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Montes Claros
Junho/2023
ERICK KLAUVER SANTOS DA SILVA
Montes Claros
Junho/2023
RESUMO:
1 - INTRODUÇÃO..................................................................................................................5
2 – JUSTIFICATIVA ...............................................................................................................9
3 – OBJETIVOS......................................................................................................................12
3.1 - Geral ...............................................................................................................................12
3.2 - Específicos.......................................................................................................................12
4 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................................13
5 - METODOLOGIA ..............................................................................................................17
6 – FONTES ............................................................................................................................18
7 - CRONOGRAMA................................................................................................................19
8 – REFERÊNCIAS .................................................................................................................20
1 - INTRODUÇÃO.
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comportamental nas relações entre artistas e gravadoras está no grupo feminino Fifth
Harmony, criado em 2012 por Simon Cowell no reality show norte-americano The X-Factor.
Após finalizarem as atividades do grupo, em 2018, as integrantes vieram a público, cada qual
em suas plataformas pessoais, denunciar abusos contratuais aos quais foram submetidas.
Num áudio vazado da integrante Lauren Jauregui, há um depoimento acerca da forma
pela qual as integrantes do grupo eram tratadas. Nas palavras de Jauregui, a gravadora
responsável por gerir a carreira do aclamado girlgroup as mantia como “literais escravas (...),
nós trabalhamos todos os dias e não vemos nada” — a artista comenta sobre a má
remuneração das intérpretes comparado aos lucros obtidos pela empresa com as canções de
sucesso do grupo. Em determinada entrevista à Billboard, para a promoção do último disco
lançado pelas artistas enquanto banda, estas afirmaram que continuavam a produzir canções
apenas pela necessidade de finalizar o contrato com a gravadora Syco/Epic Records —
propriedade da corporação Sony Music Entertainment —, e não por qualquer razão que esteja
relacionada ao criar arte.
Atrelado a tais questões, o controle criativo, no caso das integrantes do girlgroup, era
constantemente cerceado. Em entrevista ao The Zach Sang Show, ainda na agenda de
promoção do disco “Fifth Harmony” (2017), as artistas comentaram sobre terem,
constantemente, sua visão artística descredibilizada e serem impedidas de colaborar com o
processo de criação das canções interpretadas por elas. Posteriormente, a integrante Dinah
Jane declarou que, durante seu tempo no grupo, foi boicotada na gravação de algumas
canções presentes na discografia da banda por não possuir tonalidade vocal “tão pop” (ou
seja, tão comercial). Em seu EP de estreia, Lauren Jauregui aborda, em uma de suas canções,
que parte da mesma gestão questionava seu talento. Na faixa “Colors” (2021), a cantora e
compositora expressa: “quem lhe ensinou isto?/que não és boa o suficiente?/por que se
deixaste acreditar nisto?/por que não percebi que não era verdade?”.
Em contrapartida a tal maneira de se lidar com arte e música, temos, então, o que
chamamos de Música Alternativa. Este sistema é, em linhas gerais, uma maneira alternativa
de se fazer, vender e consumir música em comparação a indústria mainstream. Dentro dela
está alocado o hyperpop, subgênero criado pelo coletivo artístico e gravadora independente
PC Music.
O coletivo nasce, então, como uma uma resposta a tal hegemonia de representação,
pois, geralmente, as gravadoras estavam a apostar em artistas que apelavam ao grande público
conservador. A título de exemplo, na estética de pureza e inocência transmitida pelas ex
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atrizes da Disney e Nickelodeon, os membros da PC Music surgem com uma estética
transgressora.
Essa ação contra-hegemônica por parte do coletivo é evidenciada em seu objetivo de
criação que, conforme explicita Patrick Williams, foi de “achar pessoas que não se encaixam
no paradigma mainstream do sucesso comercial e ‘tratá-los como se fossem artistas de
grandes gravadoras’, dando-os uma plataforma digital mais abrangente” (WILLIAMS, 2021,
p. 02, tradução nossa). Em sua composição sonora, é possível de se perceber elementos como
“tempo acelerado e vocais vocais em tons agudos do Nightcore e a fofura exagerada e sons
inocentes do Bubblegum Pop” e que, tais elementos combinados, resultam em “produções
subversivas de canções pop tingidas de qualidade que deixa o ouvinte com a difícil tarefa de
navegar num imersivo mundo de ideias e referências". (WILLIAMS, 2021, p. 03, tradução
nossa).
