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Ribeirão Preto/SP
2023
PRÓLOGO
— Isso não era para estar acontecendo, não aqui – insiste Rodrigo, com o corpo
estremecendo e a respiração ficando ofegante. – Nós temos que sair daqui!
— Não existe mais outra saída – rebate Samuel, indicando com o lampião na direção
de onde vieram, onde antes havia uma saída.
— Então, já que estamos presos aqui, não temos escolha… mesmo que seja a última
coisa. – Responde Otávio, dando meia-volta.
Com a expressão aflita e perturbada, ele persiste em avançar ainda mais para o interior
da caverna. As paredes sinuosas e obscuras parecem absorver toda a luz emitida pelo lampião,
mas uma coisa se destaca. Uma coisa viva; sulcos avermelhados banhando-se com a luz, uma
anomalia em meio à escuridão opressora, seu aspecto é sedutor e pulsante, como uma dança
misteriosa entre a tentação e a repulsão.
Ali está o motivo de estarem naquele lugar.
O mineral preso às paredes; são a única coisa capaz de mantê-los afastados da ameaça
da escuridão; longe daquela nomeada de várias formas, retirados do colo da Imanazi.
Porém não era para isso estar acontecendo. Não era para Ela estar ali. Sua presença é
palpável, diluída em todo caminho pelo qual percorriam.
— M-mas nós estamos em uma área de proteção, não estamos? – rebate Rodrigo, com
o suor percorrendo a testa. – O que deu errado?
— Eu não sei, mas o desespero não irá ajudar em nada – diz Otávio.
— V-você tem certeza que quer continuar? – pergunta Samuel.
— Eu preciso fazer isso, vocês fiquem aqui. Me passa logo esse lampião – com a mão
trêmula Otavia alcança Samuel, que já estava com o braço estendido.
Olhando de relance para trás percebe o nervosismo estampado neles, os olhos
desesperados procurando uma saída. É melhor eles ficarem aqui, nem todos tem que pagar o
preço, disse a si mesmo. Os passos ecoavam pelas paredes, uma trilha sonora metálica
contrastava com a escuridão sufocante. Seus companheiros, observando com olhares
angustiados, permaneceram à distância, conscientes da gravidade do que estava por vir.
Ao alcançar o que parecia ser o término da escuridão, a atmosfera densa tornou-se
palpável. O ar estava carregado, dificultando a respiração, e um calafrio percorreu a espinha,
atraído pelo abismo de sombras à sua frente. Num momento de hesitação, ele contemplou a
escuridão, como se pudesse sentir a presença da entidade. Então, de braços abertos, Ela
emergiu das sombras, uma figura sinuosa e impenetrável que o absorveu em seu abraço voraz.
Os olhos dos presentes testemunharam horrorizados enquanto o líder desaparecia,
engolido pela escuridão, sem deixar vestígios. A caverna permaneceu em silêncio, apenas o
eco constante do metal contra a pedra continuava, como se lamentasse a perda daquele que
ousou a desafiar. O vazio agora preenchia o lugar onde o mestre da mina um dia esteve, uma
recordação sombria da coragem confrontada pela inevitável escuridão.
Capítulo 1 - Convocação
Num universo moldado por uma sociedade dividida, a civilização gira em torno de
dois pilares: um mineral raro chamado absmália e uma entidade sinistra e atemporal. A
absmália, é essencial e escassa, é a força propulsora da sociedade, determinando o poder e a
hierarquia através da extração desse recurso. Poucas cidades detêm o controle das minas,
governadas pela influentes famílias, como a família Valadares, e em parceria com a Igreja,
que unem forças para repelir a influência “maligna” da entidade.
A absmália possui propriedades paradoxais: seu uso afasta a entidade, mas seu
consumo degrada a saúde das pessoas, tornando-as dependentes. A pureza do mineral
influencia sua eficácia na proteção contra a entidade e os danos à saúde dos consumidores.
A entidade, figura essa envolta em trevas, é temida e repudiada pela sociedade.
Antigamente adorada por uma seita chamada Imanazi, agora é considerada a fonte de todo o
mal pelo novo credo religioso, que exige distância total e repúdio a qualquer contato com ela.
A estrutura social é estratificada: os burgueses, proprietários das minas, e a Igreja têm o
poder, enquanto os mais pobres recebem menos absmália, tornando-se mais vulneráveis à
entidade.
A história gira em torno de Conor e Clarice, gêmeos marcados pela perda da mãe ao
nascerem. Após a morte do pai, são forçados a viver num convento. Conor, encarando a dura
realidade do período de coleta, é convocado precocemente devido à morte do pai. Clarice,
sofrendo sequelas da ingestão de absmália pela mãe durante a gravidez, vê sua saúde
deteriorar-se, sem compreender o segredo despertado pela interação com o mineral.
Conor, ao partir para seu primeiro dia de trabalho nas minas, enfrenta o fardo do dever
e da incerteza sobre o destino. Clarice, por outro lado, mostra sinais de envelhecimento
precoce, um sintoma da doença que a acomete, não compreendida por seu irmão.
A vida nessa sociedade é uma complexa teia de poder, medo e dependência, onde os
mistérios da absmália e a ameaça constante da entidade moldam os destinos de seus
habitantes, com Conor e Clarice no centro desse enredo, enfrentando desafios que
transcendem a compreensão e a própria existência.
A narrativa contrária à jornada de Conor nas minas, onde encontraria um mineral de
pureza inigualável, escondendo-o dos donos da mina, tornando-se assim uma reserva
monetária. Após alguns anos de trabalho é convidado para entrar ao contrabando do mineral,
como maneira de se opor ao sistema.
Durante esse período sua irmã começa a trabalhar na área de refinaria do mineral,
tendo o contato com uma peça misteriosa do mineral, revelando a ela segredos
incompreensíveis que a atormentaria, iniciando uma busca por respostas.
A história se desenrolaria com Conor e sua irmã fugindo, pois ele descobriu que o
mineral que havia guardado a anos poderia ajudar a irmã, porém seu amigo Thomás o havia
denunciado por um jogo de poder e inveja, forçando que fugissem.
O desfecho dessa primeira parte acabaria com a fuga deles, sendo encurralados em
uma caverna, e nesta situação Conor seria absorvido por essa entidade, e descobria toda a
verdade por trás de sua existência, sendo essas cenas narradas em primeira pessoa mudando o
aspecto narrativo da história, lá entenderia que ele possui uma conexão com a entidade e a
irmã com o mineral. O real objeto da entidade seria acabar com o mineral, passando agora
este objetivo para o protagonista, tendo que ir contra todas suas crenças e a própria irmã.
Desta forma a narrativa retornaria ao primeiro esboço apresentado em sala de aula
como atividade, encerrando a primeira parte da história.
“O terreno era acidentado e íngreme; com dificuldade Conor atravessa a mata densa
em busca de abrigo, as pernas bambeavam e os olhos ardiam a respiração descompassada já
evidenciava a sua exaustão; quando finalmente ele consegue alcançar a sua irmã. Se
escondendo no interior de uma caverna, a penumbra abraça o mundo ao seu redor.
Um arrepio percorre da base dos seus pés à ponta da cabeça, músculos rijos e
respiração ofegante, é chegado a hora de agir. A presença Dela é papável, o ar se torna denso
e a temperatura oscila, com um movimento coreografado ele saca a pederneira do culote e
acende a tocha que mantinha consigo, brandindo-a ele tenta a afasta de perto de si; mas
quando percebe já era tarde demais.”