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Universidade Federal de Goiás

Instituto de Matemática e Estatísica

NOTAS DE AULA CÁLCULO 1 C

Autores:

Dr. Armando Corro


Dr. Benedito Leandro
Me. Elianderson M. Santos
Dr. Jhone Caldeira
Dr. Leandro Prudente
Mr. Lucas Dal Berto
Dr. Marcelo Ferro
Mr. Rafael Novais
Dr. Ronaldo Santos
1

Goiânia
3 de junho de 2022
CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Sumário
Lista de Figuras 4
Lista de Tabelas 5
1. Funções: domínio e diferentes representações | Aula 2 6
1.1. Funções 6
1.2. Domínio 7
1.3. Contradomínio e imagem de uma função 8
1.4. O Plano Cartesiano - Quadrantes 11
1.5. Gráfico de uma função 11
2. Funções definidas por partes | Aula 3 15
2.1. Definição 15
3. Composição de funções | Aula 4 16
3.1. Função composta 16
4. Função afim | Aula 5 19
5. Função quadrática: definição e gráfico | Aula 6 26
5.1. Definição 26
5.2. Gráfico 27
5.3. Análise da função quadrática 29
6. Gráficos de funções definidas por partes | Aula 7 32
7. Limites: definição e propriedades | Aula 8 37
7.1. Introdução 37
7.2. O limite de uma função 37
7.3. Propriedades dos limites 39
7.4. Limite de função linear 39
8. Limites de Polinômios, Limites Laterais, Continuidade | Aula 9 41
9. Limites de funções racionais | Aula 10 44
9.1. Divisão de polinômios 44
9.2. Funções racionais 44
10. Limites Infinitos | Aula 11 48
11. Limites no infinito | Aula 12 51
11.1. Introdução 51
11.2. Regra de potência inversa 52
11.3. Exemplos 52
12. LISTA EXERCÍCIOS 1 54
13. Derivada: definição, velocidade instantânea e reta tangente | Aula 13 60
14. Derivabilidade e continuidade. Derivada como função e a derivada de potências
| Aula 14 64
14.1. Derivação e continuidade 64
14.2. Derivada como função 65
14.3. Derivada de potências 66
15. Significado do sinal da derivada | Aula 15 68
16. Regras de derivação | Aula 16 72
16.1. Multiplicação por uma constante 72
16.2. Regra da soma 72
2
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 3

16.3. Regra do produto 73


17. Regra do quociente e exercícios | Aula 17 75
18. Revisando 75
19. Regra do quociente 75
20. Regra da cadeia | Aula 18 79
20.1. Regra da cadeia 79
20.2. Exemplos 79
21. Função Inversa - Exponencial e Logarítmica | Aula 19 82
22. Funções Exponenciais 84
23. Função Logarítmica 85
24. Funções exponencial e logarítmica : deriva e regra da cadeia | Aula 20 87
24.1. Derivada da função exponencial 87
24.2. Regra da cadeia para funções exponenciais 87
24.3. Derivada de ln x 88
24.4. Regra da cadeia para funções logarítmicas 89
24.5. Derivadas de bx e logb x para b > 0 e b 6= 1 89
25. Intervalos de crescimentos e descrescimentos, pontos críticos e teste da primeira
derivada | Aula 21 91
26. Exemplos 92
27. Concavidade, Pontos de inflexão e teste da segunda derivada | Aula 22 96
27.1. Concavidade 96
27.2. Pontos de inflexão 97
28. Traçar curvas | Aula 23 99
29. Exemplos 99
30. Aplicação da derivada: otimização | Aula 24 105
30.1. Método geral para resolver problemas de otimização 105
31. LISTA EXERCÍCIOS 2 109
32. LISTA DE EXERCÍCIOS 3 111
33. Teorema Fundamental do Cálculo e Integral Definida | Aula 25 112
34. Teorema Fundamental do Cálculo 113
35. Integral Definida 115
36. Propriedades das integrais | Aula 26 117
36.1. Introdução 117
37. Integral por substituição | Aula 27 121
38. Relembrando 121
39. Integral por substituição 121
40. Área entre curvas | Aula 28 124
40.1. Área 124
41. LISTA DE EXERCÍCIOS 4 127
Referências 130
4 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Lista de Figuras

1 Uma curva que não representa uma função. 14


2 Uma curva que representa uma função. 14
3 Interpretação geométrica 37
4 Gráfico de f 38
5 Em (a) temos a concavidade para cima e em (b) temos a concavidade para baixo. 96
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 5

Lista de Tabelas

1 Alguns valores da função 9


2 Alguns valores da função 9
6 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

1. Funções: domínio e diferentes representações | Aula 2


1.1. Funções.
Definição 1. Função é uma regra que associa cada elemento de um conjunto dado A a
um único elemento de um outro conjunto B.
O conjunto A é chamado de domínio da função enquanto que o conjunto B é chamado
de contradomínio da função.
Notação: f : A → B.
Na notação acima a letra f representa a função, o conjunto A é o domínio de f e o
conjunto B é o contradomínio de f .
As duas figuras a seguir representam, respectivamente, uma regra que é uma função e
uma outra regra que não é uma função.

(a) É uma função (b) Não é uma função

Na figura (a) acima temos uma representação de uma função. Note que cada elemento
do conjunto A é associado (através das setas azuis) a um único elemento do conjunto B.
Por outro lado, na figura (b) existe um elemento do conjunto A que está associado a dois
elementos distintos do conjunto B ao mesmo tempo, o que contraria a Definição 1 e mostra
que o diagrama da figura (b) não representa uma função.
Exemplo 1. Um exemplo clássico de função é a função "elevador". Considere um prédio
de seis andares. Defina o conjunto A como o conjunto dos botões do elevador, isto é,
A={0,1,2,3,4,5,6}, onde o 0 representa o botão que leva ao térreo, 1 representa o botão que
leva ao 1o andar e assim por diante. Agora, defina o conjunto B como sendo o conjunto dos
andares do prédio, isto é, B={0,1,2,3,4,5,6}, onde 0 representa o andar térreo e cada número
de 1 a 6 representa o respectivo andar com aquele número. Podemos definir uma função
f : A → B chamada função "elevador"que associa cada botão do elevador ao andar que o
elevador nos leva quando apertamos aquele botão. A tabela a seguir representa a função
"elevador":

x f(x)
0 0
1 1
2 2
3 3
4 4
5 5
6 6

Note que não existe nenhum botão do elevador que não esteja associado a nenhum andar.
Além disso, cada botão do elevador está associado a algum andar pela regra "ir até o
andar com o mesmo número do botão", e essa associação é tal que cada botão do elevador
se associa a um único andar do prédio.
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 7

Outros exemplos de funções que podemos definir a partir de situações cotidianas são:
• O volume do áudio de um televisor em função do número que aparece na barra de
volume quando apertamos o botão de ajuste de volume no controle remoto;
• A quantidade de imposto de renda devido em função da renda obtida por uma
pessoa durante uma ano;
• A concentração de um medicamento na corrente sanguínea de uma pessoa em função
do tempo que passou desde que ela tomou aquele medicamento;
• O consumo de um automóvel em função da proporção gasolina/etanol utilizada para
abastecê-lo.

1.2. Domínio.
Definição 2. O domínio de uma função real f , denotado por D(f ) ou Df , é o maior
subconjunto de R (o conjunto dos números reais) para o qual f está bem definida.
Em outras palavras a definição acima nos diz que o domínio de uma função real f (isto é,
uma função que assume valores no conjunto dos números reais) é o maior conjunto possível
dentro de R para o qual a regra que define a função está bem definida, ou seja, o maior
conjunto formado por elementos x ∈ R para os quais é possível calcularmos a imagem f (x).

Exemplo 2. Considere a função real dada pela regra f (x) = x. Como sabemos, no
contexto dos números reais, só é possível calcularmos raízes quadradas de números maiores
ou iguais a zero. Portanto, neste caso temos:

f (x) = x ⇒ Df = {x ∈ R|x ≥ 0}
= R+
= [0, +∞)


Exemplo 3. Considere a função real definida pela regra f (x) = x − 1. Novamente,
seguindo o exemplo anterior, só podemos calcular raízes quadradas de números maiores ou
iguais a zero. Portanto, a expressão dentro do radical deve ser maior ou igual a zero, e assim
temos:

f (x) = x − 1

x−1 ≥ 0
x ≥ 1

⇒ Df = {x ∈ R|x ≥ 1}
= [1, +∞)

Exemplo 4. Considere a função real definida pela regra f (x) = x1 . Sabemos que não existe
divisão por zero. Portanto, temos o seguinte:
1
f (x) = ⇒ Df = {x ∈ R|x 6= 0}
x
= R∗
= R\{0}
= (−∞, 0) ∪ (0, +∞)
8 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Exemplo 5. Seguindo o mesmo raciocínio do exemplo anterior, temos que o domínio da


1
função real f (x) = x−1 é dado por:
1
f (x) =
x−1
x−1 6= 0
x 6= 1

⇒ Df = {x ∈ R|x 6= 1}
= R\{1}
= (−∞, 1) ∪ (1, +∞)


x
Exemplo 6. Agora considere a função real f (x) = x−2 . Note que neste caso temos duas
restrições: 1) a expressão dentro do radical que aparece no numerador deverá ser maior ou
igual a zero; 2) a expressão do denominado deverá ser diferente de zero. O domínio de f
será o subconjunto de R que contém os números reais que satisfazem estas duas condições
ao mesmo tempo: √
x f1 (x)
f (x) = =
x−2 f2 (x)
(1)

f1 (x) = x ⇒ Df1 = {x ∈ R|x ≥ 0}
= R+
= [0, +∞)

(2)
1
f2 (x) = ⇒ Df2 = {x ∈ R|x 6= 2}
x−2
= R\{2}

Df = Df1 ∩ Df2
= {x ∈ R|x ≥ 0 e x 6= 2}
= [0, 2) ∪ (2, +∞)

1.3. Contradomínio e imagem de uma função.


Dada uma função f : A → B, o contradomínio de f é o maior conjunto onde a função
f pode assumir valores. Além disso, se a função f associa o elemento x ∈ A ao elemento
y ∈ B dizemos que y é a imagem de x por f e denotamos isso por y = f (x). O conjunto
imagem de uma função f : A → B, denotado por Im(f ), é o subconjunto do contradomínio
B que contém as imagens de todos os elementos do domínio A. De uma maneira mais
formal, temos a seguinte definção:
Definição 3. Seja f : A → B uma função. A conjunto imagem de f , denotado por Imf é
o conjunto
Imf = {y ∈ B | y = f (x) para algum x ∈ A}.
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 9

Exemplo 7. Definindo uma função f : R → R pela regra f (x) = x + 1 temos o seguinte:

x f(x)
-2 -1
-1 0
0 1
1 2
2 3
Tabela 1. Alguns valores da função

Domínio de f : R
Contradomínio de f : R
Imagem de f : Im(f )=R.
Exemplo 8. Definindo uma função f : R → R pela regra f (x) = x2 temos o seguinte:

x f(x)
-2 4
-1 1
0 0
1 1
2 4
Tabela 2. Alguns valores da função

Domínio de f : R
Contradomínio de f : R
Imagem de f : Im(f )=R+ .
Observação 1. Note que o Exemplo 8 acima mostra que em uma função pode ocorrer
de dois elementos distintos do domínio A se associarem a um mesmo elemento pertencente
ao contradomínio B. Isto não contraria a definição de função. O que não pode acontecer
em uma função é um único elemento do domínio se associar a mais de uma elemento do
contradomínio.
Considere o seguinte diagrama representando uma função f : A → B:

Função f : A → B

Relembrando o que já foi visto sobre os conceitos de domínio, contradomínio de imagem


de uma função, temos o seguinte:
10 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

• Domínio: Df = {1, 2, 3, 4};


• Contradomínio: CDf = {2, 3, 4, 5, 6, 8};
• Imagem: Imf = {2, 4, 6, 8}.
Exemplo 9. √
f (x) = x
• Domínio: Df = R+ ;
• Contradomínio: CDf = R;
• Imagem: Imf = R+ .
Imf ⊂ CDf
Exemplo 10. Sejam
x2 − 1
f (x) = e g(x) = x + 1.
x−1

x2 − 1 (x − 1)(x + 1)
Veja que: = = x + 1.
x−1 x−1
Temos:

• Domínio: Df = R\{1} e Dg = R;
• Contradomínio: CDf = R e CDg = R;
• Imagem: Imf = R\{2} e Img = R.
Imf ⊂ CDf e Img = CDg .
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 11

1.4. O Plano Cartesiano - Quadrantes.


A figura a seguir representa o Plano Cartesiano, que em geral é utilizado para representar
graficamente funções reais, isto é, funções cujo domínio é um subconjunto de R e cujo
contradomínio é o próprio R. Na figura a seguir, o ponto O representa a origem do sistema
cartesiano e associamos a ele as coordenados (0,0). Além disso, utilizamos o eixo vertical
(eixo OX ou eixo dos "x") para representar a conjunto dos números reais R, no qual os
pontos à direita da origem O representam os números reais positivos enquanto que os pontos
à esquerda de O representam os números reais negativos. No caso do eixo vertical (eixo OY
ou eixo dos "y"), os pontos da reta vertical acima do ponto O representam os reais positivos,
enquanto que os pontos abaixo do ponto O representam os reais negativos.

As quatro áreas delimitadas pelos eixos são chamados de quadrantes. O quadrante I


contém os pontos cuja primeira e segunda coordenadas são positivas; no quadrante II temos
os pontos cuja primeira é negativa e a segunda coordenada é positiva; no quadrante III
temos os pontos onde ambas as coordenadas são negativas; e no quadrante IV os pontos
onde a primeira coordenada é positiva e a segunda é negativa.

1.5. Gráfico de uma função.


O gráfico de uma função é usado para representar graficamente uma dada função f :
A → B. Ele nos ajuda a compreender melhor o comportamento dos valores das imagens
de uma função quando variamos os valores no domínio da mesma. De uma forma mais
simplificada, desenhar o gráfico de uma função f : A → B consiste em utilizar o plano
cartesiano associando cada relação x 7→ y = f (x) dada por f a um ponto do plano cartesiano
cujas coordenadas são (x, y).
12 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Exemplo 11. Considere a função real dada pela regra f (x) = 2x − 1. A tabela a seguir
nos dá alguns valores de f (x) em função do valor de x:

x f(x)
-1 -3
0 -1
1 1

Para desenharmos o gráfico de f primeiro marcamos no plano cartesiano os pontos que


representam as relações x 7→ y = f (x) dadas pela função f . Em seguida, desenhamos uma
linha que passa por esses pontos:

Na figura acima os pontos em vermelho representam as relações x 7→ y = f (x), enquanto


que a linha azul representa o gráfico de f .

Exemplo 12. Considere a função real dada pela regra f (x) = x. A tabela a seguir nos
dá alguns valores de f (x) em função do valor de x:

f (x) = x

Para desenharmos o gráfico de f primeiro marcamos no plano cartesiano os pontos que

x f(x)
-4 6∃
0 0
4 2
9 3
16 4

representam as relações x 7→ y = f (x) dadas pela função f . Em seguida, desenhamos uma


linha que passa por esses pontos:
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 13

Na figura acima os pontos em vermelho representam as relações x 7→ y = f (x), enquanto


que a linha azul representa o gráfico de f . Note que o elemento x = −4 não possui um
elemento correspondent associado a ele no contradomínio (pois não podemos calcular a raiz
quadrada de −4), no gráfico não aparece um ponto cuja primeira coordenada é −4. Além
disso, uma vez que o√domínio de f é o conjunto dos números reais maiores ou iguais a zero,
o gráfico de f (x) = x contém somente pontos onde a primeira coordenada x é maior ou
igual a zero.
1.5.1. Como determinar se uma relação é uma função a partir de seu gráfico?
Lembremos primeiramente a definição de função:

Definição. Função é uma regra que associa cada elemento de um conjunto dado A a
um único elemento de um outro conjunto B.

Sabendo que o gráfico de uma função f é o conjunto dos pontos do plano cartesiano com
coordenadas (x, f (x)) onde x ∈ Df , a definição de função nos ajuda a entender de que forma
podemos identificar se uma relação é ou não uma função através de seu gráfico.

Em geral, uma curva no plano cartesiano representa uma função real se todos os pontos
(x, y) desta curva são tais que y = f (x) para algum x ∈ Df e, além disso, o elemento y
associado a x por f é único. De um maneira mais prática, dada uma curva no plano
cartesiano, diremos que esta curva representa uma função se ocorrer o seguinte:

Para toda reta vertical r paralela ao eixo OY , esta mesma reta r intercepta a curva em
questão no máximo uma vez.
Exemplo 13. Considere a curva dada na figura a seguir. Note que a reta vertical x = 2
intercepta a curva em mais de um ponto. Se a curva fosse uma função, então o elemento
x = 2 teria duas imagens (a saber f (2) = y1 e f (2) = y2 ) distintas, o que contraria a
definição de função, já que cada elemento do domínio de uma função só pode ser associado
a um único elemento no contradomínio.
Exemplo 14. Considere a curva dada na figura a seguir. Note que a reta vertical x = 3
intercepta a curva em um único ponto (na figura, a bolinha branca indica que o ponto em
questão não faz parte da curva!). Portanto, a curva da figura representa sim uma função,
14 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Figura 1. Uma curva que não representa uma função.

pois se tomarmos qualquer outra reta vertical paralela ao eixo OY esta reta interceptará a
curva e no máximo um ponto.

Figura 2. Uma curva que representa uma função.

Observação 2. Dada uma curva no plano cartesiano que represente uma função, se acon-
tecer de existir uma reta vertical x = x0 que não intercepta a curva em nenhum ponto, isto
número real x0 não faz parte do domínio da função. Um exemplo disso é a
significa que o √
função f (x) = x, dada no Exemplo 12. Como o domínio de f contém apenas os números
maiores ou iguais a zero, se tomarmos qualquer reta vertical x = x0 com x0 < 0, esta reta
não interceptará o gráfico de f .
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 15

2. Funções definidas por partes | Aula 3


2.1. Definição. Uma função definida por partes é da forma

 f1 (x), se x ∈ Df1

 f2 (x), se x ∈ Df2

h(x) = ..


 .
fn (x), se x ∈ Dfn

Note que Dh = Df1 ∪ Df2 ∪ · · · ∪ Dfn e que h(x) = fi (x) ⇔ x ∈ Dfi , ∀i = 1, 2, · · · , n.

Exemplos:
x2 , se x ≥ 0

1. f (x) =
−x, se x < 0
x = 4 ⇒ f (4) = (4)2 = 16, pois x ≥ 0.
x = −3 ⇒ f (−3) = −(−3) = 3, pois x < 0.

 x + 3 , se x ≤ −2
2. h(x) = 0 , se −2 < x ≤ 2
−5x + 8 , se x > 2

x = −3 ⇒ h(−3) = −3 + 3 = 0, pois x ≤ −2.


x = 1 ⇒ h(1) = 0, pois −2 < x ≤ 2.
x = 4⇒ h(4) = −5(4) + 8 = −12, pois x > 2.
2x + 1 , se x < 0
3. f (x) =
2x + 2 , se x ≥ 1
x = −2 ⇒ f (−2) = 2(−2) + 1 = −3, pois x < 0.
x = 3 ⇒ f (3) = 2(3) + 2 = 8, pois x ≥ 1.
Note que a função não está definida no intervalo [0,1).
4. Função imposto de renda de pessoas físicas
Considerando a tabela de imposto de renda:

Base do cálculo (R$) Alíquota (%) Parcela a deduzir do IRPF (R$)


Até 22.847,76 - -
De 22.847,77 até 33.919,80 7,5 1.713,58
De 33.919,81 até 45.012,60 15 4.257,57
De 45.012,61 até 55.976,16 22,5 7.633,51
Acima de 55.976,16 27,5 10.432,32
Temosque a função imposto de renda é definida por:
 0 , se r ≤ 22.847, 76
7,5

(r − 22.847, 76) 100 , se 22.847, 76 < r ≤ 33.919, 80



15
IR(r) = 830, 40 + (r − 33.919, 80) 100 , se 33.919, 80 < r ≤ 45.012, 60
22,5
2.494, 32 + (r − 45.012, 60) , se 45.012, 60 < r ≤ 55.976, 16



 100
27,5
4.961, 22 + (r − 55.976, 16) 100 , se r > 55976, 16

16 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

3. Composição de funções | Aula 4


3.1. Função composta.
Definição 4. Sejam f (u) e g(x) funções. A função f (g(x)), obtida substituindo g(x) em
u, chama-se função composta.

