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– Personagens

Narradora: Thaina
Menino: João
Coelho: João
Homem de papel: João
Fada: Cristina
Rosa: Nayane
Voz do além: Cristina
Mascara: Sabrina
Formiga: Naynae
Lucy: Cris
Menina da Bola: Sabrina

Eco dos sonhos: crescer e amadurecer


Nas sombras acolhedoras de Eldora, uma cidade enraizada em tradições e expectativas,
Lucy, aos seus 19 anos, enfrentava não apenas o desafio de moldar seu destino, mas também o
peso da perfeição que pairava sobre sua juventude. Cada passo, cada decisão, era um passo em
direção ao labirinto complexo da vida adulta, onde as escolhas não eram apenas julgadas, mas
moldariam o seu caminho pelos anos que a seguiriam.
Desde o início de sua jornada, a pressão por excelência cercava Lucy, uma herança
imposta por uma sociedade que via na perfeição a única medida aceitável. As expectativas sobre
ela eram como sombras, que a devoravam em sua jornada para a maturidade. O cenário Atraente
de Eldora, com suas ruas sinuosas e árvores antigas, tornava-se um palco onde a transição para
a vida adulta se desenrolaria, cada esquina carregada de desafios e descobertas.
Em uma noite envolta em sombras, Lucy encontrou-se em um cenário surreal, um
labirinto de imagens surreais que desafiavam a lógica e mergulhavam na obscuridade.
- Isso é... um quebra-cabeça dos meus próprios pensamentos? Estou perdida, mas,
estranhamente, não sinto medo.
- Se é um sonho, então que seja grandioso. Que eu possa aproveitar cada instante e
explorar os confins desta realidade distorcida.
Andando por aquele estranho lugar, que lhe trazia uma sensação não esperada de
calmaria, Lucy percebeu que em sua volta abriu-se um caminho de névoa. Receosa, por aquela
estrada desconhecida ela seguiu. Andando um pouco, percebeu que bem na frente de seus olhos,
outrora descrentes do fenômeno, um novo cenário tomava conta do que ela chamou de “sonho”.
No alto de uma colina verdejante, uma menina soprava bolhas de sabão que se
transformavam em esferas que mostravam coisas incríveis, refletindo breves vislumbres de um
mundo distorcido.
- Quem é você? Perguntou Lucy
- Não sou alguém importante, mas tenho um presente. Escolha com sabedoria uma
de minhas bolhas e entre nela, o próximo passo da jornada estará lá.
- Preciso somente que entenda que estas bolhas, tão passageiras como nossos dias,
são como lembretes suaves de que a beleza muitas vezes reside na aceitação da
efemeridade da vida.
Atravessando a bolha escolhida, Lucy deparou-se com a cena do filme "Show de
Truman", onde Truman desafia as barreiras de sua realidade saindo do set através de uma escada
pintada de céu, tal qual ela fez. Todavia, antes mesmo de chegar perto da porta uma voz ecoou
no vento, sussurrando:
- Lucy, imagine a realidade como um palco grandioso, onde cada degrau das
escadas, meticulosamente esculpidas, conduz a caminhos inexplorados,
aguardando pacientemente para revelar os intrincados capítulos que se
desdobram diante de nossos olhos.
A garota confessou para si mesma estar um pouco assustada com essa voz do além, porém
seguiu seu caminho. Ao abrir a porta do céu, um feixe de luz a cegou antes que pudesse avistar
sua próxima trilha.
Ao recuperar os sentidos, seguiu por um corredor sombrio, onde deparou-se com
máscaras de teatro, algumas felizes, outras tristes, todas dançando em uma coreografia macabra.
Uma das máscaras se aproximou, revelando uma risada sinistra. Lucy a olhou com certo receio
antes que a mascará lhe desse um conselho que a fez refletir
- A alegria e a tristeza dançam juntas na peça da existência, onde cada ato é uma
máscara que usamos. Siga seu caminho.
declarou a máscara, dissipando-se como fumaça.
Após isso dois caminhos se revelaram para ela, um deles era sombrio, cheirava a madrugadas
de solidão e outro tinha uma beleza acolhedora, que como um encanto chamava para um quente
abraço, todavia apesar da aparência confortável ela sabia qual deveria seguir, e por aquela trilha
silenciosa seguiu. Assim que chegou em sua metade o caminho se desfez, derrubando-a em um
cenário onde havia ela e mais alguém.
Um homem de papel flutuava no vento, suas dobras criando uma trilha de histórias não
contadas. Lutando contra o forte vento o homem se aproximou dela e sussurrou em seu ouvido
como uma brisa:
- Sou a manifestação de escolhas esquecidas e promessas não cumpridas. Aprenda com
