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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Mestrado em Ensino de Matemática


DISCIPLINA: Ensino de Matemática e Mídias na Educação Básica
PROFESSOR: Prof. Dr. João Bosco Laudares

UMA INTRODUÇÃO
À ARITMÉTICA
- Guia de Aula -

Março/2008
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Mestrado em Ensino de Matemática

“A matemática é a rainha das Ciências e a Teoria dos


Números é a rainha da Matemática.” GAUSS(1777-1855)

“Deus fez os números naturais; o resto é obra do homem.”


KRONECKER (1823 – 1891)

“Os elementos básicos da Matemática são a lógica e a


intuição, a análise e a construção, a generalidade e a
individualidade.”COURANT & ROBBINS – (2000).

“Para o primitivo, e mesmo para o filósofo antigo, os números


estavam impregnados de natureza.” CARAÇA (2002).
ARITMÉTICA  TEORIA E PRÁTICA DOS NÚMEROS

1 – OBJETO DE ESTUDO DA ARITMÉTICA


Números – Caracterização/identificação.
–Operações
–Propriedades das operações
–Conjuntos
2 – OBJETIVOS DOS NÚMEROS
Noção do discreto  contagem: sistemas
de numeração
Noção do contínuo  medição: sistemas
de unidades de medida
• 3 – CONTAGEM – NOÇÕES A
TRABALHAR:
• Discreto
• Quantidade
• Correspondência  relação
• Princípio da extensão

• Combinação
• Matemática como ciência do quantitativo
• Quantitativo  Qualitativo
4 – NÚMERO
a) Conceito: Número é uma noção abstrata da igualdade
de dois conjuntos finitos......
b) Representação do número pelo numeral  algarismo é a
expressão do número por meio de um símbolo, isto
é, referente ou indicativo
. . de um número, por:
I) Figuras: 5, V, IIIII, .. .
II) Palavras: cinco
c) Tipos de número
• Número cardinal – QuantidadeMoro no apto 603
I) Ficha de inscrição 27
II) Número ordinal – ordem
• Obs. Uso de um pelo outro
5 – NÚMERO NATURAL
BERTRAND A. W. RUSSEL (1872/1970): “O
zero é considerado muitas vezes inteiro mas
não natural”.

Proposições de Peano (1858 – 1932)


I. 0 (zero) é um número;
II. O sucessor de qualquer número é um número;
III. Não há dois números com um mesmo
sucessor;
IV.0 (zero) não é sucessor de número algum;
V. Qualquer propriedade que pertença a zero e
também ao sucessor de todo número que tenha
essa propriedade pertence a todos os números.
7 – SEQÜÊNCIA DE NÚMEROS
I) Noções: . Ordem
. Regularidade e padrões
. Lei de formação
II) Conceito: É um conjunto de números colocados numa dada
ordem, obedecendo a uma lei de formação.
III) O desenvolvimento ou expansão de uma seqüência pelo
“Método Indutivo”. Courant (pág. 14).

a) Indução “vulgar” = generalização de uma lei/propriedade, após


verificação de que a propriedade é válida em alguns casos
particulares.
b) Indução “empírica” (usada nos fenômenos naturais, biológicos ...)
= estabelecimento da lei que rege um fenômeno, é baseado na
observação de um grande número de ocorrências desse
fenômeno, quer sejam naturais ou provocadas por
experimentação.
c) Indução “matemática” se faz pelas seguintes propriedades,
tomando-se numa seqüência determinada por uma lei ou
proposição.
I) A 1a (primeira) proposição ou o 1o termo é válido;
II) Se a proposição n-ésima ou n-ésimo termo tem validade, então
será válida também a proposição n+1 ou o termo n+1.
8 – SÉRIE NUMÉRICA
I) Conceito: É a soma indicada dos termos de uma seqüência;
II) Aplicação: Usando o método de indução matemática mostrar que
III) Fermat (1601 – 1665)
Fórmula de geração de números primos:
9 – SEQÜÊNCIA DE FIBONACCI (Pai se chamava Bonacci)– De
LEONARDO DE PISA (1175–1250) ou (1170 – 1240)
1o MODELO DE CRESCIMENTO DE POPULAÇÕES:
EVOLUÇÃO DO CRESCIMENTO DE COELHOS (N = não fértil; S
= fértil).
11 – REGRA DE HIPSICLES
Dada a progressão aritmética dos números ímpares encontrar a
seqüência dos quadrados dos números naturais.

