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1. Generalidades
A forma mais comum de definir em concreto na prática uma sucessão é indicar uma
expressão analítica para o termo geral un , a qual permite obter qualquer termo particular
por simples substituição de n pelos sucessivos valores desta variável; em certos casos
porém a conveniente definição de un requer duas ou mais expressões analíticas. Os três
seguintes exemplos são elucidativos :
1 2n + 1 1 / n , n par
un = ; vn = (−1) n ⋅ 2 ; wn = .
n +1 n +1 2 + n , n ímpar
Um outro modo menos usual de definir uma sucessão consiste em dar uma regra que
permita o cálculo de cada termo à custa de um ou mais termos precedentes (definição por
recorrência), como nos dois exemplos seguintes:
1
un = ⋅ u n −1 , u1 = 1/2 ; vn = v n −1 + v n − 2 , v2 = 1/2 v1 = -1 .
n +1
Por vezes a expressão analítica que define o termo geral un só tem significado inin-
terruptamente para n > k , com k natural fixo, caso em que primeiro termo da sucessão
se obtém com n = k + 1 , o segundo com n = k + 2 e assim por diante. Estes casos
podem sempre reconverter-se à situação standard fazendo vn = uk + n , ou seja,
v1 = uk + 1 , v2 = uk + 2 , v3 = uk + 3 , etc.
32
Uma sucessão diz-se crescente se e só se u1 ≤ u2 ≤ ... ≤ un ≤ ... e diz-se
decrescente se e só se u1 ≥ u2 ≥ ... ≥ un ≥ ... ; genericamente, designam-se por
monótonas as sucessões crescentes ou decrescentes .
Consoante u seja finito, mais infinito ou menos infinito, a condição un ∈ Vε (u) pode
escrever-se respectivamente | un – u | < ε , un > 1/ε ou un < - 1/ε .
33
Teorema 2 : Sucessão com limite finito é limitada
un ∈ V1 (u) =] u – 1 , u + 1 [ ,
Note-se que a inversa do teorema precedente não é verdadeira como mostra o caso da
sucessão limitada un = (-1)n .
Se a sucessão for majorada, seja U o conjunto dos reais que são termos da sucessão ;
claro que U é igualmente majorado e tem portanto supremo , λ = Sup U . Vejamos
que se tem precisamente lim un = λ . Fixado um qualquer ε > 0 , existe pelo menos um
xε ∈U tal que, λ - ε < xε ≤ λ , caso contrário λ - ε seria um majorante de U inferior ao
respectivo supremo; esse xε será um certo termo da sucessão, seja ele o termo de ordem
nε . Então, devido à monotonia crescente da sucessão todos os termos a partir dessa
ordem pertencem ao intervalo ] λ - ε , λ] , ou seja, n > nε ⇒ | un - λ | < ε , o que implica
lim un = λ .
Corolário : Sendo un uma sucessão crescente de certa ordem em diante, existe sempre
lim un , finito se a sucessão for majorada, +∞ no caso contrário. Sendo un uma sucessão
decrescente de certa ordem em diante, existe sempre lim un , finito se a sucessão for
minorada, -∞ no caso contrário
Nos teoremas seguintes intervém uma condição importante verificada por certas
sucessões. Uma sucessão de números reais verifica a condição de Cauchy se e só se,
34
∀ ε > 0 , ∃ nε : n > m > nε ⇒ | un - um | < ε .
| un - um | = | un - u + u - um | ≤ | un - u| + | u - um | < ε /2 + ε /2 = ε ,
No teorema seguinte vamos ver que, inversamente, se uma sucessão verifica a condição
de Cauchy. então tem limite finito. Com vista a facilitar a demonstração, vejamos dois
resultados que nela serão utilizados:
a) Se uma sucessão verifica a condição de Cauchy, então ela é limitada. Com efeito,
fixado por exemplo ε = 1 , existe uma ordem n1 tal que,
b) Se um conjunto X limitado tem dois quaisquer dos seus elementos diferindo em valor
absoluto por menos de ε > 0, então tem-se, 0 ≤ Sup X - Inf X ≤ ε . Com efeito, se fosse
Sup X - Inf X > ε , tomando δ > 0 tal que Sup X - Inf X - δ > ε , ter-se-ia,
donde resultaria,
35
Posto isto, podemos enunciar e demonstrar o,
36
diante (por ser lim xn = a ) e portanto, dado haver infinitos termos da sucessão distintos
de a , nela se encontra pelo menos um elemento de A distinto de a , logo a é ponto de
acumulação do conjunto A , como se pretendia provar.
Inversamente, se existe uma sucessão xn de elementos de A que tem por limite o ponto
a, das duas uma: ou os termos da sucessão são todos iguais a a de certa ordem em diante
e então a ∈ A ; ou há infinitos termos xn distintos de a e então pelo teorema 6 tem-se
a ∈ A′ ; em qualquer dos casos a ∈ Ad A = A ∪ A′ .
da qual se tem un ∈ Vε (u) e sendo kε a ordem a partir da qual se tem αn > nε , resulta
que n > kε ⇒ αn > nε ⇒ uα n ∈ Vε (u) , assim se concluindo que lim uα n = u .
37
Os limites das subsucessões de uma sucessão de chamam-se sublimites da sucessão
original.
O teorema seguinte tem grande utilidade prática na determinação dos sublimites de uma
sucessão :
e admita-se que cada termo un da sucessão está numa e numa só das subsucessões
consideradas. Nessas condições, nenhum λ ≠ α , β , … , ω pode ser sublimite de un , ou
seja, a sucessão apenas admite os sublimites α , β , … , ω
Note-se ainda que o teorema anterior deixa de ser válido se as subsucessões referidas no
enunciado forem em numero infinito. Por exemplo, no caso da sucessão,
considerando as subsucessões,
………………………………………………….
38
1/m , 1/m , … , 1/m , … , com limite igual a 1/m
…………………………………………………..
cada termo da sucessão original figura numa e numa só das subsucessões ; no entanto a
sucessão dada admite também o sublimite 0 dado ser nulo o limite da seguinte subsu-
cessão da sucessão dada : 1, 1/2 , 1/3 , 1/4 , … .
39
Demonstração : A condição é evidentemente necessária. Vejamos que é igualmente
suficiente. Supondo a condição verificada, defina-se a subsucessão xα n de xn pela
seguinte condição: α0 = 1 e αn é o menor inteiro maior que αn-1 que faz xα n ∈ V1/n
(b). Como 1/n < ε a partir de certa ordem nε , tem-se xα n ∈ V1/n (b) ⊂ Vε (b) , a partir
dessa mesma ordem, ou seja, b = lim xα n , logo b é sublimite de xn .