Observação 3. Para fazer sentido a expressão f (g(x)), devemos ter a imagem de g contida
no domínio de f , isto é, Img ⊂ Df . De fato, caso contrário existiria algum u = g(x) ∈ Img
tal que u ∈
/ Df , não sendo possível assim definir o valor f (u) = f (g(x)).
Exemplo 15. Considere as funções
f (u) = u2 + 3u + 1 e g(x) = x + 1.
Então,
f (g(x)) = f (x + 1)
= (x + 1)2 + 3(x + 1) + 1
= x2 + 2x + 1 + 3x + 3 + 1
= x2 + 5x + 5.
Observação 4. A composição de funções não é comutativa, ou seja, em geral temos que
f (g(x)) 6= g(f (x)).
No exemplo 15 temos
g(f (x)) = g(x2 + 3x + 1)
= (x2 + 3x + 1) + 1
= x2 + 3x + 2.

Observação 5. Ainda referente ao Exemplo 15, é possível que ocorra f (g(x)) = g(f (x))?
f (g(x)) = g(f (x))
2
x + 5x + 5 = x2 + 3x + 2
2x = −3
3
x = −
2
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 17

Exemplo 16. (Problema de Custo) Pedro, proprietário de uma empresa de móveis, sabe
que se r poltronas forem produzidas por hora o custo de produção será dado por
1
C(r) = r3 − 50r + .
r+1
Suponha que a produção satisfaz
r(w) = 4 + 0, 3w,
onde w é o salário por hora dos trabalhadores.
a) Expresse o custo C como uma função de w.
b) Quanto Pedro deve pagar pela produção quando os trabalhadores ganham 20, 00?
Solução:
a)
C(r(w)) = C(4 + 0, 3w)
1
= (4 + 0, 3w)3 − 50(4 + 0, 3w) + .
(4 + 0, 3w) + 1

b)
1
C(r(20)) = (4 + 0, 3 · 20)3 − 50(4 + 0, 3 · 20) +
(4 + 0, 3 · 20) + 1
= 500, 09.

Exemplo 17. (Problema de poluição do ar) O nível de monóxido de carbono é dado


por
C(p) = 0, 5p + 1,
onde p é a população (p mil). Estima-se que após t anos a população é dada por
p(t) = 10 + 0, 1t2 .
a) Expresse o nível de monóxido de carbono C em função do tempo t.
b) Quando o nível de monóxido de carbono será 6, 8?
Solução:
a)
C(p(t)) = C(10 + 0, 1t2 )
= 0, 5(10 + 0, 1t2 ) + 1
= 5 + 0, 05t2 + 1 = 6 + 0, 05t2 .

b)
6, 8 = C(p(t))
6, 8 = 6 + 0, 05t2
0, 8 = 0, 05t2
80 = 5t2
6 = t2
⇒ t = 4 ou t = −4.

Nesse problema o valor t = −4 não convém. Portanto a resposta será t = 4.


18 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Exemplo 18. Se
5
f (x) = + 4(x − 2)3 ,
x−2
determine g(u) e h(x) tal que g(h(x)) = f (x).
Solução: Basta definir
5
g(u) = + 4u3 e h(x) = x − 2.
u
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 19

4. Função afim | Aula 5


Definição: Sejam a, b ∈ R. Dizemos que uma função f : R → R é afim se ela é da forma
f (x) = ax + b.
Exemplos:
1) f (x) = 2x + 4;
2) g(x) = −3x + 1;
3) h(x) = 5x;
4) i(x) = 7.
O valor da função em um ponto
Considerando f (x) = 2x + 4, temos:
• x = 0 ⇒ f (0) = 2(0) + 4 = 4;
• x = −2 ⇒ f (−2) = 2(−2) + 4 = 0;
• x = 3 ⇒ f (3) = 2(3) + 4 = 10.
Dois casos particulares de funções afins
Temos que uma função afim f (x) = ax + b:
(i) é chamada função constante se a = 0 [f (x) = b];
(ii) é denominada função linear se a 6= 0, b = 0 [f (x) = ax].
Exemplos:
• f (x) = 7 é uma função constante, pois a = 0;
• f (x) = 5x é uma função linear, pois a 6= 0, b = 0.

Sinal da função afim


Considerando a função afim f (x) = ax+b, podemos estudar os valores de x onde a função
é positiva (f (x) > 0), negativa (f (x) < 0) ou nula (f (x) = 0).
Exemplos:
1) f (x) = 2x + 3
−3
• Temos f (x) > 0 ⇒ 2x + 3 > 0 ⇒ 2x > −3 ⇒ x > 2 .

−3
Tomando x = −1 > 2 ⇒ f (−1) = 1 > 0.

−3
• Temos f (x) < 0 ⇒ 2x + 3 < 0 ⇒ 2x < −3 ⇒ x < 2 .

−3
Tomando x = −2 < 2 ⇒ f (−2) = −1 < 0.

−3
• Temos f (x) = 0 ⇒ 2x + 3 = 0 ⇒ 2x = −3 ⇒ x = 2 .

2) f (x) = −2x + 4
• f (x) > 0 ⇒ −2x + 4 > 0 ⇒ −2x > −4 ⇒ 2x < 4 ⇒ x < 2
20 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Tomando x = 1 < 2 ⇒ f (1) = 3 > 0.

• f (x) < 0 ⇒ −2x + 4 < 0 ⇒ −2x < −4 ⇒ 2x > 4 ⇒ x > 2

Tomando x = 3 > 2 ⇒ f (3) = −2 < 0.

• f (x) = 0 ⇒ −2x + 4 = 0 ⇒ −2x = −4 ⇒ 2x = 4 ⇒ x = 2

Definição: Uma função f é crescente em A ⊂ R se x1 < x2 ⇒ f (x1 ) < f (x2 ), e ela é


decrescente em A ⊂ R se x1 < x2 ⇒ f (x1 ) > f (x2 ).

Considerando f uma função afim, temos que ela é crescente se a > 0, e ela é decrescente
se a < 0.
De fato, considerando a > 0 temos:
x1 < x2 ⇒ ax1 < ax2 ⇒ ax1 + b < ax2 + b ⇒ f (x1 ) < f (x2 ),
logo f é crescente.

Agora sendo a < 0 temos:


x1 < x2 ⇒ ax1 > ax2 ⇒ ax1 + b > ax2 + b ⇒ f (x1 ) > f (x2 ),
portanto f é decrescente.

Exemplos: a)f (x) = 2x + 3, a = 2 > 0

x f (x)
−2 −1
−1 1
0 3
1 5
2 7
b)f (x) = −x + 5, a = −1 < 0

x f (x)
−2 7
−1 6
0 5
1 4
2 3
Taxa de Variação
• f (x) = ax + b
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 21

f (x + 1)= a(x + 1) + b
= ax + a + b

= ax + b + a
= f (x) + a
Note que ao acrescentar 1 unidade no domínio, acrescentamos a unidades na
imagem.
f (x + 2) = a(x + 2) + b
= ax + 2a + b

= ax + b + 2a
= f (x) + 2a
Note que ao acrescentar 2 unidades no domínio, acrescentamos 2a unidades na
imagem.
f (x + 3) = a(x + 3) + b
= ax + 3a + b

= ax + b + 3a
= f (x) + 3a
Note que ao acrescentar 3 unidades no domínio, acrescentamos 3a unidades na
imagem.
De modo geral, sendo f (x) = ax + b, temos:
 
x1 7−→ f (x1 )
x2 − x1 f (x2 ) − f (x1 )
x2 7−→ f (x2 )

f (x2 ) − f )(x1 ) (ax2 + b) − (ax1 + b) a(x2 − x1 )


Sendo x2 − x1 6= 0 obtemos, = = = a.
x2 − x1 x2 − x1 x2 − x1
Temos que a é a taxa de variação da função afim, isso quer dizer que a cada unidade
acrescida no domínio, sua imagem será acrescida de a unidades.

Exemplos:
• f (x) = 3x + 2
x = 1 ⇒ f (1) = 5
x = 2 ⇒ f (2) = 8
x = 5 ⇒ f (5) = 17
8−5 3 17 − 8 9 17 − 5 12
Note que = = 3, = = 3, = = 3.
2−1 1 5−2 3 5−1 4
Isso quer dizer que a cada unidade que aumentamos no domínio, aumentamos
a = 3 unidades na imagem.
• f (x) = −2x + 4
x = 2 ⇒ f (2) = 0
x = 7 ⇒ f (7) = −10
−10 − 0 −10
= = −2.
7−2 5
Isso quer dizer que a cada unidade que aumentamos no domínio, subtraímos 2 (ou
adicionamos a = −2) unidades na imagem.

Gráfico da função afim


O gráfico da função é o conjunto dado por Gr(f ) = {(x, f (x)) : x ∈ Df }.

Exemplo: f (x) = 2x − 4
22 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

x f (x) → (x, f (x))


−2 −8 → (2, −8)
−1 −6 → (−1, −6)
0 −4 → (0, −4)
1 −2 → (1, −2)
2 0 → (2, 0)
3 2 → (3, 2)
4 4 → (4, 4)
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 23

Marcando esses pontos no plano cartesiano obtemos:

Vamos agora verificar se os pontos pertencem a mesma reta.


Sendo f (x) = ax + b, considere os pontos (x1 , f (x1 ), (x2 , f (x2 ), (x3 , f (x3 )). Devemos ter
que α = β para que os pontos pertençam à mesma reta.

AB f (x3 ) − f (x2 )
Considerando os triângulos ACD e ABE, vimos que = = a e que
BE x3 − x2
AC f (x3 ) − f (x1 )
= = a. Logo os dois triângulos possuem 2 lados proporcionais e o ângulo
CD x3 − x1
entre eles é congruente, portanto os triângulos são semelhantes, daí α = β, como queríamos.
Portanto o gráfico de f é:
24 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Então, sabendo que o gráfico de qualquer função afim é uma reta, não precisamos marcar
vários pontos, é suficiente determinarmos 2 pontos e ligá-los por uma reta.

Exemplos:

• f (x) = 2x + 4
x = 0 ⇒ f (0) = 2(0) + 4 = 4 ⇒ (0, 4)
f (x) = 0 ⇒ 0 = 2x + 4 ⇒ 2x = −4 ⇒ x = −2 ⇒ (−2, 0)

• f (x) = −3x + 6
x = 0 ⇒ f (0) = −3(0) + 6 = 6 ⇒ (0, 6)
f (x) = 0 ⇒ 0 = −3x + 6 ⇒ 3x = 6 ⇒ x = 2 ⇒ (2, 0)
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 25

• f (x) = 5x
x = 0 ⇒ f (0) = 5(0) = 0 ⇒ (0, 0)
x = 1 ⇒ f (1) = 5(1) ⇒ f (1) = 5 ⇒ (1, 5)

• f (x) = 7
x = 0 ⇒ f (0) = 7 ⇒ (0, 7)
x = 1 ⇒ f (1) = 7 ⇒ (0, 7)

Retas Paralelas
Considerando as funções afins f (x) = ax + b e g(x) = cx + d, temos que seus gráficos são
retas paralelas se suas taxas de variações são iguais, ou seja, se a = c.
26 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Exemplo: f (x) = 2x − 5 e g(x) = 2x + 3: como as taxas são iguais, seus gráficos são
paralelos.

Retas Perpendiculares
Considerando as funções afins f (x) = ax + b e g(x) = cx + d, temos que seus gráficos são
retas perpendiculares se o produto das taxas de variações é -1, ou seja, se ac = −1.

Exemplo: f (x) = 2x − 5 e g(x) = − 12 x + 3: como 2 · − 12 = −1, temos que seus gráficos




são perpendiculares. Exem

5. Função quadrática: definição e gráfico | Aula 6


5.1. Definição.
5.1.1. Forma Geral.
f (x) = ax2 + bx + c,
a, b, c ∈ R são os coeficientes.
Se a = 0, então f (x) = bx + c e, assim, temos uma função afim.
5.1.2. Relação com a equação de segundo grau.
f (x) = a(x − x1 )(x − x2 ),
onde √ √
−b + ∆ −b − ∆
x1 = e x2 =
2a 2a
são as raízes de f com
∆ = b2 − 4ac.
5.1.3. Equação de segundo grau.
ax2 + bx + c = 0
podemos escrever
a(x − x1 )(x − x2 ) = 0,
onde √ √
−b + ∆ −b − ∆
x1 = e x2 =
2a 2a
são as raízes da equação.
• ∆ > 0: existem duas raízes distintas;
• ∆ = 0: “uma"raiz real;
• ∆ < 0: não existem raízes reais.
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 27

5.1.4. Interseção com os eixos.


• Zeros: Pontos em que f (x) = 0 (interseção com o eixo-x).
• Ponto em que x = 0: interseção com o eixo-y.
Tome

f (x) = ax2 + bx + c.

(i) Dado um ponto da forma

(x, 0),

queremos encontrar x tal que

f (x) = 0.

Então desejamos que

ax2 + bx + c = 0.

Assim, determinamos as raízes.

(ii) Ponto: (0, f (x)) - Corresponde ao ponto (0, c).

5.2. Gráfico.

Exemplo 19. Considere a função

f (x) = −x2 + 3x − 2.

Note que

∆ = b2 − 4ac = (3)2 − 4(−1)(−2) = 1 > 0. (duas raízes)

Logo,
√ √
−b + ∆ −3 + 1 −b − ∆ −3 − 1
x1 = = = 1 e x2 = = = 2.
2a 2(−1) 2a 2(−1)

⇒ f (x) = (x − 1)(x − 2), Df = R.

Interseção com o eixo-x: zeros - (x, 0) - correspondendo aos pontos (1, 0) e (2, 0);

Interseção com o eixo-y: ponto (0, c) - correspondendo aos ponto (0, −2).

Pontos do gráfico:

x f(x)
1 0
2 0
0 -2
28 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Exemplo 20. Considere a função

f (x) = x2 − 2x + 1.

Note que

∆ = (−2)2 − 4(1)(1) = 0.

Como ∆ = 0, existe única raiz:


−b ± ∆ −b ± 0 −b
x1 = = = = 1.
2a 2a 2a

⇒ f (x) = (x − 1)2 , Df = R.

Interseção com o eixo-x: zeros - (x, 0) - correspondendo ao ponto (1, 0) = P ;

Interseção com o eixo-y: ponto (0, c) - correspondendo aos ponto (0, 1) = Q.

Podemos, ainda, determinar outro ponto do gráfico (qualquer): para x = 2, temos f (x) = 1.

Pontos do gráfico:

x f(x)
0 1
1 0
2 1
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 29

5.3. Análise da função quadrática.

f (x) = ax2 + bx + c

5.3.1. Coeficientes.
• a = 0 ⇒ função afim
• a > 0 ⇒ concavidade para cima
• a < 0 ⇒ concavidade para baixo

5.3.2. Zeros da função.


• ∆ = b2 − 4ac

−b + ∆
• x1 =
2a√
−b − ∆
• x2 =
2a

5.3.3. Vértice.
−b −∆
• V = (xv , yv ), em que xv = e yv = .
2a 4a

Exemplo 21.
f (x) = −x2 + 3x − 2
(1) Coeficientes: a = −1 (concavidade para baixo), b = 3, c = −2
(2) Os zeros foram determinados no Exemplo 19 e ∆ = 1.
(3) Vértice:
−b −3 3 −∆ −1 1
xv = = = e yv = = =
2a 2(−1) 2 4a 4(−1) 4
3 1
⇒ V = (xv , yv ) = ,
2 4
(4) Gráfico:
30 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Exemplo 22.
f (x) = x2 + 1
(1) Coeficientes: a = 1 (concavidade para cima), b = 0, c = 1
(2) Zeros: ∆ = 0 ⇒ Não há raiz real ⇒ f (x) = x2 + 1 não se decompõe
(3) (0, 1) é a interseção com o eixo-y
(4) Vértice:
−b −∆
xv = = 0, e yv = =1
2a 4a
⇒ V = (xv , yv ) = (0, 1).
(5) Determinemos dois pontos (quaisquer): x = 1 ⇒ f (x) = 2 e x = −1 ⇒ f (x) = 2.
(6) Gráfico:

Exemplo 23. Fluxo sanguíneo


f (r) = C(R2 − r2 ), C, R > 0.
⇒ f (r) = −Cr + CR2 .
2

(1) Coeficientes: a = −C (concavidade para baixo), b = 0, c = CR2


CÁLCULO 1C - NL 2020/1 31

−0 ± 2CR
(2) Zeros: ∆ = 4C 2 R2 ⇒ x = = ±R ⇒ (R, 0) e (−R, 0) são os zeros
−2C
(3) Interseção com o eixo-y: (0, CR2 )
(4) Vértice:
−b −∆
xv = = 0 e yv = = CR2
2a 4a
⇒ V = (xv , yv ) = (0, CR2 ).
(5) Gráfico:
32 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

6. Gráficos de funções definidas por partes | Aula 7


Exemplo: Considerando a tabela de imposto de renda:

Base do cálculo (R$) Alíquota (%) Parcela a deduzir do IRPF (R$)


Até 22.847,76 - -
De 22.847,77 até 33.919,80 7,5 1.713,58
De 33.919,81 até 45.012,60 15 4.257,57
De 45.012,61 até 55.976,16 22,5 7.633,51
Acima de 55.976,16 27,5 10.432,32

E a função
 imposto de renda definida por:
 0 , se r ≤ 22.847, 76
7,5

 (r − 22.847, 76) 100 , se 22.847, 76 < r ≤ 33.919, 80


15
IR(r) = 830, 40 + (r − 33.919, 80) 100 , se 33.919, 80 < r ≤ 45.012, 60
22,5
2.494, 32 + (r − 45.012, 60) , se 45.012, 60 < r ≤ 55.976, 16



 100
4.961, 22 + (r − 55.976, 16) 27,5 , se r > 55976, 16

100

Note que se r ≤ 22.847, 76, então temos uma função constante igual a 0, pois IR(r) = 0.
7,5 7,5
Se 22.847, 76 < r ≤ 33.919, 80, então IR(r) = (r − 22.847, 76) 100 = 100 r − 1.713, 58, que
é uma função afim.
Usando o mesmo raciocínio, mostramos que as outras funções, definidas em seus respec-
tivos intervalos, também são afins, portanto a função imposto de renda é afim por partes.
Temos que o gráfico de funções afins são retas, e para construí-las é suficiente determi-
narmos dois de seus pontos.
Para a construção do gráfico da função imposto de renda consideraremos os seguintes
valores:

r IR(r)
0 0, 00
22.847, 76 0, 00
33.919, 80 830, 40
45.012, 60 2.494, 23
55.979, 16 4.961, 12
60.000, 00 6.067, 68

Marcando os pontos (r, IR(r)) no plano cartesiano obtemos:


CÁLCULO 1C - NL 2020/1 33

Agora, como os gráficos das funções são retas, basta ligar os potos para obtermos o gráfico
da função imposto de renda, sendo ele dado por:


x + 2 , se x < 0
Exemplo: Construir o gráfico da função f (x) = .
1 − x , se x ≥ 0

Considerando x < 0, temos que a função é dada por f (x) = x + 2. Observando que se
trata de uma função afim, basta obtermos 2 pontos para determinarmos o gráfico da função,
que é uma reta.

Temos que x = 0 ⇒ f (x) = 2 e f (x) = 0 ⇒ x = −2, e os pontos obtidos são (0,2) e (-2,0).

Note que o ponto (0,2) não faz parte desse gráfico, pois a função é definida para x < 0.
34 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Usando o mesmo raciocínio, agora considerando x ≥ 0, temos que a função é dada por
f (x) = 1 − x, obtendo os pontos (0,1) e (1,0).

Marcando os pontos no plano cartesiano e ligando-os, obtemos o seguinte gráfico:

Função Módulo
| · | : R → [0, +∞)
Temos que |x| é a distância de x à origem.

Exemplos:
• |5| = 5;
• | − 2| 
= 2;
x , se x ≥ 0
• |x| = ;
−x , se x < 0
• | − 7| = −(−7) = 7.