A regra de Hipsicles é dado pelas somas parciais da série aritmética


dos números ímpares, da seguinte forma:
Recíproca: para a seqüência dos quadrados dos números naturais,
achar a P.A. dos números ímpares:

Repete 1 e toma-se a diferença dois a dois dos outros termos:


12 – SEQÜÊNCIA DE NÚMEROS FIGURADOS OU
NÚMEROS POLIGONAIS – Por Maria Cecília Costa e
Silva Carvalho (Pág. 47)
a) Números Quadrados
ou desenhando de outra forma: usando Hipsicles
b) Números Triangulares

Ou desenhando de outra forma:


c) Número Triangular Quadrado
O número 1(um) é triangular e quadrado, os próximos
são 36, 1225 ...

d) Números Pentagonais

 
  

    

    
1  1  3 n  1 3n  1 3n 2  n
1  4  7  10    1  3 n  1  n  n 
 
2 2 2

3n 2  n
F5  P5  ; Exemplo: n  3  P5  12
2
13 – O CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS

Relação de pertinência (elemento/conjunto)


Relação de inclusão (conjunto/conjunto)
• Ex.
14 – PRINCÍPIO DA EXTENSÃO – NOÇÃO DE INFINITO
. Infinito não é número
. Infinito é a repetição de um ato mental. COURANT(p.37).
Proposições equivalentes:
I) A sucessão (seqüência) dos números inteiros é
ilimitada.
II) Dado um número inteiro, por maior que seja, existe
sempre outro maior.
III) Há uma infinidade de números inteiros.
a) Conjuntos Equivalentes
Conceito: Dois conjuntos são equivalentes se há uma
correspondência biunívoca entre seus elementos
Conjuntos finitos: conjuntos equivalentes têm igualdade da
quantidade de elementos.

Propriedade: Um conjunto finito não pode ser equivalente a


nenhum subconjunto próprio do mesmo.

Conjuntos infinitos: não há igualdade da quantidade de


elementos.

Propriedade: Um conjunto infinito pode ser equivalente a um


subconjunto do mesmo.

Exemplo: N* 1 2 3 4 5 6 7 ...
Nºs pares 2 4 6 8 10 12 14 ...
Paradoxo: No domínio infinito: “nem sempre o todo é maior que as
partes”.
15 – OPERAÇÕES EM “N” – classificação por “CARAÇA”
(Pág. 16)
16 – SISTEMAS DE NUMERAÇÃO
• Constituição a partir:
– de uma base (nº mínimo de algarismos, não se tomando o
número que define a base);
– da combinação multiplicativa e aditiva dos elementos da
base;
– da definição de uma posição.
• Sistema decimal (decem = 10, no latim)
• Base =  0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 , 8, 9
z  N*  z  an .10n  an 1 .10n 1    a1 .101  a0 .100

Ex. 58210  5 102  8 101  2 100


ou
c) Sistemas não decimais
I) Sistema setimal
z  N*  z  an .7 n  an 1 .7 n 1    a1 .71  a0 .70

Tabela básica para as operações:


II) Sistema diádico de Leibniz (1646-1716);base
Segundo LAPLACE: “LEIBNIZ via sua aritmética
binária a imagem da criação. Ele imaginava que a
unidade representava Deus, e o zero o vazio; que o
Ser Supremo extraiu todos os seres do vazio, da mesma
forma como a unidade e o zero expressam todos os
números em seu sistema de numeração.” COURANT
(p. 11).

III) Sistema duodecimal: base 12 =  0,1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 , 8, 9,10,11


17 – MUDANÇA DE BASE
a) Demonstração: Deduza uma fórmula para mudança da base decimal
para uma base qualquer.
Demonstração:
I) Seja “a” um número na base decimal;
II) Seja “b” uma base diferente de 10;abdcbbefhg
III) ... até Então: ... até g  b
b) De qualquer base para base 10
Algoritmo = escrever o número na forma de potência da nova
base e efetuar as operações.
Ex.: 3214  3  42  2  41  1  40  5710
Definição: “Algoritmo” é um processo de cálculo ou de resolução
de um problema semelhantes, em que se estipulam regras
formais com generalidades e sem restrições para obtenção de
resultados ou solução de problemas. Apela para memorização.
c) Da base 10 para qualquer base
• Um enfoque metodológico: conceituação algoritmação
I) Pela compreensão/conceituação
II) Pela algoritmação/memorização

12213

d) Operações com números em qualquer base diferente de 10.


