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Disponibilizado: Eva

Tradução: Dani, Ale, Ari e Larissa


Revisão Inicial: Nedi, Rê Borges
Revisão Final: Juliana
Leitura Final e Formatação: Niquevenen
Para mim, o nome Dante conjurou duas imagens. A primeira são as
representações épicas do inferno do Inferno de Dante, com pessoas queimando
por seus pecados. A segunda imagem era uma descrição sexual. Eu não sei de
onde veio, mas até onde me lembro, sempre associei o nome Dante a um
homem bonito e sexy. Imaginei um lothario1 de cabelos escuros, de olhos
escuros e lindos, capaz de capturar o coração de uma mulher com apenas um
olhar. Dante era o Fabio de minha geração, o galã que fazia os corações das
mulheres baterem rápido, nos fez querer que esse homem rasgasse nossas
roupas e nos jogasse na cama.

Mal sabia eu que o Dante que entrou na minha vida era muito diferente
do que eu imaginava. Oh, ele era moreno, de olhos escuros, lindo, até mesmo
um lothario... apenas... ele não era um homem. Em vez disso, ele era alguém
que ia me mandar para o Inferno que seu homônimo tinha escrito.

Tag: Taboo, ficção literária, relação do


professor/estudante, professor de inglês,
estudante masculino, edições da saúde mental,
abuso, poesia, gangues, High School.

1
Santo da igreja católica
A série BROKEN LIVES será dividida em dois conjuntos (duetos).
Broken English (parte 1) e Shattered Poetry (Parte 2) são o primeiro
conjunto, terminando a fase de High School das vidas de Clara e Dante. O
próximo conjunto, livros 3 e 4, é uma nova história, levando seu
relacionamento a outro nível.
Este livro se passa no ano de 2002.
A tentação é o fogo que trás a escória do coração.

Thomas Boston
01

Virei-me para Wera High e estacionei no parque de estacionamento


dos professores, tão animada que estava literalmente tremendo no meu
assento. É o meu primeiro dia como uma professora de Inglês permanente,
algo que tinha sonhado desde que era criança. Antes de hoje, só tinha
trabalhado como substituta, preenchendo quando outros professores
estavam fora, o que não era o que eu queria. O que queria era ter minha
própria classe, onde poderia promover uma conexão com as crianças e
ajudá-las a se apaixonar pela literatura como eu me apaixonei. Em seguida,
um colega tinha mencionado que Wera High estava à procura de um
professor de Inglês. Agarrei a oportunidade, ainda mais ansiosa desde que a
escola é em South Auckland, uma área socioeconômica mais baixa na Nova
Zelândia, onde senti que poderia realmente fazer a diferença.

Virei o espelho de maquiagem para baixo e verifiquei a minha


aparência, certificando-me de que meu batom não tinha sangrado como
vítima de um vampiro. Sorri com a metáfora. Eu era uma grande fã de Buffy.
Não só assisti ao programa, mas li todos os livros. Meu marido achou que
era hilariante que uma Professora de Literatura amasse ‘Lixo de fantasia
adolescente’, sua descrição, não minha. Ele me disse que eu deveria estar
lendo coisas como The Great Gatsby, Nineteen Eighty-Four e To Kill a
Mockingbird, todos os livros que ele não sabia nada sobre, desde que a sua
ideia de boa literatura era Sports Illustrated.
Meu reflexo no espelho limpou o sorriso do meu rosto. Meu batom
cor-de-rosa tinha, na verdade, tentado escapar dos meus lábios, fazendo um
caminho mais curto para o meu queixo. Lambi um dedo e corri sob minha
boca. Alguém poderia pensar que até o ano 2002 alguém teria inventado um
batom que ficaria parado, mas não, era uma batalha constante mantê-lo
confinado a uma área. Ou talvez eu fosse apenas inútil em colocá-lo.
Independentemente disso, apliquei uma camada nova e bati os lábios, que
fixou o problema por ora. Feliz com o resultado, guardei meu batom na
minha mochila cor marrom dourado e alisei meu cabelo loiro, recém-tingido
para me livrar da minha cor natural castanho claro.

Ansiosa para começar o dia, saí do meu Volkswagen amarelo, para a


atmosfera vibrante. Wera High era muito mais animada do que as escolas de
classe média e elegante que eu tinha substituído em Londres. As crianças do
South Auckland eram mais altas, maiores, mal vestidas e mais
desordenadas. Eles corriam nos terrenos da escola, atravessando a estrada,
estacionamento e grama, um até mesmo derrubou um sinal de ‘não pise na
grama’ enquanto se dirigia para um edifício de dois andares de cor creme
com um telhado verde.

Pendurei minha bolsa sobre a minha cabeça, descansando a alça em


toda a minha blusa rosa suave e a bolsa de couro no quadril da minha saia
rosa mais escuro. Fui para o mesmo edifício, onde ficava o escritório do
diretor e a sala dos professores, mas rapidamente minhas costas foram
achatadas contra o meu carro quando três rapazes passaram por mim
rapidamente, quase me levando junto. Eles correram pelo gramado, com um
monstro de um menino liderando o caminho, seus ombros largos que
mereciam seu próprio código postal.

Balancei a cabeça e me virei para sair, girando ao redor quando um


grito rasgou o ar. Do outro lado do gramado, os três rapazes estavam
empurrando outro menino, bem como dando socos nele. A vítima deles
parecia que estava lutando para afastá-los, os braços e os pés se movendo
rapidamente em autodefesa. Em seguida, o menino grande acertou-o por
trás, derrubando-o no chão.

Corri para a luta, gritando para eles pararem. Meu salto direito
afundando na grama, quase me fazendo cair com o rosto no chão. Eu me
debati brevemente, mas corrigi o meu pé a tempo e continuei, chegando até
a luta. Dois da festa de ataque se afastaram quando me aproximei deles,
enquanto o maior ficou. Ele começou a chutar o menino caído, uma bota
atingindo sua virilha. O menino gritou e enrolou-se em posição fetal,
agarrando-se em seguida.

Eu me joguei na frente do brutamontes quando ele levantou a bota


novamente. — Pare! — Gritei, estendendo minhas mãos.

Ele baixou o pé, sua expressão uma máscara de raiva e brutalidade.


Ele tinha um nariz torto, mandíbula quadrada e uma testa proeminente, seu
corte de cabelo número um terminou em seu resistente olhar. Ele também
era muito alto, bem mais de 1,80m, superando o meu 1,60m. Engoli em seco
e dei um passo para trás, percebendo o perigo que me coloquei sem querer.
Eu tinha lido sobre os professores se machucarem nas escolas no South
Auckland. Apenas no outro dia, um foi nocauteado em uma escola que
estava quase cinco minutos do Wera High, e aqui eu estava no meu primeiro
dia, saltando em uma situação onde não podia possivelmente me defender.

— Vá para o escritório do diretor, — eu disse, tentando soar


assertiva, embora me senti nada, mas, especialmente com este colosso
sarcástico para mim.

Seu olhar irritado deslocou-se para o rapaz caído. — Você é tão


patético que precisa de garotas para salvá-lo agora. Basta ficar longe da
minha—
— Eu não quero suas sobras! — O menino gritou do chão, o garoto
obviamente, tinha um desejo de morte.

Fúria atravessou o rosto do outro. A manchete PROFESSORA


HOSPITALIZADA DEFENDENDO ESTUDANTE apareceu em minha mente.
Desesperada para difundir a situação, peguei rapidamente meu telefone
celular. — Eu vou chamar a polícia se você não sair agora.

O brutamontes ficou tenso. — Você deve ficar fora dos negócios de


outras pessoas, senhora.

— É o meu negócio quando você briga nas dependências da escola, —


eu disse, tentando soar autoritária. — Qual é o seu nome?

— Não é da sua conta, cadela. — Um segundo depois ele foi embora,


desaparecendo dentro do prédio da escola. Exalei um suspiro que não tinha
percebido que estava segurando, aliviada que não tinha sido morta antes de
perceber que o sino tinha sequer tocado. Atrás de mim o menino ferido
gemeu, a minha atenção voltou para ele. Ele ainda estava enrolado e
apertando sua virilha, usando palavrões que fariam um marinheiro corar.

Agachei-me e coloquei uma mão em seu braço. — Você está bem?

Ele murmurou algo que não pude discernir. Ele tinha o rosto voltado
para o chão, seu cabelo negro salpicado com manchas de grama, lama e um
pequeno galho.

Tirei o galho. — Você precisa de ajuda para se levantar?

— Eu disse, vá se foder!

Afastei minha mão, chocada com a sua resposta depravada. — Não


há necessidade de praguejar para mim, estou apenas tentando ajudar.
— Eu não preciso de sua ajuda. — Ele virou e sentou-se, com o olhar
irritado em mim.

Eu congelei, surpreendida por sua aparência. Ele era...

Lindo.

Olhos escuros olharam para mim, emoldurados por cílios ainda mais
escuros, que combinava com seu cabelo preto ondulado.

Ele parecia italiano ou possivelmente brasileiro, a sua pele oliva e


rosto esculpido lembrando-me de um famoso modelo masculino que não
conseguia lembrar o nome.

O olhar penetrante do garoto caiu. Por um momento, ele pareceu tão


impressionado como eu estava, então ele trouxe uma mão para a testa,
quebrando a conexão. Limpou um pouco de sangue dela, chamando minha
atenção para um pequeno corte acima do olho esquerdo. Rapidamente abri a
minha bolsa e procurei um lenço de papel entre a massa de recibos,
encontrei um pacote fechado. Tirei um lenço de papel e apliquei na sua
ferida.

O menino agarrou meu pulso, me congelando no lugar. — Eu vou


fazer isso, — ele murmurou, pegando o lenço da minha mão. Deixando de
lado o meu pulso, ele colocou o lenço na testa e ficou de pé, fazendo caretas
enquanto se endireitava. A outra mão foi para sua virilha, me lembrando que
tinha sido atingido ali.

Levantei-me também, sentindo-me pequena em comparação. Mesmo


que ele não era tão grande como o monstro que o atacou, ele ainda estava
perto de 1,80m. Seus braços também eram definidos, o tecido de sua camisa
de botão de manga curta cinzenta, lutando contra seus bíceps.
Limpei a garganta. — Vou levá-lo para a enfermaria, — disse,
sentindo-me envergonhada por comer com os olhos um estudante. Porém,
ele parecia um formando, o que significava que tinha ou dezessete ou dezoito
anos, que não era muito mais jovem do que os meus vinte e quatro anos.

Ele balançou sua cabeça. — Eu vou ficar bem. — Ele agarrou com
força sua mochila, que estava coberta por escritos de grafite. Havia também
um adesivo de gangue costurado na lona preta. O meu marido tinha ficado
preocupado quando disse a ele que a vaga era no South Auckland. Depois de
assistir o filme Once Were Warriors, ele parecia pensar que era um
especialista na área, chamando-o território das gangues. Eu brinquei com
ele impiedosamente sobre isso, já que ele nunca tinha sido de Auckland, e
muito menos Nova Zelândia. Ele era de Londres. Eu o conheci enquanto
estava no meu OE — um trabalho de férias no exterior. Nós tínhamos estado
juntos por uns bons quatro anos, casados por um desses. Ele deveria me
seguir em poucas semanas, sua documentação levando mais tempo do que
tínhamos previsto.

Se limpando, o menino de cabelos ondulados se dirigiu para o edifício


principal, descartando-me como ao lenço que eu lhe dera. Corri atrás dele,
segurando a minha saia nos joelhos para que ela não voasse para cima.

— Acho que eu deveria levá-lo para a enfermaria, — disse, falando


atrás dele.

Ele continuou andando. — Estou bem.

— Não, você não está; você deve conseguir uma atadura para esse
corte e verificar o seu...

Ele parou de repente, quase me fazendo bater contra ele. Dei um


passo para trás quando ele se virou para me enfrentar, seu olhar me fez dar
outro. ― É melhor não dizer bolas, — disse ele.
Eu soltei uma risada nervosa e acenei com a mão para ele. — Não
seja ridículo, eu estava referindo-me a seus outros ferimentos.

— A única coisa ferida é o meu orgulho, então apenas me deixe em


paz. Eu não preciso de garotas combatendo minhas batalhas por mim, —
disse ele, o sotaque soando Maori, não italiano ou brasileiro—como ele
parecia.

Ele se virou e desajeitadamente subiu as escadas para o edifício


principal, o pontapé lá embaixo doendo obviamente, que era, sem dúvida,
por que ele estava sendo tão mal-humorado comigo. Segui-o para o corredor,
onde outros estudantes estavam falando, enchendo seus pertences em
armários, e em geral, sendo barulhentos, a agitação me lembrando do metrô
de Londres, apenas mais sufocante. O cheiro de suor adolescente, água de
colônia, perfume e até lama permeava o ar junto com o calor que seus
corpos estavam gerando, fazendo do corredor um lugar bastante
desagradável de estar em um dia quente de verão.

Passei por alguns alunos, não disposta a deixar que o menino se


afastasse de mim. Meu marido me compara como um pit bull quando estava
determinada a fazer algo, mordendo e não soltando até que eu consigo da
minha maneira. — Você pode pelo menos me dizer o nome de quem atacou
você, — eu disse, fazendo o meu melhor para ficar perto dele, o
esmagamento de alunos me impedindo. — Eu tenho que informar isso.

Ele balançou sua cabeça. — Não vai acontecer.

— Vai, portanto, preciso do nome dele.

Ele parou no meio do corredor e se virou para mim, dando-me outro


olhar irritado.
— Dê-me alguma folga, senhora. Eu não quero começar o ano no
escritório do diretor, defendendo-me, quando isso não é nem minha culpa.

— Você não vai precisar, você é a vítima.

Ele fez uma careta. — Não me chame de vítima, não aprecio. — Ele se
virou para ir embora.

Eu pulei na frente dele. — Eu ainda preciso saber o nome do menino.

— Você não desiste, não é?

Eu balancei a cabeça, determinada a conseguir isto como antes, se


não mais.

Ele exalou alto. — É Ronald McDonald, mas se eu for chamado ao


escritório do diretor vou negar isto. Não sou um dedo duro.

Fiz uma careta para ele. — Pareço uma idiota pra você?

Sua expressão irritada caiu, o primeiro sinal de um sorriso puxando


em seus lábios. — Você realmente quer que eu responda isso?

Minha careta cresceu. — Não seja insolente. E você não pode esperar
que eu seriamente acredite que o nome daquele rapaz é Ronald McDonald.

Ele piscou, então soltou uma explosão de riso. — Esse é o nome dele.
Seu pai é uma grande boceta gorda que ama McDonald. No entanto,
costumamos chamá-lo de Ron, Ronnie ou Happy Meal. Nós também o
chamamos de Burger King ou Wendy quando realmente queremos irritá-lo.

— Você está brincando comigo? — Perguntei, não tenho certeza se


acreditava nele ou não. Embora ele soou verdadeiro, não poderia imaginar
alguém nomear seu próprio filho com nome de um palhaço.
Ele balançou a cabeça, seu sorriso chamando minha atenção para
sua boca. Ele tinha os mais perfeitos lábios, com um lábio inferior cheio feito
apenas para mordiscar. Seu sorriso se transformou em um sorriso
arrogante, me alertando para o fato de que eu estava olhando.

Tirei meus olhos longe de sua boca. — E quanto a você, então? ―


Perguntei, me sentindo novamente envergonhada.

— Se você quiser saber mais sobre mim, vou encontrar com você
depois da escola, — disse ele, parecendo muito divertido. —Meu número é...

— Eu não quero o seu número, apenas o seu nome?

— É Dante Rata. — Ele me mandou um beijo, em seguida, virou-se e


desapareceu na massa de estudantes.
02

Voltei a olhar para a professora, pensando que ela era quente pra
caralho. Apenas uma pena que doía olhar para ela, minhas bolas
choramingava como uma cadela. Parecia que Happy Meal tinha deixado a
impressão de sua bota em minhas bolas e tudo porque eu tinha sido bom
para a sua namorada... por deixá-la chupar meu pau. Eu tinha entrado de
penetra em uma festa com dois dos meus companheiros. Ela estava lá, sem
a cara feia do Happy Meal. Antes que eu soubesse o que estava acontecendo,
tinha um estômago cheio de vodca e minhas calças em torno de meus
tornozelos, com meu pau em sua garganta. Ainda não tinha recordado do
momento em que fui para o quarto com ela. Se qualquer coisa, juro que
tinha ido lá sozinho para dormir. Mas desde que ela já tinha conseguido me
deixar duro, a deixei terminar o trabalho, ela era quente.

Só não tanto quanto a da M.I.L.F. da professora na minha frente, se


ela não era mesmo uma mãe, porque aquele pequeno corpo apertado não
parecia que tinha tido nenhum filho. Sorri, achando divertido que ela ficou
toda quente e nervosa sobre mim. Eu me perguntava quantos anos ela tinha.
Vinte e poucos anos, daria um palpite. Teria porra nas minhas calças se ela
acabasse sendo uma das minhas professoras, porque seria muito divertido
enchê-la. Mas eu não tenho esse tipo de sorte. Ou tenho bruxas velhas,
maricas, ou caras com complexos de Hitler, como o meu professor de teatro.

Empurrei a porta da enfermaria, ciente de que poderia ter deixado


que ela me trouxesse aqui. Eu só não queria. Isso foi humilhante o suficiente
que ela tivesse que salvar a minha bunda de Happy Meal e seus amigos
imbecis; não preciso de mais nada dela. Eu poderia chegar à enfermaria em
minha solidão sem alguma M.I.L.F. segurando minha mão como se eu fosse
uma criança na escola primária.

A enfermeira olhou na minha direção quando entrei na sala,


decepção mostrando em seus lábios.

Ela era uma mulher de Tonga, grande, de cinquenta e tantos, com


uma cabeça grossa de cabelo e pele chocolate.

— Já, Dante? — Ela disse, deslizando para fora de sua mesa. — O


sino não foi sequer tocado.

Dei de ombros e deitei-me na única cama. Meu tronco parecia como


se Mike Tyson tivesse usado como um saco de pancadas com soqueiras de
perfuração. — Posso ter um saco de gelo?

— Diga por favor.

— Linda, por favor, com chantilly e uma cereja no topo.

Sorrindo, ela pegou um junto com a caixa de primeiros socorros. Ela


o passou para mim e sentou-se ao meu lado quando o sinal tocou. — Porque
você não pode ficar fora das brigas, Dante?

— Se fizesse eu não iria ver o seu rosto bonito.

— Cale-se, Romeo. — Ela estava acostumada a minha fala doce, mas


ainda sorriu enquanto limpava o corte acima do meu olho. Levantei a minha
camisa e coloquei o saco de gelo contra minhas costelas, embora queria ele
dentro das minhas calças para tirar a dor do chute de Happy Meal.

Os olhos da enfermeira se arregalaram. — Dante! Que diabos!


Olhei para as minhas costelas. Meu tronco estava coberto com
marcas vermelhas das botas de Happy Meal e dos punhos de seus amigos.

— Já tive piores, — murmurei, inclinando minha cabeça para trás. —


E, pelo menos, meu estômago vai parecer bonito em um dia ou mais. Eu
gosto de roxo e amarelo.

Seu rosto endureceu. — Esta não é uma questão para brincar. Quem
fez isso com você?

Dei de ombros, não estou interessado em delatar o Happy Meal


novamente. Não deveria ter sequer aberto minha boca para a professora
loira, mas ela não iria calar a boca. Ela era como um cão raivoso que não
parava de latir até que dei a ela o que queria. Eu só esperava que ela não
dedurasse ao diretor, porque não preciso desse benfeitor interferindo no meu
negócio. Eu poderia lidar com Happy Meal em meu próprio jeito.

— Eu realmente gostaria que você parasse de brigar, — disse a


enfermeira, cortando meus pensamentos. Desde que eu tinha começado em
Wera High dois anos atrás, tinha ficado dentro e fora de sua sala mais vezes
do que poderia lembrar.

Ela levantou-se com o kit de primeiros socorros. — Você vai estar


bem indo para a aula ou você precisa que eu telefone para seu pai?

— Eu vou ficar bem depois de alguns minutos, — disse,


definitivamente não querendo a segunda opção. Meu pai cadela ia reclamar
se a enfermeira o tirasse do trabalho, ainda mais que era o meu primeiro dia
de volta a escola. Ou pior, ele provavelmente incomodaria Happy Meal, que
não iria acabar bem, uma vez que o pai do idiota era o presidente da Devil’s
Crew, um clube de motoqueiros que constantemente entrava em confronto
com a gangue do meu pai.
O sino para o final da aula de tutoria tocou, sinalizando que eu
precisava chegar a minha primeira lição do dia: Teatro. Agradeci a
enfermeira e sai da enfermaria, fazendo o meu melhor para não andar como
se tivesse acabado de ter minhas bolas esmagadas. Levantei meu queixo com
olás amigáveis para as pessoas que eu conhecia, dando a um casal da minha
gangue apertos de mão, o tempo todo fingindo que não estava sofrendo como
um eunuco que tinha acabado de ter suas bolas acenadas em sua face.
Gostaria de saber se a notícia se espalhou sobre mim perdendo a briga. Não
importava para as pessoas que eu tinha ficado contra três bons lutadores ou
que tinha sido atingido pelas costas. Tudo que importava era que eu tinha
perdido. Simplesmente não estava disposto a agir como se tivesse. Se suas
bolas foram quase arrancadas, você ainda tem que andar como se pudesse
esmagar outra pessoa. Aparência era tudo onde eu morava. Isto não era
sobre rótulos sofisticados, era sobre a colocação em uma frente resistente,
provar que eram dignos de usar o emblema. Isso era o que contava, não
importa o quanto dói.

Parei fora da minha aula de teatro e abri a porta, apenas o suficiente


para enfiar meu rosto. Parecia que eu estava atrasado para a aula. Meus
colegas estavam sentados no centro do chão em frente ao nosso professor de
teatro. Nós não temos mesas para o teatro, apenas um pequeno palco e
adereços.

Eu gritei, ― Aqui está Johnny! ― Fazendo a minha melhor


personificação de Jack Nicholson.

Sr. Aston saltou uma milha. Ele virou-se, dando-me um olhar


incomodado. Ele tinha cabelo marrom avermelhado e forte como uma parede
de tijolos, com uma chaminé que constantemente explodia. Embora, apesar
do seu tamanho, ele obviamente não poderia lutar por nada, desde que seu
nariz machucado tinha mais curvas do que a namorada de Happy Meal.
Sr. Aston gritou para mim, ― Entre na sala!

Eu não sabia por que ele estava tão zangado, considerando que
estava apenas atuando, e dizia 'Teatro' na porta. Chutei a porta para abrir o
restante e entrei, levantando meu queixo para ele. ― Bom dia, Sr. Aston,
sentiu minha falta?

Ele continuou olhando, parecendo como se ele fosse obrigado a me


deixar entrar em sua aula novamente. ― Me irrite e vou colocar você na
detenção para o resto da semana. ― Ele retrucou. Ele soou como um
Escocês que perdeu suas bolas para a Nova Zelândia, o sotaque de uma
versão derrubada de Billy Connolly, menos o senso de humor.

Resisti à vontade de imitar o sotaque dele, perguntando se poderia


passar por sua classe sem receber detenção. Ele provavelmente tinha um
monte de papéis azuis já impressos com meu nome. O cara não podia me
resistir; pensava que eu era um idiota arrogante. Ele estava certo, mas eu
pensava o mesmo dele, apenas não ficava com o rosto vermelho por causa
disto. Ele realmente precisava esfriar, porque tinha alguns problemas sérios
de controle de raiva. Se ele odiava tanto os adolescentes, porque se tornou
um professor?

Era como trabalhar em um bordel e ser alérgico aos preservativos. Ou


ser uma ninfomaníaca e inscrever-se para um convento. Por que você iria
participar disso?

Ele continuou tagarelando sobre o que esperava de mim e como


importante o último ano era. Eu tive que morder a língua para manter uma
cara séria, especialmente desde que podia ouvir meu melhor amigo rir em
silêncio no chão atrás de mim.

Sr. Aston finalmente terminou sua palestra. ― Agora, remova seus


sapatos e se sente.
Tirei minhas botas, jogando para onde todos os outros estavam. A
coleção de sapatos e sandálias estava espalhada ao lado da porta, o
professor de teatro preferindo o cheiro de odor do pé a um pouco de sujeira
no tapete.

Sentei-me no tapete perto do meu melhor amigo. Jasper era tão alto
quanto Happy Meal, apenas gordo, o cara sempre cheirando tortas de carne
e Coca-Cola.

Jasper estendeu a mão. Agarrei-a e fiz um aperto de mão como de


costume, batendo nossos punhos no final, completando o cumprimento da
nossa gangue. Somos melhores amigos desde que éramos crianças, fomos
para o mesmo jardim de infância, primário, intermediário e, agora, o ensino
médio, menos o curto período de tempo quando fui expulso e fui forçado a ir
para Claydon High. Depois daquele mergulho que me expulsou também, fui
bem aceito aqui de volta, o diretor fazendo uma exceção para mim. Sabia por
que ele me deixou voltar. Era porque ele sentiu que devia a minha família
desde que tinha feito a merda toda para o meu irmão mais velho, que tinha
quase se matado em um pacto de suicídio, enquanto eu estava indo para lá.

A voz do Sr. Aston cortou meus pensamentos sobre o meu irmão. Ele
começou anunciar a lista. Quando ele chegou ao meu nome, me contive em
ser um idiota e só respondi com um “aqui.” Em troca, tenho olhares
surpresos de metade da classe. Eles provavelmente esperavam que eu
dissesse algo estúpido, mas não sinto que devo agora, minhas bolas
doloridas ainda me distraindo.

Ajustei suavemente minha virilha, notando Phelia Lamar, também


conhecida como namorada de Happy Meal, cobiçando o que eu estava
fazendo. Ela era uma garota Maori com o cabelo afro mais legal, que foi tudo
arrumado no velho estilo dos anos setenta. Ela também tinha seios grandes
e boca mais brilhante, mais suculenta, que foi feita para chupar um pau.
Apenas uma pena que ela não sabia como usá-la bem, porque ela
chupou em mais de uma maneira.

Ela aproximou-se ao meu lado. ― Oi, Dante, você quer vir para minha
casa depois da escola?

Dei-lhe um olhar de você está brincando comigo? definitivamente não


interessado. Não me importava o quão quente ela era. Havia uma
abundância de outras garotas de boa aparência que eu poderia pegar sem
ter que lidar com namorados ciumentos.

Ela franziu o nariz, provavelmente percebendo porquê. ― O que


Ronnie fez com você não foi minha culpa. ― Seu olhar foi para a minha testa.
― E você só tem um arranhão, ― disse ela, estendendo a mão para tocar a
bandagem.

Eu afastei minha cabeça. ― Não me toque.

― Oh, vamos lá, querido, não fique zangado comigo. Foi divertido, não
é?

― Nós tivemos diversão. Pretérito.

Ela fez beicinho para mim. ― Não diga que é o fim. Eu terminei com
Ronnie.

― Ele não parece pensar assim.

― Bem, eu terminei. Quero estar com você.

Eu fui dizer a ela que não me sentia da mesma maneira, mas fui
cortado pelo Sr. Aston.

― Mais uma olhada em você, Dante, e vou colocar você em detenção


tão rápido que não vão saber o que atingiu você, ― disse ele.
Eu atiro a Phelia um olhar, irritado que ela me causou mais
problemas. Ela me deu um olhar arrependido.

Sr. Aston retomou o que estava falando antes que Phelia o havia
interrompido. ― Vão começar a fazer Space Jump, ― anunciou ele, que era
um jogo de improvisação. ― Vocês vão atuar cenas de algo que fizeram
durante suas férias. Vão ter um minuto cada. Então, todo mundo levanta.

Todos os alunos se levantaram. Metade da classe que conhecia o jogo


congelou em uma pose. Eu fui tentado a encarar Phelia e congelar fazendo
uma ação de sucção de pau, mas decidi não irritar Sr. Aston ainda mais,
porque meio que gostei deste jogo.

― Phelia, ― Sr. Aston chamou, ― Vá primeiro.

Em poucos segundos, ela estava dançando em volta de mim, que foi o


que ela estava fazendo na festa antes dela ter me chupado.

Sr. Aston finalmente chamou outro nome, parando os movimentos de


Phelia. Ela congelou em uma pose de dança, permitindo que a sobrinha do
Sr. Aston assumisse. A menina ruiva começou fingindo nadar. Ela tinha
tantas sardas no rosto que eu tinha o desejo de pegar uma caneta e jogar
ponto-a-ponto. Eu sorri, imaginando se seu corpo era coberto com elas
também. Eu poderia passar uma tarde inteira unindo-os, em seguida, ter
um tipo diferente de diversão depois. Os olhos dela foram até mim, me
dando o mesmo olhar que a professora loura quente me deu. Pisquei para
ela, fazendo seu rosto ficar vermelho brilhante. Ela rapidamente desviou o
olhar e continuou com seu ato até que seu tio irritado chamou meu nome,
provavelmente percebendo que a sua sobrinha estava me olhando.

Jasper começou rir em silêncio, plenamente consciente do que eu


tinha feito durante as férias de verão: a venda de drogas para o meu primo e
transar continuamente. Embora, eu visitei meus avós no Natal, onde eu fui
surfar com meu irmão mais velho e tio. Mas fingir surfar para a aula de
teatro foi melhor, em comparação em imitar sexo, que... Foda-se, vai valer a
pena ficar de detenção apenas para ver o olhar no rosto do Sr. Aston.

Coloquei minhas mãos na minha frente, fingindo segurar a cabeça de


alguém e comecei a mover minha virilha, ― Sim, querida, pegue esse pau.
Você sabe que você quer. Sim, sim,si-

Antes que pudesse falar o último sim, Sr. Aston me agarrou pelo
pescoço e me arrastou até a porta.

Ele abriu-a e me empurrou para o corredor, gritando, ― Detenção


pelo resto da semana!

A porta bateu na minha cara. Estava de meias, ouvindo a classe


irromper em um acesso de riso do outro lado da porta, Jasper riu mais alto.
A próxima coisa, a porta se abriu e Sr. Aston jogou minhas botas e mochila
para mim, felizmente não me bateu nas bolas no processo. Tudo
desembarcou em meus pés com um baque retumbante.

― Sala do diretor. Agora! ― Ele gritou, batendo a porta na minha cara


mais uma vez. No outro lado ele gritou para a turma, ― Fiquem quietos!

Eu sorri e calcei minhas botas, não precisando arrumar os cadarços


desde que nunca desfiz eles. Em vez de ir para a sala do diretor, apontei
para a saída, a intenção de ficar no fundo do ginásio até que o sino tocasse.
Sr. Aston nunca verifica para ver se eu tinha ido para o escritório, algo que
tinha descoberto no ano passado. Ele provavelmente não se importava se fui
ou não, só que eu estava fora de sua aula.

Quando passei outra sala de aula, um assovio alto perfurou meu


ouvido. Recuei e olhei através da pequena janela quadrada na porta,
reconhecendo instantaneamente a professora loira quente. Ela estava em pé
na frente de uma classe do décimo ano. Um dos rapazes estava assobiando
para ela, enquanto seus companheiros riam ao lado dele. Ela disparou de
volta uma resposta que eu não podia ouvir, mas o que quer que fosse, calou
o menino mais rápido do que meu pau na boca de Phelia. Um segundo
depois, percebi que ela estaria dando a minha aula de Inglês.

Um grande sorriso espalhou pelo meu rosto, o dia, de repente, ficou


muito mais interessante. Retomei a caminhada pelo corredor, gostando de
Inglês pela primeira vez na história.

***

Após o sino tocar, fui para minha aula de matemática, uma das
minhas matérias favoritas, pelo menos. Assim que entrei na sala, o professor
me disse que o diretor queria me ver. Marchei para o escritório do diretor
Sao, irritado que o Sr. Aston finalmente tinha verificado. Eu me perguntava
se era uma de suas promessas de Ano Novo fazer minha vida miserável.

No final do corredor, virei à direita e entrei na área de recepção, tomei


um assento no sofá de vinil azul marinho. A secretária olhou para mim com
um leve aceno de cabeça. Ela era uma velha em seus sessenta anos, com
cabelos loiros tingidos e um senhor tesão por pérolas. Ela me deu um de
seus olhares parecendo decepcionada, como se ela tivesse esperado melhor
de mim, que sempre me irritou, desde que passei metade do meu tempo
aqui.

Ela indicou para eu entrar no escritório. ― Ele está esperando por


você.
Levantei do sofá. ― Aposto que ele está, ― murmurei sob a minha
respiração, mais uma vez xingando o Sr. Aston por finalmente fazer o seu
trabalho.

Abri a porta e entrei na sala sem graça, ignorando a pintura na


parede, já acostumado com isto. Mostrava dois meninos caminhando no
mar, um deles meu irmão - que tinha pintado. Isto sempre me fez lembrar do
fodido ano que Ash tinha tentado se matar, um ano que desejei que pudesse
limpar da minha memória.

― Por favor, sente, Dante, ― Diretor Sao disse, indicando a cadeira na


frente de sua mesa.

Ele estava sentado em uma cadeira giratória, olhando para mim com
uma expressão séria, provavelmente imaginando como ele poderia me salvar
de mim mesmo. Me soltei no assento almofadado e olhei pela janela,
desejando que tivesse ficado na cama.

Diretor Sao levantou de sua cadeira e deu a volta para mim,


sentando-se na borda de sua mesa, bloqueando minha visão da janela. Ele
era um grande Samoano que tinha uma propensão para um uso de ternos
elegantes. Agora ele estava vestindo um azul marinho, com uma gravata
listrada roxa e branco sobre uma camisa branca de botão.

Ele começou a falar, fazendo-me pensar no ator que fez a voz de


Darth Vader, apenas sem os problemas respiratórios. ― Fiquei muito
desapontado ao descobrir que estava brigando com Ronald de novo, ― ele
disse.

Surpreso com suas palavras, não respondo, todos os pensamentos


sobre o Sr. Aston me dedurando foram embora. Como ele sabia? Entendi um
segundo depois. A professora loira tinha me dedurado. Fiz uma careta, agora
irritado comigo mesmo por dar-lhe o meu nome, não por mencionar o de
Happy Meal.

O diretor continuou, ― É o primeiro dia de escola e vocês dois já


estão nisso. Eu disse-lhe no último ano que não vou tolerar esse absurdo
mais. Se repetir, vou suspendê-lo, Dante, independentemente da ligação que
tenho com a sua família.

Irritado, ele estava me culpando, eu sorri desdenhosamente para ele,


querendo dizer que ele não tinha qualquer ligação com minha família. Ele
não era da família, ele não era nem mesmo Maori. Ele provavelmente pensou
que desde que era da Polinésia, poderia se identificar comigo. Ele não
conseguiu identificar, porque não tinha urinado sangue por ser espancado,
não tinha tido que lidar com drogas apenas para pagar as contas, ou
passado fome porque seu pai ficou muitos dias doentes devido a sua doença
mental. Em vez disso, ele era o que meu companheiro de Tonga chamava um
Palangi Poly – um polinésio branco, que provavelmente tinha crescido em
East Auckland, em vez das ruas de Wera.

Ele balançou a cabeça para mim. ― Eu gostaria que você parasse de


brigar contra todos, Dante. Você precisa aprender a se afastar.

Eu fiquei em silêncio, perguntando-me como diabos ele esperava que


eu me afastasse de ser atacado pelas costas. Então, novamente, ele
provavelmente estava tentando me fazer escapar que não era minha culpa,
torcendo coisas para me fazer falar.

Ele estreitou os olhos para mim, dando-me uma de suas caras isto-é-
grave. Mas não era importante para mim. Uma briga com Happy Meal e seus
companheiros não era nada em comparação com o que meu padrasto tinha
feito para mim. Isto não era mais que um ferimento leve, algo que esquecerei
uma vez que as contusões desapareçam. Mas o que meu padrasto tinha
feito... Eu nunca poderia esquecer isso. Eu só desejei que pudesse.

Diretor Sao suspirou. ― Eu não posso ajudá-lo, Dante, se você não


falar comigo.

― Eu não preciso de sua ajuda, ― finalmente disse. ― Eu preciso


estar na sala de aula, ― porque é melhor do que estar aqui.

Ele indicou a porta. ― Ok. Vá.

Eu levantei e me dirigi para a porta.

― Dante, ― disse ele.

Eu coloquei a mão na maçaneta da porta e olhei para ele, esperando


por ele para obter o que queria dizer fora de seu peito.

Ele afastou da mesa, dando-me um de seus profundos olhares, algo


que senti que ele tinha com direitos autorais só para mim. Ele sabia muito
sobre a minha família, coisas que não quero que ninguém saiba. Isso só me
fez sentir ainda mais desconfortável perto dele.

― Eu sei que você acredita que todo mundo acha que você é um
garoto mau, alguém que vai acabar na prisão, ― ele disse, ― mas você não é.
Lá no fundo você é um bom garoto, que faria muito bem se você apenas
aplicasse a si mesmo, em vez de criar a sua própria zona de guerra pessoal.

Eu bufei uma risada.

― Essa não é uma questão engraçada, Dante. Esse ano é importante


e quero que você trate-o como tal. Pare de procurar brigas e se concentre em
seu trabalho da escola, porque se você se aplicar, você passará.
Bufei outra risada. ― Eu vou ser reprovado. Todos os meus
professores sabem disso.

― É só você que pensa isso.

― Diga ao Sr. Aston isso.

― Ok, ele é a exceção. Mas se você apenas se concentrasse, você faria


bem, especialmente em Inglês e Música. Você tem uma voz impressionante e
é ótimo na guitarra e bateria. Você também é um maravilhoso poeta. Você
poderia entrar na universidade.

― Eu não estou indo para a universidade, ― o interrompi, não estou


interessado em suas fantasias.

Seus ombros caíram, o homem parece desanimar com as minhas


palavras. Eu não sabia o que ele esperava de mim, especialmente porque ele
não conhecia ninguém na minha família que tinha se tornado nada, exceto
terminando nos jornais por ter cometido algum tipo de crime. Ou pior, ser
uma estatística como a minha mãe, por meu padrasto ter assassinado ela.

Desejando que eu não fosse o seu projeto de estimação, desapareci


na porta e voltei para a minha aula de matemática. Enquanto caminhava
pelo corredor, minha mente deslocou para a professora de Inglês, zangado
com ela por me dedurar. Eu tinha planejado pegar leve com ela, apenas um
pouco de provocação e flerte, nada sério, já que gostava da ideia de ter algo
bonito para olhar durante a aula. Mas agora não havia nenhuma maneira
que ia pegar leve. E como com qualquer outro delator, ela ia conseguir o que
estava vindo para ela.
03

A sala dos professores na hora do almoço era consideravelmente mais


silenciosa do que o caos fora das dependências da escola, um oásis de
cafeína desprovido de adolescentes. Embora conseguisse passar minhas
primeiras aulas sem nada demais, isto tinha sido um trabalho árduo. Alguns
dos estudantes tinham resolvido por conta própria ver quão longe eles
poderiam me pressionar. Eu tive que dizer muito pouco, pra maioria
meninos, cujos assobios e comentários sobre minha aparência não foram
apreciados.

Olhei para a minha direita enquanto servia uma xícara de café,


notando dois professores me olhando, os seus olhares não tão desiguais dos
estudantes do sexo masculino. Eu sabia o que viram: uma mulher de boa
aparência em seus vinte e poucos anos, com maçãs do rosto definidas e
lábios carnudos. A única coisa que faltava era altura, o que eles não
pareceram se preocupar. O mais baixo dos dois baixou o olhar, logo que
reparou que eu estava olhando, enquanto o outro continuou a olhar,
aparentemente despreocupado que tinha sido pego de surpresa.

Sentindo-me desconfortável, terminei de preencher minha xícara e


me dirigi para uma mesa mais afastada dele, sorrindo para a mulher de
trinta e poucos anos sentada atrás. Ela estava um pouco acima do peso, fora
de moda, e usando roupas coloridas, seus óculos de aro grosso
correspondentes a seu casaco vermelho. Ela também tinha a cabeça cheia de
cachos negros macios, o que parecia ser o seu orgulho e alegria.
Eu coloquei a mão na cadeira em frente a ela. ― Posso sentar aqui?

Balançando a cabeça, ela engoliu o que ela estava mastigando e


colocou o resto do sanduíche em seu prato. Levantando-se, ela estendeu a
mão para me cumprimentar. ― Você deve ser a nova professora de Inglês, ―
disse ela, sorrindo para mim.

― Sim, ― respondi, notando maionese em seu polegar.

Ela olhou para ele. ― Opa, desculpe, eu faço uma bagunça ao comer.
― Ela rapidamente limpou a mão em um lenço e estendeu-a novamente.

― Não se preocupe, ― eu disse, apertando sua mão. ― Eu sou Clara


Hatton.

― Prazer em conhecê-la, Clara. Sou Beverly Torino. ― Ela soltou


minha mão e abriu os braços. ― Bem-vinda a minha humilde morada.

Eu sorri, achando ela peculiar. ― O que você ensina? ― Perguntei,


supondo que ela seja uma professora de arte ou teatro.

Ela colocou um cacho do seu cabelo atrás da orelha. ― Teatro.

Eu mentalmente me dei tapinhas nas costas no meu palpite correto.

Ela indicou para o canto mais distante da sala dos professores. ―


Alto, ruivo, e bonito lá é o outro professor de teatro. Ele é o chefe do meu
departamento.

Olhei por cima do meu ombro, vendo o homem que ela estava
falando. Ele era o único que tinha ficado me encarando. Ele parecia muito
com Liam Neeson, apenas trinta e poucos anos e com um cabelo marrom-
avermelhado curto. Ele sorriu para mim, fazendo eu desviar o olhar
imediatamente.
Beverly encostou suas costa na cadeira. ― Parece que você atraiu a
atenção da Grã-Bretanha.

― Grã-Bretanha? ― Perguntei, fazendo o mesmo e me encostando na


cadeira.

― Paul é escocês, enquanto o professor em pé ao lado dele é Inglês.


Nós os chamamos de Grã-Bretanha, porque eles costumam sair juntos.
Embora, realmente não entendo porque, já que eles estão sempre
discutindo. De qualquer forma, esqueça sobre eles, estou mais interessada
em você. Como foi seu primeiro dia até agora?

― Bom. ― Eu tomei um gole do meu café, fazendo uma careta ao


sentir o gosto horrível. Parecia que uma bomba atômica tinha explodido
dentro da minha boca, e lama nuclear contaminando o meu paladar.

Beverly riu. ― Sim, o café aqui é horrível. ― Ela deu um tapinha no


topo de uma garrafa listrada na mesa. ― É por isso que trago o meu. Você
gostaria deste?

― Não, obrigada. ― Eu empurrei minha xícara longe e peguei uma


garrafa de água da minha mochila, mais interessada na descontaminação da
minha boca.

Ela sorriu, parecendo que eu estava entretendo-a muito. ― Não se


preocupe. Então, o que você acha de Wera High?

Tomei um gole de água, balançando-a por toda minha boca e


engolindo antes de responder. ― É legal.

Suas sobrancelhas se ergueram. ― Legal não é uma palavra que eu


usaria para este lugar. Turbulento, rude, barulhento, eu poderia continuar
nisto para sempre.
Eu sorri. ― Ele é barulhento, e devo admitir que as crianças são um
pouco mais rudes do que o que estou acostumada.

― Um pouco mais? Bem, você não deve ter pegado a classe


reformatória ainda.

― O que é a classe reformatória?

― É um apelido que chamamos a classe que tem todas as crianças


ruins. A sua opinião não será a mesma após ensinar nela.

― Talvez eu não vou pegar eles.

― Quais anos que você ensina?

― Décimo e décimo primeiro.

Ela torceu o nariz. ― Sinto muito dizer, mas eles são do décimo
primeiro ano. Se você está sem sorte e chegar a pegá-los, não reaja às
provocações deles. Se perguntarem qualquer coisa inadequada, ignore-os
como se nem sequer falaram. Eles são também muito liberais com o uso de
palavrões. A menos que você quiser constantemente repreendê-los, traduza a
palavra f para fabuloso, e p para perfeito, s para super, m para magnifico.

― Qual é a palavra com m?

Beverly baixou a voz. ― Filho da puta2. Eles adoram essa palavra.

Minhas sobrancelhas se ergueram. ― Você seriamente espera que eu


os deixe fugir dizendo isto?

― Se você não quiser enviar metade da classe para o escritório do


diretor em cada aula, sim. Minha sugestão é apenas chutar uma criança do
reformatório se eles levarem as coisas longe demais. Como é, você

2
Do original Motherfucker, traduzido para filho da puta.
geralmente tem que enviar pelo menos alguns deles para o escritório do
diretor a cada lição.

Minha mente foi para o valentão alto que tinha espancado Dante,
rezando para que ele não estivesse na classe. Afastei o pensamento da
minha cabeça. Ele era grande demais para não ser um formando. Ainda...

― Você sabe de um rapaz chamado Ronald McDonald? ― Perguntei,


esperando que ela risse de mim.

― Infelizmente, todo mundo que trabalha aqui sabe.

Pisquei em surpresa, surpreendida que Dante não tinha mentido


sobre o nome do bandido. ― Esse é realmente o nome dele?

Ela assentiu com a cabeça. ― Como você o conhece? Ele está no


décimo terceiro ano, então ele não deve estar em qualquer uma das suas
classes.

― Eu peguei ele e dois de seus amigos batendo em outro garoto. Tive


que intervir para detê-los.

As sobrancelhas escuras de Beverly ergueram. ― Uau! Você é


corajosa, porque Ronnie é um garoto assustador. Sempre consigo um dos
professores homens para lidar com ele. E o outro garoto, tudo bem?

― Ele disse que estava.

― Você relatou a briga para o diretor?

― Eu disse a secretária dele desde que ele estava ocupado no


momento, mas ela disse que já sabia sobre isso.

― Bem, não se aproxime de Ronnie novamente. Ele é um dos filhos de


gangues. Você tem que pensar sobre a sua própria segurança em primeiro
lugar. É melhor informar ao diretor ou Paul Aston, ― disse ela, referindo-se a
outro professor de teatro. ― Eles sabem como lidar com essas crianças.

Eu balancei a cabeça, mais uma vez percebendo o quão sortuda era


por não ter me machucado. ― A propósito, que tipo de pai põe um nome de
um palhaço no seu próprio filho?

Beverly esfregou seu polegar e os dedos juntos, sacudindo algumas


migalhas na ponta dos dedos. ― Eu tenho ouvido coisas piores. Alguns anos
atrás tive gêmeos na minha classe chamados DB e Lion Red.

Meus olhos se arregalaram. ― Seus pais os nomeou como cerveja?

Ela assentiu com a cabeça. ― Eu até ensinei um garoto chamado


Painkiller.

― Você está falando sério? ― Engoli em seco.

Ela assentiu com a cabeça mais uma vez, seus olhos castanhos
brilhando com diversão. ― Bem-vinda ao South Auckland, onde você pode
encontrar com Arnold Schwarzenegger ou Rocky Balboa, no entanto, estes
serão seu primeiro e nome do meio, e eles não vão se parecer em nada com
seus xarás.

― Você deve estar brincando comigo, ― eu disse.

Ela balançou a cabeça. ― Aposto cinquenta que você vai ter pelo
menos uma criança em sua classe com um nome estranho.

― Parece que eu deveria recusar essa aposta depois de conhecer


Ronald McDonald.

Ela riu. ― Uma decisão sábia. Apenas um aviso. Quando você


encontrar um garoto com nome estranho, não tropece em seu nome. Eles
são geralmente muito sensíveis.
― Eu não os culpo, mas não tenho certeza que poderia dizer um
nome como Painkiller sem sentir como se alguém estivesse pregando uma
peça em mim.

― Eu sei. No início, tinha dificuldade em dizer o nome dele, mas


finalmente me acostumei com isso. Embora acabasse chamando-o de Killer,
que ele gostava.

― Então, você tem trabalhado aqui por um tempo? ― Perguntei,


querendo saber se ela conhecia o menino que tinha sido atacado.

― Sim, dez anos.

― Você já ouviu falar de Dante Rata?

Seu sorriso instantaneamente caiu. ― P-o-r-q-u-e? ― Ela disse,


soletrando a palavra, suspeita na expressão dela. ― O que ele fez agora?

― Nada. Ele foi o único a ser atacado pelo garoto McDonald.

― Provavelmente por uma boa razão. Malícia pura de Dante. A melhor


maneira de lidar com isso é ignorá-lo. Se não o fizer, ele vai comandar toda a
sua classe. Além disso, não aceite o que ele diz pessoalmente; ele é apenas
um arrogante, que precisa de um chute no traseiro.

Eu sorri para o último comentário. ― Ele não parecia tão ruim e


realmente não foi culpa dele.

Beverly puxou um biscoito de sua lancheira. ― Marque minhas


palavras, ele é. Tenho pena de você, se você pegá-lo. Dedos cruzados que o
outro professor de Inglês está lidando com aquele encrenqueiro.

Balancei a cabeça, perguntando por que iria mesmo pegá-lo desde


que não ensino os formandos. Abri a boca para dizer apenas isso, mas
Beverly me cortou antes que pudesse dizer uma palavra. Ela mudou de
assunto: Eu. Uma avalanche de perguntas veio na minha direção,
perguntando quantos anos eu tinha. Vinte e quatro. Se era casada. Sim. E
onde tinha ensinado anteriormente. Inglaterra. E assim por diante. Antes
que e percebesse, o sino tocou e estava no meu caminho para minha
próxima aula.
04

Entrei na minha sala de aula, o lugar que estava fazendo meu – um


pequeno canto na escola, onde queria promover a literatura. Também queria
ajudar os alunos a passarem de ano com grande sucesso, como nenhum
outro professor poderia alcançar em um ambiente tão desafiador. Meu
sorriso caiu e quebrou contra o chão para o caos diante de mim. Metade dos
estudantes estavam sentados em suas mesas, parecendo que estavam em
uma festa, não na escola. Eles estavam ocupados conversando para me
notar de pé na porta, olhando para eles em estado de choque. No canto mais
distante, um grupo de rapazes tinham ido um pouco mais longe e
empurraram suas mesas em conjunto, formando um palco improvisado. Eles
estavam olhando para uma menina Maori, ou mais precisamente, a saia
curta. Ela estava dançando sobre as mesas, balançando a bunda com um
música rap, que vinha de uma caixa de som - uma metálica gigante
remanescente dos anos oitenta. Ela tinha a pele escura e um jeito sensual,
com uma faixa de cabelos afro enquadrando-a. Um dos rapazes, um garoto
gordo que era provavelmente o dobro do seu tamanho e peso - se não mais,
passou a mão grande por sua perna. Ela bateu na mão dele e continuou
dançando, parecendo que estava gostando da atenção. O menino sensato
levantou-se e puxou-a para fora da mesa. A menina gritou, enquanto os
outros meninos riram.

― O que vocês estão fazendo? ― gritei, deixando todos assustados. ―


Coloque-a no chão, agora! ― os rostos dos jovens viraram na minha direção,
me notando pela primeira vez. Eles eram um grupo do décimo primeiro ano,
maioritariamente constituído por jovens de quinze anos. Havia uma mistura
de etnias, um vaso de fusão de real diversidade.

― Eu disse, coloque-a no chão! ― repeti, sabendo que isso tinha que


ser a classe reformatória. Minhas aulas anteriores não eram exatamente
anjos, mas eles eram querubins em comparação com este grupo
heterogêneo. ― E desliguem essa música.

O menino enorme soltou a menina e ergueu as mãos como se eu


estivesse apontando uma arma para ele. ― Nós estávamos apenas nos
divertindo, senhorita.

― Sim, senhorita, ― a garota disse maliciosamente, parecendo


irritada que eu tinha interrompido sua apresentação na classe 101. ― Isto é
apenas diversão. ― Ela desligou a música e inclinou-se para dar ao grande
garoto um abraço, o topo da cabeça dela no nível do peito dele. ― Ele é meu
amigo.

― Basta voltar a sua cadeira, ― eu disse, aumentando a minha voz,


sabendo que precisava soar autoritária, especialmente com a minha
aparência jovem. Desde que parecia mais com uma irmã mais velha do que
uma professora, os alunos em minhas outras classes tinha assumido que
poderiam me assediar fisicamente, mas coloquei-os todos em seu lugar,
rapidamente estabeleci quem era o chefe. E tinha que admitir, era bom,
como uma iniciação que eu tinha que passar para conseguir o respeito deles.

Minha atenção seguiu para os outros garotos no grupo. ― E coloquem


essas mesas de volta onde elas pertencem.

― Elas pertencem exatamente onde estão, ― uma voz masculina


respondeu por trás do garoto grande.
― Não, elas não pertencem, ― eu disse, inclinando a cabeça para ver
quem tinha falado, o menino gordo bloqueando minha visão. ― Então,
coloque-as de volta.

― Desde que você é nova aqui, vou te dar um conselho. ― O dono da


voz se levantou.