O hyperpop, então, bebe de fontes não convencionais na execução de sua maneira
particular de fazer música pop por curar referências não tão convencionais como os gêneros
matrizes da música eletrônica — como o house music e o techno — e os artistas destaques
dentro de tais gêneros — como Massive Attack, Aphex Twin e Bjork — e as executa de
maneira a causar estranhamento nos ouvintes. Além disso, o hyperpop, em sua essência, se
mostra produto histórico de uma era cronicamente digital que, utilizando e maximizando
todos os recursos dos softwares de produção musical, faz um som intensamente tecnológico
que, muitas vezes, coloca o próprio sujeito-artista enquanto parte de tal aparato cibernético —
como, quando Charli XCX, Dorian Electra e Mykki Blanco cantam sobre ser uma
mulher-robô em um contexto de paquera.
Se compreendermos contracultura enquanto um movimento “pelo inconformismo
radical e pelo desejo de inovação cultural” como aponta Luciana Sarmento (2006, p. 11) que
busca “questionar os padrões sociais vigentes, promovendo contestação e negação de diversos
aspectos tradicionais da cultura ocidental” segundo a análise de Adriel F. P. Santos e Gabriel
D. Paulo (2022, p. 03), podemos perceber que, com sua produção artística, a PC Music não se
forja apenas enquanto cultura, mas, também enquanto contracultura.
Atrelado ao som, é importante refletirmos acerca de quais são os agentes produtores
do subgênero hyperpop. Lucy March que:
Junto ao confronto das tradicionais noções de gênero, hyperpop serve para desafiar
as presunções hegemônicas sobre a natureza da identidade. Hyperpop é, também,
caracterizado por ser o alicerce de identidades marginalizadas: grande parte dos
artistas de maior renome da cena se identificam enquanto pessoas transgêneras ou
não-binárias, dentre elas a produtora escocesa SOPHIE, a quem é considerada a mãe
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do hyperpop, Dorian Electra, e Laura Less do 100 gecs. (MARCH, 2022, p. 03,
tradução nossa).
A PC Music é, essencialmente, política por existir e resiste por ser um ato político, em
todos os âmbitos de sua produção cultural e por dois principais motivos: seus agentes
produtores e a cultura por eles produzida. Os nomes que surgiram filiados ao coletivo ou
associados a ele, são, em sua maioria, sujeitos marginalizados pela macro estrutura
cisheteronormativa. A relevância de se abordar
Buscando se ancorar na teoria e metodologia da historiografia pensado pela Escola dos
Annales — por propor a história uma nova maneira de se trabalhar com fontes, dando espaço
às fontes não oficiais e às trabalhando a fim de entender um contexto macro na história vivida
pelos homens—, tendo como suporte o aparato intelectual produzido pelas demais ciências
auxiliares — antropologia, sociologia, etnomusicologia — , e interligando tais discussões ao
efervescente debate acerca da identidade e do ser queer na contemporaneidade, este trabalho
tem como meta se debruçar na relação sujeito-música, música-sujeito e suas implicações
sociais e culturais.
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2 - JUSTIFICATIVA.
Como bem afirma o historiador francês Marc Bloch, a história é, partindo da inicial
concepção dos historiadores responsáveis pela fundamentação da Escola dos Annales, a
ciência dos homens no tempo. Segundo ele, “por trás dos escritos aparentemente mais
insípidos e as instituições aparentemente mais desligadas daqueles que a criaram, são os
homens que a história quer capturar. Quem não conseguir isso será apenas, no máximo, um
serviçal da erudição.”
A partir da renovação no modo de se fazer história por parte de correntes
historiográficas como a pensada pela escola francesa, houveram, então, novas abordagens no
que tangia a forma de se fazer pesquisa: agora, o centro da produção histórica se encontra no
que estes chama de “história problema”. Esta história problematizadora, proposta pelos
historiadores dos Annales, faz oposição direta a história rankeana e possui 2 pilares principais:
a problematização e a abertura de possibilidades para as novas fontes.
Além disto, a interdisciplinaridade foi, por um tempo, tema central no debate e
pesquisa historiográfica por parte dos grandes intelectuais da escola dos Annales. Devido a
ela, surge, então, a necessidade de o agrupamento da história com as demais ciências sociais e
humanas, como a sociologia, antropologia, geografia, a fim de uma ampliação nas
perspectivas e análises da ciência histórica.
Como fruto desta convergência teórica e metodológica, partindo da contribuição das
demais ciências sociais para o campo historiográfico, surge a História Cultural, dotada de
influência do campo etnográfico e antropológico. Segundo José D’Assunção Barros (2005, p.
