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30/11/2022 00:50 Descomplica | Prevenção E Controle De Riscos Em Máquinas, Equipamentos E Instalações

Auditoria de um Plano de Incêndios

C omportamento dos materiais frente a incêndios

Já foi discutido mais de uma vez que, dentre os


objetivos da prevenção e combate a incêndio, está tanto
proteger vidas quanto o patrimônio (bens). É sabido que o fogo afeta
diferentes materiais de forma única, então, é preciso conhecer as
particularidades de cada material para que se possa praticar a PCI de
forma eficiente e efetiva.

Importância da classificação dos materiais

O incêndio coloca não só a vida das pessoas em risco, como também a


estrutura do edifício no qual ocorre. A propagação do incêndio e a
produção de calor, fumaça e gases da combustão afetam os materiais
que compõem o edifício e prejudicam sua integridade estrutural.
Um dos fatores que afetam a propagação de um incêndio é a
arquitetura do edifício: materiais destinados ao seu revestimento, forma do
edifício, número de pavimentos, materiais da construção, aberturas de
ventilação etc. Discutiremos o efeito do calor nos principais materiais
usados na construção de edifícios: Madeira, concreto, aço e alumínio.

Comportamento dos materiais

Ao longo da história o ser humano usou diferentes materiais para


construir suas habitações e, com o advento da primeira revolução
industrial, também passou a construir seus locais de trabalho. No século
XVIII as fábricas eram construídas principalmente de madeira, o que 6

causou terríveis incêndios. Em resposta a isso, passou-se a utilizar o ferro

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fundido nas estruturas dessas fábricas. O concreto passou a fazer parte


das estruturas dos edifícios já nos Estados Unidos no século XIX, quando
começou a ser utilizado no revestimento das vigas de aço e,
posteriormente, passou a ser utilizado como componente estrutural.
Cada um desses materiais comporta-se de forma diferente frente
aos incêndios. Vamos discutir os efeitos do fogo em cada um deles
separadamente.

Madeira

A madeira quando em contato com o fogo sofre carbonização na


superfície exposta, realimentando as chamas e reduzindo sua
resistência. Já a região central, protegida pela camada carbonizada,
permanece em temperaturas mais baixas.

Aço e alumínio

O aço e o alumínio atingem temperaturas muito superiores aos


outros materiais (madeira e concreto) durante um incêndio. Frente a
elevação da temperatura esses materiais apresentam redução tanto
na sua resistência, quanto no seu módulo de elasticidade.

Concreto

Além de perceber diminuição na sua resistência, o concreto sofre


com um processo de lascamento em sua superfície conhecido
como “spalling”. Isso ocorre por conta da evaporação da água
contida dentro do concreto, que provoca grande pressão ao
escapar, danificando a superfície do material. O spalling reduz a
superfície resistente do concreto e expõe a armadura ao fogo.
A figura 1 apresenta o comportamento dos principais 6

componentes estruturais frente a incêndios.

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Ação térmica

Um dos principais efeitos da ação térmica a ser avaliado é a dilatação


sofrida pelos materiais. Quanto maior a temperatura, mais energia é
fornecida aos átomos para oscilarem, e, em consequência, maior o
distanciamento entre os mesmos.
Existem três formas de dilação: a dilatação linear, a superficial e a
volumétrica. Na linear levamos em consideração a variação de tamanho
do corpo em uma única dimensão (aumento de comprimento de uma
barra de metal). Na superficial duas dimensões são consideradas (dilação
em um disco). Por fim, na dilatação volumétrica é preciso levar em
consideração a dilatação sofrida nas três dimensões (dilatação em
líquidos e gases).
Todos os materiais possuem diferentes coeficientes de dilação. Ou seja,
tem maior ou menor potencial de dilatarem quando submetidos a uma
variação na temperatura. A figura 2 apresenta os três exemplos de
dilatação e suas respectivas fórmulas de calculo.

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Evolução do incêndio nos materiais

Durante o incêndio, o aumento da temperatura deve-se à transmissão


de calor por convecção e radiação. A fumaça e os gases circulam no
interior dos cômodos dos edifícios, elevando a temperatura do ambiente.
Na radiação o calor se propaga na forma de ondas de uma superfície
mais quente para outra mais fria.
Podemos representar graficamente a evolução da temperatura dos
gases durante um incêndio em função do tempo. A esta representação
damos o nome de curva de temperatura. Ela possui três momentos a
serem destacados: a região inicial, a zona do flashover e a zona pós-
flashover.
Na primeira fase, a reação do fogo com o material é de grande
importância, pois a depender das características únicas daquele
combustível o aumento na temperatura pode produzir gases até uma
concentração ótima, que permita a propagação do incêndio.
A segunda fase é a fase de fogo generalizado ou flashover. O fogo se
espalha da origem para os materiais adjacentes, elevando a temperatura
de forma muito rápida. Nesta fase é preciso levar em consideração a
resistência dos materiais frente ao fogo, como as portas, vedações e
revestimentos.
Na terceira fase o fogo já consumiu a maior parte dos combustíveis
existentes no local. A forma como o calor é liberado não é mais tão 6

importante e é nesse momento que é possível ver se os materiais

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possuem a resistência esperada. Isto é, se eles se mantiveram íntegros


após a fase mais aguda do incêndio. A figura 3 apresenta a representação
gráfica dessas três fases.

As características dos materiais construtivos são fundamentais para a


forma como o incêndio era se desenvolver. Eles podem dificultar ou
contribuir para a propagação das chamas, ou seja, acelerando ou
retardando a chegada do estágio crítico.
Essas características são a facilidade com a qual um material entre em
combustão, a velocidade com a qual as chamas se espalham na sua
superfície, desprendimento de partículas na forma de brasa e produção de
gases nocivos.

Segurança estrutural

A segurança estrutural é alcançada quando os esforços atuantes


no material são menores ou iguais aos seus esforços resistentes. Existem
várias formas de se estimar os esforços resistentes dos materiais e elas
são determinados por normas próprias e ensaios laboratoriais.
Para aumentar a resistência de um material a um incêndio é possível
utilizar três estratégias: A autoproteção, a barreira antitérmica e a 6

integração com outros componentes.

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O concreto não pode receber barreira antitérmica ou ser integrado com


outros componentes, desta forma, ele precisa ser dimensionado seguindo
as diretrizes da NBR 15200 de forma a suportar a carga térmica em caso
de incêndio.
O aço pode ser protegido pelas três formas citadas. As barreiras
antitérmicas que podem revesti-lo são o concreto, materiais projetados,
materiais rígidos e semirrígidos e tintas intumescentes.
No caso da madeira é comum ser realizado ações de cobrimento, para
protegê-la das altas temperaturas. Podem ser aplicadas de tintas e
vernizes especais para impedir ou retardar o processo de combustão.

Atividade Extra
Assista ao vídeo “Concrete spalling during a fire test at Efectis
Nederland”, o vídeo mostra um ensaio na superfície de concreto exposta
ao fogo e o processo de spalling ocorrendo em tempo real (Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?
v=CixMjo5VtgA&ab_channel=EfectisGroupYouTubeChannel>)

Referência Bibliográfica
SEITO, A. I. et al. A segurança contra incêndio no Brasil. São
Paulo: Projeto editora, 2008.

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