Meus olhos se arregalaram. Era Dante - o aluno que eu tinha


ajudado.

Ele fez uma careta para mim, não parecendo surpreso ao me ver. ―
Não dedure as pessoas se você quer que eles joguem limpo, ― disse ele.

― Do que você está falando?

― Você me dedurou para o diretor.

Olhei para as mesas, confusa, perguntando se isso era algum tipo de


vingança equivocada. ― Eu nunca falei com ele. A secretária disse que ele já
sabia o que tinha acontecido.

Dante estreitou os olhos. ― O que significa que ia me dedurar,


apenas alguém contou antes de você.

― Eu não tinha a intenção de colocá-lo em apuros, se é isso que você


está deduzindo, ― respondi, percebendo que ele não estava no último ano.

Eu tinha estado atraída por um garoto de quinze anos!

Não, ele não poderia ser tão jovem. Com a forma como ele parecia e
falava, ele deve ter repetido, pelo menos, um ano.

Dante ergueu seu queixo, um ligeiro sorriso malicioso em seus lábios.


― Vou liberá-la desta vez, apenas não interfira na minha vida novamente. Eu
não vou ser tão bom na próxima vez.
Minhas sobrancelhas se ergueram em sua audácia. ― É mesmo? ―
Eu disse, pensando na observação de Beverly. Ele era um arrogante assim.

Ele assentiu. ― E pra você saber, Inglês é o nosso período livre, onde
fazemos o que queremos.

― Não na minha classe, ― eu disse, indo para a minha mesa, sabendo


que ele estava me testando. ― Então, depois que você e seus amigos
endireitarem as mesas então podemos começar.

― No que?

― Inglês, é claro.

― Por quê? É um assunto inútil, especialmente uma vez que já


falamos Inglês.

― Não é inútil, ― eu contraponho, não deixando-o me provocar. ― Vai


ajudá-lo a desenvolver a sua compreensão da linguagem para que possa
articular-se melhor.

― Você chamou de lixo como eu falo? ― Ele perguntou, seus olhos


escuros queimam para mim.

Eu balancei minha cabeça. ― Não, estava falando do geral. Inglês


também é importante para uma série de profissões.

Um sorriso limpou sua expressão irritada. ― Contanto que eu posso


soletrar marijuana, cocaína e heroína, tenho certeza que minha futura, ― ele
fez aspas com os dedos, ― profissão está segura. É a única razão pela qual
presto atenção em Ciências. Agora, essa matéria é uma pena.

Seus companheiros riram, alguns deles batendo os punhos como se


pensassem que Dante tinha me derrotado.
Ele se sentou em sua mesa, parecendo que ele também pensava
assim.

Mantendo a calma, tirei minha mochila. ― Saia da mesa. ― A bunda


de Dante permaneceu onde estava. ― Por quê?

― Você tem uma cadeira por uma razão.

― Eu estou bem confortável aqui.

― Bem, não estou confortável com você aí, assim você me faz um
favor desde que eu fiz um para você.

Ele sorriu. ― Você já disse que me fez uma vez? Porque eu devia estar
muito bêbado desde que não lembro. Ou talvez você não fosse tão
memorável.

Mais risos seguidos, desta vez de toda a classe.

Não reagindo às suas provocações, cruzei os braços sobre o peito. ―


Você sabe o que eu disse, então desce da mesa.

― Não, meu Inglês não é muito bom. Vocês Pakeha são realmente
difíceis de entender, ― disse ele, me chamando de branca, que eu achava
que era hipócrita. Apesar de seu sotaque Maori, ele ainda parecia um
Pakeha, apenas com uma tonalidade verde-oliva.

― Eu não gosto de repetir, ― eu disse, ― então desce da sua mesa ou


sente-se na sala do diretor.

― Não acho que ele estará interessado, senhorita, ― disse ele com um
sorriso.

― Isso não é problema meu.


Ele piscou para mim. ― Ok, querida. Vou deixar você ganhar esta
rodada.

Ele deslizou para sua cadeira, ordenando aos outros garotos para
corrigir suas mesas. Ele era, obviamente, o líder do grupo heterogêneo, um
ditador em roupa desalinhada, com manchas de grama.

Uma vez que as mesas foram arrumadas, ele piscou para mim
novamente. ― Espero pontos extras por isso, querida.

― É Sra. Hatton para você, ― eu disse, dirigindo-me para o quadro


branco. Peguei o marcador e escrevi meu nome em grandes letras pretas.

Depois que tinha terminado, virei-me para a classe, sentindo-me


nervosa pela primeira vez, quando todos os olhos estavam em mim. A
adrenalina que esteve bombeando em minhas veias apenas alguns segundos
atrás desapareceu rapidamente. Limpei a garganta, assegurando-me de que
ia passar esta lição como fiz com todas as outras.

― Como vocês podem ver, eu sou a senhorita Hatton, ― eu disse,


olhando para todos. ― Eu serei a sua… ― Eu parei de falar, percebendo o
sorriso perverso no rosto de Dante. Parecia que ele estava tramando algo. Ou
talvez ele estivesse esperando que eu mesma me fizesse de tola, o que eu não
ia fazer.

Continuei com a minha apresentação, mas vacilei quando seu olhar


escuro começou a viajar pelo meu corpo, preguiçosamente tomando cada
curva. Quando seu olhar voltou para cima, fez uma pausa no meu peito por
um breve momento, antes de se estabelecer no meu rosto novamente.

― E-eu sou obviamente, a professora de Inglês de vocês, ― Eu


gaguejei, ― então...
As palavras sumiram da minha boca novamente quando ele lambeu
seu lábio superior, dando-me um olhar descaradamente sexual. Ele não era
o primeiro aluno e me conferir, mas ele foi o primeiro a fazer a minha boca
secar, o garoto parecendo muito sensual - para o meu próprio bem. Seus
amigos começam a rir, sem dúvida percebendo que ele estava me distraindo.
Rapidamente desviei o olhar, ignorando os garotos se acotovelando em
diversão.

Limpei a garganta mais uma vez, determinada a conseguir passar por


essa aula. ― Então, vou fazer a chamada agora, ― eu disse, pegando a pasta
de chamada. Comecei a ler seus nomes. Para meu alívio eles responderam
sem me dar problemas, apenas alguns rindo.

Tudo estava indo bem até que cheguei no nome de Dante. Sem
pensar chamei, estupidamente perguntando se ele estava aqui, algo que
deveria ter sabido não fazer, uma vez que era um convite para problema.

Ele fechou os olhos. ― Oh... sim, sim, SIM! ― Ele gritou, soando como
se estivesse gozando. Expulsou um enorme suspiro, e falando em seguida. ―
Estou aqui. ― Ele abriu os olhos, seu sorriso crescendo quando os outros
alunos desataram a rir, alguns deles vaiando, ― Sim, garoto! ― como se
estivessem dando-lhe algum tipo de toca aqui verbal.

― Um simples aqui, senhorita teria sido suficiente, ― respondi. ― E o


resto de vocês parem de rir, ― acrescento, controlando a minha voz, não
deixando que eles me irritassem.

Retomei a chamada, agora ainda mais determinada a conseguir


passar pela lição sem perder o meu temperamento. Por sorte, o resto dos
alunos responderam sem problema, Dante, obviamente, o palhaço da classe.
Depois que tinha chamado o último nome, Dante começou a falar
novamente.
― Você dá aulas particulares? ― Ele perguntou, seu olhar me dizendo
que ele não estava se referindo a Inglês.

O fio tênue, que esteve mal segurando a classe no controle, rompeu.


Vaias e observações infantis ricochetearam nas paredes como tiros de
canhão, rasgando buracos através dos meus tímpanos. Eu tinha certeza que
a extremidade da escola podia ouvi-los, o barulho que eles estavam fazendo
era ridículo.

― Fiquem quietos! ― gritei, tive de gritar mais de uma vez antes que
eles se estabelecessem. Nivelei um olhar para Dante, que parecia estar se
divertindo, com os olhos brilhando tanto que eles poderiam ter seu próprio
sistema solar.

― Estou feliz que você está gostando tanto da minha aula, ― disse
secamente. ― Mas, por favor, mantenha seus comentários relacionados a
aula ou vou mandar você para o diretor.

Ele sorriu. ― Sim, sim, querida, prometo que vou manter minha boca
fechada. ― Ele fingiu zipar seus lábios.

Balançando a cabeça para ele, iniciei a aula, esperando que pudesse


passar por isso tudo com a quantidade de tempo que ele me fez perder. Mas
antes que pudesse dizer uma palavra, música começou a tocar, os sons de
California Love me fazendo sacudir. Meus olhos se voltam para Dante, que
tinha deslocado a caixa de som para o seu lado, a lata explodindo alto.

― Desligue isso, ― gritei.

Sorrindo, ele apoiou os braços na caixa de som, apoiando o queixo no


topo.

― Desligue isso!
Ele virou-se.

Finalmente perdendo meu temperamento, caminho até sua mesa e


inclino-me sobre o garoto sentado ao lado dele, alcançando o interruptor da
caixa de som. Dante fechou a mão sobre ele.

― Mova sua mão, ― eu pedi.

Ele aumentou mais o som.

― Dante!

― Esse é o meu nome, qual é o seu? ― Perguntou ele, finalmente


falando.

― Está no quadro branco, então desligue isto!

― Não, quero saber o seu primeiro nome. Dê-me isso e vou fazer o
que quiser.

― Clara.

Sorrindo maliciosamente, ele desligou a música. ― Legal, agora tenho


algo para chamar quando eu gozar.

A classe começou a rir mais uma vez.

― Você acabou de ganhar uma detenção, ― Eu respondi.

Ele bufou. ― Você realmente está me ameaçando com a detenção?

Eu balancei a cabeça, pensando que uma não era suficiente para ele.
― Por hoje e amanhã.

Ele riu.

― O que é tão engraçado?!


Ele parou de rir, embora alguns risos escaparam enquanto ele me
respondeu. ― Outro professor já me deu detenção para a semana, então você
tem que me dar mais incentivo para calar a boca.

― Uma educação.

Ele bufou outra risada. ― Você não precisa me educar.

― Sim, eu preciso, é para o que sou paga.

― Não, você está sendo paga para cuidar das crianças, porque uma
vez que este ano acabar, você e todos os outros adultos não podem nos fazer
porra nenhuma.

― Por que está sendo tão rude comigo?

― Estou apenas afirmando como é, querida.

― Eu não sou sua querida e você pode ir para a diretoria. Eu tive o


suficiente de você.

― Mmmh, nunca me canso de você. ― Mantendo os olhos em mim,


ele coloca as mãos sobre a mesa e afasta, raspando sua cadeira em todo o
piso liso, provavelmente danificando-o no processo. Ele levantou-se e
enganchou sua bolsa sobre um ombro. Seu amigo moveu a cadeira para
frente, deixando Dante espremer por ele. Ele agarrou a caixa de som e
franziu os lábios, jogando-me um beijo. ― Te vejo mais tarde, querida. ― Ele
desfilou para a porta, deixando-a bater quando saiu, fazendo-me tremer de
fúria.

― Ignore-o, senhorita, ― disse uma voz suave. ― Dante é rude com


todos.

Virei-me para procurar a dona da voz. Uma garota levantou a mão em


um olá amigável. Ela estava sentada na primeira fila, sorrindo para mim com
simpatia. Ela tinha uma boca cheia de aparelho e olhos cinza suave. Seu
cabelo era tingido de preto, que fez sua pele clara parecer ainda mais pálida.
Parecia uma emo, a gravata preta em torno do pescoço não fazia parte do
uniforme. Ela também tinha maquiagem escura no olho e um anel de lábio,
que definitivamente era contra os regulamentos. Mas eu não estava prestes a
mencionar isto, especialmente desde que ela era o único aluno sendo boa
para mim.

― Eu não levaria o que ele disse para o lado pessoal, ― ela continuou,
― além disso, você se saiu melhor do que a última professora que ele fez
fugir daqui.

― O que ele fez para ela?

― Ele constantemente a chamou de cadela racista e girou em torno


dela, dizendo-lhe para beijar seu traseiro hori se ela não gostava de como ele
falava. Isso é um insulto racial referindo-se aos Maoris. É como os
americanos usam a palavra N.

― Eu sei o que significa hori.

― Desculpe, senhorita, você tem um sotaque elegante como uma


inglesa.

― Eu passei algum tempo na Inglaterra, mas ainda sou de Auckland.


E espero que Dante seja suspenso pelo que ele fez, ― eu disse, sem acreditar
no que escutei.

― Sim. Dante coleciona suspensões como Jasper coleciona meleca de


nariz.

Um grito veio do meu lado, o rapaz que estava sentado ao lado de


Dante, obviamente, Jasper, o delinquente do nariz. O resto da turma
começou a rir, esta aula se transformando em uma comédia. Eu acalmei-os,
juntamente com o menino que estava se defendendo que ele não tirava
meleca do seu nariz.

A menina sorriu timidamente para mim. ― Desculpe, senhorita, não


poderia resistir a isso. De qualquer forma, não importa quantas vezes Dante
é suspenso, ele sempre volta como um mau cheiro. Ele até já foi para a
prisão juvenil. Uma vez os policiais entraram na sala e o prenderam. Ele é
mau até o osso.

Jasper gritou com a menina para calar sua ― cara de lésbica ― sobre
Dante. Ela lançou-lhe o dedo, não parecendo preocupada que irritou um
menino três vezes o seu peso, outra coisa que me chocou. Eu não esperava
um de quinze anos ser tão grande ou parecer tão velho. Não apenas tinha
resquício de barba, ele podia facilmente ter passado como um de vinte e
poucos anos. Porém, ele não agiu como um adulto, as palavras vindas de
sua boca eram extremamente infantis.

Meus olhos concentraram nele, já esquecendo o seu nome. Jester?


Casper? Não, era...

― Jasper, ― eu disse, o seu nome, finalmente, voltando para mim, ―


você pode sair se pretende falar dessa forma na minha classe.

Ele se levantou, seu olhar me fez dar um passo atrás, o rapaz muito
mais assustador do que Dante. Ele agarrou sua bolsa e pesadamente foi em
direção à porta, desaparecendo. Eu balancei a cabeça, pensando que Beverly
estava certa sobre quantos alunos iria enviar para fora.

Reunindo minha compostura, fui para a frente da classe, esperando


que este foi apenas um começo difícil para um diferente ano brilhante.
05

Desde que só tinha uma aula depois de Inglês, decidi faltar o restante
da escola e ir para a casa do meu primo, esperando que ele pudesse me dar
algum trabalho extra. Ele vivia em Claydon, o subúrbio próximo de Wera. As
pessoas pensavam que era o pior bairro em Nova Zelândia, o equivalente ao
Velho Oeste. Casas de placa de amianto e paredes grafitadas povoam a
paisagem, enquanto o latido dos cães, música rap e a explosão ocasional de
uma sirene da polícia é a trilha sonora. E adorava isto. Claydon era tanto
uma casa para mim como Wera era; um lugar que eu combinava. Eu
conhecia as ruas bem, tinha mesmo vivido fora delas depois de ter escapado
da prisão juvenil. Eu tinha doze ou treze anos na época. Não conseguia nem
lembrar porque tinha sido enviado para lá. Provavelmente por roubar ou
talvez fosse pela venda de maconha no Wera Intermediate.

Passei pelo jardim de infância local e escola primária, fazendo uma


curva à esquerda na rua onde meu primo e irmão mais velho moravam. Se
Claydon era a pior vizinhança, Pleasant Parade era a pior rua, o seu nome a
altura da ironia. As casas pareciam merda, apenas em diferentes tons de
baixa qualidade. Embora a casa do meu primo não era tão ruim. Além disso,
era muito melhor do que a merda que vivo. Era um único piso, com três
quartos, com uma camada de tinta fresca. Corri até a calçada, feliz que ele
estava em casa. Seu Chevy estava estacionado em frente, o verde escuro
brilhando como um sonho molhado.
Esperando que ele estivesse trabalhando na garagem, então eu não
precisava ver o meu irmão, entrei pela porta lateral. Metade do espaço era
preenchido com equipamento de academia, enquanto a outra metade estava
cheio de caixas, que foram empilhadas tão altas que tapou as janelas. Havia
apenas uma parte do chão que foi deixado vazio, que era geralmente
alinhado com um pedaço de tapete. Agora isto foi rolado para trás, revelando
um alçapão, sugerindo que o meu primo estava lá embaixo, trabalhando em
seu laboratório.

Eu bati no alçapão, gritando, ― Hunter, você está aí embaixo?

Dei um passo para trás, esperando alguns segundos para ele


responder. Nenhuma resposta veio. Gritei seu nome mais uma vez. A
próxima coisa, o alçapão se abriu, fazendo barulho contra o chão. A cabeça
de meu primo apareceu através do buraco. Ele era um cara de aparência
rude em seus vinte e tantos anos, com um rosto que não era feio, mas não
muito longe disso.

― Como você entrou aqui? ― Ele perguntou, seus olhos passando


rapidamente para a porta. ― Eu tranquei.

― Não, você não trancou.

Ele xingou, parecendo irritado. ― Preciso ser mais cuidadoso. Se você


fosse um policial, eu estaria ferrado. De qualquer maneira, por que você está
aqui? Pensei que estava de volta à escola.

― Acabou cedo. Você tem algum trabalho para mim?

Ele olhou para baixo na escada que estava em pé. ― Eu posso te dar
algumas pílulas de festa,― disse ele, olhando de volta para mim. ― Eu acabei
de fazer um novo lote.

― Quanto vou ganhar por elas?


― Duzentos dólares, dependendo de quanto você vender.

Eu fiz uma careta, a quantidade longe de ser suficiente para pagar as


contas. ― Você tem alguma coisa que valha o meu tempo?

Ele balançou sua cabeça.

― Oh, vamos lá, cara, meu pai só tinha dinheiro suficiente para
cobrir o aluguel. Eu tenho que pagar a conta de energia, para não mencionar
a comida.

Hunter fez uma careta. ― Ele não foi demitido de seu emprego de
novo, não é?

― Não, ele só pegou alguns dias de folga porque ficou doente, o que
significa que estamos quase sem dinheiro.

― Ele está bem?

― Sim, é só uma gripe, ― eu menti, sabendo que Hunter iria tentar


me fazer morar com ele se soubesse que meu pai estava sem os
medicamentos dele para bipolaridade novamente. Ele não confiava em meu
pai para cuidar de mim, dizendo que ele era demasiado imprudente e
instável, mas o que Hunter não sabia era que meu pai precisava de mim
para cuidar dele, não o contrário.

― Ele está de volta ao trabalho agora, ― acrescentei. ― Eu só


precisava conseguir algum dinheiro para cobrir o que ele perdeu. Entãooo...
― Eu fiz uma pausa, esperando que Hunter não fosse gritar comigo por
perguntar, ― Você pode ... ah... me dar um pouco de coca ao invés das
pílulas?
Seus olhos escuros brilharam com aborrecimento. ― A última vez que
te dei coca você cheirou metade e não pagou. Eu tive que cobrir a perda do
meu próprio bolso.

Passei a mão sobre a minha nuca, sentindo-me mal por isso. ― Eu


não vou cheirar este lote, estou mais interessado em comer, ― eu disse, sem
me preocupar em dizer a ele que não tinha sido apenas eu que tinha
consumido a sua coca. Meus dois melhores amigos tinham me perturbado
por um pouco, o que fez nós três ficar tão ligados que tínhamos passado por
metade do valor antes que percebesse. ― Eu prometo que vou fazer certo
desta vez, e você sabe que sou bom em mover o produto.

― Sim, até a porra do seu nariz.

― Vamos lá, primo, foi uma idiotice em cem.

Ele olhou para mim por um longo momento, parecendo como se ele
estivesse tentando decidir se confiava em mim ou não, que ele deveria,
porque eu estava mais preocupado em ter eletricidade e comida do que ficar
pairando sobre a coca.

― Por favor, Hunter, ― eu disse. ― Estou desesperado.

Ele exalou alto. ― Ok. Mas se você foder com este lote, vou pegar a
Harley do seu pai.

Fiquei decepcionado de repente. ― Você não pode, cara, ele vai esfolar
nós dois vivos. Ele ama a porra daquela moto. Se ele pudesse se casar com
ela, tenho certeza que ele iria.

― Ele não vai tocar em qualquer um de nós, e estou cansado de


esconder dele o que você está fazendo. Você deve dizer a ele, Dante.
― Ele não vai me deixar continuar e precisamos do dinheiro, você
sabe disso.

― Então não foda com esse monte de coca. Eu tenho minhas próprias
contas para pagar.

Balancei a cabeça. ― Eu prometo, cara, vou te dar lucro.

― Boa. E consiga alguma ajuda. Eu não quero você vendendo-a


sozinho. Peça a Jasper para ajudar.

Eu balancei a cabeça novamente, embora não tivesse intenção de


pedir a Jasper, já que ele exigiria uma parte. Eu precisava de cada centavo -
nem um centavo a menos.

Hunter olhou para mim por mais tempo do que me sentia confortável.
Fez-me preocupar que ele vai mudar de ideia. Mas, felizmente, ele
desapareceu descendo a escada, não voltando atrás em sua palavra. Pelo
alçapão, eu pude ver uma longa fila de bancos abaixo. Havia também
recipientes de vidro hidropônico e outros aparelhos que utilizava para
produzir uma variedade de drogas. Embora, a coca não era uma delas. Ele
conseguiu isto de um traficante de drogas, que pegava uma parte de todas
as suas vendas.

Hunter surgiu pelo alçapão, escalando para fora dele. Ele era mais
alto do que eu, pouco mais de um metro e oitenta. Ele parecia uma versão
polinésia do Ice cube, com sua barba, o boné de LA em sua cabeça, bem
como a camisa de flanela e calças jeans. Ele estendeu um saco do que
parecia valer pouco mais de mil em pó branco, um terço era minha parte. Eu
peguei da mão dele e enfiei na minha mochila antes que ele pudesse mudar
de ideia.
― Eu realmente aprecio isso, ― eu disse, fechando o zíper da minha
mochila.

― Você deveria. ― Seu olhar moveu para a bandagem acima do meu


olho. ― Você entrou em problemas de novo?

― Alguns estúpidos me pegaram, mas estou legal, nada sério.

― Me dá os nome deles e vou mandar alguns caras pegar eles.

― Nah, eu e meus amigos vamos revidar. ― Levantei meu queixo em


uma despedida. ― Eu deveria começar.

Ele assentiu. ― Deixe-me ir lá fora com você. ― Ele fechou o alçapão e


puxou o tapete sobre ele, em seguida, me conduziu para fora da garagem,
trancando a porta atrás de nós. Ele passou um braço sobre meus ombros e
me conduziu passando pelo cercadinho do meu sobrinho. A lavanderia
estava cheia de fraldas de pano e roupas de bebê, meu irmão tinha um bebê
de um ano.

― Você deveria vir para dentro comer alguma coisa e dizer oi para o
seu irmão, ― disse Hunter, me conduzindo para os fundos da casa.

Embora eu estivesse com fome pra caramba, me afastei do seu braço.


― Nah, estou bem, ― respondi, não querendo ver Ash.

O rosto de Hunter ficou triste. ― Vamos lá, primo, você não pode
continuar a evitá-lo. Sei que você está chateado com ele por tentar cuidar de
si mesmo, mas ele está melhor agora.

― Eu não estou chateado com ele, ― eu disse, estou com raiva de mim
mesmo por deixá-lo desapontado.

― Então, por que você está ignorando ele?


― Eu não estou.

― Diga isso para alguém que acredita em você, porque eu com certeza
não acredito. Então, venha para dentro.

― Honestamente, eu realmente não tenho tempo, ― eu disse,


dirigindo-me para o lado da casa, desejando que ele iria parar de tentar
pressionar Ash para mim. Toda vez que olhei para o meu irmão, doeu muito
saber que eu poderia ter impedido dele ser estuprado pelo meu padrasto. Eu
poderia ter também impedido minha mãe de ser morta. Mas já era tarde
demais para falar sobre o que o meu padrasto tinha feito comigo... poderia
ter feito para mim. Pelo que sabia, poderia ter sido uma alucinação febril. Eu
estava doente na época. Continuei até a calçada, preferindo pensar dessa
maneira, porque se fosse uma alucinação, eu não tinha nenhuma razão para
me sentir culpado. Além disso, não tinha nenhuma razão para sequer
pensar sobre isso, porque isso...

― ... Não é real, ― murmurei.

― O que não é real? ― Perguntou Hunter, me seguindo até o portão.

― Nada. Te vejo mais tarde, ― disse sem olhar para trás. Levantei
minha mão em despedida enquanto me dirigia para a calçada, deixando-o
para trás com meu irmão, que precisava de mim como um buraco na
cabeça.

Dentro de pouco tempo, estava de volta em Wera, cortando gramados


e pulando cercas para chegar em casa mais rápido. Quando contornei uma
propriedade, parei de repente com a visão de Happy Meal e seus dois amigos
do outro lado da rua. Eles estavam encostados na parede de uma fábrica de
lacticínios, dividindo um pacote de batatas fritas em frente da loja. Eles
estavam sendo excessivamente duros e desagradáveis, como de costume, a
atenção deles fixada em uma garota que estava passando. Ela saiu correndo
rápido, seguindo no pior sentido possível: o meu.

Os olhos de Happy Meal pousaram em mim um segundo depois. Um


sorriso cruel apareceu em seus lábios. Não esperei o suficiente para ver o
que ele fez em seguida, porque eu girei e saí correndo pela minha vida.

― Pegue aquele filho da puta! ― Outros gritos seguindo, incluindo


ameaças de morte. A coisa era, eu estava indo na direção oposta à minha
casa. Pior ainda, não poderia manter essa velocidade todo o caminho até a
casa do meu primo. Eu era rápido, mas Happy Meal era mais rápido, o
bastardo era um jogador do time de rúgbi de Wera, para não mencionar que
suas pernas eram mais longas do que as minhas.

Olhei por cima do meu ombro, vendo-o se aproximar de mim, seus


amigos não muito longe dele, aqueles bastardos também estavam em seu
time. Precisando passar alguns obstáculos no caminho deles, cruzei uma
propriedade e corri pelo caminho de cascalho, minhas botas esmagando
contra a superfície solta. Passei uma velha van, direcionando para a cerca
dos fundos, sabendo que poderia, pelo menos, perder o suporte, uma vez
que ele era muito baixo para transportar o seu traseiro encorpado sobre isto.

Pulei em cima do muro e agarrei a parte superior, levantando-me


sobre ele e pulando para o outro lado. Caí do outro lado com um baque, em
seguida, corri passando uma mulher pendurando roupas no varal. Ela gritou
de surpresa, o som se transformando em um grito quando os meus
perseguidores destruíram a cerca. Olhei para trás, vendo Happy Meal e um
dos seus amigos ainda me perseguindo, o outro, como se esperava, longe de
ser visto. Virei a direita, agora em direção a minha casa. Se voltasse no
tempo, eles não se atreveriam a entrar na minha propriedade. Meus pit bulls
rasgariam suas gargantas se mesmo tentassem. Mas tinha que chegar lá
primeiro - e passar o portão trancado.
Atrás de mim, a batida dos pés ficaram mais alta. Olhei por cima do
meu ombro enquanto me aproximava do final da Balwyn Road, vendo os dois
bastardos se aproximando de mim. A distância entre nós foi diminuindo
rapidamente, Happy Meal muito rápido para mim. Se ele não tivesse o apoio
do amigo dele, eu teria girado ao redor e agarrado ele, porque eu era tão bom
lutador como ele era, se não melhor. Mas não tinha uma chance contra
ambos, além do mais ainda estava sofrendo da surra que ele tinha me dado
mais cedo.

Contornei outra esquina e corri pela estrada. Mesmo que meu peito
estava queimando como se tivesse engolido um monte de pimenta mexicana,
peguei velocidade, o que só fez minhas costelas machucadas pulsar mais.
Era como se meus pulmões estivessem prestes a explodir através delas.

À distância, podia ver a casa de Phelia, o seu exterior rosa


lembrando-me de algodão doce. Desejei que tivesse aceitado seu convite,
porque em vez de fugir, eu estaria gozando. Quase ri da minha patética
piada, mas não conseguia expelir o ar que eu não tinha, tudo dentro de mim
morrendo. Num momento de desespero, ou estupidez, considerei bater em
sua porta pedindo ajuda, mas rapidamente voltei aos meus sentidos,
sabendo que iria enfurecer Happy Meal ainda mais, especialmente desde que
ela era a razão de tudo isso estar acontecendo.

Passei a monstruosidade rosa. Uma mulher parou de empurrar o seu


carrinho de bebê quando me aproximei dela, seu olhar amedrontado firme
em meus perseguidores. Olhei para trás mais uma vez, aliviado que desta
vez eles tinham abrandado o suficiente ficando mais longe de mim.
Infelizmente, o meu olhar parecia acender uma churrasqueira sob a bunda
de happy Meal. Ele pegaram velocidade, o bastardo novamente se
aproximando de mim, a bolsa nas costas me retardando. Mas não havia
nenhuma maneira que estava jogando fora a coca. Se Happy Meal não me
matar, o chefe do meu primo faria.
Rangi os dentes e coloquei em uma explosão final de velocidade,
esperando que pudesse desbloquear o portão antes que ele me alcançasse.
Mas, do som de botas batendo atrás de mim, sabia que não ia fazer isto a
tempo para os meus cães atacá-los. E não havia nenhuma maneira que
poderia subir a minha cerca de arame, uma vez que era alta e coberta com
arame farpado, algo que meu pai tinha sido condenado por colocar uma vez
que era ilegal.

Um carro parou na calçada de Jasper, meu companheiro mora do


outro lado da minha rua. Ele e sua tia saíram do Ford velho azul dela. Além
de aliviado ao vê-los, gritei com Jasper e atravessei a rua. Seus olhos se
arregalaram quando Happy Meal socou a parte de trás da minha cabeça. Eu
fui voando para a frente do gramado da casa de Jasper, gritando de dor
quando eu atingi o chão duro.

Gritaria começou ao redor, a voz de Happy Meal era mais alta. Ele
estava gritando com Jasper, ― Não, cara, não faça isto. Não!

Olhei para cima, chocado ao ver Jasper apontando uma arma para
Happy Meal. Seus olhos estavam em chamas do fogo do inferno, enquanto
Happy Meal estava com as mãos erguidas, medo torcendo suas feições
duras. Seu amigo ficou a poucos metros atrás dele, parecendo que estava
pensando em virar e correr.

Jasper avançou na direção de Happy Meal. ― Eu deveria matá-lo!

Happy Meal tropeçou para trás. ― Isso não é minha culpa, cara, ― ele
falou, sua respiração irregular de uma combinação de medo e exaustão. ―
Ele dormiu com a minha mulher! Ele merece tudo o que consegue.

― Não, você merece levar um tiro na porra da sua cabeça! ― Jasper


gritou de volta, com a mão tremendo de raiva.
Sua tia foi para o lado dele, com o rosto cheio de preocupação. Ela
parecia Jasper, apenas uma versão feminina mais magra em seus trinta e
tantos anos. ― Abaixe a arma, Jasper, ― ela disse, com os olhos piscando
com preocupação. Do outro lado da rua, um dos nossos vizinhos estava
olhando pela janela, o bater de suas cortinas não causada pela brisa.

Me sentei, fazendo uma careta de dor. ― Se afaste, Jasper, ― eu


ofegava, meus pulmões ainda queimando da perseguição. ― Nós não
queremos os policiais aparecendo aqui.

― Eu não me importo, ― ele cuspiu, não tirando os olhos de Happy


Meal. ― Ele vai continuar vindo atrás de você.

― O pai dele vai colocar um alvo em você se você atirar no bastardo.

― Nossa gangue pode detonar com o pai dele antes que ele descubra.

― O que resultará em uma guerra de gangues, ― eu respondi. ― Se


isso acontecer, haverá mortes dos dois lados. Você está disposto a arriscar a
vida dos nossos pais por causa disso?

Jasper engoliu, sua expressão agora preocupada. Ele abaixou a arma


um pouco, embora não tirou os olhos de Happy Meal. ― Fique longe do meu
amigo e ninguém vai ser morto, ― disse ele, baixando a arma mais.

― Fechado. ― Happy Meal girou e foi embora com seu amigo.

Eu observei eles desaparecerem na rua, os bastardos rápidos. Estava


chocado que tinha conseguido ir tão longe, mas, novamente, quando estava
correndo por sua vida, a adrenalina dá-lhe uma explosão extra.

O som de uma sirene ao longe me sacudiu.

― Livre-se da arma, Jasper, ― sua tia ordenou.


Quando ele desapareceu no lado de sua casa, soltei minha mochila e
caí no chão, deitado de costas, tão exausto que nem sequer quero me
contorcer.

A tia de Jasper abaixou ao meu lado. ― Está tudo bem, lindo? ― Ela
perguntou, tirando meu cabelo da minha testa.

Eu golpeei sua mão, a mulher me dá arrepios. ― Não me toque.

― Eu apenas perguntei como você estava, idiota.

― Você pode fazer isso sem me tocar.

― Que tal você entrar. Vou pegar comida e bebida.

― Isso é o que a bruxa disse a Hansel e Gretel.

Ela fez uma careta para mim. ― Pare de ser horrível, Dante.

― Vou parar uma vez que você parar de me estuprar com o olho.

O rosto ficou sério. ― Dante! Como você pode dizer isso?

― Simples. Então, foda-se.

Jasper reapareceu do lado de sua casa, fazendo com que sua tia se
levantasse. Fiquei imaginando se ele tinha me ouvido insultá-la, e mesmo se
tivesse, estava exausto demais para me importar. Ele parou ao lado dela,
dando-me um olhar que dizia que ele tinha escutado.

― Vá para dentro, tia, ― disse ele, sem tirar os olhos de mim.

Ela se dirigiu para a casa. Assim que ela estava lá dentro, Jasper
chutou minha perna. ― Levante-se, seu idiota.

Eu estremeci. ― Eu já estou com dor, você não precisa aumentar ela.


― Então, não insulte minha tia!

― Não é minha culpa que ela sempre me fode com os olhos. Ela me
assusta.

― Ela não tem interesse em você; ela tem o dobro da nossa idade.

― Acho que você vai reprovar em matemática no Décimo Primeiro ano


novamente, seu idiota.

Ele abaixou e me deu um tapa na cabeça.

― Ei! ― Eu gritei, me sentando. ― Pare de aumentar meus


machucados.

― Então, pare de insultar as pessoas e pare de gritar comigo.

Eu resmunguei, peguei minha mochila e levantei, doendo como o


inferno. ― Eu gostaria de ver você correr a metade do bairro e ser sol e rosas.
― Fui para a rua.

Jasper me seguiu. ― Você ainda não vai me agradecer por salvar o


seu traseiro sem valor?

― Obrigado por salvar minha bela bunda, ― murmurei, abrindo o


portão.

Entramos na minha casa, os meus dois pitbulls correndo para mim.


― Cai fora, Bob e Marley, ― eu disse, sem humor para brincar com eles.

Eles se voltaram para Jasper. Ele pegou Marley e lhe deu um beijo na
cabeça. Ela começou a lamber seu rosto, Jasper chamando-a de linda.
Ciumento, Bob saltou em torno de suas pernas, latindo por atenção.
Peguei minha chave e abri a porta da frente. ― Coloque Marley no
chão e entre, ― eu disse, olhando para a rua quando a sirene ficou mais
próxima.

Ele soltou o cachorro e me seguiu para dentro da casa. Eu bati em


Bob e Marley para voltarem, e, em seguida, fechei a porta, trancando-os para
fora. Virei-me, meu olhar pousou em Jasper. ― Por que diabos você tem uma
arma? ― perguntei.

― Para momentos como aqueles, ― ele respondeu, olhando para mim


como se eu fosse burro.

― De onde você tirou isso?

― Ray Bradbury, ― disse ele, mencionando o motoqueiro que lida com


armas. ― Você devia conseguir uma também.

― Claro que não, eu não uso armas.

― Você ainda precisa conseguir uma. Eu vou te levar para o campo


de tiro, ajudá-lo a praticar.

Eu balancei minha cabeça. ― As armas são mais problemas do que


seu valor.

― Se eu não tivesse uma, você estaria ferrado.

― Não, você teria lutado com Happy Meal. Você é do mesmo nível que
ele.

― E o que acontece com o amigo dele? Você mal podia se levantar do


chão. Eu teria que brigar com eles. Além disso, o que acontece quando eles
vierem atrás de você novamente? Happy Meal não vai esquecer isto. Talvez
da próxima vez ele vai ter uma arma escondida e você vai acabar com uma
bala entre os olhos. ― Ele passou a mão pelo seu cabelo castanho espesso,
com uma expressão preocupada. ― Nós devemos colocar uma bala nele
antes que seja tarde demais.

Meus olhos se arregalaram. ― Que porra é essa? Não! Nós não


matamos pessoas.

― Ele merece, porra! ― Jasper gritou, cuspe saindo de sua boca. ―


Ele não vai parar de vir atrás de você, e você sabe disso. Eu deveria ter
matado o filho da puta.

― Então você teria ido para a cadeia.

― Eu não me importo! ― Ele gritou, gesticulando


descontroladamente. ― Mas pelo menos você estaria seguro.

Eu fiquei em silêncio por um momento, comovido por sua


necessidade de me proteger. ― Você ainda não pode matá-lo, ― eu finalmente
disse. ― A gangue dele virá atrás de você na cadeia.

― Nossa gangue vai me proteger.

― Pare de falar como se você fosse fazer isso, ― eu disse, agora


preocupado.

Ele passou a mão sobre o rosto. ― É só que... eu não poderia


aguentar se ele matar você.

― Ele não vai, acalme-se, ― eu disse, andando até ele. ― Além disso,
vou ter mais cuidado.

Jasper soltou uma gargalhada, o som desprovido de humor. ― Você


não sabe o significado dessa palavra, portanto, não me faça rir. Basta não ir
à escola pelo resto da semana. Com sorte, ele terá acalmado até a próxima
semana. Vou avisar a escola que você está doente.
― E quanto a meu pai?

― Como eu disse, finja que está doente. Você é ótimo em atuar.

Eu balancei a cabeça, sabendo que poderia usar esse tempo para


vender as drogas.

Jasper continuou, ― Eu também vou conseguir Julio e alguns dos


irmãos para intimidar os amigos de Happy Meal assim eles não irão apoiá-lo
na próxima vez.

― Bom, porque não acho que posso ter mais um dia como este. Sinto-
me fodido. ― Eu caí em meu sofá de couro e inclinei a cabeça para trás,
fechando os olhos.

― Você não parece muito bem, cara.

― Eu não me sinto bem. ― Eu abri meus olhos. ― Me sirva uma


bebida, sim. ― Eu acenei para o armário de bebida do meu pai. ― Uísque ou
vodca, não me importo qual.

Jasper caminhou até o armário. ― Há um cadeado aqui.

Levantei a cabeça. ― O que?

― Seu pai colocou um cadeado no armário.

― Bastardo! ― Levantei e fui até lá, olhando para o cadeado. ― Isso


vai demorar um pouco para abrir. ― Enfiei minha mão no bolso e tirei uma
chave de metal, parando no som de uma sirene na nossa rua.

Jasper correu para as cortinas e espiou através delas, os ombros


tensos. As sirenes passaram pela casa, soando como se eles estavam indo
em algum outro lugar. Jasper exalou alto. ― Eu pensei que eles estavam
vindo para mim.
― Nossos vizinhos não são estúpidos o suficiente para dedurar, ― eu
disse, enfiando a chave no buraco da fechadura. Eu torci-a, ajustando-a de
várias maneiras, e então gritei em vitória quando o cadeado se desfez mais
rápido do que o esperado. Puxei-o e abri o armário, agarrando a vodca. Eu a
destampei, tomei um gole, sem me importar quando queimou o fundo da
minha garganta, o preço vale a pena.

Jasper pegou a garrafa da minha mão e começou a beber o líquido


transparente. Ele podia beber tudo que nossos amigos colocassem sobre a
mesa e ainda parecer como se poderia ter mais algumas rodadas sem
pestanejar.

Ele entregou a garrafa de volta com um suspiro de satisfação. ― Seu


pai sempre consegue a melhor bebida.

― Só porque ele gasta todo o dinheiro nela em vez de comida. ― Eu


coloquei a garrafa aos lábios e bebi mais do que Jasper. Queria apagar hoje
e vodca sempre funcionou, balançando-me para dormir em seus doces
braços.

Uma névoa feliz caiu sobre minha mente, fazendo as dores do meu
corpo desaparecer. Tapei o que restava e guardei a garrafa, fechando o
armário e recoloquei o cadeado.

Virei-me para Jasper. ― Pode ir embora, eu estou indo dormir.

Ele balançou a cabeça, fechando a porta atrás de si, o bloqueio


clicando automaticamente. Peguei minha mochila e fui para o meu quarto,
com a intenção de esconder as drogas sob meus assoalhos. Uma vez que
elas estavam seguras, cai na minha cama, pensando em tudo o que tinha
acontecido: dos meus desentendimentos com Happy Meal e o diretor, a arma
de Jasper e a professora de Inglês quente. Fechei os olhos, desejando que
fosse a Sra. Hatton fazendo um boquete em mim em vez de Phelia. Eu sorri,
imaginando os lábios da mulher enrolada no meu...

Adormeci, Sra. Hatton seguindo-me em meus sonhos.


06

Para meu alívio, Dante não apareceu para o Inglês no dia seguinte.
Embora, Jasper sim. Infelizmente.

― Dante está doente como uma porra de prostituta drogada com


enjoo matinal, ― disse ele, depois de eu ter chamado o nome de Dante
durante a chamada.

― Jasper, veja a sua linguagem, ― eu o adverti ainda surpresa com o


quão fácil os palavrões rolavam de sua língua. E não era só ele. Beverly
tinha razão. Mais uma vez. As palavras com f, p, s e m eram utilizadas, tanto
quanto é e foi, ou mais precisamente idiota, que era a forma que metade da
classe juvenil pronunciava a palavra. Às vezes, me perguntava se as crianças
de South Auckland tinham seu próprio dialeto, uma forma quebrada de
Inglês que não combina muito bem com o que todos os outros falavam.

Parecendo despreocupado com o que está sendo dito, Jasper passou


a mão sobre a barba em sua mandíbula. Eu descobri que ele tinha dezesseis
anos indo para dezessete, o menino não tinha conseguido passar no ano
anterior.

Secretamente rezava para que Dante tivesse a mesma idade, para que
pudesse me sentir melhor sobre achar ele atraente, mas infelizmente ele não
tinha, seu aniversário de dezesseis anos demoraria um tempo.
― Você não deveria me criticar, Sra. H, ― Jasper disse, sua expressão
séria. ― Eu só estou ficando nessa porra como um idiota.

― O que diabos você está falando? ― Perguntei, o garoto mais difícil


de entender do que Snoop Dog.

Lindy riu da frente da classe. ― Ele disse que Dante tem diarréia.

― Eu não disso isso! ― Jasper respondeu, parecendo ainda mais


irritado quando a classe começou a rir. ― Ele está derrubado, porque teve
uma intoxicação alimentar de comer carne de porco ruim, sua estúpida
imbecil.

― Jasper, ― eu rosnei. ― Não insulte Lindy.

― Ela insultou Dante em primeiro lugar.

― Não, ela interpretou você mal, que é bastante fácil de fazer,


considerando que eu não entendo metade do que você diz.

― Isso é porque você é do subúrbios branco, enquanto sou do gueto


legal.

Ele deu um peteleco na gola da camisa e levantou o queixo para


Phelia Lamar, a garota Maori que estava dançando sobre a mesa no dia
anterior. Parecia que ele estava tentando impressioná-la, mas estava
falhando miseravelmente, sua expressão mais cômica do que legal. Cobri
minha boca para esconder o meu sorriso, enquanto Phelia riu, junto com
seus amigos. Jasper afundou em sua cadeira, esvaziando a reação dela.
Então um desdém formou no rosto redondo dele. Ele sacudiu o dedo médio
para ela. Phelia fez o mesmo para ele, mostrando a língua também.

― Sim, querida, eu sei o que você pode fazer com a língua, ― ele
disse, e balançou para ela.
― Jasper! ― Eu repreendi. ― Sem mais conversa.

Seu olhar moveu-se para mim, todo o humor se foi, sua expressão
congelando. Tirei minha atenção dele, sentindo um arrepio percorrer minha
espinha, o medo formigando minha pele.

― Peguem seus cadernos, ― eu disse para a classe, escondendo o fato


de que ele tinha me abalado.

Uma vez que seus cadernos estavam em posição, pedi aos alunos
para escrever o que eles queriam fazer depois que deixassem escola. Os
alunos se estabeleceram depois disso, com apenas o som de canetas
raspando através do papel e o sussurro ocasional pela sala. O restante da
aula foi bem, juntamente com o resto do dia, com apenas alguns incidentes
menores, que lidei sem muita dificuldade.

Dante não apareceu na quarta-feira também. Sem a sua presença, as


coisas continuaram a funcionar sem problemas na classe reformatória... até
certo ponto, porque eles ainda eram um bando de desajustados desordeiros,
os amigos dele os piores infratores. Mas ao contrário de Dante, a ameaça de
detenção principalmente os fez ficar quietos, a um ponto onde eu poderia
começar a ensinar-lhes sobre o livro Animal Farm, que foi um dos meus
favoritos da infância.

Antes que percebesse, sexta-feira chegou, com apenas as fotos do I.D.


de estudante restando para fazer antes do sino tocar. Estava sendo feito no
corredor da escola, uma grande extensão preenchida com tons bronzeados e
fluorescente da iluminação. Eu me inclinei para trás em minha cadeira,
observando o fotógrafo tirar uma foto de um de meus alunos. Eles estavam
em cima do grande palco, com um contexto azul atrás da garota. Ela estava
sorrindo amplamente, seu rosto um campo minado de acne. Alguns outros
estudantes estavam esperando pela sua vez, enquanto outros estavam
sentados na minha frente. Depois de alguns minutos, eles começaram a ficar
inquietos, suas conversas aumentando o nível.

― Acalmem, ― eu falei. ― A menos que queiram detenção depois da


escola. ― Detenção tinha se tornado minha palavra favorita, a única coisa
que, juntamente com a suspensão, normalmente fazia eles se calarem. Eu
sorri, perguntando se eu seria malvada o suficiente para jogar expulsão no
meu vocabulário.

Eles ficaram em silêncio. Continuei a observar os alunos sorrir para


as suas fotos, algumas das garotas levando mais tempo do que o necessário,
Phelia a pior desordeira. A linda garota Maori estava de pé a poucos metros
longe do pano de fundo, muito ocupada maquiando o rosto em forma de
coração para perceber que era a sua vez. Ela estava segurando um espelho
compacto e aplicando batom sobre os lábios vermelhos recentemente
pintados, o resto de seu rosto já pronto.

― Phelia, você é a próxima, ― chamei, não me surpreendeu que ela


estava segurando a fila, a menina incrivelmente vaidosa. Não só isso, ela não
foi feita para usar maquiagem. Embora muitos dos alunos da classe
reformatória não fazem o que eles deviam fazer. ― Basta sorrir e seguir em
frente, ― acrescentei, ansiosa para o fim de semana, menos o fato que meu
marido ainda não tinha chegado da Inglaterra, sua documentação
demorando muito.

Phelia jogou o espelho e o brilho labial de volta em sua bolsa e


moveu-se em frente da tela azul, dando ao fotógrafo o que parecia ser um
sorriso ensaiado. Eu podia imaginá-la praticando na frente de um espelho
em casa, fingindo que estava sorrindo para os paparazzi, como uma diva que
ela tinha visto na TV.
Eventualmente, ela desocupou o lugar, permitindo que o resto da
classe tirasse suas fotos. À medida que a última foto foi tirada, levantei-me
com a minha própria câmera, pronta para dizer aos alunos para ficar em
grupo. Eu não queria esperar pela foto oficial da classe, uma vez que ia
demorar um mês ainda. Queria a minha própria cópia, para que pudesse
enviá-la ao meu marido, ansiosa para mostrar-lhe os meus alunos.

Um estrondo veio do fundo do corredor. Olhei por cima do meu


ombro, surpresa ao ver Dante vindo pelo corredor desajeitadamente, já que
ele ainda era suposto estar doente - que ele não parecia. Tudo o que ele
parecia era estar fora do ar. Ao passar por mim, me segurei de dizer
qualquer coisa, não arriscando perturbar os últimos minutos da escola.

Ele seguiu para o fotógrafo, que estava arrumando suas coisas. ―


Espere, ― ele gritou. ― Eu sou o próximo.

O fotógrafo parou de embalar e olhou de cima do palco, parecendo


que estava prestes a dizer não, mas ao invés disto ele fechou a boca. Ele
observou enquanto Dante subiu as escadas para o palco, descaradamente
olhando para ele.

Dante parou na frente da tela azul. ― Tire uma foto, isto vai durar
mais tempo, ― disse ele maliciosamente, fazendo seus colegas rir.

O fotógrafo fez uma careta. ― Eu só estava avaliando-o para fins


profissionais, ― ele respondeu, seu tom de voz esnobe. Ele era um homem
meio atraente em seus trinta anos, com o cabelo castanho penteado para
trás e uma voz efeminada.

― Eu não dou a mínima, ― Dante respondeu, ― Apenas tire uma


maldita foto minha.
― Dante, ― eu disse em tom de aviso. ― Peça desculpas ou nenhuma
I.D.

― Sim, sim, eu estou realmente arrependido, ― disse ele, batendo os


cílios para o fotógrafo ironicamente.

O fotógrafo abriu a boca como se ele fosse repreender ele também,


mas em vez disso recolocou sua câmera no tripé, instruindo Dante para
levantar o queixo. Dante fez o que lhe foi dito, direcionando seu olhar para
mim quando ele fez isso, dando-me um olhar que eu não conseguia decifrar.
Ele reorientou para a câmera quando o fotógrafo disse, ― Sorria! ― O homem
tirou a foto, mas em vez de terminar, continuou ordenando Dante a ficar de
várias posições, tirando fotos que não eram necessárias para um I.D.

Eu fui questionar o que ele estava fazendo, mas Dante falou primeiro.
― Eu não estou aqui para a porra de uma sessão de moda, ― ele rosnou. ―
Eu só quero uma maldita ID então eu posso conseguir alguma merda livre e
barata.

Endireitando, o fotógrafo tirou um cartão do bolso da sua calça. ― Eu


faço alguns trabalhos para uma agência de modelos, ― disse ele, entregando
o cartão para Dante pegar. ― Se você quer dinheiro extra, peça seus pais
para me ligar e vou marcar uma entrevista com a agência.

As sobrancelhas de Dante ergueram até seu incontrolável cabelo


preto. ― Você está brincando comigo?

O homem sacudiu a cabeça.

― Legal, ― Dante disse, pegando o cartão. ― Quanto vou receber?

― Você vai ter que discutir isso com a agência, mas eles costumam
pagar generosamente.
― Em quanto tempo depois posso receber?

O fotógrafo deu de ombros. ― Depende quais campanhas eles têm.


Porém, você vai se adequar o que eles estão fazendo para a loja popular de
roupas masculinas.

― Quanto será que pagam?

O fotógrafo riu. ― É tudo sobre o dinheiro para você, não é?

― Quando eles vão me pagar?

O fotógrafo riu novamente. ― Eles costumam pagar até o final do


mês, mas o pagamento desta campanha será provavelmente no final de
março.

O rosto de Dante entristeceu.

― Mas, eles podem ter algo mais cedo para você. Basta pedir para
seus pais me ligar nesse número então eles podem retornar para você
rapidamente.

O sorriso de Dante reapareceu. ― Obrigado, cara. ― Ele enfiou o


cartão no bolso de trás, parecendo mais feliz.

O fotógrafo acenou para ele e voltou à embalagem de seus


equipamentos. Chamei a minha classe, instruindo-os para entrar no palco
para a foto informal. Todos eles se dirigiram para lá, um número dos rapazes
subiram no palco em vez de tomar as escadas. Quando o fotógrafo saiu,
arranjei os alunos em três fileiras. Eu indiquei para as meninas a primeira
fila para se sentar, então organizei os meninos e meninas mais baixos na
segunda fila. Os alunos mais altos esgueiraram-se por trás deles, com Lindy
no meio de uma fila de meninos. Ela parecia ainda mais pequena ao lado
deles, quase magra demais em comparação. A sua esquerda, Jasper e Dante
estavam conversando animadamente. Jasper estava brincando com Dante
sobre a oferta de modelo, irritando ele. As mãos de Dante já estavam em
punhos, Jasper brincando com fogo.

Liguei a minha câmera. ― Jasper, pare de irritar Dante e olhe para


frente.

Jasper fez o que lhe foi dito, embora Dante ainda estivesse olhando
para ele.

― Dante, olhe pra frente, ― eu disse, alinhando a câmera.

Quando ele se virou para a câmera, disse, ― Diga X! ― Os alunos


gritaram uma infinidade de palavras, a maioria delas rude. Eu tirei a foto,
logo que Dante levantou a mão, mostrando o dedo do meio.

