2
Figura: O gráfico de A : [0, 10] → R, A(x) = 5x − 2
.
5
x
-4 -2 0 2 4
0
-5
-10
-15
-20
5. CONCAVIDADES 130
5. Concavidades
Na Definição 5.1 a seguir só me interesso no comportamento da
função próxima a cada um dos pontos de seu gráfico.
Definição 5.1. Diremos que uma função é localmente côncava
para cima num ponto (x, f (x)) de seu gráfico se existe um intervalo Ix
centrado em x em que
f (x) > ax + b, ∀x ∈ Ix \ {x},
onde y = ax + b é a reta tangente ao gráfico em (x, f (x)).
Para definir localmente côncava para baixo num ponto (x, f (x))
basta trocar > por <.
2
x
-2 -1 0 1 2
0
-2
-4
-6
CAPÍTULO 11. CRITÉRIOS PARA MÁXIMOS E MÍNIMOS E
APLICAÇÕES 131
25
20
15
10
0
-3 -2 -1 0 1
x
-5
ou seja, em
x1 + . . . + xk
x=
k
que é chamada de média arimética dos valores x1 , . . . xk .
Item ii)
Note que, por ser uma soma de quadrados,
y = f (x) = (x − x1 )2 + . . . + (x − xk )2 ≥ 0
e se para algum x0 ∈ R temos f (x0 ) = 0 então
(x0 − x1 )2 + . . . + (x0 − xk )2 = 0 ⇔ x0 = x1 = . . . = xk .
Portanto, se algum xi é diferente de algum outro xj , na lista que demos
de x1 , . . . , xk , a equação quadrática em x:
y = f (x) = k · x2 − 2 · (x1 + . . . xk ) · x + (x21 + . . . + x2k ) = 0
não tem solução Real. Ou seja, se seu discriminante é negativo. Mas
esse discriminante é:
(2 · (x1 + . . . xk ))2 − 4 · k · (x21 + . . . + x2k ) < 0,
ou seja,
(x1 + . . . xk )2 < k · (x21 + . . . + x2k ),
como querı́amos.
(se esse número fosse zero todos os pontos tem coordenada x igual a
zero).
Portanto se procuramos por um mı́nimo de f basta procurarmos
onde f ′ (ξ) = 0. Mas:
f ′ (ξ) = 2(x21 + . . . + x2k ) · ξ − 2(x1 y1 + . . . + xk yk ),
e portanto f ′ (ξ) = 0 se dá em:
x1 y1 + · · · + xk yk
ξ= .
x21 + . . . + x2k
Ou seja a reta a ser escolhida é:
x1 y1 + · · · + xk yk
y=( ) · x.
x21 + . . . + x2k
O problema interessante em geral é quando a reta buscada forma
y = ξx + τ não precisa passsar pela origem.
Essa reta aproximará simultâneamente vários pontos, que podem
ser resultado de aferições de dados relevantes.
O Capı́tulo 31 tratará de uma reta que minimiza soma de quadrados
de distâncias verticais de pontos xi , yi de interesse na Biologia, e cujo
coeficiente angular ξ é universal.
7. Inflexões
Definição 7.1. Seja f com segunda derivada f ′′ (x) e tal que f ′′ (x)
seja ao menos contı́nua.
Chamamos de ponto de inflexão um ponto x onde f ′′ (x) = 0 e em
torno do qual muda o sinal da f ′′ (x).
Ou seja, um ponto de inflexão marca a mudança de concavidade
de uma função (se era para cima, vira para baixo e vice-versa).
Exemplos:
• y = f (x) = x3 , que tem f ′′ (x) = 6x e ponto de inflexão em
x = 0.
• em geral, y = f (x) = x2n+1 , ∀n ∈ N, têm inflexão em x = 0,
já que
f ′′ (x) = 2n · (2n + 1) · x2n−1 .
• o gráfico de y = f (x) (em vermelho) na Figura a seguir repre-
senta a população de bactérias colocada num meio favorável,
no tempo x.
A taxa de crescimento f ′ (x) (em verde) vai aumentando
até atingir um valor máximo (no ponto de inflexão x ≈ 1.1.),
a partir do qual fatores como escassez de nutrientes, aumento
de detritos, começam a diminuir essa taxa de crescimento.
No ponto de inflexão a aceleração f ′′ (x) do processo (em
amarelo) é nula.
8. CRITÉRIO DA DERIVADA DE ORDEM N 136
2
x
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
0
-2
-4
-6
Item iii):
Temos por hipótese:
f ′ (x) = f ′′ (x) = f ′′′ (x) = f (iv) (x) = 0
mas f (v) (x) 6= 0. Por exemplo suponhamos
f (v) (x) > 0.
o caso negativo é análogo.
Como há derivadas de todas as ordens, a função f (v) (x) é contı́nua
em x, pois é até mesmo derivável. Logo pelo princı́pio de inércia das
9. CONFECÇÃO DE GRÁFICOS DE POLINÔMIOS E FUNÇÕES
RACIONAIS 138
0
-1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5
x
-4
-8
√ q √ √
Podemos aproximar grosseiramente 17 ≈ 4 e 11+3·2 17 ≈ 15 ≈ 3.
Ou seja que a derivada f ′ (x) se anula num ponto x1 ≈ 3 e noutro
x2 ≈ −3.
Antes de examinar f ′′ (x), note que não é difı́cil se convencer de que:
lim f (x) = −∞
x→−∞
18x(x2 + 3)
f ′′ (x) = .
(x2 − 1)3
x
-5 -4,5 -4 -3,5 -3 -2,5 -2 -1,5
-7
-8
-9
-10
-11
-12
x3 +8x
Figura: O gráfico de y = x2 −1
, x ∈ [−5, −1.5].
15
10
0
-0,8 -0,4 0 0,4 0,8
-5x
-10
-15
x3 +8x
Figura: O gráfico de y = x2 −1
, x ∈ [−0.8, 0.8].
12
11
10
2 3 4 5 6 7
x
x3 +8x
Figura: O gráfico de y = x2 −1
, x ∈ [1.5, 5].
10. EXERCÍCIOS 142
10. Exercı́cios
2
Exercı́cio 10.1. 3) Encontre o ponto do gráfico de y = x2 que
minimiza a distância até P = (2, 1) pelos metodos i): de buscar pontos
de ortogonalidade com o gráfico e ii): via mı́nimo da função quadrado
da distância.
Exercı́cio 10.2. 4) As Figuras i) e ii) abaixo dão dois exemplos
de funções derivadas f ′ (x), apenas dadas qualitativamente. Encontre
f (x) (qualitativamente) que sejam compatı́veis com cada f ′ dada.
0
-3 -2 -1 0 1 2 3
x
-2
-4
-6
15
10
5
x
-2 -1 0 1 2 3 4
0
-5
-10
-15
-20
80
40
0
-2 -1 0 1 2 3 4
x
-40
-80
CAPÍTULO 11. CRITÉRIOS PARA MÁXIMOS E MÍNIMOS E
APLICAÇÕES 143
1
x
-2 -1 0 1 2 3
0
-1
-2
-3
-4
x
-4 -2 0 2 4
0
-20
-40
-60
-80
-100
10
0
-2 -1 0 1 2
x
-5
-10
10
0
-2 -1 0 1 2
x
-5
10
0
-2 -1 0 1 2
x
-2
-4
1
0,5
0
0 1 2 3 4 5 6
-0,5 x
-1
Observe que:
147
1. O COSSENO COMO DERIVADA DO SENO 148
sin(θ0 + θ) − sin(θ0 )
sin′ (θ0 ) = lim =
θ→0 θ
sin(θ0 ) cos(θ) + cos(θ0 ) sin(θ) − sin(θ0 )
= lim .
θ→0 θ
Para poder continuar, agora vou usar o limite
sin(θ)
lim =1
θ→0 θ
provado na Seção 5 do Capı́tulo 5 da Parte 1 e um limite tão funda-
mental quanto este:
cos(θ) − 1
lim = 0,
θ→0 θ
cuja prova omito por brevidade.
Então as propriedades de limites de somas e produtos (Seção 4 do
Capı́tulo 3 da Parte 1) permitem que re-escreva o de acima como:
(cos(θ) − 1) sin(θ)
sin′ (θ0 ) = lim [sin(θ0 ) · + cos(θ0 ) · ]=
θ→0 θ θ
(cos(θ) − 1) sin(θ)
= sin(θ0 ) · lim + cos(θ0 ) · lim =
θ→0 θ θ→0 θ
= sin(θ0 ) · 0 + cos(θ0 ) · 1 = cos(θ0 ),
como querı́amos.
Um complemento:
CAPÍTULO 12. DERIVADAS DE SENO E COSSENO E AS LEIS
DE HOOKE 149
0,8
0,4
0
-3 -2 -1 0 1 2 3
-0,4
x
Afirmação 1.2.
cos′ (θ) = − sin(θ), ∀θ ∈ R.
Demonstração. Seguindo as mesmas etapas da prova anterior,
obtemos:
cos(θ0 + θ) − cos(θ0 )
cos′ (θ0 ) = lim =
θ→0 θ
cos(θ0 ) cos(θ) − sin(θ0 ) sin(θ) − cos(θ0 )
= lim =
θ→0 θ
(cos(θ) − 1) sin(θ)
= cos(θ0 ) · lim − sin(θ0 ) · lim =
θ→0 θ θ→0 θ
= cos(θ0 ) · 0 − sin(θ0 ) · 1 = − sin(θ0 ).
como querı́amos.
2. LEIS DE HOOKE COM E SEM ATRITO 150
b
sin(q) = √ .
a2 + b2
Temos então
√ a √ b
= a2 + b 2 · √ · cos(x) + a2 + b2 · √ · sin(x) =
2
a +b 2 a + b2
2
= a · cos(x) + b · sin(x),
Na figura a seguir note que não só a posição f (0) é relevante, mas
que também a inclinação f ′ (0) determina o tipo de oscilação que haverá.
0
0 1 2 3 4 5 6
x
-1
-2
Claro que na realidade fı́sica sempre há algum atrito entre o objeto
e a superfı́cie e sabemos que com o tempo o objeto pára. Uma lei de
Hooke mais realista levaria em conta o atrito que surge com o desloca-
mento do objeto, ou seja, dependente da velocidade f ′ (x) do objeto e
seria do tipo
f ′′ (x) = −f (x) − kf ′ (x).
0,5
0
0 5 10 15 20 25 30 35
x
-0,5
-1
0,5
0
0 5 10 15 20 25 30 35
x
-0,5
-1
3. Exercı́cios
Exercı́cio 3.1. (resolvido)
Use que limx→0 sin(x)
x
= 1 para provar que
sin(k · x)
lim = k, ∀k ∈ R.
x→0 x
Exercı́cio 3.2. Determine se o ponto (0, 0) é máximo/mı́nimo ou
inflexão de f, sabendo que f ′ (x) = sen5 (x) cos(x).
CAPı́TULO 13
Demonstração.
2·1
Prova de i): Para n = 1 a fórmula diz simplesmente 1 = 2
o que
é óbvio.
A hipótese de indução é
((n − 1) + 1) · (n − 1) n(n − 1)
1 + 2 + . . . + (n − 1) = = .
2 2
153
1. PRINCÍPIO DE INDUÇÃO MATEMÁTICA 154
De agora em diante temos que fazer algo para mostrar quanto vale
1 + 2 + . . . + (n − 1) + n. Ora
1 + 2 + . . . + (n − 1) + n = (1 + 2 + . . . + (n − 1)) + n =
n(n − 1) n(n − 1) + 2n
= +n= =
2 2
(n + 1) · n
= ,
2
como querı́amos.
Prova de ii): Para n = 1 a fórmula diz simplesmente que 12 = 13 o
que é óbvio. Faço a hipótese de indução:
(1 + 2 + . . . + (n − 2) + (n − 1))2 = 13 + 23 + . . . + (n − 2)3 + (n − 1)3 ,
e quero saber se vale também:
(1 + 2 + . . . + (n − 1) + n)2 = 13 + 23 + . . . + (n − 1)3 + n3 .
Agora vamos ter que fazer algo, trabalhar um pouco. Escrevo pelo
binômio:
(1+2+. . .+(n−1)+n)2 = (1+2+. . .+(n−1))2 +2·(1+2+. . .+(n−1))·n+n2
e para continuar uso a hipótese de indução:
(1+2+. . .+(n−1)+n)2 = 13 +23 +. . .+(n−1)3 +2·(1+2+. . .+(n−1))·n+n2 .
Para terminar onde gostaria, preciso ver que
2 · (1 + 2 + . . . + (n − 1)) · n + n2 = n3 .
Mas posso usar a parte i) já provada para qualquer n, mesmo que da
forma n − 1, obtendo:
n · (n − 1)
(1 + 2 + . . . + (n − 1)) = ,
2
e portanto:
2 · (1 + 2 + . . . + (n − 1)) · n + n2 = (n · (n − 1)) · n + n2 =
= n3 ,
como precisávamos.
Prova de iii): para n = 1 a fórmula está correta 1 = 1(1+1)(2+1)
6
.
suponha válida até n − 1 e faço:
(n − 1)(n − 1 + 1)(2n − 2 + 1)
12 + 22 + . . . (n − 1)2 + n2 = + n2 =
6
2n3 − 3n2 + n
= + n2 =
6
2n3 − 3n2 + n + 6n2
= =
6
2n3 + 3n2 + n n(n + 1)(2n + 1)
= ,
6 6
como querı́amos.
CAPÍTULO 13. INDUÇÃO MATEMÁTICA E A DERIVADA DE
X N , ∀N ∈ N. 155
2. Derivada do Produto
Voltemos ao problema original: como derivar f (x) = xn ? Para
n = 1 já sabemos que a fórmula x′ = 1x0 está ok.
Gostariamos de supor a fórmula até n − 1 e prová-la então para n,
de acordo com o princı́pio de indução.
Mas quando escrevo xn e tento relacioná-lo com xn−1 só consigo
imaginar a seguinte relação:
xn = x · xn−1 .
Quando for derivar o lado esquerdo dessa expressão terei que derivar,
no lado direito, um produto de funções.
Como fazê-lo ? Certamente a derivada do produto não é o produto
das derivadas, pois (x2 )′ 6= x′ · x′ = 1 · 1.
Por isso precisamos de:
Teorema 2.1. Sejam f (x) e g(x) duas funções deriváveis com
mesmo domı́nio de definição. Então a função produto (f · g)(x) :=
f (x) · g(x) também é derivável e
(f · g)′ (x) := f ′ (x) · g(x) + f (x) · g ′ (x).
Demonstração.
Seja x e considere a definição de derivada:
f (x + h)g(x + h) − f (x)g(x)
(f · g)′ (x) = lim .
h→0 h
Agora vou fazer um truque, para fazer aparecer f ′ (x) e g ′ (x) nessa
estória. Escrevo
f (x + h)g(x + h) − f (x)g(x) =
= f (x + h)g(x + h) −f (x)g(x + h) + f (x)g(x + h) −f (x)g(x) =
| {z }
0
= (f (x + h) − f (x)) · g(x + h) + f (x) · (g(x + h) − g(x)).
Portanto através deste truque obtemos que
(f (x + h) − f (x)) (g(x + h) − g(x))
(f · g)′ (x) = lim [ · g(x + h) + f (x) ].
h→0 h h
Mas limh→0 g(x + h) = g(x) pela continuidade de g e
f (x + h) − f (x) g(x + h) − g(x)
lim = f ′ (x) e lim = g ′ (x),
h→0 h h→0 h
portanto juntando isso (e lembrando que o produto de limites é o limite
do produto):
(f · g)′ (x) = f ′ (x)g(x) + f (x)g ′ (x)
3. RAÍZES MÚLTIPLAS E FATORAÇÃO DE POLINÔMIOS 156
ii) implica i) :
Procederemos por indução em k.
Se k = 0, ou seja, k + 1 = 1, já vimos no Teorema 7.1 do Capı́tulo
6 que
f (0) (x) := f (x) = 0 ⇒ f (x) = (x − x) · g(x),
onde o grau de g é n − 1.
Tentemos provar para k = m ≤ n − 1, supondo válido o resultado
para todo k ≤ m − 1.
Nossa hipótese será que
f (0) (x) = f (1) (x) = . . . = f (m) (x) = 0.
Em particular:
f (0) (x) = f (1) (x) = . . . = f (m−1) (x) = 0
e a hipótese de indução dá:
f (x) = (x − x)m · g(x)
para um polinômio g(x) de grau n − m. Precisamos ver que
g(x) = (x − x) · g(x)
para termos o resultado desejado:
f (x) = (x − x)m · [(x − x) · g(x)] = (x − x)m+1 · g(x).
Pensemos por absurdo, que
g(x) 6= (x − x) · g(x)
para todo g(x) de grau n − m − 1.
Pelo Teorema 7.1 do Capı́tulo 6 aplicado ao g(x):
g(x) 6= 0.
Mas como
f (x) = (x − x)m · g(x) = (x − x)k · g(x)
então a derivada f (m) (x) = f (k) (x) é uma soma onde cada parcela tem
algum fator dentre
(x − x)k , . . . , (x − x)2 , (x − x)
exceto uma última parcela que é do tipo C · g(x), C ∈ R \ {0}.
As parcelas todas que formam f (m) (x) = f (k) (x) se anulam x, exceto
a parcela que contém o fator C · g(x). Logo f (m) (x) 6= 0: contradição.
Portanto, como querı́amos:
g(x) = (x − x) · g(x).
5. EXERCÍCIOS 158
4. Derivadas de x−n , ∀n ∈ N
Se define x−n := x1n , ∀n ∈ N, onde claramente x 6= 0.
Com essa definição se obtem:
1
x−n · xn = · n = 1
n
−n n n−n
e portanto x · x = x .
Queremos derivar essas funções x−n , e novamente o faremos via a
indução matemática.
Vimos a derivada de f (x) = x−1 = x1 , x 6= 0 diretamente pela
definição, na Parte 1 deste Curso. Como um Exercı́cio, vejamos agora
como re-obter a derivada de x−1 = x1 usando a regra da derivada do
produto.
Escrevo a identidade para x 6= 0:
1 = x−1 · x
e derivo. Á esquerda na identidade obtenho 0 e à direita a regra do
produto dá:
0 = (x−1 )′ · x + x−1 · 1,
ou seja (x−1 )′ = − x12 = −x−2 .
Ou seja, que vale (x−1 )′ = −1 · x−1−1 .
Suponha provada a fórmula até n − 1 > 1: ou seja, que a derivada
de x−(n−1) é
−(n − 1) · x−(n−1)−1 = −(n − 1) · x−n .
Então escrevo x−n = x−(n−1) · x−1 e pela derivada do produto:
(x−n )′ = (x−(n−1) )′ · x−1 + x−(n−1) · (−x−2 ) =
= −(n − 1) · x−n · x−1 − x−(n−1)−2 =
= −(n − 1) · x−n−1 − x−n−1 = −n · x−n−1 ,
como querı́amos.
5. Exercı́cios
Exercı́cio 5.1. (resolvido)
Prove por indução: n! ≥ 2n−1 , ∀ n ≥ 2.
Exercı́cio 5.2. Derive o produto de três funções (deriváveis):
( f (x) · g(x) · h(x) )′
CAPı́TULO 14
1
0,5
0
0 1 2 3 4 5 6
-0,5 x
-1
0,5
0
0 0,5 1 1,5 2
x
-0,5
-1
0
0 0,5 1 1,5 2
x
-1
-2
-3
1
0,5
0
0 1 2 3 4 5 6
-0,5 x
-1
1
0,5
0
0 1 2 3 4 5 6
-0,5 x
-1
10
0
0123 456
x
-5
-10
Por último, volto num limite calculado como Exercı́cio 3.1 do Capı́tulo
12:
sin(k · x)
lim = k.
x→0 x
Podemos olhá-lo do seguinte modo:
sin(k · x) − sin(k · 0)
lim =k
x→0 x
e reconhecemos então a definição da derivada da composta sin(k · x)
em x = 0.
O Teorema a seguir generaliza essas observações:
Teorema 1.1. Sejam f : I → J e g : K → L funções definidas em
intervalos, com a imagem J de f contida no domı́nio K de g, J ⊂ K.