Gráfico da função modular

É fácil ver que o gráfico da função módulo é dado por:


CÁLCULO 1C - NL 2020/1 35

Exemplo: Vamos agora construir o gráfico da seguinte função definida por partes:


x−3 , se x ≤ −2
f (x) =
x2 − 9 , se x > −2

Considerando a função g(x) = x2 − 9, seu gráfico é uma parábola de concavidade para


cima, pois a = 1 > 0. Temos que ela intersecta o eixo-y, ou seja, quando x = 0, temos
g(x) = −9 e o ponto (0,-9). Também intersecta o eixo-x, ou seja, quando g(x) = 0, temos
os pontos (3,0) e (-3,0).
Obtemos, assim, o seguinte gráfico:

No entanto, note que a função g(x) = x2 − 9 está definida somente para x > −2, portanto
o gráfico a ser considerado é da forma:

Agora considerando x ≤ −2, temos que a função é dada por h(x) = x − 3, e observando
que se trata de uma função afim, iremos tomar 2 pontos para determinarmos seu gráfico.
Temos que x = −2 ⇒ h(−2) = −5 e x = −3 ⇒ h(−3) = −6. Marcando os pontos
(−2, −5) e (−3, −6) no plano obtemos:
36 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Daí basta ligar os pontos para obtermos o gráfico da função h e, finalmente, ver que o
gráfico de f é dado por:
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 37

7. Limites: definição e propriedades | Aula 8


7.1. Introdução. Suponha que o gerente de uma empresa imobiliária estima que daqui a
t anos, s unidades em um determinado bairro serão vendidas, onde
−2t3 + 19t2 − 8t − 9
s(t) = .
−t2 + 8t − 7
Quantas vendas devem ser esperadas daqui 1 ano?
−2 · 13 + 19 · 12 − 8 · 1 − 9 0
s(1) = 2
“=” .
−1 + 8 · 1 − 7 0

t 0,95 0,98 0,99 1 1,001 1,01 1,1


s(t) 3,859 3,943 3,972 Indeterminado 4,003 4,028 4,285

7.2. O limite de uma função.


Definição 5. Se f (x) fica tão próximo quanto se queira de um número “L” à medida que
x torna-se suficientemente próximo de “c” (de ambos os lados), então L é o limite de f (s)
quando x tende a c. Daí, escrevemos
lim f (x) = L.
x→c

Figura 3. Interpretação geométrica

Exemplo 24. Use uma tabela para estimar



x−1
lim .
x→1 x − 1
Solução: Seja √
x−1
f (x) =
x−1

x 0,99 0,999 0,9999 1 1,00001 1,0001 1,001


f(x) 0,50126 0,50013 0,50001 Indeterminado 0,499999 0,49999 0,49988

x−1
lim = 0, 5.
x→1 x−1
38 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Figura 4. Gráfico de f

Exemplo 25.
2
f (x) = .
(x − 2)2
O limite de f (x) para x tendendo a 2 não existe. Pois, se x → 2 então f (x) → +∞.

Exemplo 26. (
5, se x > 2;
g(x) =
2, se x ≤ 2.
O limite de g(x) para x tendendo a 2 não existe. Pois, se x → 2 para x > 2 então g(x) → 5,
e se x → 2 para x ≤ 2 então g(x) → 2.
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 39

7.3. Propriedades dos limites. Se limx→c f (x) e limx→c g(x) existem, então:

(1)
lim [f (x) ± g(x)] = [ lim f (x)] ± [ lim g(x)];
x→c x→c x→c
(2)
lim [k · f (x)] = k · [ lim f (x)], para todo k ∈ R;
x→c x→c
(3)
lim [f (x) · g(x)] = [ lim f (x)] · [ lim g(x)];
x→c x→c x→c
(4)
f (x) limx→c f (x)
lim = se lim g(x) 6= 0;
x→c g(x) limx→c g(x) x→c

(5)
lim [f (x)]p = [ lim f (x)]p se [ lim f (x)]p existe.
x→c x→c x→c

7.4. Limite de função linear. Para todo k real, temos:


(i)
lim k = k;
x→c
(ii)
lim x = c.
x→c
Exemplo de (i) para k = 3 e c = 4.
Exemplo de (ii) para c = 2.
Exemplo 27. Considere m e b constantes reais. Então,
lim (mx + b) = lim mx + limx→c b
x→c x→c
= m lim x + b
x→c
= mc + b

Portanto,
lim (mx + b) = mc + b.
x→c
40 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Exemplo 28.
lim (2x − 3) = 2·1−3
x→1
= 2−3
= −1.

Exemplo 29. Vamos calcular


5x + 1
lim .
x−2
x→1
Denote f (x) = 5x + 1 e g(x) = x − 2 e note que
lim f (x) = lim (5x + 1) = 5 + 1 = 6
x→1 x→1
e
lim g(x) = lim (x − 2) = 1 − 2 = −1 6= 0.
x→1 x→1
Logo
5x + 1 limx→1 (5x + 1) 6
lim = = = −6.
x→1 x−2 limx→1 (x − 2) −1
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 41

8. Limites de Polinômios, Limites Laterais, Continuidade | Aula 9


x2 − 4
Motivação: Considere g(x) = .
x−2
Temos que Dg = R \ {2}, pois em x = 2 temos que o denominador é 0, o que resulta
uma indeterminação. Contudo podemos estudar valores para a imagem de g para valores
próximos de 2.

Exemplo: f (x) = x2 , Df = R \ 2, f (2) =?

Note que não podemos determinar f (2), pois a função não está definida para x = 2, mas
podemos determinar valores de f (x) para x próximo de 2. Observe:

x f (x) x f (x)
2, 1 4, 41 1, 9 3, 61
2, 01 4, 0401 1, 99 3, 9601
2, 001 4, 004001 1, 999 3, 996001
2, 0001 4, 00040001 1, 9999 3, 99960001

Note que quando x tente a 2 pela direita, ou seja, quando aproximamos o valor de x com
valores maiores que 2, a imagem f (x) se aproxima de 4 pela direita, e quando x tente a
2 pela esquerda, ou seja, quando aproximamos o valor de x com valores menores que 2, a
imagem f (x) se aproxima de 4 pela esquerda. Logo podemos escrever os limites laterais à
direita e à esquerda, respectivamente, como:

lim f (x) = 4 e lim− f (x) = 4.


x→2+ x→2

Como os limites laterais existem e são iguais, temos que lim f (x) = 4.
x→2

Propriedades:
• lim [f (x) ± g(x)] = lim f (x) ± lim g(x);
x→a x→a x→a
• lim [f (x) · g(x)] = lim f (x) · lim g(x);
x→a x→a x→a
• lim [k · f (x)] = k · lim f (x), k ∈ R.
x→a x→a

Exemplos: Assumindo que lim x = a.


x→a
   
• lim x2 = lim x · lim x = a · a = a2 .
x→a x→a  x→a  
• lim xn = lim x · · · lim x = a · · a} = an .
| ·{z
x→a x→a x→a
| {z } n
 n
• lim x2 + x3 = lim x2 + lim x3 = a2 + a3 .
x→a x→a x→a
• lim 5x4 = 5 lim x4 = 5a4 .
x→a x→a

Continuidade
42 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Definição. Uma função f é contínua em um ponto a ∈ Df se o limite no ponto x = a


existe e lim f (x) = f (a).
x→a
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 43

Exemplos:
• A função f (x) = x2 é contínua no ponto x = 3?

Devemos analisar se lim f (x) = f (3).


x→3

Temos que f (3) = 32 = 9 e lim f (x) = lim x2 = 32 = 9. Portanto, como


x→3 x→3
lim f (x) = f (3), temos que f (x) é contínua em x = 3.
x→3

2x, x > 0
• A função f (x) = é contínua no ponto x = 0?
x − 1, x ≤ 0
Devemos analisar se lim f (x) = f (0).
x→0

Temos f (0) = 0 − 1 = −1 e como a função é definida por partes, em x = 0 somos


levados a determinar os limites laterais.

Veja: lim+ f (x) = lim+ 2x = 2 · 0 = 0 e lim− f (x) = lim− (x − 1) = 0 − 1 = −1.


x→0 x→0 x→0 x→0

Como os limites laterais são diferentes, temos que lim f (x) não existe.
x→0

Portanto f (x) não é contínua em x = 0.

Exemplos de fixação:

• lim 2x2 + 3 = 2 · 22 + 3 = 11.
x→2
 2   
x +x x(x + 1)
• lim = lim = lim (x + 1) = 0 + 1 = 1.
x→0 x x→0 x x→0

x + 1, x < 1
• f (x) = , f (x) é contínua em x = 1?
3 − x, x ≥ 1
Temos que f (1) = 3 − 1 = 2 e estudando os limites laterais para x tendendo a 1,
obtemos:

lim f (x) = lim (3 − x) = 3 − 1 = 2 e lim f (x) = lim (x + 1) = 1 + 1 = 2.


x→1+ x→1+ x→1− x→1−

Como os limites laterais existem e são iguais, temos que lim f (x) = 2.
x→1

Portanto, como lim f (x) = 2 = f (1), temos que f é contínua em x = 1.


x→1
44 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

9. Limites de funções racionais | Aula 10

DIVIDENDO DIVISOR
QUOCIENTE
RESTO

9.1. Divisão de polinômios.


Exemplo 30.
x3 − x2 + 2x + 9 = (x − 2)(x2 + x + 4) + 17

x3 − x2 + 2x + 9 x−2
- x3 − 2x2 x2 + x + 4
0 + x2 + 2x + 9
- x2 − x
4x + 9
- 4x − 8
17

9.2. Funções racionais.


Definição 6. Uma função f (x) é dita racional quando pode ser expressa como uma razão
de dois polinômios P (x) e Q(x),
P (x)
f (x) = .
Q(x)
Exemplo 31.
x3 − 2x2 − x + 9
x−2
Observação 6. O domínio de uma função racional f (x) é Df = {x ∈ R | Q(x) 6= 0}.
Teorema 1. Se P (x) e Q(x) são polinômios, então
lim P (x) = P (c).
x→c

Se Q(x) 6= 0, então
P (x) P (c)
lim = .
x→c Q(x) Q(c)
Exemplo 32.
3x2 − 8
lim
x→1 x − 2
(1) lim (3x2 − 8) = 3 · 12 − 8 = −5
x→1

(2) lim (x − 2) = 1 − 2 = −1 6= 0 (OK!)


x→1

3x2 − 8 −5
(3) lim = =1
x→1 x − 2 −1

Exemplo 33.
x−1
lim
x→2 x − 2
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 45

(1) lim (x − 1) = 1
x→2

(2) lim (x − 2) = 0 (!!!)


x→2

3x2 − 8
⇒ lim não existe!
x→1 x − 2

Exemplo 34.
x2 − 1
lim
x→1 x2 − 3x + 2
(1) lim (x2 − 1) = 0
x→1

(2) lim (x2 − 3x + 2) = 0


x→1

(3) Para x 6= 1,
x2 − 1 (x − 1)(x + 1) x+1
2
= = .
x − 3x + 2 (x − 1)(x − 2) x−2

(4)
x2 − 1 x+1 2
lim 2
= lim = = −2.
x→1 x − 3x + 2 x→1 x − 2 −1

Exemplo 35. √
x−1
lim

x→1 x−1
(1) lim ( x − 1) = 0
x→1

(2) lim (x − 1) = 0
x→1

(3) Racionalização: Para x 6= 1,


√ √ √ √ √
x−1 x+1 ( x)2 + x − x − 1 x−1 1
·√ = √ = √ =√ .
x−1 x+1 (x − 1)( x + 1) (x − 1)( x + 1) x+1

(4) √
x−1 1 1 1
lim = lim √ = √ = .
x→1 x−1 x→1 x+1 lim ( x + 1) 2
x→1

Exemplo 36.
x3 + 1
lim
x→−1 x2 + 4x + 3
(1) lim (x3 + 1) = 0
x→−1

(2) lim (x2 + 4x + 3) = 0


x→−1
46 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

(3) Decomposição: Para x 6= −1,

x3 + 1 x+1
- x3 + x2 x2 − x + 1
−x2 + 1
- −x2 − x
x+1
0

⇒ x3 + 1 = (x + 1)(x2 − x + 1);

x2 + 4x + 3 x + 1
- x2 + x x+3
3x + 3
0

⇒ x2 + 4x + 3 = (x + 1)(x + 3);

(4)
x3 + 1 (x + 1)(x2 − x + 1) x2 − x + 1 3
lim = lim = lim = .
x→−1 x2 + 4x + 3 x→−1 (x + 1)(x + 3) x→−1 x+3 2

Exemplo 37. √

3
x− 32
lim
x→2 x−2
Note que, para x 6= 2,
√ √
3 √ √
3

3
x − 2 = ( 3 x − 2)( 3 x + 2x + 4).
Então,
√ √ √ √
3
x− 32 3
x− 32 1 1
lim = lim √ √ √ √ √ = lim √ √ √ = √ .
x→2 x−2 x→2 ( 3 x − 3 2)( 3 x + 3 2x + 3 4) x→2 3 x + 3 2x + 3 4 3
4
Exemplo 38.
1
x − 21
lim
x→2 x−2
Para x 6= 2,
1
x− 21 x−2
x−2 1 1
= 2x = · = .
x−2 x−2 2x x−2 2x
Então,
1
x− 12 1 1
lim = lim = .
x→2 x−2 x→2 2x 4
Exemplo 39. √

x− 7
lim
x→7 x−7
Para x 6= 7, √ √ √

x− 7 x+ 7 x−7 1
·√ √ = √ √ =√ √ .
x−7 x+ 7 (x − 7) x + 7 x+ 7
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 47

Então, √ √ √ √
x− 7 1 1 7 7
lim = lim √ √ = √ ·√ = .
x→7 x−7 x→7 x+ 7 2 7 7 14
48 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

10. Limites Infinitos | Aula 11


• Lembrando que todo polinômio p(x) define uma função polinomial contínua, temos
que se a ∈ Dp , então o limite desse polinômio para x tendendo a a é o valor do polinômio
avaliado em a, ou seja, lim p(x) = p(a).
x→a

Exemplos:

1. lim 2x
x→2

Sendo p(x) = 2x. Note que Dp = R, logo lim 2x = 2(2) = 4.


x→2
1
2. lim 2
x→0 x
1
Sendo p(x) = . Note que Dp = R \ {0}, logo não podemos afirmar que
x2
1
lim p(x) = p(0), pois 0 ∈
/ Dp e é uma indeterminação.
x→0 0
1
Nesse caso usaremos outro raciocínio para determinarmos lim 2 .
x→0 x

Observe a tabela e o gráfico:

1
x x2
x2
1 1 1
0, 1 10−2 102
0, 01 10−4 104
0, 001 10−6 106
−1 1 1
−0, 1 10−2 102
−0, 01 10−4 104
−0, 001 10−6 106

Note que quando x tende a 0, tanto pela direita quanto pela esquerda, o valor de
1 1
2
cresce ilimitadamente. Neste caso denotamos lim 2 = +∞.
x x→0 x
Contudo vale lembrar que esse limite não existe, pois ∞ não é um número.
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 49

1
3. lim
x→0 x
1
Sendo p(x) = . Note que Dp = R \ {0}, logo não podemos afirmar que lim p(x) =
x x→0
1
p(0), pois 0 ∈
/ Dp e é uma indeterminação.
0
Mas observe a tabela e o gráfico:

1
x
x
1 1
0, 1 102
0, 01 104
0, 001 106
10−n 10n
−1 1
−0, 1 −102
−0, 01 −104
−0, 001 −106
−10−n −10n

Daí temos que lim+ = +∞ e lim− = −∞, lembrando que o limite não existe,
x→0 x→0
mas quando tendemos x para 0 pela direita os valores se tornam arbitrariamente
grandes e tendendo x para 0 pela esquerda os valores se tornam arbitrariamente
grandes em módulo.

Então quando lim f (x) = ±∞ temos que o limite não existe, mas isso significa que os
x→x0
valores de f (x) se tornam arbitrariamente grandes, em módulo, tomando x suficientemente
próximo a x0 .

Definição. A reta x = x0 é chamada assíntota vertical da curva y = f (x) se pelo menos


uma das seguintes condições é satisfeita:
• lim f (x) = ±∞;
x→x0

• lim+ f (x) = ±∞, lim− f (x) = ±∞.


x→x0 x→x0

2x
Exemplo: lim
x→3 x−3
f (x)
Note que temos o caso lim , o limite infinito ocorre quando f (x0 ) 6= 0 e g(x0 ) = 0.
g(x)
x→x0
Nesse caso é necessário analisar os sinais para determinar se o limite é +∞ ou −∞.

Analisando o exemplo, considerando f (x) = 2x, g(x) = x − 3 e x0 = 3, temos: f (3) =


2x
2(3) = 6 6= 0 e g(3) = 3 − 3 = 0. Portanto lim é infinito, resta agora estudar o sinal.
x→3 x − 3

•x→3 :x<3
50 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

lim f (x) = lim 2x = 2(3) = 6


x→3− x→3−

lim g(x) = lim− (x − 3) = 0− , pois x < 3 ⇒ x − 3 < 0 ⇒ g(x) < 0.


x→3− x→3
f (x)
Como f (3− ) > 0 e g(3− ) < 0, temos que lim− = −∞.
x→3 g(x)
• x → 3+ : x > 3

lim f (x) = lim+ 2x = 2(3) = 6


x→3+ x→3

lim g(x) = lim+ (x − 3) = 0+ , pois x > 3 ⇒ x − 3 > 0 ⇒ g(x) > 0.


x→3+ x→3
f (x)
Como f (3+ ) > 0 e g(3+ ) > 0, temos que lim = +∞.
x→3+ g(x)

2x
A reta x = 3 é a assíntota vertical da curva y = .
x−3
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 51

11. Limites no infinito | Aula 12


11.1. Introdução.
Definição 7.

(1) Se os valores de f (x) ficam arbitrariamente próximos de “L", quando x → +∞,


então escrevemos
lim f (x) = L;
x→+∞
(2) Se os valores de f (x) ficam arbitrariamente próximos de “M ", quando x → −∞,
então escrevemos
lim f (x) = M.
x→−∞

(a) lim f (x) = L (b) lim f (x) = M


x→+∞ x→−∞
52 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

11.2. Regra de potência inversa. Sejam A, k constantes com k > 0. Então,

A A
lim =0 e lim = 0.
x→+∞ xk x→−∞ xk

Vejam as tabelas:

x 1/x x 1/x
1 1 -1 -1
2 1/2 -2 -1/2
3 1/3 -3 -1/3
.. .. .. ..
. . . .
10 1/10=0,1 -10 -1/10=0,1
.. .. .. ..
. . . .
1000 1/1000=0,001 -1000 -1/1000=0,001
.. .. .. ..
. . . .
1 1
x → +∞ →0 x → −∞ →0
x x

11.3. Exemplos.

Exemplo 40.
1 1
lim =0 e lim = 0.
x→+∞ x x→−∞ x
Exemplo 41. Calcule
x2
lim .
x→+∞ 1 + x + 2x2

x2 x2
lim = lim  
x→+∞ 1 + x + 2x2 x→+∞ 1 1
x2 x2 + x +2
1
= lim 0 0
x→+∞
1 1
x2 + x + 2
7 

1
= .
2
Assim,
x2 1
lim = .
x→−∞ 1 + x + 2x2 2
Exemplo 42. Calcule
2x2 + 3x + 1
lim .
x→+∞ 3x2 − 5x + 2
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 53

 
2 3 1
x 2+ + x2
2x2 + 3x + 1 x
lim = lim  
x→+∞ 3x2 − 5x + 2 x→+∞ 5 2
x2 3 − x + x2

0 0
2 + x3 + x1
7
= lim  2
x→+∞ 0 0
3 − x5 + x2
7
 2
3
= .
2
Assim,
2x2 + 3x + 1
lim .
x→−∞ 3x2 − 5x + 2
54 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

12. LISTA EXERCÍCIOS 1


Questão 1.
Resolva as seguintes inequações e expresse o conjunto solução em notação de conjunto, de
intervalo e geometricamente.

(1) |2x + 5| = 4 (7) (2x − 3)(x2 + 1) < 0


(2) |x − 7| ≤ 2 (8) (2x − 3)(x + 1) < 0
(3) |x − 2| ≥ 3 (9) 4x2 − 4x + 1 ≤ 0
(4) |x − 3| = |2x + 1| (10) |x − 2| > |x + 3|
(5) |3x − 8| < 4 (11) x2 < 2x + 8
2x − 1
(6) <0
x+1

Questão 2.
Calcule o valor da função nos pontos indicados.