O algoritmo é o mesmo da base 10.
Vantagem do sistema decimal: uso de menos
algarismos.donde
Ex.:

710  1  2 2  1  21  1  2 0              111 2
 
510 1 0 
 1  2  0  2  1  2             1012
2

3510  1  2 5  0  2 4  0  2 3  0  2 2  1  21  1  2 0  100.0112 donde 3510  100.011 2


18 – NÚMERO PAR E NÚMERO ÍMPAR
Número par: todo número par é escrito na forma: ,
Propriedades:
I) A seqüência dos números pares é uma P.A. de
razão “2”, com o zero:
0 2 4 6 8 ... 2n  2
sem o zero:
2 4 6 8 ... 2n
II) Todo número par ao quadrado é par.
III) A soma de dois pares é par
b) Número ímpar: todo número ímpar é escrito na
forma:
2n  1 para n  N
2n  1 para n  N *

Propriedades:

I) Todo número ímpar elevado ao quadrado é ímpar.


II) A soma de dois números ímpares é par.
III)O produto de um número par por um número ímpar
é par 2n  1
IV) A seqüência dos números impares é uma P.A.
1 3 5 7 9 ...
19 – MÚLTIPLOS E DIVISORES

• Um enfoque metodológico: conceituação x algoritmação


a) Divisão exata: a (múltiplo) b(divisor)
0
(resto zero)

b) Número de divisores e divisores de um número – COURANT(p. 29) I)


Pela conceituação/compreensão
Para encontrar todos os divisores de um número a qualquer, basta
decompor a num produto com fatores primos, cada um elevado a uma
certa potência, como a seguir:
a  p1 1  p 2  2  p 3  3  p n  n
O número de divisores (ND) de a é dado por:
ND a    1  1    2  1    3  1    n  1
Já todos os divisores de a são números do tipo:
D a   p11  p 2  2  p 3 3  p n n ,' onde
s satisfazem as
desigualdades:
0  1   1 ; 0   2   2 ;  ; 0   n   n
Já para determinar os divisores basta tomar o expoente de 2 variando
de 3 a 1:
d1  2 3  51  40
d 2  2 2  51  20
d 3  2  51  10 , e as potências de 2 e de 5:
d 4  23  8
d5  22  4
d 6  21  2
d 7  51  5 , e a potência com expoente zero, que resulta 1:
d 8  2 0 .5 0  1 , logo o conjunto dos divisores de 40 é:

D 40   40, 20, 10, 8, 4, 2 , 5,1


II) Pela algoritmação/memorização

Ex.: a  360

ou

a  2 3  3 2 . 51

N  D    3  1  2  1 1  1  24
Logo, o conjunto dos divisores de 360 é
D 360  1, 2, 4,8,3, 6,12, 24, 9, 18, 36, 72, 5,10, 20, 40,15, 30, 60,120, 45, 90,180, 360

c) Mínimo múltiplo comum = M.M.C.


I) Pela compreensão/conceituação
Ex.:
II) Pela algoritmação/memorização

d) Máximo divisor comum = .


I) Pela compreensão/conceituação
Ex.:
II) Pela algoritmação/memorização
• algoritmo – COURANT (p.651)

• Outro enfoque metodológico: interpretação


geométrica de M.D.C. e M.M.C.
e) Determinação do M.M.C. de dois números.
1o Método
• Passos: I) Calcula-se o M.D.C. dos números do qual se quer o
M.M.C.
II) Constrói-se um retângulo cujos lados medem o
correspondente a cada número dado, dos quais se
quer o M.M.C.
III) Determina-se quadrados no interior do retângulo
anterior construído, cujos lados medem o
correspondente ao M.D.C.
IV) O M.M.C. é igual ao produto do número de
quadrados pelo M.D.C.
Ex.: M.M.C. de 4 e 6 é igual a 12
Passos: I) M.D.C. de 4 e 6 é igual a 2;
II) Construção de retângulo 4  6 ;
III) Construção de quadrados 2  2 .
6

2 2 2

2
4 4

2
2o Método
Passos:I) Calcula-se a área do retângulo;
II) Divide-se o valor da área pelo M.D.C.
M.M.C. de 4 e 6 = 24 (área do retângulo 4 x 6)  2 (M.D.C. de 4 e 6) =
1264PONTO FINALPONTO INICIAL
Ou, usando o diagrama:
6
PONTO FINAL

PONTO INICIAL

O M.M.C. de 4 e 6 é o “número de diagonais dos quadrados menores


do retângulo 4 por 6”, isto é, 12.

f) Determinação do M.D.C. de dois números.