Teorema 12 : A condição necessária e suficiente para que uma sucessão tenha limite é
que não admita dois sublimites distintos.
ou seja, xk ∈ Vε (a) ; tal significa, de acordo com o teorema 11, que o ponto a é sublimi-
te da sucessão xn , ou seja, a ∈ S . Assim se prova que S′ ⊆ S , ou seja, que o conjunto S
é fechado.
40
a) Se a sucessão un é limitada, o conjunto dos seus sublimites é um subconjunto de R
fechado (ver teorema 13) e obviamente limitado . Tal conjunto admite então máximo e
mínimo e pode definir-se : lim max un = maior dos sublimites ; lim min un = menor dos
sublimites .
Claro que lim min un ≤ lim max un e, para qualquer sublimite λ da sucessão, tem-se,
lim min un ≤ λ ≤ lim max un . As considerações precedentes e o disposto no teorema
12 permitem enunciar :
41
a/(±∞) = 0 ; (±∞)/a = ±∞ ( a real positivo) ; (±∞)/a = m ∞ ( a real negativo) .
Tem-se:
un u u v − vn u u v + un v n − un v n − v n u
− = n = n =
vn v vn v vn v
un ( v − v n ) + v n ( un − u ) | un |.| v n − v | + | v n |.| un − u |
= ≤ ;
vn v | vn v |
de certa ordem k em diante; por outro lado, as sucessões un e vn são limitadas ( por
serem convergentes) e , portanto , existe um λ tal que | un | ≤ λ e | vn | ≤ λ . Tem-
se então,
un u λ.|v n − v| + λ.|u n − u|
− ≤ ,
vn v |v|.(| v| −α )
ou seja,
un u
− ≤ β .(|vn − v| + |un − u|) ,
vn v
( β constante )
un u
− ≤ β . ( | v n − v | + | un − u |) < ε ,
vn v
42
lim (un )k = uk = ( lim un )k ,
Sendo lim un = u e k ∈ N , vejamos o que se passa com lim k un . Note-se que com
k par deve ser un ≥ 0 ; com k ímpar, os termos de un podem ter qualquer sinal.
k un
lim k un / u = 1 ⇒ lim = 1 ⇒ lim k un = k u ;
k u
d) Quando seja u = +∞ , tem-se,
Neste caso k deve ser ímpar para se assegurar a existência de k un no campo real .
Então:
43
b) Quando seja u = 1 , tem-se un ≥ 0 de certa ordem em diante e então a desigualdade
| k un - 1| ≤ | un - 1| , obtida na alínea b) do 1º caso, é válida dessa ordem em diante
concluindo-se como então que lim k un = 1 ;
ar. as = q
ap . n am = qn
a pn . qn
am q = qn
a pn + m q ;
44
caso qn e pn + mq não sejam primos entre si dividem-se ambos pelo respectivo máximo
divisor comum k assim se obtendo os quocientes α e β que são números naturais
primos entre si : qn = kα e pn + mq = kβ ; então,
α
ar. as = qn
a pn + m q = a β = aβ/α = ar + s ,
p n + mq
β /α = (kβ) /(kα) = = (p/q) + (m/n) = r + s .
qn
Note-se ainda que não se levantam problemas de existência das sucessivas raízes
envolvidas na argumentação precedente: se q ou n são pares, deve ser a ≥ 0 e a
existência das sucessivas raízes fica assegurada ; se q e n são ímpares, caso em que pode
ser a < 0 , qn e α são ímpares e fica também assegurada a existência das raízes em
causa. Repare-se também que a igualdade,
q q q
lim (un )r = lim unp = l i m unp = u p = ur = (lim un)r ,
com a convenção (+∞)r = +∞ . Caso seja un < 0 para todos ou alguns n , q deve ser
ímpar e então também,
q q q
lim (un )r = lim unp = l i m unp = u p = ur = (lim un)r ,
45
Vejamos primeiro, como introdução, a definição de a-r, com -r ∈ Q- . Como se sabe,
define-se neste caso a-r = 1/ar , tendo ar (r > 0) o significado dado em 4.4.
Nos casos em que ar (r > 0) careça de sentido (vistos em 4.4), o mesmo acontece com a-r,
acrescendo agora um novo caso específico relativo ao expoente negativo : trata-se do
caso em que a = 0 , pois seria 0 -r = 1/0 r = 1/0 (veja-se em 4.4 que, com r > 0 , 0 r = 0 ).
Com esta definição, as regras operatórias sobre potências de expoente racional positivo
ou nulo, transmitem-se ao caso das potências de expoente racional negativo, como
facilmente se verifica.
Sendo lim un = u , vejamos então o que sucede com lim (un )-r , quando seja -r racional
negativo. Supondo a existência de (un)-r, existe também (un)r e além disso un ≠ 0 ,
efectuando-se portanto o cálculo de lim ( un )-r usando a relação,
conjugando o que se disse em 4.4 sobre lim (un)r com a regra do limite do quociente.
Quando seja lim un = u ≠ 0 , conclui-se que ,
com a convenção (±∞)-r = 0 . Fica indeterminado o caso em que lim un = 0 , o qual exige
uma análise cuidada do modo como un tende para zero e do valor do expoente nega-
tivo -r ; o limite pode ser +∞ , -∞ ou pura e simplesmente não existir.
46
Visto o caso a > 1 , o caso 0 < a < 1 é imediato : tem-se 1/a > 1 , logo lim n
1/ a = 1
e, portanto,
1
lim n a = lim n =1.
1/ a
Quanto ao caso a = 1 , é óbvio que também lim n
a =1.
a n (n − 1) a 2 n (n − 1) (n − 2) a 3 n (n − 1) ... 1 a n
an = 1 + n . + ⋅ 4 + ⋅ 6 + ⋅⋅⋅ + ⋅ 2n =
n2 2! n 3! n n! n
a 1 a2 1 2 a3
= 1+ + (1 − ) + (1 − ) (1 − ) + ⋅⋅⋅ +
n n 2! n 2 n n 3! n 3
1 2 n − 1 an
+ (1 − ) (1 − ) ⋅⋅⋅ ( 1 − ) ;
n n n n! n n
| a | | a |2 | a |3 | a |n |a | | a | | a |2 | a |n −1
0 ≤ | an - 1 | ≤ + 2 + 3 + ⋅⋅⋅ + n = ⋅(1 + + 2 + ⋅⋅⋅ + n −1 ) =
n n n n n n n n
| a |n
1 −
|a | nn |a | 1 |a |
= ⋅ ≤ ⋅ = ;
n |a | n |a | n − |a |
1 − 1 −
n n
e dado que,
|a |
lim = 0,
n − |a |
resulta por enquadramento, lim | an - 1 | = 0 , ou seja, lim an = 1 .
por ser pn uma sucessão de inteiros tal que lim pn = +∞ e lim (1 + a/n2)n = 1 (ver
exemplo 2), conclui-se que,
47
donde, por enquadramento, lim ( 1 + a / rn2 ) rn = 1 .