(1) g(x) = x + x1 ; −3, −2, 1, 12 , e − 23



(2) f (x) = x2x+1 ; −3, −2, 1, 2, e − 49
√ 4
(3) h(t) = t2 + 2t + 4 ; −3, −2, 0, 1, 2, e − 9
3
(4) g(u) = (u + 1) 2 ; −1, − 34 , 1, 3, e 45
(5) f (t) = |4t − 3|; −1, − 34 , 1, 3, e 52
(6) f (x) = 3 + |x| ; −1, − 34 , 1, 3, e 25

Questão 3.
Esboce o gráfico das funções.


(1) f (x) = 2x + 4 2x, se x ≤ 1,
(18) f (x) =
(2) f (x) = 2x − 4 1, se x > 1,
(3) f (x) = −2x − 4 
x + 1, se x ≤ 0,
(4) f (x) = 12 x + 32 (19) g(x) =
1 − x2 , se x > 0,
(5) f (x) = 3x 
(6) f (x) = −5x  x2 − 4
(20) h(x) = , se x < 2,
(7) f (x) = 7
 4,x − 2
(8) f (x) = x2 se x ≥ 2,
(9) f (x) = (x − 2)2 (
1
(10) f (x) = (x + 2)2 (21) g(x) =
, se x 6= 0,
x
(11) f (x) = x2 − 9 0, se x = 0,
(12) f (x) = x2 + 9 
(13) f (x) = −x2 2x + 4, se x ≤ 3/2,
(22) f (x) =
(14) f (x) = x2 − 2x + 15 1 − x2 , se x > 3/2,
(15) f (x) = −x2 − 2x + 8 (
x, se x < 1,
(16) f (x) = −x(x − 3) (23) g(x) = 1
(17) f (x) = (x − 2)(x − 1) , se x ≥ 1,
x
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 55

Questão 4.
Determine os domínios das funções abaixo.

3 − x3 (4) g(x) = x−2


(1) f (x) = 2−x2
x2 − 4
√ (5) f (x) = (2x − 1)3
(2) g(x) = 4 − x2  4
x+7
(6) g(x) =
r
3 x3 − 8 6 − 3x
(3) g(x) = 2
x − 3x − 4

Questão 5.
Calcule os limites abaixo. Justifique sua resposta.

(1) lim 3 − 4t x2 − 1
t→3/4 (9) lim
x→1 x + 1
(2) lim 3 − u2 x+7
u→−2 (10) lim √ √
x→7 x+ 7
(3) lim 2x2 − 4x + 5
x→3
x4 − 16
3
(4) lim z + 8 (11) lim
x→−4 x2 + 4
z→−2

(5) lim y 3 − 2y 2 + 3y − 4 x3 + 8
y→−1
(12) lim
x→−2 x + 2

(6) lim x4 − 3x3 − π t2 − 5


x→0 (13) lim
√ +
t→ 5 2t 6
4x − 5
(7) lim r
x→3 5x − 1 8r + 1
(14) lim
3x + 4 r→1 r+3
(8) lim
x→1/2 8x − 1

Questão 6.
Calcule os seguintes limites.

x2 − 9
s
(1) lim y2 − 9
x→3 x − 3 (8) lim
y→−3 2y 2 + 7y + 3
y3 + 8
(2) lim 1 1
y→−2 y + 2 −
(9) lim x 2
x2 + 3x − 10 x→2 x − 2
(3) lim
x→2 x2 − 4 (x + h)3 − x3
2 (10) lim
x −9 h→0 h
(4) lim
x+3
x→−3
r
3
3 x + 1
(11) lim
u4 − 16 x→−1 x+1
(5) lim
u→2 u2 − 4 10 − x
√ (12) lim
h+5−2 x→10 1 1
(6) lim −
h→−1 h+1 x 10
 
y 3 + y 2 − 23y + 12 x+1
(7) lim (13) lim
x→−1 x3 + x2 + x + 1
y→4 3y 3 − 17y 2 + 16y + 16
56 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Questão 7.
Calcule os limites abaixo. Justifique.

(1) lim x4 − 3x + 2 (7) lim 5 − 4x + x2 − x5


x→+∞ x→+∞

2x + 1 x2 − 2x + 3
(2) lim (8) lim
x+3
x→+∞ x→−∞ 3x2 + x + 1
2x + 1 r
2
(3) lim (9) lim 3 5 +
x→−∞ x + 3
x→+∞ x
x √
(4) lim 2 (10) lim x − x2 + 1
x→+∞ x + 3x + 1 x→+∞
(5) lim x4 − 3x + 2 2x + 3
x→∞ (11) lim
x→−∞ x+1
2+x
(6) lim
x→+∞ 3 + x2
Questão 8.
Calcule, se existirem, os seguintes limites.
1 4
(1) lim (8) lim
u→−2+ u+2 v→−3− 3+v
t+2 7
(2) lim+ 2−4
(9) lim −
t→2 t t→42t − 8
−t + 2 t+2
(3) lim− (10) lim− 2
t→2 (t − 2)2 t→2 t − 4

x2 − 3 2x3 − 5x2
(4) lim+ (11) lim−
x→0 x3 + x2 x→1 x2 − 1
√ √
3 + x2 3 + x2
(5) lim+ (12) lim
x→0 x x→0− x

1 1
 x−1
(6) lim − 2 (13) lim+ √
x→0 x x x→1 2x − x2 − 1

2 3
 x−2
(7) lim − (14) lim− √
t→−4− t2 + 3t − 4 t − 4 x→2 2 − 4x − x2

Questão 9.
Verifique se a função é contínua no ponto dado.

(1) f (x) = x2 + 3x em p = 0.
2y 3 − y 2 + 10y + 8
(2) g(y) = em p = 0.
3y 3 − 17y 2 + 16y + 16

2x, se x ≤ 1,
(3) f (x) = em p = 1.
1, se x > 1,

x + 1, se x ≤ 0,
(4) g(x) = em p = 0.
1 − x2 , se x > 0,

 x2 − 4
(5) h(x) = , se x < 2, em p = 2.
 4,x − 2 se x ≥ 2,
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 57

√ √
(6) f (x) = |x2 − 2| em p1 = 2 e p2 = − 2.

 |x − 3|
, se x 6= 3,
(7) g(x) = em p = 3.
 1,x − 3 se x = 3,

2x + 4, se x ≤ 3/2,
(8) f (x) = em p = 3/2.
1 − x3 , se x > 3/2,
(
x, se x < 1,
(9) g(x) = 1 em p = 1.
, se x ≥ 1,
x

Questão 10.
POLUIÇÃO DO AR Estima-se que daqui a t anos a população de um certo bairro será
p mil habitantes, onde
7
p(t) = 20 −
t+2
um estudo ambiental mostra que a concentração média de monóxido de carbono no ar será
c partes por milhão quando a população for p mil habitantes, onde
p
c(p) = 0, 4 p2 + p + 21.
Qual será o nível de poluição c a longo prazo (para t → ∞) .
Questão 11.
COLÔNIA DE BACTÉRIAS A população (em milhares) de uma colônia de bactérias
t minutos após a introdução de uma toxina é dada pela função
 2
t +7 para 0 6 t < 5
f (t) =
−8t + 72 para t 1 5.
a) Em que instante a colônia deixa de existir?
b) Explique por que a população deve ser 10.000 em algum instante no intervalo 1 < t < 7.
Questão 12.
Uma fábrica pode produzir estantes a um custo de R$ 80, 00 a unidade. Os analistas da
empresa estimam que, se as estantes forem vendidas por x reais a unidade, aproximadamente
150 − x unidades serão vendidas por mês.
(1) Expresse o lucro mensal do fabricante em função do preço de venda x estantes.
(2) Desenhe o gráfico associado.
(3) Estime o preço ótimo de venda.
Questão 13.
Um fabricante pode vender determinado produto por R$ 80, 00 a unidade. O custo total é
composto por um custo fixo de R$ 4.500, 00 e um custo de produção de R$ 50, 00 a unidade.
(1) Quantas unidades o fabricante precisa vender para não ter prejuízo?
(2) Qual é o lucro ou prejuízo do fabricante se vender 200 unidades?
(3) Quantas unidades o fabricante precisa vender para ter um lucro de R$ 900, 00?
Questão 14.

O valor de mercado de qualquer modelo de calculadora tende a diminuir com o tempo por
causa do lançamento de modelos mais modernos. Suponha que, daqui a x meses, o preço
unitário de certo modelo seja P (x) reais, em que
58 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

30
P (x) = 40 +
x+1
(1) Qual será o preço daqui a cinco meses?
(2) Qual será a queda no preço durante o quinto mês?
(3) Daqui a quanto tempo a calculadora custará R$ 43,00?
(4) O que acontece com o preço a longo prazo (ou seja, para grandes valores de x)?
Questão 15.

Estudos mostram que, daqui a t anos, a população de certo país será p = 0, 2t + 1.500
milhares de pessoas e a renda bruta do país será E milhões de dólares, em que
p
E(t) = 9t2 + 0, 5t + 179
(1) Expresse a renda per capita do país P = Ep em função do tempo t. (Cuidado para
não errar nas unidades.)
(2) O que acontecerá com a renda per capita a longo prazo (ou seja, para t → ∞)?
Questão 16.

O gerente de uma empresa observa que, t meses após começar a fabricação de um novo
produto, serão fabricadas P milhares de unidades, em que

6t2 + 5t
E(t) =
(t + 1)2
(1) Qual a produção após 2 meses?
(2) O que acontecerá com a produção a longo prazo. (ou seja, para t → ∞)?
Questão 17.

Sérgio, um planejador urbano, modela a população P (t) de certo bairro daqui a t anos
(em milhares de moradores) por meio da função
40t 50
P (t) = 2 − + 70
t + 10 t + 1
(1) Qual é a população atual do bairro?
(2) Qual é variação da população durante o terceiro ano? A população está aumentando
ou diminuindo durante esse período?
(3) O que acontece com a população a longo prazo (isto é, quando t → ∞)?
Questão 18.

Duas espécies coexistem no mesmo ecossistema. A Espécie I tem uma população P (t) e a
Espécie II tem uma população Q(t), ambas em milhares de indivíduos, em que t é o tempo
em anos e P e Q são modeladas pelas funções
30 64
P (t) = Q(t) =
3+t 32 − t
para todos os instantes de tempo t ≥ 0 para os quais as populações respectivas são não
negativas.
(1) Qual é a população inicial de cada espécie?
(2) O que acontece com P (t) quando t aumenta? O que acontece com Q(t)?
(3) A longo prazo, o que ocorre com a população da Espécie I? O que ocorre com a
população da Espécie II quando t se aproxima de 32?
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 59

Questão 19.

Em algumas espécies de animais, a ingestão de alimentos é afetada pelo grau de vigi-


lância que o animal precisa manter enquanto está comendo. Em outras palavras, é difícil
se alimentar adequadamente se você tem de estar em guarda o tempo todo para não ser
comido por um predador. Em um modelo proposto recentemente,? se o animal se alimenta
de plantas que permitem uma mordida de tamanho S, a ingestão de alimentos, I(S), é dada
por uma função da forma
a.S
I(S) =
S+c
em que a e c são constantes positivas.
(1) O que acontece com a ingestão I(S) se o tamanho S da mordida aumenta indefini-
damente? Interprete o resultado.
(2) O modelo acima foi retirado do artigo: A. W. Willius e C. Fitzgibbon, ?Costs of
Vigilance in Foraging Ungulates?, Animal Behavior, Vol. 47, Pt. 2 (Feb. 1994).
Pesquise outro modelo ligado a zoólogos.
60 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

13. Derivada: definição, velocidade instantânea e reta tangente | Aula 13


Revisando: Temos que a taxa de variação em funções afins representa a quantidade que
y aumenta para cada unidade acrescida de x. Lembre-se que a taxa é dada pelo coeficiente
angular da função afim, ou seja, se considerarmos a função afim y = 5x + 7, temos que sua
taxa de variação é 5.

Exemplo: Considerando a função afim y = 3x + 2 temos:

x = 0 ⇒ y = 2; x = 1 ⇒ y = 5; x = 2 ⇒ y = 8.

8−5 3 5−2 3 8−2 6


Note que: = = 3, = = 3, = = 3.
2−1 1 1−0 1 2−0 2

Exemplo: Podemos analisar a taxa de variação de um dado segmento, observe:

4−2 2 1−0 1
• = =2 • =
5 − (−2) 7 5−0 5

0−2 −2
• = = −1
2−0 2
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 61

• Usamos o mesmo raciocínio para estudar segmentos por partes:

5 − (−2) 7 12 − 2 10 12 − 12 0 10 − 12 −2
= ; = = 5; = = 0; = = −1
2 − (−4) 6 7−5 2 9−7 2 11 − 9 2

Derivada

Definição: Dizemos que uma função f (x) é derivável no ponto x0 ∈ Df se o seguinte limite
existir:
f (x0 + h) − f (x0 )
f 0 (x0 ) = lim .
h→0 h
Se esse for o caso, a expressão f 0 (x0 ) é denominada derivada da função f no ponto x0 .

df df
Notações: f 0 (x0 ) = (x0 ) =
dx dx x=x0

Exemplos:
1) Considere que uma partícula se desloque através do tempo e sua posição é dada pela
função s(t) = t2 . Qual a velocidade instantânea da partícula no instante t = 3?
Temos que a velocidade instantânea é o limite da velocidade média, quando con-
sideramos um intervalo de tempo tendendo a 0, o que é obtido pela derivada da
função posição, no instante desejado. Portanto, temos:

s(3 + h) − s(3) (3 + h)2 − (3)2 9 + 6h + h2 − 9 h(6 + h)


s0 (3) = lim = lim = lim = lim = lim (6+h) = 6.
h→0 h h→0 h h→0 h h→0 h h→0

O mesmo raciocínio pode ser tomado para determinarmos a velocidade instantâ-


nea em qualquer instante t = t0 . Observe:
62 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

s(t0 + h) − s(t0 ) (t0 + h)2 − (t0 )2 t2 + 2t0 h + h2 − t20 h(2t0 + h)


s0 (t0 ) = lim = lim = lim 0 = lim = lim (2t0 +h
h→0 h h→0 h h→0 h h→0 h h→0

2) Calcule a derivada da função no valor indicado:

a)f (x) = x2 , x = 5

f (5 + h) − f (5) (5 + h)2 − (5)2 25 + 10h + h2 − 25 h(10 + h)


f 0 (5) = lim = lim = lim = lim = lim (10+h) =
h→0 h h→0 h h→0 h h→0 h h→0

b)f (x) = x2 − 2x, x = 2

f (2 + h) − f (2) ((2 + h)2 − 2(2 + h)) − ((2)2 − 2(2)) 4 + 4h + h2 − 4 − 2h h(2


f 0 (2) = lim = lim = lim = lim
h→0 h h→0 h h→0 h h→0

lim (2 + h) = 2
h→0
c)f (x) = 5x + 3, x − 1

f (1 + h) − f (1) (5(1 + h) + 3) − (5(1) + 3) 5h


lim = lim = lim = lim 5 = 5
h→0 h h→0 h h→0 h h→0

x2 , x ≥ 1

d) f (x) = , x=1
2x − 1, x < 1
Neste caso devemos analisar os limites laterais, pois observe que quando h →
0+ ⇒ 1 + h > 1 ⇒ f (x) = x2 e quando h → 0− ⇒ 1 + h < 1 ⇒ f (x) = 2x − 1. Daí
temos:

f (1 + h) − f (1) (1 + h)2 − (1)2 1 + 2h + h2 − 1 h(2 + h)


lim+ = lim+ = lim+ = = lim+ = = lim+ = (2+h) =
h→0 h h→0 h h→0 h h→0 h h→0

f (1 + h) − f (1) (2(1 + h) − 1) − (1)2 2h


lim− = lim = lim = lim 2 = 2.
h→0 h h→0 − h h→0 − h h→0−

f (1 + h) − f (1)
Como os limites laterais existem e são iguais, segue que f 0 (1) = lim =
h→0 h
2.
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 63

3) Determine a equação da reta tangente ao gráfico da função no ponto indicado:


f (x) = x2 , x = 2.

f (2 + h) − f (2) (2 + h)2 − (2)2


Vimos que a = f 0 (2), daí f 0 (2) = lim = lim =
h→0 h h→0 h
4 + 4h + h2 − 4 h(4 + h)
lim = lim = lim (4 + h) = 4.
h→0 h h→0 h h→0

Portanto y = 4x + b, resta determinarmos b. Note que a reta tangente passa pelo


ponto (2, 4), logo temos 4 = 4(2) + b ⇒ b = 4 − 8 ⇒ b = −4.

Logo a reta tangente ao gráfico de f (x) = x2 no ponto (2, 4) é y = 4x − 4.

4) Verifique se a função f (x) = |x| é derivável em x = 0.



x, x ≥ 0
f (x) = |x| =
−x, x < 0

f (0 + h) − f (0) |h|
lim = lim , mas temos que h → 0+ ⇒ h > 0 ⇒ |h| = h e
h→0 h h→0 h

h → 0 ⇒ h < 0 ⇒ |h| = −h, ou seja,
|h| h |h| −h
lim = lim = lim 1 = 1; lim = lim = lim −1 = −1.
h→0+ h h→0+ h h→0 h→0− h h→0− h h→0

Note que os limites laterais existem, mas não são iguais, portanto f 0 (0) não existe,
ou seja, a função f (x) = |x| não é derivável em x = 0.
64 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

14. Derivabilidade e continuidade. Derivada como função e a derivada de


potências | Aula 14
14.1. Derivação e continuidade.

Teorema 2. Se f é derivável em p, então f é contínua em p.

Demonstração. Note que

(f (x) − f (p))
f (x) − f (p) = · (x − p).
(x − p)

Então,

" #
(f (x) − f (p))
lim (f (x) − f (p)) = lim · (x − p)
x→p x→p (x − p)
0
" : f (p)
#
(f (x)− 
f (p)) :0
= lim  · lim −
(x p)

x→p
  (x − p) x→p
= 0.

Portanto,

lim (f (x) − f (p)) = 0.


x→p

Exemplo 43. Considere a função

f (x) = |x|.

Lembre-se:

(
x, se x ≥ 0;
−x, se x < 0.
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 65

(c) y = f (x)

(d) y = f 0 (x)

Note que f 0 (0) não existe.


14.2. Derivada como função.
Definição 8. A derivada de uma função f (x) com respeito a x é a função f 0 (x) dada por
f (x + h) − f (x)
f 0 (x) = lim .
h→0 h
Veja que
f (z) − f (x)
z−x=h ⇒ f 0 (x) = lim .
z→x z−x
66 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Exemplo 44. Seja


f (x) = 16x.
f (x + h) − f (x)
f 0 (x) = lim
h→0 h
16(x + h) − 16x
= lim
h→0 h
16x + 16h − 16x
= lim
h→0 h
16h
= lim

h→0 h
= 16.
Portanto,
f 0 (x) = 16.
14.3. Derivada de potências.
Teorema 3. Seja n ∈ N. São válidas as fórmulas:
(1) f (x) = xn ⇒ f 0 (x) = nxn−1 ;

(2) f (x) = x−n e x 6= 0 ⇒ f 0 (x) = −nx−n−1 ;


1 1
(3) f (x) = x n ⇒ f 0 (x) = 1 n
nx
−1
, onde x > 0 se n é par e x 6= 0 se n é ímpar;

(4) f (x) = c, c ∈ R ⇒ f 0 (x) = 0 ;


m m
(5) f (x) = x n ⇒ f 0 (x) = m
n · x n −1 ;

Exemplo 45.

