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UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO

PUBLICIDADE E PROPAGANDA — 2º SEMESTRE 2023

LEONARDO DOS SANTOS GONÇALVES - 839846

CONSTRUÇÃO DE NARRATIVA: Tenebris Abyssi

Ribeirão Preto/SP
2023
PRÓLOGO

— Isso não era para estar acontecendo, não aqui – insiste Rodrigo, com o corpo
estremecendo e a respiração ficando ofegante. – Nós temos que sair daqui!
— Não existe mais outra saída – rebate Samuel, indicando com o lampião na direção
de onde vieram, onde antes havia uma saída.
— Então, já que estamos presos aqui, não temos escolha… mesmo que seja a última
coisa. – Responde Otávio, dando meia-volta.
Com a expressão aflita e perturbada, ele persiste em avançar ainda mais para o interior
da caverna. As paredes sinuosas e obscuras parecem absorver toda a luz emitida pelo lampião,
mas uma coisa se destaca. Uma coisa viva; sulcos avermelhados banhando-se com a luz, uma
anomalia em meio à escuridão opressora, seu aspecto é sedutor e pulsante, como uma dança
misteriosa entre a tentação e a repulsão.
Ali está o motivo de estarem naquele lugar.
O mineral preso às paredes; são a única coisa capaz de mantê-los afastados da ameaça
da escuridão; longe daquela nomeada de várias formas, retirados do colo da Imanazi.
Porém não era para isso estar acontecendo. Não era para Ela estar ali. Sua presença é
palpável, diluída em todo caminho pelo qual percorriam.
— M-mas nós estamos em uma área de proteção, não estamos? – rebate Rodrigo, com
o suor percorrendo a testa. – O que deu errado?
— Eu não sei, mas o desespero não irá ajudar em nada – diz Otávio.
— V-você tem certeza que quer continuar? – pergunta Samuel.
— Eu preciso fazer isso, vocês fiquem aqui. Me passa logo esse lampião – com a mão
trêmula Otavia alcança Samuel, que já estava com o braço estendido.
Olhando de relance para trás percebe o nervosismo estampado neles, os olhos
desesperados procurando uma saída. É melhor eles ficarem aqui, nem todos tem que pagar o
preço, disse a si mesmo. Os passos ecoavam pelas paredes, uma trilha sonora metálica
contrastava com a escuridão sufocante. Seus companheiros, observando com olhares
angustiados, permaneceram à distância, conscientes da gravidade do que estava por vir.
Ao alcançar o que parecia ser o término da escuridão, a atmosfera densa tornou-se
palpável. O ar estava carregado, dificultando a respiração, e um calafrio percorreu a espinha,
atraído pelo abismo de sombras à sua frente. Num momento de hesitação, ele contemplou a
escuridão, como se pudesse sentir a presença da entidade. Então, de braços abertos, Ela
emergiu das sombras, uma figura sinuosa e impenetrável que o absorveu em seu abraço voraz.
Os olhos dos presentes testemunharam horrorizados enquanto o líder desaparecia,
engolido pela escuridão, sem deixar vestígios. A caverna permaneceu em silêncio, apenas o
eco constante do metal contra a pedra continuava, como se lamentasse a perda daquele que
ousou a desafiar. O vazio agora preenchia o lugar onde o mestre da mina um dia esteve, uma
recordação sombria da coragem confrontada pela inevitável escuridão.
Capítulo 1 - Convocação

