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NÃO PODE FALTAR I

OS OBJETIVOS DA BNCC PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA NAS


SÉRIES INICIAIS

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Julia Rany Campos Uzun

seõçatona reV
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PRATICAR PARA APRENDER

D e acordo com a Base Nacional Comum Curricular, cada componente


curricular deve trabalhar com um conjunto de competências específicas e
com vários objetivos de aprendizagem (as habilidades), que são próprios para cada
etapa da educação básica, para além das 10 competências gerais (que são comuns
a todos os componentes curriculares). As competências específicas compõem as
aptidões a serem desenvolvidas pelos estudantes para o diálogo com suas
questões cotidianas, enquanto as habilidades devem trazer respostas para os
conteúdos de cada etapa. Além disso, há ainda as unidades temáticas, que
agregam os valores e objetivos gerais a serem trabalhados de forma gradativa em
todas as etapas.

No colégio em que a professora Alice assumiu a coordenação da área de


humanidades, a professora Sandra é a responsável pelo desenvolvimento das
atividades do componente curricular de geografia, ministrando as aulas para a
educação infantil e para as séries iniciais do ensino fundamental. A coordenadora
Alice e a professora Sandra se reuniram para discutir as possíveis estratégias de
trabalho com o componente curricular e para propor abordagens mais adequadas
para o ensino de geografia dentro das novas orientações designadas pela Base
Nacional Comum Curricular.

Para que a proposta de trabalho com o componente curricular na educação infantil


e nos anos iniciais do ensino fundamental esteja de acordo com os padrões
estabelecidos pela Base Nacional Comum Curricular, quais tecnologias (digitais ou
não) a professora Alice pode sugerir para que a professora Sandra desenvolva o
trabalho com as aulas de geografia? E quais laços as duas professoras podem
desenvolver para propor uma abordagem interdisciplinar no desenvolvimento de
importantes objetivos desse componente curricular?

CONCEITO-CHAVE

1.  A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR E O ENSINO DE


GEOGRAFIA: OS RECURSOS E AS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS
A Base Nacional Comum Curricular reformulou a abordagem sobre o ensino de
geografia na educação básica, dispondo o componente curricular desde a
educação infantil e propondo que ele se transforme numa ferramenta importante
para a percepção e a análise crítica da realidade do aluno. Para que isso seja
possível, o documento propõe o desenvolvimento de dois conceitos principais em
todas as etapas da aprendizagem de geografia: o pensamento espacial e o
raciocínio geográfico, que devem ser trabalhados por meio de cinco unidades
temáticas, subdivididas em objetos de conhecimento e em objetivos de
aprendizagem (as habilidades), organizando a construção gradativa dos

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conhecimentos geográficos mediante várias linguagens diferentes (ALMEIDA,

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2017). A principal proposta da BNCC é permitir que o aluno aprenda a captar as
informações do espaço vivido, dos lugares e paisagens pelos quais transita,
compreendendo como seu entorno foi construído e modificado pelas relações
entre o homem e a natureza.

ASSIMILE

A principal inovação proposta pela BNCC para o ensino de geografia é  a


ênfase na aplicação do raciocínio geográfico, um conceito que pode ser
definido como a possibilidade de estabelecer relações em variadas escalas
geográficas, entre os processos e fenômenos no tempo e no espaço,
permitindo ao aluno explicar o cotidiano, a vida e o mundo ao seu redor,
articulando uma série de recursos para formular esta visão de mundo.

Buscando desenvolver este novo modo de entender o espaço, a BNCC propõe sete
recursos específicos para o trabalho em sala de aula. O primeiro deles é a analogia,
a partir do qual é possível comparar fenômenos e acontecimentos que ocorrem
em dois ou mais locais, compreendendo suas características comuns (definindo os
princípios de um tsunami ou de um maremoto, por exemplo) ao mesmo tempo em
que investiga as diferentes consequências de fenômenos semelhantes em espaços
diferentes. Isso se dá por meio da análise das condições geográficas e geológicas
de cada ambiente, das formas de ocupação do espaço, das dinâmicas de
construção dos edifícios e dos mecanismos protetivos diversos, entendendo as
particularidades de cada região e as potencialidades para a ocorrência de novos
episódios na mesma área, facilitando, assim, a sua compreensão e mapeamento
(CASTELLAR, 2017).

