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NÃO PODE FALTAR I

AS TRANSFORMAÇÕES DO ENSINO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA


NA CONTEMPORANEIDADE

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Julia Rany Campos Uzun

seõçatona reV
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CONVITE AO ESTUDO

A educação é um processo em constantes mudanças e atualizações. Como o


ensino de história e geografia na educação infantil e nos anos iniciais do
ensino fundamental tem se transformado desde quando você estava na escola até
este momento em que está se transformando em um professor? Esta unidade
convida você a compreender como os componentes de história e de geografia têm
sido aplicados nos currículos brasileiros nas últimas décadas, atentando para suas
modificações e para os documentos norteadores desse processo transformador.

Você é convidado a auxiliar a professora Alice, que assumiu a coordenação da área


de humanidades de uma escola de educação infantil e ensino fundamental I após
cursar seu doutorado na Europa. Ela precisa se atualizar para responder às novas
demandas colocadas pelos processos educacionais brasileiros depois da
implantação de novas normativas que modificaram os currículos. Nesta unidade,
você deve ajudar a professora Alice a identificar as transformações sofridas nos
conteúdos e na forma de ensinar para a educação infantil e para os anos iniciais do
ensino fundamental, especialmente em relação aos componentes curriculares de
história e geografia.

Ao término desta unidade, é importante que você consiga identificar como era o
contexto educacional antes da promulgação da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) para as séries indicadas, especialmente em história e geografia, e como ele
foi transformado com a nova legislação em vigor. Nesse processo, você deve se
atentar principalmente às mudanças colocadas pela Base Nacional Comum
Curricular em comparação com os Parâmetros Curriculares Nacionais, buscando
descobrir quais são os diferenciais e as competências específicas dispostas pelo
novo documento, promovendo uma abordagem ampla e interdisciplinar e
desenvolvendo seus conhecimentos e habilidades.

PRATICAR PARA APRENDER


A Base Nacional Comum Curricular é o atual documento norteador das práticas
pedagógicas e dos currículos da educação básica brasileira. Sua versão para a
educação infantil e para o ensino fundamental foi validada em dezembro de 2017,
trazendo uma série de desafios para os professores e gestores em seu processo de
implantação. Na educação infantil, os educadores têm se deparado com a tarefa
principal de centrar o processo de aprendizagem na criança, considerando-a um
agente de produção de conheci- mento. Já nos anos iniciais do ensino
fundamental, a principal empreitada a ser enfrentada é a criação de um novo
modelo de educação que dialogue com o cotidiano do aluno, preparando-o para
respeitar as diferenças e para compreender a si mesmo e ao seu mundo.

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A professora Alice assumiu a coordenação de humanidades de um colégio de
educação infantil e ensino fundamental I e viu-se com um conjunto de desafios a

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serem enfrentados antes mesmo do início do ano letivo. O primeiro deles era a
atualização do plano de ensino de história e geografia para as novas
determinações legais vigentes no país, visto que todo o planejamento do currículo
escolar ainda seguia o modelo dos Parâmetros Curriculares Nacionais e precisava
ser adequado à Base Nacional Comum Curricular. O que a professora Alice precisa
observar para adequar o plano de ensino desses componentes curriculares às
propostas do novo documento? Como o tratamento dado aos componentes de
história e geografia sofreu transformações nas últimas décadas brasileiras? De que
forma o ensino de história e geografia foi realizado nos últimos anos e como foi
modificado pela Base Nacional Comum Curricular? Como é possível comparar as
metodologias, abordagens e os conteúdos trazidos pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais e pela Base Nacional Comum Curricular? Como ela pode garantir o
trabalho interdisciplinar e transdisciplinar a partir dessa nova proposta?

