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INTRODUÇÃO
A partir dos trechos presentes na lei 13.415, podemos perceber que algumas
disciplinas, que historicamente possuem problemas com a carga horária, tornaram-
se obrigatórias no Novo Ensino Médio. No entanto, não parece que o seu papel
tenha sido radicalmente alterado, uma vez que a lei destaca a importância de Língua
Portuguesa e Matemática como disciplinas obrigatórias durante os três anos do
Ensino Médio. Dessa forma, é possível que gestores menos engajados designem
um papel secundário a essas disciplinas, cumprindo apenas a exigência da lei de
maneira pragmática.
As mudanças trazidas pela Reforma do Ensino Médio têm impactos
fundamentais na estrutura educacional anteriormente estabelecida, que incluía o
PCN, PCN+ e as "Orientações Curriculares para o Ensino Médio" (2006), que
visavam garantir, pelo menos de forma tentativa, que todos os alunos tivessem
acesso a uma formação geral e não específica, transmitindo conhecimentos básicos
com o objetivo de promover o pleno desenvolvimento dos educandos, preparando-
os para a cidadania e qualificando-os para o trabalho (BRASIL, 1996).
A Reforma transforma o Ensino Médio em uma modalidade que não valoriza a
formação plena do educando, dividindo-a em duas partes: a Base Nacional
Curricular (que corresponde a 60% da carga horária) e os Itinerários Formativos
(que correspondem a 40% da carga horária), sendo que a primeira não pode
exceder 1800 horas durante todo o Ensino Médio. Isso significa que, apesar de ser
apresentada como uma proposta que amplia a carga horária, ela na verdade reduz o
tempo de trabalho da Base Nacional Curricular de 800 para 600 horas anuais, que
são consideradas essenciais para a formação plena do indivíduo.
A estrutura da BNCC, elaborada sob a perspectiva neoliberal e respaldada
pela reforma do ensino médio, tem sido amplamente questionada. Isso se deve, em
grande parte, ao fato de que apenas três disciplinas - Português, Matemática e
Inglês são efetivamente consideradas como componentes curriculares obrigatórios
durante os três anos do ensino médio, deixando de fora disciplinas como a
Geografia e outras. Esse fato, por si só, já é muito problemático, uma vez que
resulta na diminuição significativa das oportunidades de emprego para professores
já formados e em formação.
Além disso, os conteúdos dessas disciplinas aparecem apenas como
"estudos e práticas", sem definir claramente o papel de cada professor em cada
componente curricular. Essa situação também é prejudicial para os alunos, que não
terão mais a oportunidade de ter uma formação sólida e completa com professores
de todas as áreas.
Entre as opções disponíveis, os alunos poderão escolher pelo menos um dos
cinco Itinerários Formativos para se aprofundar: Linguagens e suas Tecnologias,
Matemática e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais aplicadas, Ciência da
Natureza e o Ensino Técnico-Profissional. É importante ressaltar que, mesmo que o
aluno possa escolher mais de um Itinerário, a escola pode limitar-se a oferecer
apenas duas opções, escolhidas com base na demanda local e em sua capacidade
financeira. Essa limitação pode trazer diversas problemáticas, especialmente ao
considerar a desigualdade educacional entre escolas com recursos e aquelas sem
recursos, além da disparidade entre alunos privilegiados e excluídos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Geografia tem uma grande importância para o ensino, pois é uma ciência que
antecede até mesmo a Geografia Acadêmica. O ensino dessa disciplina possibilita
ao estudante estabelecer conhecimentos e uma leitura crítica do espaço geográfico,
ampliando a sua visão a partir da compreensão do seu lugar no mundo. Além disso,
a Geografia permite o entendimento acerca da produção do espaço e busca formar
cidadãos participativos e críticos em relação às diferentes questões, como a
produção desigual do espaço, a relação entre sociedade e natureza, o ambiente, a
política, a diversidade étnica, sexual e religiosa, entre outros assuntos relacionados
à sociedade. No entanto, talvez o grande desafio seja que as ciências humanas
podem auxiliar o aluno na observação e questionamento das contradições e cobrar
soluções.
Após uma análise cuidadosa, podemos perceber que a Reforma do Ensino
Médio e a criação de uma nova Base Curricular desvalorizaram a Geografia e outras
ciências humanas, ao não levar em consideração as particularidades de cada
disciplina e ao não torná-las obrigatórias nas salas de aula. A justificativa para essa
reforma baseou-se na alta taxa de evasão escolar no Ensino Médio, mas a solução
proposta de reforma curricular não considerou que muitos dos problemas
enfrentados pelas escolas decorrem de questões como a infraestrutura precária, a
desvalorização dos professores e a falta de oportunidades para projetos de pesquisa
envolvendo professores e alunos, além do envolvimento de toda a sociedade na
educação.
Assim, acreditamos que somente uma mudança curricular não será suficiente
para melhorar o ensino. É necessário que haja um engajamento de toda a
sociedade, bem como investimentos significativos do poder público na educação,
com o objetivo de oferecer oportunidades e valorizar os professores, além de se
comprometer com uma educação pública de qualidade e plural. Somente assim,
poderemos criar um ambiente propício para a melhoria da inserção dos jovens e
adultos no Ensino Médio.
REFERÊNCIAS