128):
poderemos evocar uma delimitação da História Cultural elaborada por Georges
Duby. Para o historiador francês, este campo historiográfico estudaria dentro de um
contexto social os "mecanismos de produção dos objetos culturais" (aqui
entendidos como quaisquer objetos culturais, e não apenas as obras-primas
oficialmente reconhecidas).
9
220). A partir disso, o conceito de uma história responsável pela compreensão do que permeia
a forma pela qual os homens se reproduzem socialmente passa a ser trabalhado, em especial
pela a Nova História Cultural. Esta, em contrapartida a história das mentalidades, se dispõe a
analisar também o que permeia a cultura popular e não centraliza-se nas práticas das elites
econômicas e culturais.
A partir deste novo olhar acerca da conceituação do que seria uma História Cultural ou
tal diferenciação entre uma antiga ou Nova História Cultural, os historiadores atrelam a
teorização ao ofício da pesquisa histórica. Tendo partido, primeiramente, da formulação
conceitual acerca das possíveis práticas de pesquisas, elas discutem as questões relativas à
teoria e metodologia de uma história cultural, ou seja, das lentes pelas quais o historiador
analisa os aspectos da vida social mediante as práticas culturais. O elaborar acerca desta nova
forma de produção historiográfica perpassa, além de questões teórico-metodológicas, as
relativas aos objetos de estudo, as fontes e a maneira de manipulá-las.
Segundo a pesquisadora Julia Leite Gregory, “Tudo pode ser objeto de estudo para a
história cultural, pois tudo diz respeito ao modo de agir e ser dos seres humanos.” (2019. p.
276.). Ou seja, é fato de que todos os resquícios produzidos pelos homens, materiais ou
imateriais, servem para completar as lacunas não preenchidas nos estudos acerca da forma
como os homens reproduzem sua vida social.
Neste contexto, pouco se tem pesquisado e compreendido, no campo da História
Cultural, acerca da música popular. Quando aplicados os devidos recortes, então, percebemos
uma escassez de pesquisas ainda maior no que tange a música pop propagada pela indústria
fonográfica norte-americana e seus desdobramentos na cultura popular, sejam eles políticos,
sociais, ou, até mesmo, econômicos.
Embora a música pop seja passível de tornar-se objeto da História Cultural por
expressar ideias através do seu resultado material, ou seja, seu conteúdo sonoro, e revelar
inúmeras práticas a serem identificadas e problematizadas pelo historiador, Segundo José
Geraldo Vinci de Moraes (2000), tal escassez é justificada pela “dispersão das fontes, a
desorganização dos arquivos, a falta de especialistas e estudos específicos, escassez de apoio
institucional etc”. Esta pesquisa tem como propósito preencher tais lacunas.
Frequentemente é perceptível por parte dos agentes pesquisadores da história uma
intersecção da historiografia com as artes, sendo um destes frutos o estabelecimento da
História da Arte enquanto uma das áreas de enfoque ou especialização dentro do grande
espectro da História. Usualmente, as manifestações artísticas de maior enfoque quando se
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pesquisa arte através da história são as artes visuais, a literatura e, recentemente, o interesse
pelo cinema veio sendo explorado pela comunidade acadêmica.
A relevância acadêmica está na nova abordagem proposta para este campo da história.
Inicialmente, por ser um trabalho que se tem a música e o que a envolve como fonte primária.
Os trabalhos que abordam música como fonte são, de certa forma, escassos — embora
existam. (MANOEL, 2014). Quando se fala em historicizar movimentos artísticos, então, a
bibliografia acerca de tais tópicos se mostra ainda mais escassa. E, de modo geral, a
abordagem teórica e científica acerca do movimento musical britânico PC Music e o
surgimento do gênero musical hyperpop são uma raridade na língua portuguesa.
O hyperpop deve ser objeto de estudo da academia quando se tem o interesse em
desbravar as relações sociais da cultura e suas contradições devido ao forte senso coletivo dos
nomes que compunham tal movimento musical. A investigação do que motivou os DJs e
produtores SOPHIE e A.G. Cook na fundação do coletivo PC Music, o que o subgênero
hyperpop simboliza para a discussão acerca da representação de gênero e a forma como a
mídia mainstream recebeu e lidou com tal fenômeno é essencial para se discutir sobre o
presente e futuro da indústria fonográfica.
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3 - OBJETIVOS
3.1 - Geral.
3.2 - Específicos.
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4 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.