CONCEITO-CHAVE

1.  O ENSINO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS: OS


DOCUMENTOS NORTEADORES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL E PARA
OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Os anos finais da década de 1980 e o início dos anos de 1990 marcaram um
conjunto de grandes transformações políticas, sociais e educacionais no Brasil.
Com o fim da ditadura civil-militar, o novo governo viu como um de seus principais
desafios reestruturar os currículos escolares para atender aos cidadãos brasileiros
de forma mais equiparada, buscando universalizar a educação pública, básica e
laica. Esse esforço está sintetizado no artigo 210 da Constituição Federal
Republicana, publicada em 1988, que dispunha sobre a necessidade de
determinação de conteúdos mínimos para o ensino fundamental que fossem
capazes de garantir a formação básica do indivíduo, respeitando seus valores
artísticos e culturais, de acordo com as diferentes regionais. A partir de 1990, o
Brasil firmou o compromisso internacional com o desenvolvimento de um currículo
comum para todo o território capaz de suprir as necessidades básicas de
aprendizagem, após a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada
na Tailândia, dando início a uma grande pesquisa para a elaboração desse
conjunto de conhecimentos básicos (SILVA, 2015).

REFLITA

As necessidades educacionais estão em constante transformação e


dialogam diretamente com as questões sociais e políticas pelas quais  o país
passa. Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, o Brasil criou
vários documentos normativos para a educação pública, sendo os dois mais
importantes os Parâmetros Curriculares Nacionais e a Base Nacional
Comum Curricular. Como esses documentos dialogam com as necessidades
do país em seus períodos de promulgação (1998 e 2017)? Como suas
propostas definem as transformações educacionais sofridas no Brasil entre
as duas décadas que os separam?

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Como resultado desse processo, as diversas propostas curriculares foram

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consolidadas na primeira versão dos Parâmetros Curriculares Nacionais, em 1995,
encaminhados para a avaliação e consulta de um grupo de especialistas e
professores. No processo de validação dos PCNs, o governo brasileiro promulgou a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96), que determinou que
a educação deveria ter como finalidade o desenvolvimento pleno do aluno,
preparando-o para a prática cidadã e para o universo do trabalho. A LDB atribuiu
ao componente curricular de história a responsabilidade do estudo da realidade
política e social, destacando a importância da contribuição das diversas etnias e
culturas para a construção do Brasil. Também ressalta a relevância do estudo da
história da África e de seus habitantes, da presença negra no Brasil e seu legado. A
geografia, por sua vez, seria a responsável pelo conhecimento natural e físico do
mundo (FONSECA, 2003).

Em 1998, os Parâmetros Curriculares Nacionais tornaram-se as principais diretrizes


educacionais brasileiras, orientando que os currículos fossem compostos por uma
base comum e outra diversificada, dando origem a três etapas: a educação infantil,
o ensino fundamental e o ensino médio. Os PCNs buscavam sugerir tantos os
conteúdos como as metodologias gerais de ensino, propondo objetivos comuns
para cada disciplina com o intuito de permitir a unificação da educação pública
brasileira (CURY, 2003). Os parâmetros dialogavam constantemente com as
características regionais, sendo flexíveis e adaptáveis para as diferentes realidades
brasileiras, trazendo propostas sobre o ensino e a aprendizagem, critérios
avaliativos, orientações didáticas, além de blocos temáticos. Para os anos iniciais, a
grande reformulação trazida pelos PCNs foi a transformação da disciplina de
estudos sociais, característica dos currículos dos anos de 1970 e 1980, por
geografia e história (BITTENCOURT, 2001).

Além disso, os conteúdos passaram a ser trabalhados por eixos temáticos: em


história, o primeiro ciclo do ensino fundamental (1º e 2º anos) trabalhava com
história local e cotidiana, enquanto o segundo ciclo (3º e 4º anos) discutia história
das organizações populacionais; em geografia, por sua vez, o primeiro ciclo discutia
a relação do indivíduo com a paisagem local e com seu espaço vivido, enquanto o
segundo apresentava as diversas dimensões das relações entre campo e cidade,
incluindo o papel das tecnologias, dos transportes, do trabalho, da comunicação e
da informação. Os PCNs também possuíam objetivos gerais para o ensino de cada
disciplina, promovendo ao aluno o aumento da compreensão da realidade ao
longo dos 8 anos do ensino fundamental (MAGALHÃES, 2007).