Eu abaixei a câmera e fiz uma careta para ele, ― Dante!

― O quê? ― Disse ele, doce e inocente.

― Sorria e mantenha as mãos para baixo.

― Não, a menos que você vá me pagar. ― Ele se virou para Jasper e


socou seu braço. ― Me chame de cafetão de novo e vou arrebentar sua cara,
seu idiota.

― Eu estava apenas brincando, cara, ― disse Jasper, seguindo Dante


para descer as escadas, esfregando o braço onde ele tinha levado um soco.
Phelia correu atrás dos meninos, o terrível trio desapareceu na entrada
principal.

Voltei-me para a classe, dispensei eles, não estando mais interessada


em tirar outra foto. A campainha do fim do dia tocou quando coloquei a
minha câmera de volta na minha bolsa. Uma vez segura, escorreguei a alça
sobre a minha cabeça e saí da sala, seguindo os alunos restantes para o
corredor. Mais estudantes estavam saindo da sala de aula, suas vozes altas,
o espaço vivo com a atividade e ruído. Eu andei com o fluxo, conseguindo
uma colisão ocasional de um dos estudantes excessivamente entusiasmado
para escapar da escola.

Quando passei minha sala de aula uma bola de rúgbi passou por
cima da minha cabeça. O garoto que tinha espancado Dante pegou-a vários
metros na minha frente. Ronald levantou a bola acima da cabeça, parecendo
que estava a ponto de jogá-la de volta. Eu fui gritar para ele parar, mas um
vozeirão chegou antes de mim, gritando, ― Não jogue bolas no corredor!

Paul Aston estava em pé na porta, olhando para o garoto McDonald


como se ele fosse o residente maligno. Eu questionei como eu já pensei que o
homem se parecia com Liam Neeson. Seu rosto era muito mais severo do que
do ator, enquanto seu nariz era torto, sugerindo que havia sido quebrado
pelo menos uma vez. Ele também tinha uma cicatriz sobre sua sobrancelha
direita e um corte. Gostaria de saber se ele tinha servido no exército,
especialmente pela maneira como ele dava ordens como um sargento.

O infame Happy Meal ignorou Paul e jogou a bola de qualquer


maneira, soltando-a tão rápido como ele tinha segurado-a. A bola voou sobre
a minha cabeça, contorcendo no ar. Virei-me para ver um dos amigos de
Ronald capturá-la. Sorrindo, o rapaz colocou a bola debaixo do braço e
correu na direção oposta quando Paul dirigiu-se para ele, Ronald já muito
longe.

Paul parou de repente quando me viu, seu semblante irritado


instantaneamente se transformando em um sorriso. Isto fez parecer menos
severo, o homem realmente atraente sem sua carranca.

― Bem, olá, Clara, quase não a vi, ― ele disse, seu sotaque escocês
relativamente leve, sugerindo que ele estava morando na Nova Zelândia por
um tempo. ― Eu juro, quando Happy Meal se formar estamos indo para uma
festa de celebração.

Alguém gritou seu nome, chamando a sua atenção para longe de


mim, mas não podia ver quem era, seu grande corpo bloqueando minha
visão. Ele era incrivelmente alto, bem mais de um metro e oitenta, fazendo-
me sentir como se eu tivesse acabado de sair de Hobbiton. Embora não tinha
pés grandes, apenas dois pés esquerdos.

Beverly surgiu por trás dele. Como de costume, a outra professora de


teatro estava vestida com brilhantes roupas coloridas, sua saia sempre
combinando com seus óculos, que agora eram amarelos. Lembrou-me de um
personagem de Grease, apenas mais velha. Eu gostei, a mulher adicionando
um pouco de cor para o mar de uniformes cinza, preto e vermelho.

― Você vem? ― Ela perguntou, enfiando uma mecha do cabelo atrás


da orelha. Seu cabelo negro estava puxado para cima em um nó com alguns
cachos soltos.

― Para onde?

― Bebidas. Paul deveria te convidar. ― Ela atirou-lhe um olhar


acusador.

Ele ergueu as mãos. ― Você interrompeu antes que eu tivesse uma


chance.

― Ok, você está perdoada, minha senhora, ― disse ela, colocando um


sotaque escocês. ― Eu não posso ficar brava com você por muito tempo. É
quase impossível.

Ele sorriu. ― Você está tentando me imitar, porque eu não falo assim.
― Você fala quando está falando com sua sobrinha. Você parece uma
pessoa totalmente diferente, um montanhês, que devia estar usando uma
saia pregueada e não calças. ― Ela lhe deu uma piscadela insolente. ― E
todos nós sabemos o que montanheses usam sob suas saias pregueadas.

Ele riu, fazendo ela sorrir, seus olhos cor de chocolate olhando para
ele com incontido carinho. Ele parou de rir e levantou uma sobrancelha
castanho-avermelhada para ela em questão, seu olhar durando um pouco
mais.

Ela rapidamente olhou para mim, o rosto um toque mais otimista. ―


Alguns de nós ficamos juntos depois escola às sextas-feiras, ― ela disse,
claramente constrangida. ― Você deveria vir. Vai ser uma boa maneira para
você conhecer os outros professores. Cônjuges também são convidados.

Minha mente foi para Markus, desejando que ele pudesse vir junto. ―
Meu marido ainda está na Inglaterra.

― O que significa que você não tem desculpa para não vir, ― disse
Beverly, enganchando seu braço no meu.

Paul nos seguiu pelo corredor, dando ordens para um casal de


estudantes bloqueando a saída. Eles saíram do nosso caminho, permitindo-
nos descer as escadas. Beverly me puxou na direção de seu carro, que era
um Mini azul. Para minha surpresa, Paul se espremeu no banco de trás, seu
grande corpo ocupando a maior parte do espaço.

― Eu sou a motorista designada esta noite, então você pode pegar


uma carona com a gente, ― disse Beverly, ficando atrás do volante. ― Na
verdade, sou o tempo todo. ― Ela apontou seu polegar para Paul. ― Porque
este é um bêbado.
Paul revirou os olhos. ― Ter algumas bebidas uma vez por semana
não equivale a ser um bêbado.

Beverly ia dizer algo de volta, mas eu a cortei. ― E o meu carro? ― Eu


disse, não fazendo um movimento para entrar.

― Nós vamos buscá-lo amanhã, ― ela respondeu, prendendo o cinto


de segurança. ― Ele estará seguro até então, uma vez que a escola bloqueia
os acessos durante a noite. Paul tem uma chave para entrar.

Eu hesitei, realmente não queria vir amanhã. Tinha planejado um dia


de leitura de livros e descansar de pijamas, não ter que conversar com as
pessoas.

― Oh, vamos lá, não seja uma desmancha-prazeres, ― disse Beverly.

Olhei para o meu carro. Um Volkswagen amarelo estava há algumas


vagas longe, à sombra de uma árvore de carvalho.

― Vai ser divertido, ― acrescentou Beverly. ― Além disso, é o grande


entretenimento de Paul. Podemos apostar em quão rápido isto vai ser antes
que ele consiga bater por ser desprezível. Eu ganhei na semana passada por
acertar.

― Isso é porque foi você quem me deu um tapa, ― disse Paul.

― Bem, você não devia ter sido desprezível então, você estava sujo de
hambúrguer.

Eu ri e entrei no banco do passageiro da frente, interessada em


conhecer Beverly melhor, a mulher engraçada.

***
Chegamos ao bar pouco depois das quatro. Apesar de ainda ser parte
da tarde, o lugar estava mais da metade ocupado. Um número de clientes do
sexo masculino estava olhando para as duas televisões de tela plana
penduradas nas paredes, a suas expressões quase reverentes. Um jogo de
críquete estava passando, com um batedor australiano prestes a subir
contra um dos jogadores rápidos da Nova Zelândia. Um grito estridente
subiu pelo ar quando o nosso homem tirou o aro do Aussie, mandando-o de
volta para as arquibancadas.

Beverly me conduziu pelo bar, que se curvava para a nossa esquerda.


Um certo número de bancos estavam cheios, com mulheres casualmente
vestidas e homens cuidando das bebidas deles e conversando uns com os
outros.

― Desse lado, ― disse Beverly.

Ela me guiou para o canto mais distante, onde uma mistura de


pessoas estavam sentadas ou em pé perto de algumas mesas. Reconheci
alguns deles da sala de professores, em sua maioria professores com alguns
da administração jogado na mistura. Beverly me puxou para uma mulher,
que parecia em seus sessenta ou setenta anos. Ela tinha uma espessa
camada de maquiagem endurecida em seu rosto, seu vermelho batom
manchando os cantos da sua boca. Isso me fez querer verificar o meu batom,
definitivamente não parece atraente.

― Onde está o Harry? ― Perguntou a mulher, com foco em Paul. Ele


estava pairando atrás de mim, sua estreita proximidade começando a me
irritar, o homem não compreendia o espaço pessoal.

― Desculpe, Marcia, ele não vai vir, ― Paul respondeu, falando sobre
a outra metade da Grã-Bretanha. ― A mãe dele está indisposta.

Fazendo uma careta, a mulher levantou-se e saiu sem se despedir.


― O que foi aquilo? ― Perguntei, olhando para Beverly.

Paul respondeu primeiro, ― Ela é uma vaca irritadiça, que só vem


porque quer que meu amigo tire suas calcinhas.

― Paul! ― Beverly engasgou. ― Não diga isso.

― Bom, é verdade. E ela está sonhando se acha que Harry vai estar
interessado nela. Ele só fala com ela porque é muito frouxo para dizer a ela
para cair fora.

Beverly sacudiu a cabeça. ― Mais como é porque ele é um cavalheiro,


ao contrário de alguém que eu conheço.

Paul olhou em volta. ― Quem? ― Disse ele, parecendo se divertir.

― Você sabe quem, homem horrível.

Ele riu. ― Basta ser honesto. ― Seu olhar moveu-se para mim. ― O
que eu posso conseguir pra você, doce Clara? Um vinho, uma cerveja? ― ele
perguntou, seu olhos verdes quase intrusivos.

― Você não me oferece quaisquer bebidas gratuitas, ― Beverly


pigarreou. ― E gentilmente mantenha seus adjetivos para você mesmo. Soa
assustador quando você adiciona-os.

Ele sorriu. ― Você só diz quando não é você que eu estou elogiando, e
eu estava apenas sendo um cavalheiro como Harry.

― Não, você estava sendo desprezível.

Ele levantou uma sobrancelha. ― Por oferecer a Clara uma bebida?

Ela cruzou os braços sobre seu amplo peito. ― Você sabe o que quero
dizer com isso.
Ele olhou para ela. ― Não, eu não, por favor, me ilumine.

Ela olhou para mim, aparentemente embaraçada. ― Você está dando


em cima dela.

― Não, estou sendo amigável, portanto, não fique torcendo suas


calcinhas de vovó.

Ela bateu em seu braço. ― Eu não uso calcinha de vovó.

― Sim, usa. Lembre-se daquela vez que você caiu? ― Ele olhou para
mim com um sorriso. ― Ela teve suas pernas para o ar para todo o mundo
ver.

― Pare de ser um idiota, Paul, ― ela rosnou, parecendo imensamente


embaraçada.

Ele revirou os olhos. ― Nossa, vocês mulheres não sabem aceitar uma
piada.

― Porque não foi engraçado.

― Foi para mim.

― Vá embora, se você não vai ser agradável.

― Tudo bem. ― Ele se virou e se dirigiu para uma mesa cheia de


homens.

Beverly sacudiu a cabeça, seu olhar irritado seguiu-o. ― Às vezes eu


não sei se quero beijá-lo ou bater nele, ― disse ela, com os dentes cerrados.

― Vocês dois estão em algo?

― Eu desejo.
Concentrei-me sobre a mesa que Paul estava sentado. Alguns dos
homens olharam em nossa direção, sussurrando entre si, fazendo-me pensar
se Paul tinha dito alguma coisa para eles.

Fazendo caretas para os homens, Beverly agarrou meu braço e me


puxou para o bar. Ela soltou e subiu em uma banqueta. ― Não espalhe isto
a todos, ― disse ela.

― Espalhar o quê?

― Que eu gosto dele. ― Ela nervosamente alisou sua saia amarela,


seus dedos agitados parando na bainha, puxando-a sobre os joelhos. ― Mas
eu não sou uma loira interesseira ou Harry, então não tenho uma chance. ―
O rosto dela mudou um segundo depois. ― Eu não estava me referindo a
você como sendo uma loira interesseira; você definitivamente não é uma. Ele
só tem uma coisa por loiras.

― Por que você menciona Harry, então? ― Perguntei, não me


ofendendo.

Um sorriso apareceu em seus lábios, tirando a preocupação de seu


rosto. ― Apenas uma fantasia que gosto de ter de Escócia superando
Inglaterra.

― Superando?

Ela inclinou a cabeça para a frente. ― Foder, ― ela sussurrou.

Eu me engasguei, não tinha esperado que ela dissesse isso. ― Eu


posso apenas imaginar o que Paul diria sobre isso.

Ela sorriu maliciosamente, os olhos de chocolate espumante. ― Você


não tem que imaginar, seu rosto ficou mais vermelho do que o cabelo dele.

― Você seriamente disse isso a ele? ― Perguntei, incrédula.


Ela assentiu com a cabeça. ― E da próxima vez temos um
acampamento da escola, vou sugerir que eles vão de Brokeback Mountain e
compartilhem uma tenda.

Eu soltei uma risada desta vez, parecendo como um porco que teve
seu rabo puxado. ― Eu gosto de você, Bev, eu realmente gosto.

Ela me cutucou. ― Eu também gosto de você; não apenas como uma


garota sobre outra garota, você sabe o que quero dizer.

Eu continuei a rir, chamando a atenção das pessoas.

Beverly sorriu largamente. ― Ria de Paul assim; ele não vai dar em
cima de você nunca mais.

Eu cobri minha boca, tentando abafar os meus roncos, plenamente


consciente que meu riso era desagradável.

― Então, qual é o seu drinque? Primeira bebida é por minha conta.

Abaixei minha mão. ― Uma cerveja, obrigada.

― Claro que sim. ― Ela indicou ao barman, que veio imediatamente,


dando-lhe um amigável olá, o homem alto parecendo conhecê-la. Ela pediu
nossas bebidas, passando para mim uma vez que ele tinha feito isso.

― Então, como foi sua primeira semana? ― Ela perguntou, tomando


um gole de seu drinque sem álcool.

― Muito boa, ― respondi, mexendo a minha bebida com o canudo. ―


O primeiro dia foi um pouco difícil, mas uma vez que passei por ele, quase
não tive nenhum problema.
― Bem, é bom ouvir isso. Estou feliz que Dante Rata não a fez fugir
como a última professora de Inglês. Ela durou apenas alguns dias antes de
sair.

Minhas sobrancelhas se ergueram. ― Sério?

Ela assentiu com a cabeça. ― Você deve ser um anjo ou ter uma
vontade férrea de colocar-se com eles. Paul está sempre perdendo a
paciência com ele. No ano passado, Dante passou mais tempo do lado de
fora da sua classe do que dentro. De qualquer forma, o suficiente de falar
sobre a escola. O que você faz no seu tempo livre?

― Eu, principalmente, leio, vou na academia, ou saio com meu


marido quando ele não está do outro lado do mundo. O que você faz?

― Assisto infomerciais e compro aparelhos de ginástica que eu nunca


uso. Comprei um aparelho de fazer abdominais na semana passada e decidi
dar a meu irmão mais novo para o seu aniversário.

Eu ri, achando divertido falar com ela. Passamos a meia hora


seguinte conversando sobre infomerciais e tudo o que ela já tinha comprado
da TV antes de Paul interromper a conversa. Ele se empurrou entre nós
rudemente, ignorando a alta reclamação de Beverly. Ele sinalizou ao barman
e pediu uma cerveja, em seguida, apoiou as costas contra o bar,
abertamente me olhando de cima a baixo. Desprezível era definitivamente a
palavra certa para ele, seu olhar fazendo-me sentir suja.

― Então, Clara... ― ele fez uma pausa, ― Há quanto tempo é casada?

― Um ano.

― Oh, fui casado uma vez. A cadela me levou tudo que eu tinha. ―
Ele arranhou seu peito, um sopro de cabelos avermelhados aparecendo
debaixo de sua camisa azul de botão. ― O casamento é uma perda de tempo;
é mais divertido ser solteiro. ― Ele olhou para Beverly. ― Não é verdade, Bev?

― Eu prefiro estar casada, ― ela respondeu.

― Isso é porque você não tem nenhuma dica de como é.

― Não seja malvado, Paul.

Ele franziu a testa, parecendo perplexo. ― O que foi tão mau sobre
isso? É um fato.

― Você sabe muito bem.

― Não, eu não, e agora não estou interessado em você começando


outro argumento, então pare de supor que sei sobre o que você está falando.
― Ele balançou a cabeça para ela e pegou sua cerveja do barman. Ele
esvaziou o copo e pediu outra.

― Calma, Paul, ― disse Beverly. ― Nós temos a noite toda.

― Eu não planejo estar aqui a noite toda, ― ele olhou para mim
novamente. ― Estou pensando em transar. ― Ele gritou quando Beverly
atingiu seu braço. ― Por que foi isto?

― Pare de ser rude com Clara. Pelo amor de Deus, temos que
trabalhar uns com os outros.

― Eu só estou adiantando o que eu quero. ― Ele reorientou para mim


com uma expressão séria. ― Então, quer um caso extraconjugal?

Beverly bateu-lhe novamente. ― Paul!

Ele pegou sua cerveja fresca e apontou para Beverly. ― Ignore ela; ela
está apenas azeda porque fica sozinha.
Beverly empurrou suas costas, quase fazendo-o derramar sua
cerveja. ― Vá embora, se você não pode ser agradável.

― Ai, nunca sou agradável, mas você ainda me ama. ― Ele se virou e
beijou sua bochecha.

― Vá embora, ― disse ela com a voz rouca, tentando parecer zangada,


o sorriso em seus lábios arruinando o efeito.

― Ok, tudo o que você quiser, amor. Só não vai embora sem mim.
Lembre-se, você é minha carona para casa. ― Ele me deu uma piscada. ―
Enquanto você pode me levar para casa, garota.

Beverly empurrou-o novamente, desta vez fazendo sua cerveja


derramar, molhando a mão dele. ― Dá o fora, seu idiota.

― Tudo bem, vou encontrar algumas moças mais agradáveis; talvez


uma delas vá me devorar.

Ela fez uma careta para ele. ― Você é repulsivo.

Rindo, ele lambeu a cerveja de sua mão e se dirigiu para uma mulher
loira tingida que ensina matemática.

― O que devorar quer dizer? ― Perguntei.

Sua cara feia permaneceu. ― É gíria britânica para um boquete, ―


disse ela, observando ele parar perto da professora de matemática. Com um
sorriso sarcástico para a mulher, ele se inclinou e sussurrou algo em seu
ouvido. Ela deu um tapa no seu rosto, respondendo a ele com um ― Foda-se.

Beverly sacudiu a cabeça. ― Esse homem não tem sentido. Ele


deveria saber agora para se manter longe dessa cadela.
Eu vi quando Paul virou-se para a mulher, chamando-a de
'prostituta'. Ela levantou-se e moveu-se para outra mesa com seu amigo,
mostrando seu dedo do meio para Paul. Paul fez um gesto obsceno para ela e
voltou para a mesa dos homens. Ele sentou-se na frente da TV, a sua
atenção atraída para o jogo de críquete novamente. A mulher que ele tinha
assediado tirou um maço de cigarros e andou para a porta, em seguida,
saiu, deixando a amiga para fumar um cigarro.

Eu reorientei para Beverly. ― Eu não sei por que você gosta dele.

Ela suspirou. ― Metade do tempo ele é um doce, a outra metade ele é


um idiota. Eu me apego pela metade boa, para não mencionar que o acho
extremamente atraente.

― Eu suponho que ele não é feio.

Suas sobrancelhas se juntaram. ― Oh, vamos lá. Eu sei que a sua


personalidade pode ser fina, mas você tem que admitir que ele está em boa
aparência.

Dei de ombros. ― Ele não é meu tipo.

― Então, quem é o seu tipo?

Uma imagem de Dante brilhou na minha cabeça sem ser convidada,


dele em cima do palco, seguindo as instruções do fotógrafo, parecendo lindo,
como de costume. Lutei contra uma careta, chateada que eu tinha pensado
nele antes de meu marido.

Precisando de uma distração, abri minha bolsa e retirei uma imagem


de Markus para Beverly. ― Meu marido é meu tipo, ― eu disse, segurando a
foto para ela ver.
Seus olhos se arregalaram. ― Bom Deus! Ele é lindo. ― Ela olhou
para mim. ― O que ele faz? Modelo?

Eu sorri. ― Não, ele é um professor de educação física.

― Agora eu posso ver porque você não pensa muito de Paul. ― Ela
contorceu as sobrancelhas para mim. ― O que você acha de nós fazermos
uma troca? Você pode ter Paul, enquanto eu posso ter o Deus loiro depois
que ele chegar.

Eu ri. ― Definitivamente não.

― Tem certeza? Neandertais estão na moda, você sabe. Você também


vai economizar na compra de sapatos, pois você não vai precisar deles na
cozinha.

Soltei outra risada e balancei a cabeça.

Ela sorriu. ― Pelo menos mostre a Paul a foto do seu marido. Quero
ver o que ele diz.

― Eu prefiro ficar longe dele, ― eu disse, olhando para o homem


novamente. Ele estava sacudindo o punho para a TV, insultando um dos
jogadores de críquete na tela.

Beverly apoiou os cotovelos para trás contra o bar, sua blusa


esticando sobre seu estômago gorducho. ― Então, vou lhe dizer o que ele vai
dizer. ― Ela aprofundou sua voz, colocando um sotaque escocês novamente.
― Por que você se casaria com um garoto? Ele parece um menino bonito, não
é um homem de verdade como eu. ― Ela levantou um braço e flexionou ele.
― Dê uma boa olhada nisto, moça. Aposto que seu marido não pode
competir com isso.

Eu ri, ― Markus é mais musculoso do que ele é.


Ela inclinou-se para mim, seu sorriso se tornando lascivo. ― E sobre
o músculo mais importante que um homem tem? ― Ela contorceu as
sobrancelhas de novo, obviamente, referindo-se ao pau de Markus. ― Você
daria um excelência, um mérito, ou um teste de conhecimento? ― ela
perguntou, indicando todas as notas escolares.

― Uma excelência, ― eu ri.

Seu sorriso se alargou. ― Você sabia que o dia que ele chegar em
Auckland é o Dia de Ser Agradável com a Solteirona? A tradição dita que
você deve emprestar o seu marido para uma solteirona por vinte e quatro
horas. A propósito, sou uma solteirona e ficaria feliz em ajudar o seu marido
sair de suas roupas.

Explodi em um ataque de riso bufando, quase derramei minha bebida


sobre ela. Eu coloquei-a para baixo e limpei meus olhos.

― Isso significa que é um sim para me emprestar, loira?

― Eu vou ter uma conversa com Markus, ― eu disse, continuando


com sua piada.

― Tenho certeza que ele vai dizer sim. Afinal de contas, tenho muito a
oferecer. ― Ela fez uma careta. ― Infelizmente, está tudo no meu estômago.
― Ela olhou para sua cadeira. ― E minha bunda. ― Ela olhou de volta. ―
Espero que ele goste de mulheres que usam calcinhas da avó, porque Paul
não estava mentindo sobre elas.

Eu ri novamente, muito barulhenta, ― Meu Deus! Você soa como


uma porca grávida prestes a dar à luz ao Godzilla.

Virei-me para ver quem tinha me insultado, encontrando uma


mulher de trinta e poucos anos olhando para mim como se eu tivesse uma
espinha monstruosa na minha testa. Ela tinha cabelo branco e estava
parada em frente de outra mulher que parecia um pouco como eu, apenas
uma década mais velha. Me perguntei por que elas estavam mesmo aqui
desde que as roupas delas eram muito caras para ser deste lado da cidade.
Elas cheiravam a socialites, suas joias mais uma declaração de riqueza do
que gosto.

― Enquanto você parece como uma cadela inventada, ― Beverly


virou-se para a mulher tagarela. ― Então, leve sua bunda rica de volta para
a cidade, ou onde quer que o seu homem rico está, antes que eu estoure
suas tetas falsas.

Os olhos da mulher se arregalaram. ― Cuidado com o que você diz,


puta gorda, ― ela resmungou, entrando no espaço pessoal de Beverly.

Beverly levantou do seu banco, chegando cara a cara com ela. ― Eu


posso ser uma cadela gorda, mas bato como um lutador de MMA, assim que
começar o seu rosto já era, puta.

A outra mulher agarrou o braço de sua amiga, sua expressão


preocupada. ― Vamos, Sierra, ― ela disse, sua voz soando demasiada
feminina para uma mulher de trinta anos.

Sierra continuou a encarar Beverly, que estava olhando como se ela


realmente queria dar um soco nela.

― Sierra, nós não viemos aqui para isso. Vamos ver se aquele cara
lindo chegou.

Um sorriso safado apareceu nos lábio de Sierra. ― Sim, é hora de


abandonar a cadela gorda por algum pau gordo. ― Ela girou em seus saltos e
se dirigiu para a porta, contorcendo os dedos. ― Ciao, feia.

Sentei-me de volta no meu banco, pedindo para Beverly fazer o


mesmo, embora ela estava tremendo, olhando como se queria ir atrás da
mulher. ― Não dê ouvidos a ela, ― eu disse, colocando a mão sobre Beverly.
― Você não é gorda ou feia. Você tem o cabelo mais lindo e o rosto amável.

Ela exalou um suspiro trêmulo. ― Você não precisa mentir para me


fazer sentir melhor.

― Eu não estou.

Ela fez careta. ― Então por que Paul não me quer? Por que alguém
não me quer?

― Talvez você está procurando nos lugares errados. ― Eu indiquei ao


nosso entorno. ― Como aqui.

― Ou talvez eu precise de uma bebida real. ― Ela indicou para o


garçom vir, pedindo um martini. Assisti ela tomar dois goles, ciente de que
eu era agora a motorista designada.
07

Corri para o bar, em êxtase que um dos meus clientes queria


comprar o resto da minha coca. Pela primeira vez desde que comecei a
vender drogas, estava tendo um grande problema saindo de poeira.
Recentemente, todo mundo estava querendo pequenas quantidades, o que
significou correr mais por todo o lugar. Eu mal tinha conseguido me livrar
da metade, que foi muito incomum, para não mencionar estressante, já que
só tinha alguns dias para pagar a conta de energia antes da eletricidade ser
cortada. Mas isso não importa agora, porque as coisas estavam indo
finalmente da minha maneira. O cliente me pagaria; passaria duas porções
ao meu primo, em seguida, usaria o que sobrou para a conta de energia e
alimentos. Todo mundo ficaria feliz, mas a maioria de tudo, eu ficaria feliz.

Cheguei mais perto do bar, um estacionamento lotado. Veículos se


alinhavam nos acostamentos, bem como no estacionamento do shopping, o
lugar bombando com a atividade. Agarrei na minha mochila, mantendo-me
atento para o meu cliente. Eu cheguei ao fim no carro estacionado,
avistando um Beemer branco. Bem diferente dos carros dos operários, um
anjo entre demônios. Ele estava apenas pedindo para ser arrombado. Eu
disse para ele não trazer o Beemer. Ele atraía muita atenção, que por sua
vez atraía a atenção para mim, fazendo meu trabalho mais difícil.

― Gracinha!

Me encolhi com a voz de Sierra. Que porra é essa? Você chama um


traficante de drogas de gracinha?
Ela cambaleou em minha direção em saltos de quinze centímetros
que combinavam mais com sua imoralidade do que seu cabelo branco. Ela
tinha um corpo sensual, que estava envolvido em um mini vestido branco,
seus peitos enormes fazendo o seu melhor para escapar dos limites do
tecido. Por um momento, esqueci sobre o que ela tinha me chamado, meu
olhos presos sobre seus peitos.

Sierra me puxou para um abraço, esmagando seus seios contra o


meu peito, me dando um tesão parcial. ― Eu senti saudades de você,
garotinho, ― disse ela. ― Há quanto tempo.

― É bom ver você também, ― eu disse, tirando o máximo de vantagem


do seu abraço, minhas mãos se movendo para sua bunda.

Ela riu e se afastou, balançando o dedo para mim. ― Você é um


menino travesso.

Eu sorri.

Ela riu novamente, em seguida, olhou por cima do ombro, indicando


para a loira atrás dela vir mais perto. A mulher moveu-se para o lado de
Serra, sua expressão tímida.

― Esta é Camie, ― disse Sierra. ― Ela é minha melhor amiga.

Eu estendi minha mão para ela. ― Prazer em conhecê-la, ― eu disse,


pensando que ela parecia um pouco com a minha nova professora de Inglês,
apenas mais velha e um tom mais escuro de loiro.

Camie apertou minha mão nervosamente. ― Você é mais jovem do


que eu esperava, ― disse ela, soltando minha mão. ― Quantos anos você
tem?

― Dezoito, ― menti.
Alívio atravessou seu rosto, um sorriso aparecendo um segundo mais
tarde. Ela virou-se para Sierra. ― Eu estou dentro, ― ela disse, parecendo
tanto nervosa e animada ao mesmo tempo.

Sierra bateu palmas. ― Eu sabia que você ia gostar dele. ― Ela


estendeu a mão e beliscou minha bochecha. ― Como alguém pode não
gostar deste rosto lindo?

― Normalmente caras, ― eu respondi. ― Por alguma estranha razão


eles têm um problema comigo por roubar suas namoradas. Eu realmente
não sei por quê.

As duas mulheres riram.

Sierra estendeu as chaves para a amiga. ― Você está dirigindo.

Depois de passar por elas, ela pegou minha mão e me puxou para o
carro. Abrindo a porta, ela praticamente me empurrou para o banco traseiro.
Eu entrei, segurando minha mochila enquanto me estabeleci contra o
luxuoso couro vermelho. Ela fechou a porta e entregou um saco de papel
cheio de dinheiro. Eu contei-o, em seguida, escondi em minha mochila e tirei
a coca enquanto a outra mulher manobrava para fora do estacionamento.
Sierra sempre me levou de volta à minha casa depois de um negócio, ou
mais precisamente, uma rua longe para o meu pai não ver o seu carro. Se
ele tivesse me pego saindo de seu Beemer, ele instantaneamente saberia que
eu estava vendendo drogas. Talvez, deveria tê-la encontrado em algum lugar
mais longe de Wera. Embora, provavelmente era bom, já que meu pai e seus
companheiros não iam para aquele bar. A vida deles em grande parte girava
em torno da sede da nossa gangue, que tinha o seu próprio bar, um muito
melhor do que este paraíso de cor azul. Além disso, bares civis não vendem
drogas ou sexo, que era por isso que um monte de gangue não estava
interessada em vir para cá.
Sierra abriu o saco de coca enquanto sua amiga dirigiu em direção a
minha casa. Ela tirou uma lasca com a unha e cheirou-a. Ela fechou o saco
e inclinou a cabeça para trás, balançando um pouco, parecendo que ela
gostou do lote.

― Você sempre vem através de mim, ― ela sussurrou, virando a


cabeça para mim. Sorrindo sensualmente, ela correu os dedos pelo meu
cabelo. ― Você é um garoto tão bonito.

Ao contrário da tia de Jasper, não afastei sua mão, o toque de Sierra


era bem-vindo. Embora, realmente desejava que ela parasse de me chamar
de garoto bonito, mas o cliente tem sempre razão, então não iria corrigi-la.

Ela umedeceu os lábios, fazendo meu pau endurecer ainda mais. ―


Hoje é o aniversário de Camie, e é por isso que chamei você, ― disse ela,
arrastando uma unha pelo meu rosto. ― Ela vai ter uma festa na casa dela.

Eu não respondi, a quantidade de coca que ela tinha encomendado


agora fazia sentido.

Seu dedo se moveu para minha boca, roçando meus lábios. ― E nós
queremos que você venha.

― Haverá bebida?

Ela tirou o dedo. ― Claro. Então, você virá? Eu vou fazer isso valer o
seu tempo.

Eu balancei a cabeça, mais do que feliz por conseguir alguma coisa


livre. ― No entanto, apenas deixe-me largar minha bolsa e trocar de roupa, ―
eu disse, não interessado em ir no meu jeans rasgado e camiseta fedida.

Ela sorriu maliciosamente. ― As roupas não são permitidas.

Minhas sobrancelhas se ergueram. ― O quê?


Ela umedeceu os lábios novamente, dando-me um olhar
distintamente sexual. ― A festa é para duas pessoas e você é o presente de
aniversário de Camie. Embora, acho que nós vamos estender isso para um
ménage à trois.

A ficha caiu. Meus olhos foram para Camie, que estava olhando para
mim através do espelho retrovisor, parecendo que ela não podia esperar para
'desembrulhar-me'.

Voltei minha atenção para a Sierra, não acreditando na minha sorte.


― Você quer um trio?

Ela assentiu com a cabeça, seus olhos já me fodendo. ― Você


concorda?

― Claro que sim! ― Eu disse, pensando que o dia não poderia ficar
melhor.
08

Eu ri novamente, Beverly é a pessoa mais engraçada que já conheci.


Se ela fosse um homem, as mulheres estariam agarrando-a. Realmente não
entendi porque os caras não estavam interessados nela. Embora um pouco
desleixada, sua grande personalidade superava isto, para não mencionar
que amei seu cabelo.

Bati em seu braço enquanto ela fazia outra piada. — Pare de me fazer
rir, vou ser jogada para fora com todo o meu ronco.

Seu rosto se iluminou. — Ei! Agora tenho um apelido para você.


Senhorita Piggy. Oink, oink.

— Não se atreva a me chamar assim! Era o meu apelido na escola.

— Sério?

— Sim. E se eu ouvir alguém me chamar na escola assim, sei de


quem será a culpa e vou me vingar.

Ela riu, dando-me um empurrão, quase me fazendo cair do


banquinho. — Opa, desculpe, — ela disse. — Acho que já bebi demais.

Olhei para todos os copos vazios ao lado dela. — Sério.

Ela assentiu com a cabeça, seus olhos castanho chocolate agora


vidrados. — Parece que sou a bêbada desta noite, não Paul. — Seu olhar se
moveu para ele. Ele ainda estava assistindo o jogo de críquete com os outros
homens em sua mesa. — Deus, eu quero um pedaço dele. — Ela sorriu. — E
vou conseguir. Ela afastou-se de seu banquinho, parecendo que ia cair.

Eu pulei e a estabilizei. — Acho que é hora de levar você para casa.

— Contanto que Paul esteja vindo comigo. — Ela afastou minha mão
e se dirigiu para ele, seus olhos fixados no homem. Eu me perguntava se
deveria detê-la, porque parecia que ela ia fazer algo que iria se arrepender.
Mas antes que pudesse decidir, ela estava plantando sua bunda no colo de
Paul, deixando o homem surpreso.

Eu fui até eles quando Beverly abraçou seu pescoço. — Depois que
eu for ao banheiro, vou levá-la para casa, — eu disse a ele. — Você também
vem?

Beverly plantou seus lábios contra os de Paul antes que ele pudesse
responder. Seus olhos quase saíram de sua cabeça em resposta. Estremeci,
sabendo que ela definitivamente ia se arrepender no dia seguinte. E não só
por causa da reação de Paul, mas porque muitos de nossos colegas estavam
olhando para o que ela estava fazendo, alguns deles rindo e conversando
entre si.

— Vou tentar ser rápida, — eu disse, correndo para o banheiro.

Entrei em uma cabine, fechando a porta atrás de mim. Quando me


sentei no sanitário, a porta do banheiro bateu aberta. O som de duas
mulheres falando começou, uma delas a professora de matemática loira que
Paul havia assediado antes, a voz rouca de Helen era inconfundível.

— Eu não posso acreditar que Beverly fez isso! — Ela riu. — A


expressão de Paul era cômica!
A amiga riu também, o som como um tilintar de sino contra o meu
porco bufante.

— Tão doce carma, — disse Helen. — Agora ele sabe o que é ter
atenção indesejada. Eu ainda não consigo acreditar que ele realmente me
pediu um boquete. Ele tem sorte de não estar na escola, porque o teria
denunciado.

— Não, você não teria, — disse a outra professora de matemática.

— Eu teria, mas ele não faz nada de errado na escola. — Helen


exalou alto. — De qualquer forma, não vamos falar sobre esse idiota. Aquela
desagradável está distribuindo justiça doce.

Eu fiz uma careta, não gostando de chamarem Beverly de


desagradável ou insinuar que seu beijo era um castigo. Paul teria sorte de
conseguir uma mulher maravilhosa como Beverly. Eu ia dizer a Helen
exatamente isso, mas parei quando sua amiga falou antes.

— Não seja tão má, Helen, — disse ela. Eu não conseguia me lembrar
do nome dela, a não ser que rimava com vagina. — Beverly é uma mulher
adorável.

— Somente em personalidade, porque ela definitivamente acordou


tarde quando eles estavam distribuindo beleza.

— Helen! Beverly não é feia.

— Eu não disse que ela era; Eu só acho que ela é realmente pouco
atraente. De qualquer maneira, não te trouxe aqui para falar sobre ela.
Quando saí para um cigarro, vi Dante Rata entrando em um carro com
aquelas duas loiras ricas.
Parei de limpar o vaso sanitário, o nome de Dante capturando toda a
minha atenção.

Helen continuou, — Aquela de cabelos brancos chamou-lhe de


gracinha e praticamente se lançou contra ele.

— Mas elas estão na casa dos trinta, enquanto ele tem apenas quinze
anos. Tem certeza de que não era o irmão mais velho dele que você viu?
Aqueles dois garotos são muito parecidos.

— Não, definitivamente era Dante. Ash tem uma tatuagem no


pescoço.

— As mulheres poderiam ser parentes.

— Ele colocou as mãos na bunda dela. E você sabe o que dizem sobre
Dante.

— Oh, vamos lá, — respondeu a amiga, — você não acredita


seriamente nessa bobagem, não é?

— Depois de vê-lo entrar naquele carro, definitivamente. Para não


mencionar, os alunos o chamando de prostituto pelas suas costas. Happy
Meal até mesmo disse isso na cada dele, e você quer saber por quê?

— Tenho certeza que você vai me dizer.

— Porque a namorada de Happy Meal pagou a Dante para fazer sexo


com ela. Os alunos da minha turma de treze anos falavam sobre isso.

Minhas sobrancelhas se ergueram, o que ela estava dizendo me


chocando.

A outra mulher fez um som irônico. — Alunos conversam bobagens o


tempo todo.
— Não, faz sentido. Dante é muito bonito para considerar ir com uma
garota como Phelia Lamar.

Sua amiga fez outro som de ironia. — Phelia é linda.

— Talvez, mas ela ainda não está a altura dele. Ele é como um
supermodelo quente, o tipo que as mulheres tropeçam em si para ter.

— Cristo, Helen, ele só tem quinze anos.

— Quantas vezes você tem que dizer isso? Eu sei que ele tem quinze
anos, então pare de agir como se eu quisesse sexo com ele. Ele é menor de
idade, pelo amor de Deus.

— Você ainda cobiça ele.

— Eu não! Ele só se parece com seu irmão e você sabe que tenho
uma coisa pelo Ash. Mmmh, o que eu não faria por um pedaço dele. Se ele
fosse um prostituto, definitivamente pagaria por ele.

Sua amiga disse algo que eu não conseguia discernir. Inclinei minha
orelha contra a porta, tentando ouvir, mas empurrei com força. A porta se
abriu, fazendo-me tropeçar. Ambas as mulheres giraram ao redor enquanto
eu endireitei minha postura.

— A porta está com defeito, — murmurei envergonhada que tinha


sido pega escutando.

Desejando poder desaparecer, fui rapidamente para o lavatório. Helen


me observou enquanto eu abria a torneira. Apesar de ter um grande nariz,
ela era muito atraente, com deslumbrantes olhos esmeralda e uma
aparência de morrer, seu vestido vermelho praticamente colado. Sua amiga
em comparação estava parecendo comum, seu rosto completamente
esquecível, como seu nome, que eu ainda não conseguia me lembrar.
— Olá, Clara, — Helen disse, não parecendo envergonhada sobre o
que tinha dito sobre o irmão de Dante. — Como vão as coisas?

— Bem, obrigada, — eu respondi, percebendo que ela não tinha seus


óculos. Perguntei-me se ela estava usando lentes, porque seus olhos
pareciam consideravelmente mais brilhantes hoje à noite. Ou talvez as luzes
fluorescentes do banheiro estivessem trazendo a cor.

— Você ensina a classe juvenil, não é? — Ela perguntou.

Eu balancei a cabeça.

— O que significa que você ensina Dante Rata. O que você acha dele?

Eu dei de ombros, sacudindo a água de minhas mãos. — Ele é


apenas um garoto.

— Esse garoto não é só um garoto. Ele é um idiota total.

A amiga de Helen bateu no braço dela. — Você não pode dizer isso
sobre um estudante!

— Bem, é verdade, ele até mesmo flertou comigo.

A outra mulher bufou. — Eu não iria igualá-lo soprando-lhe um beijo


como flertar com você. Eu já o vi mandar beijos para Paul para irritar o
idiota.

— Não, ele estava definitivamente flertando comigo. — A atenção de


Helen voltou para mim. — Aposto que ele flerta com você também. Ele te deu
muitos problemas? Ele é o motivo pelo qual a última professora saiu.

— Ele foi um incômodo no primeiro dia, mas esteve doente desde


então.
— Com o quê?

— Aparentemente, intoxicação alimentar, — eu disse, agora me


perguntando se era verdade.

— Eu lhe disse que não era ele! — A outra mulher disse, soando
triunfante.

Helen resmungou. — Bem, ainda acho que ele é um prostituto.

Sua amiga franziu o cenho para ela. — Enquanto eu acho que você
precisa parar de ouvir fofocas e parar de espalhar isto.

Continuaram discutindo, esquecendo-se de mim em um instante.


Saio do banheiro, encontrando Beverly ainda sentada no colo de Paul,
apenas com a cabeça encostada no seu peito, profundamente adormecida.

Ele olhou para mim quando me aproximei. — Finalmente.

Eu dei de ombros. — Você precisa de ajuda para levá-la ao carro?

— Não, vou levá-la, mas você terá que dirigir desde que eu bebi, —
ele disse, entregando as chaves de Beverly.

Ele passou os braços sob Beverly e levantou-se com ela, não


parecendo se incomodar com o peso dela. Nós saímos para a noite, Paul
gentilmente colocando Beverly no assento traseiro de seu Mini, que pensei
que era doce, completamente oposto de como ele agira antes. Fiquei atrás do
volante e liguei o motor, enquanto ele entrava atrás com Beverly, deitando a
cabeça dela no seu colo. Ele parecia incrivelmente apertado, mas continuou
agindo como a almofada de Beverly.

Ele espreitou entre os assentos. — Bev mantém sacos de plástico no


porta-luvas. Preciso de um para o caso de ela acordar e vomitar.
Abri o porta-luvas e peguei um, passando de volta para ele.

Ele pegou e olhou para Beverly. — E ela me chama de bêbado.

— Ela começou a beber mais depois que aquela mulher horrível a


insultou.

— Sim, eu vi isso, — ele disse, parecendo chateado. — Eu deveria ter


impedido ela, mas pensei que Bev estava lidando bem com ela.

— Ainda a machucou.

— Não deveria, porque eu escolheria Bev ao invés daquela cadela


esnobe qualquer dia, — ele disse, escovando os cabelos de Beverly para trás.
— Ela é uma das pessoas mais doces que conheço.

Concordei, com ele. — Para onde vamos? — perguntei, saindo do


estacionamento.

— Praia de Claydon. É onde ela mora. Você pode nos deixar lá. Eu
moro a uma rua da casa dela. — Ele me deu as instruções.

Eu segui por trás do parque temático do Rainbow End, continuando


pela Great South Road. À minha esquerda, a Rodovia Sul parecia ocupada,
as luzes do carro se assemelhavam a centenas de vaga-lumes dançando.
Perguntei-me se Dante estava em um dos carros, preso no trânsito. Minha
mente foi para o que Helen tinha dito sobre o garoto, deliberando se era
realmente ele que ela tinha visto.

Olhei para Paul pelo espelho retrovisor, que estava olhando pela a
paisagem pela janela. — Foi você que deu a Dante Rata uma semana de
detenção? — Eu perguntei, querendo iniciar uma conversa sobre Dante.

Ele virou a cabeça para olhar para mim. — Sim, ele estava sendo um
completo contratempo na classe.
— O que ele fez?

— Eu estava fazendo um exercício de improvisação onde os alunos


deveriam encenar sobre o que fizeram durante as férias, e ele encenou um
boquete.

— O quê? — Eu ofeguei.

— E com todos os sons adicionados. — Ele balançou a cabeça. — Eu


realmente gostaria de não tê-lo na minha classe, mas eu não gosto da ideia
dele estar na classe de Beverly. Ele é um selvagem. Ele a atormentaria pior
do que aquela cadela loira fez.

Um pequeno sorriso apareceu em meus lábios, pensando que era


gentil ele proteger Beverly. — Ouvi dizer que ele afastou a última professora
de Inglês.

— Ele certamente fez. Ele reduziu a pobre mulher a lágrimas. Ele é


um malvado filho da puta. Meu palpite é que ele acabará na cadeia ou
morrerá antes que atinja os vinte.

— Não diga isso, — eu disse, achando suas palavras perturbadoras.

— Por quê? É a verdade.

— Eu só acho que é errado falar sobre um garoto assim.

Ele zombou. — Você não é uma daquelas liberais, não é?

— Não.

— Espero que não, porque os alunos de Wera comerão e cuspirão se


você é. Veja-os como são, e talvez você ainda esteja trabalhando lá no
próximo ano.
Eu não respondi, não gostando de sua atitude áspera.
Independentemente do que ele disse, eles ainda eram alunos, não pequenos
criminosos esperando seu tempo até que fossem soltos.

Nós continuamos em silêncio, Paul só quebrando-o todas as vezes


para me dizer as direções para a casa de Beverly, que era uma pequena casa
de campo em frente à praia Claydon, o lugar tão peculiar como sua
proprietária. Paul a levou para a porta, destrancando-a, a etiqueta I LOVE
SCOTLAND no chaveiro obviamente pertencia a ele.

— Você tem as chaves da casa dela? — Eu perguntei.

— Sim, somos amigos íntimos. — Ele abriu a porta e a levou para


dentro, desaparecendo em um quarto. Ele retornou um momento depois. —
Vejo você na segunda-feira, — disse ele, me conduzindo até a porta, sem
olhar para mim como costumava fazer, sua expressão totalmente
desinteressada.

— E quanto ao carro de Beverly e o meu? — Eu perguntei, desejando


não ter deixado o meu na escola.

— Leve o dela para casa, depois volte aqui em torno de uma hora. Ela
estará acordada até lá. Podemos deixar você na escola para pegar o seu
carro.

Eu balancei a cabeça e saí da casa, um pouco perplexa por sua


personalidade conflituosa. Talvez o homem não fosse tão ruim quanto eu
pensava. Pulei de volta no Mini e liguei o rádio, o que foi afastando meus
pensamentos de Paul. California Love - a canção da caixa de som de Dante.
Meus pensamentos voltaram para Dante, o que Helen tinha dito sobre ele
ser um prostituto me fazendo pensar... balancei a cabeça e liguei o motor do
carro, descartando a noção ridícula instantaneamente.
09

Abri os olhos e olhei ao redor do quarto, me perguntando onde


estava. Estava deitado em uma enorme cama que parecia com o céu e
cheirava como sexo. A noite anterior voltou para mim em uma gloriosa
lembrança, fazendo-me sorrir mais do que o Coringa. Eu tinha fodido Sierra
e sua melhor amiga durante toda a noite, as duas me dando o sexo mais
selvagem que já tive.

Perguntando onde elas estavam me apoiei nos cotovelos e examinei o


quarto, procurando oportunidades em vez das mulheres. O quarto era ainda
maior do que a minha sala e consideravelmente mais limpo. Nenhuma
fumaça impregnava o ar, apenas uma sala cheirosa com um monte de merda
cara fizeram meus dedos se contorcer. Meu olhar pousou na cômoda com
um enorme espelho desdobrável, a superfície refletindo metade do quarto.
Olhei para a porta, escutando os ruídos. Quando não ouvi nada, pulei fora
da cama e andei pela suíte, verificando que as mulheres não estavam no
banheiro. Não encontrando ninguém, voltei para o quarto, apontando para a
cômoda. A superfície estava alinhada com potes de maquiagem e outros
produtos, tudo na cor coordenada e rotulada. Eu troquei alguns frascos de
lugar, certificando-me que os rótulos estivessem para frente, querendo saber
se a obsessiva compulsiva da Sierra observaria o que fiz.

Divertido, abri a gaveta superior, encontrando calcinhas e fios


dentais dentro. Como com a maquiagem, tudo era organizado por cores, bem
como dobrado perfeitamente. A porta do quarto rangeu, fazendo-me girar.
Sierra estava encostada ao batente da porta, com os braços cruzados sobre o
peito.

Ela balançou a cabeça para mim. — Você não iria me roubar, ia,
Dante?

— Só uma lembrança rendada. — Eu puxei um fio dental vermelho e


coloquei o cós entre meus dentes, rosnando.

Ela riu e caminhou até mim. Seu cabelo branco como a neve estava
no alto da sua cabeça em um coque perfeito que estava apenas pedindo para
ser desfeito. Meu olhar seguiu por seu corpo curvilíneo, tendo apreciado
cada polegada na noite passada. Ela estava usando um vestido branco com
acabamento em ouro, seus peitos falsos como de costume tentando saltar
livre.

Ela tirou o fio dental de minha boca e redobrou-o, colocando-o de


volta na gaveta. — Pegue suas roupas; A Camie fez uma deliciosa refeição
para nós.

Olhei para o meu pau com um sorriso. — Que tal você lanchar sobre
isso?

Seus lábios vermelhos perfeitamente pintados puxaram para cima em


um sorriso perverso. — Só se você não se importar que eu morda. — Ela
mostrou os dentes perfeitos. — Porque eu estou morrendo de fome.

Eu cobri meu pau. — Ei! Seja gentil com o bebê Rata.

Parecendo divertida, ela caminhou até a porta. — Apenas se vista,


gracinha. Camie e eu temos que pegar o marido dela no aeroporto.

Minhas sobrancelhas se ergueram, desaparecendo na confusão do


meu cabelo. — Ela é casada?
— Sim. — Sierra indicou o chuveiro. — Então, se limpe e saia dentro
de cinco minutos.

— Não posso ficar aqui até que você volte?

— Não, só se eu quiser metade da minha casa despojada e vendida.


— Ela apontou para mim. — Eu tranquei tudo o que é valioso antes de sair
para te pegar, dedos ágeis.

Eu mostrei minha língua para ela, não realmente insultado, porque


era a verdade.

Ela olhou para mim. — Você conseguiu língua o suficiente sobre


você. De agora em diante, vou chamar você para mais do que drogas. — Ela
se virou e desapareceu pela porta, gritando, — Apresse-se, gracinha!

Voltei para o banheiro e tomei um banho rápido, então agarrei


minhas roupas, surpreso ao encontrá-las lavadas e passadas. Olhei para o
relógio, dando uma segunda olhada. Eram quase duas horas da tarde. Mas,
novamente, fodemos durante toda a noite, além disso eu tinha o hábito de
dormir aos sábados.

Vesti minhas roupas, então voltei para a cômoda, roubando o fio


dental que tinha retirado mais cedo. Enfiei-o na minha mochila para a
minha coleção, desejando que pudesse ter conseguido um de Camie
também. Jasper ia surtar quando eu lhe disser que tive um trio.

Saí do quarto, cheirando céu frito. Meu nariz me puxou para a sala
de jantar, bacon crocante me chamando. Atravessei a porta, observando
Sierra sentada em uma enorme mesa com um candelabro no meio. À sua
esquerda havia um prato cheio de ovos mexidos, bacon, cogumelos e
tomates, esperançosamente esperando por mim. Em frente estava uma jarra
de suco, bem como um prato com torradas e uma garrafa de café.
Coloquei uma mão na minha virilha e gemi alto. — Acho que acabei
de gozar nas minhas calças.

Sierra apanhou um pãozinho e atirou-o para mim, que eu peguei. —


Sente a sua bunda bonita e coma antes que Camie comece a entrar em
pânico, — disse ela.

Eu joguei minha mochila no chão de mármore e me sentei, meu


estômago roncando diante da visão gloriosa. Não precisando ser convidado
duas vezes, entrei no banquete, enchendo a minha boca como eu poderia.

— Meu Deus, Dante! — disse Sierra. — Devagar ou você vai sufocar,


nós não estamos com muita pressa.

— Eu estou morrendo de fome, — disse através de uma mordida.

Ela torceu o nariz. — Não fale enquanto você tem metade do prato em
sua boca.

