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DOMINANDO

O FUTEBOL
GUIA TÁTICO PARA ANALISTAS, TREINADORES E FÃS.

GABRIEL FRANCO
INTRODUÇÃO
A palavra “tática” é muito utilizada
quando falamos de futebol. Mas afinal, o que
isso quer dizer? Qual a importância da tática
para o jogo? Existe a “tática perfeita”? Como
a tática é usada no futebol? Esse capítulo
tem como objetivo responder essa e outras
perguntas relacionadas. Além de
contextualizar o resto da leitura que te
aguarda mais para frente!

A tática no futebol refere-se a um conjunto


de estratégias e planos adotados por uma
equipe para alcançar seus objetivos durante
uma partida. Vai além das habilidades
individuais dos jogadores e abrange a
organização coletiva em campo. É como a
equipe se posiciona, ataca, defende e se
adapta ao longo dos 90 minutos de jogo.

Futebol é um jogo coletivo composto por


individualidades. Ou seja, toda decisão
tomada por um jogador tem um resultado
diferente no final da jogada. Essa relação
individual-coletiva é necessária para
entendermos bem sobre o assunto. As
decisões do individual afetam positivamente
ou negativamente no jogo. Ou seja, uma
corrida para lateral, para o fundo, uma
movimentação entre linhas, ou qualquer
outra ação dentro do campo tem impacto
direto na forma como a equipe joga.
Essa dimensão tática do futebol envolve
conceitos complexos, mas sua essência é
simples: trata-se de colocar os jogadores em
posições estratégicas para superar os
adversários e criar oportunidades de gol.
Sem a bola: colocar os jogadores em
posições estratégicas para recuperar a bola e
não sofrer gol. A tática é a mente por trás da
beleza do futebol, é a maestria que
transforma passes, chutes e corridas em uma
dança harmoniosa.

No Brasil, a ideia de tática ainda é pouco


debatida. Pelo menos com a profundidade
que o assunto pede. Nossa imprensa aborda
o assunto com muita superficialidade e
preferem fazer polêmicas a falar sobre o jogo
e suas evoluções. E quando falam do
taticamente, sobre o jogo jogado, ideias,
usam termos e palavras difíceis que não
comunicam nada para massagear o próprio
ego e afastam o fã médio de futebol da
profundidade do jogo.

O futebol é um esporte que pode ser jogado


de várias formas diferentes. Com foco na
defesa, em atacar, em ter a posse de bola,
em jogar em transição... e inúmeras outras!
Esse livro tem como objetivo ser para você
uma introdução ao mundo do jogo pensado
da tática. Quero te apresentar os principais
conceitos táticos, o que eles querem dizer,
como são aplicados nas partidas, te ensinar
sobre o básico desse assunto tão profundo
que é a parte tática do futebol e mudar a sua
visão sobre o jogo! E no final deixo uma
reflexão para você. Boa leitura!
DIVISÕES DO
CAMPO
O campo de futebol pelo padrão FIFA tem
uma média de 100m de comprimento por
70m de largura (mas pode variar para mais
ou para menos). É muito grande. Para
compreendermos melhor os momentos do
jogo e as táticas da equipe, usamos alguns
métodos de divisão do campo para facilitar o
entendimento do que está acontecendo
naquela determinada área.
São várias as divisões que podemos fazer,
vou apresentar as principais divisórias e
termos utilizados:
OBS: a direção de ataque de todas as
imagens é a mesma: esquerda defendendo e
direita atacando.
3 FASES DE CONSTRUÇÃO:

A mais conhecida das divisões de campo. Aqui o campo é dividido


em 3 partes definindo a situação que o ataque se encontra. Pode
também ser também dividida em alto risco, médio risco e alto risco
(primeira, segunda e terceira fase respectivamente) sendo o “risco”
de perder a bola nessa área.

Primeira fase de construção: é a saída de bola do time. O


objetivo principal do time é começar a construção da
jogada. A linha defensiva (zagueiros e laterais) tem um
papel fundamental nessa fase.
Segunda fase de construção: aqui a
equipe com bola já superou a primeira
pressão do adversário e controla mais
da metade do campo. O objetivo é
progredir no campo do adversário com
a bola e chegar no último terço. Os
jogadores que normalmente
participam dessa fase são os meias
(possivelmente um zagueiro ou lateral
também). Além dos atacantes que com
suas movimentações nas entrelinhas
podem gerar espaços para a
progressão da equipe. Movimentação
coordenada e jogo nas entrelinhas são
a chave dessa fase.

Zona de finalização: também


conhecida por último terço, é o setor
mais próximo do gol. Aqui é onde o time
vai buscar finalizar suas jogadas e marcar
os gols. Os atacantes são os principais
jogadores nessa fase, mas a participação
dos meias e laterais (normalmente para
cruzamentos) é essencial para eles
acharem os passes para os atacantes
definirem as jogadas.