Se f e g são seriváveis então a função composta (g ◦ f ) : I → L,
definida por (g ◦ f )(x) := g(f (x)) também é derivável e ademais:
(g ◦ f )′ (x) = g ′ (f (x)) · f ′ (x).
A notação de Leibniz:
dy
A notação de G. Leibniz para a derivada de y = f (x) é dx . O valor
de sua notação fica claro quando escrevemos a regra da derivada da
composta. Para y = f (x), u = g(y) e u = g(f (x)):
du du dy
= · .
dx dy dx
A prova da Afirmação 1.1 é técnica, prefiro tirar consequências.
2. A Derivada do quociente
Agora uma aplicação da regra da composta aos quocientes de funções:
Afirmação 2.1. Sejam f e g funções deriváveis com g nunca nula.
Então
f (x) ′ f ′ (x) · g(x) − f (x) · g ′ (x)
( ) (x) = .
g(x) g 2 (x)
Em particular:
1 g ′ (x)
( )′ (x) = − 2 .
g g (x)
Demonstração.
Vou escrever primeiro
f (x) 1
= f (x) ·
g(x) g(x)
e derivar esse produto:
f (x) ′ 1 1 ′
( ) (x) = f ′ (x) · + f (x) · ( ) (x),
g(x) g(x) g(x)
2. A DERIVADA DO QUOCIENTE 164
1
Agora olho g(x) como a composição de duas funções f1 (x) = g(x) e
1 −1
f2 (x) = x = x :
1
= (f2 ◦ f1 )(x).
g(x)
Já sabemos derivar f2 (x) = x1 = x−1 , de fato: f2′ (x) = − x12 = −x−2 .
Então a regra da composta dá:
1 ′
( ) (x) = (f2 ◦ f1 )′ (x) =
g(x)
= f2′ (f1 (x)) · f1′ (x) =
1
=− 2 · g ′ (x).
g (x)
Junto tudo:
f (x) ′ 1 1 ′
( ) (x) = f ′ (x) · + f (x) · ( ) (x) =
g(x) g(x) g(x)
1 1
= f ′ (x) · + f (x) · (− 2 · g ′ (x)) =
g(x) g (x)
f ′ (x) · g(x) − f (x) · g ′ (x)
= ,
g 2 (x)
como querı́amos.
Exemplos:
• Funções racionais são quocientes de polinômios fg . Onde g não
se anula, a fórmula da Afirmação 2.1 nos diz como derivá-las.
• A tangente é um quociente de funções deriváveis tan(x) =
sin(x)
cos(x)
. Onde o cosseno não se anula podemos derivá-la obtendo:
cos(x) · cos(x) − sin(x) · (− sin(x))
tan′ (x) = =
cos2 (x)
1
=
cos2 (x)
1
e com a nomenclatura conhecida sec(x) := cos(x) o que temos
é
tan′ (x) = sec2 (x).
Então claramente tan′ (0) = cos12 (0) = 1 e
lim tan′ (x) = lim tan′ (x) = +∞.
xր π2 −π
xւ 2
0
-1 -0,5 0 0,5 1
x
-1
Figura: A função tangente (vermelho) e sua derivada (verde) restritas a (−1, 1).
existe f ′′ (0).
Demonstração.
No Exercı́cio 4.4 do Capı́tulo 9 já vimos que f ′ (0) = 1.
Se x > 0 podemos usar a regra da derivada do quociente:
x ′ x · (x + 1)′ − x′ · (x + 1) 1
f (x)′ = [ ] = =
x+1 (x + 1)2 (x + 1)2
e analogamente, se x < 0:
x 1
f (x)′ = [ ]′ = .
−x + 1 (−x + 1)2
Agora sobre f ′′ (x). Se existisse
f ′ (h) − f ′ (0)
f ′′ (0) := lim .
h→0 h
teriam que exister ambos lmites laterais
f ′ (h) − f ′ (0) f ′ (h) − f ′ (0)
lim e lim
hց0 h hր0 h
e ademais serem iguais !
4. UM PROBLEMA DE MÁXIMOS/MÍNIMOS: O PROBLEMA
DO FRETEIRO 166
enquanto que
1
f ′ (h) − f ′ (0) (−h+1)2
−1
lim = lim =
hր0 h hր0 h
= lim (2 − h) = 2.
hր0
x
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
-1
-2
P 2
l 2
d 2
θ C
d 1
P 1
l 1
4. UM PROBLEMA DE MÁXIMOS/MÍNIMOS: O PROBLEMA
DO FRETEIRO 168
5,06
5,04
5,02
′
Já a próxima figura dá a função P1 P2 (θ) no caso l1 = l2 = 1.2, em
que θ0 = arctan(1) = π4 ≈ e o valor máximo da vara é 3.394112550
(horizontal em verde).
3,56
3,52
3,48
3,44
3,4
P 2
θ
D2 − d2
d 2 l 2
d 1 C
P 1
D1− d1
θ
l 1
Note que
l1 l2
cos(θ) = e sin(θ) = ,
D1 D2
de onde:
l1 l2
D1 = (D1 − d1 ) + d1 = e D2 = (D2 − d2 ) + d2 = ,
cos(θ) sin(θ)
e portanto:
l1 L l2
L · tan(θ) + d1 = e + d2 = ,
cos(θ) tan(θ) sin(θ)
o que dá:
l1 l2 1
(d1 + d2 )(θ) = + − L · (tan(θ) + )=
cos(θ) sin(θ) tan(θ)
l1 l2 L
= + − .
cos(θ) sin(θ) sin(θ) · cos(θ)
Essa é a função que quero minimizar, pois seu mı́nimo é o impedimento,
a obstrução para que continue se movendo a face externa (relativa a
C) do objeto retangular.
A sua derivada é:
l1 · sin3 (θ) − l2 · cos3 (θ) − L · (2 · cos2 (θ) − 1)
(d1 + d2 ) ′ (θ) = .
sin2 (θ) cos2 (θ)
Queremos saber onde (d1 + d2 ) ′ (θ) = 0, e no caso L > 0 devemos
usar métodos numéricos (aproximações). Os programas como Maple/
Xmaxima , etc a resolvem numericamente.
Aparecem algumas soluções complexas e uma solução Real positiva.
Para concluir que θ0 é o ponto de mı́nimo, basta conferir que
lim (d1 + d2 )(θ) = +∞
θց0
e
lim (d1 + d2 )(θ) = +∞.
θր π2
CAPÍTULO 14. DERIVADA DA COMPOSIÇÃO DE FUNÇÕES171
Como
l1
lim = l1
θ→0 cos(θ)
basta analisar
l2 L
lim − =
θ→0 sin(θ) sin(θ) · cos(θ)
1 L
= lim · (l2 − ).
θ→0 sin(θ) cos(θ)
Mas
L
lim =L
θ→0 cos(θ)
e como l2 ≥ l1 > L, então
1 L 1
lim · (l2 − ) = lim = +∞.
θ→0 sin(θ) cos(θ) θ→0 sin(θ)
2,94
2,92
2,9
2,88
2,86
0,9 0,95 1 1,05 1,1 1,15 1,2
x
P 2
l
l
l
P 1
l
C
Mas
sin(θ) − cos(θ)
l′ (θ) = .
1 + 2 · sin(θ) cos(θ)
Claramente, para 0 < θ < π2 :
π
l′ (θ) = 0 ⇔ sin(θ) = cos(θ) ⇔ θ= .
4
1
Como limθ→0 1+tan(θ)
= 1, então
tan(θ) 1
lim l(θ) = lim = lim = 1,
θց0 θց0 sin(θ) θց0 cos(θ)
1
e como limθ→ π2 sin(θ)
= 1, então
tan θ
limπ l(θ) = limπ = 1.
θր 2 θր 2 1 + tan(θ)
Então
π 1
l( ) = √
4 2
é o mı́nimo global de l(θ). Veja a Figura:
0,9
0,85
0,8
0,75
Há cotas máximas para a área, mas não se obteve ainda explici-
tamente uma figura da qual se possa dizer: é esta ! É conhecido na
literatura como o problema do sofá.
ǫ
Gráficos de y = 1 − 1−x com ǫ = 1 (vermelho)
ǫ = 0.5 (verde), ǫ = 0.2 (amarelo), y = 1 em azul
ǫ
Diminuindo ǫ o gráfico de y = 1 − 1−x vai se apertando sobre a
parede horizontal interna (em azul y = 1): de fato, cada x > 1 fixado,
fǫ (x) > fǫ′ (x), se ǫ < ǫ′ .
E também é claro que, fixado qualquer ǫ > 0,
lim fǫ (x) = 1
x→+∞
4. UM PROBLEMA DE MÁXIMOS/MÍNIMOS: O PROBLEMA
DO FRETEIRO 176
2ǫx − ǫ + x2 − 2x + 1
P2 = ( , 2),
ǫ
e
s
(2ǫx − ǫ + x2 − 2x + 1)2 2ǫx − ǫ − x2 + 2x − 1 2
P1 P2 (x) = + (2 + ).
ǫ2 (x − 1)2
′
O numerador da fração2 que é P1 P2 (x) é dado pelo polinômio de grau
8 em x:
(ǫx5 −5ǫx4 +10ǫx3 −10ǫx2 +5ǫx−ǫ+x6 −6x5 +15x4 −20x3 +15x2 −6x+1−ǫ3 x)·
·2 · (2ǫx − ǫ + x2 − 2x + 1),
√
e verifica-se que em x0 = 1 + ǫ:
′ √
P1 P2 (1 + ǫ) = 0
√
pois x0 = 1 + ǫ é raiz do fator de grau 5 em x:
ǫx5 −5ǫx4 +10ǫx3 −10ǫx2 +5ǫx−ǫ+x6 −6x5 +15x4 −20x3 +15x2 −6x+1−ǫ3 x.
′′ √
Já a enorme fração que é P1 P2 (x) avaliada em x0 = 1 + ǫ vale:
√ √
2 2(2ǫ2 + 3 + 15ǫ + 11 ǫ + 9ǫ3/2 )
√ > 0.
ǫ(1 + ǫ)3
√
Logo x0 = 1 + ǫ é minimo local de P1 P2 (x).
Mas é bem claro que, para cada ǫ fixado:
lim P1 P2 (x) =
xց1
s
(2ǫx − ǫ + x2 − 2x + 1)2 2ǫx − ǫ − x2 + 2x − 1 2
= lim + (2 + ) = +∞
xց1 ǫ2 (x − 1)2
assim como
lim P1 P2 (x) =
x→+∞
s
(2ǫx − ǫ + x2 − 2x + 1)2 2ǫx − ǫ − x2 + 2x − 1 2
= lim + (2 + ) = +∞.
x→+∞ ǫ2 (x − 1)2
400
300
200
100
0
1,5 2 2,5 3 3,5 4
x
5. Exercı́cios
Exercı́cio 5.1. Usando a regra do quociente e definições/relações
trigonométricas, prove que
cot′ (x) = − csc2 (x),
1 1
onde cot(x) = tan(x) e csc(x) := sin(x)
.
Também mostre que:
sec′ (x) = tan(x) sec(x),
1
onde sec(x) := cos(x)
.
ou
−2x x
y ′ (x) = =√ , se y < 0.
2y(x) 1 − x2
No Caso 2 podemos obter a derivada da função x = x(y), para y num
intervalo , do seguinte modo: derivo a expressão (x(y))2 + y 2 = r2 em
y, pela regra da composta:
( (x(y))2 + y 2 )′ = (r2 )′ ⇔ 2x(y)x′ (y) + 2y = 0 ⇔
−2y
⇔ x′ (y) = .
2x(y)
p p
E agora substituindo x(y) por 1 − y 2 , se x > 0, ou por x = − 1 − y 2
se x < 0:
−2y −y
x′ (y) = =p , se x > 0,
2x(y) 1 − y2
ou
−2y y
x′ (y) = =p , se x < 0.
2x(y) 1 − y2
Isso que fizemos se chama derivação implı́cita. É útil mesmo quando
não sabemos a expressão explı́cita de y = y(x) ou de x = x(y).
• x′ (y) = − ∂F∂y
(x,y) .
∂x
Esse Teorema tem vários detalhes, que se vêem melhor nos Exem-
plos.
∂F (x,y)
Exemplo 2.1. No cı́rculo F (x, y) = x2 +y 2 −r2 = 0 temos ∂y
=
2y 6= 0 se y 6= 0. Nesse caso:
∂F (x,y)
2x
y ′ (x) = − ∂F∂x
(x,y)
=− ,
2y(x)
∂y
F (x, y) = x2 y 2 − 3y 2 + y 4 − 8y + 2y 3 − 4 = 0
temos
∂F (x, y)
= 2xy 2 ,
∂x
que se anula em P = (0, 2), mas temos
∂F (x, y)
= x2 2 y − 6 y + 4 y 3 − 8 + 6 y 2
∂y
que não se anula em P = (0, 2). Logo há um gráfico y = y(x) em torno
de (0, 2) e já calculamos y ′ (0) = 0 acima.
Até agora não comentei o fato de que P = (0, −1) também satisfaz:
x2 y 2 − 3y 2 + y 4 − 8y + 2y 3 − 4 = 0.
Isso é interessante pois diz que para o mesmo valor x = 0 há dois
valores y que satisfazem F (x, y) = 0 !
Ou seja que é só num pequeno entorno de (0, 2) que pode ser descrito
como gráfico de y = y(x) , mas não todo o conjunto F (x, y) = 0.
Por outro lado, em (0, −1) tanto ∂F∂x(x,y)
= 2xy 2 quanto
∂F (x, y)
= x2 2 y − 6 y + 4 y 3 − 8 + 6 y 2
∂y
se anulam !
Nessa caso o Teorema 2.1 não tem nada a dizer ! Ele não pode
garantir nenhum tipo de gráfico local y = y(x) ou x = x(y).
Ainda bem que o Teorema se calou nessa caso, pois em (0, −1) a
curva F (x, y) = 0 tem uma espécie de laço, que não se deixa descrever
nem como gráfico de y = y(x) nem como gráfico de x = x(y).
A Figura a seguir dá uma idéia da curva, que não por acaso se
chama conchóide:
CAPÍTULO 15. DERIVADAS DE FUNÇÕES IMPLÍCITAS 185
y 0
-4 -2 0 2 4
-1x
-2
y 0
1,1 1,2 1,3 1,4 1,5
x
-1
-2
-3
100
50
y 0
-5 0 5 10 15 20
x
-50
-100
100
50
y 0
-10 -5 0 5 10 15 20
x
-50
-100
100
50
y 0
-10 -5 0 5 10 15 20
x
-50
-100
4. DERIVAÇÃO IMPLÍCITA DE SEGUNDA ORDEM 190
y 0
-1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2
x
-1
-2
q r q
2 √ 2 √ √
( −9 + 6 3 , 3/2
6(−9 + 6 3) + 54 −9 + 6 3 ).
3 9
Com essa equação posso plotar a cúbica e sua tangente, que mostra
bem que há uma inflexão nesse ponto:
5. EXERCÍCIOS 192
y 0
-2 -1 0 1 2 3 4 5
x
-4
-8
5. Exercı́cios
Exercı́cio 5.1. (resolvido)
Considere F (x, y) = y 2 − x3 = 0. Considere o ponto (1, 1) dessa
curva.
i) usando o Teorema 2.1 verifique que perto de (1, 1) essa curva é o
gráfico de uma função y = y(x).
ii) calcule a derivada da função do item i) em (1, 1).
iii) note que (1, −1) também está na curva F (x, y) = y 2 − x3 = 0 e
portanto ela não é globalmente um gráfico de y = y(x).
Exercı́cio 5.2. Considere a cúbica F (x, y) = y 2 − x3 − 4x = 0.
Um fato muito bonito é que esta curva só tem 3 pontos com coor-
denadas Racionais:
(0, 0), (2, 4) e (2, −4).
Suponha esse fato.
Por outro lado ∂F∂y (x,y)
= 2y não se anula em (2, 4) nem em (2, −4), o
que nos dá a oportunidade de usar o método das tangentes (Afirmação
3.1) para obter pontos racionais a partir deles.
i) conclua sem fazer nenhuma conta que as retas tangentes a F (x, y)
em (2, 4) e em (2, −4) passam pela origem (0, 0).
ii) faça as contas e obtenha as equações dessas duas retas tangentes.
CAPı́TULO 16
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8
-0,2 x
-0,4
√
1. Derivada de y = x
√
Vejamos o que é a derivada de y = √x de dois modos distintos,
um pela definição e outro lembrando que :R>0 → R>0 é a inversa de
y = x2 : R>0 → R>0 .
Pela definição temos:
√ √
√ ′ x+h− x
x (x) := lim
h→0 h
e para x > 0 e h com |h| suficientemente pequeno para que x + h > 0,
escrevo:
√ √ √ √ √ √
x+h− x x+h− x x+h+ x
lim = lim ·√ √ .
h→0 h h→0 h x+h+ x
Agora uso que ( + △) · ( − △) = 2 − △2 , para obter que:
√ ′ x+h−x
x (x) = lim √ √ =
h→0 h · ( x + h + x)
1
= lim √ √ .
h→0 x+h+ x
√
E agora uso a continuidade de y = x (por ser inversa de função
contı́nua definida num intervalo) para fazer:
√ ′ 1 1
x (x) = lim √ √ = √ .
h→0 x+h+ x 2· x
Observe que
1
lim √ = +∞
xց0 2 · x
√
o que diz que o gráfico de y = x fica vertical na origem.
Agora quero comparar esse resultado com o que obtemos pelo Teo-
rema 0.1 sobre a derivada da inversa. √
Seja f : R>0 → R>0 dada por f (x) = x2 e sua inversa f −1 (x) = x.
Como f ′ (x) = 2x, então
√ √
f ′ ( x) = 2 · x
CAPÍTULO 16. FUNÇÕES INVERSAS E SUAS DERIVADAS 195
m
Podemos agora derivar funções do tipo x n com m, n ∈ N usando
as regras da composta e da inversa, pois
m 1
x n = (x n )m .
Então pelo Teorema 1.1 (a regra da composta) e o que já sabemos
1
para x n :
1 m′ 1 m−1 1 1
(x n ) = m · (x n ) · ( · x n −1 ) =
n
m m−1 1
−1 m m −1
= · x n · xn = ·xn
n n
3. DERIVADAS DO ARCOSENO E DO ARCOCOSSENO 196
m
Para podermos derivar funções do tipo x− n com m, n ∈ N podemos
m m
escrever x− n = 1mn e usar o que sabemos de quocientes e de x n :
x
m
1 ′ − m x n −1 m m 2m
( m ) = n 2m = − · x n −1− n =
xn xn n
m −m −1
− ·x n .
n
0,5
0
-1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5
x
-0,5
-1
1,5
0,5
0
-1 -0,5 0 0,5 1
x
-0,5
-1
-1,5
0,5
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
x
-0,5
-1
0
-1 -0,5 0 0,5 1
x
-1
3. DERIVADAS DO ARCOSENO E DO ARCOCOSSENO 198
1
Note que a função √1−x 2 para x ∈ (−1, 1) é sempre positiva, vale 1
na origem e tem
1 1
lim √ = +∞, e lim √ = +∞.
xր1 1 − x2 xց1 1 − x2
Tudo isso se vê na figura abaixo, onde plotei o arcoseno e sua
derivada, para x ∈ [−0.95, 0.95] (não posso me aproximar demais de
−1 ou de 1 se não o gráfico fica muito alto !)
CAPÍTULO 16. FUNÇÕES INVERSAS E SUAS DERIVADAS 199
0
-0,8-0,4 0 0,4 0,8
x
-1
0
-0,8-0,4 0 0,4 0,8
x
-1
4. Derivada do arcotangente
Como tan′ (x) = cos12 (x) > 0 se x ∈ (− π2 , π2 ) então a função tangente é
estritamente crfecente, logo injetora, logo tem inversa denotada arctan :
R → (− π2 , π2 ).
Afirmação 4.1.
1
arctan′ (x) = , ∀x ∈ R.
1 + x2
Demonstração.