• f (x) = x ⇒ f 0 (x) = 1 · x1−1 = 1 · x0 = 1;

• f (x) = x2 ⇒ f 0 (x) = 2 · x2−1 = 2x;

• f (x) = x10 ⇒ f 0 (x) = 10 · x10−1 = 10x9 ;

• f (x) = x−10 ⇒ f 0 (x) = −10 · x−10−1 = −10x−11 ;


1 −1
• f (x) = e x > 0 ⇒ f 0 (x) = −x−2 = 2 ;
x x
• f (x) = x−14 ⇒ f 0 (x) = −14x−15 ;
√ 1 1 1
• f (x) = x e x > 0 ⇒ f (x) = x 2 ⇒ f 0 (x) = 1
2 · x 2 −1 = 12 x− 2 = 1

2 x
;
1 1 2
• f (x) = x 3 ⇒ f 0 (x) = 1
3 · x 3 −1 = 13 x− 3 = √1
3 2;
3 x
2 2 1
• f (x) = x 3 ⇒ f 0 (x) = 2
3 · x 3 −1 = 23 x− 3 = 3
2

3 x
.
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 67


Exemplo 46. Determine a equação da reta tangente ao gráfico da função f (x) = 3
x para
x = 8.
Solução:
y − f (p) = f 0 (p)(x − p).
1
f (x) = x 3 ⇒ f 0 (x) = 1
3 2;

3 x

3 1
⇒y− 8 = √3
(x − 8)
3 82
1
y−2 = (x − 8)
3·4
1
⇒y = (x − 8) + 2.
12
68 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

15. Significado do sinal da derivada | Aula 15


Revisão: Dada uma função f : R → R, temos que a derivada de f no ponto x0 ∈ R é dada
por
f (x0 + h) − f (x0 )
f 0 (x0 ) = lim .
h→0 h
E geometricamente, temos que a derivada é a inclinação da reta tangente y = ax + b ao
gráfico y = f (x) em x = x0 , ou seja, f 0 (x0 ) = a.

Inclinações de retas
Considerando a reta y = ax + b, temos os seguintes casos:
• a=0
◦ y=2 ◦ y = −3

Note que quando a = 0 as retas são paralelas ao eixo x.


CÁLCULO 1C - NL 2020/1 69

• a>0
◦ y =x+1 ◦ y = 2x

Note que quando a > 0 as retas possuem inclinação positiva.

• a<0
◦ y = −x + 1 ◦ y = −2x

Note que quando a < 0 as retas possuem inclinação negativa.

Significado do sinal da derivada


• Se f 0 (x0 ) > 0, então f (x0 ) é crescente em x = x0 .
• Se f 0 (x0 ) < 0, então f (x) é decrescente em x = x0 .

Exemplo: Determine, para cada caso, onde f é crescente e decrescente:


1) f (x) = x2 − 4x + 5

Temos que f 0 (x) = 2x − 4. Assim:

f 0 (x) > 0 ⇔ 2x − 4 > 0 ⇔ 2x > 4 ⇔ x > 2, ou seja, x0 > 2 ⇒ f 0 (x0 ) > 2;

f 0 (x) < 0 ⇔ 2x − 4 < 0 ⇔ 2x < 4 ⇔ x < 2, ou seja, x0 < 2 ⇒ f 0 (x0 ) < 2.


70 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Portanto temos que f é crescente quando x > 2 e decrescente se x < 2, observe:

2) f (x) = x3 − 12x + 1

Temos que f 0 (x) = 3x2 − 12.

Analisar onde f 0 (x) = 0 é uma maneira simples para determinarmos onde f 0 (x) > 0 e
f 0 (x) < 0, observe:

f 0 (x) = 0 ⇔ 3x2 − 12 = 0 ⇔ 3x2 = 12 ⇔ x2 = 4 ⇔ |x| = 2 ⇔ x = −2 ou x = 2.

Note que f 0 é uma função quadrática de concavidade voltada para cima, que intercepta
o eixo x quando x = −2 e x = 2, ou seja, para x < −2 ou x > 2 temos f 0 (x) > 0 e para
−2 < x < 2 temos f 0 (x) < 0.
De fato, tomando x = −3: f 0 (−3) = 3(−3)2 − 12 = 27 − 12 = 15 > 0; sendo x = 3:
f 0 (3) = 3(3)2 − 12 = 27 − 12 = 15 > 0; e sendo x = 0: f 0 (0) = 3(0)2 − 12 = 12 < 0.
Graficamente temos:

Portanto f é crescente se x < −2 ou x > 2 e f é decrescente se −2 < x < 2. Observe o


gráfico de f :
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 71

3) f (x) = 3x4 − 4x3 − 12x2 + 5

Temos que f 0 (x) = 12x3 − 12x2 − 24x ⇔ f 0 (x) = 12x(x2 − x − 2).

Note que 12x > 0 ⇔ x > 0 e 12x < 0 ⇔ x < 0 e que x2 − x − 2 = (x − 2)(x + 1) > 0 se
x < −1 ou x > 2 e x2 − x − 2 = (x − 2)(x + 1) < 0 se −1 < x < 2. Daí obtemos:

Portanto f 0 (x) > 0 se −1 < x < 0 ou x > 2 e f 0 (x) < 0 se x < −1 ou 0 < x < 2, ou seja,
f é crescente se −1 < x < 0 ou x > 2 e f é decrescente se x < −1 ou 0 < x < 2. Observe o
gráfico de f :
72 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

16. Regras de derivação | Aula 16


16.1. Multiplicação por uma constante.
Regra 16.1 (Multiplicação por constante). Se c é uma constante e f é uma função
derivável, então c · f é derivável e
d d
[cf (x)] = c [f (x)].
dx dx
Em outras palavras, se g(x) = cf (x), então g 0 (x) = cf 0 (x).
Demonstração.
g(x + h) − g(x)
g 0 (x) = lim
h→0 h
cf (x + h) − cf (x)
= lim
h→0 h
c[f (x + h) − f (x)]
= lim
h→0 h
f (x + h) − f (x)
= c lim
h→0 h
= cf 0 (x).


Exemplo 47.
f (x) = 3x4 ⇒ f 0 (x) = 3 · (x4 )0 = 3 · (4x3 ) = 12x3 .
Exemplo 48.
−7 1 1 1 7 3
f (x) = √ ⇒ f 0 (x) = −7 · (x− 2 )0 = −7 · (− x− 2 −1 ) = x− 2 .
x 2 2
16.2. Regra da soma.
Regra 16.2 (Soma). Se f e g são funções deriváveis, então s(x) = f (x) + g(x) é derivável
e
s0 (x) = f 0 (x) + g 0 (x).
Exemplo 49.
f (x) = x−2 + 7 ⇒ f 0 (x) = (x−2 )0 + (7)0 = −2x−3 .
Exemplo 50.
f (x) = 2x5 − 3x−7 ⇒ f 0 (x) = 10x4 + 21x−8 .
Exemplo 51.
f (x) = 5x3 − 4x2 + 12x − 8 ⇒ f 0 (x) = 15x2 − 8x + 12.
Exemplo 52. Estimasse que a x meses a população de um município será
P (x) = x2 + 20x + 8000.
(1) Qual será a taxa de variação da população com tempo após 15 meses?
(2) Qual será a variação da população durante o 16o mês?
Solução:
P 0 (x) = 2x + 20.
(1) P 0 (15) = 2 · 15 + 20 = 50.
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 73

(2)
V = P (16) − P (15)
= (162 + 20 · 16 + 8000) − (152 + 20 · 15 + 8000)
= 51.
16.3. Regra do produto.
Regra 16.3 (Produto). Se f e g são funções deriváveis, então p(x) = f (x)·g(x) é derivável
e
p0 (x) = f 0 (x) · g(x) + f (x) · g 0 (x).
Exemplo 53.
f (x) = x2 x3 ⇒ f 0 (x) = (x2 )0 (x3 ) + (x2 )(x3 )0
= (2x)(x3 ) + (x2 )(3x2 )0
= 2x4 + 3x4
= 5x4 .
Exemplo 54.
f (x) = (x − 1)(3x − 2) ⇒ f 0 (x) = (x − 1)0 (3x − 2) + (x − 1)(3x − 2)0
= (1)(3x − 2) + (x − 1)(3)
= 3x − 2 + 3x − 3
= 6x − 5.
2
Exemplo 55. Dada a curva y = (2x + 1)(2x − x − 1):
(1) Calcular y 0 .
(2) Obter a equação da reta tangente à curva no ponto x = 1.
(3) Determine todos os pontos da curva nos quais a reta tangente é horizontal.
Solução:
(1)
y0 = (2x + 1)0 (2x2 − x − 1) + (2x + 1)(2x2 − x − 1)0
= (2)(2x2 − x − 1) + (2x + 1)(4x − 1)
= 4x2 − 2x − 2 + 8x2 − 2x + 4x − 1
= 12x2 − 3.

(2) Se x = 1, então f (1) = 0. Como y 0 (1) = 9 temos


y−0 = y 0 (1)(x − 1)
y = 9(x − 1)
y = 9x − 9.
0
(3) Reta tangente horizontal ⇒ y = 0. Assim:
12x2 − 3 = 0
2
12x = 3
2 3
x =
12
1
x2 =
4
1
⇒ x=± .
2
74 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Exemplo 56. Um fabricante observa que, t meses após o lançamento de um novo produto
no mercado, x(t) = t2 + 3t centenas de unidades podem ser produzidas e vendidas por um
3
preço unitário p(t) = −2t 2 + 30 reais.
(1) Expresse a receita R(t) com a venda do produto em função do tempo.
(2) A que taxa a receita está variando em relação ao tempo, 4 meses após o lançamento
do produto? A receita está aumentando ou diminuindo nessa ocasião?
Solução:
3
(1) R(t) = x(t) · p(t) = (t2 + 3t)(−2t 2 + 30).
(2)
3 3
R0 (t) = (t2 + 3t)0 (−2t 2 + 30) + (t2 + 3t)(−2t 2 + 30)0
3 1
= (2t + 3)(−2t 2 + 30) + (t2 + 3t)(−3t 2 )
⇒ R0 (4) = −14.
Após o 4o mês, a receita está variando a uma taxa de 14 centenas de reais (R$1400,00).
Como R0 (4) = −14 < 0, a receita está diminuindo.
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 75

17. Regra do quociente e exercícios | Aula 17


18. Revisando
Definição: Dizemos que uma função f (x) é derivável no ponto a ∈ Df se o seguinte limite
existir:

f (a + h) − f (a)
f 0 (a) = lim .
h→0 h

Se esse for o caso, a expressão f 0 (a) é denominada derivada da função f no ponto a.

Significado da derivada:
• Inclinação da reta tangente ao gráfico no ponto calculado;
• Taxa de variação instantânea;
• Velocidade instantânea.

Derivada de potências:
Vimos que se f (x) = xn , então f 0 (x) = n · xn−1 .

Exemplo: f (x) = x3 ⇒ f 0 (x) = 3 · x3−1 = 3 · x2 .

Propriedades:
• (kf (x))0 = kf 0 (x), k ∈ R;
• (f (x) + g(x))0 = f 0 (x) + g 0 (x);
• (f (x) · g(x))0 = f 0 (x) · g(x) + f (x) · g 0 (x).

Exemplos:
∗ f (x) = 5x3 ⇒ f 0 (x) = (5x3 )0 = 5(x3 )0 = 5(3x3−1 ) = 5(3x2 ) = 15x2 ;
∗ f (x) = 4x5 ⇒ f 0 (x) = 20x4 ;
∗ h(x) = x2 + x3 ⇒ h0 (x) = (x2 )0 + (x3 )0 ⇒ h0 (x) = 2x + 3x2 ;
∗ h(x) = 7x2 − 2x + 5 ⇒ h0 (x) = 14x − 2;
∗ h(x) = (x2 + 1)(x3 + 2) ⇒ h0 (x) = 2x(x3 + 2) + (x2 + 1)3x2 .

19. Regra do quociente


1
Considere g uma função derivável, tal que g(x) 6= 0, então f (x) = é derivável e
g(x)

g 0 (x)
f 0 (x) = − .
(g(x))2
76 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

1
De fato, temos que a derivada é dada dessa forma, pois considerando f (x) = , temos
g(x)
que

f (x + h) − f (x)
f 0 (x) = lim
h→0 h
1 1

g(x + h) g(x)
= lim
h→0 h
g(x) − g(x + h)
g(x + h)g(x)
= lim
h→0 h
g(x) − g(x + h) 1
= lim ·
h→0 g(x + h)g(x) h
g(x) − g(x + h)
= lim
h→0 (g(x + h)g(x))h

−(g(x + h) − g(x)) 1
= lim ·
h→0 h g(x + h)g(x)
g(x + h) − g(x) 1
= − lim · lim
h→0 h h→0 g(x + h)g(x)
1
= −g 0 (x) ·
(g(x))2
0
−g (x)
= .
(g(x))2

Exemplos:

1 0 (x3 + 1)0 0 3x2


• f (x) = ⇒ f (x) = − ⇒ f (x) = −
x3 + 1 (x3 + 1)2 (x3 + 1)3
1 2x
• f (x) = 2 ⇒ f 0 (x) = − 2
x +1 (x + 1)2
4
1 5x 5x4 5
• f (x) = 5 ⇒ f 0 (x) = − 5 2 = − 10 = − 6 = −5x−6
x (x ) x x

f (x)
Agora, sejam f e g funções deriváveis, com g(x) 6= 0, então h(x) = é derivável e
g(x)

f 0 (x)g(x) − f (x)g 0 (x)


h0 (x) = .
(g(x))2
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 77

f (x)
De fato, temos que a derivada é dada dessa forma, pois considerando h(x) = , temos
g(x)
que
 0
f (x)
h0 (x) =
g(x)
 0
1
= f (x) ·
g(x)
 0
0 1 1
= f (x) · + f (x) ·
g(x) g(x)
0 0
 
f (x) g (x)
= + f (x) · −
g(x) (g(x))2
0 0
f (x) f (x)g (x)
= −
g(x) (g(x))2
f (x)g(x) − f (x)g 0 (x)
0
=
(g(x))2
Exemplos:

x2 + 2 0 (x2 + 2)0 (x3 + 1) − (x2 + 2)(x3 + 1)0 0 2x(x3 + 1) − (x2 + 2)3x2


• h(x) = ⇒ h (x) = ⇒ h (x) =
x3 + 1 (x3 + 1)2 (x3 + 1)2

2x + x3 (2 + 3x2 )(x5 − 10) − (2x + x3 )5x4


• 5
⇒ h0 (x) =
x + 10 (x5 + 10)2
√ 1 − 12 1
x x (x2 + 1) − x− 2 (2x)
• h(x) = 2 ⇒ h0 (x) = 2 .
x +2 (x2 + 1)2

Exemplos de fixação: Determine a derivada das funções abaixo:

• y = (2x + 1)(2x2 − x − 1)
y0 = (2x + 1)0 (2x2 − x − 1) + (2x + 1)(2x2 − x − 1)0
= ((2x)0 + (1)0 )(2x2 − x − 1) + (2x + 1)(2(x2 )0 − (x)0 − (1)0 )
= ((2) + (0))(2x2 − x − 1) + (2x + 1)(2(2x) − (1) − (0))
= 2(2x2 − x − 1) + (2x + 1)(4x − 1)
= 4x2 − 2x − 2 + 8x2 − 2x + 4x − 1
= 12x2 − 3

t+1
• p(t) =
t2 + t + 4
(t + 1)0 (t2 + t + 4) − (t + 1)(t2 + t + 4)0
p0 (t) =
(t2 + t + 4)2
2
1(t + t + 4) − (t + 1)(2t + 1)
=
(t2 + t + 4)2
t + t + 4 − (2t2 + t + 2t + 1)
2
=
(t2 + t + 4)2
2
−t − 2t + 3
=
(t2 + t + 4)2
78 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

x+1
•y=
x−2
(x + 1)0 (x − 2) − (x + 1)(x − 2)0
y0 =
(x − 2)2
1(x − 2) − (x + 1)1
=
(x − 2)2
x−2−x−1
=
(x − 2)2
−3
=
(x − 2)2

x2 − 3x + 2
• f (x) =
2x2 + 5x − 1

(2x − 3)(2x2 + 5x − 1) − (x2 − 3x + 2)(4x + 5)


f 0 (x) =
(2x2 + 5x − 1)2
4x + 10x − 2x − 6x2 − 15x + 3 − (4x3 + 5x2 − 12x2 − 15x + 8x + 10)
3 2
=
(2x2 + 5x − 1)2
2
11x − 10x − 7
=
(2x2 + 5x − 1)2
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 79

20. Regra da cadeia | Aula 18


20.1. Regra da cadeia.
• Regra de derivação para funções compostas.

• Notação de derivada: Seja y = f (x). Temos:

df dy
f 0 (x) = = .
dx dx
Teorema 4. Se y = f (u) é uma função derivável e u = g(x) é derivável em x, então a
função composta y = f (g(x)) é derivável em x e sua derivada é dada por

dy dy du
= · ,
dx du dx
ou ainda,
dy
= f 0 (g(x)) · g 0 (x).
dx
20.2. Exemplos.

Exemplo 57.

y = (3x + 1)2 ⇒ y = 9x2 + 6x + 1


dy
⇒ = 18x + 6.
dx
Tome y = u2 e u = 3x + 1. Então,

dy dy du
= ·
dx du dx
= 2u · 3
= 2(3x + 1) · 3
= (6x + 2) · 3
= 18x + 6.

Exemplo 58. Seja


y = (3x + 1)10 .

Defina f (u) = u10 e u = g(x) = 3x + 1. Então,

d
[f (g(x))] = f 0 (g(x)) · g 0 (x)
dx
= 10u9 · 3
= 30(3x + 1)9 .

Exemplo 59. Seja


y = f (u) = (x2 + 2)3 − 3(x2 + 2)2 + 1.

Defina f (u) = u3 − 3u2 + 1 e u = g(x) = x2 + 2. Então,


80 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

[f (g(x))]0 = f 0 (g(x)) · g 0 (x)


= (3u2 − 6u) · (2x)
= [3(x2 + 2)2 − 6(x2 + 2)] · (2x)
= 3(x2 + 2)(x2 + 2 − 2) · (2x)
= 3(x2 + 2)(x2 ) · (2x)
= 6x3 (x2 + 2).

Exemplo 60. Seja


3x2 − 1
y= .
3x2
Note que
3x2 − 1 (3x2 − 1)
y= 2
= .
3x (3x2 − 1) + 1
u
Defina f (u) = e g(x) = 3x2 − 1. Então,
u+1
(1)(u + 1) − u(1)
f 0 (u) =
(u + 1)2
1
= ;
(u + 1)2
1
f 0 (g(x)) =
((3x2 − 1) + 1)2
1
= ;
9x4

g 0 (x) = 6x.
Logo,
[f (g(x))]0 = f 0 (g(x)) · g 0 (x)
 1 
= · (6x)
9x4
2
= .
3x3
Exemplo 61. Seja
p
y= x2 + 3x + 2.
1
Defina f (u) = u 2 e g(x) = x2 + 3x + 2. Então,
1 1 −1
f 0 (u) = u2
2
1
= √ ;
2 u
1
f 0 (g(x)) = √ ;
2 x2 + 3x + 2

g 0 (x) = 2x + 3.
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 81

Logo,
[f (g(x))]0 = f 0 (g(x)) · g 0 (x)
2x + 3
= √ .
2 x2 + 3x + 2
82 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

21. Função Inversa - Exponencial e Logarítmica | Aula 19


Definição de função: Uma função f é uma regra que associa elementos de um conjunto
A em um conjunto B, normalmente denotada por

f :A→B

De forma que todo elemento de A tem um elemento correspondente em B e um elemento


de A possui um único correspondente em B.

Exemplos: Observe as seguintes relações f : A → B:

1) Essa não é uma função, pois y ∈ A está associado a dois elementos diferentes
pertencentes a B, sendo eles 2, 3 ∈ B.

2) Essa é uma função, pois todo elemento de A tem um correspondente em B e um


elemento de A possui um único correspondente em B.

3) Essa é uma função, pois todo elemento de A tem um correspondente em B e um


elemento de A possui um único correspondente em B, contudo observe que Im(f ) 6=
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 83

B, pois 5 ∈
/ Im(f ).

4) Essa é uma função, pois todo elemento de A tem um correspondente em B e um


elemento de A possui um único correspondente em B, e observe que Im(f ) = B.

Definição de função inversa: Dada uma função f : A → B, dizemos que f possui in-
versa ou é invertível quando existe a função f −1 : B → A, de modo que f −1 ◦ f = idA e
f ◦ f −1 = idB , sendo idX a função identidade no conjunto X.

Exemplos: Considerando os exemplos anteriores, verifiquemos se eles possuem inversa:


1) O exemplo (1) não possui inversa, pois f não é função.

2) No exemplo (2) temos que f é função, contudo considerando f −1 : B → A, temos


que f −1 não é função, pois 3 ∈ B está associado a elementos diferentes de A.

3) No exemplo (3) temos que f é função, contudo considerando f −1 : B → A, temos


que f −1 não é função, pois 5 ∈ B não está associado a nenhum elemento de A.