Essa divisão é a que usaremos como


base para falarmos dos princípios táticos
nos próximos capítulos, por isso é muito
importante conhecer essa divisão!
4 SETORES DO CAMPO

Bem parecida com a de 3 setores, mas essa divide o meio campo


em parte ofensiva e defensiva. Acredito que quem tem bola ataca
(mesmo que esteja só tocando a bola atrás), porque quem tem
bola tem como marcar, e por isso não utilizo tanto essa divisão em
minhas análises (ocasionalmente uso).

Mas é uma divisão interessante para explicar os setores do


campo. Nos meus treinos eu uso bastante, e para quem está
iniciando nos estudos sobre futebol, é uma divisão bem clara e
que facilita legal o entender!
3 CORREDORES

Outra divisória é a dos três corredores. Essa é uma divisão


interessantes quando falamos de amplitude e profundidade
(veremos mais para frente). A divisão é simples: dois corredores
laterais e um central.

Essa divisão serve para entendermos bem por que lado o time
ataca, por onde tem o foco no seu jogo. Além de que nos ajuda a
controlar a amplitude e balanço do time (caso de treinadores).
Ocupar os três corredores é uma ideia comum entre os treinadores.
Pois com os jogadores ocupando todos os corredores, o lado oposto
sempre terá espaço para receber a bola (no pé ou a frente).

Mas com o passar dos anos, essa divisão foi modernizada para a
com 5 corredores.
5 CORREDORES

A divisão dos 5 corredores acrescenta o que achamos


de “meio-espaço”. Mas o que é isso? Muito falados por
Pep Guardiola e Jurgen Klopp em suas entrevistas, o
meio-espaço é o espaço entre o corredor lateral e o
corredor central. Há alguns anos, era muito debatido
sobre o tamanho dos corredores na divisória dos 3
corredores. Isso porque o tamanho das laterais fica muito
grande, e os atletas por vezes estão mais próximo do
meio do que da lateral. Mas se aumentassem o tamanho
do centro, o mesmo problema (mas ao contrário)
ocorreria.
A solução então foi essa criação do termo
meio-espaço, que facilita a divisão do centro
e das laterais do campo com um tamanho
proporcional.

Existem várias outras formas de divisão do


campo. Em 12 zonas, em 20 zonas, a divisória
do Jogo de Posição (Guardiola utiliza muito).
Porém, as que mostrei são menos complexas
e tão eficientes quanto divisões mais
avançadas.

MOMENTOS E SUB-
MOMENTOS DO JOGO:

O futebol é dividido em 5 momentos e


dentro deles temos os seus sub-momentos.
Os 5 momentos do futebol são: Organização
Ofensiva, Organização Defensiva, Transição
Ofensiva, Transição Defensiva e as Bolas
Paradas.

Dentro desse capítulo vamos entender o


que significa cada um desses momentos e os
conceitos táticos que existem dentro deles.
ORGANIZAÇÃO OFENSIVA
SUB-MOMENTOS: 1- CONSTRUÇÃO, 2- CRIAÇÃO, 3- FINALIZAÇÃO.

A organização ofensiva é quando o time que tem a bola se


organiza para atacar. Ou seja, os jogadores devem estar
cumprindo corretamente sua função/posição no campo
encontrando maneiras de chegar à meta adversária.

Na foto do exemplo, podemos ver o Brasil atacando a


Tunísia com uma 2-3-5 com laterais jogando por dentro. A
seleção brasileira usou alguns conceitos operacionais da
organização ofensiva como a amplitude, profundidade,
cobertura ofensiva e apoio. Mas o que são esses conceitos?
Vamos conhecer agora os principais conceitos da Organização
Ofensiva.
Conceitos Operacionais – a base da
O.O: quais as atitudes-padrão da O.O?
- Manutenção da posse da bola: para estar em
organização ofensiva, precisa ter a bola. E um dos
objetivos é permanecer com ela no pé para
continuar atacando.

- Progredir no campo adversário (ganhar


campo/metros): avançar no campo do adversário é
essencial para a O.O. Afinal, progredindo estamos
mais perto da meta.

- Finalizar a manutenção (chute ao gol): o objetivo


final da O.O é o chute ao gol. Então, a finalização da
Organização Ofensiva é o momento que acontece o
chute ao gol adversário.

Agora que conhecemos os Conceitos


Operacionais da O.O (atitudes-padrão/a base)
vamos falar da forma que eles são
executados no jogo. Esses são os Conceitos
Estruturais da O.O:
-Amplitude
-Profundidade
-Infiltração
-Ultrapassagem
-Cobertura Ofensiva
-Mobilidade
-Apoio

Vamos nos aprofundar nesses conceitos.


AMPLITUDE
A amplitude é a distância em largura do time. A distância entre os dois
extremos, laterais ou quaisquer outros que sejam os mais abertos.
Quando o time que tem a bola vai ao ataque, ele precisa deixar o
campo o maior possível para ter espaços para criar as situações de gol.
Enquanto o adversário, vai tentar deixá-lo o menor possível para evitar
que as chances sejam criadas.