Ainda em 1998, o governo federal lançou o Referencial Curricular Nacional para a


Educação Infantil, buscando estabelecer as bases para as práticas educacionais
voltadas a esse segmento, considerando sua diversidade. Esse documento
apresenta a importância da institucionalização do atendimento infantil entre os 0 e
6 anos como uma forma importante de sociabilização e de compreensão do
mundo em que a criança vive, pois defende que a criança apenas se desenvolve
em momentos de interação social, quando se manifestam os episódios de
negociação e conflito. O documento contempla a necessidade de um professor
polivalente, com ampla formação e compromisso com o ato de educar. Apresenta

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a concepção que entende a criança como um ser histórico, psicológico e social,

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tendo o construtivismo como referencial teórico e, portanto, partindo do universo
da criança para elaborar uma educação transformadora e democrática. Divide a
educação infantil por idades, devendo ser oferecida em creches (ou instituições
equivalentes) até os 3 anos de idade e pré-escolas, entre os 4 e 6 anos,
determinando objetivos para cada faixa etária (CERISARA, 2002).

Dessa forma, as propostas para o ensino de história e geografia no início do século


XXI eram baseadas em uma perspectiva construtivista. Na educação infantil,
partiam do estudo da realidade social e familiar da criança para sua compreensão
do espaço e do tempo, além do trabalho com eixos temáticos abordados nos
Parâmetros Curriculares Nacionais. Nos anos iniciais do ensino fundamental,
visavam ao desenvolvimento de instrumentos e capacidades para intervenção e
compreensão da realidade social e histórica.

2.  A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR E O ENSINO DE HISTÓRIA


E GEOGRAFIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E NAS SÉRIES INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL: PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES
A Base Nacional Comum Curricular se transformou em uma das propostas da
sétima meta do Plano Nacional de Educação, aprovado em 2014, com o objetivo de
ampliar a qualidade educacional brasileira, estabelecendo e implantando


[...] diretrizes pedagógicas para a educação básica e a base nacional comum dos currículos, com direitos
e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos(as) alunos(as) para cada ano do ensino
fundamental e médio, respeitada a diversidade regional, estadual e local. (BRASIL, 2017, p. 10).

A versão final do documento foi aprovada em 22 de dezembro de 2017, sob a


orientação dos princípios políticos, éticos e estéticos para a formação integral do
aluno e para a construção de uma sociedade inclusiva, democrática e justa.

PESQUISE MAIS

A construção da Base Nacional Comum Curricular foi um longo processo


envolvendo diversas entidades representativas de suas áreas para definição
dos conteúdos, das abordagens e das metodologias mais importantes a
serem empregados em cada componente curricular. Por esse motivo, a
publicação final do documento foi a sua terceira versão. Para compreender
o processo de construção da BNCC para a área de história, confira o artigo
indicado a seguir:

SILVA, M. O. BNCC e o componente curricular História: como pensaram os


seus críticos? Boletim Historiar, n. 23, abr./jun. 2018. p. 85-106.

No que tange à educação infantil, o documento estabelece cinco campos de


experiência, responsáveis por determinar quais devem ser os tipos de experiência
fundamentais para o aprendizado da criança. Essas categorias tratam de valores,
atitudes, noções, habilidades e afetos a serem desenvolvidos pelas crianças entre 0
e 5 anos no ambiente escolar. Nesse sentido, os componentes curriculares de
história e geografia serão importantes para a construção da identidade e do
campo da subjetividade da criança dentro de sua comunidade escolar, dando início
ao reconhecimento da diferença (no campo “O eu, o outro e o nós”). Além disso,

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auxiliam na exploração do espaço e no reconhecimento de diversas linguagens

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presentes nas diferentes culturas (no campo “Corpo, gestos e movimentos”);
permitem a experiência dos alunos com as manifestações culturais, científicas e
artísticas de muitos povos, incluindo de diversas áreas brasileiras, permitindo que
o aluno reproduza essas práticas (no campo “Traço, sons, cores e formas”); ajudam
a reconhecer as variadas formas de comunicação da cultura humana, como os
jogos e as brincadeiras, estimulando a imaginação (no campo “Escuta, fala,
pensamento e imaginação”); e a construção de noções de espaço, tempo físico,
tempo cronológico e medidas (no campo “Espaço, tempo, quantidades, relações e
transformações”).