Método
Passos:
I) Toma-se um segmento de medida que corresponde ao maior número
que se quer o MDC;
II) Tomam-se segmentos de medida do menor número e verificam-se
quantas vezes está incluído no maior e à medida que sobra;
III) Verificam-se quantas vezes o segmento de medida do resto está
incluído no segmento que corresponde à medida do menor número;
IV) Assim sucessivamente, verificam-se quantas vezes o segmento do resto
está incluído, como mostra o exemplo. 642Resto zero22
V) O M.D.C. é o número correspondente à última medida inteira que sobra.

4 2

Resto zero

2 2
Então, o MDC de 6 e 4 é 2.
Determinar geometricamente o M.D.C. dos números 85 e 30
85

Resto

30 30 25

Resto

25 5

Resto zero

5 5 5 5 5

Então, o M.D.C. de 85 e 30 é 5
20 – O CONJUNTO DOS INTEIROS RELATIVOS
a) Enfoque metodológico da criação dos conjuntos numéricos a partir de N:
• Expansão dos conjuntos numéricos pela criação de generalizações
através de uma operação mental: “Negação da negação”; segundo
CARAÇA, página 36.

com as seguintes etapas:


I) Reconhecimento de uma dificuldade;
II) Determinação do ponto nevrálgico onde a dificuldade reside – uma negação;
III) Negação dessa negação.
b) A operação de subtração
Se a  N , b  N e a  b  a  b  N
Se a  N , b  N e a  b  a  b  N
Daí surge o “Z” = conjunto dos inteiros relativos e seus subconjuntos.
Z    3,  2 ,  1, 0, 1, 2 , 3 

N  Z    0,1, 2 , 3  (inteiros não negativos)


Z     3,  2,  1, 0 (inteiros não positivos)

N C Z : relação de inclusão
c) Propriedades: verificação pela interpretação geométrica (Caraça
pág. 21)
I) a   b  c    a  c   b
A área sombreada do retângulo
de altura 1 mede
h=1
simultaneamente:
b-c

c
b

II) a   b  c    a  b   c
21 – O NÚMERO RACIONAL: RAZÃO-RELAÇÃO
a) O problema da medida e a construção do campo racional.
A medição de um segmento:

Medida de AB  m
Medida de AB  n.u  m  n.u u  m
n
CD  u  unidade é condicionada pela natureza da medida
b) Número racional é definido por:
m  z m
 
n  z * n
c) Propriedades
m
I) Um número racional na sua forma irredutível, m e n são primos
n
entre si;
m
II) Para reduzir na sua forma irredutível basta dividir m e n pelo seu
n
MDC;
III) Todo número na sua forma irredutível é da forma:
2n  Par 2n  1  Ímpar
ou
2n  1 Ímpar 2n  1 Ímpar
d) Conjunto dos racionais

m 
Q   / m  Z e n Z *
n 
e) Identificação dos números racionais
I) Números inteiros;
II) Raízes exatas;
III) Números decimais;
IV) Dízimas periódicas

f) Números racionais e dízimas periódicas COURANT (p. 79)


I) A expressão decimal para qualquer número racional é
periódica.
ou inversamente, todas as dízimas periódicas são números
racionais.
332  33 299
Exemplo: p  0,3322 ...  
900 900
I) Regra prática: ;
II) Cálculo pela PG.
p  0,33222 ... 
33
100
 
 10 3 . 2 . 1  10 1  10  2  10 3  
Mas a série, em parênteses, é a soma de números em P.G.:
• Razão: , isto é,
. q  10 1 0  10 1  1
• 1o Termo:
a1  1
•Sendo infinita e com termos decrescentes, sua soma vai
tender para, isto é:
1 10
1  10 1  10  2    
1 9
1
(sabendo-se que ) 10
a1
a1  a1 q 2  
1 q
•Donde:

33 10 33 20 299
p  0 ,33200   10 3 .2 .   
100 9 100 9.10 3 900
Generalizando COURANT (P. 80):
p  0, a1a 2 ... a m ,b1 b2  bn b1 b2  bn b1 b2  bn 