Pegamos como exemplo essa imagem:

O time azul está jogando na 4-3-3. Perceba a


distância longa entre o 11 e o 7. Vamos ver
agora na prática como isso afeta na partida:
Essa distância gera esses espaços na defesa adversária, porque o
centroavante fixa os dois zagueiros e os laterais ficam no 1x1 contra os
extremos adversários. Uma forma de aproveitar esses espaços é
adiantando os meias e laterais uma linha a frente formando uma 2-3-5,
como no exemplo abaixo:
A última linha de ataque fica com todos os 5
corredores ocupados, além das costas dos meias
vulneráveis. Esse é um dos benefícios que a
amplitude pode trazer para o time que ataca. Porém,
vale dizer: esse exemplo foi dado com a amplitude
máxima, mas a amplitude pode ser média ou curta
também, dependa da proposta de jogo da equipe.

Times que tem característica o jogo apoiado, por


exemplo, tendem a jogar com a amplitude mais
reduzida, o que não é um problema! Porque esses
conceitos existem justamente para serem adaptados
conforme a proposta de jogo do treinador e as
características que ele tem no plantel!

PROFUNDIDADE
Se a Amplitude fala da largura, a
profundidade é o comprimento, mais
especificamente a distância entre o último
jogador e a linha de fundo. A profundidade
serve para “afundar” a defesa adversária o mais
próximo da meta dela possível. Um time sem
profundidade dificilmente vai conseguir criar,
porque a última linha de defesa do oponente vai
ficar cada vez mais próxima do meio campo, o
que atrapalha no desenvolvimento das jogadas.

Mas como a Profundidade pode ser benéfica?


Simples: ela estica a defesa adversária,
empurrando-a para trás, aumentando o espaço
de jogo e diminuindo a distância para o gol.
Existe o risco do impedimento, mas é muito
mais perigoso para a defesa adversária forçar
uma “linha burra”.
No exemplo acima, o vermelho ataca o azul em uma 3-4-3. Perceba
que o centroavante está bem afundado, segurando os dois defensores
enquanto a bola vem progredindo. Se quando a bola chegar nas
entrelinhas um dos zagueiros saltar a pressão, abre espaços em suas
costas para o centroavante ou ponta do lado da bola atacar a
profundidade e criar uma situação de gol.

Vale ressaltar que a profundidade também pode ser lateral, ou


seja, os extremos afundando a defesa adversária e criando dinâmicas
para atacar mais próximo ao gol.
INFILTRAÇÃO
A infiltração é quando um jogador “quebra” a sua função/posição e
entra em outro setor com a ideia de ganhar mais campo ou criar situação
de gol. É uma ideia muito usada no futebol é em todos os jogos podemos
presenciar esse momento, que normalmente acontece com meias ou
volantes invadindo a área.

A infiltração é como um elemento surpresa que surge na área


(normalmente) para criar a oportunidade de gol.

Vamos para o exemplo:

Esse lance acontece na partida entre Alemanha e Itália em 2022


pela Nations League. Na ocasião, os alemães venceram por 5 x 2.
Esse lance nos explica bem o que é infiltração. Nessa primeira
imagem, podemos perceber o Kimmich na intermediária, nas costas
de todos os defensores italianos.
Agora vamos ver a sequência da jogada:

Kimmich veio acompanhando a jogada de longe, mas viu um


espaço para infiltrar e marcar o primeiro gol da Alemanha na
partida. Os italianos não estavam esperando que a bola
chegasse sem marcação no meio da área, perceba que não tem
ninguém próximo o suficiente do Kimmich para atrapalhar a
finalização.
Essa entrada na área como elemento surpresa (ou sendo
apenas um jogador de outro setor) para finalizar se chama
infiltração.
ULTRAPASSAGEM
Muito utilizada nos corredores laterais para achar cruzamentos,
as ultrapassagens ocorrem quando um jogador sai de trás para
receber um passe a frente do portador da bola.

Vamos para o exemplo:

O portador da bola está em situação de 1x1 contra o


marcador. O lateral daquele lado, percebe que seu
companheiro está com dificuldade de sair da marcação e ele
precisa progredir a jogada, ele visualiza um espaço na
profundidade para ser atacado.
O lateral sai de trás, passa pelo portador da bola e recebe a
bola mais próximo da profundidade ganhando campo para
cruzar, tocar para trás ou progredir com bola no pé em direção
ao gol.

E se acontecer do lateral perder a bola, ele já tem cobertura


ofensiva para cobrir a perda. Vamos entender melhor o que é
isso no próximo tópico.
COBERTURA OFENSIVA
A cobertura ofensiva é um apoio próximo
de quem tem a bola, para caso ele perca a
posse, tenha um jogador próximo a ele para
fazer a pressão pós perda rapidamente e
recuperar a bola ou evitar que o adversário
progrida em direção ao seu gol.

MOBILIDADE
A mobilidade é o ato do jogador de
movimentar para criar linhas de passe. Ou
sejas, quando um centroavante sai da área
para receber, um ponta se aproxima do
portador da bola, um volante abre... as
movimentações ofensivas que geram linhas
de passe e opções de jogo são chamadas de
mobilidade.