Não dei atenção, continuei comendo, apenas parando para tomar um


café. Eu quase cuspi o gosto fazendo meus olhos se arregalarem. Agarrei a
toalha e esfreguei minha língua nela.

Sierra inclinou-se e bateu no meu braço. — Pare com isso!

Eu fiz uma careta. — Não é minha culpa que você tenha arruinado o
paraíso com o inferno.

— Do que você está falando?

— Esse café tem hortelã nele. Quem coloca hortelã no café? Nojento.

Ela sorriu. — Eu amo a hortelã.


— Em goma e creme dental, não café. — Agarrei a garrafa de suco e
comecei a despejá-lo em minha boca para me livrar do sabor.

— Você é um idiota, — disse ela.

Ignorando-a, soltei a jarra e retomei a comer a minha comida,


enquanto Sierra comia a sua salada de frango. Camie apareceu pela porta à
minha direita. Ela usava roupas diferentes da noite anterior, um vestido
floral macio e sandálias de tiras de couro envolvendo suas panturrilhas. Ela
parecia recém arrumada e quente como o inferno, ainda mais do que Sierra.
Eu sabia que era porque ela me lembrava da minha professora de Inglês,
tanto que num certo ponto da noite fingi que ela era a Sra. Hatton, gozando
mais rápido do que queria. Mas não importava, porque as duas mulheres
tinham-me deixado duro novamente em pouco tempo.

Sorri para Camie, fazendo com que seu rosto ficasse vermelho, a
mulher mudava de um tigre na cama de volta para a gatinha que eu tinha
conhecido do lado de fora daquele bar. Meu olhar foi para sua mão,
lembrando que Sierra dissera que sua amiga era casada. Havia um anel de
casamento no seu dedo que não estava lá na noite anterior. Levantei meu
olhar, a realização do que eu estava olhando claro em seu rosto.

Com uma expressão culpada como o pecado, ela pegou uma bolsa do
armário lateral. — Nós temos que ir agora, Sierra. — Ela saiu pela porta,
gritando, — Encontre-me no carro.

— Ela não pode simplesmente encontrar o marido dela sozinha? —


Eu perguntei.

— Ele está esperando nós duas.

— Eu vou fazer valer a pena seu tempo se você não for. — Eu corri
minha língua sobre meu lábio superior. Seus olhos se concentraram em
minha boca, parecendo que ela estava pensando, mas em vez disso ela
balançou a cabeça, arrependimento fechando seus lábios vermelhos.

— Eu queria poder, mas ele é meu pai, então tenho que estar lá.

Minhas sobrancelhas subiram. — Sua melhor amiga é casada com


seu pai? Por que ela iria querer se casar com um velho enrugado?

Sierra jogou mais pão para mim, isto batendo no meu peito. — Ei! Eu
não sou tão velha.

— Vocês duas são aproximadamente da mesma idade que o meu pai,


o que faria seu pai pelo menos ter quarenta, mas desde que você não é de
South Aucklander, diria que ele deve estar em seus cinquenta ou sessenta
anos.

Ela franziu o cenho para mim. — Tenho trinta e dois anos, o que
significaria que seu pai teria treze ou quatorze anos quando ele o concebeu.

— Eu disse aproximadamente a idade dele. Ele está em seus trinta e


poucos anos. Ele me teve quando ele tinha dezesseis anos. — Uma mentira.
— E por que você está ajudando sua amiga a enganar seu pai?

— Não é traição. Eles têm um casamento aberto, o que significa que


eles podem foder quem quiserem desde que não interfira com o seu
relacionamento. Embora, você é o primeiro cara que Camie fez além de meu
pai. Ela é muito tímida.

— Não na cama, — eu ri.

Sierra riu. — Eu tenho que concordar com isso, ela é fogo. Isso me
surpreendeu. — Ela apontou o garfo para mim. — E você estava se
concentrando demais nela. Eu tive que brigar por sua atenção. Você acha
que ela é mais bonita do que eu?
— Não. — Outra mentira. — Ela só me lembra uma garota que estou
morrendo de vontade de foder. — Não é uma mentira.

— Boa resposta, — disse ela. — Porque você é meu, não dela.

Minha boca se contorceu com diversão. — Sou seu?

— Você pode apostar que você é, gracinha.

Uma buzina de carro soou bem alto.

— Parece que minha querida madrasta está ficando aborrecida


conosco por demorar tanto. — Sierra saiu de sua cadeira e foi para um
antigo armário, tirando um envelope de uma gaveta. — Eu apreciei um
pouco mais a noite passada, — ela disse, entregando-me o envelope. Ela
saiu, dizendo-me para terminar a minha comida rápido.

Mais interessado no que ela me deu, eu abri o envelope, meus olhos


passando pelo dinheiro lá dentro. Eu contei, encontrando uma grande
quantia. Ela reapareceu, usando óculos escuros e segurando uma bolsa.

Olhei para ela. — Mas você já me pagou pela coca.

— Isso não é pela coca, querido.

— Hã?

— É para os outros serviços.

— Que serviços?

— Pare de brincar comigo, querido, é hora de você ir.

Ela me tirou da cadeira pelo meu braço e empurrou minha mochila


para o meu peito, então me empurrou para a porta. Deixei que ela fizesse
isso, a compreensão de que ela me pagou por sexo finalmente se tornando
realidade para mim. Queria gritar com ela que eu não era um prostituto,
mas estava muito atordoado. Eu não tinha fodido ela e Camie por dinheiro;
Fiz isso por diversão.

Quando chegamos à porta, enfiei meus pés em minhas botas no


piloto automático. O mal humor começou a se infiltrar, um zumbido lento
que crescia sem parar. Sierra me puxou para seu Beemer branco, onde
Camie estava sentada ao volante.

— Vai ficar tudo bem se eu deixar você em um ponto de ônibus em


Manukau ou Papatoe? — Camie perguntou. — Estamos atrasadas.

Eu balancei a cabeça sem pensar, ainda muito atordoado para dizer


uma palavra.

Sierra empurrou-me para o banco de trás. — Entre, Dante.

Eu entrei, Sierra tomou o assento do passageiro dianteiro ao lado de


Camie. Enquanto Camie subia a entrada íngreme, olhei de volta para a
imensa propriedade, com suas maciças paredes e gramados bem cuidados,
um toque da França no meio de Auckland. Árvores altas emolduravam
ambos os lados da entrada como centuriões que protegiam a entrada. Eu
quase podia imaginar diamantes pingando fora de suas folhas em vez de
orvalho, o lugar era irreal para mim.

As mulheres começaram a falar sobre algo, o dinheiro na minha mão


ainda me silenciando. Apertei ainda mais o envelope, me perguntando por
que elas achavam que eu era um prostituto. Tinha concordado em algo
ontem à noite? Não pensei assim. Embora estivesse bebendo e cheirando
cocaína, estava lúcido o tempo todo, mais para foder as mulheres do que
ficar chapado. O que significava que não era algo que eu tinha dito,
sugerindo que ou parecia um prostituto ou elas tinham ouvido os rumores
falsos que Happy Meal tinha espalhado. E já que elas eram muito velhas
para a escola isto só deixou uma coisa...

Eu parecia um prostituto.

Sierra olhou de volta para mim, dizendo algo que eu não podia
entender, apenas a ligeira elevação de sua voz no final sugerindo que era
uma pergunta. Assenti com a cabeça para o que ela tinha perguntado,
sentindo vontade de vomitar. Ela aplaudiu e saltou em seu assento como
uma menina que tinha conseguido o que queria. Camie riu nervosamente, o
olhar da mulher piscando para mim no espelho retrovisor. Seu sorriso
nervoso caiu, seus lábios movendo-se sem significado. Uma careta
preocupada seguiu, puxando para os cantos de seus lábios e olhos. Ela
olhou para Sierra, indicando-me com a cabeça.

Sierra virou-se para olhar para mim novamente. — O que há de


errado, Dante? — Ela perguntou, também aparecendo preocupada.

— Estou enjoado. — Agarrei a maçaneta da porta enquanto o carro


saía da entrada, mas não podia abri-la, a porta travou. Comecei a entrar em
pânico, gritando, — Deixe-me sair!

Camie desviou para o lado da estrada, parando repentinamente. Eu


pulei e me inclinei sobre a grama, jogando meu café da manhã.

Sierra saiu do carro. — Deus, Dante, você está bem? — Ela


perguntou, colocando uma mão em minhas costas.

Eu vomitei novamente, com Sierra esfregando círculos em minhas


costas.

— Ele está bem? — Perguntou Camie atrás de nós.


Limpei minha boca na parte de trás da minha manga e me virei para
pegar minha mochila do carro, incapaz de olhar para elas. Enfiei o envelope
do dinheiro nela e coloquei a alça sobre um ombro, indo sem dizer uma
palavra. Eu não tinha ideia de onde estava, exceto que era um bairro
luxuoso ao leste. Era provavelmente Whitford, desde que o campo era
povoado com as casas demasiadas grandes e espetaculares para pertencer
aos fazendeiros. Além disso, podia ver o mar à minha esquerda, o que
significava que estava longe de casa. Mas não podia ficar no carro com elas,
nem mesmo por mais um segundo.

Sierra correu atrás de mim. — Dante, o que há de errado?

Não respondi ainda muito chateado por ela ter pensado que eu era
um prostituto, mas ainda mais chateado por eu querer ficar com o dinheiro.

— Dante!

Eu continuei andando. Portas fecharam atrás de mim, então um


motor ligou. O Beemer branco apareceu ao meu lado, Camie novamente
atrás do volante.

Sierra empurrou a cabeça para fora da janela do passageiro. —


Dante, por que você está agindo assim?

Eu não respondi.

— Dante!

Me virei para encará-la. — Eu pareço um prostituto? — Eu gritei.

Ela afastou, sua expressão surpreendida. Ela abriu a boca, mas


fechou-a, parecendo que não sabia como responder.

— Eu pareço? — Eu cuspi, segurando a alça da minha mochila.


— Eu... — disse Sierra. — Eu apenas pensei...

— Que eu pareço um prostituto?

— Você pegou o dinheiro.

— Não é isso que estou perguntando. Eu pareço um?

Seus olhos se desviaram à minha esquerda. Havia um casal andando


a alguns metros de distância com o cachorro deles.

— Sierra, devemos ir, — Camie disse, — Os Maddisons estão olhando


para nós.

— Eu... — disse Sierra. — Desculpe, Dante, pensei...

— Que eu era um prostituto sujo. Eu fodi as duas porque queria, não


por dinheiro.

— Você não tem que aceitar isso.

— Você ainda me deu, o que significa que você pensou que eu era
um.

— Eu não quis dizer isso como um insulto, simplesmente assumi...

— Todo mundo assume merda sobre mim e agora você provou que
eles estão certos. — Eu saí, sabendo que não importa o quão rápido
corresse, não poderia escapar do que as pessoas pensavam de mim.
10

— O que é uma sátira? — Perguntou Julio, parando-me no meio da


frase. Ele era um garoto alto e esguio que era o jogador estrela da equipe de
basquete. Beverly tinha mencionado que ele estava recebendo ofertas para
jogar na América, mas seus pais não iriam deixá-lo ir até que ele passasse
do décimo primeiro ano, o que fazia sentido agora, porque, de repente, ele
estava interessado em minha aula.

— É uma daquelas coisas meio humanas e meio cabras — disse


Jasper, respondendo à pergunta de seu amigo antes que eu pudesse. O
enorme rapaz recostou-se na cadeira e cruzou os braços sobre o peito,
orgulhoso de si mesmo. Era segunda-feira à tarde e eu tinha a classe juvenil
logo após o almoço. Estava um lindo dia ensolarado lá fora, o clima perfeito
para uma viagem para a praia, mas eu estava mais do que feliz de estar
trancada aqui, os comentários de Jasper me divertindo muito.

Eu me abstive de sorrir, quase tentada a não estourar sua bolha. —


Não, isso é um sátiro, Jasper.

Ele olhou para mim como se eu fosse surda. — Sim, foi o que eu
disse.

— Não, você está se referindo a um sátiro, — eu soletro, — enquanto


falo de sátira.
— É assim que os americanos soletram, como quando eles usam i em
vez de y por pneus3. — Ele se concentrou em Julio, que estava sentado na
frente da mesa vazia de Dante. — Vocês americanos não podem soletrar
nada. Você nem sequer sabe que a cor4 tem um u nela.

— Não sou americano, seu idiota, — disse Julio. — Eu disse que sou
canadense e espanhol.

— Os americanos e canadenses soam da mesma forma e espanhóis


são da América.

Julio fez uma careta. — Nós não soamos iguais, e os espanhóis são
da Espanha, não da América, seu idiota.

— Eles falam espanhol na América, o que significa que há alguns


espanhóis que vivem lá, então você é o idiota.

Julio jogou as mãos para cima, parecendo que Jasper era uma causa
perdida.

Eu cobri minha boca, me forçando a parar de rir. — Você tem razão


de que o espanhol é falado na América, Jasper, mas isso não significa que as
pessoas que falam isso são espanholas. É mais provável que sejam
mexicanos ou porto-riquenhos, até mesmo cubanos. Os espanhóis
colonizaram muitos países.

— Sim, como o Brasil.

— Não, foram os portugueses. — E em relação à sátira e sátiro, são


palavras diferentes, não formas diferentes de inglês.

— Formas do Inglês?
3A explicação vem por causa das palavras originais do inglês: satyr (sátiro) e satire (sátira). Jasper
argumenta sobre a maneira dos americanos soletrar i quando na verdade é y, como em tyre (pneus)

4 Do original colour (cor)


— Inglês dos EUA e do Reino Unido.

— O que sobre Kiwi e Aussie Inglês?

— Nova Zelândia e Austrália usam o idioma do Reino Unido.

— Não, nós não. Os britânicos chamam chinelos de sandálias, que


não são, porque as sandálias são aqueles sapatos femininos, enquanto os
australianos chamam chinelos de tangas, que definitivamente não são,
porque as tangas são fio dentais.

— Você está falando em dialeto.

Ele balançou sua cabeça. — Eu não estou falando sobre sotaques;


Estou falando de palavras diferentes.

— Cala a boca! — Disse Julio a seu amigo. — Eu quero saber o que


significa sátira, não como você é burro.

Antes que Jasper pudesse reagir, respondi o que a sátira significava,


— Normalmente pertence a uma história irônica, algo que muitas vezes
ridiculariza os governos, as corporações ou a sociedade em geral, o que é
exatamente o que faz Animal Farm. É uma ofensa na velha sociedade
comunista da Rússia, com os animais representando diferentes tipos de
pessoas.

Julio olhou para mim sem entender, como se tivesse falado em uma
língua estranha, fazendo-me perguntar se eu descrevi isto mal.

— Sim, como Boxer o cavalo, — Lindy falou. Ela colocou os fios de


cabelos pretos e tingidos atrás da orelha, que estava cheia de piercings, um
deles um pino de segurança. — Ele representa a classe trabalhadora, que
era leal ao governo. Trabalhou duro para eles, mas foi traído, os porcos
descartaram-no quando não era mais usado.
Eu sorri e assenti, a menina era uma alegria para ensinar. Ela
prestava atenção em tudo o que eu dizia, me fazendo sentir como se não
estivesse falando com o ar. Exceto por sua aparência nada convencional, ela
não pertencia à classe jovem. Seu conhecimento de literatura excedia em
muito seus anos, ao contrário de seus colegas de classe, que não entendiam
metade do que eu dizia, com seus olhos vidrados ou expressões confusas
que sugeriam que precisavam estar em uma classe corretiva.

— Sim, está correto. Muito bem, — respondi. — Você já leu o livro ou


apenas as notas sobre ele?

Lindy sentou-se mais reta com meu elogio, sua postura habitual
curvada. Ela era de longe a mais alta menina na classe, um arranha-céu
entre um edifício de dois andares. Ela respondeu à minha pergunta, —
Perguntei ao meu velho professor de inglês que livros estaríamos lendo este
ano, para que pudesse ter uma vantagem nas férias.

— Você está interessada.

Ela sorriu, mostrando um conjunto completo de dentes. — Inglês é o


meu assunto favorito.

— Então está tentando me agradar! — Alguém gritou.

Meu olhar disparou para a janela na parte de trás da classe. Dante


estava subindo por ela, Jasper segurando-a aberta para ele.

— Dante! — Eu repreendi. — O que você pensa que está fazendo?

Ignorando-me, ele se sentou atrás de sua mesa, jogando sua mochila


em cima dela. Seu cabelo era uma massa indisciplinada de ondas negras,
enquanto suas bochechas estavam vermelhas, fazendo parecer que ele tinha
corrido até aqui. Suas roupas também estavam sujas, sua camisa cinza com
extrema necessidade de ser passada. Não só isso, a maioria de seus botões
estava faltando, revelando um peito bronzeado e musculoso.

— Dante, responda-me.

— Eu estou aqui para aulaaaaaa, senhorita, — ele respondeu.

Meus olhos se arregalaram com incredulidade. — Você está bêbado?

Ele sorriu preguiçosamente para mim. — Não, apenas feliz.

Caminhei pelo corredor e me inclinei sobre a mesa de Jasper,


definitivamente cheirando álcool nele. — Você está bêbado.

Seu sorriso se alargou. — A-apenas um pouco. — Seus olhos caíram


sobre meu peito. Ele estendeu a mão para tocá-lo, rindo enquanto eu afastei
rapidamente.

— Quem te deu álcool?

— Eu.

— Eu não acredito em você. Você é menor de idade.

— Eu não procurei isto.

— Você ainda não deveria estar bebendo. — Eu fiz sinal para ele se
levantar. — Vamos, você vai embora.

Ele fez beicinho para mim. — Por quê? Você não me quer aqui?

— Não intoxicado.

— Intoxi-quê?

— Bêbado.
Ele acenou com a mão para mim. — Não se preocupe, estou bem com
o álcool; Ele me ama como as garotas.

— Eu te amo, Dante! — Phelia gritou.

Meu olhar disparou para Phelia. A garota afro-cabeluda estava


sentada a alguns assentos de distância de Dante, parecendo como se ela
pudesse comê-lo, então voltar por segundos, terceiros e quartos. — Fique
quieta, Phelia, ou vou lhe dar uma detenção.

Ela fez uma careta para mim, mas fechou a boca.

Eu me concentrei novamente em Dante, que estava piscando para


Phelia, dando a impressão de que queria fazer com que cada desejo seu se
tornasse realidade. Não divertida, acenei para ele. — Levante-se!

Seu olhar se moveu para mim. — O quê?

— Eu disse para levantar-se. Você está indo para a sala do diretor.

— Por quê? Eu não fiz nada errado.

— Você está bêbado.

— Não, não estou, eu vou prooovar.

Ficando de pé, ele se apertou passando por Jasper, parando na


minha frente. Dando-me um grande sorriso, ele colocou um dedo em seu
nariz e passou por mim, seu andar tremulante. Ele se virou, quase caindo e
voltou-se para mim. — Viuu, eu não estou bêbado, — ele disse, deixando
cair sua mão.

— Você certamente está, e acho que você vai precisar de alguém para
ajudá-lo a ir para a sala do diretor.
— Eu vou! — Phelia anunciou.

Olhei de volta para ela, dando-lhe uma carranca, a garota obviamente


não o faria pela bondade de seu coração. Seus olhos estavam presos em
Dante, visivelmente despindo o garoto, sugerindo que ela se aproveitaria dele
em um segundo.

— Não, alguém vai. — Eu virei para Jasper, a ponto de perguntar a


ele, mas antes que pudesse, Dante passou os braços em volta de mim.
Levantando-me do chão, ele girou-me ao redor, fazendo-me gritar de
surpresa. Ele soltou, quase me fazendo cair.

Eu me estabilizei e endireitei meu vestido floral, que havia se


levantado. — O que foi isso? — Eu retruquei, sentindo-me nervosa por causa
do que ele tinha feito.

— Eu queria dançar com você.

— Bem, não me toque sem permissão.

— Isso significa que posso tocar em você se pedir muito bem? — Ele
respondeu, sorrindo largo, os olhos vidrados rindo maliciosamente.

— Você não pode me tocar. Agora, vá para a sala do diretor. — Meu


olhar pousou em Jasper. — Ajude-no. Certifique-se de que ele chegue lá.

— Não, eu quero que você me ajude, — Dante disse, chamando


minha atenção de volta para ele. Suas pálpebras estavam caindo, me
fazendo pensar em olhos sedutores.

Eu sacudi o pensamento da minha cabeça. — Eu não posso, tenho


que continuar a aula.

Ele balançou novamente, parecendo que ia cair. Agarrei-o antes. Ele


colocou um braço ao redor de meus ombros e uma mão em seu estômago,
sua expressão feliz evaporando instantaneamente. — Eu acho que vou me
aliviar.

— Não ouse vomitar!

Em pânico, rapidamente o conduzi pelo corredor na direção da porta.


Lindy levantou-se e abriu-a para nós. Dante se afastou de mim e tropeçou
no corredor. Agarrei seu braço e puxei-o para o banheiro, esperando que
conseguisse chegar a tempo.

Ele parou de repente, sacudindo-me de volta. — Você me tocou sem


permissão, — disse ele, olhando para mim.

Eu soltei seu braço. — Eu estava ajudando você, e você precisa ir ao


banheiro; Não quero que você vomite por todo o lugar.

— Eu estou bem. — Ele começou a caminhar na direção oposta.

— Não, você não está. — Eu agarrei o braço dele novamente e o puxei


de volta para o outro lado, agora querendo levá-lo para a enfermaria.

Ele puxou seu braço livre novamente. — Você aama me tocar, não é,
pro?

— Por favor, basta ir para a enfermaria, — eu disse, além de


frustrada.

— Eu aamo quando as mulheres dizem por favor.

Ele me empurrou contra um armário, fazendo-me gritar, a repentina


ação dele me assustando. Ele agarrou meu rosto e esmagou seus lábios
contra os meus, cortando meu protesto. Fiquei rígida, chocada com o que ele
estava fazendo. Ele empurrou a língua dentro da minha boca, o cheiro e o
sabor do álcool me tirando do meu estupor. Deslizei minhas mãos entre nós
e empurrei seu peito o mais forte que pude, fazendo-o tropeçar para trás. Ele
perdeu o equilíbrio e caiu, rindo ao cair, bêbado demais para sentir alguma
coisa. Ainda em choque, me abaixei para ajudá-lo, gritando enquanto ele me
puxava para cima dele. Ele envolveu seus braços em volta de mim e tentou
me beijar novamente. Afastei e dei meia volta, colocando espaço entre nós.

Agora ainda mais aturdida, apontei um dedo para ele. — Não me


toque de novo! — Eu gritei, meu coração trovejando alto.

— Mas você gostou, — ele disse, sorrindo para mim.

— Eu não gostei!

— Sim, você gostou, você me beijou de volta. — Ele estendeu-me os


braços. — Amor, quero mais.

Uma porta à minha esquerda se abriu. Beverly colocou a cabeça, os


óculos de aro grosso e a saia azul-céu de hoje. Seu olhar pousou em Dante,
que ainda estava segurando seus braços para mim.

— O que está acontecendo aqui? — Ela perguntou.

— Dante está bêbado, — respondi, esperando que não tivesse ouvido


o que ele dissera. — Estou tentando levá-lo para a enfermaria, mas ele não
vai.

Balançando a cabeça, Beverly murmurou, — Vou ligar para Paul. —


Ela desapareceu dentro da sala de aula, deixando-me sozinha com Dante.

Olhei para ele, abismada com o que ele estava fazendo. Ele estava
tirando a camisa, revelando um físico incrível, fazendo minha boca ficar
seca. Seu corpo era tonificado com perfeição, com abdomen bem definido e
bíceps que pertencia a um homem, não um garoto. Ele largou a camisa e
começou a abrir as calças.

— O que você está fazendo? — Eu gritei.


Ele sacudiu e olhou para mim. — Ficando pelado, — ele explicou.

— Bem, não.

— Mas eu tenho que fazer se quiser te foder. — Ele acenou um dedo


para mim. — Você deveria ficar pelada também.

— Nós não estamos fazendo sexo, — assobiei, olhando para a porta


de Beverly, com medo de ela sair na hora errada, — então feche o zíper e
ponha a camisa de volta.

Ele começou a rir, — Não é sexo, é foda, como fodendo, trepando,


pegando. — Ele começou a mover sua virilha para cima e para baixo.

— Pare com isso! E faça como lhe foi dito.

— Eu nunca faço como me disseram, — ele riu.

— Apenas pare de discutir comigo e levante do chão.

— Isso não é uma discussão. — Ele correu sua língua sobre seu lábio
superior, parecendo pecaminosamente erótico, até mesmo mais do que no
outro dia, especialmente com o seu cabelo emaranhado e estado semi
despido. Eu olhei, incapaz de desviar o olhar, o que ele estava fazendo me
excitando.

Bervely apareceu da sua sala exatamente naquele momento, seus


olhos quase saltando com a visão. — Que inferno você está fazendo? — Ela
pergunta incrédula para Dante.

Ele parou de lamber seu lábio e direcionou seu olhar para ela. Ele
lentamente inspecionou o corpo dela, claramente não impressionado com o
que ele viu.
— Eu perguntei o que você está fazendo, — Beverly repetiu, seu rosto
avermelhado em seu escrutínio.

— Não você, Mãe Hubbard, — disse ele, dando-lhe um olhar


desdenhoso. — Eu não estou tão bêbado.

— Dante! — Beverly gritou. — Feche sua boca rude e coloque a sua


camisa de volta.

Ele a jogou para ela. — Foda-se. — Ele começou a rir. — Não, não
quero te foder, você é feia. — Ele rolou, rompendo em um ataque de riso.

Os olhos de Beverly voltaram-se para sua direita, murmurando, —


Graças a Deus, a segurança está aqui.

Meu olhar seguiu o dela, avistando a dupla em nosso caminho. Os


homens pararam ao lado de Dante. Agarrando um braço cada, eles o
levantaram, Paul sendo excessivamente áspero. Ele tinha anéis escuros sob
seus olhos e uma expressão tensa, quase irritada, ao contrário do professor
de música, que só parecia preocupado.

O riso de Dante instantaneamente acabou, sua felicidade se


transformou em pânico. Ele começou a gritar e a lutar contra os homens,
fazendo com que o professor de música soltasse. Paul, que era mais alto e
pesava pelo menos vinte quilos a mais, manteve seu controle. Agarrou o
outro braço de Dante e o empurrou para um armário, gritando com seu
amigo para chamar o diretor. O professor de música saiu correndo,
desaparecendo pelo corredor.

— Me deixe ir! — Dante gritou, a dor em sua voz me perturbando.

— Você está machucando ele! — Eu gritei para Paul.


O chefe de teatro olhou para mim. — Apenas chame o maldito
diretor!

— Seu amigo já está fazendo isso.

A cabeça de Dante retrocedeu, quase batendo no nariz de Paul. Paul


virou para ele e bateu o rosto de Dante no armário com uma mão, fazendo-o
gritar.

Agarrei o braço de Paul, gritando — Solte-o! — Absolutamente


horrorizada com o que ele estava fazendo.

— Ele precisa ser contido, — ele retrucou, meu aperto inútil contra
sua força.

— Não assim! — Eu retruquei, ainda tentando fazê-lo soltar.

— Você não entende...

— Não, você não entende que acabou de agredir um menor, então se


você não tirar as mãos dele, estarei denunciando você para a polícia.

Olhando para mim, ele soltou Dante e deu um passo atrás,


murmurando, — Se ele machucar alguém, será sua culpa.

Dante permaneceu onde estava, parecendo não perceber que tinha


sido libertado.

Avançando, coloquei uma mão em suas costas. — Você está


machucado?

Quando ele não respondeu, virei o seu rosto para mim. Sangue
estava saindo do nariz, escorrendo sobre seu lábio superior. Rapidamente
tirei um lenço do bolso e limpei o sangue, depois o coloquei contra o nariz,
impedindo o fluxo.
— Vai ficar tudo bem, — eu disse em tom reconfortante, o que ele
tinha feito antes, sendo esquecido. Sua expressão confusa estava fazendo
meu coração apertar, Dante pela primeira vez parecia com a sua idade. —
Vamos ligar para sua mãe.

— Ela está morta. — Ele pegou o lenço da minha mão e saiu,


desaparecendo pelo corredor antes que alguém pudesse detê-lo. Olhei para
ele quase em transe, a dor em sua voz me afetando ainda mais.

— Sua idiota! — Paul gritou, puxando minha atenção de volta para


ele. Ele estava olhando para mim, sua pele clara agora de uma beterraba
vermelha. — Se você não tivesse me forçado a deixá-lo ir, ele não teria
escapado, — disse ele, acenando com a mão na direção que Dante havia
desaparecido.

Eu fiz uma careta para ele. — Se você não batesse o rosto dele no
armário, eu não teria feito você o soltar.

— Ele quase me bateu na cabeça, porra, sua vadia estúpida.

Meus olhos se arregalaram em incredulidade. — O que você acabou


de me chamar? — perguntei, não acreditando no que acabei de ouvir.

— Uma vadia estúpida que é muito porra suave para estar


trabalhando em uma escola como esta.

Beverly veio para o meu lado. — Paul! Desculpe-se agora.

— Ela não merece um pedido de desculpas, — ele respondeu, — não


depois que ela deixou o bandido escapar.

— O único bandido aqui é você, — eu respondi.


Ele fez uma careta para mim. — É melhor do que ser uma liberal de
coração suave como você. — Ele se virou e se afastou, vomitando
observações sexistas.

— Que idiota mal humorado, — eu murmurei, o cara era


inacreditável.

Beverly assentiu com a cabeça. — Ele é certamente isso. E agora você


tem outro homem com quem lidar. Lá vem o diretor.

Minha atenção mudou para o homem de aparência impressionante


samoano, que estava andando ao lado do professor de música. Os homens
pararam para conversar com Paul, que acenou com a mão em minha
direção, o que quer que estivesse dizendo, sem dúvida, era desagradável. O
diretor voltou a caminhar em minha direção, os outros dois indo na direção
oposta.

Parecendo elegantemente em um terno de cor escura, ele parou na


minha frente. — Paul me deu um breve resumo sobre o que aconteceu.
Claro, eu gostaria de ouvir seu lado da história antes de fazer qualquer
julgamento, — disse ele, concentrando-se em mim, não em Beverly.

— Dante veio para minha aula bêbado. Eu tentei levá-lo para a


enfermaria, mas ele não cooperou, então Beverly chamou Paul e seu amigo
para ajudar, — respondi. — Depois que eles chegaram, as coisas ficaram
desagradáveis. Paul empurrou Dante para um armário, causando uma lesão
no nariz dele.

O diretor franziu o cenho. — Paul afirmou que a lesão foi um acidente


e um resultado direto de Dante ter tentando bater a cabeça nele.

— Ele não precisava enfiar o seu rosto no armário, — respondi um


pouco mais severamente.
Ele ficou tenso. Por um momento, perguntei-me se ele ia me
repreender pelo meu tom de voz, mas em vez disso ele exalou e começou a
massagear sua têmpora direita. — Eu entendo que você está chateada, —
ele respondeu, baixando a mão, — mas Dante ainda o atacou.

— Só porque Paul estava machucando ele. Ele empurrou Dante


contra o armário antes da tentativa de bater nele com sua cabeça. Foi
extremamente perturbador ver um dos meus alunos tratados tão mal.

— Eu percebo que seria, no entanto, Paul estava apenas tentando


restringir Dante, não machucá-lo.

— Você não estava aqui.

Seu olhar se moveu para Beverly. — Paul agiu de maneira


inadequada em relação ao garoto Rata?

— Ele foi um pouco rude, — Beverly respondeu, — mas não acho que
ele quis ferir Dante, mas o menino estava um pouco bêbado e não
cooperativo. Embora, devo dizer, não aprecio a maneira como Paul falou com
Clara. Percebo que ele estava chateado, mas ele ainda deveria se desculpar
por chamá-la daquelas coisas.

A atenção do diretor voltou-se para mim. — Como ele te chamou?

— Uma liberal de coração suave, bem como uma cadela estúpida que
é muito suave para estar trabalhando em uma escola como esta. Ele também
me chamou de idiota e murmurou algumas observações mal humoradas
sobre as mulheres enquanto se afastava.

O diretor grunhiu, sua expressão irritada. — Ele será disciplinado por


isso.
— Você parece mais preocupado com ele me desacatar do que Dante
se machucar.

— Esse não é o caso, mas de qualquer forma, Dante ainda precisa


entender que há consequências para suas ações.

— Será expulso?

O diretor Sam sacudiu a cabeça. — Não quero recorrer a isso,


especialmente porque Dante é um caso especial. No momento,
provavelmente vou entregar uma suspensão e sugerir que ele receba mais
aconselhamento.

— Mais?

— Ele vê um conselheiro a cada duas semanas para algumas


questões que ele tem. — O diretor voltou-se para Beverly. — Você pode voltar
para sua classe agora, Bev. Por favor, deixe um relatório do incidente na
minha mesa amanhã à tarde.

Fazendo uma careta, Beverly assentiu e desapareceu de volta à sala


de aula. O diretor Sam voltou-se para mim. — Por favor, caminhe comigo.

Peguei a camisa de Dante e comecei a caminhar. — Quais são os


problemas de Dante? Porque eu realmente deveria ter sido reportada se ele
tem necessidades especiais.

Movendo as mãos atrás das costas, o diretor caminhou lentamente ao


meu lado. — Ele, obviamente, não é portador de deficiência, ele só precisa de
atenção especial.

— Necessidades especiais podem ser relacionadas à saúde mental.

— Minhas desculpas, você tem toda a razão.


— Então, quais são os problemas de Dante?

— Ele teve uma vida muito dura. Ele teve os pais presos – seu pai e
seu padrasto, enquanto sua mãe foi assassinada.

Pisquei de surpresa, não esperando ouvir isso.

— Infelizmente, há mais. Seu padrasto foi quem a matou, e bem na


frente de Dante. Então ele bateu tanto no menino que Dante foi
hospitalizado. O pobre garoto tinha apenas treze anos na época. — O diretor
Sam franziu o cenho. — Ele passou por um inferno, e é por isso que não
gostaria de expulsá-lo novamente, especialmente porque nenhuma outra
escola o aceitará.

— Ele já foi expulso?

— Sim. — O diretor parou na frente da minha classe, música rap


tocando lá dentro.

— Mas eu pensei que uma expulsão significava que um estudante


não poderia retornar.

— Elas podem ser revogadas, o que no caso de Dante foi a melhor


opção depois que ele foi expulso de Claydon High. E você tem que fazer
muito para ser expulso daquela escola. De qualquer forma, seu pai e
conselheiro trabalharam duro para trazê-lo de volta aqui, e como estou
ciente de sua situação, eu permiti. Também sinto que ele está mais seguro
aqui do que nas ruas, que é onde ele estaria se ele não frequentasse a
escola.

— Mas ele não está seguro se tiver professores batendo ele contra
armários, — eu disse, ainda com raiva de Paul.
— É por isso que é ainda mais imperativo que você envolva Dante em
sua aula para que ele não cause problema. Seu assunto é apenas um dos
dois em que ele é realmente bom.

— É?

— Sim, ele é um poeta talentoso.

— Sério? — Eu disse, não acreditando no que acabei de ouvir.

— Sim. Ele tem um vocabulário único. Seu modo de falar do gueto


aparece em sua escrita, mas não de uma maneira culta. Está cheio de
emoção crua. Se você colocá-lo em um tópico que lhe interessa, sua mão vai
voar através da página, enchendo-a com uma intensidade que irá trazê-la
para as lágrimas. E o mais triste é que ele nem sequer percebe o quão
talentoso é, muitas vezes subestimando quão bons são seus poemas. Um
dos professores de inglês do ano passado me mostrou o trabalho requintado
que ele escreveu sobre a guerra da Bósnia. Ele literalmente me levou a
lágrimas. Eu tentei fazê-lo entrar em um concurso, dizendo que poderia
ganhar, mas ele se recusou. Tive a sensação de que ele pensou que eu
estava mentindo.

— Por quê?

— Provavelmente pensou que eu só estava fazendo isso para ele ficar


mais interessado na escola. Ele também tem problemas de confiança, sua
vida doméstica ruim sem dúvida está por trás disso. Sem mencionar, ele
pensa que é estúpido. Devo admitir que ele não é exatamente o que eu
chamaria de inteligente, longe disso, mas ele tem um dom quando se trata
de poesia e música. Eu só queria que ele tivesse alguém para fazê-lo
acreditar nisso. Muitas vezes as crianças mais confiantes e arrogantes são
as mais quebradas por dentro. Seu trabalho é ajudar a reparar esses
rompimentos. Entendo que você não pode limpar o abuso que ele sofreu,
mas quero que você pelo menos de a criança alguma esperança de um
futuro que ele provavelmente não acredita que é possível.

Eu assenti, sentindo-me ainda pior por Dante.

— Bem, é melhor eu deixar você voltar para sua aula. — Ele abriu a
porta e enfiou a cabeça, gritando, — Desligue essa música!

A música parou instantaneamente, a voz do diretor muito mais alta e


mais assustadora que a minha.

Ele soltou a porta e se virou para mim. — Além disso, se você precisa
falar com alguém sobre o que aconteceu antes, por favor, faça uma consulta
com a conselheira da escola. Ela está aqui para o pessoal também.

— É ela quem aconselha Dante?

— Não. Ele vai para o serviço de saúde mental dos alunos.

Segurei a maçaneta da porta. — Bem, não preciso de


aconselhamento, mas obrigada por mencionar isso.

Ele acenou com a cabeça. — De nada, e espero que o resto do seu


dia seja muito melhor. — Ele fez uma careta. — Ao contrário do meu, porque
agora tenho que lidar com o pai de Dante.

Ele saiu, fazendo-me perguntar como era o pai de Dante.


11

Eu acordei com a maior puta ressaca na história das ressacas. Gemi


e rolei, pressionando meu rosto no travesseiro, querendo adormecer
novamente, qualquer coisa para parar a dor. As portas batiam na casa,
fazendo-me colocar o travesseiro sobre a minha cabeça. Um barulho alto veio
do corredor, cada vez mais alto enquanto se aproximava do meu quarto,
fazendo-me pensar no gigante de Jack e o Pé de Feijão, as grandes pisadas.

A porta do meu quarto foi chutada. — Levante e brilhe, botão de


ouro! — Meu pai gritou.

Estremeci, mantendo o travesseiro sobre minha cabeça. — Jesus,


você tem que gritar?

— Vou gritar tão alto quanto eu quiser, porque você merece isso!
Levante e vista-se, vou levá-lo para a escola para ver o diretor.

— Nãoooo, — eu gemi. — Estou morrendo.

— Porque você assaltou meu armário de bebidas e bebeu toda minha


bebida, seu bastardo!

— Estou te implorando, apenas abaixe sua voz.

Botas trovejantes aproximaram-se da minha cama. Meu pai agarrou


o travesseiro e puxou-o para longe da minha cabeça. Eu abri meus olhos e
estremeci, não só pela dor de cabeça, mas pelo olhar do meu pai. Seus olhos
escuros estavam em chamas, enquanto sua boca estava apertada em uma
careta.

— Saia da porra da cama. Agora! — Ele gritou.

Eu cobri minhas orelhas. — Não.

— Dante!

— Eu não vou. — Virei, esmagando meu rosto em meu colchão, não


me importando com ele.

— Ok, se você quiser jogar assim.

Ele saiu do meu quarto, fazendo-me exalar de alívio, mas foi de curta
duração. Meu pai, voltou novamente. Um segundo depois, a música explodiu
em meu ouvido, fazendo-me saltar para cima. Perdi meu equilíbrio e caí do
lado da cama, aterrando aos pés do meu pai. Ele agarrou meu braço e me
puxou para cima, colando seu rosto no meu. Estava coberta com um moko,
que era uma tatuagem maori. Quatro linhas verdes escura, quase pretas
desceram em uma curva em ambos os lados de seu rosto. Elas pararam em
seu queixo, onde as linhas enroladas em korus - espiral em forma de
desenhos representando um férreo desdobramento de prata. O korus
adicional adornava seu nariz, enquanto mais linhas se erguiam sobre sua
testa. Eles se curvaram quando se aproximaram de seu cabelo, que era curto
e castanho escuro.

Estremeci, não de bom humor para sua merda. — Vamos, papai, por
que você está tão puto?

— Não me chame de puto!

Eu estremeci de novo.
— E a única cadela aqui é você, — ele estalou. — Você ficou tão
bêbado que fez uma cena na escola, para não mencionar que perdeu sua
entrevista com a agência de modelos.

Esfreguei meu rosto, sem me lembrar de nada. No entanto, o que


tinha acontecido com Sierra e Camie ainda estava claro em minha mente.
Tentei esquecer o sábado, mas a lembrança me seguiu como um cheiro
ruim, aparecendo mais frequentemente, até o ponto de achar que não
poderia ir para a escola. Porque agora Sierra tinha dado peso aos rumores de
que eu era um prostituto. Então tive alguma coragem líquida - muito disso.

— Eu vou detonar essa entrevista de qualquer maneira, — murmurei,


tendo dúvidas sobre ser modelo, especialmente desde que teria prejudicado
meu crédito de rua. — E sempre faço uma cena, então qual é a diferença? —
Adicionei, me perguntando o que ele esperava de mim. Isso era normal. Eu
fodia tudo o tempo todo.

— Porque estou cansado de você sendo a rainha do drama, — ele


estalou. — Então chupe isso, cadela, e esteja pronto em dez minutos ou vou
te acompanhar o dia todo com esse rádio no volume máximo.

Ele saiu batendo a porta atrás dele. Eu trouxe minhas mãos à minha
cabeça, sabendo que ele fez isso de propósito. Caí de volta em minha cama
por um momento, apenas aprendendo a respirar sem encolher-me.

— Falta nove minutos! — Meu pai gritou de outra parte da casa,


dizendo que ia continuar com sua contagem regressiva até que eu estivesse
pronto.

Me levantei, xingando quando agarrei minhas calças do chão, as


pernas uma bagunça amassada. Eu não me importava com a escola. Odiava
essa porra agora, especialmente porque estava interferindo com o meu sono.
Olhei em volta procurando uma camisa, sem encontrá-la em seu lugar
habitual - no meu chão. Abri meu armário, encontrando uma linha de
roupas perfeitamente passadas, a camisa da minha escola entre elas,
provavelmente lavada e passada por uma das mulheres do meu pai. Ele não
tinha uma namorada, ele tinha muitas, se você pudesse chamá-las de
namoradas, porque tudo o que ele fez foi fode-las. Ele odiava o compromisso,
dizendo que não servia para isto. Eu sabia o porquê. Meu pai não podia
deixar de lado a minha mãe, mesmo depois de ela ter falecido, porque cada
mulher com quem ele ficava se parecia com ela de uma maneira ou de outra.
Mas elas eram apenas pobres substitutas, nenhuma delas capaz de
corresponder ao amor de sua vida - suas palavras não as minhas.

Meu pai gritou que eu tinha cinco minutos. Vesti a camisa e fiz
alguns botões saltarem, escolhendo não trocar as calças amassadas. Uma
vez pronto, enfiei meus pés em minhas botas sem meias, em seguida, fui
para o corredor e entrei na sala.

Meu pai apagou um cigarro e levantou do sofá. Ele estava vestido


com calças pretas de couro e uma camisa. Mesmo que estava quente, ele
agarrou sua jaqueta de couro e colocou-a, o emblema da gangue nas costas
tornando-o intimidante. Mas ele não me intimidou, porque sabia que ele não
iria me machucar - ao contrário do que ele tinha feito com meu irmão mais
velho. Mas ele estava chapado com metafetamina naquela época, o oposto
completo de agora. Bem, ele ainda tinha um inferno de um temperamento,
era apenas uma versão mais leve. Estar na prisão e minha mãe se
divorciando tinha finalmente conseguido limpá-lo, um pouco tarde demais,
meu padrasto arruinou a família antes que meu pai pudesse fazer as coisas
direito.

O olhar áspero em seu rosto se suavizou. Ele segurou meu rosto e


colocou sua testa contra a minha. — Por que você faz isso com você, filho?
Você viu o que aconteceu comigo e está indo para o mesmo caminho. Por
favor, pare e pense nas consequências.
Eu não respondi, não querendo dizer a ele porque tinha ficado
bêbado.

Ele exalou alto e se afastou, seus olhos escuros cheios de emoção.


Embora eu parecesse com minha mãe, seus olhos eram um reflexo do meu,
a única coisa que nós compartilhamos: dor.

— Sinto muito, — eu disse, e querendo dizer isso.

— Eu sei que você sente muito; Você apenas me assustou outra vez.
— Exalou outra vez, seu peito grande levanta-se e cai pesadamente. — Eu
não poderia lidar com perder você também, garoto. Você é a única coisa boa
que resta na minha vida.

Eu fiz uma careta. — E Ash e Angelo? — Eu disse, referindo-me ao


meu irmão mais velho e ao filho dele. Eu não me incomodo em mencionar o
meu irmão e irmã mais novos, já que ele não queria adotar os gêmeos,
minha mãe o pressionou para isso.

— Ash me odeia, — disse ele.

— Não, ele não odeia, e se você se esforçasse mais para vê-lo...

— Eu tentei muito, mas ele não vai me perdoar. — Ele deixou cair
seu olhar, a vergonha do que ele tinha feito escrita em todo o seu rosto. Ele
tinha batido em meu irmão enquanto estava sob a influência de
metafetamina, algo que ele constantemente tortura-se. — E não o culpo
depois do que o fiz passar.

— Mas, você não é a mesma pessoa agora. Você ficou limpo por nós.

— Isso não apaga o que eu fiz.

— Mas...
— O suficiente com tudo, o estrago está feito, e por causa disso, Ash
se recusa a me deixar ver Angelo.

— Ele não pode fazer isso, Angelo é seu neto.

— Ele pode e não quero pressioná-lo, — disse ele, seu rosto carregado
de emoção. Mudou entre tristeza e remorso, bem como um desejo profundo.
Não era nenhum segredo que ele queria recuperar o amor de Ash, mas ele
também sabia que nunca iria conseguir. Meu irmão guardava rancores de
uma maneira importante, o tipo que ele levaria para o túmulo.

Meu pai agarrou os capacetes da moto passando pela porta da frente,


me entregando um. — Vamos arrumar essa merda com o diretor, então você
pode dormir o resto do dia sem mim, dando-lhe mais dor.

Assenti com a cabeça e saí de casa com ele, agradecido por ele estar
ao meu lado.
12

Dante recebeu uma suspensão de cinco dias, a ação disciplinar feita


sem meu envolvimento. E quando ele voltou na semana seguinte, não veio à
minha aula. Após o terceiro dia dele não comparecendo, comecei a me
perguntar se ele tinha sido movido para uma classe diferente devido ao
incidente. Eventualmente, perguntei ao outro professor de Inglês do décimo
primeiro ano, que balançou a cabeça, dizendo que não. Como resultado,
passei as informações para o diretor. O diretor Sao pareceu surpreso,
afirmando que Dante vinha comparecendo religiosamente a todas as outras
aulas. Isso me chateou, fazendo-me perguntar por que ele não iria vir para a
minha, o que por sua vez me fez pensar que ele estava me culpando por sua
suspensão. Então, quando ele passou por mim enquanto eu estava
monitorando a hora do almoço, como se eu não existisse, decidi lidar com
sua ausência exatamente ali.

— Dante!

Ele parou no meio do gramado e olhou para mim, aqueles olhos


intensos reconhecendo os meus. Ele não parecia nada com o garoto
chateado e bêbado que tinha fugido de mim na semana anterior. Em vez
disso, ele parecia completamente no controle agora, sua expressão arrogante
quase desconcertante, me fazendo pensar se ele se lembrava de que me
beijou.
Seu lábio superior se enrolou com diversão, chamando minha
atenção para sua boca. A lembrança de seus lábios contra os meus
voltaram, da forma quase com fome de que ele me beijou. Ele não tinha se
preocupado com as consequências quando ele empurrou sua língua dentro
da minha boca, seu estado de espírito bêbado mais preocupado em tomar o
que ele queria. Desde aquele dia, tive que manter me lembrando que não
tinha feito nada de errado, que ele me beijou, não o contrário. Mas por
alguma razão me sentia culpada, o que não entendi, especialmente porque
eu o afastei. Talvez fosse porque cada vez que olhava para ele senti algo que
não devia. Algo ilegal.

— O quê? — Ele perguntou, provavelmente se perguntando porque eu


não estava dizendo nada.

Limpei minha garganta, me recompondo, perturbada pela direção de


meus pensamentos. Deixei uma expressão vazia cair sobre meu rosto, não
querendo que ele visse o quanto ele estava me afetando - especialmente
depois do beijo. E o estranho era que eu não tinha sequer registrado muito
sobre o beijo na época, o choque entorpecendo minha reação inicial. Mas um
pouco mais sobre ele ressurgiu cada dia, detalhes que não tinha notado
antes, uma reação atrasada que desejava poder derramar água fria em cima.

— Por que você não está vindo para a minha aula? — Eu perguntei,
certificando-me de que minha voz não soava afetada, quase desinteressada,
o oposto do que realmente estava sentindo. — Me disseram que você está
participando de todas as outras aulas.

Seu sorriso cresceu. — Você sentiu a minha falta?

— Não faça isso pessoal; Estou apenas fazendo meu trabalho.

— É assim? — Ele se virou completamente e se dirigiu para mim, sua


caminhada quase um passeio. Fez-me pensar em um stripper masculino
demonstrando seu material no palco. Não ajudou que ele parecia tão bem.
Alguns dos botões de sua camisa foram deixados de lado, na verdade, a
maioria deles, apenas os do meio segurando o material cinza, permitindo-me
vislumbrar seu torso bronzeado e musculoso. Ele também tinha as mangas
enroladas, destacando seus bíceps definidos. Mais uma vez, e tive que me
lembrar que ele tinha quinze anos e não o mais novo membro de Thunder
From Down Under, que rapidamente me controlo por pensar, o pensamento
grosseiramente inadequado.

Ele parou na minha frente. — Como você sabia que eu estive indo
para minhas outras aulas? Você está me perseguindo?

— Não, o diretor me disse...

— Você me dedurou de novo? — Ele retrucou, seu sorriso


desaparecendo.

— Os professores não deduram os alunos. Nós somos a autoridade


aqui. E como você não veio à minha aula, pensei que você poderia ter sido
transferido para a aula do Sr. Steiner, por isso verifiquei.

— Porque se importar? A maioria dos meus professores está feliz


quando não apareço.

— Eu não sou a maioria dos professores.

Seu olhar baixou em mim. — Você com certeza está certa.

Meu rosto aqueceu em seu olhar. — Basta parar de faltar minhas


aulas.

— Não posso fazer, é o meu período livre.

— Eu disse a você, Dante, não é um período livre, — disse, agora


sendo rígida com ele.
— Apenas porque você diz que não, não significa que é verdade.

Eu soltei um suspiro frustrado. — Eu acho que você está inventando


as coisas porque você tem algum tipo de problema comigo.

Ele sorriu. — E por que acha isso, senhorita?

— Porque é só a minha aula que você não está assistindo. Você está
até mesmo indo para a aula do Sr. Aston e ele te machucou, enquanto que
tudo que fiz foi tentar ajudá-lo.

— Aquele babaca não está me ensinando mais. Meu pai me transferiu


para a turma da Idosa Mãe Hubbard após o diretor Sao deixar escapar que o
Bundão Lutador de boxer bateu minha cara no armário. Ele provavelmente
pensou que eu me lembrava, mas não tinha ideia.

— Você se lembra de alguma coisa? — Perguntei, esperando que ele


tivesse esquecido que me beijou.

— Não. Nem uma coisa.

Eu suspirei, além de aliviada. — Basta ser bom para a Sra. Torino, —


eu disse, esperando que ele não era o único a fazer Beverly parecer tão
deprimida. A pobre mulher não estava no seu normal. Eu tinha assumido
que isso era pelo que ela tinha feito no bar, mas agora sabendo que Dante
estava em sua turma, era difícil não se perguntar se ele estava sendo cruel
com ela. — E não fique usando apelidos com ela.

— Tudo o que você diz, professora. — Ele foi afastando.

Eu agarrei seu braço para impedi-lo de ir, querendo que ele


respondesse à minha pergunta inicial. Sem dizer uma palavra, ele olhou
para minha mão.
Eu a retirei. — Apenas me diga por que você não está vindo para a
minha aula?

Ele olhou para mim, seus olhos fixos nos meus sem piscar. — Você
está me distraindo demais.

Eu segurei seu olhar. — De que maneira?

— Olhe-se no espelho, que vai responder a sua pergunta. —


Novamente, ele começou a ir embora.

Eu agarrei seu pulso. — Ainda não terminei com você, — eu disse,


sentindo uma mistura de prazer e culpa que ele me achava atraente.

Seu olhar caiu para minha mão novamente.

Eu não deixei ir imediatamente desta vez. — Basta ir para minha


aula, ok? — Eu disse, soltando seu pulso. — Eu não quero ser a razão de
você falhar em Inglês.