6.1 – Introdução
Vamos mostrar que existe limite finito para a sucessão xn = (1+ x/n)n , com x > 0 .
Tem-se,
n (n − 1) x 2 n (n − 1) (n − 2) x 3 n (n − 1) ... 1 x n
xn = 1 + x + ⋅ 2 + ⋅ 3 + ⋅⋅⋅ + ⋅ n =
2! n 3! n n! n
1 x2 1 2 x3
= 1 + x + (1 − ) + (1 − ) (1 − ) + ⋅⋅⋅ +
n 2! n n 3!
1 2 n − 1 xn
+ (1 − ) (1 − ) ⋅⋅⋅ ( 1 − ) ,
n n n n!
e escrevendo estas igualdades para n+1 , podemos comparar xn com xn+1 e concluir que
as parcelas que têm a mesma potência de x são maiores em xn+1 e , além disso, xn+1 tem
ainda uma parcela positiva a mais no final.
x2 x3 xn
xn < 1 + x + + + ⋅⋅⋅ + ,
2! 3! n!
mas deverá notar-se que a soma do lado direito da desigualdade não é o majorante
pretendido para a sucessão porque o respectivo valor depende da ordem n do termo da
sucessão e o que se deseja é um valor real que majore todos os termos da sucessão (na
realidade basta obter um número que majore todos os termos da sucessão de certa ordem
48
fixa em diante, porque então, como a sucessão é monótona crescente, esse mesmo
número majorará todos os termos da sucessão).
Vejamos então como obter um majorante dos termos xn de certa ordem fixa em diante.
Fixando um inteiro m ≥ x , tem-se para n > m ,
x2 x3 xm x m +1 xn
xn < 1 + x + + + ⋅⋅⋅ + + + ⋅⋅⋅ + =
2! 3! m! (m + 1)! n!
xm x x2 xn−m
= Km +
m!
⋅ [1 +
(m + 1)
+
( m + 1) ( m + 2 )
+ ⋅⋅⋅ +
( m + 1) ( m + 2 ) ... n
]<
xm x x2 xn−m
< Km + ⋅ [1 + + + ⋅⋅⋅ + ] =
m! (m + 1) ( m + 1) 2 ( m + 1) n − m
n − m +1
x
1 −
xm m + 1
= Km + ⋅ ,
m! x
1 −
m+1
em que,
x2 x3 x m −1
Km = 1 + x + + + ⋅⋅⋅ + ;
2! 3! (m − 1)!
atendendo agora a que m + 1 > x , tem-se a seguinte majoração para os termos xn da
sucessão :
xm 1
xn < Km + ⋅ .
m! x
1 −
m+1
Podemos agora estudar da existência de lim (1+ x/n)n , no caso em que x < 0 ( no
caso de ser x = 0 é óbvio que o limite existe e é igual à unidade) . De x < 0 resulta
-x > 0 , existindo portanto lim (1- x/n)n . E como,
1
lim (1+ x/n)n = (finito) ,
l i m (1 − x / n )n
49
dado que a sucessão do numerador tende para 1 (conforme exemplo 2 do ponto 3.) e
existe significativo o limite do denominador ( como vimos é maior que 1).
Portanto, em resumo, existe finito lim (1+ x/n)n , qualquer que seja x ∈ R . Este limite
será retomado mais adiante para futuros desenvolvimentos. Designando-o provisoria-
mente por E(x) , das considerações precedentes resultam de imediato as seguintes
propriedades :
1) Para qualquer x ∈ R , tem-se E(x) = 1 / E(-x) . Esta relação foi obtida para x < 0 ,
quando se provou a existência de E(x) para valores negativos de x ; para x = 0 ela é
obviamente válida dado ser E(0) = 1 ; para x > 0 , tem-se - x < 0 , donde E(-x) = 1 / E(x)
e esta relação é equivalente a E(x) = 1 / E(-x) ;
2) Para x > 0 , tem-se como vimos E(x) > 1 ; para x < 0 , dada a relação referida em 1) ,
tem-se E(x) < 1 .
e = lim (1 + 1/n)n .
Tem-se então, tomando por exemplo m = 5 , an < e ≤ 2,718333 ... , o que permite,
calculando os termos an para alguns valores de n, conseguir com facilidade um
enquadramento satisfatório para o número e ; por exemplo, tomando n = 5000 , obtém-se
a5000 ≈ 2,718010 , assim se concluindo que 2,718010 < e ≤ 2,718333 ... .
50
Prova-se que o número e é irracional, indicando-se a seguir a parte inicial da dízima que
o representa : e = 2,71828182845 ... .
e = lim ( 1 + 1 / rn ) r , n
Vejamos primeiro o caso em que lim rn = +∞ . Sendo pn o maior inteiro que é menor ou
igual a rn , pn ≤ rn < pn + 1 , tem-se lim rn = +∞ ⇒ lim pn =+∞ porque pn > rn - 1 . A
partir de certa ordem (desde que seja rn ≥ pn > 0 ), tem-se então,
pn r pn + 1
1 1
n
1
1 + ≤ 1 + ≤ 1 + .
pn + 1 rn pn
Dado que,
pn + 1 pn n
1 1 1
lim 1 + = lim 1 + = lim 1 + =e,
pn + 1 pn n
pn + 1
1
pn 1 +
1 pn + 1
lim 1 + = lim = e /1 = e
pn + 1 1
1+
pn + 1
pn + 1 pn
1 1 1
lim 1 + = lim 1 + . 1 + = e.1= e,
pn pn pn
rn
1
lim 1 + = e.
rn
51
Vejamos agora o caso em que lim rn = -∞ . Tem-se,
− rn
1
r r rn r 1 +
1
n
1
n
1 1
n
− rn
1 + . 1 + = 1 − 2 ⇒ 1 + = − rn
;
rn − rn rn rn 1
1 −
( − rn ) 2
de lim rn = -∞ resulta lim (- rn ) = +∞ e então,
r
1
n
lim 1 + = e /1 = e ,
rn
pois como se viu no exemplo 3 do ponto 5. a sucessão do denominador tende para a
unidade.
O leitor mais atento poderá neste momento perguntar: mas a argumentação precedente
não seria aplicável se rn fosse uma sucessão de irracionais ? Aparentemente sim, mas o
problema é que neste momento do nosso estudo não definimos ainda o que significa uma
potência de expoente irracional, ou seja, ( 1 + 1 / rn ) rn carece de sentido quando rn não
for racional. O conhecimento intuitivo que o leitor eventualmente tenha sobre o signifi-
cado de uma potência de expoente irracional não é suficientemente rigoroso para o nosso
estudo. Mais adiante definiremos de forma rigorosa o conceito de potência de expoente
irracional e veremos que a definição dada garante que, com rn a tender para mais ou
menos infinito, lim ( 1 + 1 / rn ) rn = e , mesmo que os rn não sejam racionais .