minha existência e escolha preencher seus dias com decisões significativas e promessas
que se transformem em realizações. Sussurrou o homem de papel, ecoando pela
paisagem desolada.
Após a fala do homem peculiar, um forte vento a levou. Lucy não via nada, mas sentia um
aroma delicado e quando o vento parou gentilmente ela pousou em um campo de flores
vermelhas.
No campo de flores, uma única flor branca emergia entre as vermelhas, sua pétala
imaculada contrastando com a escuridão ao redor.
- Sou a última lembrança da pureza perdida, um suspiro de inocência em um mundo
sombrio. Que minha história seja um lembrete para preservar a luz dentro de si, mesmo
quando cercado pela escuridão. Murmurou a flor, com palavras carregadas de
melancolia.
Lucy, extasiada com a beleza contrastante da flor nem percebeu que atrás de si abria-se um
buraco, onde por pouco não caiu. Agarrada na beira do buraco, com a flor branca a olhando de
cima Lucy sentiu sua pequenez em relação a existência e fraquejou, caindo no abismo que não
lhe mostrava qualquer sinal de futuro.
A queda parecia infinita e a garota, por um momento, achou que cairia para sempre,
quando um tilintar metálico a seguiu após seu pouso.
Lucy, agora imersa em um terreno de moedas cintilantes, observou, com certo espanto,
uma luta de espadas entre formigas, cada uma batalhando pelo controle das riquezas efêmeras.
O comandante formiga olhou para ela, proferindo com seriedade:
- Cada moeda é uma escolha, cada escolha é uma guerra que travamos por nossos
destinos. Há batalhas que não podemos vencer.
As palavras dos personagens dos cenários começavam a se agrupar na mente da garota, fazendo
uma pequena onda de pensamentos surgir e levá-la para outro lugar misterioso.
Lucy, desorientada, abria os olhos pouco a pouco e em um impulso levantou-se achando estar
de volta ao mundo conhecido por ela, afinal, parecia uma simples campina. Caminhando pelo
verde infinito procurando por outra pessoa, Lucy deparou-se com uma imagem que a fez ter
certeza de que não, não estava em seu mundo.
Em um recanto sombrio, um menino esculpia nuvens com mãos ágeis, moldando o céu
de acordo com sua imaginação. E em um segundo o menino estava em seu lado, convidando-a
a se abaixar na altura dele. Quando fez, o menino lhe disse:
-As nuvens são o reflexo de nossos pensamentos, esculpidas no tecido do universo.
Você tem o controle, mas precisa aprender a esculpir.
Disse o menino, revelando um sorriso melancólico.
Após sábio conselho, em um assovio, o jovem rapaz chamou um cavalo feito de nuvem
e pediu para que Lucy confiasse nele no restante do trajeto.
O cavalo a levou até um castelo escuro onde outro conselheiro a esperava.
Um coelho cavaleiro, vestido em uma armadura que refletia a luz fraca, saltou à frente.
- A jornada é uma batalha incessante, e a armadura é a única defesa contra as
sombras que nos cercam. Esteja sempre pronta.
Proclamou o coelho, com olhos irradiando uma sabedoria antiga.
Por fim, o cavalo levou Lucy a uma praia, onde, no momento em que ela tocou a água
uma escada se abriu para o fundo daquela imensidão.
Após descer degraus infinitos, finalmente, ela encontrou-se mergulhando em um oceano
de livros, cada página era uma onda que a levava a diferentes mundos. Uma fada, com asas de
luz e sombras, pairava entre as estantes.
-Nas palavras, cara jovem, encontramos lamentos de almas perdidas e murmúrios de
esperanças esquecidas. Não deixe escapar o momento, escreva sua história.
Disse a fada, seus olhos refletindo tristeza e encantamento.
À medida que Lucy navegava por esse pesadelo (ou sonho), as vozes sombrias e as
imagens distorcidas fundiam-se, criando uma sinfonia de desespero e beleza. Seu desafio era
encontrar a luz em meio às sombras, decifrar os enigmas e emergir desse sonho sombrio com
uma compreensão mais profunda da própria existência. E dessa forma, ela o fez.
Agora acordada em seu quarto, Lucy não mais sentia o desespero da sua existência, não
mais seria a claustrofobia da expectativa, pois ela aprenderá muito na sua jornada, uma jornada
repleta de personagens que representam a vida na sua forma crua, sem romantização. Ela
abraçaria cada conselho dos personagens da vida de seu sonho e traria para sua existência e
assim seria completa.

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