Ele ergueu o olhar, sua expressão perplexa. — Eu vou fracassar com


ou sem a sua ajuda, então qual é o ponto?

— O ponto é que você tem que assistir a minha aula. Se você não
fizer isso, você poderia colocar seu pai em problemas. Você percebe que
negligência na escola é uma ofensa ilegal que poderia ter repercussões para
ele?

Ele revirou os olhos. — Meu pai esteve na prisão por agressão, então
não acho que ele vai tremer em suas botas se você reclamar de mim faltando
sua aula.

— Ele poderia ser multado com um monte de dinheiro.


Seu rosto endureceu. — Vocês, ricos, adoram ficar com o dinheiro
das pessoas pobres, não é?

Eu balancei a cabeça, sua reação de raiva pegando-me desprevenida.


— Não é assim, é a lei. Eu não fiz isto.

Ele apontou um dedo em meu rosto. — Então mantenha sua boca


fechada e marque-me na sua chamada se estou lá ou não.

— Eu não posso fazer isso.

— Você pode se você valoriza sua segurança.

Minhas sobrancelhas se ergueram. — Você está me ameaçando?

— Não, só estou avisando que meu pai não é tão bom para senhoras
bonitas quanto eu, especialmente quando isso envolve ele perder dinheiro.

— Ele não precisará se envolver se você vier para a aula. Por favor,
venha por mim.

Seus lábios se contraíram, um ligeiro sorriso substituindo sua


carranca. — Eu adoraria vir por você. — Ele passou uma mão sobre sua
virilha. — Apenas diga quando e onde e meu pau estará lá.

— Pare com isso! — Eu olhei ao redor, preocupada que as pessoas


iriam ter a ideia errada sobre a nossa interação. Embora ele fosse o que
estava flertando, não queria que ninguém pensasse que era recíproca. Mas
eu não precisava me preocupar. Com exceção de duas garotas, que estavam
mais interessadas em olhar o rosto de Dante como filhotes doentes, ninguém
estava prestando atenção.

— Pare com o que, Clara? — Ele sorriu, sabendo muito bem o que
estava fazendo.
— Flertando e tocando em si mesmo, e por favor se dirija a mim como
Sra. Hatton ou senhorita.

Ele inclinou a cabeça para o meu nível. — Só se você parar de me


foder com os olhos.

Fiquei rígida. — Eu não estou... — Eu parei apenas a tempo, minha


boca alcançando o meu cérebro. — Eu não estou fazendo isto, — respondo.

— Mentirosa, — ele disse, enfatizando demais a palavra. — Você


olhou para mim no primeiro dia de escola, como se você acabasse de gozar
em suas calcinhas. Você fez o mesmo hoje quando andei em sua direção.
Você estava olhando para o meu corpo tanto quanto eu estava olhando para
o seu.

— Eu não estava! — balbuciei, horrorizada que ele tinha notado. — E


você deve fechar sua camisa até em cima. — Eu acenei para ele. — É
impróprio andar pela escola assim. Não posso imaginar outros professores
deixando você fugir disto.

— Eles não deixam, mas é a primeira vez que você mencionou e só


porque você está quase em cima. — Ele lambeu um dedo e correu-o entre
sua camisa. — Você adora olhar para o meu corpo, não é? — Seu sorriso se
tornou perverso. — Aposto que sua calcinha está molhada agora.

Eu dei um passo para trás. — Você não pode falar comigo assim, sou
uma professora.

Ele balançou a cabeça lentamente. — Você não é uma professora


para mim; Você é apenas uma garota quente que quero foder. — Seu olhar
caiu para meus seios. — E pelo olhar de seus mamilos, você quer uma foda
com força.
Eu rapidamente cruzei meus braços sobre meu peito, totalmente em
choque, sem saber se gritava com ele ou fujo horrorizada.

Ele estendeu a mão para me tocar, fazendo-me pular para trás,


tirando-me do meu estado de atordoamento. — O que você pensa que está
fazendo?

Ele ergueu as mãos. — Obviamente, querida, você não pode admitir


que me quer, então vou pegar esses dedos, — ele os mostrou, — e fazer
alguma outra garota feliz. — Ele girou ao redor e afastou, indo direto para as
duas garotas que estavam abertamente olhando para ele, o garoto não perde
uma coisa. Era como se ele pudesse sentir o cheiro dos desejos delas - como
ele podia sentir o cheiro do meu, nossos feromônios femininos enchendo o
ar, o pólen chamando a abelha para nossas flores. Brega, sim, mas
infelizmente é verdade.

Ele parou na frente das garotas. Elas praticamente pularam do chão


para cumprimentá-lo, agindo como se ele fosse uma estrela de Hollywood, a
reação delas provavelmente aumentando seu ego excessivamente inflado. Ele
olhou por cima do ombro para mim, dando-me um sarcástico sorriso ‘te
disse’.

Lamentando confrontá-lo, corri para longe, castigando-me por aceitar


sua provocação. Eu sabia como ele era, mas continuava deixando-o me
puxar para conversas desconfortáveis que não conseguia lidar. Devia tê-lo
calado imediatamente, tratando-o como qualquer outro aluno. Mas esse era
o problema... ele não era como qualquer outro estudante, porque se fosse, eu
não estaria reagindo de maneira tão antiética.

Entrei no prédio principal da escola, rapidamente indo para o


banheiro mais próximo da minha classe. Passei pela porta e fui até a pia,
espirrando água no meu rosto para refrescar minhas bochechas ardentes.
Uma vez feito, me sequei com uma toalha, em seguida, apliquei uma nova
camada de batom, tendo um pouco mais do que o habitual, as minhas mãos
tremendo da interação com Dante. Comecei a percorrer algumas frases de
Shakespeare, bombardeando minha mente para não pensar nele. O sino
disparou, cortando aquelas frases.

Precisando aliviar-me antes da aula, rapidamente coloquei meu


batom de volta em minha bolsa e fui para um banheiro. Depois de limpar
minhas mãos, deixei o banheiro, parando de repente com o que vi no
corredor. Estava vazio, exceto por duas pessoas: Dante e a mais bonita das
garotas que o olhava. Ele olhou para cima e para baixo pelo corredor, seu
olhar pousando em mim. Mesmo de longe, podia dizer que ele estava
sorrindo. Então ele estava dirigindo a garota através de uma porta, os dois
desaparecendo da vista.

Ciente de que era um banheiro dos meninos, me apressei em direção


a ele, com a intenção de parar com tudo o que os dois tinham planejado,
sabendo que era provavelmente de natureza sexual. Uma vez que alcancei a
porta, hesitei, o pensamento do que estava prestes a ver não era algo que
queria estar em qualquer lugar perto. Mas, era uma professora e eles eram
estudantes, que não deviam fazer nada inapropriado na escola - ou no caso
de Dante, de modo algum, porque a garota era definitivamente uma pessoa
mais velha.

Empurrei a porta lentamente, com cuidado para não fazer um som,


consciente de que Dante poderia estar brincando comigo. Eu não acho que
ele fosse capaz, especialmente da maneira que ele tinha sorrido para mim
antes de entrar no banheiro.

Espiei dentro, não vendo nada, à exceção de uma fileira de mictórios.


Uma porta bateu, puxando minha atenção para as cabines, que estavam
todas voltadas para longe de mim. Escorreguei para dentro e espiei ao redor
do canto da primeira cabine. Ainda não vendo ninguém, me movi com
cautela, percebendo que eles deviam estar em uma delas, fazendo Deus sabe
o que.

Os gemidos masculinos começaram, vindo de uma cabine à minha


direita. A porta estava fechada, os gemidos emanando por trás dela. Abaixei
meu olhar para o fundo da cabine, onde havia uma abertura entre o chão e a
porta, as sandálias da menina visíveis. Ela estava ajoelhada na frente de...
Eu olhei para cima quando Dante se endireitou, a porta parando logo abaixo
de seus olhos. Eles estavam cheios de prazer, seus gemidos ressoando por
toda a sala. Eu nem sequer tinha que imaginar o que estava acontecendo
atrás da porta, porque já estava imaginando a garota chupando ele. Isso me
fez querer correr, mas não conseguia me mover, o olhar de Dante me
paralisando.

— Deus, você é incrível, — ele rosnou baixo. — Eu não posso esperar


para te foder.

Parecia que ele estava falando comigo, minha presença afetando-o


tanto quanto a garota chupando seu pau atrás da porta. Todo o pensamento
de pará-lo voou para fora de minha mente, os sons que ele estava fazendo
iluminando-me, fazendo-me querer ser a única dando prazer a ele. E esses
olhos, eles ficavam me observando, como se ele estivesse imaginando meus
lábios enrolados em torno dele –

As coisas aumentaram, seus gemidos se transformaram em gritos.


Seus olhos fechados, sugerindo que ele estava perto de gozar, então o
gemido mais alto e mais sexual que eu já tinha ouvido encheu a sala,
fazendo-me ofegar.

Seus olhos se abriram ao ouvir o som, seu olhar intenso novamente


se prendendo ao meu. Mesmo que eu não pudesse ver sua boca, sabia que
ele estava sorrindo, os vincos em torno de seus olhos indicando isso. —
Gostou? — perguntou ele.

— Porra, sim, — respondeu a garota, embora soubesse que a


pergunta era para mim.

Eu saí, correndo pela saída, horrorizada que minha resposta fosse a


mesma.

Corri de volta para o banheiro das meninas, espirrando mais água


fria no meu rosto, minhas mãos tremendo muito, o que tinha feito errado em
tantos níveis. Eu tinha total intenção em detê-lo, sabendo muito bem que ele
iria ter sexo de alguma forma com a garota, mas seu olhar tinha me
congelado, destruindo a minha moral, o garoto pura tentação. Quando ele
me viu no corredor, ele basicamente me obrigou a segui-lo, e eu tinha
andado direto em sua armadilha.

Depois de acalmar-me, fui para a minha sala, pedindo desculpas aos


alunos por estar atrasada, amaldiçoando a Lei de Murphy que isto era uma
prisão juvenil. Dirigi-me para o quadro, deliberadamente afastando meus
olhos de Dante, que já estava sentado, parecendo presunçoso. Apertei
minhas mãos, lamentando falar com ele de volta.

Ele gritou, — Por que você está atrasada, Sra. Hatton?

Ignorando sua pergunta, comecei a escrever algumas citações de


Animal Farm no quadro, esperando que ele não mencionasse o que eu tinha
feito, o garoto não tinha filtro.

— Você não me respondeu, — ele gritou de novo.

— Não é da sua conta porque estou atrasada, Dante, — eu disse, sem


me virar.
— Você tem certeza disso?

— Positivo.

— Ok, o que você disser, Sra. Hatton.

Enrijeci, a ênfase no meu título me fazendo sentir como se eu tivesse


enganado meu marido... Embora eu não tivesse, que precisava me lembrar
disso. Tudo o que fiz foi congelar no momento, não participar dele.

Dante voltou a falar. — A propósito, Sra. Hatton, você pode responder


a uma pergunta sexual para mim?

— Não, — eu gritei.

— Mas preciso saber como os bebês são feitos. Jasper me disse que
eu poderia engravidar uma garota se ela engolir.

A classe explodiu em gargalhadas, Jasper balbuciando que ele não


disse isso.

Bati o marcador para baixo e girei, nivelando Dante com um brilho


no olhar. — Se você disser mais uma palavra você está fora daqui.

Sorrindo para mim, ele fechou a boca. Felizmente, ele ficou quieto
durante o resto da aula. Independentemente disso, não pude deixar de
roubar olhares para ele, preocupada que ele estava contando para o seu
melhor amigo sobre o que eu tinha feito. Mas em vez de sussurrar para
Jasper, ele estava olhando para mim.

Cada.

Simples.

Minuto.
Quando a campainha tocou, eu gritei, — Dante, fique, preciso falar
com você sobre dever de casa, — menti, querendo fazê-lo entender que o que
tinha acontecido não significava nada para mim - outra mentira.

— Por quê? Eu nunca faço a lição de casa, — ele respondeu.

Seus companheiros riram.

— É por isso que preciso falar com você.

— Claro, senhorita, o que quer que você diga, senhorita.

Esperei até que o restante da turma tivesse saído, então caminhei até
ele. Ele ainda estava sentado atrás de sua mesa, com os pés apoiados nela.
— Você gostou do show? — Ele perguntou, me dando um largo sorriso.

Cruzei meus braços sobre meu peito, querendo me manter calma. —


Eu deveria denunciar você pelo que você fez com aquela garota.

Suas sobrancelhas se ergueram. — Então, como você vai explicar não


nos parar? Em vez disso, você ficou lá, descontrolada, me assistindo.

Ele estava certo. Mas isso não significava que eu poderia admitir isso.
— Eu estava apenas chocada, — disse em vez disso. A verdade. — As
pessoas reagem de forma diferente por ver coisas chocantes.

— Você não viu nada, só ouviu.

— Eu ainda estava chocada. Além disso, aquela garota era uma


formanda. Você tem apenas quinze anos.

— Enquanto você era ainda mais velha. A propósito, quase parecia


que estávamos tendo um trio.
Mordi a língua, forçando-me a não perder a paciência. Tudo que
queria fazer era bater a minha mão contra a sua mesa, fazendo-o sacudir-se
no seu assento, dando-lhe um susto, tornando-o nervoso, mas não podia
perder o controle.

— Eu não vou reagir ao seu insulto, — finalmente disse, — então


você pode muito bem parar. Além disso, você não vai dizer uma palavra
sobre o que aconteceu a ninguém, incluindo Jasper, ou vou direto ao diretor
e denunciar você. — Inclinei meu rosto mais perto do dele. — E acho que ele
vai acreditar.

Seus olhos brilhavam com diversão. — Ooh, você está jogando sujo.
Eu gosto disso. Mas deveria avisá-la, sou o rei da sujeira, querida. — Ele se
inclinou para frente e passou a mão pela minha perna.

Eu bati nela e dei um passo para trás. — Por que você age assim?

— Eu não ajo, eu faço.

— Pare de transformar tudo em sexo.

Ele balançou os pés da mesa e se levantou, fazendo-me dar um passo


para trás. — Esta é apenas a maneira que sou. Eu não poderia parar,
mesmo se quisesse. E não se preocupe, eu não sou um dedo duro, eu vou
guardar o que você fez em segredo.

— O que eu fiz?

— Sim, você ficou excitada comigo. Suas calcinhas estão ensopadas,


admita.

— Dante! Estou te avisando!

— Só me prometa uma coisa.


— O quê? — Eu respondi, meu pêndulo interno balançando
constantemente entre raiva e remorso.

— Da próxima vez que o Sr. Hatton te foder, — ele sorriu, — pense


em mim.

Ele passou por mim, passando a mão pelo meu quadril. Antes que
soubesse, ele se foi, deixando-me uma confusão tremenda.

Eu me afundei em seu assento e cobri meu rosto, desejando nunca


tê-lo conhecido.
13

Sorrindo, segui pelo corredor vazio para minha aula de música, ainda
extasiado sobre a reação da Sra. Hatton a meu boquete. Pensei que ela
gritaria comigo, não me observaria. Fechei os olhos brevemente, lembrando-
me de como ela parecia no banheiro. Seus olhos tinham ficado arregalados,
suas bochechas tão vermelhas, a excitação em seu rosto inegável. Gostaria
de saber se deveria fazer um jogo sério para ela, porque definitivamente
queria brincar com ela.

Considerando isso, abri a porta da sala de música, parando ao som


do canto. Phelia estava parada na frente de um microfone, cantando uma
música de amor horrorosa para à classe, as palavras tão sentimentais que
senti como se fosse vomitar. Ela parou abruptamente e olhou para mim,
parecendo irritada que interrompi sua patética canção.

Ignorando-a, fui para um dos assentos diante do microfone,


percebendo que o Sr. Grey também parecia irritado. Meu professor de
música estava sentado ao lado com uma almofada no colo. Embora ele
estivesse em seus quarenta e tinha uma cabeça cheia de cabelos cinza, ele
tinha um rosto de menino bonito que fazia a professora de tecnologia de
alimentos espumar em torno de sua dentadura. A quantidade de vezes que a
velha Senhora Stewart havia interrompido as aulas do Sr. Grey se tornara
uma brincadeira. Ela sempre fingia que tinha algo muito importante para
contar a Phelia, já que a filha da puta estava em sua classe. Mas todos nós
sabíamos que era uma desculpa para ver o Sr. Grey, que ela ria como uma
estudante apaixonada.

— Eu avisei você para não chegar atrasado hoje, — disse Sr. Grey. —
Agora a pobre Phelia tem que recomeçar sua música.

Eu dei de ombros. — Culpe minha professora de Inglês. Ela me


segurou na aula, — respondi, tomando a cadeira ao lado da sobrinha do Sr.
Aston. Eu girei a cadeira e me sentei, apoiando meus braços nas costas.

Sr. Grey franziu a testa, mas em vez de fazer uma questão disto,
como o merdinha do Aston teria, voltou-se para Phelia. — Desculpe, por
favor, comece de novo.

Ela franziu o cenho para mim. Apertei meus lábios, soprando-lhe um


beijo. Seu cenho se transformou em um sorriso. Ela bateu no cabelo dela,
depois se inclinou para o microfone e começou a cantar sua canção - a
tarefa que tínhamos que entregar hoje. Embora ela tivesse uma voz linda, ela
pecou ao escrever, para não mencionar que sua rima era horrível.

Ainda cantando, o olhar de Phelia mudou para a minha direita,


dando a alguém um olho azedo. Virei-me para ver quem a estava
perturbando, encontrando a sobrinha do Sr. Aston olhando para mim. A
garota ruiva rapidamente deixou cair seu olhar, fingindo se concentrar em
um pedaço de papel em seu colo. Olhei para ele, o título Perdendo Amor
prendeu a minha atenção

Eu me inclinei, sussurrando em seu ouvido, — Posso dar uma


olhada?

Mantendo seu olhar para baixo, ela o entregou com uma mão
trêmula. Sabia que ela tinha uma queda por mim, o que provavelmente
irritava muito seu tio. Jasper tinha tentado me convencer a fodê-la para
chatear Sr. Aston, mas tinha recusado. A garota era muito doce para mexer.
Além disso, não era culpa dela que seu tio fosse um babaca.

Peguei a folha de papel da mão dela e li as linhas em vez de escutar a


porcaria de Phelia. Para minha surpresa, a música de Annabelle não era
uma balada amorosa doentia, como a maioria das franguinhas escreveu. Em
vez disso, descreveu a perda de sua família. Embora não fosse para as
razões pelas quais ela os havia perdido, podia sentir a dor em suas palavras.
Perguntando o que tinha acontecido, olhei para ela. Ela estava olhando para
sua a camisa, pegando a bainha como eu fiz quando estava nervoso.

Alcancei sua canção para ela pegar, sussurrando, — É realmente


bom.

Seu olhar se elevou até o meu, sua expressão surpreendida. Então


um grande sorriso iluminou seu rosto, fazendo-a ficar linda. — Sério? — Ela
perguntou.

Eu balancei a cabeça. — O que aconteceu com sua família?

Seu sorriso sumiu.

— Você não precisa me dizer se você não quiser, — sussurrei,


sabendo que doía quando as pessoas perguntavam sobre minha mãe.

— Meu irmão e meus pais morreram em um acidente de barco, — ela


murmurou com um sotaque muito mais forte do que o do Sr. Aston. — É por
isso que vivo com meu tio.

— Minha mãe foi assassinada.

— Eu sei, — disse ela. — Meu tio falou disso.

— Aposto que ele lhe disse para ficar longe de mim.


Ela assentiu com a cabeça. — Mas eu não o ouço. Ele é um idiota.

Eu reprimi um riso. Ela sorriu de volta para mim, seus olhos verdes
brilhando.

— Dante e Annabelle; Por favor, fiquem quietos, — gritou o Sr. Grey,


Phelia terminou sua canção. — Se vocês quiserem falar, pergunte a Phelia
alguma coisa sobre sua música.

Fechei minha boca, sorrindo para Annabelle, que fazia o mesmo. Por
um segundo, perguntei-me se deveria convidá-la para sair, mas resolvi
contra isto, pensando que ela não precisava da minha bagagem
acrescentada à dela.

As pessoas começaram a fazer perguntas a Phelia, o normal P e R que


aconteceu depois de cada desempenho. Alguém me bateu no ombro,
puxando minha atenção para longe dela. Olhei de volta para Mason, um
fumante que eu fornecia.

— Por que você não respondeu minhas mensagens? — Ele sussurrou.


— Estou desesperado, cara. Você não pode me deixar.

— Eu não recebi nenhuma mensagem, — eu disse.

— Enviei-lhe três.

Franzindo o cenho, bati no bolso, sem encontrar meu telefone.


Verifiquei meus outros bolsos, então agarrei minha mochila e procurei por
ele, ainda não o encontrando. Merda!

— Dante, — disse Sr. Grey. — Guarde sua mochila e preste atenção.

Eu joguei minha mochila no chão, me perguntando se tinha deixado


meu telefone em casa. Voltei meu olhar para Phelia, que estava respondendo
a uma pergunta sobre o ‘significado’ atrás de suas palavras.
— Eu escrevi a canção sobre alguém que amo. — Seu olhar se moveu
para mim, praticamente me deixando saber que era sobre mim. — Embora,
ele não merece meu amor.

— Ele também não quer, — retruquei, achando patético que ela


estivesse escrevendo canções de amor depois de me dar um boquete.

— Dante! — disse Sr. Grey. — Apenas perguntas.

Eu cruzei meus braços sobre meu peito. — Ok, eu tenho uma


pergunta para Phelia. O cara em sua canção, quem quer que seja, soa como
o sonho molhado de cada garota...

Alguns alunos riram.

— ... mas como você pode amá-lo quando você mal o conhece?

— Dante, — o Sr. Grey interrompeu novamente. — Você está


tornando isso pessoal.

— Apenas afirmando que ela não pode realmente amar o cara que ela
está cantando, desde que ela está baseando as coisas em como ele parece,
não o que está aqui, — eu disse, batendo na minha cabeça.

— Não há nada em sua música que sugira isso, — ele afirmou. — Ela
está cantando sobre seus sentimentos. E desde que você é tão rápido para
criticar o trabalho de outras pessoas, que tal você ficar lá em pé e cantar sua
grande obra-prima, oh impecável, — disse ele, seu sotaque inglês gotejando
com sarcasmo.

— Se você diz isso, — eu sorrio, pegando minha letra da minha bolsa.


Levantei, recebendo uma careta de Phelia, que passou por mim, entregando
sua canção para o Sr. Grey.
Eu coloquei meu poema, com a escrita musical, no suporte de
música e ajustei o microfone mais alto, desde que Phelia era uma pequena
burra. Quando estava pronto, me concentrei no Sr. Grey, esperando por seu
sinal para começar. Ele indicou para o cara da câmera começar a filmar.
Tomando a mesma sugestão, comecei a cantar. Quando terminei a terceira
estrofe, o Sr. Grey gritou, — Pare!

Eu fiz uma careta para ele. — Por que você fez isso? — Eu perguntei,
imaginando se ele estava me ensinando uma lição por interromper Phelia.

— Você deve saber por que. — Ele levantou e andou entre os outros
estudantes, parando próximo a mim. Ele pegou meu poema e olhou para ele,
seu cenho franzindo mais enquanto ele lia. Uma vez que ele terminou, ele
olhou para trás, o cara alguns centímetros mais baixo do que eu.

— O tráfico de drogas é um tópico inapropriado para se cantar, —


disse ele.

— Não, não é. Os rapperes falam sobre isso o tempo todo. Bone


Thugs-n-Harmony's 1st of tha Month tem isso nela, e o que tem a música
nomeada para um fodido Grammy...

— Olha a linguagem, Dante.

— E sobre o Notorious B.I.G? Seus mandamentos de Crack são


numero uno.

— Esses rappers não são estudantes de 15 anos do ensino médio.

— Os adolescentes vendem drogas também, — como eu, — inferno,


mesmo as crianças mais jovens fazem, — como eu costumava fazer. — É o
mundo real. Você não pode impedir que isso aconteça, então você não
deveria me impedir de cantar sobre isto.
— Esta é a minha aula e não vou permitir.

— Por quê? — Eu questionei. — Porque você quer proteger nossas


orelhas inocentes? Aceite a verdade, Sr. G. Todas as crianças aqui tem
comprado drogas ou tem visto alguém cheirar ou acender. Não importa o
quanto você queira, você não pode nos proteger do mundo real. Se um rapaz
de quinze anos quiser comprar maconha ou crack, eles vão encontrar um
negociante.

A expressão do Sr. Grey ficou preocupada. — Sua música é pessoal?

Eu soltei uma risada falsa que faria Sr. Aston orgulhoso de minhas
habilidades de atuação. — Inferno, não, eu não vendo drogas.

O maconheiro riu na segunda fila. Eu atirei-lhe um olhar que disse


que ele não estava recebendo nenhuma erva se ele não fechasse a boca. Ele
cobriu a boca, ainda parecendo divertido.

Voltei a focar no Sr. Gray. — Eu apenas pensei que escreveria sobre


algo real, algo que as pessoas não querem lidar como no meu bairro.

— Eu entendo o que você está dizendo e estou impressionado com


seus processos de pensamento, mas ainda não posso filmar você cantando
essa música. Posso perder meu emprego.

— Você não acha que isso é um pouco dramático?

— Talvez, mas minha decisão permanece a mesma. Além disso, você


deve escrever sobre coisas que se relacionam com você pessoalmente.

— Eu posso não vender drogas, — menti, — mas não significa que


não me afeta pessoalmente. Eu sei o que faz para as pessoas, para as
famílias. Meu pai costumava ser viciado em metanfetamina. — Eu fiz uma
careta para o Sr. Gray, com raiva que ele estava me fazendo sentir culpado
por lidar com isso. Embora, metanfetamina foi a única coisa que não vendi,
recuso-me a chegar perto, dessa merda que quase destruiu meu pai. — De
onde você acha que ele conseguia seu suprimento? Do supermercado?

Sr. Grey não respondeu, sua expressão se tornando triste.

Não querendo sua simpatia, segui determinado a fazê-lo aceitar o


meu rap. — E a música não deveria nunca ser censurada.

— Mas isso é. Eles bloqueiam palavrões o tempo todo no rádio.

— Eu só disse fodido em minha música.

— E merda, mas não é esse o problema. Esses podem ser corrigidos,


o tópico não pode.

Eu acenei minha mão para Phelia. — Então, você prefere que eu


escreva canções de amor de merda que me fazem querer chorar?

— Ei! — Gritou Phelia.

O Sr. Grey balançou a cabeça para mim, parecendo tão irritado


quanto Phelia. — Isso não é uma coisa muito agradável a dizer sobre o
trabalho de alguém, Dante. Como você sentiria se dissessem que sua escrita
é uma ‘merda’?

— Eu preferiria que fosse dito a viver na terra do lá-lá, pensando que


soava como merda quente em vez de baboseiras.

Phelia gritou novamente.

Não fiz isso para ser rancoroso, não me desculpei. — Você deve
ajudar Phelia a fazer sua escrita melhor em vez de usá-la para detonar a
minha.
— Eu não estou detonando. Seu poema é muito bom. Se não fosse
sobre drogas, teria dado a você uma excelente. Mas infelizmente é, então
você terá que refazer a atribuição. Vou dar-lhe uma semana para escrever
outro, isto é, com um tópico apropriado.

— Isso é besteira.

— Mantenha sua língua ruim fora da minha sala de aula, Dante. Ao


contrário de outros professores, não vou tolerar isso.

— Você não está sendo justo.

— Eu estou. Estou lhe dando uma semana extra para completar sua
tarefa.

— Eu já a completei, o que é mais do que os meus outros professores.

Ele exalou. — Olha, tenho outros alunos que eu preciso ajudar, então
vamos falar sobre isso depois da aula.

— Não estou interessado. — Irritado ao máximo, peguei meu poema


de sua mão e peguei minha mochila. Jogando-a sobre o meu ombro, fui para
a porta, parando à sua voz.

— Dante, não estou fazendo isso para te chatear.

— O resultado ainda é o mesmo.

Chutei a porta aberta e saí de sua aula, voltando para o corredor.


Uma porta bateu atrás de mim, seguido pelo Sr. Grey chamando-me para
parar.

Eu girei ao redor. — O que?!

Ele caminhou até mim e estendeu a mão. — Me dê seu poema.


— Por quê? Então você pode queimá-lo com todas as outras merdas
que você censura?

— Basta dar a mim.

Eu exalei alto e estendi-o. — Pegue, então.

Ele pegou e passou por mim.

Eu fiz uma careta. — Sua sala é a outra.

— Siga-me, — disse ele, desaparecendo pela porta que levava à


minha aula de Inglês.

Eu fiquei onde estava, não tenho certeza do que ele estava fazendo.

Alguns segundos depois, ele colocou a cabeça fora da porta. — Dante,


eu disse para você me seguir.

Amaldiçoei sob a minha respiração e fui para a sala, o Sr. Grey


segurando a porta aberta para mim, exceto pela Sra. Hatton sentada em sua
mesa, à sala de aula estava vazia. Pilhas de tarefas estavam empilhadas na
frente dela, este período obviamente livre.

Ela olhou para mim, sem parecer feliz por estar aqui. — O que ele fez
agora? — Perguntou ela ao Sr. Grey.

— Dante quer ler algo dele, — respondeu ele.

— Não, eu não, — resmunguei. — Eu não quero te ler nada. Estou


saindo...

— Você vai ler se quiser que eu reconsidere minha opinião, — o Sr.


Gray interrompeu, segurando meu poema para eu pegar.
— Besteira, — eu disse, percebendo que ele iria usar a Sra. Hatton
para apoiá-lo. — Você só quer que ela prove que você está certo.

— O que eu disse sobre praguejar?

— Em sua aula, não na dela.

O Sr. Grey suspirou. — Olhe, Dante. Eu sei o quanto você gosta da


minha aula e não quero que este desentendimento afete em algo que impede
você de chegar a ela.

— Então, aceite meu trabalho. Você disse que era excelente.

— Exceto pelo tópico. E uma vez que você aparentemente pensa que
sou um velho ranzinza que deve aceitar o que você escreve, pensei que iria
pedir a opinião de um professor mais jovem. A Sra. Hatton também se
qualificou para julgar poemas. Se ela achar que é inapropriado como eu,
então você tem que escrever outro poema ou canção, mas se ela não achar,
prometo que vou enviá-lo para a avaliação externa e marcá-lo como uma
excelência do meu lado.

— De jeito nenhum! — Eu falei. — Vocês professores todos ficam


juntos.

— Muito bem, não o leia, não é problema meu, — disse a Sra. Hatton,
olhando para a pilha de papéis na frente dela. — Sr. Grey provavelmente
tem razão, já que você tem o hábito de dizer coisas impróprias.

— Ele não está certo.

— Ele está até eu ouvir outra coisa, — disse ela, sem tirar os olhos
dos papéis. Ela pegou uma caneta, totalmente ignorando-me.
Olhei para o Sr. Grey, que estava sorrindo como se estivesse me
ajudando, o que era mais besteira. Há pouco tempo atrás, eu a tinha toda
quente e nervosa, mas ele pensou que estava me bajulando?

— Ok, eu vou cantar.

Ainda olhando para os papéis dela, ela murmurou, — Esta não é uma
aula de música, então se você quer que eu escute, leia. — Ela marcou algo
no topo da página.

Eu fiz uma careta, me perguntando se ela estava fingindo


desinteresse para voltar para mim por mais cedo.

Ela olhou para mim com uma sobrancelha levantada. — Bem? Ou


leia ou vai embora. Ao contrário de você, sou ocupada.

Sr. Grey soltou um riso.

Lancei-lhe um olhar furioso e segui para a Sra. Hatton, batendo o


poema sobre sua mesa. — Já que você é professora de inglês, você deve ler.

Suspirando, pegou o pedaço de papel e concentrou-se nele. Todo


sinal de aborrecimento deixou a expressão dela um segundo depois, as
sobrancelhas erguendo-se ligeiramente. Ela parou de ler e segurou-o para
que eu pegasse, de jeito nenhum tendo terminado tão rápido.

— Você acha que é inapropriado também, não acha? — Eu disse,


irritado.

— Não, quero ouvir em sua voz.

— Por quê? — Eu disse, pegando.

— É um poema urbano, que normalmente é melhor falado do que


lido. Além disso, seu sotaque aumentará sua autenticidade.
— Claro. — Sem olhar para o meu poema, comecei a recitá-lo:

Infeliz para sempre

Se você dormir comigo, não sonhe, isso terminará em um felizes para sempre

Esse é um modo errado de pensar, querer, enganar

Você mesmo acreditar, que sou seu herói de Hollywood

Porque eu não sou

Eu sou o garoto mau, um cara fodido

Um ladrão, uma droga viciante, que vai fazer você ficar viciada, reservada

Trancada para sempre

Vou te prender em suas aflições, aumentando seus vícios

Para sensações sintéticas, alegrias, júbilos.

Uma saudação com heroína

Eu lido com poeira de anjo, não com asas de anjos

Porque estou sempre ausente quando o coro canta

Em vez disso, minha congregação está carregada de desejos degenerados,


não de torres

Somente párias se ajoelham nos bancos, rezando para que eu apague seus
fogos ardentes

Para apagar sua agonia, alimentando seus demônios com maconha, rápido

Não um credo

Mas não posso ser o salvador deles

Eu posso parecer uma epifania celestial, um cupido com um arco

Mas minhas setas estão cheias de veneno, colocando sinais em seu braço,
causando-lhes danos

Não é uma calma muito necessária


Porque eu sou o Diablo

Um anjo caído, uma dose de ácido tão puro, mas inseguro, incrivelmente
imaturo

Um garoto estúpido, um brinquedo, que não percebeu que eu vendia

Infeliz para sempre

Assim que terminei, a Sra. Hatton virou-se para olhar para o Sr.
Grey. — Desculpe, Harry, não concordo com você. Deve aceitar o poema de
Dante.

Meus olhos se arregalaram de surpresa.

O Sr. Grey também pareceu surpreso. Afastou-se da escrivaninha em


que estava encostado. — Você não pode estar falando sério.

— Por quê? Não há nada de errado com a poesia urbana.

— Ele tem quinze anos. — O Sr. Grey apontou para mim. — É


impróprio para ele estar escrevendo sobre drogas.

— Ele está escrevendo sobre isso, não vendendo.

— Se ele escrevesse sobre sexo você não estaria dizendo a mesma


coisa.

— Bem, ele não escreveu. E não vi nada inflamatório em suas


palavras. Além disso, seu poema era sobre drogas sendo ruins. Você deve,
pelo menos considerar isso. E, outra coisa, gostaria que Dante me
entregasse tarefas como esta, porque desde que estive aqui ele não fez um só
trabalho. Quantas tarefas ele fez para você?

O Sr. Grey olhou para mim com o cenho franzido, então olhou de
volta para a Sra. Hatton. — Todas elas.
— E você está criticando algo que é realmente bom?

O Sr. Grey abriu a boca, depois a fechou, parecendo que não sabia
como responder.

Eu sorri, pensando que isso era clássico.

Ela continuou falando, — Eu acho que você veio para a pessoa


errada, Harry. Eu absolutamente lapidei The Outsiders quando tinha onze
anos, uma história que a autora escreveu quando ela era uma adolescente.
Agora, se S. E. Hinton teve um professor que lhe disse que era impróprio
escrever sobre gangues, a seguir talvez não a tivesse publicado e ganhado
todos aqueles prêmios assim como fêz muitos leitores e filmes felizes.

Sr. Grey permaneceu quieto, as bochechas vermelhas.

Ela voltou sua atenção para mim. — Muito bem, Dante. Parece que
você vai ter uma excelência, como prometido pelo Sr. Grey.

— Legal, — eu disse, extremamente feliz. — Obrigado, senhorita.

— Você não vai me agradecer a próxima vez que você estiver na


minha aula, porque agora sei o que você é capaz de fazer e não vou deixar
você fugir.

Meu sorriso se alargou. — Eu farei o que você quiser agora.

Ela franziu o cenho para mim, provavelmente pensando que estava


escorregando em uma insinuação sexual. Ela voltou seu foco para o Sr.
Grey. — Sinto muito não concordar com você, espero que você não esteja
muito zangado.

Ele balançou sua cabeça. — Eu pedi sua opinião e você me deu. Pode
não ter sido o que esperava, ou mesmo queria, mas vou manter a minha
palavra. Obrigado por sua ajuda e desculpe por ter incomodado você. — Ele
se dirigiu para mim, tirando o papel da minha mão. — Vamos gravar a sua
tarefa, — disse ele.

Eu o segui até a porta, olhando de volta para a Sra. Hatton. Ela tinha
a cabeça baixa, concentrando-se nos papéis na frente dela. Parei por um
momento na porta, pensando que ela era meio legal.

Ela olhou para mim. — O quê?

— Você não está apenas dizendo tudo isso por mais cedo? — Eu
disse, esperando que ela não estivesse me bajulando para manter a boca
fechada.

— Não, eu quis dizer todas as palavras que disse.

Eu sorri para ela, não um sorriso irônico ou um sorriso arrogante,


apenas um sorriso genuíno, a mulher me fazendo sentir bem. — Legal, estou
feliz que você gostou do meu poema. E obrigado por me apoiar.

Ela assentiu, depois voltou a concentrar-se em seus papéis. — Feche


a porta quando sair, — ela disse, parecendo que estava se esforçando para
não sorrir.

— Não se preocupe, — eu disse, fazendo o que ela pediu.

Agora feliz, segui o Sr. Grey de volta à aula. Os alunos sentaram-se


quando entramos. Ele indicou para eu pegar o microfone. Para surpresa de
todos, comecei a recitar meu poema. Quando terminei, a turma aplaudiu, a
sobrinha do Sr. Aston era o aplauso mais alto. O sorriso brilhante de
Annabelle iluminou todo o seu rosto. Mas não era seu sorriso que eu estava
pensando. Era o da Sra. Hatton.
14

Eu tentei tirar Dante da minha cabeça indo a academia depois do


trabalho, exercitando minhas emoções conflitantes. Mas quando comecei a
imaginá-lo sendo chupado, rapidamente fui e tive um chuveiro frio, minha
mente suja me levando a lugares que sabia que não poderia ir. Embora, com
toda a verdade, ele não parecia ter a sua idade - realmente não. Ele parecia
ter pelo menos dezoito anos, sua altura também aumentava a impressão, o
garoto era muito mais alto que eu. Além disso, ele poderia facilmente passar
como um de vinte e um anos de idade. Eu podia imaginá-lo caminhando por
boates sem sequer ser convidado para verificar o seu I.D. Imaginei-o também
indo a clubes para atrair mulheres mais velhas para a cama, levando-as a
fazer o que quisesse, a boa aparência do garoto e a confiança absoluta
incomum para alguém da sua idade. Eu nunca tinha encontrado um garoto
com tanta confiança, ou mesmo a audácia de dizer metade das coisas que
ele tinha me dito. Isso me fez querer exigir sua certidão de nascimento,
porque ele não poderia ter quinze anos. Alguém tinha que estar brincando
comigo, fodendo com a minha cabeça - assim como com o meu corpo.

Eu me seco e me visto, o chuveiro frio não ajudou. Parecia que minha


mente estava me prendendo em uma repetição contínua, porque não
conseguia parar de pensar no jeito que ele me olhava durante o boquete ou
em como ele tinha tocado meu quadril enquanto passava por mim na sala de
aula ou o modo como seus olhos tinham se fixado em mim enquanto
recitava seu poema. E por último, mas não menos importante, aquele lindo
sorriso que ele me deu depois. Tinha sido tão genuíno e feliz, mostrando um
lado doce dele que eu não sabia que ele tinha; Um lado que me derreteu.

Mas apesar disso, minha mente voltou para seu boquete enquanto
dirigia para casa, bem como as palavras que ele tinha dito depois de gozar,
"Você gostou assim?" Até mesmo pensei que eu tinha naquele momento, não
agora, porque me encheu de culpa, meu desejo por ele não era natural.
Novamente, como ele não poderia ser mais velho? Ele tinha que ser, porque
não havia como não ser. Eu não era a antinatural, ele era. Ele estava me
provocando, fodendo-me, e eu queria que ele parasse!

Meus olhos se arregalaram, o carro na minha frente me fazendo frear,


meus pensamentos sobre Dante causando um lapso momentâneo de
concentração. Pisei fundo nos freios e sacudi-me. O cinto de segurança
chicoteou firmemente em meu peito, me puxando de volta. Meu para-choque
dianteiro parou a uma polegada do outro carro, a falta estreita deixando-me
abalada, mas também intensamente aliviada que não tinha batido. Eu
passei uma mão pelo meu painel, fazendo uma rápida oração de
agradecimento ao bom Deus por poupar meu carro e uma reivindicação de
seguro.

Uma buzina atrás de mim fez-me pular no meu assento. O carro que
eu tinha quase esmagado tinha se afastado, deixando-me bloqueando uma
longa fila de veículos. Continuei dirigindo para casa, desejando poder refazer
o dia.

Saí do meu Volkswagen e liguei meus fones de ouvido. Liguei a


música para o meu tocador de discos, explodindo meus tímpanos com a
música de Jewel, numa tentativa de forçar todo pensamento de Dante para
fora da minha cabeça. Agarrei minha bolsa da academia e bati a porta do
meu carro, trancando. Dirigi-me para a porta da frente de minha pequena
casa de três quartos e de telha, um lugar que eu tinha vivido por quase dois
meses desde o retorno da Inglaterra. Entrei e joguei minha bolsa e minhas
chaves em uma mesa lateral. Fotos emolduradas do mar e eventos esportivos
alinhados nas paredes limão-coloridas da sala de estar, meu marido era um
ávido fotógrafo. Tínhamos tudo enviado, pensando que Markus iria me
seguir logo depois, mas nada parecia estar indo bem, um problema após
outro segurando sua documentação. Isso me fez querer gritar, porque agora
precisava desesperadamente dele, nossa separação fazendo minha mente
fixar em Dante em vez do homem que eu tinha casado.

Atravessei a sala e o corredor, entrando no meu quarto, que estava


envolto em bege, uma cor que sabia que Markus não gostaria. Ele amava as
cores brilhantes, tão brilhantes que você precisava de óculos de sol para
olhar para elas. Lembrei-me do dia em que o peguei pintando nosso
apartamento em laranja e azul. Ele tinha começado a fazê-lo de maneira
sorrateira enquanto eu estava substituindo em uma escola em Sutton. Mas
tinha chegado cedo, encontrando um apartamento parcialmente pintado e
um Markus muito culpado. Depois de ter dado uma resposta surpresa, ele
se tornou abertamente desafiador. Entretanto, sua expressão mudou
rapidamente de um macho, “É assim que vai ser, mulher” para “Por favor,
deixe-me mantê-la, Mamãe” quando ele pensou que eu ia fazê-lo repintá-la.

Abri a porta do banheiro, e levei um susto. Markus estava parado no


chuveiro, a visão nua diante de mim me pegando completamente de
surpresa. Eu pisquei, não acreditando no que estava vendo, já que ele
deveria estar em Londres.

Eu removi meus fones de ouvido, trocando a voz de Jewel para a


interpretação de Markus de uma canção de Joe Cocker. Ele estava de costas
para mim e estava enxaguando os cabelos, o shampoo diluído correndo por
suas poderosas costas. Embora o vapor estava embaçando a cabine da
ducha, ainda podia ver seu corpo impressionante. Ele tinha um físico de
nadador, com ombros largos, uma cintura afunilada e pernas longas, o que
não era surpreendente considerando que ele era um nadador. Ele também
era um surfista e caiaque, tudo a ver com a água era uma paixão dele. Ele
tinha sido um nadador competitivo e surfista em sua juventude, até mesmo
representando a Inglaterra.

Ignorando minha presença, ele continuou cantando You Are So


Beautiful. Como de costume, ele era discreto, mas ainda amava o som de seu
áspero sotaque de Cockney5.

— Markus! — Eu disse alto. — O que você está fazendo aqui?

Ele parou de cantar e se virou, um sorriso torto iluminando seu


rosto. — Olá, amor, — ele disse, — há quanto tempo você está olhando para
o meu traseiro, sua pervertida sexy?

Apesar do meu mau humor, sorri para ele, extasiada por ele
finalmente estar aqui. — Por que você não me disse que estava vindo? — Eu
disse, pulando em meus pés, além de animada. — Eu o teria pegado no
aeroporto.

— Eu queria te surpreender. — Ele estendeu os braços. — Surpresa!

Eu ri, todo meu estresse derretendo com seu sorriso brilhante.


Caminhei e puxei a porta do chuveiro, entrando. Dei-lhe um grande abraço,
não me importando que estava ficando molhada.

Markus desligou a água e me abraçou de volta. — Parece que você


sentiu minha falta.

— Mais do que você imagina.

5 Um cockney, no sentido menos estrito da palavra, é um habitante do East End de Londres.


Ele beijou o topo da minha cabeça. — Também senti sua falta.
Quando a documentação finalmente chegou, pulei no primeiro avião que
consegui.

Eu não perguntei como ele tinha entrado dentro da casa, percebendo


que ele provavelmente tinha pedido a meu pai ou ao sócio do meu pai pela
chave. Eu o apertei com mais força, o último mês e meio parecendo uma
vida inteira sem ele.

Ele passou uma mão pelas minhas costas. — Você está bem?

— Eu estou agora. — Afastando um pouco, agarrei seu cabelo


molhado e puxei sua cabeça para baixo, plantando meus lábios contra os
dele. Ele me beijou de volta, suas mãos indo para a minha cabeça também.
Ficamos assim por um tempo, reconectando, tentando recuperar as semanas
que tínhamos perdido.

Sem aviso, ele me pegou em seus braços, me fazendo gritar. Rindo,


saiu do chuveiro e me levou até o quarto. Ele me deitou na cama e começou
a me despir, sua pele cor de mel brilhando do chuveiro. Eu ajudei a tirar
minhas roupas molhadas, desesperada para me perder nele... para perder o
dia passado, semanas, mês...

Uma vez que estava tão nua quanto ele estava, ele subiu sobre mim,
selando nossos lábios juntos novamente. Beijei de volta, não pensando em
nada além do gosto e da sensação de meu marido.

Ele quebrou o nosso beijo, correndo seus lábios pelo meu queixo e
pescoço, prendendo em um dos meus seios. Coloquei uma mão em sua
cabeça e gemi, novamente me perdendo no que ele estava fazendo, Markus
conhecendo meu corpo tão bem.
Seus lábios se moveram para o meu outro peito, fazendo-me gemer
mais alto. Ele estava rolando meu mamilo em torno de sua boca, enviando
faíscas de prazer para minha virilha. Eu me arqueei, querendo mais, mas em
vez disso ele soltou e afastou minhas pernas. Dentro de segundos, ele estava
dentro de mim. Meu corpo deu boas-vindas a seu pau, minha mente
também querendo o que ele estava fazendo. Ele começou a me foder, os sons
que estava fazendo me lembrando dos gemidos de Dante. Eu congelei em
resposta, o pensamento sem aviso prévio. Markus também ficou quieto. Ele
olhou para mim com olhos interrogativos, provavelmente se perguntando por
que eu tinha parado.

— Me tome por trás, — disse, rezando para que ele não sentisse a
culpa que eu estava sentindo.

Um sorriso lascivo se espalhou por seu rosto, Markus felizmente


muito excitado para fazer isto. Ele puxou para fora de mim e me virou, me
puxando para cima. Antes que pudesse piscar, ele estava enfiando dentro de
mim, me pegando por trás, seu gemido tão profundo e baixo que até eu
senti. Depois de um momento de pausa, ele começou a empurrar com força,
apenas seu dedos apertando em meus quadris me impedindo de bater na
cabeceira da cama.

— Mais rápido, — eu disse, precisando do prazer de acabar com todo


pensamento de Dante.

Eu queria sentir Markus dentro de mim, não pensar em algum garoto


que não se importava comigo. Markus não iria me jogar de lado e passar
para a próxima conquista como Dante iria. Ele prometeu seu amor, jurando
ser fiel a mim. Olhei para o meu anel de casamento, usando-o para me
lembrar disso. Mas não funcionou, porque tudo o que conseguia pensar era
no rosto lindo de Dante, bem como seus gemidos sensuais, a lembrança
fazendo meus dedos se curvarem. Comecei a imaginar que os gemidos de
Markus eram de Dante, enquanto os dedos machucando meus quadris e o
pau mergulhando dentro de mim também pertenciam a ele. Empurrei para
trás contra cada impulso, sabendo que ele seria áspero, mais preocupado em
gozar do que se preocupando em me machucar. Mas não iria doer... Não
doía... Porque eu gostava áspero. Em vez de me fazer gritar de dor, estava
gritando de prazer, seus impulsos fortes fazendo com que a pressão dentro
de mim se acumulasse rapidamente, até que estava descaradamente
implorando pela liberação, precisando disto mais do que do ar. Ele
respondeu com um grunhido sexy e pressionou sua frente contra minhas
costas, pele contra pele, desejo, montando-me forte.

Um sopro de ar quente fez cócegas na minha orelha direita, seguido


pela carícia de lábios macios, enviando um arrepio através de mim. Meu
lóbulo foi sugado em sua boca, seus dentes mordiscando a carne macia,
então puxando meu brinco. Eu ofeguei, sentindo uma pontada abaixo... tão
perto... tão perto. Seguiram palavras sujas, saindo da ponta da sua língua.
O sotaque era Cockney, não Maori, lembrando-me que era Markus quem
estava me fodendo. Mas isso já não importava, porque eram as palavras de
Dante que percorriam minha mente: ‘...pense em mim.’ E eu fiz, gozando com
força, o prazer impressionante cegando-me, limpando toda a culpa, deixando
apenas a felicidade não adulterada.

Então ele estava gozando. Ele gritou roucamente, seu clímax


enviando-o para seu próprio nirvana pessoal. Em poucos segundos seu grito
se transformou em um gemido estrangulado, seu orgasmo lentamente
diminuindo, junto com seu aperto doloroso. Antes que eu pudesse juntar
dois pensamentos, ele saiu e me soltou. Me soltei na cama, todos os meus
ossos se desintegraram com o orgasmo. Eu era uma poça derretida na cama,
incapaz de fazer qualquer coisa, exceto me deitar lá, meu corpo saciado e
feliz, minha mente um doce borrão vazio.
Sem aviso, eu estava sendo virada, o movimento súbito
surpreendendo um grito de mim. Pisquei rapidamente, vendo Markus
olhando para mim em vez de Dante, a imagem na minha cabeça
desaparecendo instantaneamente.

— Desculpe, não quis ser tão duro, — Markus disse, sorrindo com
desculpas. Um segundo depois, se transformou em um sorriso satisfeito. —
Embora, acho que você gostou, sua atrevidinha. Você gozou forte, não é?

Eu não respondi, minha culpa me silenciando, chamuscando minha


consciência, como se o Inferno tivesse aberto seus portões e o Diabo me
acenando para entrar. Porque Markus não me tinha feito gozar - Dante
tinha.

Markus sorriu mais. — Não é nada para se envergonhar, querida, foi


ótimo, — disse ele, obviamente interpretando mal minha expressão.

Ele deitou ao meu lado, seu cabelo loiro úmido também caindo. Tinha
um cabelo tão bonito. Na verdade, tudo sobre ele era bom, o que só serviu
para intensificar a minha culpa. Eu nunca tinha pensado em outra pessoa
durante o sexo, nem mesmo tinha pensado nisso, Markus geralmente me
satisfazendo. E embora as imagens de Dante tivessem entrado na minha
cabeça sem ser convidado, não as tinha dissipado.

— Eu acho que deveria deixar meu trabalho, — eu disse, sabendo


que precisava me livrar do problema antes que ele florescesse fora de
controle, porque iria. Eu sabia. O garoto era muito atraente, uma distração
perigosa que poderia me levar a um mundo de problemas.

Virando-se de lado, Markus descansou o cotovelo no colchão,


apoiando a cabeça com a mão. — Por quê? — Ele perguntou, parecendo
surpreso. — Apenas na semana passada você me enviou um e-mail, dizendo
que estava indo muito bem.
Incapaz de dizer-lhe a verdadeira razão, me inclinei sobre o lado da
cama e peguei minhas calcinhas do chão, dando um tempo para que
pudesse fabricar uma resposta adequada. Deslizei as calcinhas um pouco
úmidas de volta, murmurando, — Trabalhar em Wera não era o que eu
esperava, — o que não era uma mentira. Não esperava cair na luxúria com
um estudante, especialmente um tão jovem. E era luxúria, não importava o
quanto quisesse negá-lo.

Markus franziu o cenho. — O que há de errado com isso?

Eu fiz uma careta. — Muitas crianças me tratam como se eu fosse


um diretor de prisão ou um objeto sexual. Se ouvir outro assobio de lobo ou
as palavras ‘mama quente’ eu vou gritar.

Markus colocou uma mão em meu estômago, circundando meu


umbigo com a ponta de um dedo. — Os meninos ainda faziam comentários
maldosos quando você era uma substituta no trabalho, mas isso não a
incomodava assim.