APOIO
Os apoios são os jogadores que estão há
um raio de 9m do portador da bola. Eles são
as linhas de passe seguras que o portador
tem. Os apoios normalmente se movimentam
(mobilidade) para criar linhas de passes que
ajudam o time a progredir em direção ao gol
com a bola próxima.

O jogo apoiado, bem característico do


futebol espanhol e argentino, tem esse nome
porque utiliza muito desse conceito em sua
filosofia.
ORGANIZAÇÃO DEFENSIVA
SUB-MOMENTOS: 1- IMPEDIR A CONSTRUÇÃO, 2- IMPEDIR A CRIAÇÃO DE
SITUAÇÕES DE FINALIZAÇÃO, 3- IMPEDIR A FINALIZAÇÃO.

O contrário da O.O, nesse momento do jogo o time está sem a


posse da bola e está defendendo a sua meta. Se quando o time
ataca o campo tem que ficar grande, quando defende ele precisa
ser o menor possível!

Nesse jogo válido pelas quartas de final da Champions League


2021/2022 entre Manchester City e Atlético de Madri, podemos
ver o time espanhol se defendendo em uma 5-1-4 (mas nesse
jogo a maior parte do tempo ficaram em 5-5-0), e dentro dessa
formação inusitada, vemos alguns Conceitos Estruturais da O.D
sendo utilizados, como: balanço, compactação defensiva,
cobertura defensiva e outros.
Conceitos Operacionais – a base da
O.D: quais as atitudes-padrão da O.D?

- Recuperação da posse de bola: o


principal objetivo da Organização
Defensiva é recuperar a bola para voltar
a ter controle das ações do jogo.

- Contenção do avanço adversário:


impedir que o adversário progrida no seu
campo traz menos riscos de sofrer gols.

- Defesa da meta/funil: tomar gol é


algo que nenhum time quer. E defender o
funil (área entre a entrada da área e a
trave do gol) é necessário para isso não
acontecer.

As atitudes-padrão da O.D são essas,


agora, vamos ver como elas são
executadas em pelos Conceitos
Estruturais dentro de uma partida.

São eles:
-Balanço
-Compactação Defensiva
-Cobertura Defensiva
-Direcionamento
-Equilíbrio
BALANÇAR
O balançar é quando o time se posiciona para o lado que a
bola está.

Se estiver o adversário está atacando pela esquerda, o time


irá se posicionar fechando aquele lado que está sofrendo o
ataque.
Passando para prática:

Aqui temos um jogo entre Manchester City e Tottenham pela


PL 2021/2022. Observe como o time do City (vestido de azul)
está postado para defender a bola do lado esquerdo.
Agora veja como o time se organiza quando a bola balançou
para o outro lado (e outro terço do campo).

A marcação no campo defensivo tem jogadores mais próximos


da jogada, é mais compacta (próximo tópico). Já no campo
ofensivo, é mais espaçada e tem menos jogadores pressionando.

O balanço é o transitar de um lado para o outro fechando os


espaços que o adversário tem para jogar.
COMPACTAÇÃO DEFENSIVA

A compactação defensiva é a distância entre as linhas de defesa.


Elas podem ser linhas próximas (compactadas) ou mais distantes
(descompactadas).
Veja o exemplo abaixo na partida entre Argentina e Arábia
Saudita pela copa de 2022:
As linhas dos sauditas estão bem próximas, perceba que
a distância entre a primeira linha de defesa e última é
bem pequena, cerca de 10-12 metros. Isso é um time bem
compactado, um time com as linhas bem próximas.
Exemplo de um time menos compactado:

Pela Champions League 2022/2023, o Real Madrid enfrentou


o Chelsea nas quartas de final daquela edição. O Chelsea nesse
jogo não chegou a ser um time descompactado, mas tinha suas
linhas mais distantes em relação a Arábia Saudita, por exemplo.
Não existe um certo e errado em relação a compactação das
linhas defensivas. Existem times que funcionam bem com linhas
mais distantes e outros com linhas mais próximos. A proposta
do treinador e características do plantel são o que ditarão qual
será a melhor compactação para o time.
COBETURA DEFENSIVA
A cobertura defensiva é bem parecida com a ofensiva. Caso o
primeiro marcador (o defensor direto do portador da bola) falhe, ele
tem um companheiro para cobrir a bola.

No exemplo, Marquinhos é o opositor direto de quem tem a


bola, e caso seja driblado, Kimpembe já está em suas costas
cobrindo-o – e eventualmente se tornando o novo opositor direto.
A cobertura defensiva é a busca por ter 2 jogadores no setor da
bola, sendo um da contenção primeiro marcador) e o outro o
jogador da cobertura.
DIRECIONAMENTO
Como o próprio nome diz: esse conceito é levar o adversário
para uma área desejada, normalmente as laterais onde o risco é
menor, também podendo direcionar para onde a pressão é maior
ou fechar os avanços do portador e direcionar ele a tocar a bola
para trás.