Pelo Teorema 0.1 e pela derivada da função tan(x):
1
arctan′ (x) = ′
=
tan (arctan(x))
4. DERIVADA DO ARCOTANGENTE 200
1
= 1 =
cos2 (arctan(x))
= cos2 (arctan(x)).
Agora arctan(x) é um arco/ângulo e portanto vale:
sin2 (arctan(x)) 1
2
+1= 2
cos (arctan(x)) cos (arctan(x))
ou seja
1
tan2 (arctan(x)) + 1 = ,
cos2 (arctan(x))
e como
tan2 (arctan(x)) = (tan(arctan(x)))2 = x2 ,
1
x2 + 1 =
cos2 (arctan(x))
quer dizer:
1
cos2 (arctan(x)) =
1 + x2
Logo
1
arctan′ (x) = .
1 + x2
1
0,5
0
-3 -2 -1 0 1 2 3
-0,5
x
-1
Assim como vimos que há leis fı́sicas importantes modeladas a partir
da propriedade f ′′ (x) = −f (x) do seno e do cosseno, há processos muito
importantes modelados matematicamente pela relação:
f ′ (x) = f (x).
Essa relação entre a derivada e a função diz por exemplo que quanto
mais f (x) fica positivo mais aumenta sua velocidade. É a modelagem
de algum processo que tem um crescimento extraordinário.
Por exemplo, f (x) pode ser uma população em um certo tempo, e
que quanto mais elementos tem mais cruzamentos efetua, aumentando
a população, e assim por diante. Ou por exemplo uma dı́vida, sobre
7. EXERCÍCIOS 202
a qual incidem juros que aumentam a dı́vida e sobre ela mais juros
incidem, assim por diante.
7. Exercı́cios
Exercı́cio 7.1. (resolvidos: iii, iv, v, xv.)
√
Derive usando regras de derivação de +, −, x, /, e a derivada da
composta:
p
i) sin(x3 ), se sin(x3 ) > 0 ii) cos5 (x) + sin(x5 ),
x4 + x2 + 1
iii) sin3 (x3 ), iv) sin(x) cos(x), v) ,
3x4 + 4x2 + 1
√
vi) 1 − x2 , se |x| < 1, vii) sin(x3 ), viii) cos3 (x) + sin3 (x),
CAPÍTULO 16. FUNÇÕES INVERSAS E SUAS DERIVADAS 203
x7 − x2 − 1 x3 − x + 1
ix) 4 , x) 4 ,
x + 4x2 + 8 x − x3 + x2 − 1
2
xi) sin3 (x) − sin(x3 ), xii) 3 , 0 < x,
x
xiii) (sin(x) · cos (x)) , xiv) (x + 3) , xv) (3x + 4)100 .
2 2 100
7,5
6,5
5,5
4,5
-4 -2 0 2 4
x
0,5
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
x
-0,5
1
Vemos que o gráfico de f ′ (x) = 1+x 2 tem um ponto de inflexão, ou
1. Princı́pio de Fermat
Suponhamos dois pontos P1 = (x1 , y 1 ) e P2 = (x2 , y 2 ) com coorde-
nadas y > 0.
O problema é: Encontrar o ponto P = (x, 0) no eixo dos x que
minimiza a soma das distâncias P P1 + P P2 .
Não é uma perda de generalidade muito grande supôr que P1 =
(0, 1) (basta escolher sistema de coordenadas adequado).
Chamemos o ângulo 1) formado em P pelo eixo dos x e a reta P P1
de ângulo de incidência; e de ângulo refletido o ângulo formado pelo
eixo dos x e a reta P P2 .
Afirmação 1.1. (Princı́pio de Fermat)
• i) o ponto no eixo dos x que minimiza a soma de distâncias a
P1 := (0, 1) e a P2 := (x2 , y 2 ), com y 2 > 0, é
x
P = (x, 0) = ( 2 , 0).
1 + y2
• ii) os ângulos de incidência e refletido formados nesse P são
iguais.
2,5
1,5
0,5
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
x
√ q
= x + 1 + (x − x2 )2 + y 22 .
2
Do Item ii):
Calculo o coeficiente angular da reta P P1 :
1−0 (1 + y 2 )
a := x2 = − .
0 − 1+y x2
2
Como
x (x − x2 )
d1,k ′′ (x) = ( √ )′ + (k p )′ =
2
x +1 2
(x − x2 ) + 1
1 k
+ 2 > 0,
(x2 + 1)3/2 (x2 − 2x2 x + x2 + 1)3/2
a solução de d1,k ′ (x) = 0 será um ponto de mı́nimo de d1,k .
Mas
p √
d1,k ′ (x) = 0 ⇔ x · (x − x2 )2 + 1 = k x2 + 1 · (x2 − x)
x
0 1 2 3 4
0
-1
-2
-3
6,5
5,5
4,5
3,5
0 1 2 3 4
x
onde
eρ p
a := > 0 e b := a2 · (1 − e2 ) > 0.
1−e
Se e > 1, a equação geral vira:
x2 2 y2
+ · x − = 0,
a2 a b2
onde
eρ p
a := >0 e b := a2 (e2 − 1) > 0.
e−1
2Na
√
apostila c := √a2 − b2 para elipses
3Na apostila, c := a2 + b2 para hipérboles
1. DEFINIÇÃO UNIFICADA DAS CÔNICAS 216
r1 r2
b
F1 F2
ρ a a ρ
b
• Se na equação
x2 y 2
+ 2 =1
a2 b
fazemos a = b então os dois focos coincidem em (0, 0) e temos
o Cı́rculo de raio a.
2
• O raio a = aa do cı́rculo é um caso particular de semi-latus
rectum.
• Num novo sistema cartesiano (x, y) em que o vértice P0 está
em (x, y) = (h, k) e os focos estão na reta y = k, a elipse
x2 y 2
+ 2 =1
a2 b
se escreve como:
(x − h)2 (y − k)2
+ =1
a2 b2
que expandido dá uma expressão do tipo:
a1 x2 + a2 x + a3 y + a4 y 2 + a5 = 0.
Em Exercı́cios pode se pedir para, a partir de uma equação de
elipse do tipo
a1 x 2 + a2 x + a3 y + a4 y 2 + a5 = 0
determinar focos, eixos e a excentricidade.
Também o papel de x e y pode estar trocado.
2 2
• A pista para chegar na elipse na forma (x−h)
a2
+ (y−k)
b2
= 1 está
em completar os quadrados, ou seja, agrupar os termos em x
CAPÍTULO 18. AS CÔNICAS E SUAS PROPRIEDADES
REFLETIVAS 217
1
Considere então a parábola y = Cx2 , com foco F := (0, 4C ) e reta
1
diretriz horizontal y = − 4C .
Dado um ponto P = (x, Cx2 ) qualquer de seu gráfico, denote p sua
a projeção vertical na reta diretriz:
1
p := (x, − ).
4C
Afirmação 2.2.
1 1
A reta rx que liga os pontos p = (x, − 4C ) e F = (0, 4C ) é ortogonal
à reta tangente Tx ao gráfico de y = Cx2 em P = (x, Cx2 ).
Ademais, rx e Tx se intersectam em Mx := ( x2 , 0), que é o ponto
médio do segmento de p e F .
Em suma, Tx é a reta mediatriz do segmento ligando p e F .
As Figuras a seguir ilustram a Afirmação:
0
-4 -2 0 2 4
x
-2
-4
2. A PARÁBOLA E SUA PROPRIEDADE REFLETIVA 222
2
Fig: y = x4 , tangente y = x − 1 em P = (2, 1),
onde F = (0, 1), M = (1, 0) e p = (2, −1).
2
x
-4 -2 0 2 4
0
-2
-4
-6
-8
Demonstração.
Já sabemos que a reta tangente Tx tem equação:
y = (2Cx) · x − Cx2 .
E a reta rx ligando p e F tem coeficiente angular:
1 −1
4C
− 4C −1
= ,
0−x 2Cx
logo rx e Tx são ortogonais.
1
Por passar por F = (0, 4C ) a equação de rx é:
−1 1
rx : y = ·x+ .
2Cx 4C
Avaliando ambas as equações de retas em Mx = ( x2 , 0) vemos que
Tx e rx contêm Mx = ( x2 , 0).
Ademais as coordenadas de Mx são média aritmética das coorde-
1 1
nadas de (x, − 4C ) e (0, 4C ), logo Mx é ponto médio do segmento que
os une.
F
P
Pelo que vimos, isso quer dizer que raios de luz que chegam ver-
ticalmente devem refletir na parábola y = Cx2 e passar todos pelo
1
ponto F = (0, 4C ) que por isso merece o nome de foco, por concentrar
a luz. Esse fato é usado em antenas, microfones, espelhos de formato
parabólico, para concentrar ondas, som, calor, luz em um ponto, que é
o Foco.
Como não posso plotar retas verticais, não pude fazer o Exemplo a
seguir na posição vertical. Tive que colocar na horizontal. E só pude
usar metade da parábola, para ter um gráfico. Então a Figura a seguir
ilustra a concentração de 5 raios horizontais refletidos no Foco:
2,5
1,5
0,5
0
0 0,20,40,60,8 1
x
y2
Figura: Braço da parábola x = 4
refletindo 5 raios horizontais no Foco F = (1, 0).
3. A ELIPSE E SUA PROPRIEDADE REFLETIVA 224
Observe que esta Afirmação 3.1 dá um método prático para traçar
uma elipse: fixe dois pontos F1 e F2 , com dois pregos, e ligue-os por
um cordão maior que a distância F1 F2 . Com um lápis estique o cordão
e agora mova o lápis, sempre mantendo o barbante esticado, traçando
pontos P . Você traçará uma elipse, pois F1 P + P F2 é constante.
Demonstração. (da Afirmação 3.1)
Como notamos após a Definição 1.3, uma elipse pode ser definida
com relação a dois pares Foco/diretriz: F, r ou F ′ r′ .
Para qualquer ponto P da elipse temos
PF = e · P r e P F ′ = e · P r′ ,
onde r, r′ são as retas diretrizes.
r r’
F F’
ρ a a ρ
Logo
P F + P F ′ = e · r r′ ,
onde r r′ é a distância entre essas duas retas (paralelas).
Ou seja, que P F + P F ′ ≡ C é constante para pontos na elipse.
Na descrição que demos, a excentricidade e da elipse verifica:
eρ
a=
1−e
CAPÍTULO 18. AS CÔNICAS E SUAS PROPRIEDADES
REFLETIVAS 225
onde r
x2
f (x) = b · 1− .
a2
Logo a reta que só corta a elipse em P é de fato a sua reta tangente.
F1 F2
α/2
β
α/2
Q
F1 F2
x2 y 2
− 2 =1
a2 b
se e somente se
| P F1 − P F2 | = 2a,
onde F1 = (−c, 0) e F2 = (c, 0) são os dois focos e b2 = c2 − a2 .
Demonstração.
Por exemplo suponhamos que P F1 − P F2 ≥ 0.
Por definição
P F1 − P F2 = e · P r1 − e · P r2 .
= e · r1 r2
logo P F1 − P F2 ≡ C é constante.
Pela Afirmação 1.2,
ep
a= ,
e−1
ou seja 2ae − 2a = 2ep e
2a = e · (2a − 2p).
Mas 2a − 2p = r1 r2 .
Também a Afirmação 1.2 e a simetria da hipérbole no eixo x dão
que os focos têm essas coordenadas.
3
2
1
y 0
-6 -4 -2 0 2 4 6
-1
x
-2
-3
2
Figura: a hipérbole x22 − y 2 = 1 e retas paralelas
às retas y = 12 x e y = − 12 x.
Demonstração. (Afirmação 4.2)
2 2
Considero pontos da hipérbole xa2 − yb2 = 1 com coordenada y > 0,
ou seja, onde posso representar a hipérbole pelo gráfico de
r
x2
y=b − 1.
a2
q
2
Quero intersectar uma reta qualquer por (x, b xa2 − 1):
r
x2
y = Ax + b − 1 − Ax,
a2
com a hipérbole. Obtendo então de
q
x2 2
x2 (A x + b 1 − a2 − Ax)
− − 1 = 0,
a2 b2
a equação em x:
q q
x2 x2
1 A 2
2 2A x 2 a2 − 1 A
2
x A x 2 a2 − 1 Ax
2 2 2
( 2 − 2 ) x +( 2 − ) x− 2 − 2 + = 0.
a b b b a b b2
Essa equação em x deixa de ser quadrática quando
1 A2
− = 0.
a2 b2
Ou seja, as retas passando por P com coeficientes angulares
b
A=±
a
só cortam a hipérbole em P .
4. A HIPÉRBOLE E O ANÁLOGO DA PROPRIEDADE
REFLETIVA 230
1 A2
Quando a2
− 6= 0, o dicriminante da função quadrática em x é:
b2
q
2
4(−a A + a A x − 2a b xa2 − 1 Ax + b2 x2 )
4 2 2 2 2 2
,
b 2 a4
e procuramos por coeficientes angulares A tais que, ∀x, anulem esse
discriminante (pois isso dará apenas uma única interseccçao da reta
com a elipse).
Ou seja, buscamos A que anulem o numerador
r
x2
−a4 A2 + a2 A2 x2 − 2a2 b − 1 Ax + b2 x2 .
a2
Mas uma conta tediosa mostra que:
r
4 2 2 2 2 2 x2
−a A + a A x − 2a b 2
− 1 Ax + b2 x2 =
a
bx
= (−a4 + a2 x2 ) · ( A − q )2
x 2
a2 a 2 − 1
e portanto
bx
A= q
x2
a2 a2
−1
é o valor de A que anula o discriminante acima, ∀x.
Por outro lado reconhecemos que
bx
q = f ′ (x),
2 x2
a a2
−1
onde r
x2
f (x) = b − 1.
a2
Logo a reta que só corta a hipérbole em P é de fato a reta tangente.
2 2
Afirmação 4.3. Quando |x| → ∞ os pontos da hiperbole xa2 − xy 2 =
1 se aproximam das reta y = ab x ou da reta y = − ab x (chamadas de
assı́ntotas).
F2 ’
α/2 α/2
F1 F2
5. Exercı́cios
Exercı́cio 5.1. 2
2
Chamamos uma hipérbole xa2 − yb2 = 1 de retangular se suas assı́ntotas
são ortogonais entre si.
Qual a relação entre a e b que é necessária e suficiente para termos
uma hipérbole retangular ?
CAPı́TULO 19
235
2. QUAL FUNÇÃO DESCREVE AS ÁREAS SOB GRÁFICOS?236
1
Figura: 12 retângulos sob o gráfico, de mesma largura ( 12 do intervalo).
1
Figura: 24 retângulos sob o gráfico, de mesma largura ( 24 do intervalo).
Nem precisam ter os retângulos a mesma largura, como nas Figuras;
basta que o máximo das larguras dos retângulos tenda a zero à medida
que refinamos as escolhas dos retângulos.
Isso parece ainda um pouco vago, mas na Seção seguinte faremos
alguns Exemplos explı́citos, onde fazemos a partição da base ficar cada
vez mais fina e obtemos via um limite um valor bem determinando,
que será a área. É possı́vel provar um teorema geral do seguinte tipo:
Afirmação 1.1. (B. Riemann)1 Seja f : [a, b] → R, f (x) ≥
0 contı́nua.2 Então a soma das áreas de retângulos justapostos sob
o gráfico tende a um certo número bem definido, quando a largura
máxima dos retângulos tende a zero.
Esse número é por definição a Área sob o gráfico de f , de a até b,
denotada por Af,a (b).
1Observo desde já que se pode dar versões bem mais fortes desse teorema de
Riemann.
2Note que se f não fosse contı́nua, quem sabe f não tivesse máximo global em
[a, b] e a figura sob seu gráfico fosse infinitamente alta. Nesse caso a área poderia ser
infinita, não ser um número determinando. Mas sendo f contı́nua e [a, b] intervalo
fechado limitado então ela tem um máximo global
CAPÍTULO 19. INTEGRAÇÃO E O PRIMEIRO TEOREMA
FUNDAMENTAL 237
Mas pelo que já vimos na Parte 1 (já que C e x não mudam
com n):
2n3 − 3n2 + n 31 Cx3
lim Cx3 = Cx = .
n→+∞ 6n3 3 3
Cx3
Então é ACx2 ,0 (x) = 3
.
x3 x4
= C1 3 · (1 + 2 + . . . + (n − 1) ) + C2 4 · (13 + 23 + . . . + (n − 1)3 ),
2 2 2
n n
e pelo que vimos nos dois exemplos anteriores 3),4) (e pelo
limite de somas):
x3 2 2 2 x4 3 3 3
lim C1 · (1 + 2 + . . . + (n − 1) ) + C2 4 · (1 + 2 + . . . + (n − 1) ) =
n→+∞ n3 n
x3 x4
= C1 + C2 .
3 4
Nos 5 Exemplos acima há, digamos assim, uma coincidência notável:
Cx2
A(x) = Cx ⇒ A′ (x) = C, A(x) = ⇒ A′ (x) = Cx,
2
Cx3 Cx4
A(x) = ⇒ A′ (x) = Cx2 , A(x) = ⇒ A′ (x) = Cx3 .
3 4
C1 x3 C2 x4
A(x) = + ⇒ A′ (x) = C1 x2 + C2 x3 .
3 4
Como veremos isso não é uma coincidência ! O fato geral por trás
disso, de que derivando a função Área sob o gráfico voltamos na função
que dá o gráfico, será o Primeiro Teorema Fundamental do Cálculo.
E de fato é a chave para se calcular áreas sob gráficos incrivelmente
complicados (no Segundo Teorema fundamental do Cálculo).
M_f
f (ξ)
m_f
Figura: A área sob o gráfico é igual à do retângulo de altura f (ξ), mf < f (ξ) < Mf
Demonstração.
Começo observando que, dado o h > 0, o valor Af,x (h) tem que
estar entre:
mf · h ≤ Af,x (x + h) ≤ Mf · h
onde mf · h é a Área de uma retângulo com base h e altura mf (o
mı́nimo de f em [x, x + h]) e Mf · h é a Área de uma retângulo com
base h e altura Mf (o máximo de f em [x, x + h]).
Divido por h > 0:
Af,x (x + h)
mf ≤ ≤ Mf ,
h
A (x+h)
e portanto f,x h é um valor intermediário da f : [a, b] → R, um
valor entre seu mı́nimo e seu máximo.
Logo pelo T.V.I. existe ξ ∈ [x, x + h] tal que
Af,x (x + h)
= f (ξ),
h
logo Af,x (x + h) = f (ξ) · h.
Rc
• v) c
f (x)dx = 0 para qualquer c ∈ [a, b].
Demonstração.
Me contentarei com dar algumas idéias sobre cada item. Os detalhes
se vêem em cursos de Análise Matemática.
i), ii) e iii) são técnicas, e nos dão a liberdade na escolha das
partições.
iv): óbvia se sabemos iii).
v): óbvia, pois posso pensar em no domı́nio [a′ , b′ ] := {c}.
vi): decorre da liberdade que temos nas partições de [a, b] = [a, c] ∪
[c, b].
vii): pode ser tomado como uma definição.
viii): Decorre da desigualdade triangular que:
| (x1 − x0 ) · f (ξ0 ) + (x2 − x1 ) · f (ξ1 ) + . . . + (xn − xn−1 ) · f (ξn−1 ) | ≤
≤ | (x1 − x0 ) · f (ξ0 ) | + | (x2 − x1 ) · f (ξ1 ) | + . . . + | (xn − xn−1 ) · f (ξn−1 ) | =
= (x1 − x0 ) · |f (ξ0 ) | + (x2 − x1 ) · | f (ξ1 ) | + . . . + (xn − xn−1 ) · | f (ξn−1 ) |,
e reconhecemos que esta última expressão é uma soma de Riemann
da função | f (x) |.
Logo ao passar ao limite obtemos a desigualdade entre as integrais.
ix) Decorre de
(x1 −x0 )·( c1 f (ξ0 )±c2 g(x0 ) )+. . .+(xn −xn−1 )·( c1 f (ξn−1 )±c2 g(xn−1 )) =
= c1 · [(x1 − x0 ) · f (ξ0 ) + . . . + (xn − xn−1 ) · f (ξn−1 )]±
± c2 · [(x1 − x0 ) · g(ξ0 ) + . . . + (xn − xn−1 ) · g(ξn−1 )].