— É mais extremo em Wera.

— Informe para o diretor ou puna-os com detenção. Eles logo


aprenderão que não é um comportamento apropriado. Afinal, é por isso que
você está lá: educar as crianças.

— Na literatura.

Ele balançou sua cabeça. — Você também precisa ensinar a eles


como se comportar.

Markus era um professor de ginástica, bem como o treinador de


natação em uma prestigiada escola de meninos em Londres. Ou tinha sido,
já que ele estava aqui.
Eu exalei alto. — Não acho que algumas dessas crianças ainda
sabem o que significa comportamento. Realmente sinto como se estivesse
desperdiçando meu tempo lá, — que era parcialmente verdade, uma vez que
os alunos em Wera eram difíceis de controlar.

— Se você está desperdiçando seu tempo, então por que você me


enviou um e-mail sobre o teste daquela aluna? — Ele respondeu.

Eu tinha falado sobre Lindy, achando ela um sonho para ensinar.


Ela era como uma esponja, absorvendo tudo o que eu disse, ao contrário do
resto da classe, que parecia que estavam só esperando o tempo do sino
tocar.

Ele continuou, — Ela fez todas as perguntas direito, não só isso, ela
entrou em profundidade com suas respostas. Ela obviamente ama sua aula;
Caso contrário ela não teria feito tão bem.

Um pequeno sorriso percorreu meu aborrecimento.

— Agora, é isso que quero ver, — ele disse, me beijando sobre meu
sorriso. Ele afastou um pouco, seus olhos azuis olhando para os meus. —
São esses tipos de crianças que vão te ajudar durante o dia, fazendo com
que os tempos difíceis valham a pena. Além disso, é ainda mais gratificante
quando você consegue capturar a atenção dos desviantes. Você não quer
fazê-los se apaixonar pela literatura como você fez?

— Sim, mais do que tudo.

— Então trabalhe por isto, porque com jovens assim vai precisar de
muito trabalho. E se você conseguir ter sucesso, pode ser a diferença entre
eles acabarem na prisão ou indo para o ensino superior.
— Acho que sim, — respondi, pensando neles, ou em particular nele,
soando como se ele estivesse dizendo. Isso me fez pensar que ele estava se
referindo a Dante, o verdadeiro assunto da conversa.

— Eu sei, — respondeu ele. — Você tem a chance de mudar vidas em


Wera, seja uma verdadeira inspiração para essas crianças. Posso apenas
imaginar o tipo de vida que alguns deles levam. Você vê isso na televisão o
tempo todo: crianças traficando, roubando, sendo enviada para abrigos,
sendo abusadas por seus entes queridos, passando fome, morrendo...

Ele continuou falando, me fazendo pensar no que Dante tinha


experimentado. Um tipo diferente de culpa abriu caminho na minha mente,
abrindo os olhos para o que eu estava negligenciando. Estava tão presa a
seus olhares que ignorava o fato de que devia ensiná-lo. Precisava esmagar
meus pensamentos perturbadores e concentrar-me no trabalho para o qual
fui paga, o que era incutir uma paixão pela literatura dentro de Dante, a
ponto de ele poder progredir para o próximo ano, aprendendo mais e mais,
dando-lhe uma chance para uma vida melhor ou um meio de escapar da sua
atual.

— Então, você ainda quer parar? — Markus perguntou.

Eu balancei a cabeça, determinada a fazer as coisas direito.


15

Paro para desbloquear meu portão enquanto Jasper atravessava a


rua, quicando a bola de basquete que estávamos jogando depois da escola.
Escorreguei para dentro da minha propriedade, trancando rapidamente
antes que meus cães pudessem fugir. Bob e Marley vem saltando, tentando
fazer com que os pegue, seus latidos animados enchendo o ar. Fiquei de
joelhos para lhes dar um abraço, quase me derrubando.

— Calma, garotos, — eu ri, envolvendo meus braços ao redor dos


cães animados. — Vocês estão agindo como se não me viram em semanas.

Bob latiu enquanto Marley deu-me uma grande lambida no meu


rosto.

Eu ri novamente e limpo minha bochecha. — Você beija bem melhor


do que Phelia, Marley. Você deveria lhe ensinar.

Marley latiu e correu para a porta, provavelmente esperando que a


deixaria entrar, enquanto Bob correu atrás de sua companheira. Os segui,
afastando os dois cães. — Para trás — Eu disse numa voz severa.

Eles fizeram o que lhes disse, me dando espaço para destrancar a


porta. Eu fui fazer isso, mas ela começou a abrir antes de eu alcançar a
minha chave. Pulei, não esperando ter alguém em casa, desde que a moto do
meu pai não estava na garagem.
— Olá, Dante, — a tia de Jasper disse, sorrindo para mim de dentro
da casa. Ngaire tinha seu longo cabelo grosso castanho amarrado em um
rabo de cavalo. Ela estava vestida com Daisy Dukes6 e uma blusa crop preta,
me dando uma boa olhada da pele que preferiria muito não ter visto.
Embora ela fosse boa de olhar, ela ainda me assustou. Antes do meu surto
de crescimento, tinha pensado que ela era legal. Mas agora seus sorrisos
eram mais lascivos do que amigáveis. Ela tinha apenas sorte que meu pai
era burro demais para perceber, porque ela não teria nenhum dente para
sorrir para mim se ele notasse.

— Como conseguiu entrar aqui? — Eu perguntei, a fulana estragando


meu humor. — Meu pai está em casa?

— Não. Ele me deu uma chave.

— Para quê? — Eu disse, esperando como o inferno que ele não


alugou o quarto para ela.

— Ele está me pagando para limpar a sua casa. Você é um rapaz


muito desorganizado, Dante. Seu quarto estava um chiqueiro.

Empurrei para passar por ela. — Você não é permitida no meu


quarto, — eu disse, indo para ele. — E meu pai não vai te pagar nada; Ele
não tem dinheiro.

Ela me seguiu pelo corredor. — Eu sei, ele me paga em bebida. Ele


está me dando uma garrafa de vodca hoje, enquanto que no dia que você
desmaiou bêbado eu tive gim em troca de lavar e passar a ferro suas roupas.

Eu girei ao redor. — Você fez aquilo?

Ela assentiu com a cabeça, os olhos brilhando para mim. — Você


parece tão lindo quando dorme.

6 Shorts que mostra a polpa da bunda.


Meus olhos se arregalaram. — Sua fodida perseguidora!

Ela franziu o cenho para mim. — Isso não é jeito de falar com sua tia.

— Você não é minha tia, é do Jasper, então cai fora. — Eu entro no


meu quarto, o lugar imaculado, minha cama estava feita. — E deixe a porta
bater na sua bunda quando sair. — Bati na cara dela, enojado e com raiva.
Esperava que ela não tivesse encontrado meu estoque de drogas debaixo do
assoalho. Eu fui verificar, mas parei quando a porta do quarto rangeu
aberta.

— Se manda! — Gritei, furioso, que ela não quis sair.

Ela entrou no meu quarto. — Eu iria, se não quisesse algo de você. —


Ela olhou para minha cama, tornando claro como cristal o que ela estava
atrás.

Fiz uma careta em desgosto. — Você está brincando comigo? Você é


mais velha do que meu pai.

— Mas em boa condição.

— Somente de acordo com você, e sou menor de idade. Você poderia


ir para a cadeia por me foder.

— Então poderiam suas clientes, mas acho que você não vai contar
para alguém sobre isso, você vai?

Eu congelei. — Minhas clientes?

Ela pegou meu telefone de seu bolso.

Merda!

Arrebatei fora de sua mão. — O que está fazendo com meu telefone?
— Encontrei no bolso da sua calça suja da escola, então eu dei uma
olhada. — Seu sorriso se alargou. — Você realmente não deve fazer sua
senha tão fácil de desbloquear. Consegui na quarta vez. Dezesseis para seu
aniversário e onze para o mês que nasceu.

Percebendo que ela tinha verificado minhas mensagens, liguei


rapidamente meu telefone. Meu coração batendo quando li as mensagens de
Mason, Ngaire obviamente os abriu. Eles eram todos sobre Mason querendo
comprar cocaína e maconha, não deixando nenhuma dúvida de que eu era
seu traficante.

— Você tem algumas mensagens muito interessantes, — ela disse. —


Mas nenhuma delas poderia comparar com seu correio de voz. Quem é
Sierra?

Minhas mãos começaram a tremer. Rezando para que Sierra não


tivesse deixado algo incriminador, abri meu correio de voz, ouvindo a
primeira mensagem.

A voz de Sierra veio da linha: "Eu sei que está chateado que te paguei
por sexo, mas você não deveria. Você fez Camie e eu muito felizes. Você vale a
pena cada centavo, fofura, se não mais. Que tal você arquivar essa moral sua
e encontrar-se comigo na sexta à noite; mesmo lugar, mesmo horário. Sou uma
mulher muito rica, lindo. Seria tolice recusar-me. Eu poderia tornar sua vida
muito melhor. Então, me liga."

Eu deletei a mensagem, juntamente com as mensagens de Mason. —


Isto não é o que parece, — disse, olhando para cima, com medo que ela iria
contar pro meu pai. — Sierra entendeu tudo errado.

Ngaire soltou uma risada. — Ou, mais provavelmente ela entendeu


tudo certo com o seu pau.
— Não transei com ela por dinheiro; Eu queria foder ela e sua amiga.
Não é minha culpa se as retardadas presumiram que eu fosse um prostituto.

— Você pode negar o quanto quiser, garotinho, mas quanto a meu


ver, você aceitou dinheiro por sexo, para não mencionar que você está
vendendo drogas. E apostaria que é Hunter que está fornecendo para você.
Gostaria de saber o que seu pai diria se soubesse.... Hmmm... — Ela
acariciou seu queixo, fazendo que estava pensando, embora eu saiba que ela
não estava. A cadela tinha obviamente este cenário todo planejado.

— Você não tem provas, — respondi, sabendo que meu pai iria
acabar com Hunter.

— As suas mensagens são provas suficientes.

— Eu as deletei, então leve seu traseiro imprestável para fora


da minha casa e não volte.

Ela sorriu. — Eu tirei fotos das suas mensagens e gravei a mensagem


de voz no seu telefone de casa bem como no meu.

Passei rapidamente por ela, correndo para o telefone fixo na sala.


Peguei o telefone da prateleira e pressionei para as mensagens. Agarro o
receptor quando a voz de Sierra veio a linha ténue, mas ainda claro o
suficiente para ouvir cada palavra. Rapidamente a excluí, em seguida corri
de volta ao meu quarto, onde a tia de Jasper estava sentada na minha cama,
sem a blusa dela, a mulher não usava sutiã.

Eu pego sua blusa do chão e jogo no rosto dela. — Exclua as


mensagens do seu telefone. Agora!

— Isso pode esperar.

— Não, não pode! Seu irmão poderia ouvir isto.


— Pare de insistir. É meu telefone pessoal, que está no meu quarto.
Ele não vai ouvir isso a menos que eu coloque para ele escutar.

— Você não pode fazer isso; Ele vai dizer ao meu pai!

— Eu não vou contar a ele.

Eu soltei uma respiração.

— Mas...

Puxei outra respiração.

— ... meu silêncio tem um preço.

— Quanto? — Eu perguntei, chateado que a primeira vez que tinha


dinheiro ia perdê-lo. Embora tivesse comprado comida e pago a luz, tinha
planejado usar o dinheiro restante para algumas próximas contas. Meu pai
não ganha o suficiente para cobrir tudo, que foi parcialmente devido ao fato
de que ele não aparecia sempre para trabalhar.

Seu sorriso alargou. — Não quero seu dinheiro, querido, — ela disse,
saltando seu olhar para minha virilha.

— Claro que não! — Eu respondi. — Eu não estou fodendo você.

— Você já se prostituiu pelo menos uma vez. — Ela levantou da cama


e deu um passo mais perto de mim. — O que é mais uma vez?

Eu dou outro passo para trás. — Não!

— OK. Vamos ver o que seu pai diz quando descobrir que você está
traficando e se prostituindo.

Eu passo uma mão pelo meu cabelo, não sabendo o que fazer. — Por
favor, você não pode fazer isso comigo.
— Eu não vou, ao menos que você... — Ela estendeu a mão,
colocando na minha virilha.

Afastei sua mão com um tapa. — Não me toque!

A expressão dela escureceu, seus olhos castanhos em chamas. —


Você deixou aquelas mulheres te tocarem.

— Porque eu gostava delas.

A expressão dela escureceu ainda mais. — Bem, comece a gostar de


mim rápido antes que eu vá para casa e deixe meu irmão ouvir essa
mensagem.

Ela vestiu a blusa dela e foi para a porta. Alcancei ela, fechando a
porta antes que ela pudesse passar. Ela girou ao redor, parecendo assustada
sobre o que tinha feito. Sabendo que eu tinha que intimida-la pelo seu
silêncio, bati na porta ao lado da sua cabeça, fazendo-a saltar.

Colocando uma expressão cruel, abaixei meu rosto ao dela. — Você


diz uma palavra e vou ver que é você que vai acabar no hospital, — Eu
menti, — não meu primo.

— É isso então? — ela disse, não parecendo nem um pouco


intimidada.

— Sim, — Eu disse, movendo a mão na garganta dela.

Um arrepio atravessou seu corpo, mas não de medo, sua expressão é


de excitação. Enojado, a deixei ir e recuo.

Ela sorriu para mim. — Já tive homens muito maiores e mais ásperos
do que você colocando suas mãos em torno do meu pescoço, segurando tão
apertado que não conseguia respirar. Eles queriam me machucar, mas você,
docinho, é todo pretensão. O que você fez pode intimidar uma jovem, mas eu
não. E duvido muito que você me machucaria, especialmente sabendo o que
isto faria para Jasper. Você viu como ele reagiu quando você foi rude comigo.
Ele é protetor comigo, rapaz, o que significa que se você realmente quer me
machucar, esteja preparado para perder seu melhor amigo, uma vez que
você perder seus dentes, é isso.

— Você é uma puta.

— É verdade, mas sou uma que sabe o que quer, e isso é você. Então,
o que vai ser, Dante? — Ela levantou as sobrancelhas. — Seu pai descobrir o
que está aprontando ou fazer este pequeno favor para mim?

Não respondo, sabendo que ela me tinha pelas bolas.

— Não pareça tão assustado, docinho. Você vai adorar o que tenho
planejado para você. — Ela agarrou minha cintura e puxou-me para ela.
16

Eu fui à escola no dia seguinte, toda animada e positiva que


transformaria minha situação ruim em uma coisa boa. Quando entrei na
minha sala de aula, meu humor foi levantado ainda mais ao ver o Dante. Ele
estava sentado atrás de sua mesa, não causando nenhum problema. Em vez
disso, ele estava debruçado para frente e escrevendo algo em um livro, sua
total atenção no que ele estava fazendo... ao contrário de seus amigos, que
estavam ocupados fazendo barulho como de costume.

Fui até minha mesa, recebendo da metade da turma “Olá, Srta!” Eu


respondi com um "Oi" olhando rapidamente para Dante, mais uma vez. Ele
ainda estava envolvido em seu livro, seu rosto uma máscara de
concentração. Eu me perguntei se ele estava escrevendo outro poema
urbano, minha curiosidade despertou após o último que ele tinha escrito, o
garoto era realmente talentoso.

Eu rodeio minha mesa e agarro a lista para marcar as presenças.


Quando chego no nome de Dante, ele não responde. Chamo seu nome mais
uma vez, recebendo um — Sim, você me vê, então não pergunte de novo.

Desejei para mim mesma não gritar com sua grosseria. Eu tinha que
me lembrar que ele era um jovem homem com problemas, alguém que
precisava da minha ajuda, não mais detenção. Além disso, conhecendo-o, ele
teria provavelmente acumulado suficiente deslizamentos azuis da cor do céu,
um tom diferente de azul — e eu não ia acrescentar a isso.
Retomei a chamada, sentindo orgulho que não reagi. Quando
termino, eu me sento no canto da minha mesa, observando toda a classe. Eu
tinha uma novidade que queria lhes contar, o e-mail do professor de música
veio na hora certa. Sr. Grey não era definitivamente uma pessoa vingativa, o
homem era extremamente agradável.

— Esta manhã fui convidada para ajudar com as audições para a


apresentação da escola, — eu disse.

— Qual peça será? — Lindy perguntou, a garota parecendo ansiosa,


juntamente com alguns outros estudantes. Foi a primeira vez que vi eles
reagirem tão entusiasticamente, o que foi uma surpresa agradável.

— Otelo.

Lindy soltou um estridente grito de prazer. — Eu quero estar nele!

Eu sorri para ela. — Então faça um teste para um papel. As audições


serão realizadas amanhã na hora do almoço no salão principal. Eu,
juntamente com Sr. Aston e Sr. Grey, vamos decidir quem terá os papéis, —
disse, desejando ter Beverly e não Paul trabalhando comigo. Eu ainda não
suportava o homem, mais ainda desde que ele continuou a olhar para mim.
A única diferença era que me dava uma careta em vez de um sorriso quando
o pegava olhando.

Lindy franziu a testa. — Por que você precisaria do professor de


música? É uma peça não um musical.

— Não, nesse caso. Ela foi adaptada para um musical


contemporâneo...

— Otelo não pode ser um musical! — ela me cortou, sua expressão


horrorizada. — Isso é um sacrilégio.
— Discordo, — respondi, interessada em levar Shakespeare para um
novo público. — Na verdade, acho que é uma ideia maravilhosa. Você pode
cantar?

Ela balançou a cabeça. — Ninguém aqui pode, exceto por Phelia e o


pau ambulante na última fileira.

A classe começou a rir, todos sabem de quem ela estava falando. Os


amigos de Dante deixaram sair sons de acordo que ele era de fato um pau
ambulante. Mas ao contrário de todos os outros, Dante não fez um pio, só
manteve rabiscando em seu livro. No entanto, sua postura parecia mais
rígida, dando-me a impressão que o comentário de Lindy tinha irritado ele.

Rindo do que Lindy tinha dito, Jasper o cutucou. Dante rosnou algo
muito baixo para eu decifrar, limpando o sorriso de Jasper. Franzi a testa,
agora me perguntando o que estava errado, já que ele teria normalmente se
vangloriado de alguma coisa assim, não ficado chateado.

— Dante! — Eu chamei. — Você está bem?

— Não, eu sou um fodido pau ambulante, — ele cuspiu, ainda não


olhando para cima, o tom dele pingando com desprezo.

Mudei meu olhar de volta a Lindy. — Peça desculpas ao Dante, Lindy.

Ela revirou os olhos. — Deus, os caras nesta classe ficam tão doidos.

— Você ainda precisa se desculpar.

— Me desculpe, Dante, — ela disse, soando insincera.

Eu olhei para Dante, que ainda tinha o nariz preso no caderno.


Querendo envolvê-lo na conversa de uma forma positiva, eu perguntei, —
Então, desde que você pode cantar, Dante, espero ver você nas audições.
Sua cabeça levantou, seus olhos na minha direção. — Como o
inferno! Eu não estou cantando coisas gays, — ele cuspiu.

Eu não respondi imediatamente, me perguntando por que ele estava


agindo tão agressivamente. — Otelo não é gay, — eu finalmente disse, — e
não use essa palavra como um insulto.

— Tanto faz. — Ele olhou de volta para seu caderno.

— Está escrevendo um novo poema? — Eu perguntei. — Talvez você


poderia ler para a classe. Eu estava impressionada com o que você escreveu
para o Sr. Grey.

— Não.

Eu suspirei, sabendo que não poderia fazê-lo. Não só isso, tinha


outros alunos que precisavam da minha atenção, que não poderia dar se
estivesse focando nele.

Esforçando-me para olhar longe de Dante, fui instruindo a classe


para escrever tudo o que sabia sobre Otelo. Depois de alguns minutos, fiz
meu caminho entre as mesas, parando ao lado de Phelia. Ao invés de fazer o
trabalho dela, a garota estava dizendo a amiga dela sobre o babaca do Happy
Meal 'perseguidor de bunda', suas palavras recheadas com palavrões.

Bati na mesa para chamar a atenção dela. — Escrever mais e


conversar menos.

Ela fez uma careta e pegou sua caneta. Eu continuei pelo corredor,
olhando para os cadernos dos alunos para certificar-me de que eles estavam
fazendo o que eu tinha pedido. Assim que me aproximava do fundo da sala,
vi Jasper jogando um jogo embaixo da mesa em vez de escrever. Fui falar
com ele, mas em vez disso, mantive minha boca calada, vendo uma
oportunidade de espreitar o que Dante estava escrevendo.
Sem os rapazes perceberem, consegui ir atrás deles e espiar entre
seus ombros, olhando no caderno de Dante. Ele estava escurecendo as
palavras na primeira linha de um poema, como se ele tivesse feito a algumas
cartas ao fundo da página. Comecei a ler o que ele tinha escrito...

MINHA APARÊNCIA
São tudo o que elas veem
Meus
Olhos
Lábios
Mandíbula

Músculos

Meu
Apelo
Sexual

Eu sou uma coisa que elas querem

Para
Tocar
Foder
Sentir

Um estúpido pau
Sem futuro
Apenas um passado

De
Violação
Incesto
Dor7

Enterrado
Dentro de mim

Fodendo
Com meu
Cérebro

— Dante — ofego, horrorizada com o que ele tinha escrito, as


referências a violação e incesto batem-me mais forte. Embora soubesse que
pessoas escreveram sobre coisas que não se relacionavam a elas, suas
palavras vieram do outro lado como distintamente pessoal.

Ele bateu o caderno fechado e virou a cabeça para mim. — O que


está fazendo? — ele gritou, parecendo furioso.

Eu apontei para seu caderno. — O que você escreveu aí...

— Não é da sua conta!

Eu estendi a mão. — Calma, não há nenhuma necessidade de


exagerar.

— No inferno que não tem! — Ele empurrou o caderno em sua


mochila.

— Ainda precisamos falar sobre o que você escreveu.

— Não! Você não deveria lê-lo.

7
Deixado no original para dar sentido as letras grafadas: RIP - Morto
— Você está certo, mas não posso ignorar o que eu vi. Depois da
aula, precisamos falar sobre isso.

— Isso não está acontecendo. — Ele levantou-se e puxou a alça por


cima do ombro.

Eu estendi minha mão novamente. — Não saia. Lamento aborrecê-lo.


Se você ficar, eu vou esquecer isto, — por enquanto. Eu volto rapidamente
rumo à minha mesa, na esperança de que iria satisfazê-lo.

Ele permaneceu onde estava, parecendo incerto do que fazer. Seus


olhos eram escuras piscinas de emoção, dando-me a impressão que estava
segurando lágrimas. Fez meu coração doer por ele.

Fui para trás da minha mesa. — Mais uma vez, me desculpe, —


repeti, me sentindo culpada por irritá-lo. — Por favor, apenas sente-se.

Ainda parecendo incerto, ele se abaixou em sua cadeira, deslocando a


mochila na frente dele, a agarrando como se fosse um escudo.

Querendo dar-lhe espaço, voltei para a lição. — Vocês podem parar


de escrever agora, — Eu disse para o resto da turma, percebendo um
segundo mais tarde que eles já tinham parado. Eles estavam olhando entre
mim e Dante, obviamente mais interessados em nosso argumento do que
seu trabalho.

Com necessidade de chamar sua atenção para longe de Dante,


apontei a Lindy. — Diga-me o que você escreveu sobre Otelo.

Lindy sentou-se reta, parecendo satisfeita que eu tinha chamado ela.


Ela começou a falar sobre a peça, a menina sabia muito sobre Otelo. A deixei
continuar por um tempo, dando uma olhada em Dante para me certificar de
que ele estava bem. Ele ainda estava segurando a mochila na sua frente,
mas estava olhando pela janela, ignorando Jasper, que estava tentando falar
com ele, seu amigo parecendo preocupado.

Voltei meu olhar para Lindy. — Você tem um maravilhoso


conhecimento da peça, Lindy, — disse. — Espero que você vá ter um papel.

Ela fez uma careta. — Mas eu não posso cantar.

— Nem todas as peças exigem canto. Dança e atuação também estão


envolvidos.

— Dançar? — Ela gritou, parecendo horrorizada.

— O que há de errado sobre a dança?

— Tudo, — ela cuspiu. — Não faço balé, eu sou uma atriz.

— Não haverá qualquer balé, vai ser break e hip-hop.

— Isso é ainda pior! Hip-hop é um monte de movimentos


espasmódicos, enquanto o Break é girando no chão, parecendo um drongo.

— O que você saberia? — Dante falou, puxando minha atenção de


volta para ele. Ele estava olhando para Lindy, seus olhos cheios de veneno.
— Break e hip hop precisam de muita habilidade para fazer. Eles também
são reais.

— Real? — Lindy perguntou.

— Não são pretensiosos como o balé. Estão cheios de paixão e


significado.

Lindy zombou. — Que monte de merda.

Dante zombava dela. — O único monte de merda aqui está em sua


calcinha de vovó, sua emo idiota.
— Dante! — Repreendi. — Não faça isto pessoal.

Seus olhos escuros voltaram para mim. — Essa é a coisa, é pessoal.


Se você soubesse alguma coisa sobre essa forma de dança, saberia disso.

— Então, me diga sobre elas, — Eu disse, o tema obviamente perto


do seu coração.

— Break e hip hop estão ligados às ruas, a vida, não a uma fantasia
ou um pouco de cultura que não temos nenhuma conexão.

— Sou parte Inglesa e também muitos outros Kiwis8, então nós temos
uma conexão ao balé.

O lábio superior dele enrolou em desprezo. — Balé não é Inglês. Ele


se originou na Itália e, em seguida, se desenvolveu na Rússia e França.

Eu levantei minhas sobrancelhas, Dante estava me ensinando


totalmente. Mas então, novamente, eu não sabia nada sobre a história da
dança e só tinha assumido, o que eu não devia, já que a Rússia teve alguns
grandes dançarinos de balé.

Ele continuou, — Devemos comemorar nossa cultura, não a de outra


pessoa, que é o que o balé faz.

— Mas hip-hop e break originaram-se da América, — rebati, pelo


menos isso.

— Eu sei. Começou no sul do Bronx. Break era usado como um meio


de batalha fora do território em vez de usar a violência, enquanto o hip-hop
quebrou as barreiras raciais, se espalhando como um louco porque era tão
calmo e fresco. Ao longo dos anos os dois mudaram, o hip-hop mais
especialmente no sul de Auckland. Aqui temos uma forte influência Maori e

8
Australianos
Poly. Por causa disso, a maneira que fazemos hip hop é diferente dos nossos
irmãos americanos. Nós já adaptamos para nossa cultura, cortando e
alterando, adicionando e subtraindo, tornando-se tão estranha para os
ianques, como balé é para nós. Agora, se o balé se transformasse da mesma
forma, então talvez ele não seria tão chato. Formas de dança não devem
repetir a história, elas devem refletir o presente, ou vai se tornar repetitivo,
uma peça antiquada de porcaria que deveria ser enterrada com os ossos de
seu criador.

Eu pisquei para ele, tanto surpreendida quanto impressionada com


suas palavras. — São formas modernas de balé.

— Só porque eles roubaram da dança moderna.

— Ou talvez a dança moderna roubou deles.

— É tudo uma questão de opinião.

— É verdade e a propósito, as palavras que você está usando são


impressionantes.

Ele zombou. — Só porque você pensou que eu era uma idiota.

— Não fique na defensiva. Foi um elogio, não um insulto.

Ele não respondeu, não diminuindo sua expressão irritada.

Eu limpei minha garganta. — Então, você dança? — Eu perguntei,


lembrando que o diretor tinha dito sobre interar Dante em um assunto que
ele amava.

Ele jogou seu olhar em torno da classe, murmurando, — Sim, — a


expressão dele se tornando envergonhada.
— Ele não só dança, — Jasper falou. — Ele limpou o chão com todos
os rabos. Ninguém pode vencê-lo em uma dança. — Um número de outros
alunos murmurou de acordo.

Dante sentou-se reto, deixando seu constrangimento.

— Onde você aprendeu a dançar, Dante? — Eu perguntei, sabendo


que não deveria me concentrar nele. Eu só não pude me fazer parar.

— Nas ruas, nos clubes —

— Você é muito jovem para ir a clubes noturnos.

— Eu não pareço ser, — respondeu ele, fazendo-me sentir justificada


por pensar que ele poderia passar por seguranças. — Eu também dancei no
Clube Dali quando era mais jovem.

— Por que você iria para o Clube Delhi?

— Para fazer merda cultural.

— Você não parece índio.

— Isso é porque eu não sou, — respondeu ele, olhando para mim


como se eu fosse estúpida.

— Então, por que você iria a um dos clubes deles?

— Eu não disse Delhi, disse Dali como em Dálmatas da costa croata.

— Oh, eu pensei que você fosse italiano ou brasileiro.

— Eu já disse que eu não era italiano quando mencionei balé. Eu sou


meio Croata, cerca de 30% Maori, e o resto é Romeno. Embora, sou
confundido com italiano muitas vezes. Soquei Happy Meal por me chamar de
preto uma vez. Maldito desgraçado me disse para voltar para casa, então o
mandei para casa com um nariz estourado. É por isso que ele é esmagado.—
Parecendo satisfeito consigo mesmo, ele bombeou punhos com Jasper, seu
mau humor melhorando um pouco.

Eu balancei minha cabeça. — Racismo é errado, mas não defendo a


violência também.

— Nah, senhorita, você tem que levantar por si mesmo ou idiotas


como Happy Meal vão quebrar seu espírito. É o que vai fazer você superar os
golpes duros. Sem isto, sua mente vai desmoronar e você vai acabar em uma
ala de psique, com seus cadarços e cintos confiscados, porque as
enfermeiras estão com medo que você pode se enforcar com eles.

— Como você sabe isso? — Eu perguntei, imaginando se ele tinha


sido internado antes.

Ele virou a cabeça para a janela, resmungando, — Só sei.

Com medo que passei dos limites novamente, voltei o tópico para o
musical. — Então... desde que você supostamente pode cantar e dançar,
espero te ver no teste.

Seu olhar voltou-se para mim. — Não há nenhum supostamente


sobre isso, eu posso.

— Então, prove.

Ele levantou, parecendo que iria fazer uma apresentação para mim
no local.

— Não, eu quis dizer na audição, — corrijo.

— Tenho negócios, então não posso ir.

— Que tipo de negócio?


Ele olhou para mim. — Nada que diz respeito a você.

— Então, não venha e vou pensar que você não consegue cantar.

— Mas todos sabem que eu posso.

— Eu não.

— Por isso eu vou cantar agora.

Coloco minhas mãos nas orelhas. — Você também canta nos testes
ou nada.

— Ok! — ele respondeu alto o suficiente para eu ouvir. — Eu vou


fazer isso!

Descobri meus ouvidos, feliz que finalmente tinha feito um grande


avanço.

***

Entrei na sala do diretor, recebendo um sorriso brilhante do grande


homem. Os dentes dele estavam quase me cegando contra sua tez de sorvete
de chocolate, perfeito e reto, nada sobre o homem fora do lugar. Como de
costume, ele parecia elegante. Desta vez ele estava vestido com calças de
terno preto e uma camisa roxa escura. A gravata dele também era preta com
riscas de roxo, enquanto seu paletó descansava na parte de trás da cadeira
em vez estar sobre seus ombros largos. Ele ajustou seus botões de punho
prateados, em forma de âncora e sentou atrás de sua mesa, indicando para
eu sentar também. Eu estava aqui para dizer-lhe sobre o poema de Dante,
depois que o rapaz foi embora sem me dar uma chance de falar nisso de
novo.

Me sentei quando o telefone do diretor Sao tocava. Parecia que ele ia


ignorá-lo, mas em vez disso, murmurou um pedido de desculpas e o pegou.
Enquanto ele falava ao telefone, olhei de relance em torno de seu escritório,
encontrando-o em desacordo com sua exuberante personalidade e
aparência. Ele parecia mundano, mais funcional do que atraente. Se alguma
coisa, me fez lembrar o escritório do diretor da prisão em um drama de
televisão que assisti, que era uma analogia apta, considerando como os
estudantes agiam como se estivessem na cadeia.

Em grande parte, a sala estava cheia de cores maçantes, silenciadas,


apenas uma obra de arte a salvando de ser completamente triste. A
impressão emoldurada retratava duas pessoas caminhando na água, com
bastante cor para animar a imagem na maior parte preta e branca. Linhas
horizontais brancas atravessaram a marina, lembrando-me de quando a
impressora acabou a tinta, mais esteticamente agradável. Em comparação,
as pessoas eram consideravelmente mais escuras do que seus arredores, tão
parecidas com um teste de Rorschach. Era uma descrição fascinante e
incomum, fazendo-me saber quem era a artista.

Diretor Sao desligou o telefone, puxando minha atenção de volta para


ele. — Você queria falar comigo sobre Dante? — ele perguntou.

Balançei a cabeça. — Hoje eu li um de seus poemas que achei


bastante perturbador.

— Você trouxe com você?

Eu balancei minha cabeça, não precisando do poema impresso no


meu cérebro. — Não era para lê-lo. Dante estava escrevendo na aula, não
prestando atenção à lição, então olhei por cima do ombro dele para ver o que
ele fazia. Devo dizer, fiquei um pouco chocada.

Diretor Sao apertou as mãos juntas e inclinou-se, descansando os


cotovelos na mesa dele.
— O que foi isso? — ele perguntou, sua expressão curiosa.

— Como as pessoas só estão preocupadas com sua aparência e que


só querem ele para o sexo. — Limpei minha garganta, sentindo-me
desconfortável dizendo isso em voz alta. Parecia obsceno pensar que alguém
trate uma pessoa de quinze anos dessa forma. Mas o que era ainda mais
obsceno, era que eu tinha olhado para ele de uma forma sexual. Até mesmo
eu tinha pensado nele enquanto fiz sexo, o 'elas' em seu poema referindo-se
a mim tanto como qualquer outra pessoa. No entanto, em minha defesa, não
agi sobre minha atração. Mas, ele foi o único que me encurralou no banheiro
dos meninos, não o contrário.

Continuei, — Chamou-se de um prostituto e que ele não tem um


futuro, apenas um passado, um com violação e incesto nele.

O rosto do diretor Sao ficou triste. — Ele estava se referindo ao seu


irmão.

Eu balancei minha cabeça. — Não, o poema era claramente sobre ele.


Ele estava usando a primeira pessoa nele. Ele também ficou muito na
defensiva depois que ele me notou lendo. Ele parecia perto das lágrimas.

Diretor Sao se recostou na cadeira dele e estreitou os olhos para


mim. Não havia maldade neles. Parecia mais que ele estava contemplando o
que eu disse. — Espero que isso não seja verdade, mas não descartaria isso,
especialmente considerando sua história familiar. — Suas linhas de
expressão se aprofundaram. — Antes que eu divulgue mais sobre a vida
pessoal de Dante, quero sua palavra que não vai repetir o que digo a
ninguém.

Balanço a cabeça. — Claro, você tem minha palavra.


Ele olhou para a imagem que eu gostei. — Eu conheço a família Rata
muito bem, em especial o irmão de Dante, Ash. — Ele apontou para a
imagem. — Ele pintou essa imagem.

Concentrei-me nela, um pouco surpresa. — Eu pensei que era uma


impressão.

— Só porque o trabalho de Ash é incrivelmente preciso. Ele é um


rapaz talentoso, como o irmão. — Ele exalou suavemente, um lamento quase
silencioso. — Retrata quando Ash tentou cometer suicídio com—

Eu olho para ele rapidamente. — Dante?

Ele balançou a cabeça. — Não, um amigo de Ash.

Eu franzi a testa, pensando que era um estranho presente para dar a


alguém. — Se não é Dante, por que me contou isso?

A expressão dele ficou aflita. — O irmão de Dante tentou se matar,


porque ele foi estuprado por seu padrasto.

— Oh... — Eu disse, não tendo esperado ouvir isso.

— E Dante interrompeu.

Era uma brincadeira.

— Dante tentou defender seu irmão, que terminou com seu padrasto
brutalmente o atacando e matando sua mãe. — Um véu de tristeza caiu
sobre suas feições. — Costumo dizer a seus professores sobre o seu passado,
menos porque ele foi espancado, mas pensei que você precisava saber devido
ao poema dele.

Mudei-me no meu lugar. — Então, você acha que se seu padrasto


estuprou o irmão dele, então ele poderia ter estuprado Dante também?
— Embora não houvesse nada no teste que sugerisse, não
descartaria a possibilidade. — Ele abriu uma gaveta e tirou um caderno. —
Eu vou deixar seu conselheiro saber o que você disse. — Ele pegou uma
caneta e anotou algo. — Espero que ele estivesse se referindo a seu irmão e
não a ele mesmo. O pobre rapaz passou bastante sem algo assim está
acontecendo com ele.

Concordei, espero que sim também.

O telefone tocou novamente. Ele o pegou e respondeu, não parecendo


feliz com o que estava escutando. — Eu estarei lá em um minuto, — ele
disse para o receptor. Ele o colocou para baixo e se levantou. — Parece que
eu tenho que resolver pequenas coisas. Alguns novatos estão brigando lá na
frente.

Segui-o para fora de seu escritório, assistindo-o correr. Virei na


direção oposta e caminhei para a sala de professores, encontrei Beverly
sentada no lugar de sempre. Mas em vez de comer, ela estava encarando a
lancheira, o olhar perdido em pensamentos. Ela olhou para mim quando me
sentei do outro lado dela.

— Tudo bem? — Eu perguntei, pegando meu almoço da minha


mochila.

Ela balançou a cabeça. — Dante Rata estava estranho em sua aula


hoje?

Balanço a cabeça. — Acabei de falar com o diretor sobre um poema


perturbador que ele escreveu.

— Sobre o que era?

— Não posso dizer, desculpe.


— Tinha algo a ver com sexo?

— Sim. Por quê?

Ela se levantou e andou em volta da mesa para se sentar ao meu


lado.

— Depois da aula, ele veio até mim, perguntando a minha idade. Eu


disse-lhe que não era da conta dele. — Ela baixou a voz dela. — Então ele
perguntou se eu já pensei em fazer sexo com ele.

— O quê?

Ela estendeu uma mão, indicando para eu abaixar minha voz. — Não
acho que ele estava pedindo por sexo, só queria uma resposta. Eu disse a ele
que não. Ele perguntou por que e eu disse que porque ele é um aluno.

— O que ele disse para isso?

— Ele murmurou que eu era a minoria e saiu. Você acha que eu


deveria relatar isso para o diretor?

Concordei, me sentindo ainda mais preocupada com Dante.

Uma mulher começou a rir alto, tirando a atenção de Beverly para


longe de mim. Um sorriso de escárnio apareceu em seus lábios, a expressão
dela preenchida com ódio. Eu me virei para olhar para quem ela estava
parecendo venenosa. Minhas sobrancelhas arquearam, surpresa ao ver
Helen na frente de Paul, tocando seu braço carinhosamente, especialmente
depois do que ela tinha dito sobre ele no banheiro do bar.

— Quem me dera que aquela puta iria deixá-lo em paz, — Beverly


murmurou irritadamente. — Um segundo ela o odeia, no segundo seguinte
ela o quer de volta.
Eu me reoriento para Beverly. — Eles estavam juntos?

— Infelizmente. Ela é a ex-mulher, e parece que está enfiando suas


garras nele novamente, e o idiota está deixando. — Beverly se levantou e
saiu da sala, deixando seu almoço para trás.

Olhei para Paul, seu olhar seguindo Beverly. Helen agarrou seu rosto
e puxou ele para ela. Paul afastou e correu atrás de Beverly. Voltei minha
atenção para Helen, que estava olhando para a porta de entrada. Seu foco se
deslocou para mim, me dando a impressão que ela estava pensando em vir
na minha direção. Peguei minha bolsa e levantei, não querendo me envolver
com o drama de ninguém, tendo o suficiente para enfrentar.

Sai da sala, quase sendo atropelada por Ronald. O garoto estava


correndo pelo no corredor com uma expressão ainda mais venenosa do que a
de Beverly. Se um olhar pudesse matar, a pessoa que ele estava atrás já
estaria morta.
17

Estava saindo da escola com Jasper no meu encalço. — Pare de


andar tão rápido, Dante! — Ele gemeu. Mantive meu ritmo, desejando que
ele tivesse a imagem de que não queria falar com ele. Eu o estive ignorado a
maior parte do dia e agora ele estava em uma missão para descobrir o
porquê. Me senti mal por isso, mas não poderia evitar. Olhar para ele me
lembrava do que sua tia tinha feito, e embora soubesse que não era culpa
dele, não conseguia lidar com isso agora. Eu devia ter faltado a escola, mas
tinha estupidamente pensado que iria me distrair, mas música mesmo era
uma tarefa, enquanto o Inglês... Apesar da parte onde falamos sobre dança,
tinha sido intensamente desconfortável, especialmente quando a professora
tinha lido meu poema. Sabia que ela tinha boas intenções, mas porra, nem
deixo meu conselheiro ver essa parte de mim. Era particular, intensamente
privado, algo que ninguém tinha o direito de ler.

Empurro passando um formando, recebendo um “O que está fazendo,


filho da puta!” em troca, mas em vez de virar e ficar cara a cara para
insultar, continuo na multidão de estudantes, desesperado para fugir de
Jasper. Quando cheguei ao estacionamento, um Ford azul estava
encostando no meio fio. Parou ao meu lado, me deixando tenso.

A tia de Jasper colocou a cabeça para fora da janela do motorista. —


Quer uma carona? — perguntou ela, rindo de mim.
— Porra, sim! — Jasper diz, finalmente me alcançando. Ele rodeou o
carro, gritando, — Obrigado, tia. — Ele espremeu seu corpo no banco da
frente, batendo com a porta fechada.

Sua tia normalmente repreendia a ele por isso, mas em vez disso, ela
manteve seu olhar em mim. — Você vem? — Ela sorriu, a cadela deve estar
pensando que sua formulação era engraçada.

Eu lhe mostro o dedo e me afasto do carro, não estando disposto a


estar no mesmo espaço que ela mais uma vez. Parei a vários passos do Ford
com a visão da Srta. Hatton. Ela estava destrancando um Volkswagen
amarelo no estacionamento dos professores. Parecendo esgotada, ela
deslizou uma caixa dentro do carro, e depois limpou sua testa, pontos
molhados descolorindo sua blusa azul. Isso fez ela parecer mais real, sua
aparência não era forjada para atrair um homem. Era ela, não um exterior
superficial como Phelia se vestia. Queria saber se era isso o porque não
gostava de Phelia. Ela era tão falsa — ao contrário da Srta. Hatton.

Ela fechou a porta e foi para o lado do motorista, parando quando me


viu olhando para ela. Eu não desviei o olhar, não me importando que ela
tinha me pego. Ela deixou cair o olhar por um momento, concentrando-se na
bolsa pendurada ao redor de seu corpo. Ela me olhou novamente,
provavelmente perplexa quanto ao porque eu estava ainda olhando para ela.
Não sabia por que estava fazendo isso, mas por algum motivo a presença
dela tinha afastado a raiva que senti ao ver a tia de Jasper. Ou talvez fosse
porque ela era o oposto dessa vadia oportunista assustadora. Ela se
importava com o que eu pensava em vez do que eu poderia fazer por ela, ou
mais precisamente, como poderia fazer.

— Dante, — gritou Jasper. — O que você está fazendo? Entre no


carro!
Eu olhei de relance para ele. Ele tinha saído do carro de sua tia e
ficou me encarando por cima da cobertura, parecendo apenas tão perplexo
como a Srta. Hatton. Perguntava-me o que lhes parecia minha expressão.
Provavelmente em branco, porque minhas características estavam
congeladas.

— Não quero uma carona, — eu disse.

— Bem, você está tendo uma, — Jasper respondeu, — Então, deixe


de ser um pentelho e entre.

O som de sapatos de salto altos clicando contra o chão puxou minha


atenção longe dele. Me virei para ver a Srta. Hatton se aproximando de mim.
Ela estava segurando um pedaço de papel na mão, parecendo nervosa.
Novamente, a memória dela lendo meu poema voltou. Esperava como o
inferno que ela não ia falar nisso, porque não havia nenhuma maneira que
estava discutindo isso com ela.

Ela parou na minha frente e estendeu o papel. — Isto é para você.

Olhei para ele, a palavra SLAM capturando minha atenção. Eu


peguei o papel, dando-lhe um rápido aceno. Ele estava anunciando um clube
de poesia Slam9.

Eu estendi para ela levar de volta. — Não faço Slam.

Os braços dela ficaram ao seu lado. — Por que não? Sua poesia é
ótima. — Seus olhos se arregalaram, como se ela tivesse dito a coisa errada.
— Estava me referindo a Infelizes Para Sempre, não o poema Minha
Aparência, embora foi inteligentemente escrito também, — ela balbuciava,
seu rosto ficando mais vermelho a cada segundo. — Mas ainda não devia ter
lido isso, só não sabia que estava escrevendo algo tão pessoal.

9 Um tipo de poesia que expressa uma história pessoal, é feito como um concurso, onde a pessoas
recitam seus poemas numa competição.
Independentemente disso, realmente sinto muito e queria te dizer que você
tinha todo direito de estar com raiva de mim, então vamos esquecer e voltar
para o fato de que você é um poeta incrivelmente talentoso —

— Não, não sou, — Eu cortei ela.

— Sim, você é. Seu poema Infelizes Para Sempre era —

— Bom, mas não ótimo, e você não pode julgar se sou talentoso
depois de ler apenas um ou dois poemas meus.

— Eu não estou só me baseando em sua escrita. A forma como você


fala pode ser poética, como quando você estava falando de dança urbana da
Nova Zelândia ser diferente da América. A parte da adição e subtração foi
realmente inteligente.

Eu pisquei, não costumavam me chamar de inteligente. As pessoas


me chamavam de burro, estúpido, detestável, arrogante, mas nunca
inteligente.

Ela bateu o anúncio. — Então, dê uma chance, você pode gostar do


clube, pode até ganhar algumas competições.

Uma buzina soou atrás de mim, seguido por Jasper gritando para eu
entrar no carro novamente, o bastardo não ia desistir. Às vezes era uma
batalha entre nós, nenhum estava disposto a desistir, não importa quão
grande ou pequena a situação era. Olhei por cima do ombro, prestes a xingá-
lo, mas em vez disso, meu olhar pousou em sua tia. Ela estava olhando para
Sra. Hatton com uma cara de ciúmes.

Eu mostrei o dedo novamente, murmurando 'Vá se foder' para a vaca.

Jasper gritou, — Bem, foda-se você também! — Provavelmente


pensando que eu tinha feito isso para ele.
Por um momento, pensei em dizer-lhe que não era dirigido a ele, mas
decidi contra isso, porque pelo menos ele ficaria longe de mim.

Eu me virei para a Sra. Hatton quando a tia de Jasper finalmente


saiu, fazendo barulho com seus pneus horríveis.

Sra. Hatton deixou cair seu olhar, parecendo envergonhada. — Eu


também sinto muito pelo que aconteceu ontem, — ela disse, a voz dela quase
um sussurro. — Eu não devia ter feito o que fiz ou ficado zangada com você
quando você apontou isso. Merecia tudo o que você jogou em mim. Foi
errado, eu estava errada. Por favor, perdoe-me, — ela disse, olhando para
trás.

Um segundo depois ocorreu-me que ela estava falando sobre me


observar recebendo um boquete.

— Por que está se desculpando? — Perguntei, pensando que ela não


tem nada que pedir desculpa. — Adorei o que você fez, ao contrário da... —
Fechei os olhos por um momento, uma súbita raiva borbulhando do nada,
com raiva tanto de mim como da tia de Jasper. E de Jasper também. Eu
queria gritar com ele, mesmo que ele não era o único quem tinha me ferrado.
Ainda assim, lhe disse que sua tia estava me perseguindo, no entanto, ele
não acreditou em mim, ele foi em defesa dela ao invés da minha. E se eu
admitir o que ela tinha feito ontem, ele teria provavelmente me chamado de
mentiroso. Que amigo fodido que ele era.

Enrolei as minhas mãos em punhos, a memória da sua tia me


tocando me irritando ainda mais. Outra lembrança surgiu em seu lugar, de
alguém mais me tocando. Eu me senti gritando, batendo, fazendo algo —
qualquer coisa — para deixar escapar a fúria, mas em vez disso, afastei a
memória, a enterrando profundamente, dizendo a mim mesmo que não era
real, que era apenas um sonho. Talvez poderia fazer o mesmo com o que a
tia de Jasper tinha feito, enterrar tão profundo que mal lembraria.

— Ao contrário, do que? — Uma voz suave pediu.

Abri os olhos, vendo a Sra. Hatton me olhando com preocupação.

— Ainda está chateado comigo por ler seu poema? — Ela perguntou.

Eu balancei minha cabeça.

— Então, o que está chateando você?

Eu não respondo. Não poderia responder.

Ela tocou meu braço. — Por favor, me diga.

Eu afastei de seu toque, dizendo a primeira coisa que me veio à


mente. — Eu não estou interessado no Slam. — Empurrei o folheto para ela,
sem me importar como ele voou antes que ela pudesse pegar. Saí pela rua,
sabendo que não podia contar a ela — ou qualquer um. Eu iria lidar com isso
sozinho, como eu sempre fiz.

***

Abri o portão para minha casa, soltando os meus cães. Bob e Marley
começaram a latir e pular ao meu redor, animados por ver-me em casa. Sorri
pela primeira vez hoje, feliz em vê-los também, meus cães sempre me
animando. Eles não me julgam ou ficam bravos comigo, só querem meu
amor e atenção.

Eu tranco o portão atrás de mim e vou para o meu jardim. Marley


começou a bater a cabeça dela na minha perna. Parei e olhei para ela. —
Você quer um abraço, garota?
Ela latiu uma afirmativa. Sorrindo, sentei-me no meio do gramado e
estendi os braços para ela. Ela pulou em mim, me derrubando no chão. Ela
era uma grande garota, sua predileção por alimentos dando a ela uma
barriga muito maior do que a de Bob.

Eu ri quando ela começou a lamber meu rosto. Bob tentou dar


algumas lambidas também, ambos lutando pela minha atenção. Virei meu
rosto para o chão, mas apenas os incentivou mais. Eles me cutucaram com
seus narizes, tentando me fazer virar a cabeça de volta. Comecei a rir
maniacamente, que só os animaram mais, levando-os a saltar sobre mim.
Sem aviso, meu riso se transformou em um soluço. Rapidamente se tornou
um soluço alto, soluçando com uma descendente tristeza esmagadora sobre
mim, imersa em meus ossos, me atolando para baixo. Meu nariz começou a
entupir, mas era incapaz de parar, tudo de ruim de repente me atingindo,
mesmo as coisas que tinha pensado que tinha controle.

Tudo tinha começado quando meu pai começou a usar drogas há


cinco anos. A raiva dele tinha escalado para o ápice e o tornou
irreconhecível, uma pessoa diferente que habita o corpo dele. Ele tinha
atacado minha mãe e meu irmão mais velho, as drogas o fazendo perder a
sua mente, uma mente que já era instável por ele ser bipolar. A polícia teve
que usar o taser mais de uma vez, a metanfetamina trabalhando através do
seu sangue fazendo-o desumano. Em seguida, eles o tinham prendido por
quase três anos, deixando eu e minha família por conta própria. Meu irmão
tinha ficado feliz, sua conexão com nosso pai danificada além do reparo. Mas
eu. Sentia sua falta todos os dias.

Então minha mãe conheceu meu padrasto...

Agarro na minha cabeça, murmurando que o que o bastardo tinha


me feito não tinha acontecido, porque se tivesse, teria dito a alguém,
qualquer um não importa quão envergonhado e enojado me sentia, me senti,
o que significava que meu irmão não teria sido estuprado também. Minha
mãe também estaria viva se tivesse falado. Ela teria tentado proteger a mim
e Ash. Eu queria que ela me protegesse agora, para me abraçar e dizer-me
que tudo iria ficar bem. Mas nada estaria bem novamente. Sempre haverá
pessoas como meu padrasto e a tia de Jasper, arrastando-me para baixo,
fazendo-me desejar que tivesse morrido em vez de minha mãe.

Trouxe meus joelhos ao meu peito, me curvando. Meus cães pararam


de tentar passar por cima de mim. Um deles começou a choramingar,
enquanto o outro me cutucou delicadamente como se soubesse que eu
estava chateado.

— Seu retardado, o que está fazendo deitado no chão! — Gritou uma


voz.

Eu descobri meu rosto e virei-me, vendo Happy Meal olhando para


mim através da minha cerca. Atrás dele, um carro ocioso. Um de seus
amigos estava sentado no banco do motorista, também olhando para mim,
mas com curiosidade, ao invés de ódio.

Virei minha cabeça e limpei meu rosto, em seguida, me levanto


gritando, — Vai à merda!

Ele levantou as sobrancelhas. — Estava chorando?

— Não!