Dentro dos preceitos da BNCC, a história deve criar um diálogo constante entre o
presente vivido e o passado, transformando o componente curricular em uma
ferramenta para a compreensão das diferentes sociedades e das formas de se
viver. Mais do que conhecer os fatos de outras épocas, os alunos devem ter a
capacidade de relacionar os acontecimentos de diversas épocas aos fenômenos da
atualidade. Isso deve instigar o aluno a ter um olhar crítico para os fatos históricos,
motivando-os a criar suas próprias hipóteses, questionamentos e interpretações,
confrontando o conhecimento histórico pré-determinado. Para essa mudança no
olhar, é preciso levar a cabo cinco processos diferentes: a identificação do objeto
de estudo e dos sentidos

Dentro dos preceitos da BNCC, a história deve criar um diálogo constante entre o
presente vivido e o passado, transformando o componente curricular em uma
ferramenta para a compreensão das diferentes sociedades e das formas de se
viver. Mais do que conhecer os fatos de outras épocas, os alunos devem ter a
capacidade de relacionar os acontecimentos de diversas épocas aos fenômenos da
atualidade. Isso deve instigar o aluno a ter um olhar crítico para os fatos históricos,
motivando-os a criar suas próprias hipóteses, questionamentos e interpretações,
confrontando o conhecimento histórico pré-determinado. Para essa mudança no
olhar, é preciso levar a cabo cinco processos diferentes: a identificação do objeto
de estudo e dos sentidos atribuídos a ele; a comparação entre a realidade do aluno
e a do outro (da sociedade de seu objeto), reconhecendo suas semelhanças e suas
diferenças; a contextualização dos fenômenos históricos, dotando-os de
significados; a interpretação do conteúdo, permitindo o posicionamento crítico
sobre ele; e, por fim, a análise do objeto estudado, problematizando, inclusive, as
formas de escrever a história. Para que isso seja possível, é necessário que o
professor se coloque como um auxiliar no processo de construção do saber,
abrindo espaço para que seus alunos desenvolvam um papel ativo na elaboração
de seu próprio conhecimento (BRASIL,2017).

EXEMPLIFICANDO
Dentro da proposta da BNCC, uma aula de história para o ensino
fundamental I sobre a formação da comunidade em que os alunos vivem
deve, ao mesmo tempo, mostrar a eles que suas famílias chegaram ao
Brasil em um momento em que a mão de obra estrangeira era necessária

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(especialmente no caso de famílias italianas, espanholas, portuguesas,

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alemãs e japonesas), apontando os motivos da vinda, as formas de
adaptação e as memórias da nação de origem. Ao mesmo tempo,   o
professor pode questionar porque os movimentos migratórios de
refugiados que chegam ao Brasil na atualidade (como é o caso dos sírios e
dos latino-americanos) não possuem a mesma receptividade, instigando o
pensamento crítico nos alunos.

A abordagem da BNCC para o ensino de geografia, por sua vez, busca enfatizar o
desenvolvimento do raciocínio geográfico e do pensamento espacial para os anos
iniciais do ensino fundamental. O conhecimento é dividido em cinco unidades
distintas: “O sujeito e seu lugar no mundo”; “Conexões e escalas”; “Mundo do
trabalho”; “Formas de representação e pensamento espacial” e “Natureza,
ambientes e qualidade de vida”, buscando preparar o aluno para questionar todos
os fenômenos que se materializam no espaço ao seu redor, retomando o princípio
inicial da BNCC, que é levar a criança e o adolescente a buscarem diversos tipos de
informação através dos lugares e paisagens por onde passam, compreendendo
suas relações e discutindo os motivos de sua ocorrência (BRASIL,2017, p. 358-360).

3.  COMPARANDO A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR E OS


PARÂMETROS NACIONAIS CURRICULARES
Partindo do escopo histórico apresentado sobre os dois principais referenciais
curriculares da educação brasileira das últimas décadas, vamos analisar de forma
global e sistêmica as semelhanças e as disparidades existentes entre os
Parâmetros Nacionais Curriculares e a Base Nacional Comum Curricular, voltando
nossa análise principalmente para os componentes curriculares de história e
geografia.