O segundo recurso é a diferenciação, que busca explicar as particularidades de


cada área a partir de suas características locais e individualizando as regiões. Trata-
se de um princípio relacionado à analogia. A conexão é o terceiro recurso,
responsável por interligar os aspectos humanos e naturais do espaço geográfico,
unindo suas diversas escalas geográficas (local, regional, nacional, internacional e
global) e concebendo as diferentes espacialidades e temporalidades por meio da
leitura o espaço geográfico de forma completa (CAVALCANTI, 2012). O quarto
recurso é a distribuição e se relaciona à ocupação do espaço e às características da
natureza. Deve ser apropriado pelo aluno como um princípio para a leitura e
compreensão do mundo de forma ampla, buscando definir o espaço geográfico
por meio de questionamentos sobre onde se localizam as cidades, a infraestrutura,
as estradas, os elementos naturais, os solos férteis e o que está disposto em cada
área (SEEMANN, 2012).
A extensão é o quinto recurso proposto pela BNCC para o ensino de geografia e
permite que o aluno reflita sobre o espaço a partir de outra perspectiva,
questionando a extensão territorial de um município ou de uma área florestal,
comparando o tamanho de uma pequena propriedade campesina ao de um

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latifúndio, além de levar à reflexão acerca da dimensão de um fenômeno natural,

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como uma enchente. O sexto recurso, a localização, relaciona-se à identificação
dos objetos territoriais no espaço, garantindo que os alunos diferenciem os
conceitos de lugar (estabelecido a partir das relações sociais criadas, sendo
determinado pelo sentimento de pertenci- mento, pela identidade e pela
afetividade) e de local (definido pelas coordenadas geográficas como uma
referência fria, sem relação com a sociedade). O último recurso é a ordem, que
busca relacionar as formas de utilização do território com um novo olhar sobre seu
ordenamento. Sugere-se ao professor crie práticas para que os alunos entendam o
conjunto de políticas públicas de planejamento territorial, que são necessárias
para que se passe por determinado caminho para alcançar uma localidade e não
por outro, permitindo uma análise crítica sobre as finalidades políticas que
influenciam a construção de obras públicas e os fluxos migratórios.

Esses recursos devem ser utilizados para o trabalho com as sete competências
específicas de geografia para o ensino fundamental, sugeridas pela Base Nacional
Comum Curricular como instrumentos norteadores do componente curricular. Em
primeiro lugar, os conhecimentos geográficos devem ser utilizados para a
compreensão da interação entre a sociedade e o meio físico natural, permitindo
que o aluno exercite o espírito científico e a resolução de problemas. Ele também
deve conseguir criar conexões entre as diversas temáticas do conhecimento
geográfico, considerando a relevância dos objetos técnicos para compreender
como o homem se utilizou dos recursos naturais em diversos momentos
históricos. Por meio dos sete recursos, acredita-se que o aluno pode desenvolver
seu senso crítico e sua autonomia para entender e aplicar o raciocínio geográfico
na produção do espaço e para examinar a ocupação do homem sobre o território.
O estudante também precisa desenvolver o pensamento espacial, utilizando-se de
diversas linguagens, buscando resolver problemas relacionados às informações
geográficas e, para isso, ele precisa receber a alfabetização cartográfica. Os
recursos também devem ajudar o aluno a desenvolver e a usar as práticas e
processos de pesquisa para entender o mundo econômico, social, político, natural,
técnico-científico e informacional, propondo questões e soluções para os
problemas que busquem conhecimentos geográficos. A BNCC também propõe que
o componente curricular busque construir argumentos a partir da defesa de ideias,
debates e informações geográficas, desenvolvendo pontos de vista para a
promoção do respeito à biodiversidade, da alteridade e da consciência ambiental,
ajudando a acabar com qualquer tipo de preconceito. Por fim, o ensino de
geografia deve promover a resiliência, a ação individual e coletiva com
responsabilidade e autonomia, a flexibilidade e a determinação, a partir de
preceitos solidários, sustentáveis, éticos e democráticos.