4) No exemplo (4) temos que f é função e considerando f −1 : B → A é fácil verificar


que f −1 é função, pois todo elemento de B tem um elemento correspondente em A
e um elemento de B possui um único correspondente em A. Verifiquemos agora que
f −1 ◦ f = idA e f ◦ f −1 = idB .
84 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Tomando x ∈ A, temos que (f −1 ◦ f )(x) = f −1 (f (x)) = f −1 (1) = x = idA (x) e


tomando 1 ∈ B, temos que (f ◦ f −1 )(1) = f (f −1 (1)) = f (x) = 1 = idB (1), usando
o mesmo raciocínio mostramos que f −1 ◦ f = idA e f ◦ f −1 = idB .
Portanto f −1 é a função inversa de f .

22. Funções Exponenciais


Definição: Seja a > 0, a 6= 1 ∈ R, dizemos que f : R → (0, +∞) é função exponencial se
f é da forma:
f (x) = ax

Definimos funções exponenciais para a 6= 1, pois o caso em que a = 1 não é interessante


para os estudos, pois teríamos que f (x) = 1x = 1, ∀x ∈ R, sendo seu gráfico dado por:

Exemplo: Considerando f (x) = 2x , temos que


• x = 4 ⇒ f (4) = 24 = 16;

• x = n ⇒ f (n) = 2n = 2| · 2{z· · · 2}
n fatores
0
• x = 0 ⇒ f (0) = 2 = 1;
 3
−3 1 1
• x = −3 ⇒ f (−3) = 2 = = .
2 8

Propriedades: Considerando a, b > 0 ∈ R, x, y ∈ R


• ax · ay = ax+y ;
ax
• = ax−y ;
ay
y
• (ax ) = axy ;

• (a · b)x = ax · bx ;
 a x ax
• = .
b bx
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 85

Exemplos:
1) 32 · 33 = 32+3 = 35 = 243;

510
2) = 510−8 = 52 = 25;
58
5
3) (22 ) = 22·5 = 210 = 1024;

4) (4 · 5)2 = 42 · 52 = 16 · 25 = 400;
 3
2 23 8
5) = 3 = .
5 5 125

Gráfico da função exponencial:


• Caso a > 1 • Caso 0 < a < 1

23. Função Logarítmica


Definição: Seja a > 0, a 6= 1 ∈ R, dizemos que f : (0, +∞) → R é função logarítmica se f
é da forma:
f (x) = loga (x)

Temos que a função logarítmica é a inversa da função exponencial, pois sendo f (x) = ax
e f −1 (y) = loga (y) temos:
f −1 (y) = x ⇔ f (x) = y
loga (y) = x ⇔ ax = y

Exemplo: Determine o valor de f (x) = log10 (x) para x = 0, 001.

f (0, 001) = log10 (0, 001) = y ⇔ 10y = 0, 001 ⇔ 10y = 10−3 ⇔ y = −3

Propriedades: Considerando a 6= 1, a > 0 ∈ R, x, y ∈ R, k ∈ R


• loga (x · y) = loga (x) + loga (y);
 
x
• Sendo y 6= 0 ⇒ loga = loga (x) − loga (y);
y
• loga (xk ) = k · loga (x)
86 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Exemplos:
• log10 (2 · 7) = log10 (2) + log10 (7) ≈ 0, 30 + 85 ≈ 1, 15;
 
8
• log5 = log5 (8) − log5 (3) ≈ 1, 29 − 0, 68 ≈ 0, 61;
3
• log2 (34 ) = 4 · log2 (3) ≈ 4 · 1, 58 ≈ 6, 32

Gráfico da função logarítmica:


• Caso a > 1 • Caso 0 < a < 1

Exercício: Um certo medicamento é injetado no sangue de um paciente; t segundos depois,


a concentração do medicamento é C gramas por centímetro cúbico, onde
C(t) = 0, 1 1 + 3e−0,03t


a) Qual é a concentração do medicamento após 10 segundos?


Sol.: C(10) = 0, 1 1 + 3e−0,03(10) ≈ 0, 32.


Logo a concentração após 10 segundos será de aproximadamente 0, 32 g/cm3 .

b) Qual é o tempo necessário para que a concentração do medicamento atinja o valor de


0, 12 g/cm3 ?
Sol.:
C(t) = 0, 12
−0,03t

0, 1 1 + 3e = 0, 12
−0,03t
1 + 3e = 1, 2
−0,03t
3e = 0, 2
−0,03t
e = 0, 0667
ln(e−0,03t ) = ln(0, 0667)
−0, 03t = −2, 7075
t ≈ 90, 2
Logo o tempo necessário é de aproximadamente 90,2 segundos.
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 87

24. Funções exponencial e logarítmica : deriva e regra da cadeia | Aula 20


24.1. Derivada da função exponencial. Se f (x) = ex , então, para qualquer número real
x,
f 0 (x) = ex .

Exemplo 62. Seja


f (x) = x2 ex .

Então,

f 0 (x) = (x2 )0 ex + x2 (ex )0


= 2xex + x2 ex
= ex (2x + x2 ).

Exemplo 63. Seja


x3
g(x) = .
ex + 2
Então,

(x3 )0 (ex + 2) + x3 (ex + 2)0


g 0 (x) =
(ex + 2)2
3x2 (ex + 2) + x3 ex
=
(ex + 2)2
3x2 ex + 6x2 + x3 ex
=
(ex + 2)2
ex (3x2 + x3 ) + 6x2
= .
(ex + 2)2

24.2. Regra da cadeia para funções exponenciais. Se u(x) é uma função derivável de
x e f (x) = eu(x) , então
f 0 (x) = u0 (x)eu(x) .

Exemplo 64. Seja


2
f (x) = ex +1
.

Então,
2
f 0 (x) = (x2 + 1)0 ex +1
2
= 2xex +1
.

Exemplo 65. Seja


e−3x
g(x) = .
x2 + 1
88 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Então,

(e−3x )0 (x2 + 1) + e−3x (x2 + 1)0


g 0 (x) =
(x2 + 1)2
0 −3x 2
(−3x) e (x + 1) + e−3x 2x
=
(x2 + 1)2
−3x 2
−3e (x + 1) + e−3x 2x
=
(x2 + 1)2
e−3x (−3(x2 + 1) + 2x)
= .
(x2 + 1)2

24.3. Derivada de ln x. Se f (x) = ln x, então, para todo x > 0

1
f 0 (x) = .
x

Exemplo 66. Seja

f (x) = x ln x.

Então,

f 0 (x) = (x)0 ln x + x(ln x)0


1
= ln x + x
x
= ln x + 1.

Exemplo 67. Seja

3
g(t) = (t + ln t) 2 .

Então,

3 3
g 0 (t) = (t + ln t) 2 −1 · (t + ln t)0
2
3 1 1
= (t + ln t) 2 · (1 + ).
2 t

Exemplo 68. Seja



3
ln x2
f (x) = .
x4
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 89

Então,
√ √
x2 )0 (x4 ) − (ln x2 )(x4 )0
3 3
0 (ln
f (x) =
(x4 )2
( 2 ln x)0 (x4 ) − ( 23 ln x)(4x3 )
3
=
(x4 )2
3
( 2x )(x4 ) − 6x3 ln x
=
(x4 )2
3 3 3
2 x − 6x ln x
=
(x4 )2
3 3
x ( 2 − 6 ln x)
=
x8
3
2 − 6 ln x
= .
x5

24.4. Regra da cadeia para funções logarítmicas. Se u(x) > 0 é uma função derivável
de x e f (x) = ln u(x), então
u0 (x)
f 0 (x) = .
u(x)

Exemplo 69. Escreva a equação da reta tangente à curva f (x) = x−ln x no ponto x = 1.
Solução: A equação da reta tangente é dada por
y − f (1) = f 0 (1)(x − 1)
y = f (1) + f 0 (1)(x − 1).
Temos:
1
f 0 (x) = 1−
2x
1
⇒ f (1) = ;
2

f 0 (1) = 1 − ln 1
= 1.

Então,
1
y = 1 + (x − 1)
2
1 1
⇒ y = x+ .
2 2

24.5. Derivadas de bx e logb x para b > 0 e b 6= 1. Se f (x) = bx onde b > 0 e b 6= 1,


então
f 0 (x) = bx ln b.
Se f (x) = logb x onde b > 0 e b 6= 1, então
1
f 0 (x) = .
x ln b
90 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Exemplo 70. Seja


f (x) = 52x−3 .
Então,
f 0 (t) = (2x − 3)0 52x−3 ln 5
= 2 · 52x−3 ln 5.

Exemplo 71. Seja


g(x) = (x2 + log7 x)4 .
Então,
g 0 (t) = 4(x2 + log7 x)3 · (x2 + log7 x)0
 1 
= 4(x2 + log7 x)3 · 2x + .
x ln 7
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 91

25. Intervalos de crescimentos e descrescimentos, pontos críticos e teste da


primeira derivada | Aula 21
Ponto crítico: Considere uma função derivável f, x0 ∈ Df , dizemos que x0 é ponto crítico
de f se f 0 (x0 ) = 0 ou f 0 (x0 ) não existe.

Exemplo: Determine o ponto crítico da função f (x) = x2 − 2x + 5.


Temos que f 0 (x) = 2x − 2, logo f 0 (x) = 0 ⇔ 2x − 2 = 0 ⇔ 2x = 2 ⇔ x = 1.

Ponto de máximo local: Considere uma função derivável f, x0 ∈ Df um ponto crítico


de f , dizemos que x0 é ponto de máximo local se a derivada à esquerda de x0 é positiva e a
derivada à direita de x0 é negativa, ou seja, tomando x1 < x0 < x2 , temos que x0 é ponto
de máximo local se f 0 (x1 ) > 0 e f 0 (x2 ) < 0.

Exemplo: Considerando f (x) = −x2 + 1, temos que x0 = 0 é ponto crítico, pois


f 0 (x) = −2x, f 0 (x) = 0 ⇔ −2x = 0 ⇔ x = 0, e ele é de máximo local, pois tomando
x1 = −1, x2 = 1, temos que f 0 (x1 ) = −2(−1) = 2 > 0 e f 0 (x2 ) = −2(1) = −2 < 0.

Ponto de mínimo local: Considere uma função derivável f, x0 ∈ Df um ponto crítico


de f , dizemos que x0 é ponto de mínimo local se a derivada à esquerda de x0 é negativa e
a derivada à direita de x0 é positiva, ou seja, tomando x1 < x0 < x2 , temos que x0 é ponto
de mínimo local se f 0 (x1 ) < 0 e f 0 (x2 ) > 0.

Exemplo: Considerando f (x) = x2 + 1, temos que x0 = 0 é ponto crítico, pois


f 0 (x) = 2x, f 0 (x) = 0 ⇔ 2x = 0 ⇔ x = 0, e ele é de mínimo local, pois tomando
x1 = −1, x2 = 1, temos que f 0 (x1 ) = 2(−1) = −2 < 0 e f 0 (x2 ) = 2(1) = 2 > 0.

Intervalos de crescimento e decrescimento: Seja f uma função derivável em um in-


tervalo (a, b). Temos:
• se f 0 (x) > 0, ∀x ∈ (a, b), então é crescente em (a, b);
• se f 0 (x) < 0, ∀x ∈ (a, b), então é decrescente em (a, b).
92 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

26. Exemplos
Em cada item, determine e avalie os pontos críticos da função e determine os intervalos
de crescimento e decrescimento da função.

1) f (x) = 2x3 + 3x2 − 12x − 7

Temos que f 0 (x) = 6x2 + 6x − 12. Para determinar seus pontos críticos, devemos ter:
f 0 (x) = 0 ⇔ 6x2 + 6x − 12 = 0
⇔ x2 + x − 2 = 0
⇔ x = 1 ou x = 2.
Logo os pontos críticos são x = 1 e x = −2. Marcando os pontos críticos em uma reta e
escolhendo outros valores temos:

Avaliando o sinal da derivada nos valores temos:


• f 0 (−3) = 6(−3)2 + 6(−3) − 12 = 54 − 18 − 12 = 24 > 0;

• f 0 (0) = 6(0)2 + 6(0) − 12 = −12 < 0;

• f 0 (2) = 6(2)2 + 6(2) − 12 = 24 > 0.

Logo x = 2 é ponto de máximo local e x = 1 é ponto de mínimo local.


E como f 0 (x) > 0 para x ∈ (−∞, −2) ∪ (1, +∞), e f 0 (x) < 0 para x ∈ (−2, 1), temos que
f é crescente para x ∈ (−∞, −2) ∪ (1, +∞) e decrescente para x ∈ (−2, 1), como podemos
observar no gráfico de f .
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 93

x2
2) f (x) =
x−2
2x(x − 2) − x2 (1) x2 − 4x
Temos que f 0 (x) = ⇒ f 0
(x) = . Vamos determinar os pontos
(x − 2)2 (x − 2)2
críticos de f .
Primeiro, observe que x = 2 não é ponto crítico de f , pois apesar de a derivada de f não
existe nesse ponto, ele não pertence ao domínio de f . Para os outros pontos devemos ter:

x2 − 4x
f 0 (x) = 0 ⇔ =0
(x − 2)2
⇔ x2 − 4x = 0
⇔ x(x − 4) = 0
⇔ x = 0 ou x = 4.
Logo, os pontos críticos são x = 0 e x = 4. Marcando os pontos críticos em uma reta e
escolhendo outros valores, temos:

Avaliando o sinal da derivada nos valores temos:


(−1)2 − 4(−1) 5
• f 0 (−1) = 2
= > 0;
((−1) − 2) 9
2
(1) − 4(1)
• f 0 (1) = = −3 < 0;
((1) − 2)2
(3)2 − 4(3)
• f 0 (3) = = −3 < 0;
((3) − 2)2
(5)2 − 4(5) 5
• f 0 (5) = = > 0.
((5) − 2)2 9

Logo x = 0 é um ponto de máximo local, x = 2 não está definido, pois não pertence ao
domínio da função e x = 4 é um ponto de mínimo local.
E como f 0 (x) > 0 para x ∈ (−∞, 0) ∪ (4, +∞), e f 0 (x) < 0 para x ∈ (0, 2) ∪ (2, 4), temos
que f é crescente para x ∈ (−∞, 0) ∪ (4, +∞) e decrescente para x ∈ (0, 2) ∪ (2, 4), como
podemos observar no gráfico de f .
94 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

2
3) f (x) = e−x
2
Temos que f 0 (x) = −2xe−x , para determinar seus pontos críticos devemos ter:
2
f 0 (x) = 0 ⇔ −2xe−x = 0
2
⇔ −2x = 0, pois e−x 6= 0, ∀x ∈ R
⇔ x = 0.
Logo o ponto crítico é x = 0. Marcando ele em uma reta e escolhendo outros valores
temos:

Avaliando o sinal da derivada nos valores temos:


2 2
• f 0 (−1) = −2(−1)e−(−1) = 2e−1 = > 0;
e
2 −2
• f 0 (1) = −2(1)e−(1) = −2e−1 = < 0.
e

Logo x = 0 é ponto de máximo local.


E como f 0 (x) > 0 para x ∈ (−∞, 0), e f 0 (x) < 0 para x ∈ (0, +∞), temos que f é
crescente para x ∈ (−∞, 0) e decrescente para x ∈ (0, +∞), como podemos observar no
gráfico de f .
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 95

4) f (x) = x ln(x)
 
1
Temos que f 0 (x) = (1) ln(x) + x ⇒ f 0 (x) = ln(x) + 1, para determinar seus pontos
x
críticos devemos ter

f 0 (x) = 0 ⇔ ln(x) + 1 = 0
⇔ ln(x) = −1
⇔ x = e−1 .
Observando que a função f é definida para todo x ∈ (0, +∞), temos que x = e−1 é ponto
crítico. Marcando ele em uma reta e escolhendo outros valores temos:

Avaliando os valores na derivada temos:


• f 0 (e−2 ) = ln(e−2 ) + 1 = −2 ln(e) + 1 = −2(1) + 1 = −2 + 1 = −1 < 0;
• f 0 (e2 ) = ln(e2 ) + 1 = 2 ln(e) + 1 = 2(1) + 1 = 2 + 1 = 3 > 0.

Logo x = e−1 é um ponto de mínimo local.


E como f 0 (x) > 0 para x ∈ (e−1 , +∞), e f 0 (x) < 0 para x ∈ (0, e−1 ), temos que f é
crescente para x ∈ (e−1 , +∞) e decrescente para x ∈ (0, e−1 ), como podemos observar no
gráfico de f .
96 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

27. Concavidade, Pontos de inflexão e teste da segunda derivada | Aula 22


27.1. Concavidade. Se uma função f (x) é derivável em I ⊂ R, então o gráfico de f tem
• Concavidade para cima em I se f 0 (x) é crescente para x ∈ I;
• Concavidade para baixo em I se f 0 (x) é decrescente para x ∈ I.

Figura 5. Em (a) temos a concavidade para cima e em (b) temos a con-


cavidade para baixo.

Procedimento:
(1) Encontre os pontos x em que f 00 (x) = 0 ou que f 00 (x) não existe (marque esses
pontos no eixo x).
(2) Tome c ∈ Ix ,
(a) Se f 00 (x) > 0: concavidade para cima;
(b) Se f 00 (x) < 0: concavidade para baixo.
Exemplo 72. Seja
f (x) = 2x6 − 5x4 + 7x + 3.
(1)
f 0 (x) = 12x5 − 20x3 + 7;

f 00 (x) = 60x4 − 60x2


= 60x2 (x2 − 1).
Quando f 00 (x) = 0? 60x2 (x2 − 1) = 0 ⇒ x = 0 ou x = ±1.
(2)
 1 45 1 45
f 00 (−2) = 720; f 00 − =− ; f 00 =− ; f 00 (2) = 240.
2 4 2 4
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 97

27.2. Pontos de inflexão.


Definição 9. Um ponto (p, f (p)) do um gráfico de uma função f é chamado de ponto de
inflexão se f é contínua e a concavidade muda nesse ponto.

Procedimento:
(1) Encontre todo c tal que f 00 (c) = 0 ou que f 00 (c) não existe não existe.
(2) Tome x1 , x2 ∈ Ic ,
(a) Para x1 < c < x2 se f 00 (x1 ) > 0 e f 00 (x2 ) < 0: (c, f (c)) é ponto de inflexão;
(b) Para x1 < c < x2 se f 00 (x1 ) < 0 e f 00 (x2 ) > 0: (c, f (c)) é ponto de inflexão.
Exemplo 73. Seja
f (x) = 3x5 − 5x4 − 1.
(1)
f 0 (x) = 15x4 − 20x3 ;

f 00 (x) = 60x3 − 60x2


= 60x2 (x − 1).
Quando f 00 (x) = 0? 60x2 (x − 1) = 0 ⇒ x = 0 ou x = 1.
(2)
 1 45
f 00 (−1) = −120 < 0; f 00 − =− < 0; f 00 (2) = 240 > 0.
2 2
Logo x = 1 é um ponto de inflexão.
Exemplo 74. Seja
x2
f (x) = e− 2 .
Temos que
Df = R; Imf = R∗+ ;
x2
f 0 (x) = −xe− 2 ;

x2
f 00 (x) = (x2 − 1)e− 2 .
98 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

(1) Zeros: f (0) = 1 ⇒ (0, 1);


(2) Crescimento: f 0 (x) > 0 se x < 0 e f 0 (x) < 0 se x > 0: f é crescente à esquerda
de x = 0 e f é decrescente à direita de x = 0.
(3) Concavidade: f 0 (x) > 0 se x < −1; f 0 (x) < 0 se −1 < x < 1; f 0 (x) > 0 se x > 1:
f é concava para cima se x < −1 ou x > 1 e f é concava para baixo se −1 < x < 1.
(4) Limites no infinito:
x −→ +∞ ⇒ f (x) −→ 0;
x −→ −∞ ⇒ f (x) −→ 0;
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 99

28. Traçar curvas | Aula 23


Para traçar a curva da função y = f (x) devemos seguir os passos:
(1) Determinar Df ;
(2) Determinar as interseções com os eixos x e y;
(3) Determinar as assíntotas horizontais e verticais;
(4) Determinar f 0 (x), pontos críticos, intervalos de crescimento e decrescimento da f ;
(5) Determinar f 00 (x), intervalos de concavidade e pontos de inflexão.