Rb
Exemplo: Chamo a atenção que quando tivermos a f (x)dx = 0
isto não dirá em geral que f ≡ 0. Por exemplo se tomo [a, b] = [0, 2π]
5. FUNÇÕES COM DERIVADA, MAS SEM SEGUNDA
DERIVADA 244
Notação: Rx
Como esse Teorema diz que a f (t)dt é uma primitiva de f e como
duas primitivas definidas num mesmo intervalo só diferem por con-
stante C, podemos usar como sı́mbolo para a(s) primitiva(s) de f :
Z
f dx,
0,5
x
0,5 1 1,5 2 2,5 3
0
-0,5
-1
-1,5
-2
0,5
x
-3 -2,5 -2 -1,5 -1 -0,5
0
-0,5
-1
-1,5
-2
x
-4 -2 0 2 4
0
-2
-4
-6
Figura: O gráfico de y = ln | x |.
Agora vamos ver que essa soma se faz tão grande quanto quisermos,
quando n cresce, o que implica que a área sob o gráfico à direita de 1
fica tão grande quanto quisermos.
De fato, denote:
1 1 1
sn := + + . . . +
2 3 n
e portanto com essa notação:
1 1 1 1 1 1 1
s2n := + ( + ) + ( + + + ) + . . . +
2 | 3 {z 4 } | 5 6 {z 7 8 }
21 parcelas 22 parcelas
1 1 1
+ ( n−1 + n−1 + ... n).
|2 + 1 2 {z + 2 2 }
2n−1 parcelas
Olhano o menor termo em cada grupo destacado acima,vemos que
1 1 1 2n−1 1
s2n ≥ + 2 · 2 + 4 · 3 + ... + n = n · .
2 2 2 2 2
n
Ora como limn→+∞ 2 = +∞ obtemos que limn→+∞ s2n = +∞ e por-
tanto limn→+∞ sn = +∞. Isso diz que 12 + 13 + . . . + n1 fica tão grande
quanto eu quiser, se n crescer o suficiente.
De ii):
Só com a definição de ln(x) é imediato que ∀x > 1: ln(x) < x − 1,
pois x − 1 é a área do retângulo de altura 1 e base [1, x].
E como x − 1 < x concluo:
0 < ln(x) < x, ∀x ≥ 1.
Por outro lado é claro que
1
x > 1 ⇔ x2 > 1
(passe da esquerda para a direita tirando a raı́z quadrada, e da dirita
para a esquerda elevando ao quadrado).
Ou seja:
1 1
0 < ln(x 2 ) < x 2 , se x > 1,
e pela propriedade do logaritmo:
1 1
0 < ln(x) < x 2 , se x > 1.
2
Agora eleve tudo ao quadrado obtendo:
(ln(x))2
0< < x, se x > 1
4
e daı́
ln(x) 4
0< < , se x > 1.
x ln(x)
4. CRESCIMENTO MUITO LENTO DO LOGARITMO E MUITO
RÁPIDO DA EXPONENCIAL 252
como querı́amos.
CAPÍTULO 20. LOGARITMO NATURAL E SUA INVERSA, A
EXPONENCIAL 253
0,8
0,6
0,4
0,2
0
-1 -0,5 0 0,5 1
x
e portanto, como exp(z 2 ) > exp(z) se |z| > 1, com mais razão:
z
lim =0
z→∞ exp(z 2 )
logo f ′ (0) = 0.
Agora para a segunda derivada, lembro a definição:
f ′ (h) − f ′ (0)
f ′′ (0) = lim .
h→0 h
Se h 6= 0, o valor de f ′ (h) é dado pela regra da composta:
Logo:
2 exp(−h−2 )h−3
f ′′ (0) = lim =
h→0 h
1
h4
=2 .
exp( h12 )
1
Agora com a notação z = h2
temos
z2
f ′′ (0) = lim ,
z→+∞ exp(z)
e já vimos que
z2
lim =0
z→+∞ exp(z)
logo
f ′′ (0) = 0.
Deixo como exercı́cio para o leitor mostrar, do mesmo jeito, que
f ′′′ (0) = 0. Etc.
O Maple dá ao seu gráfico o seguinte formato:
CAPÍTULO 20. LOGARITMO NATURAL E SUA INVERSA, A
EXPONENCIAL 255
0,35
0,3
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
-1 -0,5 0 0,5 1
x
Mas note que parece que ela é zero em todo esse intervalo. Se
diminuo o intervalo ainda assim o gráfico dado pelo programa é en-
ganador : parece que se anula ainda em todo esse intervalo.
0,016
0,012
0,008
0,004
0
-0,4 -0,2 0 0,2 0,4
x
+∞
X f (i) (0) i
x,
i=0
i!
é a chamada série de Taylor de f em x = 0 (pois os cálculos de seus
(i)
coeficientes f i!(0) foram feitos na origem x = 0).
No nosso caso como f (0) = f (i) (0) = 0, ∀i ∈ N, então a sua série de
Taylor de f em x = 0 é identicamente nula. Como cada série de Taylor
6. EXERCÍCIOS 256
6. Exercı́cios
Exercı́cio 6.1. Derive:
√
i) exp(x ln(x)), ii) x2 ln(x2 ) + x, iii) ln( x2 + 1),
iv) ln(x2 + 1), v) x2 ln(x), se x > 0, vi) exp(x2 ln(x)), vii) ln(x4 ),
1
viii) ln( ), 0 < x ≤ 1, ix) ln(x6 + 4x2 ).
x
Exercı́cio 6.2. Sejam f > 0 e g > 0.
ii) Usando a propriedade
f (x)
ln( ) = ln(f (x)) − ln(g(x))
g(x)
4 2
derive ln( 3xx4 +4x
+x +1
2 +1 ).
4 +x2 +1
iii) Como seria derivar ln( 3xx4 +4x 2 +1 ) sem usar i) ?
1,5
0,35
0,3
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
2 4 6 8 10
x
1,2
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 1 2 3 4
x
sin(x) cos(x)
i) , ii) x sin(x2 ) cos(x2 ),
6
2x + cos(x)
iii) 2 , se x2 + sin(x) ≥ 1,
x + sin(x)
1+x m
iv) , se x > 0, v) x n , m, n ∈ N, vi)2x cos(x2 ),
x
x
vii) cos(x2 ), viii) x exp(x2 ), ix) exp(x) cos(exp(x)),
2
x)f (x) = a0 xn + a1 xn−1 + . . . + an , ai ∈ R,
4x3 + 4x x19 exp(x20 )
xi) , xii) ,
x4 + 2x2 + 1 20
6. EXERCÍCIOS 258
exp( x1 )
xiii) , xiv) sin(x) sin(cos(x)),
x2
6x5 + 4x x19 exp(x20 )
xv) expn (x), n ∈ N xvi) , xvii)
x6 + 2x2 + 1 20
7
xviii) , xix) cos(x) cos(sin(x)).
x7
Exercı́cio 6.7. Apenas usando a definição dada em aula de lnar-
itmo natural, mostre que 0.5 < ln(2) < 2
Apenas com essa definição de e mostre que e < 4 (dica: compare
com áreas de retângulos adequados)
Exercı́cio 6.8. Prove que ∀k número Inteiro: ln(xk ) = k ln(x),
∀x ≥ 1. Em aula já fizemos para k nos Naturais (veremos depois que
vale ∀x > 0).
Exercı́cio 6.9. Prove que ∀x, y ≥ 1 vale ln(x · y) = ln(x) + ln(y).
(depois veremos que o mesmo vale ∀x, y > 0).
Para isso: i) fixe y e deixe livre apenas a variável x. Prove usando
o Cálculo que ln(x · y) − (ln(x) + ln(y)) ≡ C, ii) depois verifique que
C = 0.
Exercı́cio 6.10. Com os itens 7) e 8) prove que:
x
ln( ) = ln(x) − ln(y),
y
x
onde x ≥ 1, y ≥ 1, y ≥ 1 (veremos depois que vale para x, y > 0.
Exercı́cio 6.11. 11) defina o lnaritmo em base a por lna (x) :=
ln(x)
ln(a)
. Verifique que
i) lna (x) está bem definido se a, b, x ≥ 1 (mais tarde vermos que
basta ser a, b, x > 0) e que lne (x) = ln(x), ii) lna (a) = 1, iii) lnb (x) =
lna (x) · ln(a)
ln(b)
. iv) calcule a derivada de f (x) = lna (x), v) usando essa
derivada e as idéias do Cálculo, mostre que
lna (x · y) = lna (x) + lna (y), x, y ≥ 1
e que lna (xn ) = n lna (x).
Exercı́cio 6.12. Como definir uma função inversa de lna (x) ? Tem
que ser alguma g(y) tal que g(lna (x)) = x, ou seja g( ln(x)
ln(a)
) = x e
1
portanto g tem que eliminar o ln(a) e depois o efeito de exp. que tal
g(y) = exp(ln(a)y).
Teste-a e chame-a de ay = g(y).
Exercı́cio 6.13. Seja exp(y) a inversa de y = ln(x).
i) O objetivo é provar que ∀y1 , y2 na imagem de ln vale
exp(y1 + y2 ) = exp(y1 ) · exp(y2 ).
CAPÍTULO 20. LOGARITMO NATURAL E SUA INVERSA, A
EXPONENCIAL 259
2,5
1,5
0,5
0
0 1 2 3 4
x
0,5
x
-2 -1 0 1 2
0
-0,5
-1
-1,5
-2
1
x
0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
0
-1
-2
-3
-4
CAPı́TULO 21
e portanto:
A 1 ,1 (y) = A 1 ,x (xy).
x x
1
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
x
1
Figura: As áreas sob x
entre 1 e 2 ou entre 2 e 4 são iguais !.
foi observada por Gregory St. Vincent e A.A. Sarasa, antes do Cálculo.
263
2. SEGUNDO TEOREMA FUNDAMENTAL DO CÁLCULO 264
Demonstração.
Tome uma F (x) com F ′ (x) = f (x) ∀x ∈ [a, b] (não importa como
se achou).
CAPÍTULO 21. SEGUNDO TEOREMA FUNDAMENTAL E
ÁREAS 265
Demonstração.
Suponhamos primeiramente o caso em que
g(x) ≥ 0, ∀x ∈ [a, b].
Então f (x) ≥ 0, ∀x ∈ [a, b], já que f (x) ≥ g(x).
Rb
Por um lado, a f (x) dx é a Área da região de x = a até x = b
abaixo do gráfico de f (x) e acima do eixo dos x, já que f (x) ≥ 0.
Rb
Enquanto que a g(x) dx é a Área da região de x = a até x = b
abaixo do gráfico de g(x) e acima do eixo dos x, já que g(x) ≥ 0.
Por uma propriedade da Integral:
Z b Z b Z b
f (x) − g(x) dx = f (x) dx − g(x) dx
a a a
Rb
e, como f (x) ≥ g(x), a f (x) − g(x) dx dá área da região de x = a até
x = b, abaixo do gráfico de f (x) mas acima do gráfico de g(x).
Agora, no caso geral, pode acontecer que g(x) < 0 para algum
ponto no intervalo [a, b].
Como g(x) é contı́nua, ela tem um valor mı́nimo global em [a, b].
Chame-o de −C < 0. Então as novas funções
f (x) := f (x) + C e g(x) := g(x) + C
têm
g(x) ≥ 0, ∀x ∈ [a, b],
(se não fosse assim para algum x ∈ [a, b] então g(x) + C < 0 e g(x) <
−C, contradizendo a escolha de −C como mı́nimo da g) e
f (x) ≥ g(x), ∀x ∈ [a, b].
0
-1 -0,5 0 0,5 1
x
-1
-2
4. Exercı́cios
Exercı́cio 4.1. Usando o Segundo Teorema Fundamental do Cáculo
1
determine a área compreendida entre os gráficos de y = x3 e de y = x 3 .
1,5
0,5
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2
x
0
0 0,5 1 1,5 2
x
1,5
0,5
0
-1 -0,5 0 0,5 1
x
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
x
0,2
0,15
0,1
0,05
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
x
CAPÍTULO 21. SEGUNDO TEOREMA FUNDAMENTAL E
ÁREAS 269
0,2
0,15
0,1
0,05
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
x
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
x
Técnicas de Integração
e portanto:
Z x Z x
′
f (x) · g(x)dx = f (x) · g(x) − f (x) · g ′ (x)dx + C
a a
como querı́amos
Z Z
cos(x) cos(x) dx = sin(x) cos(x) − sin(x)(− sin(x)) dx =
| {z } | {z } | {z }
f ′g fg f g′
Z
sin(x) cos(x) + sin2 (x)dx =
Z
= sin(x) cos(x) + (1 − cos2 (x))dx =
Z
= sin(x) cos(x) + x + C − cos2 (x)dx.
Logo Z
2· cos2 (x)dx = sin(x) cos(x) + x + C
e portanto: Z
sin(x) cos(x) + x
cos2 (x)dx = + C.
2
Rb
vi) a
cos3 (x) dx:
Z Z
2 2
cos(x) cos (x) dx = sin(x) cos (x) − sin(x)(−2 cos(x) sin(x)) dx =
| {z } | {z } | {z }
f ′g fg f g′
Z
= sin(x) cos2 (x) + 2 sin2 (x) cos(x)dx =
Z
= sin(x) cos (x) + 2 (1 − cos2 (x) cos(x)dx =
2
Z Z
= sin(x) cos (x) + 2 cos(x)dx − 2 cos3 (x)dx.
2
Logo
Z Z
3· cos (x)dx = sin(x) cos (x)+2 cos(x)dx = sin(x) cos2 (x)+2 sin(x)+C,
3 2
e portanto:
Z
sin(x) cos2 (x) + 2 sin(x)
· cos3 (x)dx = + C.
3
Rb
vii) a
x2 cos(bx) dx:
Z Z
2 sin(bx) 2 sin(bx)
cos(bx)x dx = x − 2x dx =
| {z } | b{z } | b{z }
f ′g
fg f g′
Z
sin(bx) 2 2
= x − sin(bx)x =
b b
Z
sin(bx) 2 2
x − sin(bx)x F ′ Gdx =
b b | {z }
2. INTEGRAÇÃO POR SUBSTITUIÇÃO 274
Z
sin(bx) 2 2 cos(bx)
= x − [− x− sin(bx)1 dx] =
b b | {z
b } | {z }
sin(bx) 2 2 2
= x + 2 cos(bx)x − 2 cos(bx) + C.
b b b
Rb
viii) a exp(ax) cos(bx) dx:
Z Z
sin(bx) sin(bx)
cos(bx) exp(ax) dx = exp(ax) − a exp(ax) dx =
| {z } | b {z } | b {z }
f ′g
fg f g′
Z
sin(bx) a
= exp(ax) − sin(bx) exp(ax) dx =
b b | {z }
F ′G
Z
sin(bx) a − cos(bx) − cos(bx)
= exp(ax) − [ exp(ax) − a exp(ax) .
b b | b {z } | b {z }
FG F G′
Logo
Z
sin(bx) exp(ax) a
2 · cos(bx) exp(ax)dx = + 2 cos(bx) exp(ax) + C
b b
e
Z
1 sin(bx) exp(ax) a
cos(bx) exp(ax)dx = ( + 2 cos(bx) exp(ax)) + C.
2 b b
onde F (u) é uma primitiva de f (u). Mas por outro lado, pela regra da
composta:
(F (g(x)))′ = F ′ (g(x))g ′ (x) = f (g(x))g ′ (x)
ou seja que F (g(x)) é primitiva da função:
f (g(x))g ′ (x).
Portanto se aplico o Segundo Teorema para calcular
Z b
f (g(x))g ′ (x)dx
a
tenho Z b
f (g(x))g ′ (x)du = F (g(b)) − F (g(a)).
a
Logo
Z g(b) Z b
f (u)du = f (g(x))g ′ (x)dx.
g(a) a
2. INTEGRAÇÃO POR SUBSTITUIÇÃO 276
2 ln(x)
Exemplo 2.1. Vamos provar aqui que a área sob o gráfico de x
,
de x = 1 até x = e := exp(1) vale exatamente 1.
Ou seja, que Z e
2 ln(x)
dx = 1.
1 x
Faço u = ln(x), du = x1 dx e acerto os liitesd e integração:
Z e Z 1
2 ln(x) u2 u2
dx = 2 u du = 2 [ (1) − (0)] = 1.
1 x 0 2 2
u2
= +C =
2
sin2 (x)
= + C.
2
Se quisermos destacar os limites de integração então faremos:
Z b Z sin(b)
sin(x) cos(x) dx = u du =
a sin(a)
un+1
= +C =
n+1
sinn+1 (x)
= + C.
n+1
Se atentamos aos limites de integração:
Z b Z sin(b)
n
sin (x) cos(x) dx = un du =
a sin(a)
Faço
u = x − 5, du = dx
3 3
e escrevo x = (u + 5) . Daı́:
Z Z
√ 1
3
x · x − 5 dx = (u + 5)3 u 2 du =
Z
1
= (u3 + 15u2 + 75u + 125)u 2 du =
7 5 3 1
= u 2 + 15u 2 + 75u 2 + 125u 2 du =
2 9 30 7 5 250 3
= u 2 + u 2 + 30u 2 + u2 + C =
9 7 3
2 9 30 7 5 250 3
= (x − 5) 2 + (x − 5) 2 + 30(x − 5) 2 + (x − 5) 2 + C.
9 7 3
3. SUBSTITUIÇÕES TRIGONOMÉTRICAS, ÁREAS DO
CÍRCULO E ELIPSE 278
Exemplo 2.6.
Z
1
√ √ dx, x > 0.
x exp( x)
Faço
√ 1
u= x, du = √ ,
2 x
logo Z Z
1
√ √ dx = exp(−u) 2 du =
x exp( x)
1
= 2 (− exp(−u)) + C = −2 √ + C.
exp( x)
Faço a substituição:
x = r sin(θ).
Pelo Teorema 2.1 acima tenho que calcular:
Z π q Z r=r sin( π ) √
2 2
2
r2 − r2 sin (θ) · r cos(θ) dθ = r2 − x2 dx.
0 0=r sin(0)
π
Ora como na região 0 ≤ θ ≤ temos cos(θ) ≥ 0 posso dizer que:
2
q
cos(θ) = 1 − sin2 (θ)
então escrevo:
Z π q Z π q
2 2
2 2
2 2
r − r sin (θ) · r cos(θ) dθ = r 1 − sin2 (θ) · cos(θ) dθ =
0 0
CAPÍTULO 22. TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO 279
Z π
2
2
=r cos2 (θ) dθ.
0
Já fizemos na Seção 1 a integral:
Z
cos2 (θ) dθ
Note que
x
x = r sin(θ) ou seja θ = arcsin( )
r
dão que
sin(θ) cos(θ) + θ 1 x x x
= · [ · cos(arcsin( )) + arcsin( )] =
2 2 r r r
r
1 x x2 x
= · [ · 1 − 2 + arcsin( )] =
2 r r r
1 x √ x
= · [ 2 · r2 − x2 + arcsin( )].
2 r r
Ou seja,
Z √
r2 x √ 2 x
r2 − x2 dx = · [ 2 · r − x2 + arcsin( )] + C
2 r r
ou finalmente
Z √ √
1 x
r2 − x2 dx = · [x · r2 − x2 + r2 arcsin( )] + C
2 r
(ufa, que primitivas !).
1Outra opção para continuar seria usar a fórmula trigonométrica: cos2 (θ) =
1+cos(2θ)
2 e depois uma primitiva de 1+cos(2θ)
2 , que é naturalmente
θ sin(2θ) sin(θ) cos(θ) + θ
+ = .
2 4 2
3. SUBSTITUIÇÕES TRIGONOMÉTRICAS, ÁREAS DO
CÍRCULO E ELIPSE 280
= ln | sec(u) + tan(u)| + C
√
= ln |x + tan( x2 − 1)| + C.
• iii) b2 −4ac < 0, ou seja, ax2 +bx+c tem duas raı́zes complexas
conjugadas (não tem raı́zes Reais).
