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RESUMO: O presente artigo tem por finalidade discutir as relações entre o ensino de
Geografia e História. A quem acredite que são duas disciplinas desvalorizadas nas
escolas, porém, temos certeza da extrema importância de cada uma delas, quando
devidamente trabalhadas podem contribuir para a formação e compreensão dos seres
humanos: seu espaço, suas sociedades construídas historicamente e as dinâmicas
envolvidas nos processos temporais. Através deste texto, criticamos o uso do ensino
desvinculado do cotidiano do estudante, buscamos salientar a importância dessas duas
áreas do conhecimento e levantar algumas reflexões sobre os possíveis caminhos por
um ensino mais "humano
Introdução
"Caro professor: compreendo a sua situação. Você foi contratado para ensinar uma
disciplina e você ganha para isso. A escolha do programa não foi sua. Foi imposta. Veio
de cima. Talvez você tenha ideias diferentes. Mas isso é irrelevante. Você tem de
ensinar o que lhe foi ordenado. Pelos resultados do seu ensino você será julgado e disso
depende o seu emprego. A avaliação do seu trabalho se faz por meio da avaliação do
desempenho dos seus alunos. Se os seus alunos não aprenderem, sistematicamente, é
porque você não tem competência."
Geografia
[...] pode e deve mostrar que graças á cultura que nós, da espécie humana,
produzimos, temos tido talento para nos vestir mais adequadamente que os
ursos, construir casas melhores que a do joão-de-barro, combater com mais
eficiência o tigre, embora cada um de nós, seres humanos, tenha vindo ao
mundo desprovidos de pêlo espessos, bicos diligentes ou garras poderosas.
(PYNSKY & PYNSKY, 2008.p.20).
As ideias aqui apresentadas mostram que o foco principal deve ser o aluno, ou seja, ele
deve ser o sujeito da História, deve se reconhecer como um agente histórico, como aquele
que ajuda na construção dos diversos aspectos que compõem as sociedades no mundo todo.
Ainda sob a luz das ideias de Jayme e Carla Pynsky, quanto mais o aluno sentir a História
como algo próximo, mais ele terá vontade de interagir com ela, não como uma coisa
externa, distante, mas como uma prática que ele se sentirá qualificado e inclinado a
exercer. (PYNSKY & PYNSKY, 2008, P.28)
Segundo Munhoz (1989, p. 67), cabe ao professor comprometido com o ensino, apontar
aos estudantes novos caminhos que visem criar no educando o interesse pelo conhecimento
e compreensão da História como um processo.
O ensino é um eterno desafio. Rubem Alves, nos mostra alguns caminhos para superar os
obstáculos impostos na escola, para chegarmos a uma educação mais humana, uma
"educação romântica".
A história abaixo, retirada de uma tira do personagem Charlie Brown, ilustra o mundo
escolar que procuramos superar:
Sabe por que temos que tirar boas notas na escola? Para passarmos do primário para o
ginásio. Se tirarmos boas notas no ginásio, passamos para o colégio e se no colégio
tirarmos boas notas, passamos para a universidade, e se, nesta tiramos boas notas,
conseguimos um bom emprego e podemos casar e ter filhos para mandá-los à escola, onde
eles vão estudar um monte de coisas para tirar boas notas e.. (ALVES, 1994, p.20)
O sorriso é inevitável, aponta Alves (1994), o menino em um só fôlego diz aquilo que os
filósofos da educação raramente percebem. E, se o percebem, não têm coragem de dizer,
quando dizem, o fazem de maneira complicada e comprida.
Esse não é um problema recente, como bem sabemos. Até mesmo Nietzsche na sua
condição de educador, afirma Alves (1994, p.21), se horrorizava frente àquilo que as
escolas faziam com a juventude, Nietzsche dizia "o que elas realizam”? [Escolas], é um
treinamento brutal, com o propósito de preparar vastos números de jovens, no menor
espaço e tempo possível, para se tornarem usáveis e abusáveis, a serviço do governo".
Alves complementa dizendo que hoje os jovens são preparados para serem "usáveis e
abusáveis a serviço da economia”. Escolas com abundâncias de recursos, como as do
Japão, por exemplo, não resolvem o problema, para Alves (1994, p.22) elas são como
"máquinas para a produção de formigas disciplinadas e trabalhadoras". Para o autor em
foco:
É um equívoco pensar que com mais verbas a educação ficará melhor, que os
alunos aprenderão mais, que os professores ficarão mais felizes. Como é um
equívoco pensar que, com panelas novas e caras, o mau cozinheiro fará
comida boa. Educação não se faz com dinheiro. Educação se faz com
inteligência. (ALVES, 2002, p.76).
Rubem Alves intui que uma escola pautada no objetivo de produzir cada vez mais
adequada a interesses econômicos, "não é suficiente para dar um sentido à vida humana".
(ALVES, 1994, p.22). O autor chega a essa conclusão analisando os índices de suicídios de
jovens e crianças no Japão, um dos mais significativos do mundo. "A miséria da escola se
encontra precisamente ali onde elas são classificadas como excelente". (idem, p.23).
Referências Bibliográficas
*SOBRE ESTE ARTIGO: Este artigo foi publicado nos Anais da XIII Semana de
Geografia - Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO-2010. ISSN: 1983-
4667 (CD-ROOM)