De forma geral, os dois documentos foram elaborados de forma semelhante, a


partir de uma reunião de professores, pesquisadores e especialistas, mediada pelo
Ministério da Educação, com o estabelecimento de diversas instâncias de debate.
Após esse processo, foram levados para a consulta pública antes de sua aprovação
final. Além disso, os dois referenciais curriculares trazem a necessidade da
promoção de um ensino interdisciplinar e contextualizado. As duas propostas
também dividem-se em áreas do conhecimento: enquanto os Parâmetros
Curriculares Nacionais de 1998 elencam 8 grupos fundamentais (língua
portuguesa, história, geografia, artes, língua estrangeira, matemática, ciências e
educação física), a Base Nacional Comum Curricular define os cinco campos de
experiências, para a educação infantil (“O eu, o outro e o nós”; “Corpo, gestos e
movimentos”; “Traços, sons, cores e formas”; “Escuta, fala, pensamento e
imaginação”; “Espaço, tempos, quantidades, relações e transformações”), e as cinco
áreas do conhecimento para o ensino fundamental (linguagens, matemática,
ciências da natureza, ciências humanas e ensino religioso) (BRASIL, 2017, p. 23).

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Os dois referenciais curriculares também defendem a transversalidade entre as
disciplinas, evocando-a por meio dos Temas Transversais, nos PCNs, e dos Temas

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Integradores, na BNCC. Nos dois documentos, são apresentados os objetivos e as
competências (gerais e específicas) que todas as áreas do conhecimento devem
desenvolver nos diversos níveis de ensino. Os documentos também contemplam a
possibilidade de currículos escolares adaptáveis às diversas realidades brasileiras,
determinando uma parcela comum a todos os colégios e uma parte diversificada,
que deve ser escolhida por cada instituição de ensino em conjunto com sua
comunidade. Tanto o PCN quanto a BNCC fazem referências aos materiais,
recursos e atividades lúdicas e diversificadas que podem ser realizadas,
enfatizando as tecnologias, como jogos, computador e calculadora. Os conteúdos
de cada componente curricular são apresentados de forma agrupada, criando os
blocos de conhecimento, nos PCNs, e os eixos de conhecimento, na BNCC
(BRASIL,1998).

ASSIMILE

A transversalidade é uma proposta educacional que busca estabelecer


uma relação entre o aprendizado de conhecimentos sistematizados
teoricamente e as questões cotidianas. Ela busca discutir temas que
atravessam os vários campos do conhecimento, podendo ser aplicados
para a transformação da realidade do aluno.

De forma colaborativa, a interdisciplinaridade deve ser compreendida


como a troca de conhecimentos entre os diversos componentes
curriculares, garantindo a elaboração de conceitos que rompam as
fronteiras entre eles.

A BNCC trouxe uma grande inovação para a educação infantil em relação aos
documentos anteriores por avançar de forma significativa no olhar sobre os modos
de aprendizagem da criança, criando referências para a elaboração de um
currículo a partir de direitos de seu desenvolvimento, colocando a criança como a
figura principal em todos os espaços e transformando-a em agente criadora e
transformadora da sociedade e da cultura em que vive. Os documentos anteriores,
como o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil e as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil tratavam a criança como mero
receptor do conhecimento oferecido pelo professor.

Ainda que os documentos possuam algumas semelhanças, a BNCC traz muito mais
detalhes em relação às competências e às habilidades a serem trabalhadas em
cada componente curricular. Ela também abre maiores possibilidades de
adequação do currículo no ensino fundamental, a partir do momento em que
apenas define componentes curriculares – e não disciplinas – que se desenvolvem
em habilidades a serem trabalhadas em cada ano. Seu propósito principal é o
estabelecimento de um trabalho transdisciplinar e interdisciplinar mais intenso,
por meio de um ensino mais contextualizado, dentro das obrigações determinadas
pela Lei de Diretrizes e Bases, que afirma que a carga horária anual mínima deve
ser aumentada para 1400 horas, de forma gradual. Ela também trabalha com a
educação integral do indivíduo, buscando torná-lo capaz para resolver problemas,

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argumentar, tomar decisões, ser criativo, alcançando o sucesso profissional e

seõçatona reV
pessoal.

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