No caso i):
Faço u = x − x, du = dx e
Z Z
1 1
2
dx = dx =
ax + bx + c (x − x)2
CAPÍTULO 22. TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO 283
Z
1 −1 1
= 2
du = +C = + C.
u u x−x
No caso ii):
Gostaria de escrever, para A e B números bem escolhidos:
1 1 A B
dx = = + ,
ax2 + bx + c (x − x1 ) · (x − x2 ) x − x1 x − x2
pois então terı́amos:
Z Z Z
1 A B
dx = dx + dx =
(x − x1 ) · (x − x2 ) x − x1 x − x2
Z Z
1 1
=A· du + B · dv,
u v
onde u = x − x1 e v = x − x2 e daqui chegaamos em:
1
= A · ln |x − x1 | + B · ln |x − x2 | + C.
(x − x1 ) · (x − x2 )
Como encontrar A e B como queremos ? Queremos que valha:
1 A B
= + ,
(x − x1 ) · (x − x2 ) x − x1 x − x2
ou seja, somando as frações à direita:
1 (A + B)x − Ax2 − Bx1
= .
(x − x1 ) · (x − x2 ) (x − x1 ) · (x − x2 )
No caso iii):
Primeiro faço, já que a 6= 0:
Z Z Z
1 1 1 1
dx = b c
dx = · dx.
2
ax + bx + c a(x2 + a x + a ) a x2 + ab x + c
a
R
6. (AX 2 + BX + C)−1 DX 284
Agora escrevo3:
b c b c b2
x2 + x + = (x + )2 + − 2 =
a a 2a a 4a
b 4ac − b2
= (x + )2 + .
2a 4a2
Como estamos no caso iii) sabemos que
4ac − b2 > 0
e por isso posso escrever:
b
b 2 4ac − b2 4ac − b2 x + 2a
(x + ) + 2
= 2
· [ ( √ )2 + 1. ]
2a 4a 4a ( 4ac−b 2
) 2a
Até aqui temos, no caso iii), apenas que:
Z Z
1 1 4a2 1
dx = · · dx.
ax2 + bx + c a 4ac − b2 x+ b
[( √ 2a
4ac−b2
)2 + 1 ]
( 2a
)
1
x
-1 -0,5 0 0,5 1
0
-1
-2
-3
-4
Z Z
1 1 −1
dx = dx = +C
Ax3 + Bx2 + Cx + D (x − x1 )3 (x − x1 )2
R
7. (AX 3 + BX 2 + CX + D)−1 DX 286
No caso ii):
Z
1 1
dx = dx
Ax3 + Bx2 + Cx + D (x − x1 )2· (x − x2 )
vamos ser otimistas e tentar escrever, para ci constantes bem escolhidas:
1 c1 c2 c3
2
= + 2
+
(x − x1 ) · (x − x2 ) (x − x1 ) (x − x1 ) (x − x2 )
pois então obterı́amos:
Z
1 −1
2
dx = c1 ·ln |x−x1 |+c2 · +c3 ·ln |x−x2 |+C.
(x − x1 ) (x − x2 ) x − x1
Para encontrarmos ci adequadas, façamos primeiro a soma de frações
‘a direita:
c1 c2 c3
+ + =
(x − x1 ) (x − x1 )2 (x − x2 )
c1 (x − x1 )(x − x2 ) + c2 (x − x2 ) + c3 (x − x1 )2
= =
(x − x1 )2 (x − x2 )
(c1 + c3 )x2 + (c2 − c1 (x1 + x2 ) − 2c3 x1 )x + (c1 x1 x2 − c2 x2 + c3 x21 )
= .
(x − x1 )2 (x − x2 )
Como o numerador dessa última expressão tem que igual ao numerador
de (x−x )12 (x−x ) otemos um sistema de três equações:
1 2
c1 + c3 = 0, c2 − c1 (x1 + x2 ) − 2c3 x1 = 0
c1 x1 x2 − c2 x2 + c3 x21 = 1.
As duas primeiras equações dão:
c3 = −c1 , c2 = c1 (x2 − x1 ),
que quando substituidas na terceira equação dão:
1 −1
c1 = 2 2
= ,
2x1 x2 − x1 − x2 x1 − x2 )2
ou seja encontramos assim c1 , c2 , c3 , se conhecemos as raı́zes Reais x1 6=
x2 .
No caso iii) gostarı́amos de escrever :
1 c1 c2 c3
= + +
(x − x1 )(x − x2 )(x − x3 ) x − x1 x − x1 x − x 3
pois então integrarı́amos usando ln | |.
Somamos
c1 c2 c3
+ + =
x − x1 x − x 1 x − x3
(c1 + c2 + c3 ) x2 − (c1 (x2 + x3 ) + c2 (x1 + x3 ) + c3 (x1 + x2 )) x
= +
(x − x1 )(x − x2 )(x − x3 )
c 1 x x + c 2 x1 x 3 + c 3 x1 x2
+ 2 3
(x − x1 )(x − x2 )(x − x3 )
CAPÍTULO 22. TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO 287
Caso iv):
Aqui temos Ax3 + Bx2 + Cx + D = (x − x1 ) · (ax2 + bx + c) onde
2
ax + bx + c tem raı́zes complexas conjugadas. Se conhecemos x1 ,
também conhecemos a, b, c por divisão de polinômios. Portanto con-
sidero conhecidos esses coeficentes a, b, c.
Seremos otimistas tentando escrever, para c1 , c2 , c3 adequados:
1 c1 c2 x + c3
2
= + 2 .
(x − x1 ) · (ax + bx + c) x − x1 ax + bx + c
Note que:
1 c1 c2
2
6= + 2 , ∀c1 , c2
(x − x1 ) · (ax + bx + c) x − x1 ax + bx + c
pois se por absurdo fazemos:
1 c1 c2
= + =
(x − x1 )(ax2 + bx + c) x − x1 ax2 + bx + c
ac1 x2 + (bc1 + c2 )x + (c1 c − c2 x1 )
=
(x − x1 )(ax2 + bx + c)
poduzimos equações:
ac1 = 0, quadbc1 + c2 .
Como a 6= 0 neste caso, então c1 = 0 e daı́ obtemos c2 = 0, absurdo.
Mas por outro lado sim é possı́vel:
1 c1 c2 x + c3
2
= + 2 ,
(x − x1 ) · (ax + bx + c) x − x1 ax + bx + c
pois
c1 c2 x + c3 (ac1 + c2 )x2 + (bc1 − c2 x1 + c3 )x + (c1 c − c3 x1 )
+ 2 = ,
x − x1 ax + bx + c (x − x1 )(ax2 + bx + c)
produz as equações:
ac1 + c2 = 0, bc1 − c2 x1 + c3 = 0,
c1 c − c3 x1 = 1.
8. EXERCÍCIOS 288
= · ( ) + .
ax2 + bx + c 2a ax2 + bx + c ax2 + bx + c
Ora Z
2ax + b
dx
ax2 + bx + c
se faz com a substituição:
u = ax2 + bx + c, du = (2ax + b) dx
virando Z Z
2ax + b 1
dx = du = ln |u| + C.
ax2 + bx + c u
Por outro lado, falta fazer
Z
1
2
dx
ax + bx + c
e isso faz como no item iii) da Seção 6.
8. Exercı́cios
Exercı́cio 8.1.
i) verifique que se x ∈ [0, π2 ] então
x ≥ x sin(x) ≥ 0.
ii) Usando integração por partes e o segundo teorema fundamental,
calcule a área da região compreendida entre os gráficos de y = x e de
y = x sin(x) de x = 0 até x = π2 , mostrada na figura a seguir:
1,6
1,2
0,8
0,4
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4
x
CAPÍTULO 22. TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO 289
1. O comprimento de um gráfico
Considere o gráfico de uma função f : [a, b] → R. Gostarı́amos
nesta Seção de definir e calcular o comprimento desse gráfico.
Considere uma partição
a = t0 < t1 < . . . < tn = b
do domı́nio [a, b] e considere o comprimento da poligonal inscrita no
gráfico de f formada de n segmentos:
p p
pn := (t1 − t0 )2 + (f (t1 ) − f (t0 ))2 +. . .+ (tn − tn−1 )2 + (f (tn ) − f (tn−1 ))2 .
Ou seja,
s s
f (t1 ) − f (t0 ) 2 f (tn ) − f (tn−1 ) 2
pn = 1+( ) ·(t1 −t0 )+. . .+ 1 + ( ) ·(tn −tn−1 ).
t1 − t0 tn − tn−1
Se usamos em cada sub-intervalo [ti−1 , ti ] da partição o Teorema do
Valor Médio de Lagrange, então:
f (ti ) − f (ti−1 )
= f ′ (ξi ), ξi ∈ (ti−1 , ti ).
ti − ti−1
Então
p p
pn = 1 + (f ′ (ξ1 ))2 · (t1 − t0 ) + . . . + 1 + (f ′ (ξn ))2 · (tn − tn−1 ).
Refinando a partição esperamos estar inscrevendo uma poligonal
cujo tamanho cada vez mais aproxima o tamanho do gráfico de f .
A passagem ao limite n → +∞, com a norma da partição de [a, b]
tendendo a zero, sugere que definamos
Definição 1.1. Suponha um gráfico de f : [a, b] → R, com f
derivável e f ′ (x) uma função contı́nua.
O comprimento do gráfico de (a, f (a)) até (b, f (b)) será definido
pela integral Z bp
1 + f ′ (x)2 dx.
a
Exemplos:
• no caso y = f (x) = A · x + B uma reta, nossa definição é
apenas o conteúdo do teorema de Pitágoras:
Z bp √
1 + f ′ (x)2 dx = 1 + A2 · (b − a) =
a
p p
= (b − a)2 + (A(b − a))2 = (b − a)2 + (Ab + B − Aa − B))2 .
• no caso y = x2 já não é tão evidente quanto mede seu gráfico:
Z bp Z b√
′ 2
1 + f (x) dx = 1 + 4x2 dx.
a a
Faço:
u = 2x, e du = 2dx
e Z Z 2b √
b √ 1
1 + 4x2 dx = · 1 + u2 du.
a 2 2a
√
Uma primitiva de 1 + u2 é
u√ 1 √
1 + u2 + ln(u + 1 + u2 ).
2 2
Logo:
Z b√
1 2b √ 1 √
1 + 4x2 dx = · [ · 1 + 4b2 + ln(2b + 1 + 4b2 )−
a 2 2 2
2a √ 1 √
− · 1 + 4a2 − ln(2a + 1 + 4a2 )].
2 2
Para a = 0, b = 1 isso dá:
1 √ 1 √
· [ 5 + ln(2 + 5)] ∼ 1.478942857
2 2
√
• como o segmento de reta de (0, 0) a (1, 1) mede 2 ∼ 1.414213562,
e
3
x2 < x 2 < x, se x ∈ [0, 1],
3
é natural que o comprimento do gráfico de y = x 2 de x = 0
até x = 1 seja um valor entre 1.414213562 e 1.478942857.
De fato,
Z bp Z 1r
3 1
1 + f ′ (x)2 dx = 1 + ( x 2 )2 dx =
a 0 2
Z 1 r
9
= 1 + x dx =
0 4
Z 13 3
4 4 √ 4 2 13 2
= · u du = · · [( ) − 1] ∼
9 1 9 3 4
∼ 1.439709873
CAPÍTULO 23. A CURVATURA DOS GRÁFICOS 293
é natural denotarmos
ds p
= 1 + (f ′ (x))2 .
dx
Essa grandeza será chamada velocidade do gráfico no instante x.
Note que sempre
ds
>0
dx
o que diz o comprimento do gráfico sempre é uma função estritamente
crescente. E ademais, isso diz que existe uma função inversa: x = x(s).
Logo dado um comprimento desde f (a) = A determino univocamente
x e daı́ um único ponto no gráfico. Portanto existe uma função bem
definida P = P (s) que descreve os pontos do gráfico.
Para curvas parametrizadas
Γ : R → R2 , (x(t), y(t)), t ∈ [a, b]
podemos definir seu comprimento por:
Z bp
s := (x′ (x)2 + (y ′ (x))2 dx.
a
0
-2 -1 0 1 2
x
Portanto:
2ǫ · x3 x3
lim 3 = lim =0
x→+∞ (x4 + ǫ2 ) 2 x→+∞ x6
1
e, já que limxց0 3 = ǫ13 > 0, então claramente
(x4 +ǫ2 ) 2
2ǫ · x3
lim 3 = 0,
xց0 (x4 + ǫ2 ) 2
Para buscarmos mı́nimo de κ(x) a derivamos:
−6 ǫ · x2 · (x4 − ǫ2 )
κ′ (x) = ,
(x4 + ǫ2 )5/2
e vemos que:
√
κ′ (x) > 0 se 0 < x < ǫ,
√
κ′ (x) = 0 se x = ǫ,
√
κ′ (x) < 0 se ǫ<x
√
o que diz nitidamente que x = ǫ é o ponto de máximo de k(x). Que
nele vale: √
√ 2
κ( ǫ) = √ .
2 ǫ
2,5
1,5
0,5
0
0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
x
1 √1
Figura: O gráfico de y = x
(vermelho), sua κ(x) (verde) e o valor y = 2
em azul
√
Quando ǫ → 0 o ponto x = ǫ tende a x = 0, assim como todo o
gráfico de y = fǫ (x) = xǫ tende à união de retas x · y = 0, pois:
y·x=ǫ
ao longo do gráfico de y = fǫ (x).
E pelo item iv) da Afirmação 4.1:
4. QUAL A CURVATURA DE UMA QUINA ? 298
√
lim κ( ǫ) = +∞
ǫց0
Assim se fôssemos atribuir um valor de curvatura a (0, 0) como
ponto da união de retas
y·x=0
deverı́amos pôr: κ = +∞.
CAPı́TULO 24
2,5
1,5
0,5
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
x
Demonstração.
Vamos provar diretamente o caso geral, onde nos damos o valor
f (x).
299
2. A DEFINIÇÃO ORIGINAL DE NAPIER PARA O
LOGARITMO 300
107
Nog(x1 x2 ) = 107 · ln( )=
x1 x2
= 107 (ln(107 ) − ln(x1 x2 )) =
= 107 ln(107 ) − 107 ln(x1 ) − 107 ln(x2 ) =
1 1
= 107 ln(107 ) + 107 ln( ) + 107 ln( ) =
x1 x2
3. DECAIMENTO RADIOATIVO E A DATAÇÃO DE FÓSSEIS,
ROCHAS, OSSOS 302
1 1
= 107 ln(107 ) −2 · 107 ln(107 ) + 2 · 107 ln(107 ) +107 ln( )+107 ln( ) =
| {z } x1 x2
0
1 1
= −107 ln(107 ) + 107 ln(107 ) + 107 ln( ) + 107 ln(107 ) + 107 ln( ) =
x1 x2
107 107
= −107 ln(107 ) + 107 ln( ) + 107 ln( )=
x1 x2
= −107 ln(107 ) + Nog(x1 ) + Nog(x2 ).
4. Objetos em queda-livre
Vamos aplicar alguns conceitos que aprendemos para entender o
que acontece quando um corpo de massa m cai (desde um altura ra-
zoavelmente baixa).
Sejam y = f (x) a posição do corpo no instante x, que supomos
aumenta2 à medida que o corpo se aproxima da superfı́cie da Terra e
f ′ (x) sua velocidade.
Segundo Newton a aceleração f ′′ (x) de um corpo é dada por
F
f ′′ (x) = ,
m
onde F é a força resultante sobre o corpo que cai e m sua massa (em
geral F é uma grandeza vetorial, mas nesta situação particular podemos
pensá-la como escalar).
Agora vamos postular que a Força resultante F tem duas origens:
uma dependendo apenas da atração gravitacional e outra dependendo
da resistência que surge quando o objeto que se desloca atinge uma
velocidade alta.
• Ao nı́vel do mar, para quedas de não muito alto, a aceleração g
impressa pela gravidade é da ordem de 9.8 m/s
s
. Galileu já tinha
estomativas dessa aceleração e foi o primeiro a notar que essa
aceleração não depende da massa do corpo (desprezando-se o
atrito).
• Já o atrito e a resistência do ar contam no segundo tipo de
força, do tipo
−γ · f ′ (x),
1Aprendi isso no livro de Richard Dawkins, A grande história da evolução- Na
trilha de nossos ancestrais, Companhia das Letras, 2009.
2Também poderı́amos medir a posição desde o solo, e então adaptarı́amos a
grandeza g que aparecerá a seguir por −g, para indicar que a gravidade traz para
o solo
CAPÍTULO 24. RUDIMENTOS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
E APLICAÇÕES 305
Tomando exponencial:
B
exp( ln |g(x) + | ) = exp(Ax + C3 ),
A
de onde
B
|g(x) + | = exp(Ax) · exp(C3 ).
A
Como g(x) + BA
é uma função contı́nua, ela não pode mudar de sinal
sem se anular (Teorema Valor Intermediário) e como supusemos que
A
g(x) + B nunca se anula, temos que ∀x:
• ou bem g(x) + B A
= exp(Ax) · exp(C3 ) > 0
B
• ou bem g(x) + A = − exp(Ax) · exp(C3 ) < 0.
Por isso agora adoto uma nova constante C, que pode ser positiva
se C = exp(C3 ) ou neqativa se C = − exp(C3 ) e escrevo:
B
g(x) = C exp(Ax) − .
A
Para determinar C avalio tudo em x = 0:
B
g(0) = C − ,
A
e portanto:
B
C = g(0) + ,
A
o que dá
B B
g(x) = (g(0) + ) · exp(Ax) − .
A A
B
Agora volto à hipótese de que g(x) + A 6= 0. Observe que se pomos
C = 0 em
B
g(x) = C exp(Ax) −
A
temos
B
g(x) ≡ .
A
B
E note que g(x) ≡ A também satisfaz
B
0 ≡ g ′ (x) = Ag(x) + B = A(− ) + B ≡ 0.
A
Se pode provar usando fatos gerais sobre equações diferenciais que essas
são todas a soluções da equação
g ′ (x) = Ag(x) + B.
7,4
7,2
6,8
6,6
0 1 2 3 4
x
300
250
200
150
100
50
0
1 2 3 4 5 6 7 8
x
2
Fig.: Gráficos de y = g·x2 (vermelho) e y = gm
γ
· (1 − exp( −γ
m
x)) (verde),
com g = 9.8, m = 10, γ = 2, para x ∈ [1, 8]
300
250
200
150
100
50
0
1 2 3 4 5 6 7 8
x
2
Fig.: Gráficos de y = g·x2 (vermelho) e y = gm
γ
· (1 − exp( −γ
m
x)) (verde),
e y = gx (amarelo) com g = 9.8, m = 10, γ = 2, para x ∈ [1, 8]
a seguinte afirmação trata da conservação de energia4 na queda-
livre:
Afirmação 4.2. Considere um objeto de massa m que cai em
queda-livre, verticalmente, sem efeito de atrito. Se f (x) dá a distância
vertical percorrida desde que o objeto é largado em queda livre, então
a grandeza chamada Energia Total:
(f ′ (x))2
m· − mg · f (x)
2
3Boyce e DiPrima, Equações diferencias elementares e problemas de valores de
contorno, LTC.
4Se medı́ssemos a posição desde o solo, terı́amos que ter usado g < 0 ao invés
de g > 0 e a energia total seria uma soma, não uma subtração
CAPÍTULO 24. RUDIMENTOS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
E APLICAÇÕES 309
é constante ∀x.
Demonstração.
De fato, como vimos acima quando γ = 0, então f ′ (x) = g · x e
2
f (x) = g · x2 .
0 0,001
0,002
0,003
0,004
0,005
0
-0,002
-0,004
-0,006
-0,008
-0,01
-0,012
0 0,0050,010,0150,02
0
-0,01
-0,02
-0,03
-0,04
-0,1
-0,2
-0,3
-0,4
CAPÍTULO 24. RUDIMENTOS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
E APLICAÇÕES 313
-0,2
-0,4
-0,6
-0,8
-1
-0,5
-1
-1,5
-0,5
-1
-1,5
-0,5
-1
-1,5
-2
6. BALÍSTICA E O SUPER MÁRIO 314
0 1 2 3 4
0
-0,5
-1
-1,5
-2
Problema da braquistócrona6:
Sejam dados dois pontos A, B num plano vertical. Se A e B não
estão numa reta vertical, encontrar qual a curva descrita por um corpo
M que sai de A e chega em B no menor tempo possı́vel, sob efeito
apenas da gravidade.