Nesse lance nós conseguimos perceber isso. A defesa do Manchester City


direcionou o Neymar para a lateral do campo e fechou seus espaços de
avanço (drible e passe) com contenções e coberturas. Nessa situação Neymar
voltou a bola para os zagueiros porque ficou sem espaços para sair dessa
pressão.
O direcionamento na prática acontece muitas vezes cercando os jogadores
e fechando as ações deles em direção ao funil, e levando os jogadores para
essas zonas que não tem um risco tão alto.
EQUILÍBRIO
O conceito de equilíbrio no futebol se refere a gestão
da distância entre os jogadores de uma mesma linha
defensiva.
De exemplo temos a final da Champions 2021/2022
entre Liverpool x Real Madrid:

Observe as linhas do Liverpool, principalmente a


última linha defensiva. No balanço para o lado
esquerdo, existe um equilíbrio entre as linhas, há
uma proximidade igual (ou bem parecida) entre
todos os jogadores da linha de 4 dos Reds.
Mas o equilíbrio não é somente sobre ficar próximos
com uma distância parecida. Existe momentos que o
desequilíbrio – ficar com espaço na linha de defesa –
também é necessário e algo pensado.

Na final da Champions entre Chelsea e Man City em 2020/2021,


o Chelsea montou uma linha de 5 onde o ala do lado oposto ficava
desequilibrado do restante da linha defensiva. Por quê? Porque o
time de Guardiola ataca com uma amplitude alta, ou seja, tenta
explorar o lado oposto ao da bola.
Então nessas situações é um desequilíbrio pensado, porque tem
uma razão para ele existir e não é um erro organizacional.
TRANSIÇÕES OFENSIVA E DEFENSIVA
SUB-MOMENTOS OFENSIVA: 1- REAÇÃO AO GANHO DA POSSE
DE BOLA, 2- CONTRA-ATAQUE, 3- VALORIZAR A POSSE DE
BOLA.

SUB-MOMENTOS DEFENSIVA: 1- REAÇÃO À PERDA DA POSSE


BOLA, 2- RECUPERAÇÃO DEFENSIVA, 3- DEFESA DO CONTRA-
ATAQUE.

A transição ofensiva acontece quando o time recupera a


posse de bola (e a defensiva quando perde). A transição é o
momento que demora para os dois times se organizarem após
a troca da posse de bola. É o momento de mudança no jogo, é
o momento em que o time está em O.O – perde a bola – e se
organiza no campo para entrar em O.D. Esse meio tempo
entre uma organização e outra, nós chamamos de transição.
(Elas sempre ocorrem simultaneamente)

O momento de transição (tanto ofensiva quanto defensiva)


tem uma média de 3 a 8 segundos, mas pode variar para mais
ou menos dependendo do setor e contexto da partida.

Embora transição ofensiva nos remeta muito a contra-ataque,


é importante destacar que dentro dela, existem duas maneiras
que podem ser executadas:

- Transição direta: recuperar a bola e já tentar surpreender o


adversário rapidamente enquanto ele está desorganizado
(contra-ataque).

- Transição construída: o objetivo dessa é sair da zona de


pressão e valorizar a posse de bola para construir o jogo com
mais calma para se organizar em campo e começar e atacar em
organização.
Conceitos Organizacionais – a base da T.O:
quais as atitudes-padrão da T.O?

- Tirar a bola da pressão: quando recuperar a


bola, procurar saídas longe de onde a bola foi
recuperada para aliviar a pressão.

- Progredir no campo do adversário: buscar passes


verticais (para frente) buscando aproveitar a
desorganização do adversário.

- Manutenção da posse de bola: buscar ter o


controle do jogo depois da reconquista da bola.

Conceitos Organizacionais – a base da T.D:


quais as atitudes-padrão da T.D?

- Pressão após perda: quando perder a bola,


pressionar o adversário para recuperar a bola
rapidamente.

- Temporizar: se a primeira pressão não funcionar, a


recomposição deve acontecer e um jogador precisar
temporizar (atrasar) o ataque do oponente.

- Recomposição: o time que perdeu a bola precisa se


reorganizar atrás da linha da bola.
Vamos falar dos conceitos estruturais das transições com a
mesma simulação, pois eles são opostos e acontecem
simultaneamente. A equipe de vermelho entrará em T.D e a
azul em T.O.
Os conceitos estruturais da T.O e T.D são respectivamente:
- Densidade ofensiva x densidade defensiva
- Balanço ofensivo x balanço defensivo
- Proporção de ataque x proporção de defesa

DENSIDADE OFENSIVA X DENSIDADE DEFENSIVA:

A densidade defensiva é a quantidade de jogadores


que defendem na equipe que está atacando, e a
densidade ofensiva a quantidade de jogadores que
atacam na equipe que defende. Na nossa simulação,
temos um 3x2.
BALANÇO DEFENSIVO X BALANÇO OFENSIVO:

O balanço defensivo é a quantidade de


jogadores do time que ataca que estão prontos
para defender em caso de transição (normalmente
os que estão próximo da bola ou atrás da linha
dela).
Já o balanço ofensivo é a quantidade de
jogadores do time que defende preparados para
atacar.
PROPORÇÃO DE DEFESA X PROPORÇÃO DE ATAQUE:

A proporção de ataque x proporção de defesa é a


quantidade de jogadores que atacam contra os que
defendem, na nossa simulação, 7x8. Normalmente a
referência disso é alguma linha do campo ou linha
imaginaria para definir. Neste caso vamos usar do
meio campo defensivo (do time azul) para a defesa
da meta direita.
Vimos na teoria, mas vamos usar partir para a prática e
entender com esses conceitos funcionam nas transições:

A equipe azul recuperou a posse de bola e


entrou e o jogo entrou em transições. O jogador
que recupera tem duas escolhas: lançar a bola
para os jogadores que estavam na densidade
ofensiva e fazer uma transição direta, ou tirar a
bola da pressão e fazer a transição construída.
Vamos utilizar a segunda opção em nosso
exemplo.
O time de azul fez a pressão pós perda fechando os avanços do time vermelho, os
jogadores do balanço defensivo se moveram para impedir o adversário de avançar.

A bola saiu da situação de pressão e agora o time azul busca manter a posse,
aproveitando a superioridade numérica da proporção defensiva, e progredir de
forma organizada para o campo adversário.

A pressão pós perda do time vermelho não funcionou, então, eles agora estão
temporizando o ataque do oponente e se recompondo em campo.

A transição acabou e voltamos para o momento de organizações.


Essa simulação deu para entender como o momento de
transição é rápido. Mas o estudo das transições é bem
interessante quando aprofundado. Muitos times do alto nível
gostam de explorar o jogo em transições para aproveitar a
desorganização do adversário. O próprio Real Madrid, de
Carlo Ancelotti, usa muito das transições para atacar seus
adversários pelas características de velocidade de jogadores
como Vini Jr e Rodrygo a forma como a equipe joga sempre
depende das características que se tem no elenco.

Como destaquei em todos os momentos que tive


oportunidade: não existe uma maneira certa de atacar,
defender ou transitar. Existem ideias, modelos,
características e uma proposta do treinador.

Existem times que funcionam muito bem com um jogo de


posse de bola, tem jogadores com alta qualidade técnica.
Mas não necessariamente esse mesmo time, com o mesmo
elenco, teria grandes resultados com um estilo de jogo mais
defensivo ou de transições.

Os treinadores existem para potencializar as


características de seus jogadores que possam funcionar de
forma harmoniosa com o que o comandante propões para a
sua equipe como modelo de jogo.

Afinal, o futebol é e sempre será dos jogadores, eles são


os protagonistas. Os treinadores são a mente pensante que
vai organizar 11 guerreiros de acordo com suas
personalidades e com o que o próprio acredita que seja a
melhor forma - das inúmeras - de jogar futebol.
SUPERIORIDADES DO FUTEBOL
No futebol, a busca por superioridades é constante. Por se
tratar de um jogo de espaço-tempo, existem 5 superioridades que
são buscadas nas partidas para facilitarem dinâmicas. Vamos
conhecê-las!

Algumas pessoas também utilizam o termo “vantagem” para


falar das superioridades; porém, nem sempre essas superioridades
são transformadas em vantagens no jogo. Por isso fico com o
termo “superioridade” (que significa estar melhor que o
adversário em X situação). Porque estar em melhores condições, e
não saber usá-la, não é vantagem.

SUPERIORIDADE NUMÉRICA
Das cinco superioridades que existem, a numérica é a mais
falada e conhecida. Ela acontece quando a equipe tem mais
jogadores do que o oponente em determinada região do campo.
Ela pode acontecer tanto na fase ofensiva quanto na defensiva.

Aqui no exemplo temos a superioridade numérica defensiva na prática. No


setor da bola Arsenal tem 5 jogadores contra 4 do Manchester United – que
sofrem uma forte pressão. Os Gunners recuperaram a bola nessa situação
utilizando dessa superioridade.
Aqui a superioridade numérica ofensiva mais clássica: a de
transição. O Real saiu com uma transição direta e pegou a defesa
do Barcelona desorganizada e aproveitou a superioridade de 3
contra 2 para marcar.

SUPERIORIDADE QUALITATIVA

Essa superioridade se trata da qualidade dos jogadores na


jogada. Ela significa usar o individual para ganhar um duelo
contra o adversário. Pode ser em situação de drible, defesa, até
mesmo em casos que um atacante subiu mais que o defensor e
venceu o duelo aéreo.
SUPERIORIDADE POSICIONAL 04

Mais importante do que ter uma quantidade maior de


jogadores, é tê-los no local certo. A superioridade posicional é
isso: estar mais bem posicionado que seu adversário. É quando o
jogador é o “homem livre”.

Nesse lance podemos visualizar bem. Mesmo em igualdade


numérica, Henderson tem superioridade. Por se posicionar nas
costas dos defensores merengues e criar uma linha de passe que
progride para o Liverpool.
SUPERIORIDADE CINÉTICA
Cinético é algo relativo a movimento. Nesse caso, é quando um
jogador corre/se movimenta antes do outro e ganha uma
vantagem com isso.
O holandês Johan Cruyff uma vez disse uma frase muito
interessante: “se eu correr antes do meu adversário, vou parecer
mais rápido que ele”. E é verdade. Muitas vezes não se trata de
ser mais veloz, mas sim, de se movimentar antecipadamente e de
maneira inteligente.