Isto é" m" e " n" = número de algarismos; 0,b1 , b2  bn  B

Donde:

p  0, a1a 2  a m  B  10  m  1  10  n  10 2n  10 3n   
Série entre parênteses é a soma de números em P.G., com
n 1 B  10  m
razão q  10 , a2  1  S  n , então p  0, a1a 2  a m 
1  10 1  10  n
22 – PROPRIEDADES IMPORTANTES
a) Densidade – o conjunto dos números racionais é denso
CARAÇA (p. 54), isto é, entre dois racionais existe uma infinidade
de racionais;
Obs: Não é denso o conjunto dos inteiros.
b) Ordenação (Caraça, pág. 38) – a ordenação dos racionais
estabelece-se pela definição de igualdade e desigualdade (maior
que, menor que);
c) Enumerabilidade – o conjunto dos números racionais é
enumerável COURANT (p. 95)
I) Não se podem dispor os números racionais positivos em ordem
de tamanho, como os inteiros, devido a densidade dos racionais.
II) Mas, Georg Cantor (1845 – 1918), desconsiderando a relação de
ordem provou que se podem dispor todos os racionais,
sucessivamente como os inteiros.
III) Enumeração dos racionais é a disposição dos racionais como os
inteiros, através de uma correspondência bijetora dos racionais
com os inteiros, através do dispositivo:
Acompanhando a diagonal, chega-se a seguinte seqüência:

Elimina-se todo racional repetido para que se tenha cada


número racional na sua forma irredutível e apenas uma
única vez, com a seguinte correspondência biunívoca:
Outra demonstração da enumerabilidade do conjunto dos números
racionais CARAÇA (p. 85), é apresentada na seguinte disposição:
m
Agrupar os racionais n , tal que a soma de m  n seja a mesma,
eliminando-se números iguais nos grupos.
23 – NÚMERO IRRACIONAL – CRÍTICA DO PROBLEMA DA MEDIDA
OU DA COMENSURABILIDADE. CANTOR (1845 – 1918), EM
CARAÇA (p. 48 - 71)
a) A interpretação geométrica – a incomensurabilidade.
• Problema: toma-se a seguinte medição de um segmento, isto é,
seja um  A0B isósceles, sendo 0 A  0 B medir a hipotenusa |AB|
tomando como unidade o cateto 0 A .
• Pela intuição, se essa medida existe, então:

m
AB  0A
n (I)
0 A  0B

0 A
Verifica-se que esta igualdade é incompatível com Pitágoras:
2 2
AB  0 A ou 0 B
2
(II) AB 2  2 0 A 2

ou elevando (I) ao quadrado:


2
donde:  m  2 2  m  2
AB    0A
  2 n
n

No campo dos racionais, para aceitar a compatibilidade lógica, usa-se


novamente o método “negação da negação” e se cria um novo
conjunto, isto é, o dos irracionais.
Demonstração: demonstre que ou é uma impossibilidade no campo
dos racionais.
Demonstração:
m2 2 2
m2
(1)  2 ou m  2n é par
n2
(2) Supondo ser a fração irredutível se é par, deveria ser ímpar.
(3) Se inteiro é metade de então: ou donde: par.
(4) Portanto para ser racional deveria ser “par” e “ímpar”, o que é
uma impossibilidade aritmética.
c) Definição de número irracional. É todo número que não pode ser
escrito na forma de fração m , logo não é racional.
n
d) Uma segunda interpretação: intervalos encaixados em COURANT,
(p. 83).

Intervalos aninhados – limites de seqüências.

Assim seja uma seqüência I 1 , I 2 , I 3 ....I n de intervalos sobre a reta


numérica, com pontos extremos racionais, e com cada um contido
no anterior, e de tal modo que o comprimento do n-ésimo intervalo
I n tenda a zero à medida que “n” aumenta.
O conceito de corte de DEDEKIND (1872) em CARAÇA, (p. 57).

(A) (B)

r
(P)

Os pontos da reta “r” se repartem em duas classes:


Classe (A) dos pontos à esquerda de P
Classe (B) dos pontos à direita de P

Do ponto de vista da continuidade do conjunto Q (racionais), existe


um número não racional que divide as classes.
Ex.: Tomar os números cujos quadrados sejam maiores que 2 numa
classe B, e menores que 2 numa classe A.
A B
r r
0 0

Particularizando: 1,2 2  2 ,25  21,5  classe (A)


0 ,7 2  0 ,49  2  0,7  classe (B)
Assim, o critério de repartição abrange a todos os racionais, só lhe
escapa um número: “aquele cujo quadrado seja igual a “2”.
Mas, como este não existe no campo racional Q não é contínuo na
reta.