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5
1,6
1,2
0,8
0,4
0
0 2 4 6 8
x
Demonstração.
A velocidade v0 tem uma componente horizontal e uma vertical.
A horizontal é x′ (0) = v0 · cos(θ) e a vertical y ′ (0) = v0 · sin(θ).
Não há componente horizontal da força de gravidade. Portanto,7 se
x(t) é a coordenada horizontal da posição da bala:
x′′ (t) ≡ 0
o que dá:
x′ (t) ≡ C = x′ (0)
e portanto:
x(t) − x(0) = x′ (0) · t.
Como (x(0), y(0)) = (0, 0) temos:
x(t) = x′ (0) · t = v0 · cos(θ) · t, ∀t ≥ 0.
Mas a gravidade g afeta a componente vertical. De fato:
y ′′ (t) = −g,
(onde o sinal vem da oposição entre o sentidos).
Logo
y ′ (t) − y ′ (0) = −g · t,
7E se supõe que a bala não sofre resistência
CAPÍTULO 24. RUDIMENTOS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
E APLICAÇÕES 317
ou seja,
y ′ (t) = y ′ (0) − g · t,
e daı́ obtemos:
g · t2
y(t) − y(0) = y ′ (0) · t − .
2
Ou seja
g · t2
y(t) = v0 sin(θ) · t − .
2
Substituindo
x(t) x
t= =
x′ (0) x′ (0)
em
g · t2
y(t) = v0 sin(θ) · t −
2
obtemos a parábola
g
y=− · x2 + tan(θ) · x,
2· v02 · cos2 (θ)
que é a descrição da trajetória da bala.
Sabemos encontrar o ponto de máximo de uma parábola y = ax2 +
bx + c, onde a < 0. Esse ponto é x = −b 2a
. No caso da parábola acima
obtemos:
v 2 · sin(θ) cos(θ)
x= 0
g
e daı́ obtemos a altura máxima.
O tempo tM em que se atinge essa altura máxima é obtido de igualar
a componente vertical da velocidade a zero:
0 = y ′ (tM ) = y ′ (0) − g · tM ,
portanto:
y ′ (0)
tM = .
g
E o tempo tF > 0 no qual a bala atinge o alvo é obtido de igualar
y(tF ) = 0 e resolver:
g · t2
0 = v0 sin(θ) · t −
2
cujas raı́zes são t = 0 e
2 · y ′ (0)
tF = = 2 · tM .
g
A coordenada x do alvo atingido pode ser obtida ou avaliando x(t)
em tF ou vendo-se a intersecção da parábola acima com o eixo x. De
ambos os modos obtêm-se:
v 2 · sin(2 · θ)
x= 0 .
g
7. EXERCÍCIOS 318
0
0 2 4 6 8 10
7. Exercı́cios
Exercı́cio 7.1. Quanto tempo tem que ter passado para que uma
mostra de osso tenha menos que 10−3 vezes a quantidade original de
C14 ?
Exercı́cio 7.2. Em quanto tempo duplica uma dı́vida que cresce
segundo a equação f ′ (x) = 2 · f (x) ?
Exercı́cio 7.3. (resolvido)
A 12 -vida é o tempo τ transcorrido para que uma substância radioa-
tiva tenha massa f (τ ) igual à metade da massa inicial f (0).
i) Suponha que defino a 41 -vida como o tempo τ̂ transcorrido para
que uma substância radioativa tenha massa f (τ̂ ) igual a um quarto da
massa inicial f (0). Qual a relação entre τ̂ e τ ?
ii) Suponha agora que defino a √12 -vida como o tempo τ̌ transcorrido
para que uma substância radiotiva tenha massa f (τ̌ ) igual f√(0)
2
. Qual
a relação entre τ̌ e τ ?
iii) Mais geralmente, chamo agora de 11 -vida o tempo τn transcor-
2n
f (0)
rido para que uma substância radiotiva tenha massa f (τn ) igual 1 .
2n
Qual a relação entre τn e τ ?
Exercı́cio 7.4. Em 10 anos a quantidade inicial f (0) de uma
substância radioativa caiu para f (0)
3
.
i) qual o valor de k na equação f ′ (x) = −kf (x) do decaimento ?
ii) qual a meia-vida dessa substância (em função do k do item i) ?
CAPÍTULO 24. RUDIMENTOS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
E APLICAÇÕES 319
0
0 2 4 6 8 10
Newton e a gravitação
up x(0) u
− x(0) − u2 + · arcsin( p ).
2 2 x(0)
Portanto: r Z x(0)
x(0) u2
t=2 · p du =
2GM 0 x(0) − u2
r q p
x(0) x(0) p x(0) x(0)
=2 · [− x(0) − ( x(0))2 + · arcsin( p )] =
2GM 2 2 x(0)
r
x(0) x(0) π
=2 · · =
2GM 2 2
r
π x(0)3
= ,
2 2GM
como querı́amos demonstrar.
Agora consideremos a situação em que x′ (0) > 0.
Determinemos a condição necessária sobre x′ (0) > 0 para que o
ponto P escape da atração do ponto na origem e se afaste tanto quanto
quisermos da origem.
Já vimos que:
(x′ (t))2 GM
− ≡ C,
2 x(t)
ou seja
(x′ (t))2 GM
0≤ ≡C+ .
2 x(t)
GM
Mas, se há um escape onde x(t) → +∞, então x(t)
→ 0 e daı́:
0 ≤ C.
CAPÍTULO 25. NEWTON E A GRAVITAÇÃO 325
Portanto:
(x′ (0))2 GM
− ≡ C ≥ 0,
2 x(0)
de onde
s
2GM
x′ (0) ≥ .
x(0)
3. Órbitas planetárias
Na Seção anterior estudamos como se dá a colisão entre um corpo e
outro de massa muito maior, que o atrai de acordo com a lei de Newton.
Mas a situação mais interessante é quando o objeto de pequena
massa (planeta, satélite, cometa, etc) gravita em torno do de grande
massa (estrela) sem colidir.
A princı́pio esta Seção usa dados do plano e de funções duas variáveis,
portanto seria mais natural num curso de Cálculo em duas variáveis,
enquanto o nosso tem sido em uma variável.
Mas ela é tão profundamente ligada à origem e ao objetivo do cri-
ador do Cálculo, que se torna inevitável apresentá-la.
Vamos nos situar num plano onde suporemos que viaja o planeta
em sua órbita, para simplificar o problema.
De fato, a primeira etapa do problema geral é mostrar que, apesar
de estar num espaço 3-dimensional, a órbita do planeta é de fato plana.
Ou seja, que cada planeta não sai de uma fatia plana do espaço.
Para obter os resultados de Newton, começo lembrando que agora
há duas coordenadas
3Tomo isto como uma definição, mas se pode mostrar que de fato o vetor
( x (t) , y ′ (t) ) é o vetor que gera a reta cuja posição é limite de retas secantes à
′
desde que r(t) 6= 0 ∀t (não haja colisão). Isso pode ser garantido,
pois supusemos que estamos no caso em que P (t) tem uma distância
mı́nima positiva em relação à origem.
Ademais, como
r(0)2 · θ′ (0) = C,
as hipóteses r(0) 6= 0 e θ′ (0) 6= 0 fazem que C 6= 0.
Temos também r(t)4 · (θ′ (t))2 ≡ C 2 e daı́
C2
r(t) · (θ′ (t))2 = .
r(t)3
Colocando isso na relação anterior:
GM
r′′ (t) − r(t) · (θ′ (t))2 =
r(t)2
obtenho
C2 GM
r′′ (t) − 3
=−
r(t) r(t)2
ou seja,
C2 GM
r′′ (t) = 3
− .
r(t) r(t)2
Se r′ (t) ≡ 0 então r(t) ≡ r constante. E como r2 ·θ′ (t) = C, concluimos
que θ′ (t) = rC2 é constante. Então
C2 C2
||P ′ (t)||2 = r′ (t)2 + r(t)2 · (θ′ (t))2 = r2 · = .
r4 r2
Portanto
||P ′ (t)||2 GM m C2 GM m
m· − =m· 2 −
2 r(t) 2r r
é constante, como afirmamos.
Portanto posso considerar no que segue que r′ (t) 6≡ 0. Daı́, multi-
plicando por r′ (t), e tomando primitivas temos:
Z t
r′ (t)2
= r′′ (s) · r′ (s) · ds =
2 t0
Z t 2
C GM
= ( 3
− 2
) · r′ (s) ds.
t0 r(s) r(s)
Reconhecemos aı́ uma fórmula de integração por substituição:
Z r(t) 2
r′ (t)2 C GM
= ( 3 − 2 ) dr =
2 r(t0 ) r r
C2 GM
=− + + C2 ,
2 · r(t)2 r(t)
onde C2 é uma constante. Ou seja,
C2 2GM
r′ (t)2 + 2
− ≡ C3 .
r(t) r(t)
4. VELOCIDADE E ACELERAÇÃO EXPRESSAS EM
COORDENADAS POLARES 330
Afirmação 4.3.
Nas mesmas hipóteses da Afirmação 4.2 (anterior), a trajetória
de P (t) = (r(t), θ(t)) pode ser descrita em coordenadas polares (r, θ)
através de uma função r = r(θ).
De fato, precisamente:
C2
GM
r(θ) = √
m2 G2 M 2 +2mEC 2
1+ GM m
· cos(θ)
onde mC = mr2 (t) · θ′ (t) é o momento angular e E = Ec + Ep é a
energia total da trajetória.
de onde finalmente:
C2
GM
r(θ) = √ .
m2 G2 M 2 +2mEC 2
1+ GM m
· cos(θ)
E do mesmo modo
mG2 M 2
e=0 ⇔ E=− ,
2C 2
e=1 ⇔ E=0
e > 1 ⇔ E > 0.
Exemplo:
As órbitas dos planetas dos sistema Solar tem excentricidade muito
pequena.
Mercúrio é o planeta do sistema solar cuja órbita tem a maior
excentricidade, da ordem de e = 0.205630. Seu semi-latus rectus é
5.54430 × 1010 m.
4E10
2E10
-2E10
-4E10
l
Figura: Elipse r(θ) = 1+e cos(θ)
, e = 0.205630 e l = 5.54430 × 1010 (notação 5.5 E 10).
6. Oscilador harmônico
A Afirmação a seguir prova um fato que já usamos na prova da
Afirmação 4.3, além de reforçar o conteúdo da Afirmação 2.1 do Capı́tulo
12:
Afirmação 6.1.
i) Todas as soluções do problema
f ′′ (x) = −k 2 · f (x) + H, ∀x ∈ R
onde k, H ∈ R, são da forma
H
f (x) = a · cos(k · x) + b · sin(k · x) +
k2
onde a, b são constantes arbitrárias. Essas constantes ficam determi-
nadas por a = f (0) e b = f ′ (0).
6. OSCILADOR HARMÔNICO 336
ii) Ademais,
a · cos(k · x) + b · cos(k · x) ≡ A · cos(k · x − q)
onde √ a
A= a2 + b 2 e cos(q) = .
a2 + b2
Demonstração.
Se k = 0 tudo é muito fácil. Por isso suponho k 6= 0.
De i): Derivando duas vezes as funções a cos(k · x) + b · cos(k · x) + kH2
se verifica facilmente que elas satisfazem:
f ′′ (x) = −k 2 · f (x) + H, H ∈ R.
O que precisamos provar é que não há outros tipos de função satis-
fazendo essa equação.
Considere uma misteriosa função f que satisfaça
f ′′ (x) = −k 2 · f (x) + H, H∈R
bem como a função muito simples g(x) ≡ kH2 , que certamente também
verifica essa equação.
Então a nova função φ := f − g = f (x) − kH2 satisfaz o problema:
φ′′ (x) = −k 2 · φ(x).
Se conseguirmos provar que as únicas soluções de φ′′ (x) = −k 2 ·φ(x)
são da forma a · cos(k · x) + b · sin(k · x), com a, b constantes arbitrárias,
então nossa outrora misteriosa função vira:
H
f (x) =: φ(x) + g(x) = a · cos(k · x) + b · sin(k · x) + 2 ,
k
que é o que queremos provar.
Portanto recaı́mos num problema levemente mais fácil:
φ′′ (x) = −k 2 · φ(x).
Nessa direção, vamos provar primeiro o seguinte:
Caso 1: se φ(x) satisfaz φ′′ (x) = −k 2 · φ(x) e ademais φ(0) =
′
φ (0) = 0 então φ(x) ≡ 0.
De fato, terı́amos:
φ′′ (x) + k 2 · φ(x) ≡ 0
e portanto
2φ′ (x) · [φ′′ (x) + k 2 · φ(x)] ≡ 0
ou seja,
[(φ′ (x))2 + (k 2 φ(x))2 ]′ ≡ 0
e portanto
(φ′ (x))2 + (k 2 φ(x))2 ≡ C.
Mas φ(0) = φ′ (0) = 0 dão que (φ′ (x))2 + (k · φ(x))2 ≡ 0 e isso implica
que φ′ (x) ≡ φ(x) ≡ 0, como querı́amos.
Agora atacaremos o caso geral:
CAPÍTULO 25. NEWTON E A GRAVITAÇÃO 337
1. Crescimento bacteriano
Por exemplo, quando uma quantidade de bactérias é posta num
meio de cultivo adequado, inicialmente a população cresce muito rápido;
mas, ao longo do tempo, quando começam a aparecer detritos e começa
a haver competição por nutrientes há uma desaceleração do crescimento
e a populaçção atinge um platô: ou seja, ainda nascem e morrem in-
divı́duos mas a população fica mais ou menos estável.
Obtemos a mesma descrição no caso das populações humanas em
paı́ses desenvolvidos, que inicialmente cresceram muito mas atualmente
atingiram platôs.
O tipo de equações diferenciais simples que modela o crescimento
bacteriano é a seguinte:
f ′ (x) = r · f (x) − s · f 2 (x),
onde f (x) é a população em cada instante, r > 0, s > 0.
É do tipo não-linear pois aparece esse termo quadrático f 2 .
Note que para f (x) < 1 temos f (x) < f 2 (x) e a contribuição de
−sf 2 (x) pode ser pouco relevante, mas à medida que f aumenta, essa
parte quadrática da equação se manifesta.
É claro que f (x) ≡ rs é solução de
r r
0 ≡ f ′ (x) = r( ) − s( )2 ≡ 0.
s s
Por isso afirmamos:
Teorema 1.1. Seja f (x) > 0 derivável com f (0) > 0 satisfazendo
f ′ (x) = rf (x) − sf 2 (x), r, s > 0, ∀x ∈ R.
Suponha que ∀x : f (x) 6= rs . Então
f (0) · exp(r · x)
f (x) = s .
1 − · f (0)(1 − exp(r · x))
r
339
1. CRESCIMENTO BACTERIANO 340
r
A seguir ploto a solução especial f (x) = s
ao lado de soluções não
constantes:
10
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
x
2
x
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
0
-2
-4
-6
0.05·exp(4·x)
Figura: O gráfico de y = f (x) = 1− 1 ·0.05(1−exp(4·x)) (vermelho), de
4
′ ′′
y = f (x) (verde) e y = f (x) (amarelo), x ∈ [0, 3]
Demonstração.
Divido
f ′ (x) = rf (x) − sf 2 (x), r, s > 0, ∀x ∈ R,
por
s
rf (x) − sf 2 (x) = rf (x)(1 − f (x)) 6= 0,
r
CAPÍTULO 26. CINÉTICA QUÍMICA E CRESCIMENTO
BACTERIANO 341
2. Cinética quı́mica
(em elaboração)
CAPı́TULO 27
1
Vimos na Afirmação 4.1 que a área sob o gráfico de y = x
à direita
de x = 1 é infinita, ou em outras palavras:
lim ln(x) = +∞.
n→+∞
Demonstração.
A área sob o gráfico de a até um certo x na linguagem do Cálculo
se escreve como: Z x
A(x) = x−k dx
a
e Pelo Segundo Teorema Fundamental do Cálculo Teroema 2.1 :
Z x
1 1
x−k dx = ( x−k+1 )(x) − ( x−k+1 )(a), k ≥ 2
a −k + 1 −k + 1
pois se k ≥ 2:
1 −k + 1 −k
( x−k+1 )′ (x) = x = x−k .
−k + 1 −k + 1
Mas a área de toda a região à direita de a é:
1 1
lim [ ( x−k+1 )(x) − ( x−k+1 )(a)) ] =
x→+∞ −k + 1 −k + 1
1 1 1 k−1
= lim [ k−1
+ a ]=
x→+∞ (−k + 1) x k−1
1 k−1
= a .
k−1
343
1. SÉRIES K-HARMÔNICAS, K > 1 344
2. A série geométrica
Afirmação 2.1. Seja r um número Real, com 0 ≤ |r| < 1. Defina
a sequência cujo xn := 1 + r + r2 + . . . + rn . Então
n+1
• i) ∀n ∈ N, xn = 1−r1−r
.
Prova de iii):
Do item i) já temos que
1 − rn+1
xn = , ∀n ∈ N
1−r
1Rigorosamente trata-se de argumentar com uma subsequência da sequência
toda
CAPÍTULO 27. ÁREA DE REGIÕES ILIMITADAS E SÉRIES
CONVERGENTES 347
e portanto
1 1 1 1
+ 2 + 3 + ... = .
4 4 4 3
CAPı́TULO 28
√
√ Em particular, se A for um número Irracional como por exemplo
2 e se x for Racional, então estamos dando um método para aproxi-
mar o número irracional pelos números Racionais
1 A
xn := · (xn−1 + ).
2 xn−1
Demonstração.
Para começarmos a prova da Afirmação 3.1, argumentaremos através
de uma analogia.3
Imagine uma fila de pessoas e que a fila se move para algum lugar.
Então vemos elemento n-ésimo caminhando em direção a esse lugar
e o elemento (n − 1)-ésimo que o segue para lá. Isso quer dizer em
linguagem do dia a dia que:
y= x^2 − A
x_1 x_0
Demonstração.
Começo observando que a Derivada de f (x) = x2 − A em x é 2x:
Logo o coeficiente angular da reta da tangente ao gráfico de y =
f (x) := x2 − A em (x, x2 − A) é 2x e sua equação se obtém como na
Afirmação 1.3:
y − (x2 − A)
= f ′ (x) = 2 · x,
x−x
ou seja:
y = 2 · x · (x − x) + x2 − A.
Descer por essa reta até atingir o eixo positivo dos x é fazer y = 0:
0 = 2 · x · (x − x) + x2 − A.
Se isolamos x aqui obtemos:
x2 + A 1 A
x= = · (x + ),
2·x 2 x
ou seja chegamos no ponto (x, 0) = (x1 , 0).
Como sabemos não se pode ver um buraco negro, pelo simples mo-
tivo que ele atrai até mesmo os raios de luz. Então como os astrônomos
podem estar tão seguros de que existem esses misteriosos objetos?
O que eles vêem são estrelas sendo sugadas para um certa região,
onde se acumulam milhares de estrelas, apertando-se cada vez mais
numa pequena região do espaço. Daı́ deduzem que ali há um buraco
negro.
Voltando ao nosso tema, se um sequência de números xn tende a
um número L, então os seus termos vão se aproximando entre si :
Afirmação 5.1. Suponha limn→+∞ xn = L. Então dado ǫ > 0
existe um nǫ tal que
∀n1 ≥ nǫ e ∀n2 ≥ nǫ , |xn1 − xn2 | < ǫ.
Demonstração.
Pela definiçao de limn→+∞ xn = L, dado ǫ > 0, existe nǫ tal que
∀n ≥ nǫ temos |xn − L| < 2ǫ .
Então ∀n1 , n2 ≥ nǫ temos (pela desigualdade triangular):
|xn1 − xn2 | = |xn1 − L + L − xn2 | ≤
6. APROXIMAÇÕES DE E = EXP(1) POR NÚMEROS
RACIONAIS 354
ǫ ǫ
≤ |xn1 − L| + |xn2 − L| < + = ǫ.
