Você está na página 1de 1

Em fevereiro de 2022 sonhei com você e escrevo esse relato pois essa imagem me serviu como

ancora por longos dias. Estou no que parece ser uma universidade, subindo um lance de escadas.
Existem muitos adolescentes que mais parecem crianças e a sensação no ambiente é fortemente
sentida por mim, tal como todas as sensações que tenho em sonhos. É perceptível o clima de euforia
misturado com medo em todos à minha volta, a alegria de ingressar num curso superior se une à
responsabilidade, seriedade e expectativas que um diploma futuro carregam. Paro ao lado de uma
janela e percebo a encosta de uma montanha colada à parede do prédio onde adolescentes a
escalam como cabras monteses, não havendo perigo e convidando uns aos outros a se jntarem a eles
apenas com o sorriso nos rostos.

Ao olhar pra trás na escada vejo você subindo com dificuldade, devido ao peso de uma mala e uma
bolsa de mão, me ofereço a pegar a mala mas você me entrega a bolsa mais leve. Vejo nitidamente
seu rosto, lindo como sempre e um cabelo curto. Sua expressão é séria como sempre também, quase
carrancuda, e ao subir as escadas peço para que espere pois gostaria muito de conversar. Nesse
momento seu cabelo está quase inexistente, salvo por poucos fios e na sua cabeça está uma touco
que mais se parece com ataduras. Eu faço um comentário totalmente aleatório porem alegre sobre a
touca, e você me responde com uma seriedade desnecessária. Eu rio levemente com um riso de
compreensão por alguém que no momento não consegue ter uma conversa simples e leve, e nesse
momento um raio de luz toca e chão e me chama a atenção.

Me viro para uma segunda janela, ao lado da que vi os alunos alpinistas, e contemplo uma das
paisagens mais lindas que já vi em toda a minha vida.

É começo de dia e a escuridão se esvai. Numa planície ondulada, a grama é verde escura, e a poucas
centenas de metros vejo dois sóis nascentes por trás de arvores altas e pontudas semelhantes a
pinheiros, sendo o da direito de um amarelo claro e o da esquerda bem mais escuro como a cor de
quando se põe. No alto do céu ainda escuro, vejo uma aurora boreal com cores metálicas, bronze
prata e ouro, que se mesclavam formando um caldeirão de metal gasoso e colorido.

Ao me voltar para você a vejo já subindo o segundo lance de escadas e peço só mais um momento.
Por estar degraus acima, você inclina a cabeça e eu me elevo sobre os pés para beijar sua testa, e
acabo beijando mais a touca do que gostaria de beijar você.

Você também pode gostar