Ele riu. — Parece. Porra, você é um rejeitado. Não consegue nem


mesmo entrar em casa antes de começar a chorar como uma menininha.

Eu avancei rapidamente para a cerca, agarrando o fio metálico,


gritando, — Vai se foder! — Em seu rosto.

Ele suspirou ironicamente. — Que tal você ir se foder, garoto gay.


— Eu não sou gay!

Ele bateu com a mão contra a cerca onde o meu rosto estava,
empurrando o fio na minha pele. Minha cabeça é golpeada enquanto meus
cães ficam agressivos. Tanto Bob e Marley atiraram-se a ele, tentando atacar
Happy Meal através da cerca.

Ele recuou e apontou dois dedos para Marley, erguendo-os como uma
arma. Ele fez o mesmo para Bob. Então ele apontou para mim. — Fique
longe da minha garota, Rata, — ele disse, disparando sua arma imaginária,
— ou da próxima vez não vão ser os meus dedos que vou estar apontando
para você.

Um grito veio do outro lado da rua, fazendo Happy Meal girar ao


redor. Jasper estava explodindo através de seu gramado frontal mais rápido
do que podia se mover. Happy Meal saltou de volta para o carro do seu
amigo e bateu com a porta fechada, gritando, — Vai! — A pilha de lixo saiu,
seu tubo de escape, deixando para trás uma coluna fedorenta de fumaça.

Jasper se aproximou do portão, seu olhar furioso. — O que aquele


bastardo falou para você?

Eu não respondi, preocupado que ele iria atrás de Happy Meal.

Ele destrancou o portão, fechando por trás dele. Ignorando Bob e


Marley, ele caminhou na minha direção, parando quando ele se aproximou.
— Esteve chorando? — Ele perguntou, parecendo surpreso.

— Não, — peguei minha mochila do chão e fui para a casa. — É


alergia.

O som de seus passos pesados me seguindo espelhando meu


batimento cardíaco.
Ele não ia desistir, e realmente não estava com a cabeça certa para
lidar com ele — ou qualquer um, agora.

Tentando pensar em uma desculpa para me livrar dele, abri a minha


porta da frente, demasiado distraído para parar os cães de passarem por
mim. Fui os seguindo para dentro, gritando quando Jasper me empurrou
para a sala de estar.

Ele bateu a porta para fechar atrás de nós, sua expressão muito
séria. — Por que diabos esses idiotas estavam em sua casa? E por que você
está sendo um idiota comigo hoje?

— Eu sempre sou um idiota, — disse, virando-me para o corredor —


Então, cai fora.

Ele me seguiu. — Não me diga para cair fora!

Eu abri a porta do meu quarto.

— Não me ignore também! — ele surtou, agarrando meu braço.

Eu me soltei e entrei no meu quarto. — Desista, Jasper, não estou de


bom humor. Vá para casa. Eu vou falar com você amanhã.

Eu fui fechar minha porta. Ele empurrou, batendo-a contra mim. Eu


gritei, trazendo uma mão para minha cabeça. — Que merda, Jasper!

Parecendo arrependido, entrou no meu quarto. — Comece a falar. Eu


quero respostas.

Eu olhei para ele. — Enquanto eu quero que você se dane.

Ele cruzou os braços sobre o peito. — Não vai acontecer até que me
diga por que você tem agido como um imbecil.
— Preciso de espaço.

— Preciso de espaço — ele imitou, pondo uma voz de uma menina. —


Você parece uma puta chorona.

— Por que não me deixa em paz!

Não tirando os olhos de mim, ele chutou a porta com seu calcanhar.
— Porque eu quero respostas. E eu quero elas agora.

Amaldiçoando sob a minha respiração, virei-me para longe dele,


fazendo caretas quando meus olhos pousaram na minha cama — onde eu
tinha fodido a sua tia. A memória vil borbulhou, as imagens queimaram
minhas retinas, só me fazendo querer vomitar. Que foi por isso que
precisava me forçar a esquecer. As drogas sob minha tábua de assoalho
ajudariam, assim como minha mente fodida.

— Isso é sobre Happy Meal aparecendo? — Jasper perguntou. — É


por causa dele que você está sendo um idiota?

Ignoro, continuo olhando para minha cama. Arrepios levantaram em


toda a minha pele, fazendo formigar. Sua tia me disse pra fechar meus olhos
e imaginar alguém, nem mesmo se importando que tinha que pensar sobre
outra mulher para ficar duro.

Jasper colocou uma mão no meu ombro. — Acho que preciso


terminar essa coisa com o Happy Meal.

Eu balanço minha cabeça. — Ele não vale a pena. Ele só fala e não
tem coragem, — eu disse, não me importando com o cretino. O covarde não
vale nem um segundo pensamento, especialmente depois que ele tinha saído
rapidamente quando Jasper tinha aparecido.
— Ele não é só conversa. Ele te atacou, mais de uma vez. Eu também
o vi com os dedos em você e os cães—

— Era uma ameaça vazia para me manter longe dele e da sua


namorada puta.

— Você está subestimando o bastardo.

— Conheço-o há mais de dois anos, — disse, finalmente voltando


para o rosto de Jasper. — E tudo que ele fez é se vangloriar e me dar alguns
hematomas. Jesus, se ele cumprisse metade das coisas que tinha dito,
estaria morto e enterrado há muito tempo.

— Isso é diferente. Ele ama Phelia. Caras fazem loucuras por uma
boceta quente. Se ela fosse minha, poderia matar qualquer cara que tentasse
levá-la de mim. Não você, claro. Irmãos antes de bocetas, mas você entendeu
o que quero dizer.

— Não, porque não entendo porque vocês pensam que ela é tão boa.

— Só porque você já foi estragado para a escolha. O que eu não daria


para parecer com você.

Faço careta, sabendo que levaria suas palavras se ele soubesse o que
minha aparência realmente me fez.

— E ninguém precisa saber, — Jasper acrescentou.

— Saber o que?

— Eu vou ter certeza que as coisas estão cobertas.

— Sobre o que está falando? — Eu perguntei, Jasper, às vezes era


difícil de entender, especialmente quando ele pulava tópicos sem aviso
prévio.
O rosto do Jasper endureceu. — Matar Happy Meal.

Meus olhos se arregalaram. — Tá brincando comigo?

Ele balançou a cabeça.

— Não! — Eu gritei. — Você não vai matá-lo.

Jasper fez uma careta. — Por que não? Ele vai continuar vindo atrás
de você. Eu também vou estar fazendo ao mundo um favor enorme.

— Não importa; Você ainda não pode matá-lo.

— Isso importa. Você precisa colocar em sua cabeça dura que ele vai
continuar vindo atrás de você, até que um dia ele surte e te mate. E eu não
estou deixando isso acontecer.

— Você está exagerando.

— Não, eu não estou, e não entendo por que você não pode ver o
quão perigoso ele é.

— Porque há coisas piores no mundo do que ele.

— Como o quê?

Sua tia.

— Como o quê? — ele repetiu, parecendo frustrado comigo.

— Não é da sua maldita conta.

— É da minha conta! — Jasper surtou. — Somos uma família. Você é


como um irmão para mim, e pensei que eu era como um para você também.

Exalo ruidosamente, hoje está piorando a cada minuto. — Você é


como meu irmão, até mais do que Ash, é por isso que você não pode matar
Happy Meal. Porque se o fizer, não será a cadeia que você precisará se
preocupar, é com o pai dele. Se você tiver sua bunda gorda pega, ele vai te
torturar e matar.

— Se for pego.

— Não, quando você for pego, e se você está tão preocupado sobre
Happy Meal me perturbando, vou falar com meu primo. Hunter pode
arranjar alguém para assustá-lo. Suas conexões são mais poderosas do que
as de Happy Meal, então esfrie, você não tem que matar o desgraçado.
Existem outras maneiras de fazê-lo se afastar de mim.

As sobrancelhas escuras de Jasper se uniram. — Tem certeza que


Hunter pode ajudar? Porque se Happy Meal te olhar errado —

— Isso vai estar bem! Eu vou telefonar para Hunter assim que você
sair.

Ele apontou um dedo para mim. — Vou verificar com ele se você está
mentindo.

— Por que eu mentiria?

— Porque é tudo que você faz.

— Eu não minto para você.

— Você faz isso. De qualquer forma, tenho que ir, tenho o que fazer.
— Ele abriu a porta do meu quarto foi para o corredor, gritando, — Se você
me ignorar de novo, eu vou quebrar sua guitarra favorita sobre a cabeça do
Happy Meal. — A porta da frente bateu.

Eu o espiei através das cortinas, marchando em direção ao portão.


Meu olhar se deslocando para sua casa de dois andares, onde vive com seu
pai e sua tia. Me virei e me abaixei, removendo uma tábua para pegar
algumas pílulas para dormir. Eu as engoli, então me arrastei para a cama,
querendo a tia de Jasper morta em vez de Happy Meal.
18

Entrei no saguão da escola e me sentei ao lado de Harry Grey a


algumas fileiras do palco.

Ele acenou um Olá. — Obrigado por concordar em ajudar, Clara, —


ele disse, seu sotaque inglês tão diferente do Markus da classe trabalhadora
londrina. Ele também parecia chique, seu traje muito mais formal do que
qualquer um dos outros professores. Hoje, ele estava vestido com calças
cinzas, a mesma cor do cabelo dele e um colete correspondente com
camadas por cima da camisa branca. Eu sorri para a gravata que usava,
pensando que ele era o único homem que conhecia que poderia usar isso e
se safar sem parecer pomposo ou bobo. Em vez disso, ele parecia galante,
uma raposa prateada com um atrevido brilho nos seus olhos azuis pálidos.

— É um prazer, — respondi, olhando para a frente nas audições, os


alunos ainda chegando. — Eu amo Otelo. É minha peça favorita
shakespeariana.

Os olhos de Harry se iluminaram. — Você é uma mulher com gostos


iguais aos meus. — Ele colocou uma mão em seu peito, a ligeira agitação de
dedos e seu tom emitindo uma vibração gay. Afastei o pensamento, minha
observação obviamente errada, já que ele estava me olhando com muito
interesse para ser gay. Ou talvez ele era bissexual. De qualquer forma, tinha
certeza que ele poderia tirar a roupa tanto de homens e mulheres, sua
aparência e comportamento muito atraentes.
Ele continuou, — É meu favorito também. Desde que os estudantes
apresentaram há alguns anos atrás, tenho tentado persuadir Paul em
concordar com uma versão musical, mas ele continuou recusando, então
falei com o diretor. — Ele sorriu timidamente, parecendo com um pouco de
vergonha sobre o que ele tinha feito, mas sem dúvida satisfeito com o
resultado final. — Diretor Sao imediatamente concordou. Como eu, ele sente
que a versão adaptada vai ressoar com os alunos muito mais do que a
original. Infelizmente, Paul está furioso. Ele acha que agi pelas costas dele, o
que, em abono da verdade, eu fiz. É só... era a única maneira que poderia
fazer acontecer. Ele tem o hábito de substituir tudo o que proponho, é por
isso que pedi sua ajuda. — Ele me deu um amigável empurrão com o
cotovelo. — No entanto, não me faça me arrepender como eu fiz com Dante.

Eu sorri. — Não se preocupe. Acho que é uma ótima ideia.

— Eu esperava que dissesse isso. Pensei que se tivesse perguntado a


você ao invés de Beverly, teria alguma chance de não ser substituído. Ela
sempre está ao lado de Paul. Ele teria ela para ajudar a me intimidar a
alterar de volta para o original.

Meus lábios se apertaram, pensar na palavra valentão era uma


descrição apropriada para Paul Aston. Eu tinha visto ele encurralar um
número de alunos do sexo masculino, sendo bastante intimidante. No
entanto, ele não tinha sido bruto como tinha sido com Dante. Minha mente
indo para Dante, me perguntando por que ele tinha ficado tão chateado
ontem. Tinha me incomodado desde então. Embora ele dissesse que não era
comigo, não podia abalar o sentimento de que era. Ou talvez fosse a ver com
seu poema. De qualquer forma, estava preocupada com ele, o rapaz é um
enigma intrigante.

— Eu também pensei que você poderia apoiar-me desde que você não
gosta de Paul, — disse Harry, cortando meus pensamentos.
— O quê? — Eu perguntei, tendo perdido o fluxo da nossa conversa.

— Eu disse, pensei que você também me apoiaria desde que você não
gosta de Paul.

Coloquei uma mão no meu peito em falsa indignação. — Você pensou


que eu deixaria as diferenças pessoais interferir com o meu trabalho? — Eu
ofego dramaticamente.

Ele riu. — Um homem só pode esperar.

Eu chamo a atenção dele de uma maneira bem-humorada. — Eu não


faria isso, mas você ainda tem meu apoio. Novamente, adoro a ideia de Otelo
sendo apresentada como um musical.

— E se você não aceitasse, levantaria o meu charme até conseguir o


que queria, — ele disse, colocando ênfase em seu sotaque.

Eu ri, pensando que ele era muito agradável. Podia ver porque ele era
um professor popular. — E aqui eu estava pensando que já estava jogando
seu charme para me conquistar para o lado musical, Sr. Grey.

— Eu não estava nem tentando, — ele sorriu flertando. — E por que


está me chamando Sr. Grey? Todas as mulheres bonitas me chamam Harry.

Eu sorri de volta, incapaz de evitar. Ele definitivamente gostava de


mulheres, o homem extremamente insinuante, é melhor do que seu amigo
horrível. A porta dos fundos abriu, captando minha atenção. Eu olhei por
cima do meu ombro, o homem em questão aparecendo no salão. Paul desceu
pesadamente o corredor à minha esquerda, olhando para mim. Perguntava-
me se ele sabia que eu estava ajudando, ou se Harry não conseguiu dizer a
ele.
— O que você está fazendo aqui? — ele resmungou, me esclarecendo
instantaneamente.

Harry respondeu por mim. — Ela vai estar ajudando com o musical, e
o que aconteceu com seu olho?

Paul tocou seu olho esquerdo, que estava inchado e bem contundido.
— Tivemos um desentendimento com um pai.

— Quem?

— Um animal que deveria estar na cadeia, então pare de perguntar e


me diga por que ela está aqui.

— Para nos ajudar, obviamente.

— Ela não pode nos ajudar. Isto é uma produção de teatro, não um
clube do livro de leitura, — ele disse com desdém. — Beverly deveria estar
aqui, não esta mulher.

— Não há nenhuma necessidade de ser tão rude com Clara, — Harry


respondeu de um modo quase malcriado, seus pálidos olhos azuis
estreitando para o amigo dele. — E se você tem um problema, não desconte
em Clara. Isaac foi quem sugeriu ela, — ele acrescentou, referindo-se ao
diretor Sao.

Paul cruzou os braços sobre o peito musculoso. — Você sabe que eu


não ia deixar isto acontecer.

— E você sabe que é tarde demais para fazer qualquer coisa, uma vez
que Isaac tomou uma decisão.

Paul resmungou algo ininteligível, sugerindo que ele já sabia disso.


Ele deslizou para o banco em seguida para mim, batendo o quadril dele
contra o meu. Movi em direção a Harry, não querendo estar em qualquer
lugar perto do bruto. Novamente, me perguntei como Beverly poderia gostar
tanto dele.

Paul olhou por mim. — Vocês estão cometendo um grande erro, Otelo
em um musical, Harry. Tem que saber que vai ser impossível encontrar todo
um elenco de alunos que podem atuar e cantar, bem como ajustar as
funções.

— Eu discordo. Tenho um número de alunos da minha turma que


canta muito bem.

— Quem?

— Dante Rata é um.

— Eu não ensino aquele vadio mais. Após sua queda bêbada, Isaac
deslocou ele para a sala de Beverly. E a única ação que ele faz é atuar.

Harry sorriu, parecendo que concordou, só de uma forma carinhosa.


— É verdade, mas ele tem a mais sublime voz. — Sua atenção se deslocou
para mim. — Por favor, me diga que conseguiu convencê-lo a vir, porque ele
só resmungou algo ininteligível quando perguntei-lhe.

— Penso assim. Eu o desafiei a provar que ele poderia cantar.

Ele agitou os dedos com aprovação. — Isso foi uma jogada inteligente,
especialmente desde que aquele rapaz não gosta de ser chamado de covarde.
Ele gosta de aparecer. Bata no orgulho dele e ele virá correndo.

Paul bufou ironicamente. — Ele não vale a pena se incomodar, e


mesmo se aparecer, ele provavelmente não vai aparecer para os ensaios. Não
se esqueça que ele provoca brigas. — Ele me deu um olhar acusatório.

Eu fiz uma careta para ele, pensando que ele teria causado a briga
pelo manuseio incorreto de Dante. Ele retornou minha careta, mas desviou
seu olhar primeiro, fazendo-me sorrir interiormente para minha pequena
vitória.

— Ele ainda deveria tentar, — afirmou Harry. — Ninguém nesta


escola pode cantar tão bem como aquele rapaz. Ele vai cativar você até o
final do seu teste.

— Novamente, isso é se o delinquente aparecer, — Paul murmurou.


— A única coisa que ele tem a obrigação de aparecer é uma audiência no
tribunal.

— Paul, — Harry repreendeu, agora parecendo irritado. — Até que


você tenha entendido a situação dele, não assuma nada sobre aquele pobre
garoto.

— Eu não estou supondo; Ele é um delinquente.

— Se você soubesse o que sei, você não estaria pronto para condená-
lo, — disse Harry, fazendo-me perguntar se ele tinha a história completa
também.

As portas dos fundos se abriram, cortando seu argumento. Olhei por


cima do meu ombro, vendo um fluxo dos alunos. Eles estavam carregando
papéis numerados que um formando estava distribuindo na entrada do
corredor. Sorri quando vi Dante entre eles, aliviada que ele tinha aparecido.

Dante sentou-se algumas fileiras atrás com seus amigos, os garotos


conversando entre si. Os outros alunos sentadas em torno deles, a conversa
deles animada.

— Número um, — eu chamei em voz alta, precisando terminar os


testes no final do almoço. — Por favor, suba ao palco.
Uma garota com cabelo laranja brilhante e um rosto cheio de sardas
passou por nós. Ela subiu as escadas para o palco, parando no meio dele.

— Olá, eu sou Annabelle Aston, — ela disse com um forte sotaque


escocês.

Paul sentou-se reto, olhando como um pai orgulhoso. No entanto,


não tinha percebido ele tinha uma filha. Arquivei a informação, curiosa o
suficiente para perguntar a Beverly.

Annabelle começou a cantar uma canção da Britney Spears, o


sotaque dela desaparecendo em um instante. Os estudantes foram
autorizados a escolher tudo o que gostavam, só que sem música de fundo,
desde que nós não temos o tempo a perder com a mudança de faixas. Harry
também havia afirmado em seu e-mail que ele queria ouvir as crianças
cantar sem acompanhamento, que era uma tarefa difícil para qualquer
cantor, uma coisa eu sabia, desde que tinha cantado na escola, musicais,
sendo mais uma das minhas paixões.

A garota terminou a música, soando digna de um papel, mas


provavelmente não o principal feminino. Ela curvou-se e, em seguida, desceu
as escadas, passando-nos com um sorriso. Atrás de mim, os amigos do
Dante aplaudiram e assoviaram, os únicos sendo excessivamente altos com
seus aplausos.

Paul olhou para Harry. — Minha sobrinha é ótima, não é? — ele


disse, respondendo a minha curiosidade. — Eu acho que ela seria perfeita
para Desdemona.

Harry respondeu com um — Mmmm, — não soando tão


entusiasmado com a ideia.
Phelia se dirigiu para o palco. Ela tinha seu afro alisado, a cortina
espessa de cabelo castanho descendo no meio das costas. Ela parou no
centro do palco, os olhos dela travando com alguém na plateia. Olhei por
cima do meu ombro, vendo Dante fazer um movimento de chupar um pênis
para ela.

— Dante! — Repreendi.

Ele franziu os lábios para mim, soprando-me um beijo, sua


insociabilidade do dia anterior nada à vista. Eu franzi o cenho em resposta,
não satisfeita com o que ele fez. Embora tivesse pedido desculpas sobre o
que tinha acontecido no banheiro, não ia aturar mais nenhuma das suas
besteiras.

Me virei para encarar o palco, esperando Phelia cantar, e para minha


surpresa, ela tinha uma grande voz. Sua interpretação de Spanish Guitar foi
adorável, bem como inesperada, apesar que sua aparência me fazia lembrar
um espécie de jovem Toni Braxton. Mas, apesar disso, ela estava exagerando
em sua performance. Ela estava abaixando a cabeça de vez em quando, além
de torcer aqui e ali, parecendo como se ela estivesse tentando imitar os
movimentos do cantor. Eu sorri um pouco, achando engraçado.

Harry se inclinou para mim. — Não acha que ela seria perfeita para o
papel de Desdemona?

Antes que eu pudesse responder com um Sim, Paul interrompeu, —


Não, ela é morena.

Harry franziu o cenho. — O que isso tem a ver com alguma coisa?

Paul revirou os olhos como se seu amigo fosse imbecil. — Desdemona


é branca. O papel pede isso.
— Não me importo; Ela é a melhor cantora feminina na escola. Ela
merece o papel.

— Minha sobrinha é muito melhor.

Harry bufou. — Você está surdo? É como dizer que Britney Spears
tem uma voz melhor do que Christina Aguilera. É um absurdo.

A expressão de Paul escureceu. — Vocês estão insultando a voz da


minha sobrinha?

— Não, estou simplesmente dizendo que Phelia é melhor.

— Bem, eu não concordo, além de que Annabelle seria perfeita para o


papel.

— Só porque você é o tio dela.

— Não, porque ela se encaixa ao seu perfil de Desdemona.

— Então, você é uma racista.

Paul olhou furiosamente para ele. — Eu não sou! O papel requer uma
atriz branca.

— Não, não requer.

— Então, e sobre a fala onde Iago diz para o pai de Desdemona sobre
'um preto carneiro velho está cobrindo sua ovelha branca'? É uma referência
para o preto Otelo fugir para casar com a filha branca do homem,
Desdemona.

Harry soltou um suspiro frustrado. — Eu já te disse que estamos


usando uma adaptação musical, não o texto original.
— Desdemona ainda é branca e Otelo não deve ser colocado em uma
posição ruim por músicas ridículas.

— Muito mau para você que Isaac concordou comigo. E nós podemos
adaptar a função para Phelia, como vamos fazer com Dante em relação à
parte do Otelo.

— Isso é se ele ficar mesmo com o papel, que como eu disse, não
estou animado.

Eu levantei uma mão para parar o argumento, suas brigas, não só


perdendo tempo, mas pior, em frente dos alunos, que agora estavam rindo
atrás de nós. — Vamos ao menos terminar as audições das meninas antes
de discutirmos quem recebe o quê, — eu disse.

Os dois concordaram a contragosto.

— Bom, — eu respirei, novamente pensando como eles poderiam ser


amigos com a forma como eles discutiam. — Vamos esperar e ver se há
alguém melhor para o papel.

Mas não havia. Todas as garotas que iam para o papel de Desdemona
não estavam nem perto de boas como Phelia. Nós sussurramos entre nós,
Harry e eu forçando eventualmente Paul a aceitá-la.

Em seguida, os rapazes começaram a ir para o palco, com o amigo de


Dante, Jasper, primeiro. A voz dele era boa, mas não boa o suficiente para
levar o papel principal de Otelo, embora Paul ficasse dizendo que era,
provavelmente porque ele era negro como Otelo. Mas novamente, Harry e eu
derrotamos ele.

Conforme nos aproximávamos do final das audições dos meninos,


comecei a me perguntar se Dante ia participar. Olhei atrás de mim quando
chamei o último número, aliviada quando ele se levantou. Ele passou por
mim e os outros professores, sua arrogância quase cômica. Parecia que ele
estava acentuando a caminhada para chamar mais atenção... e estava
funcionando. Seus amigos estavam rindo, enquanto as meninas estavam
uivando e miando.

Em vez de subir as escadas, ele agarrou-se a beira do palco e subiu,


finalmente, parando com sua arrogância boba. Sorrindo largamente, ele
levantou-se e arrumou seu número, que ele tinha mudado de 19 a 69. Os
alunos começaram a rir, seus companheiros, sendo duas vezes mais altos
que todos os outros.

Paul gritou, — Silêncio!

Exceto alguns risos, os alunos se calaram.

— Dante! — Paul falou. — Comece a cantar antes que eu perca


minha paciência com você.

Dante deu-lhe um olhar de desprezo e, em seguida, derrubou o


número dele. O papel caindo suavemente no palco, eventualmente, fixando-
se sobre o assoalho de madeira. A cena do saco plástico de Beleza
Americana, imediatamente me veio à cabeça. Franzi a testa, me perguntando
por que tinha pensado nisso, era apenas um pedaço de papel, não um saco
de plástico dançando ao vento. Ou talvez tivesse a correlação de algo a ver
com o tema do filme. Mas, eu não era nada como o personagem de Kevin
Spacey. Eu era jovem e sem filhos, enquanto ele era um pai no auge de uma
crise de meia idade. No entanto, Dante era provocador como personagem de
Mena, uma bela tentação. Apertei os pensamentos da minha cabeça, quase
rindo de mim mesma por ter pensado sobre isso, porque não estava
apaixonada por Dante.

De modo algum.
Meu olhar subiu para ele. Ele encenou de forma exagerada no palco
quando declarou que música estava cantando. Não ouvi o que era; mais
peguei a maneira que seus lábios se mexiam enquanto ele falava e quando
ele correu as palmas das mãos para baixo nas pernas, possivelmente
limpando o suor delas. Apesar de sua fachada arrogante, poderia dizer que
ele estava nervoso. Ele era cativante, não tão seguro de si como ele retratou
a si mesmo ser.

Ele começou a cantar Bent por Matchbox Twenty, deixando-me


completamente surpresa. Esperava que ele escolhesse um rap ou uma
canção R & B, não uma balada de amor sobre uma pessoa quebrada. Mas o
que me surpreendeu mesmo era a voz dele. Era impressionante, completa e
rica, as notas dele perfeitamente dentro de campo, enviando arrepios aos
meus braços. Nem consegui perceber seu sotaque, cada palavra cantada
com perfeição. Não só isso, sua interpretação da música não era nada como
a original. Veio através de uma sonoridade mais pessoal, como se ele
acreditasse em cada palavra que estava cantando: que ele estava quebrado,
ou dobrado como o título, incapaz de ser corrigido. Continuei a ouvir sua
performance incrível, totalmente encantada, cativada por ambas as emoção
em suas palavras e em seu lindo rosto.

Depois que ele tinha cantado a última nota, aplausos eclodiram. Até
mesmo Paul levantou, batendo palmas junto com todos os outros. Dante
franziu a testa, aquele olhar machucado e suplicante nos olhos dele ainda
estava lá, dando-me a sensação de que ele não gostava dos aplausos, o que
eu não esperava, considerando a maneira como ele tinha agido antes de
cantar. Então a expressão magoada desapareceu, voltando a sua fachada
arrogante de sempre. Sorrindo para o público, curvou-se, exagerando no
balanço de seu braço.

Uma voz alta na parte de trás do salão cortou os aplausos: — Canção


apropriada para você, Rata, desde que você está dobrado!
Eu me virei, avistando um grupo de rapazes mais velhos, encostados
na parede traseira, o infame Ronald McDonald entre eles. O rapaz
monstruoso estava no meio de sua matilha, seu sorriso pateta uma
reminiscência de seu homónimo. Seus amigos riram em ambos os lados
dele, adicionando suas próprias juvenis observações sobre Dante ser gay.

Um grito rasgou pelo corredor, tirando minha atenção de volta para o


palco. Pulando dele, Dante bateu no chão, correndo para Ronald. Os amigos
de Dante se mexendo provavelmente para fora de seus assentos, em defesa
de Dante, que já estava lançando-se no seu rival. Ronald deu um soco de
volta, ambos ele e Dante brigando com vontade, a súbita mudança nos
eventos, me pegando completamente de surpresa. O restante dos garotos
começaram a brigar também. Jasper violentamente atacando um dos amigos
de Ronald no chão, fazendo com que o outro rapaz gritasse de dor.

Harry e Paul levantaram-se, apressando-se para separar a briga, os


dois homens gritando para os garotos pararem de brigar. Paul empurrou
alguns de lado e agarrou Dante, tirando o para longe de Ronald, cujo rosto
estava coberto de sangue, Dante tinha conseguido a vantagem.

Dante começou a vomitar palavrões para Paul, o rapaz estava


absolutamente frenético, suas ações e expressões quase loucas... Não, elas
não estavam quase, elas estavam loucas. Paul gritou para Dante parar.
Como se um interruptor tivesse sido apagado, Dante parou, seus olhos
confusos, sua respiração pesada. Então ele olhou para Paul, que ainda
estava prendendo ele. Medo apareceu em seu rosto. Ele começou a lutar
novamente, gritando, — Não me toque!

Harry foi até eles. — Deixe-o ir, Paul.

— Não, ele pode atacar de novo, — Paul respondeu.

— Solte! — Harry gritou.


Paul ficou surpreso, a explosão de Harry obviamente não era normal.
Ele largou Dante e foi para trás, erguendo suas mãos. Harry encaminhou
Dante para um assento, ordenando-lhe para se sentar. Eu observei o homem
ajoelhar-se diante de Dante, falando com ele em tons suaves, enquanto Paul
era deixado para lidar com os outros. A briga foi apaziguada agora. A maioria
dos garotos, Ronald incluído, tinham saído para fora, não querendo esperar
por um castigo. Apenas alguns ficaram, Jasper entre eles.

Paul agarrou o braço de Jasper, — Você vai para a sala do diretor.

Se afastando de Paul, Jasper foi até Dante. — Ele está bem? — ele
perguntou a Harry.

— Eu não sei. — Harry olhou para Paul, que estava mandando


Jasper ir embora. — Relaxe, Paul, preciso da ajuda dele para levar Dante
para a enfermaria.

Jasper colocou um braço em volta da cintura de Dante, levantando-o,


a expressão de Dante não estava lá. Harry ficou do outro lado de Dante, os
três desaparecendo pela porta, com Phelia indo junto.

Paul veio para mim, seus olhos verdes estreitados traindo sua raiva.
— Você não pode me culpar por restringir aquele maluco desta vez. Você viu
o que ele estava fazendo com aquele outro garoto. Ele precisa ser
institucionalizado. Ele é completamente louco. Uau, eu tive que separar mais
do que uma briga causada por aquele lunático. Mas desta vez vou ter certeza
de que o diretor faça algo sobre isto. Ele é brando demais com aquele
encrenqueiro.

— Por uma boa razão, — eu disse.

— E o que é isso?
— Ele teve uma educação muito ruim. Seu padrasto matou a mãe
dele e bateu tanto nele que ele teve que ser hospitalizado.

Paul franziu a testa. — Sim, eu ouvi sobre isso. Embora, outras


crianças têm uma vida difícil também, no entanto, eles não podem
enlouquecer, como ele fez.

— Eu acho que você está grosseiramente minimizando o que ele


passou.

— Talvez, mas ainda não gosto daquele garoto. Ele vai ferir
gravemente alguém um dias desses, ou pior, matá-los. Ele é uma bomba
relógio.

— Então, falaremos com o pai dele, porque obviamente seu


aconselhamento não está funcionando.

— Você pode falar com ele. Eu não quero me envolver com aquele
animal. — Ele seguiu pelo corredor, o uso da palavra animal me fez pensar
se era o pai de Dante que lhe tinha dado o olho preto.

***

Cerca de uma hora depois da briga, fui chamava para fora da aula
para ir a sala do diretor. Quando entrei, dei um passo rápido para trás, o
homem em frente a mesa do diretor Sao dando-me um susto. Ele tinha uma
tatuagem quase preta, verde escura cobrindo seu rosto, o desenho curvilíneo
um moko — uma tatuagem tribal Maori. Ele estava vestido de couro preto,
de suas calças até sua jaqueta, o último tendo uma insígnia de gangue na
parte de trás. Seus olhos escuros, presos em mim, animosidade dentro
deles, causando-me calafrios. Forcei-me a seguir em frente, quase
envergonhada por afastar.
Seu olhar vagou pelo meu corpo, sua leitura lenta intrusiva. — Se eu
tivesse uma professora como você, eu não estaria causando problemas. —
Ele olhou para Dante, que estava sentado na frente da secretária do diretor,
agarrado a uma sequência de caracteres na camisa dele. — Eh, filho, você
não deve causar problemas a moça bonita. Eu tive uma puta feia me
ensinando. Você deve ser muito grato, pirralho idiota.

Dante murmurou algo.

— Fala, rapaz, não consigo te ouvir.

— Me desculpe, perdi a cabeça.

— E por que isso?

Dante olhou para o rapaz que ele tinha atacado. Ronald estava
sentado ao lado de uma mulher de meia-idade, que só podia ser sua mãe,
suas feições tão cruéis quanto o filho dela. O olhar apavorado da Sra.
McDonald estava presa ao pai de Dante, mesmo que ele ia arrancar as
roupas dela, transar com ela bem na frente de todos, a expressão dela quase
risível. Sim, o homem era inegavelmente perigoso, mas ele estava aqui para
seu filho, não uma velha azeda com muita maquiagem. Além disso, ele era
um homem notável, e apesar de Dante não se parecer com ele, além da cor
dos olhos, ele obviamente tinha o cru apelo sexual de seu pai.

Dante empurrou seu polegar para o rapaz que ele tinha atacado. — Ele
me chamou de dobrado.

— Dobrado?

— Gay.

— E daí? — respondeu o pai.

Dante fez uma careta. — Ele merecia um soco por isso —várias vezes.
— Não, ele merecia ser ignorado, porque filho, você é tudo menos gay.
Cristo, a quantidade de calcinhas de garotas que encontrei em seu quarto
vestiria um esquadrão de mulheres e ele provavelmente apenas o insultou
porque ele tem ciúmes de todas as bocetas que você consegue.

O rosto de Dante se iluminou, seu peito estufando com orgulho. —


Sim! Porque ele é um fodido perdedor.

— Dante! — Diretor Sao disse. — Eu não tolero esse tipo de


linguagem.

Sr. Rata se virou para ele. — Você não me criticou, então não critique
o meu garoto. — Ele apontou para o diretor. — E na próxima vez que você
me ligar e fazer eu sair do meu trabalho, espero que seja por algo pior que
uma briga de estudantes. — Ele indicou para Dante levantar. — Levante,
vamos embora.

Diretor Sao pigarreou, a expressão do grande homem agora inquieta.


— Por favor, o mantenha em casa pelo resto da semana.

— Tenho certeza de que ele não vai reclamar por conseguir férias
extras.

— Não é férias, é uma suspensão.

Sr. Rata balançou a cabeça. — Vocês, as pessoas dessa escola são


idiotas. Se você quer castigar uma criança, não dê a ela tempo livre, que é o
que eles querem. Dê a eles uma cinta em suas pernas. Não me fez nenhum
mal, mas tenho a certeza que me fez pensar duas vezes agindo assim.

— O castigo corporal é proibido agora, e mesmo se não fosse, eu não


faria isso.

Sr. Rata zombou. — Isso é porque você é um maricas.


O diretor manteve sua boca calada, não dizendo uma palavra em
resposta, o que pelo olhar no rosto do Sr. Rata definitivamente foi uma
decisão sábia. O homem provavelmente não pensaria duas vezes antes de
machucar o diretor se ele dissesse alguma coisa errada. Seu comportamento
era preenchido com tanta ameaça que poderia praticamente ver a raiva
ondulando sob sua pele tatuada, pronta para estourar livre e atacar. Não só
ele tinha o poder para sustentá-la, mas também seu corpo musculoso
preenchendo seus couros. Eu também tenho a sensação de que ele não
gostava do diretor, seu tom desrespeitoso me surpreendeu, considerando
que o diretor Sao era a única razão que Dante ainda estava na escola Wera.
Era de se imaginar por que Dante era tão rude com as pessoas, seu pai,
dando um mau exemplo.

Sr. Rata bateu na cabeça do filho. — Pare de cutucar sua camisa


ensanguentada e vá para a Harley.

Agarrando um dos capacetes de moto da mesa do diretor, Dante


levantou do seu lugar e caminhou para a porta, parando na minha frente,
por um momento. Parecendo com vergonha, ele deixou cair seu olhar e se
atirou para fora da porta, não esperando por seu pai. Olhando
despreocupado, seu pai agarrou o outro capacete e se aproximou de mim.
Mais uma vez, desejei não recuar, apesar de que queria mais do que
qualquer coisa. Ele não só me diminuía, mas era intimidante como o inferno,
sua intensidade fora do gráfico. Porém, ele parecia mais jovem de perto, no
início dos trinta anos era um palpite, o rosto por trás da tatuagem liso. Ele
teve obviamente Dante na adolescência... Um segundo depois, lembrei que
Dante tinha um irmão mais velho, fazendo me perguntar quão jovem o Sr.
Rata era quando ele tinha começado a ter filhos. Catorze? Quinze anos? Ou
possivelmente dezesseis anos se tivesse a idade dele errado.

Seu olhar escuro desceu em mim novamente, fixando-se em meus


seios. Ele mordeu o lábio inferior e fez um som pequeno, olhando como se
quisesse devorá-los. — Quer dar algumas aulas extras? — ele perguntou,
seus olhos escuros, subindo para os meus.

— Para o q-que? — Eu estava gaga, o homem me inquietava. Apesar


de outras pessoas estarem na sala, ele estava olhando para mim como se
queria transar comigo bem aqui, outra coisa que seu filho obviamente tem
dele. Os dois eram sem vergonha, não se importando com ninguém que não
seja o que eles queriam.

— Dante, obviamente — ele respondeu com um sorriso, provavelmente


ciente do efeito que tinha em mim. — Ele precisa de aulas extras.

— Ah... Não sei se tenho tempo.

— Você vai fazer isso para o meu garoto. Verifique sua agenda e fale
para ele, quando ele retornar para a escola. Não quero que termine a escola
C como seu irmão mais velho.

— Agora é chamado NCEA.

— Poderia ser chamado de A-B-fodido-C eu não me importo; Só quero


que pelo menos um dos meus filhos terminem o quinto ano.

— Chama-se Ensino Médio, — Eu disse sem pensar.

Ele me deu um olhar fulminante, fazendo-me apertar minha boca


fechada. — Só ensine meu filho bem. — Sem mais uma palavra, ele
desapareceu da sala.

Diretor Sao exalou em voz alta, parecendo aliviado que o Sr. Rata
tinha sumido. — Me desculpe que você teve que se sujeitar a isso, Clara.
Esse homem é a lei de si mesmo.

— E seu filho! — A mãe de Ronald levantou de seu assento, finalmente


encontrando sua voz. Eu tinha esquecido que ela estava lá. Na verdade, o pai
de Dante me fez esquecer todos enquanto ele andava falando comigo, o
homem era opressivo.

Sra. McDonald indicou para o seu filho machucado e com o rosto


enfaixado. — Olha o que aquele bandido do Rata fez ao meu Ronnie. Dante
deve ser expulso, não suspenso.

— Foi seu filho quem instigou a briga, — eu disse, — Então se você


acha que o Dante deveria ser expulso, então Ronald deveria receber a
mesma punição.

— De jeito nenhum! — ela gritou, pulando de um pé para outro. — O


meu garoto não fez quase nada comparado à brutalidade desencadeada dele.

— Não foi diferente do que eu vi Ronald fazer para Dante no primeiro


dia de aula. — Eu cruzei meus braços sobre meu peito, não estando disposta
a deixar seu filho sair impune. — Na verdade, Ronald fez foi pior. Ele e dois
de seus amigos atacaram Dante sem provocação, chutando-o enquanto ele
estava no chão. Então, novamente, se você acha que o Dante deveria ser
expulso, então Ronald deveria receber a mesma punição.

A cabeça da Sra. McDonald virou-se para o diretor. — Se você se


atrever a expulsar o meu filho, vou levar isso para os jornais. Vou fazer sua
escola parecer tão ruim que você não saberá o que te atingiu.

Diretor Sao balançou a cabeça. — Independentemente de suas


ameaças, não tenho intenção de expulsar seu filho ou Dante. As suspensões
são tudo o que é necessário neste caso.

Seus olhos se arregalaram. — Você não está suspendendo meu


Ronnie!

— Certamente estou. Você vai mantê-lo em casa pelos próximos três


dias.
— Mas ele não deu o primeiro soco!

— Por isso sua suspensão é mais curta, no momento, porque avisei


para ele parar de assediar Dante. Ronald se recusa a deixá-lo em paz.

— Porque ele fodeu minha namorada! — Ronald gritou. — Ele merece


tudo o que recebe!

Sua mãe virou para ele. — Então, é por isso que Phelia deixou você.

O rosto de Ronald mudou, sua expressão devastada. — Ele nem


mesmo quer ela. Ele apenas fez isto para me chatear.

O rosto da sua mãe amoleceu. — Oh, pobre amor, — ela disse,


persuadindo o filho dela a se levantar. — Vamos lá, vamos para casa. — Ela
colocou um braço em torno dele e saiu do escritório, me dando um olhar ao
sair.

Diretor Sao os observou ir embora, sua expressão não era feliz. Assim
que a porta se fechou atrás deles, ele andou em torno de sua mesa e sentou-
se na sua cadeira giratória, murmurando, — A suspensão não vai adiantar
nada. Aqueles dois rapazes vão continuar brigando. Vai ser olho por olho
contínuo até que um deles deixe a escola.

— Talvez as coisas vão se acalmar, especialmente se Ronald encontrar


uma nova namorada.

Ele balançou a cabeça. — Phelia Lamar é apenas uma das muitas


questões que eles tiveram. Os garotos e seus pais estão em gangues rivais, é
por isso que a Sra. McDonald parecia tão assustada perto do pai de Dante. O
olhar que ele deu a ela quando ele entrou teria aterrorizado qualquer um. De
qualquer forma, obrigado por sua ajuda. Você pode retornar à sua classe
agora.
Assenti com a cabeça e fui sair, mas parei quando ele chamou meu
nome. Eu me virei. — Sim?

Sua sobrancelha arqueadas. — Eu quase esqueci de falar sobre o que


o Sr. Rata perguntou a você. Se você vai ser tutora de Dante, faça o que fizer,
não faça na casa dele.

— Eu não ia.

— Bom, pensei que deveria avisá-la. Não quero você se colocando em


uma situação perigosa.

— Eu não pretendo.

— Bom. E sinto muito sobre a forma como o Sr. Rata olhou para você,
Clara. Eu deveria ter dito algo para ele.

— Não se preocupe, estou bem. Enfim, tenho que ir antes que minha
sala de aula seja destruída.

Ele assentiu com a cabeça, me dando um leve sorriso. Eu levantei a


mão em despedida e saí do escritório. Enquanto me dirigia pelo corredor
principal, minha mente voltou ao comentário do Sr. Rata sobre a tutoria de
Dante. Empurrei minha porta da sala de aula, me perguntando como
poderia sair disso sem perturbar o homem... porque como o pai, não tinha
como querer ser deixada sozinha com o filho, ambos tão perigosos, apenas
de maneiras diferentes.
19

Enquanto Dante estava fora da escola, tudo correu sem problemas


novamente. Ah, os alunos ainda se queixavam e se lamentavam, mas na
maioria fizeram o que era pedido, alguns até se engajaram em debates sobre
Animal Farm10. Isso me fez sentir bem, como estava finalmente me fixando
em meu novo emprego. Lindy também ajudou a impulsionar minha moral,
seu entusiasmo para minha aula era uma alegria absoluta. Ela era uma
menina tão linda e uma esportista muito boa, especialmente no que dizia
respeito ao musical. Embora ela não tenha um dos papéis, ela se ofereceu
para ajudar com as tarefas que mais ninguém queria fazer. Na quarta-feira
seguinte, ela estava distribuindo os roteiros para os alunos que tinham sido
chamados, felicitando-os por ganhar um papel.

Depois que ela tinha terminado, dirigiu-se para onde eu estava


sentada, aninhada na segunda fila de assentos encarando o palco. Ela me
deu um dos seus sorrisos metálicos, o aparelho que ela usava refletindo as
luzes do salão. — Eu já terminei com minhas tarefas para o Sr. Aston.
Precisa que faça alguma coisa para você?

— Não, estou bem, Obrigada, Lindy, — Eu disse, retornando o sorriso


dela.

— Tem certeza? — ela perguntou, parecendo decepcionada.

10 Livro de George Orwell


— Hum... — Eu paro, percebendo que ela queria ajudar. — Na
verdade, você pode sentar-se comigo e dar sua opinião sobre as
apresentações. Sr. Grey deveria fazê-lo, mas ele foi chamado por um assunto
de família.

— Ok! — Ela se sentou ao meu lado, segurando o assento com


entusiasmo desenfreado, a menina era um verdadeiro encanto.

Minha atenção seguiu para Phelia quando ela subiu as escadas para
o palco, me fazendo pensar onde Dante estava. Ele deveria estar aqui há dez
minutos, sua suspensão agora acabada. Devido a briga, tinha havido um
acalorado debate sobre se ele deveria interpretar Otelo. Harry e eu tínhamos
votado Sim, pensando que seria bom se Dante canalizasse suas energias em
algo positivo ao invés de negativo. Discordando com veemência, Paul tinha
ido ao diretor Sao com a intenção de substituir-nos. Tinha saído pela
culatra, com o diretor nos apoiando em vez disso. No entanto, o diretor Sao
afirmou que Dante tinha que aparecer para cada ensaio ou correria o risco
de perder o papel para Jasper, que era seu substituto.

Phelia me chamou, — Como eu poderia fazer essa cena sem Dante?


Ele tem que cantar comigo.

— Lindy, pode ir por favor buscar Jasper, — Eu disse, desapontada


que Dante estava fazendo exatamente o que Paul tinha previsto. — Ele está
ensaiando na sala de teatro do Sr. Aston com Annabelle, — que era a
substituta de Phelia.

Lindy foi se levantar, mas parou, o barulho da porta principal


atraindo nossa atenção. Eu olho por cima do ombro, vendo Dante entrando
no salão. Ele apareceu sem fôlego, como se tivesse corrido até aqui, ou mais
provavelmente voado. Um leve brilho de suor cobrindo sua pele exposta,
tornando-se brilhante, enquanto o cabelo preto era um emaranhado varrido
pelo vento, em ondas. Mas em vez de fazê-lo ficar mal, ele pareceu atraente.
Juntamente com suas bochechas rosadas e roupa casual, ele deu a
impressão que tinha acabado de ter...

Sexo.

A memória dele recebendo um boquete no banheiro voltou


novamente, algo que não consegui por fora da minha mente, por mais que
tentasse.

— Porque está atrasado? — Eu perguntei um pouco dura demais,


mais irritada comigo mesmo do que com ele.

— Desculpe, senhora, tive que fazer um trabalho para meu primo, —


ele respondeu, parando junto ao banco de Lindy. Ele olhou sobre ela para
mim. — Então, o que eu faço?

Lindy estendeu um roteiro, resmungando, — Pratique suas falas com


Phelia.

Ele agarrou o roteiro e foi para o palco, o baque das botas dele contra
as tábuas de madeira, soando alto para os meus ouvidos. Jogando o roteiro
para o palco, ele subiu, ganhando uma risadinha de Phelia, cujo rosto se
iluminou com sua chegada. A garota estava obviamente apaixonada e, por
que ela não deveria estar? Ele era lindo de morrer, para não mencionar a
idade dela... quinze. Repito o número na minha cabeça, usando-o para forçar
algum sentido em mim, minha atração por ele agora me dando nos nervos.
Parecia quase um pulso sibilante sob a minha pele, nunca me deixando
esquecer aquele dia no banheiro.

Lindy disse algo, me afastando dos meus pensamentos. Eu me virei


para olhar para ela. Ela estava olhando para o palco, onde Phelia estava
apontando algo para Dante no roteiro.
— Ele é tão babaca, — ela murmurou.

— Por que você não gosta dele? — Eu perguntei, um toque curioso,


especialmente desde que ela era a única garota na classe que não babava no
rapaz.

Ela franziu o cenho. — Como eu disse, ele é um idiota e com I


maiúsculo. — Ela sorriu. — Dante Idiota Rata.

Eu balancei minha cabeça em diversão. — Mas todas as outras


garotas o amam.

— Aquelas idiotas superficiais são cegas pela aparência dele.

— Por que você não, então?

— Meninas são mais bonitas, — ela murmurou.

Minhas sobrancelhas arquearam. — Você gosta de garotas?

Ela pulou em seu assento, o que tinha dito obviamente um ato falho.
Ela olhou para trás, provavelmente preocupada que alguém tinha me ouvido.
Mas os outros alunos tinham deixado o salão, só nós duas, junto com Phelia
e Dante, restaram. No entanto, aqueles dois não prestaram atenção, mais
enrolados com o roteiro do que com a orientação sexual de Lindy.

Lindy deixou cair seu olhar, seu rosto pálido avermelhando em


poucos segundos.

— Não é nada para se envergonhar, Lindy. Gostar de garotas é


perfeitamente bem.

Ela olhou para mim, parecendo surpresa. — Sério?

Concordei. — Claro, e se alguém disser o contrário, estão errados.


Um sorriso apareceu em seus lábios, seus olhos cinzas suaves se
iluminando. — Obrigada.

— Pelo quê?

— Por ser a primeira pessoa que não pensou que eu era uma
rejeitada.

— Ninguém pensa que você é uma rejeitada.

Fazendo uma careta, ela colocou um fio de cabelo preto tingido atrás
da orelha, suas raízes de loiro-escuro agora aparecendo. Ela também tinha
alguns novos piercings, um de um pino de segurança. — Então, por que sou
chamada disso? — ela perguntou.

— Por quem?

— Os alunos.

— Eles não estão fazendo bullyng, estão?

Ela deu de ombros um pouco indiferente. — Nada que não posso


lidar, — ela disse, não parecendo como se estivesse dizendo a verdade. Eu fiz
uma nota mental para questioná-la novamente, quando estivessemos
sozinhas, então ela poderia confiar sem a preocupação de ser ouvida.

As portas de entrada rangeram abertas, puxando minha atenção


longe de Lindy. Olhei sobre meu ombro, capturando Ronald em pé na porta.
Seus olhos estavam arregalados, o garoto parecendo chocado e triste. Antes
que pudesse dizer uma coisa, ele desapareceu, as portas batendo atrás dele.

Querendo saber o que tinha o perturbado, olhei para o palco, tendo


uma visão no processo. Dante e Phelia estavam beijando um ao outro, Phelia
até apalpando a bunda dele.
Me levantei. — O que vocês estão fazendo?!

Dante se afastou de Phelia, dando-me um olhar incrédulo. — O que o


roteiro diz, senhorita.

— Não há nada de beijos nesta parte, e nada desse jeito.

— Há. — Ele levantou o roteiro, e leu a cena.

— Ainda não chegamos até esta cena, e ela não envolve um beijo na
boca. — Eu estreitei meus olhos em Phelia. — Ou molestar seu companheiro
de teatro.

Phelia deu uma risadinha.

O olhar confuso de Dante piscou para Phelia. — Mas ela me disse


que deveríamos fazer assim.

— Isso é porque ela queria te beijar, estúpido, — Lindy gritou.

O olhar de Dante pulou para Lindy. — Eu não sou estúpido!

— Não, você não é, — Eu cortei rapidamente, querendo resolver a


situação. — Isso é culpa de Phelia, não sua. — Eu mudei meu foco para a
garota, irritada com ela por tirar vantagem de Dante. Em vez de parecer com
um pingo de culpa, ela pareceu satisfeita consigo mesma, promovendo meu
aborrecimento. — Não cause mais problemas, ou eu vou te dar detenção.

Ela riu novamente. — Com prazer faço detenção se você me deixar


beijá-lo novamente.

— Phelia.
— Ok, senhorita, eu vou ser uma boa garota, — ela disse, soando
insincera. Ela voltou para Dante, apontando a cena correta. Dante fez uma
careta, parecendo com raiva por ser enganado.

O resto da prática foi surpreendentemente bem, Phelia não causou


mais problemas. Depois que eles tinham cantado suas últimas falas, gritei —
Isso é o suficiente por hoje — e me levantei. Lindy também, uma rápida
despedida antes de correr como se ela estivesse atrasada para alguma coisa.
Phelia a seguiu para fora, também parecendo estar atrasada, fazendo-me
pensar se as duas tinham aula da Marcia a seguir. A professora de
tecnologia de alimentos era infame por distribuir detenções pelo atraso, a
mulher tinha tolerância zero.

Um baque alto sacudiu-me, chamando minha atenção de volta ao


palco. Dante estava na frente, obviamente tendo saltado para baixo. Ele se
endireitou e trocou olhares comigo. Eu hesitei, esquecendo temporariamente
o que estava prestes a fazer. Ele não tirou os olhos de mim, vindo em minha
direção. Me virei rapidamente e peguei minha bolsa, não querendo ficar
sozinha com ele. Quando fui sair, ele se atirou na minha frente, o movimento
brusco me fazendo gritar.