2 2
1 1 1 1 2 n−2
=1+1+ (1 − ) + . . . + (1 − )(1 − ) . . . (1 − ).
2! n n! n n n
Agora vamos dar quotas superiores para cada parcela desta soma, ob-
tendo:
1 1 1 1 2 n−2
1 + 1 + (1 − ) + . . . + (1 − )(1 − ) . . . (1 − )<
2! n n! n n n
1 1
< 1 + 1 + + ... + .
2! n!
Para darmos novas cotas superiores a essa soma lembro um Exercı́cio
de Indução:
n! ≥ 2n−1 ∀n ∈ N.
Então
1 1 1 1
1 + 1 + + ... + ≤ 1 + 1 + . . . + n−1 .
2! n! 2 2
ou seja, que (1 + n1 )n é sempre estritamente menor que
1 1
1+1+ . . . + n−1 .
2 2
É nı́tido que esta última soma é o resultado de adicionar 1 a um pedaço
da série geométrica infinita:
1 1
1 + . . . + n−1 + . . . ,
2 2
que já vimos vale:
1 1 1
1 + . . . + n−1 + . . . = = 2.
2 2 1 − 12
Logo ∀n ∈ N:
1 n 1 1
(1 + ) < 1 + (1 + . . . + n−1 + . . .) = 3,
n 2 2
como querı́amos.
x120 = 2.707041491.
CAPÍTULO 28. APROXIMAÇÃO DE NÚMEROS E FUNÇÕES
IMPORTANTES 357
7. Arcotangente e cartografia
Nos mapas as curvas de nı́vel dão a informação de quanto variou
a coordenada vertical ∆y entre dois pontos e a escala do mapa te dá
informação da variação da coordenada horizontal ∆x.
∆y
Logo se obtém um valor tan(α) = ∆x e torna-se relevante calcular
arctan(α).
Logo é importante sabermos calcular o arcotangente com a precisão
que quisermos.
Mas o que a calculadora cientı́fica de fato faz, quando calcula essa
função ?
E se eu tiver apenas uma calculadora que faz as 4 operações, será
que consigo calcular arctan(α) com a precisão que quiser ?
Vou explicar o que fazer, para dar o arctan(x) pelo menos para x ∈
(−1, 1), com a ordem de precisão que se quiser, ou seja, com quantas
casas quisermos depois da vı́rgula, apenas fazendo repetidamente as 4
operações +, −, /, x.
Primeiro começo lembrando da fórmula (Seção 4 do Capı́tulo 16 ):
1
arctan′ (x) = , ∀x ∈ R.
1 + x2
Escrevendo:
1 1
2
= ,
1+x 1 − (−x2 )
podemos usar a Afirmação 2.1 na região x ∈ (−1, 1):
1
= 1 − x2 + x4 − x6 + . . . se |x| < 1.
1 + x2
Sabemos pelo Primeiro Teorema Fundamental que:
Z x
1
2
dt = arctan(x) − arctan(0) = arctan(x).
0 1+t
7. ARCOTANGENTE E CARTOGRAFIA 358
Agora vamos ser otimistas 4: vamos imaginar que podemos usar a pro-
priedade
Z x Z x Z x
(f + g) dt = f dt + g dt
a a a
x3 x5 x7
arctan(x) = x − + − + ..., se |x| < 1.
3 5 7
E é isso que a calculadora faz: ela trunca a soma
x3 x5 x7
x− + − + ..., se |x| < 1
3 5 7
num grau suficientemente alto para termos a precisão desejada do
arctan(x). E fazer somas e produtos como os que aparecem em
x3 x5 x7
x− + − + ..., se |x| < 1
3 5 7
é fácil para uma calculadora !
As Figuras a seguir comparam o gráfico real de arctan : (−1, 1) → R
3
com os gráficos dos truncamentos y = x : (−1, 1) → R, y = x − x3 :
3 5
(−1, 1) → R e x − x3 + x5 : (−1, 1) → R.
0,5
0
-0,8 -0,4 0 0,4 0,8
x
-0,5
-1
0,8
0,4
0
-0,8 -0,4 0 0,4 0,8
x
-0,4
-0,8
x3
Figura: O gráfico de y = arctan(x) (vermelho) e y = x − 3
(verde) para x ∈ [−0.99, 0.99].
0,8
0,4
0
-0,8 -0,4 0 0,4 0,8
x
-0,4
-0,8
x3 x5
Figura: O gráfico de y = arctan(x) (vermelho) e y = x − 3
+ 5
(verde)
para x ∈ [−0.99, 0.99].
1 1 1 1
s5 = 4(1 −+ − + ) = 3.339682540, . . .
3 5 7 9
enquantos as somas parciais de ordem par são menores que π e crescem:
1 1 1 1
s2 := 4(1 − ) = 2.666666667, s4 := 4(1 − + − ) = 2.895238095,
3 3 5 7
1 1 1 1 1
s6 := 4(1 − + − + − ) = 2.976046176, . . .
3 5 7 9 11
Queremos provar que uma fila sn vai toda para algum lugar deter-
minando quando n cresce. Se mostro que as posições pares s2n a fila
vão para o lugar L e se mostro que as posições ı́mpares s2n+1 também
vão para esse lugar L, então a fila toda vai.
É isso que queremos verificar, pois queremos mostrar que para
1 1 1
sn := 4(1 − + + . . . + (−1)n )
3 5 2n − 1
existe
lim sn = L.
n→+∞
9. Aproximações de logaritmos
Se |x| < 1 então 1 + x > 0 e posso tomar ln(1 + x). Pela regra da
composta:
1
ln(1 + x) ′ = .
1+x
Agora escrevo:
1 1
=
1+x 1 − (−x)
e uso a Afirmação 2.1 para x ∈ (−1, 1):
1
= 1 − x + x2 − x3 + . . . , se |x| < 1.
1 − (−x)
O Teorema Fundamental do Cálculo dá:
Z x
1
dt = ln(1 + x) − ln(1 + 0) = ln(1 + x)
0 1+t
1
x
-0,8 -0,4 0 0,4 0,8
0
-1
-2
-3
-4
x
-0,8 -0,4 0 0,4 0,8
0
-1
-2
-3
-4
x2
Figura: O gráfico de y = ln(1 + x) (vermelho) e y = x − 2
(verde)
para x ∈ [−0.99, 0.99].
x
-0,8 -0,4 0 0,4 0,8
0
-1
-2
-3
-4
x2 x3
Figura: O gráfico de y = ln(1 + x) (vermelho) e y = x − 2
+ 3
(verde)
x2 x3 x4 x2 x3
ln(z) = (x − + − . . .) − (−x − − . . .), |x| < 1.
2 3 4 2 3
Se as somas acima fossem finitas, poderı́amos subtrair termo a termo.
Sejamos otimistas e imaginemos que podemos subtrair termo a termo
nas somas infinitas (ver Afirmação 1.1 do Capı́tulo 29), obtendo (já
que os termos de grau par se cancelam):
x3 x5 z−1
ln(z) = 2(x + + + . . .), onde z > 0, x= , |x| < 1
3 5 z+1
12. EXERCÍCIOS 364
0
10 20 30 40 50
z
1. Séries de números
Um série infinita é uma soma infinita:
x1 + x2 + x3 + . . .
O sentido preciso dos três pontinhos é o seguinte: considere uma soma
parcial de orde n:
sn := x1 + x2 + . . . + xn .
Quando cresce o n os números sn forma eles mesmos uma sequência
infinta (sn )n . Então
x1 + x2 + x3 + . . . := lim sn ,
n→+∞
P+∞ão 1.1.
Afirmaç P
i) Se i=1 xi converge e C ∈ R então +∞
i=1 C · xi também converge
e
+∞
X +∞
X
C · xi = C · xi .
i=1 i=1
P P+∞
ii) Se +∞ x i e y são duas séries convergentes então também
i=1 Pi=1 i P+∞
convergem as séries +∞i=1 (xi + yi ) e i=1 (xi − yi ) e ademais:
+∞
X +∞
X +∞
X
(xi + yi ) = xi + yi ,
i=1 i=1 i=1
367
1. SÉRIES DE NÚMEROS 368
+∞
X +∞
X +∞
X
(xi − yi ) = xi − yi .
i=1 i=1 i=1
P
iii) Sejam xi > 0 e yi > 0. Se xi ≤ yi ∀i ∈ N e se +∞ i=1 yi converge
P+∞
então também coverge i=1 xi converge
P P+∞
iv) Se +∞i=1 |xi | converge então i=1 xi . A recı́proca não é ver-
dadeira.
Demonstração.
P +∞
De i): Como i=1 xi converge, então existe
n
X
lim sn = L, onde sn := xi .
n→+∞
i=1
e portanto
+∞
X
lim C · sn = C · xi ,
n→+∞
i=1
como querı́amos.
De ii): P P
Denoto por sxn := ni=1 xi e syn := ni=1 yi . Temos por hipótese que
existem
lim sxn = L1 e lim syn = L2 .
n→+∞ n→+∞
2. Séries de funções
Agora precisamos justificar que, sob certas condições, a integral
de uma soma infinita é a soma infinita de integrais. Por exemplo, o
otimismo:
Z x
x2 x3
(−1 − t − t2 − t3 − . . .) dt = −x − − . . . |x| < 1,
0 2 3
que podemos reescrever, se preferirmos, numa nova notação:
Z xX+∞ +∞ Z x
X
i
−t dt = −ti dt =
0 i=0 i=0 0
+∞
X −xi+1
= , |x| < 1.
i=0
i+1
Esta última expressão é uma série infinita, mas que depende de
cada x com |x| < 1 para dar um valor determinado.
Por isso se chama série infinita de funções, e pode ser pensada como
uma fábrica de séries de números, pois:
+∞
X −xi+1
x 7−→ ∈ R,
i=0
i+1
desde que |x| < 1.
Esse é só um exemplo, em geral uma série infinita de funções é algo
do tipo:
+∞
X
fi (x)
i=0
e o principal problema é saber para quais x as séries numéricas
+∞
X
x 7−→ fi (x)
i=0
convergem.
No que segue nos limitaremos apenas a funções
fi (x) = ai xi
onde ai são números (chamadas séries de potências).
2. SÉRIES DE FUNÇÕES 370
P+∞
Afirmação 2.1. Suponha uma série de funções i=1 ai ti tal que
para um certo t = x > 0 convirja a série numérica:
+∞
X
|ai ||xi |.
i=1
Então:
• convergem também as séries
+∞
X +∞
X
|ai ti | e ai ti , ∀t ∈ [−x, x].
i=1 i=1
• A função
+∞
X
f : [−x, x] → R, f (t) := ai ti
i=1
é integrável e
Z x X+∞ +∞ Z x +∞
i
X
i
X ai i+1
ai t dt = ai t dt = x .
0 i=1 i=1 0 i=1
i+1
Demonstração.
Temos para |t| ≤ x:
+∞
X +∞
X +∞
X
i i
|ai t | = |ai ||t | ≤ |ai |xi |
i=1 i=1 i=1
ou seja que
Z x n Z
X x
f (t) dt = lim ai ti dt,
0 n→+∞ 0
i=1
CAPÍTULO 29. SÉRIES NUMÉRICAS E DE FUNÇÕES 371
e portanto
n
X +∞
X
i
| f (t) − ai t | = | ai ti | ≤
i=1 i=n+1
+∞
X +∞
X
i
≤ |ai ||t | ≤ |ai ||xi |, se |t| ≤ x
n+1 n+1
P
O que vem a ser esse termo +∞ i
n+1 |ai ||x | ?
P+∞
Se denoto n+1 |ai ||xi | = L, então
+∞
X n
X
i
|ai ||x | = L − |ai ||xi |.
i=n+1 i=1
Pn
Mas as somas parciais sn := i=1 |ai ||xi | convergem para o limite L,
logo
+∞
X
|ai ||xi | = L − sn
i=n+1
2. SÉRIES DE FUNÇÕES 372
f (x) = f ′ (x) = 0
significa:
ax2 + bx + c = 0 e 2ax + b = 0.
−b
Da segunda equação temos x = 2a
e substituindo na primeira obtemos:
ab2 b2 b2 − 4ac
0= 2 − +c=
4a 2a 4a2
ou seja, obtemos que onde há raı́z dupla x é onde há a anulação do
discriminante:
b2 − 4ac = 0.
A conhecida fórmula de Báskara dá a localização da raı́z dupla: x = −b
2a
O objetivo deste Capı́tulo é explicar que há um discriminante de
polinômios de grau 3 e que sua anulação determina a existência de uma
raı́z Real dupla dos polinômiso de grau 3.
f (x) = x3 + a1 x2 + a2 x + a3 , ai ∈ R.
20
10
x
-3 -2 -1 0 1 2
0
-10
-20
Demonstração.
Primeiro provemos que 4b3 + 27a2 = 0 é condição necessária, se
existe raı́z múltipla.
Analisar as raı́zes Reais múltiplas de f (x) = x3 + bx + a é analisar
x onde
f (x) = f ′ (x) = 0,
o que significa resolver o sistema:
x3 + bx + a = 0 3x2 + b = 0.
A segunda
b = −3x2
e substituindo na primeira obtemos:
−2x3 + a = 0
ou seja
a = 2x3 .
Então
b3 = −27x6 e a2 = 4x6
ou seja, que temos a anulação do seguinte discriminante:
4b3 + 27a2 = 0.
Agora vamos ver que 4b3 + 27a2 = 0 nos permite encontrar as raı́zes
de f (x) = x3 + bx + a e determianr qual é a múltipla.
Começo com a fórmula do binômio:
(v + u)3 = v 3 + 3v 2 u + 3vu2 + u3 =
= v 3 + u3 + 3uv(u + v).
Portanto posso escrever a identidade:
(v + u)3 − 3uv(v + u) − (u3 + v 3 ) ≡ 0.
Pensemos por um momento em x = v+u e busquemos v, u satisfazendo:
−3uv = b, e − (u3 + v 3 ) = a.
Se conseguimos estas duas últimas condições então
(v + u)3 − 3uv(v + u) − (u3 + v 3 ) ≡ 0
diria que x = v + u seria raı́z de
x3 + bx + a = 0.
Ora, a primeira condição:
−3uv = b,
dá (supondo u 6= 0)
−b
v=
3u
1. QUASE A FÓRMULA DE CARDANO 376
= x3 + (−x1 − x3 − x2 ) · x2 + (x1 x3 + x1 x2 + x2 x3 ) · x − x1 x2 x3 ,
temos que concluir que x1 + x2 + x3 = 0.
Ou seja, no caso de raı́z dupla x2 temos que x1 + x2 + x2 = 0, ou
seja,
−x1
x2 = .
2
Verifiquemos então que o ponto
r
−x1 −a
x2 = =−3
2 2
é de fato raı́z dupla de f (x) = x3 + bx + a, calculando primeiro f (x)
nesse ponto:
r r
3 −a 3 −a
(− ) + b(− 3 )+a=
2 2
r r
a 3 27 a4 3 −a
= − − +a=
2 4 2
r
a 3
3 27 a a 3a
= − +a= − + a = 0.
2 8 2 2
E a seguir calculando f ′ (x) nesse ponto:
r r
2
3 −a 2 3 a
3( − ) +b=3 +b=
2 4
r
3
3 −b
3 + b = −b + b = 0
27
a4 b3
Calor que se a = 0 e 4
+= 0 então b = 0 e f (x) = x3 tem raı́z
27 q
tripla em x = 0. E também é claro que se a raı́z dupla − 3 −a
2
coincide
q
com a raı́z simples 2 3 −a
2
então a = 0.
2. O DISCRIMINANTE COMO CURVA 378
-0,1
-0,2
-0,3
-0,4
-0,5
-0,6
-0,7
satifaz
r
3 −2t3
x2 = − = t,
2
r
3 −2t3
x1 = 2 = −2t.
2
40
20
0
-4 -2 0 2 4
x
-20
-40
60
40
20
x
-4 -2 0 2 4
0
-20
-40
-60
100
50
0
-4 -2 0 2 4
x
-50
-100
800
400
0
-10 -5 0 5 10
x
-400
-800
y 0
-2 -1 0 1 2 3
x
-2
-4
-6
3. A CURVA DISCRIMINANTE ENTRE AS CÚBICAS
SINGULARES 382
Figura: A curva y 2 − x3 + 3 x − 2 = 0.
y 2 − x3 + 3 x + 2 = 0,
y 0
2 2,4 2,8 3,2 3,6
x
-2
-4
-6
y 2 − (x + 1)2 · (x − 2) = 0.
Ademais ∂F
∂y
= 2y e ∂F
∂x
= −3x2 + 3 se anulam em (−1, 0).
Os dois últimos exemplos são casos da seguinte situação:
Demonstração.
Se f (x) = x3 + bx + a tem
então a Afirmação 1.1 diz que f (x) tem uma raı́z dupla e uma simples,
bem como que a raı́z simples é
r
−a
x1 = 2 3
2
enquanto que a raı́z dupla é
r
−a
x2 = − 3 .
2
Logo no caso i):
a > 0 ⇒ x1 < x2 ,
enquanto que, no caso ii):
a<0 ⇒ x2 < x1 .
3
Apêndice: O expoente 4 comanda a vida !
∂g
= 2(ξx1 + β − y 1 ) + 2(ξx2 + β) − y 2 ) + . . . 2(ξxk + β − y k ) =
∂β
Xk k
X
= 2(ξ ( xi ) + k · β − y i ).
i=1 i=1
Fazendo
∂g ∂g
= =0
∂ξ ∂β
estamos criando um sistema não-homogêneo de duas equações lineares,
com duas incógnitas ξ, β:
Xk Xk k
X
2
ξ( xi ) + β( xi ) = xi y i ,
i=1 i=1 i=1
Xk k
X
ξ( xi ) + k · β = yi.
i=1 i=1
Podemos usar a Regra de Cramer para resolvê-lo, pois o determinante
formado com os coeficientes do sistema é:
Xk Xk
2
k·( xi ) − ( xi )2 > 0,
i=1 i=1
Além disso, Dawkins usa a lei de Kleiber para estudar outra cor-
relação: massa corporal versus massa cerebral.
10
2 4 6 8 10
x
6. O argumento
6.1. Hipótese 1. Hip. 1: Os sistemas circulatórios são árvores,
onde:
• Cada ramo de ordem k pode ser considerado um cilindro, de
comprimento lk , cuja base é um disco de raio rk .
r _k
l _k
• Observe que
Nk N2
Nk = · ... · = νk−1 · . . . · ν1
Nk−1 1
6.2. Capilares.
• o processo de ramificação da aorta em artérias e depois arterı́olas
continua até ramos finais, chamados de capilares.
• cuja ordem na ramificação será designada por C e cujo número
total será NC .
• Saiba que as paredes dos capilares são unicelulares ! 0 diâmetro
externo de um capilar é de 5 a 10 µ m (micrômetros, 10−6 m).
• Nos capilares se dão os processos fı́sicos como difusão, osmose,
etc. Através dos quais oxigênio / nutrientes passam para os
tecidos enquanto gás carbônico/ dejetos passam para o sangue.
• esses dados dos capilares são praticamente universais.
• Se sabe que no ser humano há ≈ 20 bilhões de capilares.
• As hemáceas humanas tem 8 µ m de diâmetro. Para trafe-
garem pelos capilares elas formam fila indiana !
• Para se ver o grau de ramificação do sistema circulatório, a
aorta de uma baleia pode chegar a 23 cm de diâmetro.
é:
C
X 1
Vs = πNC · rC2 · lC · ( QC−1 2
).
k=1 i=k νi ρi λi
2
Nk+1 πrk+1
Ak := 2
= νk · ρ2k ,
Nk πrk
Nk+1 34 π( lk+1 )3
Ek := 2
= νk · λ3k .
Nk 34 π( l2k )3
Essa esferas de volume 43 π( l2k )3 serão supostos os volumes servidos
pelos ramos, ou seja partes do corpo que recebem nutrientes dos ramos
cilı́ndricos de ordem k, de comprimento lk .