Retomamos aqui o lim (1 + x/n)n estudado em 6.1. Viu-se que tal limite existe para todo
o x ∈ R , sendo então tal limite representado por E(x) e estudadas duas das suas
propriedades. Vamos de seguida estudar de forma mais completa as propriedades de
E(x), começando pelas duas já vistas anteriormente.
P2 : Para x > 0 , tem-se E(x) > 1 ; para x = 0, tem-se E(x) = 1 ; para x < 0 , tem-se
E(x) < 1
52
Demonstração : Para x > 0 a demonstração é tal qual a que foi efectuada em 6.2 para o
caso particular x = 1 [ note-se que, de acordo com a definição dada para o número e ,
E(1) = e ] .
Resta o caso x < 0 . Neste caso - x > 0 e note-se que se rn se encontra nas condições do
enunciado (sucessão de racionais com limite mais ou menos infinito), o mesmo acontece
com -rn ; então,
1
E(x) = 1 / E(-x) = lim − rn
= lim ( 1 + x / rn ) rn ,
x
1 −
− rn
dado que a propriedade é válida para - x > 0 com a sucessão -rn nas condições do
enunciado.
n
n n x+ y xy
(1 + x/n) . (1 + y/n) = 1 + + 2 =
n n
xy n (n − 1) x2 y2 n (n − 1) ...1 xn yn
= Bn + n Bn − 1 2 + Bn − 2 + ⋅⋅⋅ + B0 2 n ,
n 2! n4 n! n
n− j
x + y
Bn - j = 1 + , para j = 0 , 1 , 2 , ... , n .
n
Uma vez que lim (1 + x/n)n . (1 + y/n)n = E(x) . E(y) e lim Bn = E(x+y), a propriedade
ficará provada se demonstrar que a sucessão,
xy n (n − 1) x2 y2 n (n − 1) ...1 xn yn
un = n Bn − 1 2 + Bn − 2 + ⋅⋅⋅ + B0 ,
n 2! n4 n! n2n
53
n− j n− j n
x+ y |x + y| |x + y|
| Bn - j | = 1 + ≤ 1 + ≤ 1 + ,
n n n
podemos escrever,
n
| x + y | |x y| n (n − 1) | x y |2 n (n − 1) ... 1 | x y |n
0 ≤ | un | ≤ 1 + . [n 2 + + ⋅⋅⋅ + ]=
n n 2! n4 n! n2n
| x + y |
n n
| x y |
= 1 + . 1 + 2 − 1 ;
n n
n
| x y |
lim 1 + 2 = 1 ,
n
e, portanto,
| x + y |
n n
| x y |
lim 1 + . 1 + 2 − 1 = E( | x + y | ) . 0 = 0 ,
n n
r r
r x
n
x
n/r
x
n/r
= [E(x)] ,
r
E(r. x) = lim 1 + = lim 1 + = l i m 1 +
n n / r n / r
dado ser n/r uma sucessão de racionais a tender para mais ou menos infinito (consoante o
sinal de r).
Estamos agora em condições de dar significado a ex quando x seja irracional. Faz-se por
definição ex = E(x) , qualquer que seja x ∈ R . A propriedade P7 garante que, para
x
54
racional, a igualdade dá a ex o significado que resulta da definição já conhecida de
potência de expoente racional; para x ∈ R - Q , a igualdade amplia a noção de potência
de base e ao caso de expoente irracional . Ou seja, para x racional e igualdade ex = E(x)
é um teorema (propriedade P7) ; para x irracional a mesma igualdade é uma definição.
Claro que as propriedades de E(x) são agora, com esta definição, as propriedades de ex ;
assim,
xm 1
1 < ex ≤ Km + ⋅ ,
m! x
1 −
m+1
com,
x2 x3 x m −1
Km = 1 + x + + + ⋅⋅⋅ + ,
2! 3! (m − 1)!
xn x nm 1
1< e ≤ Km,n + ⋅ ,
m! xn
1 −
m+1
com,
55
x n2 x n3 x nm − 1
Km,n = 1 + xn + + + ⋅⋅⋅ + ;
2! 3! (m − 1)!
e como ,
x nm 1
lim xn = 0 ∧ m fixo ⇒ lim [ Km,n + ⋅ ] =1,
m! xn
1 −
m+1
xn
obtém-se por enquadramento, lim e =1.
xn 1
lim e = lim −x n
=1,
e
xn
P9 : Dada uma sucessão xn de números reais tal que lim e = 1, tem-se lim xn = 0
xn
Demonstração : Se e ≥ 1 de certa ordem em diante , tem-se dessa ordem em diante
xn
xn ≥ 0 e e≥ 1 + xn ≥ 1 donde resulta por enquadramento que lim (1 + xn ) = 1 , ou
xn −x
seja, lim xn = 0 . Sendo e ≤ 1 , tem-se e n ≥ 1 , logo lim (- xn ) = 0 , ou ainda,
xn xn
lim xn = 0 . Sendo, para infinitos n , e ≥ 1 e para infinitos n , e < 1 , têm-se duas
subsucessões xα n e x β n (uma para cada caso) ambas com limite nulo; utilizando o
mesmo argumento que na parte final da demonstração da propriedade P8, conclui-se que
também neste caso lim xn = 0 .
xn a
P10 : Dada uma sucessão xn de números reais , tem-se lim e = e se e só se
lim xn = a
xn − a
e a ⇔ e − a . lim e e − a . e a = 1 ⇔ lim e
xn xn
lim e = = =1⇔
56
Demonstração : Fazendo z = y - x > 0 , a propriedade P5 permite escrever,
ey = ez + x = ez . e x > ex ,
xn
P12 : Dada uma sucessão xn de números reais , tem-se lim e = +∞ se e só se
xn
lim xn = +∞ ; e tem-se lim e = 0 se e só se lim xn = -∞
xn − xn xn
lim e = 0 ⇔ lim e = +∞ ( porque e ≥ 0 ) ⇔ lim (- xn ) = +∞ ⇔
⇔ lim xn = -∞ ,
a) Não pode ser e λ < b . Esta desigualdade implicaria e λ < eθ , ou seja λ < θ
λ θ
( λ ≥ θ ⇒ e ≥ e , por P11). Existiria então uma sucessão de valores xn ∈ ]λ , θ [
xn λ
tal que lim xn = λ , o que implicaria ser lim e = e . Mas como estamos a considerar
57
e λ < b , os termos da sucessão e eλ < e n < b
xn x
que verificariam a condição
xn
de certa ordem em diante ; os correspondentes xn pertenceriam então a X (pois e < b
e, por outro lado, xn ∈ ]λ , θ [ ⇒ xn ∈[µ , θ ] ) ; existiriam assim em X números
maiores que o respectivo supremo λ ( xn ∈ ]λ , θ [ ⇒ λ < xn ) .