Em um quarto austeramente decorado no convento, a luz cinzenta do amanhecer


adentrava-se pelas frestas das cortinas. O espaço era desprovido de qualquer alegria. A cama
de madeira robusta estava cuidadosamente arrumada, enquanto livros empilhados em uma
escrivaninha de canto expressavam uma tentativa de ocupar a mente.
Conor despertou com o peito pesado, como se cada batida do coração relembrasse a
falta do pai. Seu olhar vagou pelo quarto, em busca de algum conforto, mas nada ali
encontrou . À janela, o sol escondia-se tímido por trás das nuvens, tornando o dia cinzento e
frio. Era como se o clima refletisse o turbilhão de emoções do garoto. Na penumbra do quarto,
Conor sabia que dia era aquele. E sabia que precisava visitar o túmulo vazio do pai, o único
símbolo físico do que restara daquele que ele amou e perdeu.
Com um suspiro, ele se ergueu da cama e, com passos pesados, caminhou em direção
à porta. Cada passo ecoava a tristeza que sentia. Conor deixou para trás a segurança do quarto,
indo em direção de onde encontrava-se o túmulo, os ventos uivavam como se sussurrasse
segredos do passado.
Mas tinha alguém lá, um homem que não conhecia, suas roupas não condiziam com
aquela parte da cidade, seu terno marrom café e o sapato muito bem polido, deixava claro que
ele tinha poder.
— O senhor conhecia o meu pai?
— Oh não; não pessoalmente… mas sabia que ele era um grande homem. - respondeu
o homem desconhecido, sua feição parecia séria, como se não quisesse estar lá.
— Então você é o Conor? Quantos anos você tem rapaz?
— Treze senhor. Como sabe meu nome se nem te falei nada?
— Uma boa pergunta, mas eu tenho algo para você antes. – estendendo a mão ele
revela uma carta, com um bonito selo de cera lacrando o envelope.
Conor já sabia o que aquilo significava, num gesto automático, estendeu a mão e
recebeu a carta, mas antes que pudesse articular uma pergunta, como quase de imediato o
homem se vira e segue em direção a cidade, deixando Conor com seus próximos anos selados
em um mero pedaço de papel.
Desdobrando a carta marcada pelo símbolo carmesim da família Valadares, as palavras
impressas traziam consigo a força indiscutível do poder local. Entre as linhas bem redigidas,
uma convocação se destacava, impondo-se sobre o papel com autoridade inquestionável.
'Conor Alabastro, por designação familiar, é convocado a ingressar no período de coleta
antes mesmo da plena maturidade de seus anos. Seu dever e compromisso com a família e a
cidade são imperativos. Esteja ciente de que sua convocação é para iniciar imediatamente,
ao primeiro raio de sol, honrando o legado e a tradição dos Valadares.' As palavras,
friamente escritas, carregavam o peso do destino moldado pela influência e soberania da
família sobre a cidade e suas vidas.
Capítulo 2 - Companheiros Eteernos

Ao retornar ao convento naquele crepúsculo frio e melancólico, uma luz tênue


iluminava os rostos pálidos dos jovens reunidos para a última refeição do dia, seu olhar
buscava por Clarice entre as figuras, e encontrou-a sentada, silenciosa em meio aos
burburinhos internos do convento. Ele se aproximou silenciosamente e se sentou ao lado dela,
inquieto e pensativo, ele tinha que contar a ela.
Os traços de Clarice pareciam mais abatidos desde que se mudaram para o convento.
O rosto fino e pálido estava agora marcado por linhas sutis de preocupação. Seus olhos, antes
radiantes, agora pareciam embaçados pela tristeza e cansaço. Havia uma seriedade estranha
em seu rosto que contradizia a idade que tinha.
— Clarice… – sussurrou Conor. – Eu recebi uma carta hoje, amanhã eu… – sua voz
vacilou por um momento, não querendo acreditar no que diria. – Amanhã eu começo o
período de coleta.
Clarice ergueu os olhos, suas próprias angústias refletidas nos de Conor. Ela segurou
sua mão com firmeza, um gesto de apoio silencioso. Não houve palavras, apenas um
entendimento de uma jornada que ele devia seguir.
O despertar veio em meio à penumbra que precede a alvorada. Conor se ergueu da
cama com a sensação de que algo não estava certo, o peso do futuro iminente pressionando
seus ombros. O quarto, habitualmente sereno, parecia carregar uma energia estranha naquela
manhã.
O sol ainda não havia se erguido no horizonte quando Conor deixou o convento. A
cidade adormecida estava silenciosa, uma neblina sutil envolvia as ruas desertas. E a brisa
gélida parecia sussurrar advertências, “Talvez eu devia fugir disso tudo, acho que seria
melhor” pensou enquanto seguia seu caminho.
Ao alcançar as minas, com seu solo árido e poeirento, e as estruturas de madeira
enegrecida pelo uso incessante. Conor ingressou no ambiente, onde outros jovens já se
moviam, os corredores estreitos da mina eram como túneis sombrios, iluminados apenas por
lampiões trêmulos que projetavam sombras dançantes nas paredes de rocha. O som metálico
dos passos ecoava pela caverna escura, reverberando uma trilha sonora inquietante.
Em meio a toda essa escuridão, ele percebeu, com uma clareza devastadora, que
aquela seria a realidade que o aguardava nos próximos anos de sua vida, onde o peso do
trabalho e a sombra da incerteza seriam seus eternos companheiros.
Resumo do Universo e Continuação da Narrativa