3
CAPÍTULO 31. APÊNDICE: O EXPOENTE 4
COMANDA A
VIDA ! 393
l _k
1
S1 = NC3 · S2
1
De fato, como νi · ρ2i = Ai e λi = ( Eνii ) 3 :
C
X 1
S1 = QC−1 1 =
k=1 i=k Ai · ( Eνii ) 3
QC−1 1
C
i=k νi
X 3
= QC−1 1 =
k=1 i=k A i · Ei
3
1
C
X ( NNCk ) 3
= QC−1 1 =
k=1 i=k Ai · Ei 3
C
1 X 1
= NC ·3
1 QC−1 1
k=1 Nk 3
i=k Ai · Ei3
o que prova a Afirmação. Portanto:
4
Vs = π NC · rC2 · lC · S1 = π NC3 · rC2 · lC · S2 .
Ou seja:
3
Vs 4
NC = ( 2 )
πrC · lC · S2
6. O ARGUMENTO 394
B = τ Q1 ,
onde a constante τ não depende da massa M .
Se pode mostrar que a incompressibilidade do fluido (sangue/seiva)
implica:
Q1 = Nk Qk , ∀k = 1, . . . C,
onde Qk é fluxo em cada ramo de ordem k.
Logo:
B = τ NC QC
onde QC é o fluxo por cada capilar.
depende de M ).
Nk = ν k−1 , k = 1 . . . C.
NC = ν C−1
obtemos:
ν = 2 ⇒ C ≈ 35 e ν = 3 ⇒ C ≈ 22.
Ou seja, chegamos da aorta ao capilar em 35 dicotomias !
Ou chegamos da aorta ao capilar em 22 tricotomias !
C
X −(k−1)
= ν 3 =
k=1
−C
1−ν 3
= −1 .
1−ν 3
−1
(que existe pois ν 3 < 1). E vejamos se a função S2 = S2 (C) se
aproxima rapidamente de sua assı́ntota. Se isso acontecer, a conclusão
será que a partir de uma certo C, S2 pouco muda com C.
Para ν = 2 obtemos y = S2 (C):
3
CAPÍTULO 31. APÊNDICE: O EXPOENTE 4
COMANDA A
VIDA ! 397
1
5 10 15 20 25 30 35
x
2,5
1,5
1
5 10 15 20
x
Agora
x
y= ⇔ y · x2 + x − y = 0,
1 − x2
e precisamos resolver essa equação quadrática em x, para termos x =
x(y).
Ora, por Báskara as soluções são:
p p
−1 + 1 − 4y (−y) −1 + 1 + 4y 2
x1 = = ,
2y 2y
p
−1 − 1 + 4y 2
x2 = .
2y
Precisamos ficar com a solução que seja positiva, pois por hipótese
x
x ∈ (0, 1). Como y = 1−x 2 > 0 e a solução positiva é:
p
−1 + 1 + 4y 2
x := x1 = .
2y
Ou seja, a candidata a função inversa é:
p
−1 + 1 + 4y 2
x= ,
2y
que faz sentido ∀y > 0 (mostraremos mais adiante que a imagem de
x >0
y = 1−x 2 é de fato todo R ).
Preciso conferir que x( y(x) ) ≡ x, o que não está nada óbvio neste
exemplo.
Vejamos: q
x 2
−1 + 1 + 4( 1−x 2)
x( y(x) ) = x =
2 ( 1−x 2)
q 2 )2 +4x2
−1 + (1−x (1−x2 )2
= x =
2 ( 1−x 2)
q 2 )2
−1 + (1+x (1−x2 )2
= x =
2 ( 1−x 2)
399
400
1+x 2
−1 + 1−x 2
x = x.
2 ( 1−x2 )
0.15. Capı́tulo 3:
Exercı́cio 3.1
Suponhamos por absurdo que exista o número 01 .
Então 0 · 10 = 1, pois o sentido de x1 é ser o inverso multiplicativo
de x.
Agora afirmo que
∀x ∈ R, 0 · x = 0.
Se provo isso teremos em aprticular que
1
0· =0
0
e portanto 0 = 1. Isso contradiz um princı́pio básico: 0 6= 1.
Ora,
0·x=0 ⇔ (1 − 1) · x = 0 ⇔ x = x,
e este último fato é verdade: x = x.
Exercı́cio 3.2:
i) Dados x, y, z, w ∈ R com
x≥y e z ≥ w,
podemos traduzir isso em:
(x − y) ≥ 0 e (z − w) ≥ 0.
Queremos provar que
x + z ≥ y + w,
que se traduz em
(x + z) − (y + w) ≥ 0,
ou, o que diz o mesmo:
(x − y) + (z − w) ≥ 0.
Isso é o que queremos. Para termos isso, podemos usar o Princı́pio 1,
pois então com esse princı́pio:
(x − y) ≥ 0 e (z − w) ≥ 0 ⇒ (x − y) + (z − w) ≥ 0.
ii) Temos que x > 0. Caso y = z então x · y = x · z. Por isso
supomos que y > z, ou seja, y − z > 0.
Queremos provar que x · y > x · z, ou seja, que
x · y − x · z > 0,
o que é o mesmo que dizer que
x · (y − z) > 0.
CAPÍTULO 32. SOLUÇÕES DETALHADAS DE ALGUNS
EXERCÍCIOS 401
Exercı́cio 3.4:
ii) Primeiro noto que:
x2 − x > 0 ⇔ x · (x − 1) > 0 ⇔
x > 0 e x − 1 > 0 ou x < 0 e x − 1 < 0.
Ou seja, se x > 1 (mais forte que x > 0) ou se x < 0 (mais forte que
x < 1).
Em suma, se x ∈ (−∞, 0) ∪ (1, +∞).
iii) As raı́zes de 3x2 − 2x − 1 = 0 são: x1 = − 13 e x2 = 1. Logo
1
3x2 − 2x − 1 = (x + ) · (x − 1).
3
Portanto preciso determinar onde o produto (x + 13 ) · (x − 1) é positivo.
402
Exercı́cio 3.5
O que se quer provar é que:
+ △ ≤ | | + |△|, caso 0 ≤ + △,
ou que
−( + △) ≤ | | + |△|, caso + △ < 0.
Caso 0 ≤ + △: obviamente que valem
≤ | | e △ ≤ |△|,
e somando essas duas desigualdades obtemos o desejado:
+ △ ≤ | | + |△|.
Caso + △ < 0: então pelo menos um deles é negativo, por exem-
plo, suponhamos que < 0. Por absurdo, suponha que
|| + |△| < −( + △).
Como || = −, cancelamos esses termos na desigualdade anterior e
obtemos então que:
|△| < −△.
Se 0 < △ então chegamos no absurdo:
0 < △ =: |△| < −△ < 0.
Se △ ≤ 0 então −△ =: |△| < −△ é outro absurdo.
Logo
−( + △) ≤ || + |△|, caso ( + △) < 0.
0.16. Capı́tulo 4:
Exercı́cio 4.5:
Não temos informação nenhuma sobre a sequência, exceto que seus
termos são negativos. Por isso o melhor é raciocinar por absurdo.
Suponha por absurdo que limn→+∞ xn = L > 0. Considere
ǫ := L = |L − 0|,
CAPÍTULO 32. SOLUÇÕES DETALHADAS DE ALGUNS
EXERCÍCIOS 403
0.17. Capı́tulo 5:
0.18. Capı́tulo 6:
Exercı́cio 8.4:
Se x 6= 0 a função é resultado da composição de duas funções
contı́nuas, x1 e sin(x), e do produto com x: logo é contı́nua em x 6= 0.
Precisamos mostrar que em x = 0 temos:
1
lim x sin( ) = 0,
x→0 x
pois esse foi o valor associado a f (0) = 0.
Ou seja, precisamos ver que se xn é qualquer sequência com limn→+∞ xn =
0 então:
1
lim xn sin( ) = 0.
n→+∞ xn
Mas como | sin( x1n ) | ≤ 1, dado ǫ tomamos nǫ tal que:
| xn | < ǫ
e teremos:
1 1
| xn sin( ) | = | xn | · | sin( ) | <
xn xn
< ǫ · 1 = ǫ,
o que siginifica
1
lim xn sin( ) = 0.
n→+∞ xn
O Maple plota assim o gráfico de y = x sin( x1 ) perto da origem:
404
0,04
x
-0,1 -0,05 0 0,05 0,1
0
-0,04
-0,08
Exercı́cio 8.9
Esse limite pode ser feito de dois modos. Podemos calcular assim:
√ 5·x +x
√
2
5 · x2 + x x
lim = lim x+2 =
x→+∞ x+2 x→+∞
x
q q
5·x2 +x
x2
5 + x1 √
= lim 2 = lim 2 = 5,
x→+∞ 1+ x x→+∞ 1 +
x
onde se usou a continuidade da raı́z quadrada.
Mas poderı́amos primeiro calcular
√ 2
5 · x2 + x 5 · x2 + x
lim ( ) = lim 2 =
x→+∞ x+2 x→+∞ x + 2 · x + 4
x2 · (5 + x1 ) 5 + x1
= lim 2 = lim =5
x→+∞ x · (1 + 2 + 42 ) x→+∞ 1 + 2 + 4
x x x x2
e depois aplicar a raı́z quadrada:
s
√ √ 2
5· +x x2 5 · x2 + x
lim = lim ( ) =
x→+∞ x+2 x→+∞ x+2
s
√ 2
5 · x2 + x √
= lim ( ) = 5,
x→+∞ x+2
onde nesta última linha usamos a continuidade da raı́z quadrada.
Exercı́cio 8.10:
CAPÍTULO 32. SOLUÇÕES DETALHADAS DE ALGUNS
EXERCÍCIOS 405
0.19. Capı́tulo 7:
Exercı́cio 7.3:
Resolver o sistema
y − 5x − 2 = 0 e 2y − 10x − 1 = 0,
significa, geometricamente, intersectar as retas:
10x + 1 1
y = 5x + 2 e y = = 5x + .
2 2
Porém essas retas tem o mesmo coeficiente angular 5, logo são paralelas
e distintas (pois seus coeficientes lineares são distintos).
Por isso não consigo resolver o sistema.
Exercı́cio 7.6
i) Quero que o coeficiente angular a′ da reta contendo o segmento
P Q seja
1
a′ = −
a
paera que haja ortogonalidade com a reta y = ax + b.
Ora então quero:
(ax + b) − B 1
a′ := =− .
x−A a
Isso produz uma equação:
(a2 + 1) x + a(b − B) − A = 0.
A solução é
A − a(b − B)
x= .
a2 + 1
Portanto
A − a(b − B) A − a(b − B)
Q=( 2
, a·( ) + b ).
a +1 a2 + 1
ii) Se temos x = A então :
A − a(b − B)
A=
a2 + 1
isso dá
a2 A + a(b − B) = 0.
406
−h −1
= lim = lim =
h→0 (x + h) x h h→0 (x + h) x
−1
= <0
x2
−1
(na última etapa uso que a função de h dada por (x+h) x
é contı́nua !
Logo seu limite quando h → 0 é simplesmente seu valor em h = 0).
Nas Figuras a seguir não usei a mesma escala nos eixos x e y, por
isso as figuras são apenas qualitativamente corretas.
2
x
-1 -0,5 0 0,5 1
0
-2
-4
-6
-8
0
-1 -0,5 0 0,5 1 1,5
-2 x
-4
-6
CAPÍTULO 32. SOLUÇÕES DETALHADAS DE ALGUNS
EXERCÍCIOS 409
15
10
0
-1 0 1 2 3
x
-5
-10
Figura: y = f3 (x) = −2x2 + x3 (verm.), f3′ (x) (verde), f3′′ (x) (amar.)
20
15
10
0
-1 -0,5 0 0,5 1
x
-5
Figura: y = f4 (x) = x4 − 2x2 (verm.), f4′ (x) (verde), f4′′ (x) (amar.)
410
80
60
40
20
0
-1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2
x
-20
Figura: y = f5 (x) = 3x4 − 4x3 (verm.), f5′ (x) (verde), f5′′ (x) (amar.)
Esta última Figura merece um zoom perto da origem:
20
15
10
0
-0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6
x
-5
Exercı́cio 10.6:
Note que
x3 + C · x2 = −( (−x)3 − C(−x)2 ).
Ou seja que o gráfico de y = x3 + C · x2 pode ser obtido refletindo
o de y = x3 − C · x2 primeiramente no eixo x (passar de x a −x) e,
depois, refletindo no eixo y (passar de y para −y).
CAPÍTULO 32. SOLUÇÕES DETALHADAS DE ALGUNS
EXERCÍCIOS 411
100
50
0
-3 -2 -1 0 1 2 3
x
-50
-100
Z π
lim xi = sin(x) dx.
i→∞ 0
Z π
sin(x) dx = 2.
0
Exercı́cio 6.2:
Se x < 0 então
Z x Z x
F (x) := | t | dt = −t dt =
−1 −1
Se x ≥ 0 podemos fazer:
Z x Z 0 Z x
F (x) = | t | dt = | t | dt + | t | dt =
−1 −1 0
Z x
1
= + t dt =
2 0
1 x2
= + .
2 2
1,5
0,5
0
-1 -0,5 0 0,5 1
x
-0,5
Exercı́cio 6.3:
Como arcsin′ (x) = √ 1
1−x2
então:
x√ 1
F ′ (x) = [1 − x2 ]′ + ( arcsin(x))′ =
2 2
1 √ x 1 1 1 1
=[ 1 − x2 + · √ · (−2x)] + √ =
2 2 2 1−x 2 2 1 − x2
CAPÍTULO 32. SOLUÇÕES DETALHADAS DE ALGUNS
EXERCÍCIOS 417
1√ 1 1 1 1
= 1 − x2 − x2 √ + √ =
2 2 1 − x2 2 1 − x2
1√ 2
1 1 − x2
1−x + √ =
2 2 1 − x2
√
= 1 − x2 .
Exercı́cio 6.3:
ln(1+x)
O programa Maple plota y = x
completando em x = 0 o valor
ln(1 + x)
lim =1
x→0 x
De fato posso escrever:
ln(1 + x) − 0 ln(1 + x) − ln(1)
lim = lim
x→0 x x→0 x
e esse último limite é nada mais nada menos que uma derivada:
ln(1 + x) − ln(1)
ln′ (1) := lim .
x→0 x
′ 1
Ora ln (1) = 1
= 1.
Exercı́cio 6.6:
As primitivas de produto/quociente NÃO são o produto/quociente
de primitivas. Quando aparecem produtos é natural imaginar qu sur-
giram de se derivar composições de funções.
vi): Por isso as primitivas de f (x) = 2x cos(x2 ) são
F (x) = sin(x2 ) + C.
x
vii): As primitivas de 2
cos(x2 ) são:
sin(x2 )
F (x) = + C.
4
viii): As primitivas de x exp(x2 ) são
exp(x2 )
2
e as de exp(x) cos(exp(x)) são
sin(exp(x)) + C.
As primitivas de soma/subtração são a soma/subtração de primiti-
vas.
x): Portanto as primitivas de f (x) = a0 xn + a1 xn−1 + . . . + an são
xn+1 xn
a0 + a1 + . . . + an x + C.
n+1 n
Exercı́cio 6.17:
418
Exercı́cio 6.18:
Os pontos (x, y) da reta tangente ao gráfico de y = ln(x) no ponto
(e, 1) são os pontos que verificam:
y−1
= ln′ (e),
x−e
pois o valor da derivada ln′ (e) é por definição o coeficiente angular da
reta tangente.
Mas ln′ (e) = 1e , lno
y−1 1
=
x−e e
de onde
x
y−1= −1
e
x
e portanto y = e , que é uma reta pela origem.
Por reflexão na diagonal se obtem o gráfico da função inversa exp(x).
E a reflexão na diagonal da reta y = xe é x = ye , ou seja, a reta
y = ex. Essa é a tangente ao gráfico de y = exp(x) em (1, e), como
também se pode verificar a partir de:
y−e
= exp′ (1) = exp(1) =: e.
x−1
• Ademais
x − x2 > x3 ,
para x pequenos, pois
x − (x2 + x3 ) > 0
para x pequenos.
• Porém certamente a partir de um certo x deve acontecer que
x − x2 < x3 ,
devido ao expoente 3.
Para qual x ≥ 0 temos x − x2 = x3 ? Ou seja, onde x3 + x2 − x = 0
? Nas soluções de:
x (x2 + x − 1) = 0,
ou seja, em x = 0 ou na solução positiva de (x2 + x − 1), que é
√
−1 + 5
a := ∼ 0.6.
2
A partir desse a ∼ 0.6 vale x − x2 < x3 .
Então escrevo:
Z b Z a Z b
2 3 2 3
x − x − x dx = x − x − x dx + x − x2 − x3 dx
0 0 a
e portanto: Z b
x − x2 − x3 dx = 0 ⇔
0
Z a Z b
2 3
⇔ x − x − x dx = − x − x2 − x3 dx.
0 a
Mas Z Z
b b
2 3
− x − x − x dx = −(x − x2 − x3 ) dx =
a a
Z b
= x3 − (x − x2 ) dx.
a
Em suma,
Z a Z b
2 3
x − x − x dx = x3 − (x − x2 ) dx.
0 a
Ora, Z a
(x − x2 ) − x3 dx
0
é uma Área, pois (x − x ) − x3 ≥ 0 na região x ∈ [0, a]. E também
2
Z b
x3 − (x − x2 ) dx
a
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8
x
Exercı́cio 4.5:
Para saber de onde até onde considerar a Área precisamos saber
as abscissas dos pontos onde os gráficos de y = x4 e de y = a se
intersectam.
1 1
Ou seja, resolver x4 = a, o que dá x = −a 4 e x = a 4 .
1
Vamos subtrair da área do retângulo de base 2a 4 e altura a (que é
1 5
2a 4 a = 2a 4 ) a área sob o gráfico de x4 .
Esta última é dada pelo importante Teorema Fundamental do Cálculo.
Na notação do Curso:1
5
1 x5 1 x5 1 a4
Ax4 , −a 41 ( a ) = (a 4 ) − (−a 4 ) = 2
4
5 5 5
lno a área que buscamos é
5
5 a4 4 5
2a − 2
4 = 2( a 4 ).
5 5
Como exigimos que seja
5 4 5
= 2( a 4 )
2 5
concluimos que
5 25
a4 =
16
4
e portanto a = ( 25
16
)5 .
1Na
R a 14 x5 x5
notação usual de integrais −a 4
1 x4 dx = 1
5 |a 4 − 1
5 |−a 4
CAPÍTULO 32. SOLUÇÕES DETALHADAS DE ALGUNS
EXERCÍCIOS 421
e portanto
1
ln( 1 ) − ln(2 2 )
1
1 ln(2)
22
τ̌ = = = .
−k −k 2 k
1
Ou seja, τ̌ = 2
τ.
Exercı́cio 7.5:
Sabemos que a solução da equação, com f (0) = 1 é f (x) = exp(−kx).
Queremos x tal que f ′ (x) = −1, onde
f ′ (x) = −k exp(−kx).
Logo queremos encontrar x tal que:
−1 = −k exp(−kx),
1
ou seja, k
= exp(−kx), ou seja, ln( k1 ) = −kx, de onde
ln(k)
x= .
k
Resolvi fazer um exemplo, com k = 2 e portanto x = ln(2)2
.
Pedi para o Maple plotar os gráficos de y = f (x) = exp(−2x) e de
y = −x para
ln(2) ln(2)
x∈[ − 0.1, + 0.1]
2 2
e o resultado aparece a seguir:
0,6
0,4
0,2
0
0,28
0,32
0,36
0,4
0,44
x
-0,2
-0,4
Exercı́cio 7.6:
Item i):
A função que dá a posição a partir de A é parecida com àquela da
2
queda-livre vertical: g · t2 (já que f ′ (0) = 0 e f (0) = 0 e a aceleração é
constante ao longo da semireta AB).
Mas a diferença com aquele caso já estudado é que a gravidade
atua na semireta AB de acordo com a projeção de um vetor vertical
de módulo g nesta semireta; ou seja, com valor
g · sin(θ)
CAPÍTULO 32. SOLUÇÕES DETALHADAS DE ALGUNS
EXERCÍCIOS 423