SUPERIORIDADE SOCIOAFETIVA

Essa para muitos não é uma superioridade, mas pode fazer


muita diferença! A superioridade socioafetiva é conhecer quando
os jogadores se conhecessem, o famoso entrosamento.

Mas como isso é benéfico? Quando este tem um bom


entrosamento entre si e jogam há um tempo juntos, eles passam a
entender mais sobre o companheiro, e então, compreendem como
jogador X gosta de receber a bola e jogador Y se movimenta para
livrar espaços para esquerda.

Dois exemplos clássicos de superioridade socioafetiva é a dupla


Bebeto e Romário, que conquistaram juntos o tetra do Brasil. E a
dupla de meio-campistas Xavi e Iniesta que tem uma grande
história juntos no Barcelona e na seleção espanhola.
MANEIRAS DE ATACAR
Construir é sempre mais difícil que destruir. Seja um prédio, um
brinquedo, ou um ataque em uma partida de futebol.

E comparado com outros esportes, o futebol tem uma baixa


eficácia de “pontos” (gols) marcados. As partidas de basquete têm
mais de 90 pontos para cada time, o vôlei precisa de no mínimo
75 pontos (25 cada set), mas no futebol o 1 x 0 é comum. Talvez
por isso esse seja o esporte mais apaixonante de todos.

Pensando nisso, pesquisadores do futebol foram entender mais


sobre as formas de atacar no futebol e chegaram a um consenso
de que existe 3 métodos de ataque:
- Contra-ataque
- Ataque rápido
- Ataque posicional

CONTRA-ATAQUE
Vimos um pouco sobre os contra-ataques quando falamos da
transição ofensiva. Mas vamos entender um pouco mais da teoria
desse tipo de ataque:

- Transição rápida dos comportamentos individuais e coletivos


após a recuperação da posse de bola.

- Muita velocidade da transição da zona de recuperação da bola


até o terço final do campo

- Número menor de jogadores tem contato com a bola.


ATAQUE RÁPIDO
No contra-ataque o objetivo é aproveitar a desorganização do
adversário para marcar gols, já no ataque rápido o processo
ofensivo acontece com a defesa adversária já organizada.

- Circulação da bola em sua maioria na profundidade, com passes


rápidos e poucos jogadores participando.

- Tempo curto de duração do ataque.

- Ritmo de jogo acelerado.

ATAQUE POSICIONAL

Esse conceito parte de um estilo de jogo de posse de bola, com


mais calma para atacar e construir a situação de gol. Aqui o
objetivo é rodar a bola procurando os espaços para avançar e
finalizar a jogada.

- Troca de passes mais em amplitude do que em profundidade.

- Muito tempo com a bola no pé.

- Muito jogadores e passes participam da Organização Ofensiva.

Essas formas de atacar podem ser utilizadas no mesmo ataque.


O Arsenal de 2003/2004, campeão invicto da Premier League, em
suas construção era mais cadenciado na 1ª fase de construção e
no meio campo defensivo. Mas quando passava para o meio campo
defensivo acelerava muito o jogo para marcar. Usava das ideias de
ataque construído + ataque rápido.
TIPOS DE MARCAÇÃO
Vimos as maneiras de atacar e como elas funcionam, agora
vamos entender quais são os tipos de marcação utilizados pelos
times.

Cada um tem sua particularidade, sua característica, mas todos o


mesmo objetivo: destruir os ataques adversários. O que muda são
os seus referenciais, espaço e as corridas de perseguição.
Os tipos de marcação são três:

-Marcação por encaixe


-Marcação em zona
-Marcação individual

Para facilitar o entendimento, coloquei essa tabela para que


compreendessem melhor as diferenças de cada:

TIPO PERSEGUIÇÕES REFERÊNCIA

POR
CURTA ESPACIAL
ENCAIXE

ZONAL MÉDIA BOLA

INDIVIDUAL LONGA JOGADOR

fonte da tabela: https://medium.com/@CaioGondo/modo-de-marca%C3%A7%C3%A3o-


os-seus-tipos-persegui%C3%A7%C3%B5es-e-refer%C3%AAncias-762c248cf385
MARCAÇÃO INDIVIDUAL

A marcação individual foi por muito tempo a mais utilizada no


futebol mundial, e até hoje nas peladas entre amigos existe a
ideia de "cada um marca um".

A marcação individual é quando o jogador X tem um adversário


Y para marcar durante todas as movimentações ofensivas dele.
Essa é a ideia da marcação individual homem a homem; mas
também pode ser feita como: lateral com lateral, volante com
meia, etc.

A referência sempre é o jogador (pré-determinado para marcar).


As corridas de perseguição são longas, já que a todo instante o
jogador X tem que estar em cima do Y.

Muito raro vermos essa marcação sendo usada nos 90 minutos,


mas durante alguns momentos da partida isso pode acontecer.

MARCAÇÃO ZONAL

A marcação zonal (ou por zona) é muito conhecida e é bem


simples, ela pode - dependendo do modelo de jogo - se
complexificar, seus fundamentos básicos são simples.