λ x λ
b) Não pode ser e > b . Se fosse, ter-se-ia e < b < e para todos os x ∈ X ; por
ser λ = Sup X , existiria para cada n um número xn ∈ X tal que λ - 1/n < xn ≤ λ (caso
contrário, λ - 1/n seria um majorante do conjunto X menor que o respectivo supremo λ);
e λ resultaria lim e e λ ≤ b < e λ , ou seja,
xn xn
claro que lim xn = λ e de e < b< =
e λ < e λ o que é absurdo.
Ficou assim provado que e λ = b. Vamos agora ver que λ é efectivamente o único valor
x β λ
que verifica a igualdade x , e = b. Se um outro valor β também fizesse e = b = e
, a propriedade P11 permitiria concluir que necessariamente β = λ ( porque β < λ ⇒
⇒ e β < e λ e , por outro lado, β > λ ⇒ e β > e λ ).
O estudo feito para a exponencial de base e vai agora permitir-nos definir logaritmo
natural e demonstrar as suas propriedades.
Dado b ∈ R+ viu-se na propriedade P13 que existe um e um só valor real λ tal que,
e λ = b . A esse número λ chama-se logaritmo natural ou de base e do número positi-
vo b e escreve-se, λ = log b. Das propriedades da exponencial de base e decorrem
como muita facilidade as propriedades dos logaritmos naturais, a maioria das quais já são
supostamente do conhecimento do leitor. Assim:
P14 : Sendo b > 1 , tem-se log b > 0 ; sendo b = 1 , tem-se log b = 0 ; sendo b < 1 ,
tem-se log b < 0
log b
Demonstração : Basta notar que , por definição de logaritmo natural , b = e e
atender a P2 . Vejamos só a título de exemplo o caso de ser b > 1 : neste caso tem-se
log b log b
b= e > 1 donde resulta que log b > 0 (dado que, log b ≤ 0 ⇒ e ≤ 1,
pela propriedade P2).
+ log c
el o g b = e l o g b . e l o g c = b . c ⇒ log ( b.c) = log b + log c .
58
P16 : Com b , c > 0 , tem-se log ( b/c) = log b - log c
( )
r
er l o g b = el o g b = br .
lim xn = lim el o g xn
=a= e l o g a ⇔ lim log xn = log a ;
b) Como em a), utilizando a propriedade P12 (caso do limite mais infinito);
Viu-se na propriedade P17 que, sendo b > 0 e r um número racional qualquer, log br = r
log b . Desta igualdade decorre, por definição de logaritmo natural, que,
59
br = er l o g b .
Quer dizer : a potência de base b > 0 e expoente racional r qualquer , cujo significado já
conhecemos , é dada pela igualdade precedente.
Vamos precisamente usar essa igualdade, cujo segundo membro tem significado mesmo
com r irracional , para definir potência de expoente qualquer (racional ou irracional) e
base positiva. Com r ∈ R , racional ou irracional, e b > 0 ,
br = er l o g b .
Claro que, como vimos, para r racional, esta igualdade dá a br o significado usual já
anteriormente estudado .
As propriedades das potências de expoente racional e base positiva são conservadas com
este alargamento da noção de potência. Assim, por exemplo,
bα . bβ = eα log b
. eβ log b
= eα log b + β log b
=
= e (α + β ) l o g b = bα+β ;
b) Com α e β reais e b real positivo,
( bα )β = ( eα log b β
) = eβ l o g ( eα l o g b )
= eβ α log b
= bαβ ,
1
eα log b 1
bα = = = ;
−α l o g b b −α
e
⇒ eα log b
< eα log c
⇒ bα < cα ;
60
⇒ eα log b
> eα log c
⇒ bα > cα ;
⇒ bα < bβ ;
2) α < β ∧ b < 1 ⇒ α log b > β log b ⇒ eα log b
> eβ log b
⇒
⇒ bα > bβ .
As restrições que por vezes tivemos que impor no estudo feito nos pontos 6. e 7. em
virtude de não estar ainda definido o conceito de potência de expoente irracional, podem
agora ser levantadas. Assim,
61
as propriedades da exponencial e logaritmo de base natural permitem tirar as seguintes
conclusões, em que u designa lim un :
0α = +∞ , se α < 0 .
9. A exponencial de base b ≠ 1
x log b
Sendo b > 0 e b ≠ 1 , tem-se como vimos no ponto 8. que bx = e para todo o
x ∈ R . As propriedades da exponencial de base b são as que já foram estudadas no ponto
anterior no âmbito do alargamento da noção de potência de base positiva a um expoente
qualquer (racional ou irracional).
u log b
Tendo em conta que lim b u n = lim e n e aplicando as propriedades relativas a
limites da exponencial e logaritmo de base natural, conclui-se (designando por u o limite
da sucessão un) : lim b u n = b u , desde que se convencione ,
62
Para terminar o presente ponto considere-se o cálculo de um limite do tipo,
lim (u n )vn = u v = (l i m u n )
l i m vn
,
0 v = +∞ e (+∞) v = 0 , se -∞ ≤ v < 0 ;
u+∞ = +∞ e u -∞ = 0 , se 1 < u ≤ +∞ ;
u+ ∞ = 0 e u -∞ = +∞ , se 0 ≤ u < 1 .
x n (n − 1) x 2 n (n − 1) (n − 2 ) x 3 n (n − 1) ... 1 x n
(1+ x/n)n = 1 + n ⋅ + ⋅ 2 + ⋅ 3 + ⋅⋅⋅ + ⋅ n,
n 2! n 3! n n! n
n (n − 1 ) ... (n − k + 1 ) 1 k −1
ξ k( n ) = k
= 1 ⋅ (1 − ) ⋅ ⋅⋅⋅ ⋅ ( 1 − )
n n n
k = 1 , 2 , ... , n .
63
Fixe-se o natural m e separem-se no desenvolvimento de (1+ x/n)n as primeiras m
parcelas das n - m + 1 restantes, obtendo-se então:
x2 x m −1
(1 + x / n ) n = 1 + x . ξ 1( n ) + ⋅ ξ (2n ) + ⋅⋅⋅ + ⋅ ξ (mn−)1 +
2! (m − 1)!
xm x x n−m
+ ⋅ ξ m( n ) + ⋅ ξ m( n+)1 + ⋅⋅⋅ + ⋅ ξ n( n )
m! m +1 (m + 1 ) (m + 2 ) ... n
ou seja,
(n) x2 (n ) x m −1 (n ) xm
(1 + x / n ) = 1 + x . ξ
n
1 + ⋅ ξ 2 + ⋅⋅⋅ + ⋅ ξ m−1 + ⋅ ξ (mn ) ( x ) ,
2! (m − 1)! m!
em que,
x x n−m
ξ (mn ) ( x ) = ξ (mn ) + ⋅ ξ (mn+)1 + ⋅⋅⋅ + ⋅ ξ (nn ) .
m +1 (m + 1) (m + 2 ) ... n
x2 x m −1
1+ x + + ⋅⋅⋅ + ,
2! (m − 1 )!
porque cada um dos ξ k( n ) ( k = 1 , 2 , ... , m-1) tende com se viu para a unidade. A
parcela residual,
xm
⋅ ξ (mn ) ( x ) ,
m!
do segundo membro tem também de ter limite finito (porque é a diferença de duas
sucessões com limite finito) , o que permite concluir que existe também finito o
lim ξ (mn ) ( x ) ; com efeito, com x ≠ 0 ,
xm xm
≠ 0 ∧ lim ⋅ ξ (mn ) ( x ) finito ⇒ lim ξ (mn ) ( x ) finito ;
m! m!