SAIBA MAIS
As competências específicas para o ensino de Geografia e as habilidades
dispostas para os anos iniciais do Ensino Fundamental, bem como o
trabalho realizado com o componente curricular na Educação Básica,
dialogam diretamente com as disposições da Agenda 2030 para o

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Desenvolvimento Sustentável, um plano de atividades assinado por

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diversas nações em setembro de 2015, cujos objetivos principais são a
erradicação da pobreza, a garantia da prosperidade e da paz, além da
proteção da Terra. Ela determina 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável, que devem ser tomados por todos em todas as partes do
mundo.

2.  O ENSINO DE GEOGRAFIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL POR MEIO DOS


PRESSUPOSTOS COLOCADOS PELA BNCC
A proposta da Base Nacional Curricular Comum para a educação infantil trouxe
uma grande inovação em relação aos documentos anteriores ao definir seis
direitos de aprendizagem para os alunos de 0 a 5 anos e reconhecer esta etapa
essencial para a formação da criança. O documento propõe que o professor leve
esses direitos em consideração sempre que for propor uma experiência ou uma
vivência, considerando-os como elementos fundamentais no processo de ensino-
aprendizagem. Além disso, a educação infantil passa a ser tratada como um
momento muito importante para a construção da subjetividade e da identidade do
indivíduo, que deve desenvolver as habilidades para a formulação de perguntas,
criar possibilidades de observações, elaborar narrativas e hipóteses e começar a
refletir sobre o universo que o rodeia (LOPES; MELLO, 2017).

O documento também orienta sobre a importância da participação do aluno de


forma ativa no planejamento das principais atividades e na produção do
conhecimento, visto que a Base Nacional Comum Curricular passa a ver a criança
como produtora ativa do conhecimento na educação infantil. As atividades
desenvolvidas no componente curricular de geografia devem priorizar a utilização
de diversas fontes e a produção de tipos diferentes de trabalhos, como a
construção de maquetes e cartazes das paisagens do entorno dos alunos, que
devem participar ativamente da escolha dos materiais. O ensino de geografia
também é essencial para o desenvolvimento do direito de explorar, visto que
expande os conhecimentos das crianças acerca dos diversos espaços e sobre seus
usos ao longo do tempo, discutindo as interações do homem com a natureza em
diferentes lugares, em vários intervalos de tempo.

O quinto direito fundamental proposto pela BNCC é o da autoexpressão, definindo


o aluno como um sujeito dialógico e sensível, transformando a geografia no
componente curricular responsável por conscientizá-lo sobre as determinações do
espaço em que vive, da região de origem e das forças que agem sobre sua
comunidade de pertencimento. Por fim, o ensino de geografia é um dos
responsáveis pelo desenvolvimento da identidade individual e social da criança,
pelo sentimento de alteridade e pela elaboração de uma imagem positiva de si
mesma e de seu entorno (BRASIL, 2017).

EXEMPLIFICANDO
Uma das propostas para o ensino de geografia na educação infantil
consiste na reprodução de diversos lugares de convivência dos alunos por
meio de formas de representação geográfica. Com o auxílio do professor,
os alunos devem escolher os principais lugares de sua comunidade de

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pertencimento (como a casa, a escola e o parque), elaborando desenhos,

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maquetes e mapas simplificados, dentre outras possiblidades, reunindo-as
em um compêndio que deve guiar o início da alfabetização cartográfica dos
alunos. Com esta atividade, o grupo passa a reconhecer e a valorizar os
diversos espaços de sua convivência, aprendendo os principais conceitos do
raciocínio geográfico, transformando-se em produtores de conhecimento,
de acordo com as demandas da BNCC para a educação infantil.