29. Exemplos
Trace a curva da função y = f (x) em cada caso:
Exemplo 75. f (x) = x2 − 3x − 4.
Seguindo os passos temos:
(1) Determinar Df :
Df = R;

(2) Determinar as interseções com os eixos x e y:


• Eixo x (y = 0):
0 = x2 − 3x − 4
= (x + 1)(x − 4)
Logo temos que y = 0 ⇒ x = 1 ou x = −4, portanto as interseções com o eixo x
são os pontos (1, 0), (−4, 0).

• Eixo y (x = 0)
y = (0)2 − 3(0) − 4
y = −4
Logo temos que x = 0 ⇒ y = −4, portanto a interseção com o eixo y é o ponto
(0, −4).

Marcando esses pontos no plano obtemos:

(3) Determinar as assíntotas horizontais e verticais:


Nesse exemplo não temos assíntotas horizontais nem verticais, pois
lim f (x) = ±∞.
x→±∞
100 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

(4) Determinar f 0 (x), pontos críticos, intervalos de crescimento e decrescimento da f :


• f 0 (x) = 2x − 3;

• Pontos críticos:

f 0 (x) = 0 ⇔ 2x − 3 = 0
2x = 3
3
x=
2
   2  
3 3 3 9 9 25
Daí, f = −3 − 4 = − − 4 = − . Logo o ponto crítico é
  2 2 2 4 2 4
3 25
,− .
2 4
• Intervalos de crescimento
 e decrescimento:
3
Note que x ∈ , +∞ ⇒ f (x) > 0, por exemplo, x = 2 ⇒ f 0 (2) = 2(2) − 3 =
0

 2 
3
1 > 0, e x ∈ −∞, ⇒ f 0 (x) < 0, por exemplo, x = 0 ⇒ f 0 (0) = 2(0) − 3 =
2
−3 < 0.  
3
Logo temos que f é crescente para x ∈ , +∞ e decrescente para
  2
3
x ∈ −∞, , e temos que o ponto crítico é de mínimo. Marcando ele no plano
2
temos:

(5) Determinar f 00 (x), intervalos de concavidade e pontos de inflexão:


• f 00 (x) = 2;

• Intervalos de concavidade:
Note que f 00 (x) > 0 para todo x ∈ R, pois f 00 (x) = 2 > 0, logo a concavidade da
f é para cima.

• Pontos de inflexão:
Note que não temos pontos de inflexão, pois f 00 (x) 6= 0 para todo x ∈ R pois
f 00 (x) = 2 6= 0, logo f não possui pontos de inflexão.

Logo o gráfico da f é dado por:


CÁLCULO 1C - NL 2020/1 101
102 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

x
Exemplo 76. f (x) = .
(x + 1)2
Seguindo os passos temos:
(1) Determinar Df :
Df = {x ∈ R : x 6= −1};

(2) Determinar as interseções com os eixos x e y:


• Eixo x (y = 0):
x
=0⇒x=0
(x + 1)2

Logo temos que y = 0 ⇒ x = 0, portanto a interseção com o eixo x é o ponto


(0, 0).

• Eixo y (x = 0)

0
y =
(0 + 1)2
y = 0

Logo temos que x = 0 ⇒ y = 0, portanto a interseção com o eixo y é o ponto


(0, 0).

Marcando esses pontos no plano obtemos:

(3) Determinar as assíntotas horizontais e verticais:


• Horizontais:
0
1
x x x
 0
lim = = lim 2 = lim = 0 = =0
x→±∞ (x + 1)2 x→±∞ x + 2x + 1 x→±∞ 0 1
2 1
1 + x + x2
 7
 
Logo a assíntota horizontal é y = 0.

• Vertical:
x x
lim f (x) = lim = −∞, lim f (x) = lim = −∞
x→−1− x→−1− (x − 1)2 x→−1+ x→−1+ (x − 1)2
Logo a assíntota vertical é x = −1.

(4) Determinar f 0 (x), pontos críticos, intervalos de crescimento e decrescimento da f :


CÁLCULO 1C - NL 2020/1 103

1(x + 1)2 − x(2(x + 1)1) (x + 1)[(x + 1) − 2x]


• f 0 (x) = 2 ⇒ f 0 (x) = ⇒
((x + 1)2 ) (x + 1)4
0 (x + 1) − 2x −x + 1
f (x) = , pois x 6= −1 ⇒ f 0 (x) = ;
(x + 1)3 (x + 1)3
• Pontos críticos:
−x + 1
f 0 (x) = 0 ⇔ =0
(x + 1)3
−x + 1 = 0
x=1
 
1 1 1
Daí, f (1) = = . Logo o ponto crítico é 1, .
(1 + 1)2 4 4
• Intervalos de crescimento e decrescimento:
0+1 1
Note que x ∈ (−1, 1) ⇒ f 0 (x) > 0, por exemplo, x = 0 ⇒ f 0 (0) = 3
= =
(0 + 1) 1
1 > 0, e x ∈ (−∞, −1) ∪ (1, +∞) ⇒ f 0 (x) < 0, por exemplo,
−(−2) + 1 3 −(2) + 1
x = −2 ⇒ f 0 (−2) = 3
= = −3 < 0 e x = 2 ⇒ f 0 (2) = =
(−2 + 1) −1 (2 + 1)3
−1
< 0.
27
Logo temos que f é crescente para x ∈ (−1, 1) e decrescente para x ∈ (−∞, −1) ∪
(1, +∞), e temos que o ponto crítico é de máximo. Marcando ele no plano temos:

(5) Determinar f 00 (x), intervalos de concavidade e pontos de inflexão:


−1(x + 1)3 − (−x + 1)[3(x + 1)2 · 1] (x + 2)2 [−(x + 1) − 3(−x + 1)]
• f 00 (x) = 2 ⇒ f 00 (x) = ⇒
(x + 1)3 (x + 1)6
−x − 1 + 3x − 3 2x − 4
f 00 (x) = ⇒ f 00 (x) = ;
(x + 1)4 (x + 1)4
• Pontos de inflexão:
2x − 4
f 00 (x) = 0 ⇔ =0
(x + 1)4
2x − 4 = 0
2x = 4
x=2
 
2 2 2
Daí, f (2) = = , logo o ponto 2, é de inflexão.
(2 + 1)2 9 9
• Intervalos de concavidade:
104 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

2(3) − 4 2
Note que f 00 (x) > 0 se x ∈ (2, +∞), por exemplo, x = 3 ⇒ = >0e
(3 + 1)4 256
2(−2) − 4 −8
f 00 (x) < 0 se x ∈ (−∞, −1) ∪ (−1, 2), por exemplo, x = −2 ⇒ = 4 =
((−2) + 1)4 1
2(0) − 4 −4
−8 < 0 e x = 0 ⇒ = 4 = −4 < 0.
((0) + 1)4 1
Logo a concavidade da f em (−∞, −1) ∪ (−1, 2) é para baixo e em (2, +∞) ela
é de concavidade para cima.

Logo o gráfico da f é dado por:


CÁLCULO 1C - NL 2020/1 105

30. Aplicação da derivada: otimização | Aula 24


30.1. Método geral para resolver problemas de otimização.
(1) Conhecer a grandeza a ser otimizada. Em seguida, atribua um nome ou uma letra
a todas as variáveis de interesse.
(2) Expresse as relações entre as variáveis por meio de equações ou desigualdades (uma
figura pode ajudar).
(3) Expresse a grandeza a ser otimizada (maximizada ou minimizada) em termos de
apenas uma variável. Determine também as possíveis restrições da variável inde-
pendente.
(4) Se f (x) é a grandeza a ser otimizada, calcule f 0 (x) e determine todos os pontos
críticos. Em seguida, determine o valor máximo ou mínimo desejado.
(5) Interprete os resultados em termos das grandezas físicas, geométricas ou econômicas
apropriadas.
Exemplo 77. (Minimização do comprimento de uma cerca) O departamento de estradas e
rodagem pretende construir uma área de piquenique para motoristas a beira de uma rodovia
movimentada. O terreno deve ser retangular com uma área de 5000 m2 , e deve ser cercado
nos três lados que não dão para rodovia. Qual é o menor comprimento da cerca necessária
para a obra? Quais devem ser o comprimento e a largura da área de piquenique para que o
comprimento da cerca seja o menor possível?
Solução:

• Área do terreno: xy = 5000;


• Comprimento F da cerca: F = x + 2y.
Então,
5000 10000
y= ⇒ F (x) = x + .
x x
Logo,
10000
F 0 (x) = 1 − .
x2
10000 10000
F 0 (x) = 0 ⇒ 1− =0 ⇒ 1= ⇒ x2 = 1000 ⇒ x = ±100.
x2 x2
Daí, x = 100. O menor comprimento da cerca é dado por,
10000
F (100) = 100 + = 200.
100
106 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Comprimento e largura da área de piquenique

5000
x = 100m y= = 50m.
100
Exemplo 78. (Maximização do lucro) Um fabricante produz camisetas de propaganda a
um custo unitário de R$ 2,00. As camisetas vêm sendo vendidas por R$ 5,00; por esse preço
são vendidas 4000 camisetas por mês. O fabricante pretende aumentar o preço e calcula
que, para cada R$ 1,00 de aumento no preço, menos 400 camisetas serão vendidas por mês.
Qual deve ser o preço de venda das camisetas para que o lucro do fabricante seja o maior
possível?
Solução:
• Preço de venda: x;
• Aumento do preço: a;
• Número de camisetas vendidas: n;
• Lucro por camiseta: l;
• Lucro total: P (x).

a=x−5 n = 4000 − 400a l =x−2 P (x) = nl

Note que,
n = 4000 − 400(x − 5),

logo,

P (x) = [4000 − 400(x − 5)](x − 2)


= [4000 − 400x + 2000](x − 2)
= [6000 − 400x](x − 2)
= 6000x − 12000 − 400x2 + 800x
= −400x2 + 6800x − 12000

⇒ P 0 (x) = −800x + 6800

6800
P 0 (x) = 0 ⇒ −800x + 6800 = 0 ⇒ 800x = 6800 ⇒ x= ⇒ x = 8, 5.
800
Observe que
P 00 (x) = −800 < 0,

então pelo teste da derivada segunda, concluímos que x = 8, 5 é um ponto de máximo.


Portanto, as camisetas serão vendidas a um preço de R$ 8,50 para o fabricante obter o
maior lucro.

Exemplo 79. (Minimização do custo de uma obra) Pretende-se estender um cabo de usina
de energia elétrica, situada à margem de um rio com 900 m de largura, até uma fábrica do
outro lado do rio, 3000 m rio abaixo. O custo para estender o cabo no fundo do rio é R$
5,00 o metro e para estender o cabo em terra é R$ 4,00 o metro. Qual é o percurso mais
econômico para o cabo?
Solução:
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 107

• Comprimento do cabo na terra: x;


• Comprimento do cabo no rio: y;
• Custo total: C;

C = 4x + 5y.

Note que,

p
y 2 = (3000 − x)2 + 9002 ⇒ y= (3000 − x)2 + 9002 .

Logo,

p 5(3000 − x)
C(x) = 4x + 5 (3000 − x)2 + 9002 ⇒ C 0 (x) = 4 − p .
(3000 − x)2 + 9002
108 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

0 = C 0 (x)
5(x − 3000)
0 = 4− p
(3000 − x)2 + 9002
5(x − 3000)
4 = p
(3000 − x)2 + 9002
p
4 (3000 − x)2 + 9002 = 5(x − 3000)
p
(4 (3000 − x)2 + 9002 )2 = [5(x − 3000)]2
16[(3000 − x)2 + 9002 ] = [5(x − 3000)]2
16(3000 − x)2 + 16 · 9002 = 25(3000 − x)2
16 · 9002 = 9(3000 − x)2
16 · 9002
= (3000 − x)2
9
4 · 900
± = (3000 − x)
3
±1200 = 3000 − x
x = 3000 ± 1200
⇒ x = 1800.
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 109

31. LISTA EXERCÍCIOS 2

Questão 20. unidade? Nesse nível de preço, qual


Usando a definição, calcule a derivada da a tendência do lucro em relação ao
função no ponto indicado. preço unitário?
a) f (x) = 7x − 3, p = 3; Questão 24.
b) f (x) = −2x + 1, p = 2;
c) f (x) = 10, p = 5; Um estudo mostrou que, t anos após 2010,
d) f (x) = x2 + x, p = 1; um município tinha uma população de P mil
e) f (x) = 3x2 + 2x − 1, p = 0; habitantes, em que
f) 2x3 − 5x2 , p = −1;
f (x) = √
g) f (x) = x, p = 3; P (t) = −6t2 + 12t + 151
1 (1) A que taxa média a população estava
h) f (x) = , p = 2;
x variando entre 2010 e 2012?
1
i) f (x) = 2 , p = −2. (2) Qual era a taxa instantânea de vari-
x ação da população em 2012 (t = 2)?
Questão 21. A população estava aumentando ou
Determine a equação da reta tangente ao diminuindo nesse ano?
gráfico da função no ponto (p, f (p)):
Questão 25.
(1) f (x) = x5 , p = 4; Seja f (x) = x3 − 2x + 1. Determine o(s)
(2) f (x) = x4 − x3 + 3x2 , p = 3; ponto(s) do gráfico que f que tem reta tan-
1 gente paralela à reta y = −2x + 1.
(3) f (x) = 2 , p = 2;
x Questão 26.
x2 − 2x, p = 1;
(4) f (x) = √ x
(5) f (x) = x, p = 4; Seja f (x) = . Determine o(s) ponto(s)
x+1
(6) f (x) = x3 − 4x2 , p = −1. do gráfico que f que tem reta tangente orto-
gonal à reta y = −x − 5.
Questão 22.
Suponha que f (x) = 3x2 − x. Questão 27.
(1) Calcule a taxa média de variação de Mostre que a função

f (x) com x quando x varia de x = 0 2x + 1, se x < 1,
1 g(x) =
ax= . −x + 4, se x ≥ 1,
16
(2) Determine a taxa instantânea de va- é contínua no ponto p = 1, porém não é de-
riação de f (x) nos pontos x = 0 e e rivável nesse ponto. Esboce o gráfico de g.
1
x = compare o resultado com o
16
do item (a).
Questão 28.
Questão 23.
Seja
Um empresário pode produzir gravadores di-  2
gitais por R$50, 00 a unidade. Estima-se x + 2, se x < 1,
g(x) =
que se os gravadores forem vendidos por p 2x + 1, se x ≥ 1.
reais a unidade, os consumidores comprarão (1) Mostre que g é derivável em p = 1 e
q = 120 − p gravadores por mês. calcule g 0 (1).
(1) Expresse o lucro L do empresário em (2) Esboce o gráfico de g.
função de p. Questão 29.
(2) Qual é a taxa média de variação do Seja
lucro quando o preço de venda passa 
de p = 51 para p = 70? 2, se x ≥ 0,
f (x) = 2
(3) Com que taxa o lucro está variando x + 2, se x < 0.
quando a produção é de R$60, 00 por (1) Esboce o gráfico de f .
110 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

(2) f é derivável em p = 0? Em caso Questão 33.


afirmativo, calcule f 0 (0). Calcule as derivadas das funções abaixo
Questão 30. (1) f (x) = 3x4 + 8x2 − 8x
Seja
 (2) g(x) = (x2 + 3x)2
x + 1, se x < 2,
f (x) =
1, se x ≥ 2. (3) h(x) = (4x2 − x)7
2x − 1
(1) f é contínua em 2? Por quê? (4) y =
(2) f é derivável em 2? Por quê? 3x + 5
1
Questão 31. (5) f (x) =
x
 2 √
x , se x ≤ 0, (6) u = x + x2
f (x) =
−x2 , se x > 0.  1/3
x−1
(1) f é contínua em 0? Justifique. (7) y=
(2) f é derivável em 0? Justifique. x+1
p √
(8) u = x2 + x
1
(9) x = t2 +1
1
Questão 32. (10) f (x) = (4x2 + 2x) 2
Calcule a função derivada f 0 (x) e a derivada 1
no ponto p indicado, onde (11) f (x) = 5x2 −
x3
3
(1) f (x) = x6 + 4x e p = ; 1
5 (12) f (x) =
x
1
(2) f (x) = 2x3 − 5x2 + 1 e p = ; (13) f (x) = (3x3 − 6x + 1)−2
2  2
−2 −7
(3) f (x) = x + x e p = 3; x + 3x, se x ≤ 1,
(14) f (x) =
5x − 1, se x > 1.
x2 + 1
(4) f (x) = e p = 1; (15) f (x) = 4x2 + 2x
2x3 − 3
1 1
(5) f (x) = 7 e p = −1; (16) f (y) = 5y 2 −
x y3
(6) f (x) = (x3 − 4x)10 e p = 2; 1
(17) f (x) =
(x2 + 1)2 (1 + x)3 x
(7) f (x) = e p = −2. (18) f (x) = 3x3 − 6x + 1
2x + 1
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 111

32. LISTA DE EXERCÍCIOS 3

Questão 34. Questão 38.


Determine os intervalos em que a função é Determine as dimensões do retângulo de área
crescente e os intervalos em que a função é máxima e cujo perímetro 2p é dado (i.e., 2p
decrescente. é um valor constante fixado).
(1) f (x) = x2 − 10x + 3 Questão 39.
x2 Determine um número real positivo cuja
(2) f (x) =
x−2 soma com o inverso de seu quadrado seja
2x4 − 2x2 + 3
(3) f (x) = √ mínima.
(4) f (x) = 3 − 2x − x2
1 Questão 40.
(5) f (x) = Considere a curva y = 1 − x2 , 0 ≤ x ≤ 1.
9 − x2
(6) f (x) = x3 − 3x − 4 Traçar uma reta tangente à curva tal que a
2 área do triângulo que ela forma com os eixos
(7) f (x) = e−x
coordenados seja mínima.
(8) f (x) = ln(x)
Questão 41.
Questão 35.
Um triatleta se encontra numa praia reta, a
Estude a função dada com relação à conca-
900 m do Bar X, quando vê uma criança cair
vidade e pontos de inflexão.
de um barco no mar a 300 m da praia, na
(1) f (x) = xe−2x altura deste bar. Se o atleta corre na areia a
u
(2) g(u) = 500 m/min e nada a 400 m/min, determine
1 + u2
p
3 o caminho que ele deve escolher para chegar
(3) h(y) = x2 − x3
1 mais rápido possível ao resgate da criança e
(4) f (x) = x2 + mostre que é o mais rápido. Quanto tempo
x
(5) h(u) = u ln u vai demorar para percorrer este caminho?
(6) g(y) = y 4 − 2y 3 + 2y
Questão 36.
Esboce os gráficos das funções abaixo.
√ Questão 42.
(1) f (x) = x2 − 4 Determinado produto é produzido e vendido
x3 − x + 1 a um preço unitário p. O preço de venda não
(2) g(x) =
x2 é constante, mas varia em função da quanti-
−x2
(3) h(x) = e dade q demandada pelo
4x + 3x2 √ mercado, de acordo
(4) f (x) = com a equação p = 20 − q, 0 ≤ q ≤ 20.
1 + x2 Admita que, para produzir e vender uma
unidade do produto, a empresa gasta em
x2 média R$3, 50. Que quantidade deverá ser
(5) f (x) = produzida para que o lucro seja máximo?
x2
−x−2
4
x 3x2 Questão 43.
(6) h(x) = − + 2x + 1
√4 2 Duas partículas P e Q movem-se, respecti-
3
(7) g(x) = x3 − x
(8) h(x) = ex − e3x √ 0x e 0y. A função
vamente, sobre os eixos
de posição de P é x t e a de Q, y = t2 − 34 ,
Questão 37. t ≥ 0. Determine o instante em que a dis-
Estude a função dada com relação a máximos tância entre P e Q seja menor possível.
e mínimos locais e globais Questão 44.
2
(1) g(u) = up + 3u + 2 Um sólido será construído acoplando-se a um
(2) h(y) = y 3 − y 2
3
cilindro circular reto, de altura h e raio r,
x uma semiesfera de raio r. Deseja-se que a
(3) f (x) =
1 + x2 área da superfície do sólido seja 5π. Deter-
(4) g(y) = y 4 − 4x3 + 4y 2 + 2y
mine r e h para que o volume seja máximo.
112 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

33. Teorema Fundamental do Cálculo e Integral Definida | Aula 25


Motivação: Considere uma função f positiva, definida no intervalo [a, b] ∈ Df . Desejamos
determinar a área da figura delimitada pela curva y = f (x), ou seja, a área abaixo da curva
com extremos a e b.

Tomando x ∈ [a, b] podemos definir uma nova função, A(x), como sendo o valor da área
abaixo da curva de a até x.