Num universo moldado por uma sociedade dividida, a civilização gira em torno de
dois pilares: um mineral raro chamado absmália e uma entidade sinistra e atemporal. A
absmália, é essencial e escassa, é a força propulsora da sociedade, determinando o poder e a
hierarquia através da extração desse recurso. Poucas cidades detêm o controle das minas,
governadas pela influentes famílias, como a família Valadares, e em parceria com a Igreja,
que unem forças para repelir a influência “maligna” da entidade.
A absmália possui propriedades paradoxais: seu uso afasta a entidade, mas seu
consumo degrada a saúde das pessoas, tornando-as dependentes. A pureza do mineral
influencia sua eficácia na proteção contra a entidade e os danos à saúde dos consumidores.
A entidade, figura essa envolta em trevas, é temida e repudiada pela sociedade.
Antigamente adorada por uma seita chamada Imanazi, agora é considerada a fonte de todo o
mal pelo novo credo religioso, que exige distância total e repúdio a qualquer contato com ela.
A estrutura social é estratificada: os burgueses, proprietários das minas, e a Igreja têm o
poder, enquanto os mais pobres recebem menos absmália, tornando-se mais vulneráveis à
entidade.

A história gira em torno de Conor e Clarice, gêmeos marcados pela perda da mãe ao
nascerem. Após a morte do pai, são forçados a viver num convento. Conor, encarando a dura
realidade do período de coleta, é convocado precocemente devido à morte do pai. Clarice,
sofrendo sequelas da ingestão de absmália pela mãe durante a gravidez, vê sua saúde
deteriorar-se, sem compreender o segredo despertado pela interação com o mineral.
Conor, ao partir para seu primeiro dia de trabalho nas minas, enfrenta o fardo do dever
e da incerteza sobre o destino. Clarice, por outro lado, mostra sinais de envelhecimento
precoce, um sintoma da doença que a acomete, não compreendida por seu irmão.
A vida nessa sociedade é uma complexa teia de poder, medo e dependência, onde os
mistérios da absmália e a ameaça constante da entidade moldam os destinos de seus
habitantes, com Conor e Clarice no centro desse enredo, enfrentando desafios que
transcendem a compreensão e a própria existência.
A narrativa contrária à jornada de Conor nas minas, onde encontraria um mineral de
pureza inigualável, escondendo-o dos donos da mina, tornando-se assim uma reserva
monetária. Após alguns anos de trabalho é convidado para entrar ao contrabando do mineral,
como maneira de se opor ao sistema.
Durante esse período sua irmã começa a trabalhar na área de refinaria do mineral,
tendo o contato com uma peça misteriosa do mineral, revelando a ela segredos
incompreensíveis que a atormentaria, iniciando uma busca por respostas.
A história se desenrolaria com Conor e sua irmã fugindo, pois ele descobriu que o
mineral que havia guardado a anos poderia ajudar a irmã, porém seu amigo Thomás o havia
denunciado por um jogo de poder e inveja, forçando que fugissem.
O desfecho dessa primeira parte acabaria com a fuga deles, sendo encurralados em
uma caverna, e nesta situação Conor seria absorvido por essa entidade, e descobria toda a
verdade por trás de sua existência, sendo essas cenas narradas em primeira pessoa mudando o
aspecto narrativo da história, lá entenderia que ele possui uma conexão com a entidade e a
irmã com o mineral. O real objeto da entidade seria acabar com o mineral, passando agora
este objetivo para o protagonista, tendo que ir contra todas suas crenças e a própria irmã.
Desta forma a narrativa retornaria ao primeiro esboço apresentado em sala de aula
como atividade, encerrando a primeira parte da história.

“O terreno era acidentado e íngreme; com dificuldade Conor atravessa a mata densa
em busca de abrigo, as pernas bambeavam e os olhos ardiam a respiração descompassada já
evidenciava a sua exaustão; quando finalmente ele consegue alcançar a sua irmã. Se
escondendo no interior de uma caverna, a penumbra abraça o mundo ao seu redor.
Um arrepio percorre da base dos seus pés à ponta da cabeça, músculos rijos e
respiração ofegante, é chegado a hora de agir. A presença Dela é papável, o ar se torna denso
e a temperatura oscila, com um movimento coreografado ele saca a pederneira do culote e
acende a tocha que mantinha consigo, brandindo-a ele tenta a afasta de perto de si; mas
quando percebe já era tarde demais.”

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