64
|x| |x| 2 | x | n −m
| ξ ( x) - ξ | ≤
(n )
m
(n )
m + + ⋅⋅⋅ + ;
m + 1 (m + 1) 2 (m + 1) n −m
quando seja m + 1 > | x |, tem-se portanto:
|x| | x | n − m +1 |x|
− n − m +1
m +1 (m + 1) m +1 |x|
| ξ (mn ) ( x ) - ξ (mn ) | ≤ ≤ = ,
|x| |x| m +1 − | x |
1 − 1 −
m +1 m +1
a passando ao limite em n obtém-se,
|x|
| ξ m ( x ) - 1| ≤ , para m + 1 > | x | .
m +1 − | x |
As considerações precedentes permitem-nos demonstrar com facilidade o seguinte,
Teorema 15 : Tem-se,
x2 x m −1 xm
e =
x
1+ x + + ⋅⋅⋅ + + ⋅ ξ m ( x)
2! (m − 1 )! m!
e para cada sucessão xn de valores de x que tenda para zero, tem-se lim ξ m ( x n ) = 1
65
Vejamos dois exemplos de aplicação.
1/ n
1) Cálculo de lim ( e - 1). n . Como lim 1/n = 0 , tem-se:
1/ n 1
lim ( e - 1) = lim ( 1 + . ξ 1 - 1 ). n = lim ξ 1 = 1 .
n
(1 / n ) . l o g 2
lim ( 21/n - 1 - 1/n). n2 = lim [ e - 1 - 1/n] . n2 =
log 2 l o g2 2 1 2
= lim 1 + + ⋅ ξ 2 − 1 − ⋅n =
n 2! n 2 n
l o g2 2
= lim n (l o g 2 − 1) + ⋅ ξ 2 = - ∞ .
2!
Com base no teorema 15 vão obter-se duas fórmulas aplicáveis aos limites dos
logaritmos:
x − l o g (1 + x )
, x≠0
λ(x) = x2 .
1 / 2 , x=0
x n − l o g (1 + x n ) 1 + x n − 1 − l o g (1 + x n )
λ ( xn ) = = =
x n2 (1 + x n − 1 ) 2
e l o g (1 + xn ) − 1 − l o g (1 + x n )
= ;
[e ]
l o g (1 + xn ) 2
− 1
aplicando a fórmula do teorema 15 (no numerador com m = 2 e no denominador com
m = 1), obtém-se:
l o g 2 (1 + x n )
1 + l o g (1 + x n ) + ⋅ ξ 2 − 1 − l o g ( 1 + xn )
2! 1 ξ2
λ ( xn ) = = ⋅ ,
[ ] ξ
2
1 + ξ 1 ⋅ l o g ( 1 + xn ) − 1 2 1
66
e como,
lim xn = 0 ⇒ lim log (1 + xn ) = 0 ⇒ lim ξ 1 = lim ξ 2 =1,
Corolário 1 : Tem-se log (1+ x) = x . η(x) e para cada sucessão xn de valores de x que
tenda para zero, tem-se lim η( xn ) = 1
com η(x) = 1 - x . λ(x) . Sendo lim xn = 0, conclui-se logo que lim η( xn ) = 1, como se
pretendia provar.
Sendo agora xn uma sucessão de valores de x com limite nulo, tem-se que é nulo o
lim log (1+ xn ) e portanto lim ξ 1 = 1 ; por outro lado, lim η( xn ) = 1, assim se concluin-
do que lim ζ (xn ) = 1 .
Tal como se disse a propósito do teorema 15, quando na aplicação do teorema 16 e seus
corolários não houver perigo de confusão quanto às sucessões envolvidas nos cálculos,
escreve-se λ em vez de λ(xn ) , η em vez de η( xn ) e ζ em vez de ζ ( xn ).
1) lim n2. [ log (1 + 2/n) - 2/n] = lim n2. (2/n - λ . 4/n2 - 2/n) =
= lim (-4λ) = -2 .
67
2) lim n.[log (n + 1) - log n] = lim n . log (1 + 1/n) = lim (n .η . 1/n) = 1 .
4) lim n . [ 3
1 + l o g (1 + 1 / n ) - 1] = lim n . [ 1+(1/3).log (1+1/n). ζ - 1] =
= lim n . [ (1/3). (1/n) . η . ζ ] = lim (1/3). η . ζ = 1/3 .
n ( n − 1) 2 n ( n − 1 ) ... 1 n
1 + nb + ⋅ b + ⋅⋅⋅ + ⋅b ⋅ | a | n < 1 .
2 ! n !
Portanto,
n ( n − 1) 2
⋅b ⋅ | a | n < 1 ,
2 !
ou seja,
2
0 < n.| a |n < ,
b 2 (n − 1 )
donde resulta de imediato por enquadramento, lim n . | a|n = 0 , ou seja, lim n . an = 0
.
b) A sucessão de termo geral un = an/n! é um infinitésimo. Supondo que |a| > 0 (para
a = 0 , o resultado é evidente), determine-se um m ∈ N tal que,
|a |
< b < 1 (com b fixado no intervalo ] 0 , 1[ ) .
m
Tem-se então,
| a |n | a |n | a |n − m |a | |a |
< = | a |m ⋅ = | a |m ⋅ ⋅ ⋅⋅⋅ ⋅ ;
n! n ( n − 1) ... ( m + 1 ) ( m + 1) ... ( n − 1) n m+ 1 n
como,
68
|a | |a |
<b<1 ⇒ < b < 1 ( j = 1 , 2 , ... ) ,
m m+ j
tem-se,
m
| a |n | a |
< | a |m . ( b .b . ... . b) = | a |m . b n − m = ⋅ bn .
n! b
Por ser, ( |a| / b)m constante e 0 < b < 1 , conclui-se por enquadramento que ,
| a |n an
lim = 0 , ou seja , lim =0,
n! n!
como se queria demonstrar.