f) COURANT (p. 81)


. Os números racionais são as dízimas periódicas;
. Os números irracionais são as dízimas não periódicas
g) Identificação dos números irracionais.
24 – OS NÚMEROS REAIS
a) Definição de CARAÇA (p. 79)
Chama-se número real ao elemento de separação de duas
classes dum corte qualquer, no conjunto dos racionais, assim:
I – Se existe um número a separar as duas classes, o número
real coincide com esse número racional;
II – Se não existe tal número, o número real diz-se irracional. Fica
criada uma classe de números, os números reais sendo
constituída pelos números racionais e irracionais.
  Inteiros
 Racionais 
Números reais   Fracionários
 Irracionais

b) Definição de COURANT (p. 81)
Número é uma decimal finita ou infinita.
O contínuo numérico ou sistema de números reais é a totalidade
das decimais infinitas.
c) A continuidade da reta e do real acarreta que se um ponto na reta
não é um ponto racional é um número irracional.
Há dois contínuos pela correspondência:
Número real Ponto da reta
. Contínuo geométrico = conjunto P dos pontos da reta;
. Contínuo aritmético = conjunto R dos números reais.
d) Das propriedades dos conjuntos numéricos tem-se a seguinte
síntese em CARAÇA (p. 86).

(*) pontos da reta + (tem a propriedade)


- (não tem a propriedade)
e) Relação de inclusão dos conjuntos numéricos
N   Q  R ou Q QR
Q Q     0
25 – OS NÚMEROS COMPLEXOS
a) Unidade imaginária/número imaginário
i 2  1 , ai / a  R C
b) O campo complexo e a sua base
É o conjunto dos números resultantes da combinação da base (1,
i) sendo “a” e “b” reais:
a 1  b  i (ou omitindo a unidade real) a  bi
c) O conjunto dos complexos
C   a  bi / a  R e bi  I 
b0 R
a0 I  ,

RI  C, pois tem os números a  bi, a  0, b  0


R  I   0   0i   0 .1
d) Propriedades das operações
I – Base do campo complexo
1, i  , 1, 0   0, i 
II – Número complexo = combinação linear na base
a  bi  a . 1ou
, 0  b .  0, i    a .1, 0   0, bi    a .1, b. i  a  bi   a , b 
III –  a  bi    c  di    a  c    b  d  i
IV –  a  bi    c  di    ac  bd    ad  bc  i
V – Para “n” inteiro positivo:n
 a  bi  n   a  bi  a  bi    a  bi 
n
VI – Para “n” inteiro negativo
 a  bi  n  1 n , definições de potencia do número complexo
 a  bi 
análogas ao campo real CARAÇA (p. 154).
e) Representação geométrica dos complexos
Século XVIII – WESSEL – topógrafo norueguês
Século XIX – ARGAND
26 – DEFINIÇÃO DE ALGUNS NÚMEROS
a) Número algébrico
I – Definição: é qualquer número real ou complexo que satisfaz a uma
equação algébrica de coeficientes inteiros da forma:
a n .x n  a n 1 . x n 1    a1 x  a 0  0

n 1 an  0

Ex.: x2  2  0  x   2
II – Propriedade: nem todo número real é algébrico e nem todo algébrico é
racional.
b) Número transcendente é aquele que transcende o poder dos métodos
algébricos e são irracionais.
Ex. . 
. e (neperiano)
2 2
. Exemplo: 2 , 2 ,5 3
c) O número  (fi) por CARVALHO (1997 p. 56).
A “razão da secção áurea”, se origina do pentagrama que é a
estrela de 5(cinco) pontas formada ao traçar as diagonais do
pentágono: A

C’ D’ B
E

B’
E’

A’
D C

Os pontos A’, B’, C’, D’, E’ dividem as diagonais de modo notável:

“cada um deles divide uma diagonal em dois segmentos


desiguais, tais que a razão entre as medidas de toda diagonal e
do segmento maior é igual à razão entre as medidas do
segmento maior e do segmento menor.”
Essa subdivisão das diagonais é a secção áurea de um segmento.
Por exemplo, tomando-se o ponto C’, virá:
 EB  a
EB C' B 
 denominando: C B  x
C B EC 
 EC   a  x


aa 5
virá: a  x
 x 2  ax  a 2  0 ou x 
x ax 2

1 5
A raiz  1,6180339887
2

A razão da secção áurea, cujo número é denominado  (fi)

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