O referencial da zonal é o espaço, ou seja, ainda que não haja


nenhum adversário naquele lugar, o jogador responsável por
aquela zona deve estar lá para ocupá-la e defendê-la.

A ideia é defender os espaços, impondo um controle posicional


e criando superioridade numérica em diversos setores do campo, o
foco é deixar o campo pequeno.

Os jogadores do lado da bola, devem fechar aquela e criar


superioridade numérica, já os do lado oposto tem como função
proteger aquela zona, mesmo que não tenha bola.
Mudanças de marcador são comuns nesse estilo de defesa,
porque o jogador só deve marcar quem está em sua área, e não
invadir a área de outro companheiro.

MARCAÇÃO POR ENCAIXE


A marcação por encaixe tem características da marcação zonal e
da individual, depois que entendemos as duas primeiras, o
entendimento dessa fica mais fácil!

Aqui a ideia é marcar o jogador que está dentro do seu setor, o


jogador mais próximo de você (dentro da sua área) é o seu foco de
marcação. A referência sempre é o jogador mais próximo.

Essa marcação tem como características as perseguições curtas,


porque as perseguições acontecem dentro da sua área.

Por isso dizemos que ela é uma combinação entre a individual e


a zonal, porque o jogador marca individualmente quem está
dentro da área dele.
CRÍTICA E FECHAMENTO

O futebol é um jogo complexo e que não tem manual de


instruções de como deve ser jogado. Como foi dito em vários
momentos do livro, a forma como o treinador pensa futebol e as
características, é que dita a forma como a equipe vai jogar.

Muitas vezes colocamos o nosso gosto pessoal do futebol em


cima da tática usada por um time ser boa ou ruim. O pensamento
sobre futebol é diferente de cada pessoa, os gostos mudam. As
vezes, as características dos atletas do time não são favoráveis a
um jogo de posse de bola ou transições, e o treinador precisar
jogar mais na defensiva, por exemplo.

Mas o grande problema dos treinadores brasileiros em geral são


a falta de adaptação e de estudo.

A dança das cadeiras dos treinadores acabou com a chegada de


treinadores portugueses e argentinos (por volta de 2019). Mas
antes disso, todos os anos os mesmos 20 treinadores treinavam os
20 times da Série A, e durante a temporada, ia trocando o
comando de um time para o outro.

A ideia de jogo sempre era a mesma, não tentavam ao menos se


adaptar a cenários e elencos diferentes. Tentavam impor seu
estilo de jogo com peças não favoráveis - e até por isso perdiam o
vestiário - e não tinham resultado.

O estudo é necessário e constante no futebol, a evolução diária


é essencial para que o jogo funcione como tem que ser. A chegada
dos estrangeiros mudou esse panorama do nosso futebol e temos
que aprender o máximo que pudermos com eles, e não atacá-los.

Ideias novos, pensamentos e modelos de jogo diferentes são o


que vão fazer o nosso futebol voltar a ser respeitado
mundialmente.
Somos campeões mundiais e sempre fomos referência na nossa
escola de treinadores com nomes com Telê Santana, Parreira,
Felipão... o que aconteceu com nossa forma de jogar? Com nossos
treinadores? Nossas ideias? Não temos nenhum treinador
brasileiro treinado clubes (relevantes) na Europa e países que nem
cultura de futebol tem, estão nos passando.

Futebol é uma ciência não exata, mas não deixa de ser uma
ciência. Não é só ser ex jogador que significa que sabe tudo sobre
o esporte. É necessário muito estudo.

Fazer o estudo sobre futebol se tornar mais acessível é um


caminho. A nossa entidade do futebol cobra 6 mil reais na licença
C de treinador (a mais baixa) e as licenças podem chegar até 20
mil reais, 2 mil reais em cursos de análise de desempenho, 10 mil
em cursos de gestão. Quem pode pagar por isso? Além dos pré-
requisitos de ser ex jogador por ao menos 8 anos, ser formado em
uma faculdade (da área que deseja atuar, educação física,
administração, etc). Não quero entrar no mérito de ser necessário
ou não ser formado, debate que acho justo mas não é o momento.
Em outro países, na Argentina por exemplo, o estudo de futebol é
flexível e acessível. Tendo formas de pagamento parceladas em
até 14 vezes, requisitos básicos (ser maior de 18 anos, formado na
escola e não ter antecedentes criminais). Não a toa são atuais
campeões do mundo, tem grandes treinadores na América do Sul e
Europa.

Nossa parte é estudar o futebol como podemos, e incentivar


quem nos comanda e comunica o futebol a aprofundar o debate e
nos inserir. A busca por conhecimento tem que ser constante, o
jogo precisar evoluir. É o que amamos e queremos entender cada
vez mais sobre a sua ciência e como ela funciona.

Que esse livro seja apenas a sua porta de entrada para o seus
estudos sobre futebol. E que juntos podemos ajudar a nossa maior
paixão a evoluir.
Redes para quem quiser acompanhar:
@tatiques_
@gabrielkfranco

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