A Base Nacional Comum Curricular também criou os campos de experiência, cada


um deles com objetivos de aprendizagem direcionados para três grupos etários
diferentes (os bebês, as crianças menores e as crianças maiores). Essas divisões
não possuem caráter curricular, mas devem ser encaradas como um auxílio para o
planejamento das atividades pelo professor. Nesse sentido, a geografia se torna
uma ferramenta útil para a construção da identidade do aluno e para o
reconhecimento do outro, permitindo que ele compreenda e respeite as diferenças
ao se trabalhar campo “O eu, o outro e o nós”. O componente curricular também
auxilia na produção de conhecimentos e na criação de relações sobre a
comunidade cultural e social à qual o aluno pertence, dentro do campo “Corpo,
gestos e movimentos”. Por meio da geografia, o aluno pode ter muitos tipos de
experiências e conhecer várias linguagens, incluindo a cartográfica e a geográfica,
desenvolvendo o campo “Traços, sons, cores e formas”. Ao permitir a criação de
debates e do trabalho em grupo, a geografia também proporciona o
desenvolvimento das habilidades do falar e do ouvir o outro, contribuindo para o
campo “Escuta, fala, pensamento e imaginação” – para o qual o desenvolvimento
da alfabetização geográfica é muito importante. Por fim, ao situar criança no
tempo e no espaço vivido e construído, a geografia permite que a criança
compreenda as relações de parentesco e da sociedade em que vive, levando à
organização do campo “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”
(JULIAZS, 2017).

3.  A BNCC E O ENSINO DE GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO


ENSINO FUNDAMENTAL: AS UNIDADES TEMÁTICAS
A Base Nacional Comum Curricular determinou um sistema específico para o
componente curricular de geografia, no que tange ao trabalho com as
competências específicas e com as habilidades. O ensino de geografia em todo o
ensino fundamental deve ser norteado a partir de cinco unidades temáticas, que
foram estabelecidas com o objetivo de incentivar o aluno a expandir sua visão de
mundo e a entender as relações que determinam a realidade a partir de um viés
crítico, ultrapassando somente a preocupação com transmissão dos conteúdos
(AZEVEDO; LASTÓRIA, 2018). Cada uma das cinco unidades temáticas deve ser
trabalhada de forma progressiva, tendo objetivos e conteúdos sugeridos para cada
etapa do desenvolvimento do aluno.
A primeira das unidades temáticas, intitulada O sujeito e seu lugar no mundo, nos
anos iniciais do ensino fundamental, tem como principal objetivo o
desenvolvimento de elementos identitários e de noções de pertencimento. Por
meio dessa unidade, o professor é chamado a criar brincadeiras e jogos para

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proporcionar maior aprofundamento dos estudantes acerca de si mesmos, de sua

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família e da comunidade em que vivem, ampliando, assim, as experiências das
crianças com os conceitos de tempo e de espaço. Nesse sentido, o professor deve
garantir que os alunos compreendam como ocorrem as dinâmicas que formatam
suas relações sociais, de gênero e étnicas, para que aprendam a respeitar os
diversos cenários socioculturais e se identifiquem melhor com a própria
comunidade. O professor deve, ainda, oferecer ferramentas para que seus alunos
construam suas identidades a partir das relações com o outro, valorizando seu
passado e sua memória vivenciada em espaços distintos. Assim, conforme forem
se alfabetizando, os alunos vão expandindo a compreensão que possuem sobre o
mundo. A unidade temática também permite ao professor o estímulo ao
desenvolvimento do raciocínio geográfico e das relações espaciais projetivas,
topológicas e euclidianas, de grande importância tanto para o aprendizado de
diversas linguagens (por meio do pensamento espacial e das várias formas de
representação) como para os processos de alfabetização cartográfica (GUIMARÃES,
2018).

PESQUISE MAIS

O conceito de espaço é muito abstrato e, por isso, os alunos dos anos


iniciais do ensino fundamental podem apresentar dificuldades para
assimilá-lo. Nesse sentido, é importante que os conhecimentos
cartográficos sejam ensinados a partir de um processo que envolva a
realidade dos estudantes, seu espaço concreto, percebido e vivido. Tal
processo é conhecido como alfabetização cartográfica e é parte
fundamental do ensino de geografia. Para saber mais sobre como esse
processo se desenvolve, confira:

ALMEIDA, L. C. de; NOGUEIRA, R. E. Iniciando a alfabetização


cartográfica. Extensio: Revista Eletrônica de Extensão. V. 6, n. 7.
Florianópolis: UFSC, 2009. p. 117-125.

PISSINATI, M. C.; ARCHELA, R. S. Fundamentos da alfabetização


cartográfica no ensino de Geografia. Geografia. v. 16, n. 1, jan./jun.
2007. Londrina: Universidade Estadual de Londrina/Departamento de
Geociências, 2007. p. 169-195.