Para este trabalho, a bibliografia utilizada se centra nos debates acerca da música
enquanto fonte e objeto para a pesquisa em História. Os principais textos que abrangem tal
questão foram: “Música para historiadores: [re]pensando canção popular como documento e
fonte histórica” de Diogo Silva Manoel, “História e música: canção popular e conhecimento
histórico” de José Geraldo Vinci de Moraes e “A música como fonte e ferramenta para o
estudo de história” de Wander Scalfoni de Melo.
Visto que Moraes é citado enquanto referência bibliográfica por Manoel, é possível se
visualizar uma relação de proximidade dos dois textos e, até certo ponto, são complementados
pelo de Melo. Nestas obras, os autores abordam as questões que tangem o uso da música
como fonte para a pesquisa.
Pela definição de Melo (2019), a música é “um dos rastros históricos deixados pelo ser
humano” e que, utilizando como fonte, pode-se extrair “quanto são diferentes os grupos que
convivem entre si nas formas políticas, sociais e pessoais”. Melo também destaca o poder
político e cultural envolvido nos processos relacionados à produção e consumo musical,
tomando o rock, seus subgêneros e as contradições de sua existência inserida no mercado
fonográfico.
O trabalho de Melo representa uma certa novidade para a historiografia se levado em
conta a premissa de Moraes e Manoel. Estes autores defendem que, durante determinado
período do tempo, a produção historiográfica que tem na música sua principal fonte ou objeto
de análise era demasiada escassa. Segundo Moraes (2000) quem toma o papel para si de
realizar pesquisas e de teorizar acerca da música são os próprios músicos e jornalistas. Ao
passar dos anos é que vemos, então, a crescente do interesse dos historiadores pela música e o
começo da estruturação do que hoje poderia ser chamado de História da Música.
Manoel aponta que, apesar de tal prática por parte destes historiadores ser uma
“atividade recente” em “fase embrional”, a utilização da música no centro das pesquisas se faz
mais que necessária. Através dela o historiador pode se conectar com perspectivas alternativas
àquelas dos ditos documentos oficiais pois, como “uma interlocutora de acontecimentos
culturais e sociais no mundo contemporâneo”, ela se mostra bastante eficaz no que diz
respeito a "reunir informações sobre diversos aspectos de um período histórico, justamente
por seu poder de comunicação e apropriação pelos indivíduos.” (2014, p. 4.).
No debate acerca do colocado como a hegemonia mercadológica da indústria musical,
este será teoricamente firmado nas discussões de intelectuais marxistas Theodore W. Adorno e
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Max Horkheimer, responsáveis pela elaboração do conceito de Indústria Cultural. Para a
compreensão deste conceito utilizamos, como referência bibliográfica, os seguintes artigos:
Indústria cultural, arte, ideologia e formação em Adorno de Estelamaris Brant Scarel, A
atualidade da discussão sobre a indústria cultural em Theodor W. Adorno de Jean Henrique
Costa, e O Conceito de Indústria Cultural: Leituras na Contemporaneidade de Fabiano
Lacombe.
Tais artigos, por terem como tema central o conceito de Indústria Cultural, dialogam
bastante entre si. Inicialmente, é necessária a identificação de quais seriam os produtos da
Indústria Cultural; segundo Lacombe (2009, p. 2), estes seriam a música popular, o cinema, o
teatro de revista, a opereta, e o cartaz. Para este autor,
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que “a viabilidade em se “viver” de música está associada à capacidade em empreender”. Esta
relação se encontra diretamente ligada a o que a autora define como Economia da Cultura.
Com base nas reflexões apresentadas por tais bibliografias, agora, o tópico a ser tratado
será o objeto de pesquisa: o coletivo PC Music e o gênero por eles criado, o hyperpop. Para a
apresentação deste, sob um viés científico e acadêmico, foi-se utilizado os textos “Beyond The
Binary: Digital Voices And Transhumanist Expression In SOPHIE’s Oil Of Every Pearl’s
Un-Insides” (Além da Binariedade: Vozes Digitais e a Expressão Transhumanista no Oil Of
Every Pearl’s Un-Insides da SOPHIE) por Patrick Williams e “The “Gec-Effect:” How 100
Gecs Queers Genre and Gender” (O Efeito Gec: Como 100 gecs transcende gênero —
musical — e gênero) de Miles Luce.