69
12. Teoremas subsidiários
xn + 1 − xn xn
lim = k ⇒ lim = k
yn + 1 − yn yn
com k finito, k = +∞ , ou k = -∞
Demonstração : a) Vejamos primeiro o caso do limite finito. Fixado ε > 0 , existe uma
ordem m = nε tal que , para n > m ,
xn + 1 − xn
k - ε /2 < < k + ε /2 .
yn + 1 − yn
Para facilitar a demonstração consideraremos que a ordem m = nε é determinada de
forma que yn > 0 para n > m , o que sempre se consegue por ser , por hipótese,
lim yn = +∞ . Escrevendo a desigualdade precedente para os naturais m+1 , m+2 , ... , n-
1 (com n ≥ m +2 ), obtém-se:
xm + 2 − xm + 1
k - ε /2 < < k + ε /2
ym + 2 − ym + 1
xm + 3 − xm + 2
k - ε /2 < < k + ε /2
ym + 3 − ym + 2
.…………………………………….
xn − xn − 1
k - ε /2 < < k + ε /2
yn − yn − 1
ou ainda, em virtude de serem positivos os denominadores (yn é estritamente crescente),
...............................................................................................
70
ym + 1 xn − xm + 1 ym + 1
( k − ε / 2) .( 1 − ) < < ( k + ε / 2) .( 1 − )
yn yn yn
ym + 1 xm + 1 xn ym + 1 xm + 1
( k − ε / 2) .( 1 − ) + < < ( k + ε / 2) .( 1 − ) + .
yn yn yn yn yn
ym + 1 xm + 1
lim ( k − ε / 2) .( 1 − ) + = k - ε /2
yn yn
ym + 1 xm + 1
lim ( k + ε / 2) .( 1 − ) + = k + ε /2 ,
yn yn
ym + 1 xm + 1
(k - ε /2) - ε /2 < ( k − ε / 2) .( 1 − ) +
yn yn
ym + 1 xm + 1
(k + ε /2) +ε /2 > ( k + ε / 2) .( 1 − ) + .
yn yn
Então, a partir da maior das três ordens, m+1 = nε +1 , p = nε′ e q = nε′′ , tem-se:
xn
( k − ε / 2) − ε / 2 < < ( k + ε / 2) + ε / 2 ,
yn
ou seja,
xn
k − ε < < k + ε ,
yn
o que prova ser lim xn / yn = k .
xn + 1 − xn
> 1/ε ,
yn + 1 − yn
xn + 1 − xn
< - 1/ε ,
yn + 1 − yn
71
O teorema precedente admite os seguintes corolários imediatos:
Corolário 1 : Quando seja lim (xn+1 - xn ) = k (finito ou infinito), tem-se que também
lim xn / n = k
y n +1
Corolário 2 : Sendo lim = k ( finito ou infinito ) e yn > 0 , então também
yn
lim n
yn = k
y n +1 y n +1
lim = k ⇔ lim log = log k ⇔ lim ( log yn+1 - log yn ) = log k ,
yn yn
l o g yn
lim = log k ,
n
Note-se que os recíprocos do teorema 6 e seus corolários são falsos. Assim, por exemplo,
sendo,
n + 1 , n par
yn = ,
2 n , n impar
conclui-se com facilidade que lim n y n = 1 e, no entanto, não existe,
y n +1
lim (há duas subsucessões com limites distintos).
yn
1) Cálculo de lim (1 + 1/2 + ... + 1/n) / n. com a sucessão xn = 1 + 1/2 + ... + 1/n , tem-se,
n
2) Cálculo de lim n! . Tem-se,
( n + 1 )!
lim = lim (n + 1) = +∞ ⇒ lim n
n ! = +∞ .
n!
72
13. Exercícios
n + ( − 1) n
a) un = ; b) un = 1 + 1/2 + ... + 1/2n ; c) u1 = 1 , un+1 = 2 + un ;
n
d) u1 = 1 , un = 1 + 1/ un-1 .
2 - Mostre que a sucessão de termo geral un = n ( −1) é minorada mas não majorada.
n
3 - Mostre que a sucessão de termo geral un = (-1)n. n não é majorada nem minorada.
b) Determine uma expressão que permita o cálculo de un sem ter que calcular os termos
anteriores .
2n
5 - Considere sucessão de termo geral un = .
n+1
a) Mostre que é limitada;
2n
b) Mostre que o conjunto K = { k. : < k , ∀ n ∈ N} tem ínfimo e determine o
n+1
respectivo valor.
n
6 - Considere sucessão de termo geral un = .
n+1
a) Utilizando a definição de limite, mostre que, lim un = 1 ;
5n 2
7 - Considere sucessão de termo geral un = .
n2 + 1
a) Utilizando a definição de limite, mostre que, lim un = 5 ;
73
8 - Utilizando a definição de limite, mostre que:
2n − 1 n2 + 1 n2 − 1
a) lim = 1 ; b) lim = + ∞ ; c) lim =1;
2n + 2 2n n
1− n
[ ] n
2
d) lim = - ∞ ; e) lim ( −1) n + 1 / n = 1 ; f) lim =1 ;
n n +1
n+ n
g) lim = 1 / 2 ; h) lim (n + 1/n) = +∞ ; i) lim log n = + ∞ .
2n
9 - Dadas as sucessões,
n
un = ( −1 ) ⋅
n+1
e un =
[ ( −1 ) n
]
+ ( −1 ) n + p . n − 1
( p ∈ N) ,
n+2 2n − 1
mostre que a primeira não tem limite e que a segunda só tem limite quando p seja ímpar.
1 / n , n = 2k 2n + 1
a) un = ; b) un = ( −1) n . ;
n , n = 2k + 1 n
( −1) n + ( −1) n +1 . 2
e) un = sen (nπ /2) + (1/2) . cos (nπ /2) ; f) un = ;
2 + ( −1) n
g) un = cos (2nπ /3) + (-1)n . sen (2nπ /3) ; h) un = sen (2nπ /4) ;
(n +1) π
i) un = log | cos | + log [ 2 + (-1)n] .