O foco da segunda unidade temática é articular as diferentes escalas de análise


com os diversos espaços, discutindo as possíveis relações entre o nível global e o
nível local. Sob o título de Conexões e escalas, a unidade busca estimular os alunos
a entenderem as múltiplas interações existentes entre as sociedades e a natureza,
permitindo que os próprios estudantes criem suas próprias interações. Além disso,
nesta unidade, o professor é chamado a mediar o processo de identificação das
relações entre o nível local e global no universo dos alunos, estabelecendo laços
entre a vida familiar do estudante, os grupos que ele frequenta, os espaços de
convivência do qual ele faz parte e os intercâmbios espaciais mais complexos,
articulando várias escalas de análise e espaços distintos. Além disso, sugere-se ao
professor a promoção de um exame acerca de todos os elementos constituintes da

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superfície terrestre capazes de explicar determinado local, como uma paisagem,

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uma localização ou os diferentes fenômenos geográficos.

A terceira unidade temática, intitulada Mundo do trabalho, tem como centro o


desenvolvimento de uma importante reflexão acerca dos múltiplos impactos
causados pelas novas tecnologias e sobre as funções e atividades socioeconômicas
de determinado grupo. O professor é convidado a realizar uma análise das
principais características dos muitos ofícios e ocupações profissionais. Além disso,
deve proporcionar aos seus alunos o estudo acerca das técnicas e processos
construtivos, elencando os diversos materiais criados pelas sociedades em
diferentes momentos.

Na unidade temática Formas de representação e pensamento espacial, a principal


preocupação na aprendizagem é a gradativa expansão dos conceitos de
representação gráfica, como o conhecimento sobre o que é um mapa. Para isso, o
desenvolvimento do raciocínio geográfico se faz necessário. A unidade temática
convida o professor a iniciar a alfabetização geográfica de seus alunos, elaborando
gráficos e mapas com eles. Recomenda-se a realização de exercícios de localização
geográfica para o desenvolvimento do pensamento espacial nos alunos, de forma
que possam ser inseridos, de forma gradativa, outros preceitos metodológicos do
raciocínio geográfico (como a correlação, a localização, a extensão, a analogia
espacial e a diferenciação) (RICHTER, 2017). A unidade temática também indica ao
professor a aplicação de outras linguagens para o estudo do componente
curricular, como desenhos, fotografias, imagens de satélites, construção de
maquetes e filmes, ampliando o arcabouço de fontes dos alunos.

REFLITA

A alfabetização geográfica deve realizar um trabalho com o espaço a partir


de representações concretas da realidade do aluno, apresentando a ele um
conjunto de referenciais teóricos que permitam que  ele compreenda
melhor as questões importantes para seu cotidiano. Nesse sentido, qual a
importância de dar início à alfabetização geográfica desde a educação
infantil e os anos iniciais do ensino fundamental? Quais atividades o
professor deve realizar para dar início a esse processo? Como o professor
deve mediar o processo de reconheci- mento e representação do espaço e
do tempo?

A quinta e última unidade temática tem como principal objetivo articular a


geografia humana e a geografia física, discutindo especialmente os processos
físicos e naturais que ocorrem na Terra. Intitulada Natureza, ambientes e
qualidade de vida, busca desenvolver nos alunos dos anos iniciais do ensino
fundamental alguns conceitos básicos para a compreensão do ambiente físico
natural e para a utilização de seus recursos. O professor é convidado a mediar o
encontro de seus alunos com o reconhecimento das diferentes formas de
transformação da natureza pelas diversas comunidades, tanto pelo modo de uso
dos recursos naturais como pelos impactos socioambientais causados pela
exploração desenfreada.

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De forma geral, é possível afirmar que o ensino de geografia para a educação

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infantil e para o ensino fundamental passou a priorizar o pensamento espacial e o
raciocínio geográfico como os conceitos centrais para a prática do componente
curricular. O professor deve se atentar para dar início á alfabetização cartográfica
do aluno desde cedo, criando ferramentas para que ele desenvolva competências
e habilidades para se orientar no espaço e para reconhecer o ambiente vivido e
construído, apropriando-se do tempo e dos lugares vivenciados de forma mais
efetiva e crítica desde a sua infância.

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