Por se tratarem de especificidades semelhantes acerca do movimento PC Music e seus
produtores, o conteúdo destes projetos bastante se assemelha, com uma diferença de objeto
analisado: The Gec-Effect analisa o duo de produtores e compositores 100 gecs, composto por
Dylan Brady e Laura Les; Beyond the Binary trata acerca do que permeia a obra da produtora,
dj e escritora SOPHIE.
Tendo em vista o caráter experimental do hyperpop, alguns conceitos são
fundamentais para a correlação de tal gênero musical com o mundo social e produtivo da
cultura ao seu redor. Na publicação “Música popular brasileira experimental: Itamar
Assumpção, a vanguarda paulista e a tropicália”, Sean Stroud correlaciona o conceito de
vanguarda com a proposta experimental da música e a sua proposta ideológica e política como
oposição. O que se visa, aqui, é aplicar um paralelo com o movimento PC Music e o
entendimento deste enquanto um coletivo vanguardista na música pop.
Já o conceito de contracultura por Adriel F. P. dos Santos e Gabriel D. Paulo é
abordado enquanto a resistência à norma vigente, seja ela estética, cultural — em seu sentido
de arte e de costumes —, e, essencialmente, ao american way of life transmitido pela
propaganda estadunidense. Na revista “Em Frente”, produzida por Paulo e Santos (2022)
como trabalho de conclusão de curso para A Universidade Estadual Paulista, os autores
exemplificam o rock n roll, o punk, a cultura hippie, e o hip-hop enquanto movimentos de
contracultura.
Para a complementação das reflexões que serão propostas, será evocado o que Gramsci
compreende por intelectual orgânico. Rodrigo Diaz de Vivar y Soler apresenta, em seu texto,
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considerações gerais acerca deste conceito proposto pelo filósofo italiano. Em “Uma Leitura
Sobre O Intelectual Orgânico Em Gramsci” (2017), o autor propõe que:
o intelectual orgânico responsabiliza-se não somente por pensar as bases de atuação
do socialismo, mas por participar efetivamente em cada setor, sempre procurando
despertar a consciência coletiva das classes oprimidas pelo capitalismo, pois o
intelectual orgânico atua internamente ao sistema, buscando destituir ideologias em
nome de uma nova concepção cultural emancipadora das massas.
Dessa forma, podemos pensar, paralelamente, as relações dos artistas que compunham
a PC Music. Estes, paralelamente aos trabalhadores que buscam destruir as ideologias
capitalistas no âmbito da relação produtiva de uma indústria material, buscam romper com a
indústria cultural e a cultura pop manufaturada. Semelhantemente aos trabalhadores
organizados em sindicatos ou partidos políticos, os membros da PC Music estão organizados
em tal coletivo artístico que, por sua vez, não possuem ligação com as grandes corporações do
mercado do entretenimento.
Para além da abordagem industrial, tais artistas buscam, também, a ruptura com o que
é pensado acerca das representações e papéis de gênero. Nomes como 100 gecs, SOPHIE e
Dorian Electra provocam tal reflexão através dos elementos que constroem sua estética visual
e sonora. Ao desmantelar a cisheteronormatividade, tais agentes se colocam como intelectuais
orgânicos de fração do movimento LGBT que compreende a luta política no ser queer a fim
de se emanciparem da cisheteronormatividade.
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5 - METODOLOGIA
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6 - FONTES
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7 - CRONOGRAMA
ATIVIDADES / MESES 01 02 03 04 0 06
5
Estruturação da Monografia X X X
Leitura Bibliográfica X X X X
Escrita do Texto X X X X
Organização do Texto X X
Revisão do Texto X
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8 - REFERÊNCIAS
MANOEL, Diogo Silva. Música para historiadores:[Re] pensando canção popular como
documento e fonte histórica. ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA PROFISSÃO,
2014.
MELO, Wander Scalfoni de. A música como fonte e ferramenta para o estudo de história.
2019.
MORAES, José Geraldo Vinci de. História e música: canção popular e conhecimento
histórico. Revista Brasileira de História, v. 20, p. 203-221, 2000.
REQUIÃO, Luciana. A morte (ou quase morte) do músico como um trabalhador autônomo e
a ode ao empreendedorismo. Colóquio Internacional Marx e o Marxismo, p. 1867-1917,
2017.
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SANTOS, Adriel Felipe Pavan dos; PAULO, Gabriel Delgado. Revista “Em Frente”:
movimentos de contracultura e seus impactos na sociedade. 2022.
SOLER, Rodrigo Diaz de Vivar. Una lectura acerca del intelectual orgánico en Gramsci.
Psicologia em Revista, v. 23, n. 2, p. 541-561, 2017.
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