3
a) un =
( −1) n + x 2 . ( −1) n +1
; b) un =
[(−1) n
]
+ ( −1) n + p . n − 1
;
1 + x2 2n − 1
74
12 - Dê exemplos de uma sucessão cujo conjunto dos sublimites seja o conjunto:
b) lim mín un + lim mín vn ≤ lim mín (un + vn) ≤ lim máx (un + vn) ≤
2n + 3 n2 − 1 2n + 1 1 + n3
a) un = ; b) un = 4 ; c) un = n + 1 ; d) un = 2 ;
2n − 1 n +3 2 +1 n + 2n + 1
( −1 ) n . n 3 + 1 n ( n − 1) ( n − 2 ) ( n − 3 )
e) un = ; f) un = ;
n 2
+ 2 ( n + 1) ( n + 2 ) ( n + 3 )
n ( n − 1) ( n − 2 ) ... ( n − p ) a n bn
g) un = ( p, q ∈ N ) ; h) un = n (a,b ∈ R+) ;
( n + 1) ( n + 2 ) ... ( n + q ) a +b n
x n4 − 1 n + 3
i) un = n+1 − n ; j) un = (xn → 1) ; k) un = n⋅ .
xn − 1 ( n + 1) 2
75
1 1 1
c) lim [ 1.(1/2).(1/3). ... .(1/n)] ; d) lim 2 2
+ 2 2
+ ⋅⋅⋅ + 2 2
;
n + 1 n +2 n +n
n n n
e) lim + + ⋅⋅⋅ + ;
n4 + 1 n4 + 2 n + 2 n + 1
4
1 1 1
f) lim 1 + + + ⋅⋅⋅ + ;
2 3 n
n n n
g) lim + + ⋅⋅⋅ + .
n (n + 1 ) (n + 1) ( n + 2 ) (2 n − 1) 2 n
76
19 - Estude do ponto de vista da monotonia e existência de limite a sucessão,
un2 − 1
u1 = 1 , un = .
1 + un2 − 1
2n
n + 2
( ) ( )
n3 n2
d) lim ; e) lim 1 + 1 / n 2 ; f) lim 1 + 1 / n 3 ; g) lim logn a ;
n
l o g ( n + 1)
1
h) lim (n + 1) ; i) lim (1 / n) ; j) lim ( n )
1/ l o g n 1/ n 2 1/ n 2
; k) lim 1 + ;
l o g n
n +1 1 n +1
; m) lim (1 + 1 / n )
log n
l) lim n
⋅ tang ⋅ log ; n) lim (1/n)1/n ;
n n n
o) lim ( s e n 1 / n) ; p) lim (1 / n )
1/ l o g n s e n 1/ n
.
n + 1 l o g ( n + 1) 2 n2 + 3 n2 + 1
c) lim ⋅ ; d) lim ⋅ log 2 ;
n log n 3n n − 1
77
n2 + n + 1
log
n2 + 1
e) lim
n−3
; f) lim n . 1 − [ (1 − a / n ) ( 1 − b / n ) ] ;
3 − 1
n+3
n 2 α − (n 2 − 1) α
g) lim ( 1 + un ) vn , com lim un = 0 e lim un vn = k ; h) lim ;
n 2 ( α − 1)
n
2 1
i) lim n . ( n
e − 1 − 1 / n ) ; j) lim 1 + ;
l o g n
2n + 1
k) lim ( −1 ) n ⋅ − ( −1 ) n . n . l o g ( 1 + 2 / 3 n ) ;
3n + 1
3
n2 − 1
− 1
[
l) lim n 3 − n 5 . l o g ( 1 + 1 / n 2 ) ; m) lim ] e
l o g (1 + 1 / n2 )
;
[
n) lim n . l o g ( 1 + 1 / n 2 ) + (n + 1) . l o g ( 1 + 1 / n 2 ) + ... + 2 n . l o g ( 1 + 1 / n 2 ) ; ]
o) lim n . [l o g ( n + 3 ) − l o g n − 1 / n] ; p) lim n n . ( 1 + n 2 ) − n
2 2
/2
;
( n + 1) l o g n − n l o g ( n + 1)
q) lim ; r) lim (n + 2 ) (n + 3 ) − n ;
log n
α
log
n+3
s) lim n
n.e
1 + α log n
[ ]
(α > 0) ; t) lim ( 1 + 1 / n ) 1/ 3 − 1 . l o g ( 1 + 1 / n ) . n 2 ;
1
n +1
2 c o s (1 / n ) n + 1 l o g ( n + 1) − log n
u) lim 1 + ; v) lim s e n l o g .
n n
78
n + n (l o g l o g n ) 3 e
n
a) lim ; b) lim ; c) lim .
n − l o g2 n log n n
s e n α + s e n (α / 2 ) + s e n (α / 3 ) + ... + s e n (α / n )
a) lim ;
1 + 1 / 2 + 1 / 3 + ... + 1 / n
n
(n + 1 ) (n + 2 ) ... (2 n ) l o g n!
b) lim ; c) lim ;
n 1 + 2 + 3 k + ... + n k
k k
( 2 n )! n . log n e + e 2 + e 3 + ... + e n
d) lim n ; e) lim ; f) lim 2 ;
n! l o g n! 1 + 2 2 + 32 + ... + n 2
n! 1 n 1. 2 . ... . n
g) lim n ; h) lim ⋅ n! ; i) lim n ;
l o g (n +1 )! n 3 . 5 . ... . (2 n + 1 )
1α + 2 α + 3α + ... + n α log n en
j) lim ( α > -1) ; k) lim ; l) lim ;
nα + 1 n n
m) lim
1
n 2 [
⋅ s e n α + 2 2 s e n (α / 2 ) + 32 s e n (α / 3 ) + ... + n 2 s e n (α / n ) . ]
28 - Mostre que em R , se X e Y são conjuntos limitados e fechados, então também é
limitado e fechado o conjunto Z = { x + y : x ∈ X e y ∈ Y } .
RESPOSTAS:
4 - a) -1/2 ; b) un = (-1/2)n -1 .
5 - b) 2 .
6 - b) 999 .
7 - b) 223 .
10 -
lim máx lim mín outros sublimites
a) +∞ 0 Não há
b) 2 -2 Não há
c) -1 -1 Não há
d) 3/2 - 3/2 0
e) 1 -1 -1/2 e 1/2
f) 1 -1/3 Não há
g) 1 -1/2 - 3 / 2 -1/2 + 3 / 2
h) 1 -1 Não há
i) log 3 -log 2 log (3/2) e 0 .
11 - a) Existe limite apenas para x = ± 1 , sendo 0 o respectivo valor ; b) Com p par não existe
limite, com p ímpar o limite é 0 ; c) O limite não existe qualquer que seja x .
79
7 + ( −1) n
12 - a) un = ; b) -1 , -2 , -1 , -2 , -3 , -1 , -2 , -3 , -4 , ... ; c) Qualquer sucessão
2
cujo conjunto dos termos seja [ 0 , 1] ∩ Q (note-se que este conjunto é numerável) ; d)
Qualquer sucessão cujo conjunto dos termos seja Q .
16 - a) 0 ; b) 2 ; c) 0 ; d) 0 ; e) 2 ; f) +∞ ; g) +∞ .
23 - a) e ; b) e6/ 5 ; c) e-3 ; d) e4 ; e) +∞ ; f) 1 ; g) 0 ; h) e ; i) 1 ; j) 1 ; k) e ; l) 1 ;
m) 1 ; n) 1 ; o) e-1 ; p) 1 .
25 - 1 .
26 - a) 1 ; b) 0 ; c) +∞ .
80