Exemplo 80. Determine a função área dos seguintes casos:

(1) f (x) = 5

Relembrando que estamos considerando f (x) > 0, observando o gráfico da f e to-


mando um x ∈ Df , temos que área abaixo do gráfico é dada por um retângulo, logo
A(x) = 5x.

(2) f (x) = 3x
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 113

Observando o gráfico da f e tomando um x ∈ Df , temos que a área abaixo do


x · 3x 3x2
gráfico é dada por um triângulo, logo A(x) = = .
2 2
(3) f (x) = x2

Observando o gráfico da f e tomando um x ∈ Df , temos que a área abaixo do


gráfico é dada por uma forma geométrica desconhecida, então devemos abordar de
outra forma.

34. Teorema Fundamental do Cálculo


Definição: Uma função F (x) é chamada antiderivada ou primitiva de f (x) se
F 0 (x) = f (x), ∀x ∈ Df
Exemplo 81. Determine a antiderivada em cada caso:
(1) f (x) = 10
Temos que F (x) = 10x é uma antiderivada, pois F 0 (x) = 10 = f (x).
Outra antiderivada é G(x) = 10x + 7, pois G0 (x) = 10 = f (x).

(2) f (x) = x2
x3 3x2
Temos que F (x) = é uma antiderivada, pois F 0 (x) = = x2 = f (x).
3 3
x3
Outra antiderivada é G(x) = + 8, pois G0 (x) = f (x).
3
Propriedade: Se F (x) e G(x) são antiderivadas da mesma função f (x), então
F (x) = G(x) + k, k ∈ R
114 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Teorema 5 (Fundamental do Cálculo). Se f é uma função contínua num intervalo [a, b],
então a função F , que acabamos de definir, é derivável em todos os pontos x internos a esse
intervalo e
F 0 (x) = f (x).

Portanto dada uma função contínua y = f (x) no intervalo [a, b], temos pelo Teorema
Fundamental do Cálculo uma nova função A(x), denominada função área, que calcula a
área abaixo de f (x) e temos que A0 (x) = f (x).
Seja F (x) outra antiderivada da função f , daí pela propriedade temos que

A(x) = F (x) + k.

Agora observe que para x = a temos:

A(a) = F (a) + k
0 = F (a) + k
k = −F (a).

E para x = b temos:

A(b) = F (b) + k
A(b) = F (b) − F (a).

Ou seja, para determinarmos a área abaixo do gráfico de f de a até b basta determinarmos


uma antiderivada de f e calcular a diferença dela nos extremos.

Exemplo 82. Determine o valor da área em cada caso:

(1) f (x) = x2 , [0, 3]


x3
Temos que F (x) = é uma antiderivada, logo
3
A(3) = F (3) − F (0)
33 03
= −
3 3
= 9.
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 115

35. Integral Definida


O Teorema Fundamental do Cálculo nos diz que

Z b
A(x) = f (x)dx
a

é uma primitiva de f , precisamente aquela que seR anula para x = a e determina a área do
gráfico abaixo de f entre a e b, onde o símbolo é utilizado para significar que estamos
obtendo a área como soma das áreas f (x)dx de todos os retângulos infinitesimais.
Quando definimos a integral num intervalo [a, b] a maneira de determinar a área repre-
sentada por essa integral é usando o Teorema Fundamental do Cálculo, donde obtemos:

Z b
F (b) − F (a) = f (x)dx
a

Ou seja, a integral de f , de a até b, é igual a diferença F (b) − F (a) entre os valores de


uma primitiva qualquer de f , nos pontos b e a, respectivamente.

Exemplo 83. Calcule as seguintes integrais:

Z 2
(1) xdx
1
x2
Temos que F (x) = é uma primitiva de f , logo
2

2
22 12
Z
4 1 3
xdx = F (2) − F (1) = − = − = .
1 2 2 2 2 2

Z 3
(2) ex dx
0
Temos que F (x) = ex é uma primitiva de f , logo

Z 3
ex dx = F (3) − F (0) = e3 − 1.
0
116 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Z 1
(3) 3xdx
−1
3x2
Temos que F (x) = é uma primitiva, logo
2
Z 1
3(1)2 3(−1)2 3 3
3x = F (1) − F (−1) = − = − = 0.
−1 2 2 2 2

Z 4
(4) x3 dx
0
x4
Temos que F (x) = é uma primitiva, logo
4
Z 4
(4)4 (0)4
x3 = F (4) − F (0) = − = 64.
0 4 4
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 117

36. Propriedades das integrais | Aula 26


36.1. Introdução. Sejam f , g integráveis em [a, b] e k ∈ R. Então,
Rb Rb
(1) a kf (x)dx = k a f (x)dx.
Rb Rb Rb
(2) a [f (x) + g(x)]dx = a f (x)dx + a g(x)dx.
Ra
(3) a f (x)dx = 0.
Rb Ra
(4) a f (x)dx = − b f (x)dx.
(5) Se c ∈ [a, b]
Rb Rc Rb
⇒ a
f (x)dx = a f (x)dx + c f (x)dx.
(6) Se f (x) ≥ g(x) em [a, b]
Rb Rb
⇒ a
f (x)dx ≥ a g(x)dx.

Observação 7. Estas propriedades são válidas para integrais indefinidas.

Exemplo 84.

Z 3 Z 1 Z 1 Z 1
[x2 + 2x + 1]dx = x2 dx + 2xdx + 1dx
1 0 0 0
Z 1 Z 1 Z 1
= x2 dx + 2 xdx + dx
0 0 0
1 1 1
x3 x2
= + 2 + x

3 2
0
! 0 0

1 0
= − + (12 − 02 ) + (1 − 0)
3 3
1
= +1+1
3
7
=
6

Exemplo 85.

Z 1 Z 1 Z 1
[x3 + 3ex ]dx = x3 dx + 3ex dx
0 0 0
Z 1 Z 1
3
= x dx + 3 ex dx
0 0
1 1
x4
= + 3ex

4
0 0
1
= + 3(e1 − e0 )
4
1
= + 3(e − 1)
4
11
= 3e −
4
118 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Exemplo 86.
" #
Z 2 Z 2
1 1
+ dx = [x−1 + x−3 ]dx
1 x x3 1
Z 1 Z 1
= x3 dx + 3 ex dx
0 0
2 2
x−2
= log(x) +

−2


1 1
!
1 1 1
= [log(2) − log(1)] − − 2
2 22 1
!
1 1
= log(2) − −1
2 4
3
= log(2) +
8

Exemplo 87.
" #
Z 4 √
Z 4 Z 4
1
5x + x dx = 5 xdx + x 2 dx
1 1 1
4 4
x2 2 2
= 5 + x3
2 3
1
! 1 !
42
12
2 √ 3 √ 3
= − + 4 − 1
2 2 3

Exemplo 88.
Z 1 √
2
x5 e(x + x)
dx = 0
1

Exemplo 89.
Z 2 Z 1 Z 2
xdx = xdx + xdx
0 0 1
2 1 2
x2 x2 x2
= +
2 2 2

0 0 1
!
2
2 1 1
= + 2−
2 2 2
2 = 2

Exemplo 90.
(
x − 3, x 6= −2;
f (x) =
x2 − 3, x > −2.
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 119

Z 3 Z −2 Z 3
f (x)dx = (x − 3)dx + (x2 − 3)dx
−3 −3 −2
= (Exercício)

R1
Exemplo 91. Se 2x ≤ g(x) ≤ 3x2 em [0,1] calcule 0
g(x)dx.
Solução: Podemos calcular,

1 Z 2
1
1 = x2 ≤ g(x)dx ≤ x3 = 1

0
0 0

Z 1
⇒ g(x)dx = 1
0

Exemplo 92. (Estimativa da área sob a parábola f (x) = x2 de 0 até 1) Considere as


funções f (x) = x2 e g(x) = 2 no intervalo [0, 1].

Z 1 Z 1
2
x dx < 2dx
0 0
Z 1
x2 dx < 2
0
120 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Exemplo 93.
! !
Z 1 Z 1
t+1 t 1
dt = + 3 dt
−3 t3 −3 t3 t
!
Z 1
1 1
= + 3 dt
−3 t2 t
!
Z 1
= t−2 + t−3 dt
−3
Z 1 Z 1
−2
= t dt + t−3 dt
−3 −3
−1 −1
t−1 t−2
= +
−1 −3

−3 −3
= (Exercício)
Exemplo 94.
! !
Z 9 √ 4
Z 9 √ 4
t − √ dt = t − √ dt
1 t 1 t
!
Z 1
1 1
= t 2 − 4t− 2 dt
−3
Z 1 Z 1
1 1
= t 2 dt − 4 t− 2 dt
−3 −3
9 9
2 3 1

= t 2 − 4 · 2t 2
3
1 1
= (Exercício)
Exemplo 95.
!
Z ln 2 Z ln 2 Z ln 2
−t
e −et
dt = et dt − e−t dt
0 0 0
ln 2 ln 2

t −t
= e +e

0 0
−1
= (eln 2 − e0 ) + (eln 2 − e−0 )
= (2 − 1) + (2−1 − 1)
1
= −
2
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 121

37. Integral por substituição | Aula 27


38. Relembrando
Definição: Uma função F (x) é chamada antiderivada ou primitiva de f (x) se
F 0 (x) = f (x), ∀x ∈ Df
Propriedade: Se F (x) e G(x) são antiderivadas da mesma função f (x), então
F (x) = G(x) + k, k ∈ R
Integral Indefinida: Se F (x) é uma primitiva da f (x), a expressão F (x) + c é chamada
de integral indefinida da função f (x) e é denotada por:
Z
f (x) = F (x) + c

Integral Definida: Quando definimos a integral num intervalo [a, b] a maneira de deter-
minar a área representada por essa integral é usando o Teorema Fundamental do Cálculo,
donde obtemos:
Z b
F (b) − F (a) = f (x)dx
a
Ou seja, a integral de f , de a até b, é igual a diferença F (b) − F (a) entre os valores de
uma primitiva qualquer de f , nos pontos b e a, respectivamente.

39. Integral por substituição


Roteiro:
(1) Realizar alguma substituição para simplificar o integrando;
(2) "Passar"toda a integral para a nova variável;
(3) Resolver a integral na nova variável;
(4) Voltar para a variável original.
Exemplo 96. Resolva as integrais:
Z
(1) (2x + 1)10 dx

1. Usaremos a substituição u = 2x + 1;
2. Derivando em relação a x obtemos:
du du
=2⇒ = dx
dx 2
Logo
Z Z Z
du 1
(2x + 1)10 dx = u10
= u10 du;
2 2
3. Resolvendo a integral com respeito a u:
1 u11 u11
Z  
1 10
u du = +c = +c
2 2 11 22
4. Voltando para a variável x:
Como u = 2x + 1 temos que
u11 (2x + 1)11
Z
(2x + 1)10 dx = +c= +c
22 22
122 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

(2x + 1)11
Z
De fato (2x + 1)10 dx = + c, pois
22
0
(2x + 1)11 11(2x + 1)10 2

+c = + 0 = (2x + 1)10 .
22 22

Z
2
(2) xex dx
du du
Fazendo u = x2 e derivando em relação a x temos que = 2x ⇒ = xdx.
dx 2
Logo
2
eu ex
Z Z Z
2 du 1 1 u
xex dx = eu = eu du = (e + c) = +c= +c
2 2 2 2 2
De fato, pois

2
!0 2
ex ex 2x 2
+c = + 0 = xex
2 2

Z
ln(x)
(3) dx
x
du 1 dx
Fazendo u = ln(x) e derivando em relação a x temos que = ⇒ du = .
dx x x
Logo
u2 ln(x)2
Z Z
ln(x)
dx = udu = +c= +c
x 2 2
De fato, pois
0
ln(x)2

2 ln(x) ln(x)
+c = +c= .
2 2x x

Z
x
(4) dx
x2 +1
du du
Fazendo u = x2 + 1 e derivando em relação a x temos que = 2x ⇒ = xdx.
dx 2
Logo

ln(x2 + 1)
Z Z Z
x 1 du 1 1 1
2
dx = du = du = (ln(u) + c) = +c
x +1 u 2 2 u 2 2
De fato, pois
0
ln(x2 + 1)

2x x
+c = +0= 2
2 2(x2 + 1) x +1

PodemosZ usar esse raciocínio para determinarmos integrais definidas, por exemplo, con-
2
x
siderando 2
dx temos:
1 x +1
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 123

ln(x2 + 1)
Z
x
Primeira Maneira: Vimos que dx = + c, logo
x2 + 1 2
Z 2
x TFC 1
ln(x2 + 1) 21

2
dx =
1 x +1 2
1
ln(22 + 1) − ln(12 + 1)

=
2
1
= [ln(5) − ln(2)] .
2
Z 2
x
Segunda Maneira: Considerando 2+1
dx e fazendo u = x2 + 1, temos que x = 1 ⇒
1 x
u = 12 + 1 = 2 e x = 2 ⇒ u = 22 + 1 = 5, logo
Z 2
1 51
Z
x TFC 1 1
ln(u) 52 = [ln(5) − ln(2)] .

2
dx = du =
1 x 2 2 u 2 2
124 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

40. Área entre curvas | Aula 28


40.1. Área. Se f (x) e g(x) são funções continuas, com g(x) ≤ f (x) no intervalo [a, b], então
a área entre as curvas y = f (x) e y = g(x) nesse intervalo, é dada por

Z b
A= (f (x) − g(x))dx
a

Exemplo 97. Determine a área da região R delimitada pelas curvas y = x3 e y = x2 .


Solução:

(1) Achar a interseção entre as curvas:

x3 = x2 ⇒ x3 − x2 = 0 ⇒ x2 (x − 1) = 0 ⇒ x = 0 ou x = 1.

(2) Calcular a área:

Z 1
A = (x2 − x3 )dx
0
1 1
x3 x4
= −
3 4
0 0
1 1
= −
3 4
1
= .
12

Exemplo 98. Determine a área da região R delimitada pela reta y = 4x e pela curva
y = x3 + 3x2 .
Solução:
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 125

x3 + 3x2 = 4x
3 2
x + 3x − 4x = 0
2
x(x + 3x − 4) = 0
⇒ x = 0 ou x2 + 3x − 4 = 0

x2 + 3x − 4 = 0 ⇒ x1 = −4 ou x2 = 1

A = A1 + A2

Z 0 Z 1
3 2
A1 = (x + 3x − 4x)dx, A2 = [4x − (x3 + 3x2 )]dx.
−4 0

Z 0
A1 = (x3 + 3x2 − 4x)dx
−4
0 0 0
x4 3x3 4x2
= + −
4 3 2

−4 −4 −4
! ! !
4 3
0 (−4) 3·0 3 · (−4)4 4 · 02 4 · (−4)2
= − + − − −
4 4 3 3 2 2
= 32.
126 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Z 1
A2 = [4x − (x3 + 3x2 )]dx
0
1 1 1
4x2 x4 3x3
= − −
2 4 3

0 0 0
14
= 2 · 12 − − 13
4
3
= .
4
3 131
A = A1 + A2 = 32 + = .
4 4
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 127

41. LISTA DE EXERCÍCIOS 4

Questão 45. T (0) = 0. Segundo a Lei do Resfriamento de


Newton, a taxa de variação T 0 (t) é proporci-
Calcule as derivadas: onal à diferença entre as temperaturas T (t)
(1) f (x) = x2 ex e 20. Isto é:
(2) f (x) = x3 cos(x) T 0 (t) = 3(T (t) − 20), t > 0
sen(x)
(3) f (x) = Sabendo que T (2) = 1:
cos(x)
(4) f (x) = x.ln(x) − x (1) Calcule a T(t);
(5) f (x) = cos(ln(x)) (2) Considerando que o consumo de tal
(6) f (x) = ex
2
líquido só é agradável ate 10 o C, de-
termine quanto tempo se tem para
Questão 46. consumi-lo;
Resolva as integrais: (3) Determine o limite da Temperatura
√ com t tendendo ao infinito.
Z
(1) xdx
Z √ Questão 48.
3
(2) x2 dx Sabendo que uma amostra de proteína de
Z massa m (em gramas) se converte em ami-
1
(3) 3
noácido a uma taxa dada por:
Z x dm −2
x + x2 = g/h
(4) dx dt t+1
x2

Z
Qual a diferença entre as massas de proteína
(5) ex 2 dx
Z após 5 horas, e apos 2 horas?
(6) (5x + e−x )dx Questão 49.
Z Usando integração por partes, integre:
(7) cos(5x)dx Z
Z (1) xsen(x)dx
(8) 2x cos(x2 + 1)dx Z
Z (2) x2 senxdx
2x
(9) 2+1
dx Z
x (3) xex dx
x2 + 1
Z
(10) dx
Z
3
Z x + 3x (4) x2 ex dx
2
(11) xex dx
Z
Z (5) e−x senxdx
(12) sen(x) cos(cos(x))dx
Z
Z (6) x ln xdx
sen(x)
(13) dx
Z
ln x
Z cos(x) (7) 2
dx
1 Z x
(14) √ dx
Z 1+ x (8) ln xdx
1
(15) dx
x(ln x)2 Questão 50.
x−1
Z
Resolva a integral usando a substituição
(16) dx
1 + (x − 1)2 x = sen(u).
Z p
Questão 47. (1) 1 − x2 dx
Suponha que a temperatura T (t) de um lí-
quido, em um meio com temperatura ambi- Questão 51.
ente constante e igual a 20 o C, seja tal que Um grupo de dez pessoas, em meio a uma
128 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

população de P habitantes, foi inicialmente


inoculado com um vírus. Após dois dias, foi
veiculado na TV que já tínhamos cinquenta
pessoas infectadas. Sabe-se que a velocidade
de propagação de um vírus é diretamente
proporcional a quantidade de pessoas infec-
tadas E as não infectadas.

(1) Determine a quantidade Q(t) de pes-


soas infectadas no instante t se a po-
pulação inicial é de dez mil habitan-
tes.
(2) Quando metade da população estará
infectada?
(3) O que ocorre quando t → ∞? Use t
em dias.
CÁLCULO 1C - NL 2020/1 129

Z π
Questão 52. 2 sen(x)
(7) dx
Z0 π cos(x)
Resolva as integrais definidas:
(8) x.sen(x)dx
Z0 1
2x
Z 2 (9) dx
1 + x2
(1) (4 − x2 )dx 0

Z−2
1
Questão 53.
(2) (x2 − x3 )dx Calcule a área entre as curvas. Esboce a re-
Z0 gião.
1
2
(3) (x − x2 )dx (1) y = x
√e y = x 2
0√
3
(2) y = x e y = x
4 √ (3) y = x3 e y = x2
Z
(4) xdx
Z1 2 Questão 54.
1 Demonstre como encontramos a formula da
(5) 3
dx
1 x área de um círculo de raio R. Lembre-se de
Z √2 √
que a circunferência é dada implicitamente
(6) ex 2 dx
1
por x2 + y 2 = R2 .
130 CÁLCULO 1C - NL 2020/1

Referências
[1] ÁVILA, G. S. S. Cálculo: Funções de uma Variável. 7 ed. V. 1. Rio de Janeiro: LTC, 1994.
[2] FLEMMING, D. M.; GONÇALVES, M. B. Cálculo A: Funções, Limite, Derivação e Integração. São
Paulo: Makron Books do Brasil, 2006.
[3] GUIDORIZZI, H. L. Um Curso de Cálculo. V. 1. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
[4] HOFFMANN, L. D.; et al. Cálculo: um curso moderno e suas aplicações, tradução de Ronaldo Sérgio
de Biasi, 11 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.
[5] HOFFMANN, L. D.; BRADLEY, G. L. Cálculo, um Curso Moderno com Aplicações. 9 ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2008.
[6] LEITHOLD, L. O Cálculo com Geometria Analítica. 3 ed. V. 1. São Paulo: Harbra, 1994.
[7] ROGÉRIO, M. U.; SILVA, H. C.; BADAN, A. A. F. A. Cálculo Diferencial e Integral: Funções de uma
Variável. Goiânia: UFG, 1994.
[8] STEWART, J. Cálculo. 5 ed. V. 1. São Paulo: Cengage Learning, 2006.
[9] SWOKOWSKI, E. W. Cálculo com Geometria Analítica. V. 1. São Paulo: McGraw-Hill do Bra-sil, 1983.
[10] SIMMONS, G. F. Cálculo com Geometria Analítica. V. 1. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1987.

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