— Desculpa, não pretendia assustá-la, — disse ele, parecendo como


se estava tentando não sorrir.

Coloquei uma mão no meu peito, meu coração batendo num ritmo
anormal. — O que você quer?

Ele me deu um encolher de ombros, sorrindo levemente.

— Fale logo, Dante, — Eu disse, quase ficando perturbada.

Seu sorriso se alargando.


Não estou interessada em seus jogos, fui passar por ele. Ele me
impediu, levando-me a gritar, — Pare!

Ele riu. — Calma, eu estava brincando com você.

— Então, sai do meu caminho.

— Não, tenho dinheiro para você. — Ele enfiou a mão no bolso de


trás e tirou um maço de notas.

— O que é isso?

Seu sorriso retornando. — Para pagar pelas lições de sexo que meu
pai arranjou com você.

Eu franzi o rosto para ele. — Isso não é engraçado.

— É sim — ele riu silenciosamente — Você apenas não tem senso de


humor.

— Ou você está sendo desrespeitoso.

Ele piscou. — Não posso negar isso.

Eu respirei, só querendo que ele saisse. — Então, que tal você


guardar esse dinheiro e ir para a próxima aula.

— Não quero fazer isso.

— Dante.

Ele revirou os olhos. — É só teatro.

— O qual você vai estar atrasado se não sair agora.

— Eu geralmente apareço atrasado então posso perder os pulos.


— Pulos?

Ele fez uma careta. — No início da aula, Mother Hubbard nos faz
pular como garotas, — ele disse, referindo-se a Beverly. — Isso deveria nos
ajudar com a média de tempo para apresentações. Tem a ver com sugestões
e coisas assim. Não me importo de ver os peitos das garotas balançando,
mas não há nenhuma maneira em que estou pulando na frente de alguém
novamente. Julio quase mijou de rir da última vez que fiz isso, dizendo que
eu parecia um idiota.

Eu sorri, imaginando.

Ele sorriu. — Eu gosto quando você sorri. Ilumina seu rosto inteiro.
Você parece tão linda.

Meu sorriso sumiu, seu elogio, fazendo eu me sentir estranha.

— Não pare de sorrir. — Ele fez uma cara engraçada, parecendo que
estava tentando me fazer sorrir novamente. Apesar de eu fazer. Ele soltou
um elogio, fazendo uma saudação vitoriosa com seu punho.

Meu sorriso aumentou. — Ok, isso é o bastante. Mova-se fora do meu


caminho, preciso mesmo ir embora.

Ele estendeu o dinheiro novamente. — Não até você pegar o dinheiro.


Há duzentos dólares para cobrir qualquer tutorial de Inglês que isto vai
pegar para mim. Eu vou conseguir mais quando esse acabar.

— Não há nenhuma necessidade. — Eu parei, tentando inventar uma


desculpa sobre porque é que não podia dar aulas extras para ele. Abri minha
boca, com a intenção em usar a desculpa de 'Eu estou toda agendada', mas
ele me cortou.
— É perfeitamente legítimo, ganhei muito, — ele disse, ainda
segurando o dinheiro.

— O que você entende por 'legítimo' e por que seu pai não está
pagando?

— Legítimo significa que não é roubado, e meu pai disse que eu


deveria pagar porque sou a causa do problema e não há nenhuma maneira
que ele não está me deixando ver meu Baba e Dida.

— Quem é seu baba e dida? — Eu perguntei, não entendendo metade


do que ele estava dizendo.

— Meus avós. É Croata para vovó e o vovô.

— Eles são os pais da sua mãe, porque seu pai parece Maori?

A expressão dele mudou instantaneamente à menção de sua mãe,


fazendo-me sentir mal por perguntar, obviamente ainda o afetando
gravemente o assassinato dela. Ele baixou o olhar dele, murmurando, —
Sim.

Coloquei uma mão em seu braço. — Eu sinto muito.

Ele olhou para cima. — Pelo quê?

— Por deixar você triste.

Ele balançou a cabeça. — Você não fez isso, você é legal.

Minhas sobrancelhas arquearam. — Eu sou?

— Sim, eu posso ser um imbecil para você, mas você sempre me trata
muito bem.
Tirei minha mão do seu braço, não esperava ouvir isso,
especialmente com a quantidade de vezes que eu tinha repreendido ele, o
garoto obviamente tem uma memória curta. Independentemente disso, ainda
me fez sentir bem. — Bem, se você precisar falar sobre qualquer coisa, estou
aqui para você. Eu sei como é perder uma mãe.

Ele franziu a testa. — Como sua mãe morreu?

— Câncer de mama.

— Eu aposto que sente falta dela aos montões.

Concordei, me segurando para não ficar emotiva. Ela faleceu há


pouco mais de cinco anos atrás, deixando um buraco na minha vida. Nós
duas tínhamos sido muito próximas, mais como melhores amigas do que
mãe e filha. Num piscar de olhos, fazendo força para não chorar, sua morte
apenas parecendo que foi ontem.

— Sinto falta da minha também, — ele disse, soando tão jovem e


vulnerável que me atingiu, todos os traços do seu humor anterior em lugar
algum. Ele rapidamente virou as costas para mim, parecendo que estava
tentando esconder o aumento repentino de emoção.

Coloquei uma mão nas costas dele. — Você está bem?

Ele levantou a mão no rosto dele e balançou a cabeça.

Eu fiquei de frente para ele, novamente desejando que não tivesse


mencionado a mãe dele. A morte da minha foi dolorosa o suficiente, mas não
podia imaginar o que ele tinha passado. Ver a própria mãe ser assassinada e
em uma idade tão jovem. Novamente, ele puxou as cordas do meu coração,
fazendo-me desejar poder segurá-lo firme, tranquilizá-lo que tudo ficaria
bem. Mas em vez disso, pego sua mão e dou-lhe um apertão solidário,
esmagando o dinheiro que ele ainda estava segurando.
Ele descobriu os olhos e olhou para minha mão, luto nublando suas
características. Por um breve momento pensei que ele iria se afastar, um
vislumbre de incerteza moderando sua expressão, mas em vez disso, ele
levantou seu olhar para o teto e disse algo em uma língua estrangeira. Soou,
Eslavo, provavelmente Croata, sua entonação sugerindo que era uma
oração. Ou talvez ele estava falando com sua mãe como se ela estivesse
olhando para ele do céu. Não interrompi, seu pesar novamente me afetando,
me lembrando da minha própria perda.

Eventualmente, seu olhar voltou para mim, um olhar intenso que eu


não podia olhar para longe. Ele disse alguma coisa, mas não ouvi sobre a
ascensão rápida do bater do meu coração. Ele franziu a testa, em seguida,
pisou mais perto de mim. Ainda assim, permaneci trespassada pela trágica
aura em torno dele. Foi quase corpórea, algo que poderia sentir, um espesso
véu de desespero que envolvia o corpo dele.

Ele inclinou a cabeça em direção à minha, parecendo como se ia me


beijar. Eu podia sentir sua respiração nos meus lábios, cócegas na minha
carne, tão perto que quase podia sentir isso –

Um grande estrondo invadiu a sala, me fazendo gritar. Eu afastei dele


e olhei para a entrada, esperando ver alguém lá parado, olhando para nós,
sabendo o que estávamos prestes a fazer...

... e me julgando por isso.

Mas não havia ninguém, as portas duplas permanecendo fechadas.

Um segundo barulho soou, seguido por Paul Aston gritando do outro


lado da parede, — Jasper! Passe essa bola!

Dante ficou tenso ao som da voz do homem. Ele parou por alguns
segundos, não fazendo nada, então sem aviso estendeu o dinheiro para eu
pegar. Só olhei para ele, ainda atordoada sobre o que tinha acontecido, ou
quase tinha acontecido, a posição que me colocaria era mais que estúpida.

Ele agarrou minha mão e atolou o dinheiro nela, grunhindo, — Nós


vamos combinar um horário mais tarde. — Antes que eu percebesse, ele se
foi, as portas duplas, batendo atrás dele. Olhei para elas, sabendo que
estava em apuros.
20

Entrei no corredor, parando com a visão de Jasper. Ele estava do


lado de fora da minha antiga sala de teatro, encostado na parede e
parecendo furioso. Sr. Aston tinha desaparecido, provavelmente do outro
lado da parede, dando aula.

— Por que não está fazendo teatro? — Eu perguntei.

Jasper fez uma careta. — Aston bundão me chutou para fora e, em


seguida, roubou minha bola de basquete. Bastardo.

— Porquê?

— Soltei um pum fedido e pus a culpa nele, fazendo um grande


negócio quando ele negou.

Eu ri, meu amigo me animando. Uma porta rangeu atrás de mim.


Parei de rir e olhei por cima do ombro, avistando Sra. Hatton saindo da sala.
Ela congelou ao me ver, parecendo um gambá hipnotizado por faróis —
atordoado e com medo de um toque. Ela abaixou a cabeça e correu
rapidamente pelo corredor. Observei sua bunda linda até que ela
desapareceu na aula de Inglês.

Eu me virei para Jasper, que tinha um enorme sorriso no rosto. —


Por que você está sorrindo assim?

— Alguma coisa aconteceu entre vocês dois?


— Não.

— Bobagem. Você saiu com o rosto vermelho, em seguida, ela saiu


alguns segundos mais tarde, parecendo apenas como se você fodeu ela.

— Eu não a comi.

— Mas você quer.

Eu não respondo.

Jasper continuou, — Você deveria com certeza experimentar aquele


belo pedaço de bunda.

— Não estou interessado.

Ele me deu um sorriso astucioso, Jasper me conhecia muito bem.

— Estou te dizendo, não estou interessado, — menti, não


compreensivo porque, uma vez que não tinha motivos para esconder dele.

— Diga a outro. Eu posso dizer que você está totalmente na dela. Ela
está afim de você, também, como super a fim de você. Aposto que se você
colocar a sua mão na calcinha dela, vai sair pingando. — Ele lambeu seus
dedos.

Fiz uma careta. — Você é repulsivo.

— Eu aprendi com o melhor. — Ele me respondeu. — E não estou


brincando, cara. Ela está pronta para uma foda. Ela sempre parece que vai
esguichar quando você está por perto, como um verdadeiro poço de petróleo.
Se eu fosse você, estaria tendo torta doce da boceta da professora.

— Não, se fosse eu você estaria usando a boceta imunda da Phelia.


Ele sorriu. — Tem razão. — Ele franziu os lábios, parecendo que
estava pensando sobre o que fazer com Phelia. — Não me importo que ela
fodeu com o Happy Meal, ainda batia naquela bunda mesmo se detonasse
com ela.

— Você pode tê-la. A vadia estava em cima de mim durante os


ensaios, até me enganou para beijá-la. Ela tinha a língua na minha garganta
e as mãos na minha bunda.

Os olhos dele arregalaram. — E você está reclamando?

— Ela não é meu tipo.

— Mas ela é quente como o inferno.

— Sra. Hatton é beeem mais gostosa.

— Oooh, — ele riu. — Eu sabia que você tinha uma coisa por loira. —
Ele puxou a carteira de seu bolso de trás e tirou vinte dólares. — Vou te dar
isto se você transar com ela até o final do mês, mas se você falhar, você tem
que falar para Phelia fazer um ménage com a gente.

— De jeito nenhum! Não quero ver sua bunda gorda.

— Você não vai estar olhando para minha bunda; Você vai estar
olhando para a de Phelia. — Ele mordeu o lábio inferior, obviamente
pensando na bunda dela.

— Ainda não quero um ménage com vocês. Eu prefiro lamber meu


próprio vômito.

Jasper franziu o rosto. — Mas eu nunca vou conseguir a ter sexo com
ela, se você não estiver lá.

— Perca peso e ela pode considerar se curvar para você.


Ele franziu a testa para mim. — Não seja uma puta desagradável.

— É a verdade. Se você quer alguma boceta, perca alguns quilos. —


Tirei minha camisa e acaricio meu abdômen. — As garotas adoram isso, não
isso, — Eu disse, dando um soco na barriga gorda de Jasper. Ele me
empurrou, me fazendo rir.

— Você sabe que eu estou tentando perdê-la, — ele bufou reclamado.

— Sim, beber um litro em vez de dois litros de coca-cola em um dia


realmente tá ajudando a perdê-la, — eu disse sarcasticamente.

Ele me mostrou o dedo e pegou sua mochila, se afastando de mim.

O segui. — Oh, vamos lá, mano, é a verdade.

Ele girou ao redor. — Eu não me importo, porra; ainda faz-me sentir


mal quando você indica isso.

— Você me pediu conselhos.

— Não, eu pedi por um ménage à trois com Phelia. Nós somos


melhores amigos, por que não faz essa coisa para mim?

— Porque é nojento.

— Eu não sou nojento!

— Eu nunca disse que era.

— Você deixou implícito.

— É gay, então.

— Nós não estaremos olhando para o outro, idiota.

— Nossos paus poderiam se tocar.


Ele fez uma careta e, em seguida, sorriu, — Não se cada um enfiar
em um buraco diferente.

Eu balancei minha cabeça para ele. — Pare de falar sobre como se


Phelia só fosse boa para o sexo.

As sobrancelhas dele subiram. — Você realmente disse isso?

— Sim, porque?

— Você parecia uma maldita garota, se lamentando de que todos nós


nos importamos com sexo e não seus sentimentos. A próxima coisa que você
vai fazer será entregar seu cartão de homem e comprar absorventes para sua
vagina nova.

— Só dizendo que não deve tratar as pessoas como objetos sexuais.

Ele bateu em minha cabeça com os dedos. — Toc, toc, Dante Rata
está em casa, porque parece que sua irmãzinha está falando.

Eu bato em sua mão. — Agora quem está sendo uma puta.

— Bem, é melhor do que ser uma boceta. E não sei por que você está
defendendo Phelia quando tudo que ela quer de você é sexo. Você sabe que
ela está de volta com o Happy Meal? Aposto que ela iria deixá-lo mais rápido
do que uma empada quente se você der para ela. Você deve tirar proveito da
situação, especialmente desde que ela está molhada, molhada, molhada por
você.

— Não significa que ela vai concordar com um ménage à trois com
você.

— É por isso que nós vamos fazer as condições. Se ela quer transar
com você, tem que me foder também. Nós somos um pacote, mano, duas
tesouras prontas para podá-la.
— O que eu sou? Seu cafetão? Cai fora.

— Não, cai fora, você, desgraçado. Não sei por que você está sendo
um cretino comigo ultimamente. Não tenho feito nada, e você ainda continua
reclamando para mim. — Ele virou-se e saiu pelo corredor, indo para nossa
aula de Inglês. Ele me olhou com um sorriso malvado e, em seguida, abriu a
porta e gritou, — Ei, senhorita, você está livre depois da escola? Dante está
salivando para foder você.

Risadas romperam dentro da sala.

— Seu bastardo! — Eu gritei, correndo para ele.

Eu o empurrei com força, afastando ele da porta. Ele tropeçou,


fazendo com que a porta deslizou fora de sua mão e batesse fechada. Ele
olhou para mim e, em seguida, virou-se e correu, seu pesado passo soando
alto no corredor quase vazio.

A porta abriu-se ao meu lado, e Sra. Hatton emergiu dela. — Que


diabos, Dante? — ela disse, olhando para mim em descrença.

— Sinto muito, senhorita — Eu respondi. — Isto é tudo culpa de


Jasper. Eu não participei disso.

— Então, por que está aqui e não em aula?

— Eu estava falando com ele. Ele ficou chateado quando não faria
algo que ele queria, então ele retaliou me envergonhando na sua frente.

A expressão irritada dela amoleceu. — Ok. Apenas vá para a aula.

Balanço a cabeça. — Claro. — Eu afastei, olhando para ela. Ela ainda


estava me observando. Eu sorri para ela. Para minha surpresa, ela sorriu de
volta.
21

Eu abri minha porta da frente, incapaz de parar de pensar sobre o


que tinha acontecido entre mim e o Dante. Ou o que quase aconteceu, nosso
beijo potencial só parou pelas circunstâncias. Ainda não podia acreditar
como as coisas tinham progredido tão rápido. Estava zangada com ele um
minuto, em luto com ele no próximo, então com vontade de beijá-lo,
arriscando tudo por uma escovada fugaz de nossos lábios. Eu não pude
entender como ele poderia ter tal influência sobre as minhas emoções. Era
frustrante, irritante, algo que não queria, mas ainda não conseguia impedir.

Entrei na minha casa, mentalmente me repreendendo por ser tão


fraca. Minha raiva instantaneamente desapareceu com a visão de meu
marido. Markus estava sentado no sofá, com o rosto enterrado nas mãos
dele e seus ombros tremendo.

— O que está errado, Markus? — Eu perguntei, correndo e me


sentando ao lado dele, preocupação exterminando todos os pensamentos
sobre Dante.

Markus deixou cair as mãos, sua expressão perturbada. Seus olhos


estavam vermelhos e brilhando com lágrimas. — Meu pai está morto, — ele
disse, referindo-se ao seu pai, sua dor fazendo seu sotaque mais espesso.

Minha mão saltou para minha boca, chocada com suas palavras.
Então eu estava puxando-o em um abraço, o segurando apertado, meu
coração partido por ele. Markus enterrou seu rosto no meu ombro,
soluçando nele.

Passei uma mão no seu cabelo. — Como? — Eu perguntei, sabendo


que não poderia ser de causas naturais. Seu pai era ... tinha quarenta e oito
anos; alguém que pensei que ainda estaria correndo maratonas por muitos
anos vindouros.

— Acidente de carro, — ele resmungou. — Um motorista bêbado


nojento passou no sinal vermelho. Minha mãe ficou bem ferida, mas não em
estado crítico.

Eu o agarro mais apertado, absolutamente devastada, sua mãe tão


linda como Markus. Ficamos nisso por um tempo, Markus eventualmente
quebrando a conexão. Ele parecia tão vulnerável, sua tristeza fazendo-o se
assemelhar a um adolescente, mais do que um homem de vinte e quatro
anos, alguém que precisava ser abraçado e consolado, de ser dito que tudo
ia ficar bem. Mas isso não ia ficar bem. Como minha mãe e a de Dante, seu
pai não ia voltar, morte era algo definitivo, que ninguém poderia mudar.

— Temos que ir ver sua mãe, — eu disse.

Ele esfregou uma mão pelos seus olhos. — Não podemos retornar à
Inglaterra, nossos cartões de crédito estão estourados da mudança para cá.

— Vamos fazer um empréstimo bancário.

Ele balançou a cabeça. — Eles não nos darão um. Nós não temos
quase nenhum bem para barganhar. Talvez se nós possuisse uma casa, mas
não temos.

— Então, vou pedir ao meu pai um empréstimo, — disse, mesmo que


não queria. Apesar de viver ao lado dele, nós mal conversamos. E se eu
tivesse uma escolha, ele não seria meu senhorio, a baixa taxa que ele tinha
me dado era boa demais para recusar. Eu não podia viver no meu antigo
bairro com meu salário, um lugar que absolutamente adorava. Esperava que
depois que Markus tivesse trabalhado por alguns meses, poderíamos sair e
arranjar outro lugar na área, mas ele só começou a trabalhar há uma
semana e agora tinha que sair.

— Mas você odeia seu velho, — disse Markus.

— Eu não odeio ele, — respondi, percebendo que ele tinha


interpretado mal o meu comportamento. Eu não tinha dito a Markus por que
quase não falava com meu pai. Em vez disso, ignorava toda vez que ele
mencionou o meu pai ao ponto onde ele não perguntou mais. Eu devia ter
dito a ele porque achava tão difícil falar sobre o homem que tinha significado
muito para mim. Mas o que eu achava nem sempre era o que fazia. De
qualquer maneira, Markus precisava de mim agora e tinha que fazer por ele,
estava pedindo um empréstimo de meu pai, se quisesse ou não.

Limpei minha garganta, sabendo que uma vez que falasse não podia
desistir. — E meu pai nos dará um empréstimo. Ele provavelmente vai
aproveitar a chance de voltar em minhas boas graças, e desde que você
precisa estar com sua família, é nossa única opção.

— Duvido que eu possa ir. Só agora que comecei no meu novo


emprego. Não sei se o diretor vai deixar minha vaga aberta para mim.

— Não se preocupe com isso, estar com sua família é mais


importante.

— Você é minha família também, Clara. Você acha que pode tirar
uma folga?
— Tenho certeza que eu posso, o diretor é muito bom. É só uma
questão de se o meu pai pode cobrir nossos custos. Vou ver se ele está em
casa.

Eu fui me levantar, mas Markus agarrou meu rosto, me impedindo.


Ele colocou sua testa contra a minha. — Você é a esposa perfeita, você sabe.

Não respondi, sabendo que ele estava errado.

***

Caminhei até a casa do meu pai, a casa de tijolo e telha idêntica à


minha, só com um jardim mais bonito. Arbustos e árvores pequenas bem
aparados forrando a propriedade e a entrada de automóveis, acompanhado
por um leque colorido de flores e ervas, uma mistura de aromas florais que
permeiam o ar. Olhei a minha própria casa, que não tinha nenhum regime
extravagante, apenas um gramado bem conservado, cortesia de Markus,
minha habilidade de jardinagem inexistente.

Meu pai tinha construído as duas casas para ficar perto de mim
quando eu estava pronta para sair de casa. Ele só não tinha apostado em
mim fugindo para a Inglaterra após a morte de minha mãe em uma tentativa
de colocar distância entre nós. Mas também não contava quanto eu sentiria
saudades da minha casa, a Inglaterra também cinza e triste para mim.
Amava os céus brilhantes da Nova Zelândia, intensos, não os dias nublados
que Londres tinha carregados. Eu também tinha perdido as deslumbrantes
praias, o clima agradável e o fato que poderia viver em uma casa em vez de
um apartamento minúsculo. Nova Zelândia era a lufada de ar fresco que
precisava desesperadamente. Mas agora estava ficando sufocada, minha
relação com Dante fazendo dela ainda mais nublada que os céus de Londres.
Relacionamento! Eu nem chamaria isso? Porque nós não estávamos juntos
— e nunca estaríamos.
Parei na porta do meu pai, hesitando um momento antes de bater,
meus nervos amontoando-se mais apertado quando os passos se
aproximaram do outro lado da porta. Um momento depois, ela começou a
abrir. Meus olhos estreitaram-se com a visão do amante do meu pai. Sinh
estava em seus vinte, que era um par de décadas mais jovem do que o meu
pai. Ele estava vestindo um minúsculo calção preto e uma blusa vermelha, o
material apertado, acentuando seu físico magro. Ele afastou o cabelo preto
do rosto dele, que era da mesma cor do cabelo de Dante, a única semelhança
entre os dois. Ao contrário da beleza masculina de Dante, Sinh tinha uma
aparência feminina; suas características andróginas uma fusão perfeita do
Oriente encontrando o Ocidente. Ele era metade Vietnamita e metade
italiano/americano, o homem, um produto da guerra do Vietnã.

Ele sorriu para mim, parecendo surpreso que eu estava de pé na


frente dele. — Oi, Clara, — ele disse com sotaque americano. — Você quer
ver seu pai?

Concordei, não o cumprimentado de volta. Embora Sinh sempre foi


legal comigo, não me sinto confortável perto dele. Não era porque ele era
incrivelmente exagerado, até mesmo mais do que Alexander Perry de Queer
as Folk11, foi porque tinha visto ele dar um boquete ao meu pai. Mas o que
tinha feito duplamente horrível era que meu pai ainda era casado com
minha mãe, que estava lutando contra o câncer desta vez. Por causa de seus
problemas de saúde, eu tinha guardado o que tinha visto para mim mesma.
Mas depois que ela faleceu, fiz ele pagar por seu caso, o empurrando para
fora da minha vida. Por um tempo, porque cinco anos mais tarde tinha
estendido um ramo de Oliveira, pedindo para alugar a casa que ele tinha
originalmente construído para mim. Ainda assim, não fez nossa interação
mais fácil.

11 Série de TV canadense
Sinh abriu mais a porta. — Venha para dentro, vou chamá-lo.

Entrei, fechando a porta atrás de mim. Quando Sinh desapareceu


através da porta do corredor eu fui para o sofá da sala. Embora o modelo da
casa era o mesmo que a minha, o interior parecia um pouquinho diferente.
As paredes tinham uma infinidade de arte étnica, enquanto cada canto e
recanto tinha uma espécie de escultura humanoide à espreita, pronta para
me atacar. Meu olhar pousou sobre o que parecia uma estátua tribal
africana, uma escultura estranhamente em forma de uma pessoa segurando
um baseado, de madeira. Tinha uma barriga saliente e uma cara colorida
pintada, com um pico através de seu nariz. Enrrugo meu próprio nariz para
ela, pensar que um ladrão receberia um susto com medo deles se eles
entrassem durante a noite.

Meu pai apareceu através da porta de passagem. Ele estava vestido


com roupas casuais — bermuda cáqui e uma camiseta solta. Ele era um
velho, uma versão masculina de mim, nossa semelhança impressionante.
Ele tinha os mesmos olhos cinzentos e salientes, bem como o cabelo loiro-
mel. Nós dois tingimos os cabelos, no entanto, ele fez isso para esconder
suas mechas cinzas. Quando eu era jovem, tinha ficado irritada que tinha
pegado da minha mãe o cabelo marrom apagado em vez das mechas de loiro
natural do meu pai. Tinha implorado a minha mãe com a idade de quinze
anos para me deixar pintar meu cabelo como o dele, e desde então tinha
estado religiosamente usando a mesma cor, as pessoas nem mesmo
percebendo que não era loira natural.

E agora outra coisa que compartilhei com ele, algo que nunca pensei
que iria, nem nunca quis.

Nós tínhamos traído nossos cônjuges.


No entanto, o que eu tinha feito realmente não era traição, desde que
não beijei Dante.

Embora eu teria, se aquela bola não tivesse quebrado o momento.

Eu afasto o pensamento e enfrento a situação, esperando que meu


pai não me abrace, porque se ele fizer, sabia que choraria, a parede que eu
tinha construído entre nós não era uma decisão fácil. O tinha idolatrado na
minha juventude, sempre me esforçando para fazer o que ele fez, minha
paixão pela língua inglesa decorrente dele. Ele era um professor universitário
e autor de vários livros, que eu tinha comprado todos sem seu
conhecimento. Mesmo que o tinha afastado, não podia completamente deixar
ir. Nunca tinha deixado de amá-lo, só não sabia como lidar com a traição.

— É um prazer te ver, Clara. — Ele se abaixou no banco a minha


frente, o sofá cor de turquesa um tom mais escuro que a camisa dele. — O
que faz aqui?

Me sentei novamente. — O pai de Markus morreu em um acidente de


carro —

Antes que pudesse terminar a frase, meu pai se levantou e veio até
mim. — Eu sinto muito, amor, — ele disse, sua voz cheia de sinceridade. Ele
se sentou ao meu lado e me puxou para um abraço.

Fiquei rígida.

Ele imediatamente soltou, sem dúvida, sentindo meu desconforto. —


Como está seu marido? — ele perguntou, o fato de que ele não tivesse usado
o nome de Markus ao falar, eu não tinha apresentado eles ainda, algo que
agora me arrependi.

— Markus está devastado.


— Como é de se esperar. — Meu pai ia tocar na minha mão, mas não
fez. — Há alguma coisa que posso fazer para ajudar?

Eu baixei meu olhar, meu mal-estar aumentando rapidamente. Tinha


sido bastante difícil perguntar se poderia alugar sua casa, quanto mais me
aproximar dele para um empréstimo. E não seria apenas por algumas
centenas de dólares, cerca de dez mil dólares. Massageio minha têmpora,
percebendo que não tinha pensado nisso, o choque súbito da notícia sobre a
morte do pai do Markus mexeu com meus sentidos, porque de maneira
nenhuma eu poderia esperar meu pai me emprestar esse dinheiro,
especialmente depois do jeito que o tinha ignorado.

O que eu estava pensando?

— O que é, Clara? — ele perguntou, soando aflito.

Mantive meu olhar para baixo, incapaz de olhar nos olhos dele. —
Markus quer voltar a Londres então ele pode estar com sua família.

— Para sempre? — ele perguntou, soando chateado.

Olhei para cima, sua expressão, seu tom se espelhando. — Um mês


no máximo.

Alívio iluminou seus olhos cinzentos, fazendo o que eu ia perguntar


ainda mais difícil.

Eu limpei minha garganta. — O problema é... — Hesitei por um


momento, repassando o que eu ia dizer em minha mente antes de vocalizar,
esperando que ele não interprete mal as minhas intenções. — Não temos
nenhum dinheiro sobrando. Nossos cartões de crédito também estão
arruinados da mudança para a Nova Zelândia. Tínhamos planejado pagá-los
o mais rápido, mas a documentação do Markus demorou mais do que o
esperado desde que ele tem uma condenação criminal.
As sobrancelhas do meu pai levantaram. — Pelo quê?

— Não foi culpa dele. Um cara estava me assediando sexualmente.


Markus perdeu a paciência e deu um soco nele. Ele só pegou serviço
comunitário por isso, mas ainda foi para sua ficha. Por causa disso, ele teve
uma renúncia de caráter para vir para cá, que foi porque as coisas
demoraram.

— Oh, ok.

— O que significa que não podemos voltar para a Inglaterra.

— O que vai fazer, então?

Esforcei-me para não desviar o olhar. — Eu disse a Markus que iria


pedir se você pudesse ajudar.

Sua expressão mudou. — Então, a única razão que você está aqui é
por dinheiro? — ele respondeu, parecendo ofendido.

Eu olhei para baixo, sentindo vergonha.

Meu pai exalou ruidosamente. — Eu acho que mereço isso.

Eu olhei de volta, não gostando de sua expressão magoada. — O que


você quer dizer?

Ele olhou para a porta da cozinha, o som de potes batendo vindo de


lá, Sinh provavelmente fazendo o jantar. — Embora ame Sinh com todo meu
coração, lamento o que fizemos, porque isso resultou em mim te perdendo.
— Seus olhos encobriram com lágrimas, transformando-os em prata líquida.
— Eu te amo tanto, Clara. Você não acha que já me castigou o suficiente?
Eu quero ser uma parte da sua vida novamente. — Ele segurou minhas
mãos. — Por favor, deixe-me voltar à sua vida.
Apertei meus olhos fechados por um momento, incapaz de parar as
emoções que ele estava provocando. Queria perdoá-lo. Eu realmente queria..
Eu só não sabia como... até agora. Talvez se tivesse ido ao escritório dele
antes de Sinh cair de joelhos, eu poderia ter parado o que tinha acontecido
— como as batidas de bola que me impediu de beijar Dante.

Abri os olhos, as lágrimas no rosto do meu pai, refletindo as minhas.


Afastei as minhas mãos para limpar as minhas, dando-lhe um aceno.

Esperança cruzou seu rosto. — Isso significa que você vai me deixar
entrar?

Concordei novamente.

Ele me puxou para um abraço. — Obrigado, obrigado, obrigado, —


ele disse continuamente, sua voz sufocando.

— Você não deveria me agradecer, — eu disse, abraçando ele


também. — Eu não mereço isso.

Ele se afastou. — Você merece, querida. Não só traí a confiança de


sua mãe, eu traí a sua. Estou tão arrependido por tudo que te fiz passar.

— O que está feito está feito, e... agora entendo por que você traiu a
mãe.

Confusão apareceu em sua face. — Por que diz isso?

Porque o Dante é minha versão do Sinh.

— Sinh é muito atraente, — eu disse em vez disso. — Na verdade, ele


é lindo. Eu posso ver porque estava tentado por ele. Além disso, você deve
ter estado sob muito estresse com a mãe, estando sempre no hospital —
— Eu estava, mas isso ainda não é desculpa para o que fiz. No
entanto, estou feliz que não me odeia mais.

— Eu nunca te odiei, estava só ferida. Tinha pensado em você como


essa pessoa perfeita... Na verdade, você foi mais que uma pessoa para mim.
Eu idolatrei você como um Deus, e quando entrei, pegando você e Sinh
juntos... — Deixei de falar, sentindo mais lágrimas aparecendo.

Ele apertou minha mão. — Eu sinto muito, muito mesmo.

As lágrimas vieram, a divisão entre nós tinha sido tão dura e agora,
senti que precisava me desculpar também, mas não só para o meu pai,
Markus também. Mas não podia. Eu apenas não poderia.

Meu pai me puxou para um abraço novamente. Eu não sabia quanto


tempo ficamos assim, mas quando nós finalmente nos separamos, meu
coração não doía tanto, a barreira que tinha construído entre nós finalmente
se foi.

— Não quero te pedir o dinheiro, — disse, enxugando os olhos. — Não


sei, e entendo se você disser que não, mas se fizer isso, ainda quero te ver de
novo. Não consigo guardar rancor contra você — não depois do que eu fiz. —
Eu te amo, pai.

Ele sorriu tão amplo que eu podia ver sua falta molar. — Você não
sabe quanto tempo já sonhei com você dizendo isso para mim novamente. E
vou estar feliz em pagar as passagens de vocês para Londres.

Fui agradecer-lhe, mas parei na voz do som de Sinh. Ele estava de pé


na porta da cozinha, parecendo profundamente desconfortável e um pouco
chateado. — Você não pode pagar a viagem dela, Eric, — ele disse, tão
silenciosamente, que quase não escutei.

— Sim, eu posso, — respondeu meu pai. — Eu tenho muito dinheiro.


Sinh estremeceu. — Não, você não tem.

Meu pai levantou. — O que você fez?

— Não sabia que você precisaria disto.

Meu pai circulou a mesa de centro, indo para Sinh. — Diga-me o que
fez, — ele rosnou.

Sinh cobriu seu rosto. — Eu pensei que poderia pagar de volta antes
de você descobrir, mas meu livro não vendeu bem.

Meu pai parou na frente dele. — O que você fez?

Sinh manteve as mãos sobre o rosto. — Eu menti sobre conseguir


uma editora para o meu livro. Eu paguei tudo.

— Quer dizer, eu paguei tudo, — meu pai surtou. — Quanto você


gastou?

— Não quero dizer.

— Diga-me!

— Oito —

— Centos? Tudo bem. Tenho 10 mil dólares no banco, mais do que


suficiente para pagar os voos.

— Você não me deixou terminar.

Meu pai ficou rígido, o entendimento de que Sinh quis dizer oito mil
fazendo sua boca cair aberta. — Você não fez? — Ele engasgou.

Sinh assentiu com a cabeça.


— Que diabos, Sinh! — ele gritou. — Você jogou oito mil fora em um
livro!

Sinh descobriu seu rosto, agora colorindo suas belas características


de raiva. — Eu não sou como você! — ele gritou de volta. — Não com uma
editora disposta a publicar meu trabalho. Eu tive que fazer tudo sozinho se
queria ser publicado. Os editores não se importam sobre histórias de amor
gay. Eu não achei que tinha uma escolha.

— Você tinha uma escolha. Você poderia me pedir para te aproximar


da minha editora, mas em vez disso, você foi pelas minhas costas —

— Seu editor não imprimiria um erótico gay.

— Ele poderia conhecer alguém que faria.

— Mesmo que ele fizesse, você teria vergonha de perguntar.

— Eu faria isso por você, especialmente se isso significasse salvar


oito mil do meu próprio dinheiro.

— Nosso dinheiro.

— Não, é meu dinheiro. Não somos casados.

Dor cruzou as feições de Sinh. — Mas já vivemos juntos há quatro


anos.

— Viver juntos e estar casados não é a mesma coisa.

— Mas nós agimos como um casal, e pensei que se casaria comigo se


fosse legal.

— Bem, não é, e não tenho interesse em me casar de novo.

— Você não me ama?


— Claro que sim.

— Mas não como você amava sua esposa. Se ela não tivesse morrido,
você teria terminado as coisas comigo, não é?

— Não sei o que eu faria, as coisas eram diferentes naquela época.

— Então, você ama ela mais do que eu?

— Não, sim, foda-se, Sinh! Eu amo os dois, então pare de fazer isso
ser uma competição. Isto é sobre você gastar o meu dinheiro e esconder isso
de mim.

— Se não me queria tocando seu dinheiro, você não deveria ter aberto
contas conjuntas comigo.

— Eu confiei em você.

— E eu confiei em você!

— O que você quer dizer com isso?

— Está tendo um caso?

Os olhos do meu pai arregalaram. — Não! Por que você perguntaria


isso?

— Então por que aquela aluna chamada Tasha continua te ligando o


tempo todo? Você está entediado com sua experiência gay e decidiu voltar
para bocetas? — Ele disse, sua voz pingando desprezo.

— Não! Não tenho interesse naquela garota, ela é apenas uma


coordenadora.

— Como eu era! Ainda assim você me fodeu nas costas da sua


mulher. Como sei que não está fazendo o mesmo com esta Tasha?
— Porque eu te amo.

— Supostamente amou a sua mulher, mas ainda teve um caso


comigo.

— Você é diferente. — Meu pai segurou os braços de Sinh. — Você é


tão lindo que não pude evitar. Eu não sou uma pessoa forte, Sinh.

— O que significa que você pode me trair quando vier a próxima coisa
bonita.

— Eu não trairia você. Eu realmente te amo.

— Você não demonstra.

— Só diz isso porque está zangado, e não pode me culpar por ficar
chateado com você. Oito mil, Sinh. Oito mil.

Sinh levantou seu queixo desafiadoramente. — Eu não perdi; Eu


investi tudo em meu livro.

— Quanto retorno tem vindo disto?

Sinh fez uma careta.

— Eu acho que isso responde minha pergunta. — Meu pai o soltou.


— Por favor, diga-me que você não estourou nossos cartões de crédito
também?

Sinh não respondeu.

Meu pai passou uma mão pelo cabelo dele. — Eu sabia que não devia
ter deixado você cuidar do nosso sistema bancário. Você pelo menos sabe
quanto posso emprestar a Clara?

Sinh murmurou algo que eu não podia ouvir.


— Isso só cobriria uma das passagens deles, — meu pai disse com
raiva, fazendo Sinh saltar. Sinh desatou a chorar e correu para o corredor,
desaparecendo pela porta. Meu pai correu atrás dele, uma porta batendo um
segundo mais tarde. Começou a bater.

— Pare de ser a rainha do drama! — gritou meu pai. — Deixe-me


entrar!

— Não!

Meu pai continuou a gritar para Sinh abrir a porta. Eu me levantei do


sofá, com o sentimento ruim que tinha começado uma guerra entre os dois.
Dirigi-me através da porta de passagem, parando atrás do meu pai.

Ele parou de bater na porta e se virou para mim. — Eu sinto muito,


Clara. Por favor, desculpe Sinh. Ele é uma pessoa emocional. Coisas
despertam ele facilmente.

— Eu não sou emocional! — Sinh gritou do outro lado da porta. —


Você é apenas sem coração.

Meu pai exalou ruidosamente. — Vê? Não se pode argumentar com


ele.

— Pare de falar sobre mim! — Sinh gritou.

— Então, pare de agir como uma criança e me deixe entrar.

— Não! Não quero você perto de mim.

Meu pai gritou, parecendo incrivelmente frustrado, o mais frustrado


que vi ele, desde que geralmente ele era um homem calmo. Mesmo quando
era marota como uma criança, ele nunca perdeu a calma.

— Tenho que ir, — disse, novamente me sentindo mal.


Ele colocou a mão no meu braço. — Eu vou pagar a passagem do seu
marido. Obtenha os detalhes da conta e quanto tenho que pagar. Vou
resolver isso.

Concordei, não tendo a liberdade de recusar a oferta. — Agradeço e


peço desculpas por causar problemas com você e Sinh.

— Esquece isso, ele é sempre assim. — Ele me encaminhou pars


sala. — Se ele não conseguir as coisas da sua maneira, faz birra, então se
tranca no nosso quarto. Ele vai sair quando ficar com fome. Eu vou me
desculpar e ele vai estar todo feliz outra vez.

— Você não devia pedir desculpas, ele é o único que está errado. Ele
gastou seu dinheiro.

— Isto não é sobre o dinheiro; é sobre eu não tratá-lo como ele acha
que deve ser tratado.

— Como um companheiro que não trabalha? — Eu disse, agora,


tendo um motivo para não gostar de Sinh. Não tinha percebido que ele tinha
se aproveitado do meu pai até agora. Mas, novamente, não sabia nada sobre
o relacionamento deles.

Meu pai balançou a cabeça. — Não é assim. Ele é comprometido


comigo, mais do que sou com ele. Ele quer que façamos uma união civil, e
não vou. E o fato de que eu chamava meu dinheiro provavelmente fez ele
entender que ele é apenas um amante, o que ele não é. Ele é meu parceiro.

— Parceiros não deveriam esconder coisas tão grandes como esta um


do outro, — eu disse, sentindo-me como uma hipócrita assim que as
palavras tinham deixado minha boca. Só tinha que agradecer aquele
estrondo que me impediu de beijar Dante, porque sabia que não confessaria
que tinha feito isso para Markus.
— Não posso julgar Sinh por esconder isto de mim, especialmente
porque fiz consideravelmente pior, — ele respondeu, sua expressão me
dizendo que ele estava falando sobre trair minha mãe. — De qualquer forma,
você deve voltar para o seu marido.

— O nome dele é Markus.

Ele levantou as sobrancelhas. — Você deveria voltar para Markus,


então.

Concordei, dando-lhe um sorriso suave.

— E de meus pêsames, — acrescentou.

— Você pode fazer isso em pessoa, se você quiser.

— Ele está provavelmente muito triste para ter um estranho de


repente aparecendo.

— Você não é um estranho, você é meu pai.

— Não, eu sou um estranho. Disse oi para ele uma vez quando o vi


entrando na sua casa. Ele assentiu com a cabeça de volta, então
desapareceu dentro de sua casa. Não sei se ele percebeu quem eu era.

— Pai, ele teria. Somos muito parecidos. Ele provavelmente não se


sentia confortável falando com você desde que ele pensou que eu te odiava.

Seu rosto caiu. — Você disse a ele que me odeia?

— Não, ele assumiu. Não sabia que ele pensava isso até hoje, mas
dificilmente é surpreendente considerando que me recusei a deixá-lo enviar
um convite de casamento para você.

O rosto do meu pai parecia triste.


Coloquei uma mão em seu braço. — Isso foi errado da minha parte. O
que você fez me irritou muito, mas ainda não deveria ter cortado você
completamente da minha vida. Foi egoísta da minha parte.

Ele balançou a cabeça. — Eu mereci isto.

— Não na medida que fiz. — Eu expirei. — Vamos deixar isso de lado


e ir ver Markus. Ele vai apreciar o que você está fazendo para ele e vai querer
te agradecer pessoalmente. — Dirigi-me para a porta.

Meu pai me seguiu. — Como ele é?

Diminuí a marcha para que ele pudesse andar ao meu lado. — Muito
bom. As pessoas o amam, especialmente as crianças. Ele é um professor
também.

Meu pai sorriu. — Um professor de Inglês?

Eu balancei minha cabeça enquanto passava por seu portão. — Um


professor de educação física. É uma das razões por que ele estava feliz em se
mudar para a Nova Zelândia. Ele é um monstro da água e adora a praia. Ele
também acha que vai ser um ótimo lugar para criar filhos.

Meu pai sorriu mais largo. — Eu vou ser avô logo?

— Depende para quem você pergunta, — respondi, caminhando pela


entrada da minha garagem.

— O que você quer dizer?

— Eu quero esperar, enquanto ele quer agora. Apenas quero uma


criança, enquanto ele quer uma equipe de futebol.

— Nós somos muito parecidos. Sua mãe costumava me incomodar


por mais filhos, mas eu só queria você.
Eu abri minha porta da frente, sabendo que ele não sabia como
éramos parecidos.
22

Eu bati a porta do meu quarto, gritando, — Deixe-me sozinho, merda!

Meu pai chutou o outro lado da minha porta, — Você, seu merda! Eu
não quero ver o seu rosto ladrão pelo resto da noite!

— Eu também não quero ver sua cara!

Meu pai gritou e chutou minha porta de novo, o bico de sua bota
quebrando ela. — Merda, pai, você está estourando minha porta! O senhorio
ficará louco.

— É melhor do que chutar você. Estou farto de livrar sua bunda das
suas malditas bagunças. Precisávamos do dinheiro da fiança para o aluguel.

— Sim, o dinheiro que eu ganhei.

— Provavelmente da venda de calotas roubadas. Você poderia voltar


para o reformatório por isso!

— Eu não vou se você fizer aqueles idiotas retirar as acusações.

— É para isso que eu sirvo? Salvar seu pescoço de estar preso.

— Bem, você não serve para pagar o aluguel!

Ele gritou e chutou a porta novamente, fazendo um buraco maior. ─


Você é um completo bastardo, Dante! Nem sempre eu estarei lá para limpar
sua bagunça.
Ele saiu furioso, a porta da frente batendo um momento depois. Corri
para minha janela e espiei através das cortinas enquanto ele atravessava
pelo portão, trancando-o atrás dele. Ele atravessou a rua, batendo na porta
da frente de Jasper. O pai de Jasper apareceu alguns segundos depois. Meu
pai começou a gritar tão alto que eu podia ouvir parte do que ele estava
dizendo, que era basicamente que ele tinha me livrado da prisão por tentar
roubar algumas calotas de alguns mecânicos. O pai de Jasper colocou as
mãos nos ombros do meu pai, acalmando-o. Ele conduziu meu pai para
dentro, retornando com ele um minuto depois, os dois indo para o carro de
Hemi. Saltaram dentro, saíram da garagem e seguiram pela rua como um
morcego fugindo do inferno.

Soltei as cortinas e caí na minha cama, sabendo que tinha fodido mal
dessa vez. Só esperava que meu pai me tirasse ou definitivamente estaria
enfrentando o reformatório novamente. Eu não tinha percebido que os
mecânicos estavam no local quando invadi para roubar algumas calotas
caras que queria para o carro que meu pai e Hemi estavam me fazendo.
Deveria ter verificado melhor, mas tinha ficado distraído pensando sobre a
Sra. Hatton, perguntando-me o que ela estava fazendo naquele momento.
Ela não estava na escola hoje, um substituto ficou no seu lugar. Foi apenas
sorte que meu pai tivesse me resgatado, especialmente porque eu estava
preso em uma cela com um criminoso pervertido, que me olhava como se ele
quisesse me fazer sua cadela da prisão.

Precisando de uma distração, saí do meu quarto para medir o dano


que meu pai havia feito à porta. Balancei a cabeça para o buraco do
tamanho da bota, sabendo que não havia nenhuma maneira que nós
teríamos nosso dinheiro de bônus de volta se nos mudássemos. A quantia de
dano que meu pai estava fazendo à casa estava acumulando todos os dias.
Algumas semanas atrás ele socou o punho na parede do quarto depois que
uma ex gritou com ele. Ela saiu correndo daquele quarto tão rápido, gritando
como se ele tivesse batido nela. Ela não retornou, e agradeço a Cristo por
isso, uma vez que ela era uma cadela constantemente reclamando que ele
era um bastardo egoísta. Ele não era egoísta; Ele era pobre, e era por isso
que não podia comprar toda a merda que ela queria. Eu tinha certeza de que
a única razão pela qual ela tinha durado tanto tempo com ele era porque ele
a fazia gritar por Deus quando faziam sexo. Outra razão pela qual estava feliz
por ela ter ido, porque se tivesse que ouvi-los mais uma vez eu iria gritar.

Fui para a sala, perguntando o que iria fazer até que meu pai
voltasse, sabendo que ele ficaria louco se saísse da casa. Agarrei o controle
remoto da TV e me joguei no sofá, navegando pelos canais, pensando que
tudo estava fodido. Um lampejo de uma loira chamou minha atenção. Voltei
para o programa, reconhecendo uma das atrizes de Shortland Street, os
cabelos da garota me lembrando da Sra. Hatton.

Desliguei a TV e me inclinei para pegar a lista telefônica da mesa


lateral, pensando na maneira perfeita de passar algum tempo. Folheei as
páginas, procurando o número de telefone da Sra. Hatton, encontrando
apenas dois Hatton, um em West Auckland e o outro no leste. Desde que o
leste de Auckland estava mais perto, disquei esse número, me perguntando
que desculpa iria usar se ela atendesse. Na verdade... não precisava de uma,
já que ela me devia algumas aulas de reforço.

Um momento depois, sua voz passou pela linha. — Markus?

— Você pode me chamar como quiser, — respondi, me perguntando


se Markus era seu marido. Uma profunda inspiração me respondeu.

— Você tem asma ou está apenas animada por me ouvir?

— Como você conseguiu meu número, Dante? — Ela perguntou


irritada.
Eu sorri, imaginando ela gritando meu nome em vez disso. Em
êxtase. Quase ri com o pensamento. — Dante? Você ainda está aí?

— Sim.

— Então, responda minha pergunta.

— Duh, eu tenho lista telefônica.

— Não está na lista telefônica. Não tenho vivido aqui o suficiente.

— Está na nova. Confira.

— O que é que você quer?

— Muito rude.

— É tarde, então me responda.

— Estou ligando para combinar um horário para uma aula de


reforço, — respondi, perguntando se ela estava na cama. Nua. — Posso ir
amanhã? — Adicionei, abstendo-me de colocar ênfase no ir, não querendo
que ela desligue.

— Não, nós vamos fazer na escola, durante a pausa para o almoço.

— Eu não posso, tenho um compromisso. — Com a polícia.

— Então, logo depois da aula de Inglês.

— Vai precisar ser mais tarde. Tenho detenção porque o Sr.


Aston é um idiota.

Ela exalou alto. — O que você fez agora?


— No outro dia, ele atravessou o corredor parecendo um debilóide,
então gritei, perguntando se ele estava treinando para as Olimpíadas
Especiais.

— Isso não é engraçado, Dante.

— Bem, eu pensei que era, até que ele me mandou para a detenção, o
que me irritou, então mostrei-lhe o dedo, o que me deu outra detenção. De
qualquer forma, podemos fazer o reforço em minha casa? Vivo muito perto
da escola.

— Desculpe, não posso, preciso fazer algum trabalho em casa.

— Ok, vou para a sua casa.

— Você não precisa vir; Vamos combinar o reforço para outro dia.

— Não, tem que ser amanhã ou meu pai vai ficar irritado. — Uma
mentira. — Desde que te paguei, ele quer que valha a pena. — Não é uma
mentira.

— Não era o dinheiro dele, era seu.

— Como eu disse na escola, nós dividimos os lucros. Então, a que


horas posso ir?

Ela não respondeu, me fazendo pensar se ela estava tentando


inventar uma desculpa para me afastar como tinha tentado fazer na escola.

— Que tal as sete? — Eu perguntei antes que ela pudesse encontrar


uma desculpa.

— Bom.

Eu sorri. — Vejo você então.


— E as aulas?

— Eu já disse que tenho um compromisso.

— Só durante o almoço.

— E amanhã. Vai demorar um pouco.

— Para o que é?

Eu sorri. — Você está interessada em minha vida pessoal?

— Não, estou interessada em sua educação.

— Fique dizendo isso a você mesma.

— Não tente a sorte, Dante.

— Relaxa, só estou brincando.

— Enquanto eu falo muito sério. Ou me diga por que você não vai
estar na escola ou vou ter uma conversa com o diretor sobre o seu atroz
registro de presença.

— Vou colocar aparelhos nos dentes, — menti.

— Mas eles são retos.

— Eu também, então compre uma lingerie agradável para nosso


encontro. — Rindo, desliguei, amanhã à noite não chegaria rápido o
suficiente. Eu só esperava que meu pai me tirasse as acusações, ou o único
encontro que estaria tendo seria com um juiz.

***

— Eu não sei por que você colocou seu pai em tanta merda, — disse
Hemi, parando ao meio-fio na frente da casa da Sra. Hatton. O pai de Jasper
tinha se oferecido para me dar uma carona, já que meu pai estava fazendo
horas extras para compensar as horas que ele perdera tendo que me levar
para a polícia para fazer alguma coisa com eles, o que ele tinha que fazer. Eu
tinha descoberto ontem à noite que ele e Hemi tinham trabalhado onde um
dos mecânicos estava vivendo. Eles o ameaçaram para que as acusações
fossem retiradas, o que ele fez, meu pai me deixando livre da punição.

O pai de Jasper pisou no freio e se virou para me dar um olhar. Hemi


era ainda mais gordo do que seu filho, o homem era tão grande quanto duas
montanhas. — Você é um idiota, — disse ele, com a voz rouca por fumar
demais.

— Enquanto você é um bastardo gordo.

Uma bofetada caiu na minha cabeça.

— Ei! — Eu gritei, jogando um olhar para Hemi. Ele estava encarando


de volta, sem parecer arrependido por me bater. — Estou machucado o
suficiente, qual é, você não precisa adicionar mais à minha coleção.

— Então você deveria ter pensado nisso antes de ser pego por roubar.

Eu suspirei, achando que isto era um absurdo vindo dele. — Você


rouba carros, enquanto tudo que eu fiz foi tentar roubar algumas calotas.
Grande diferença, seu merda.

Ele levantou a mão, parecendo que iria me bater de novo, mas em vez
disso, bateu no volante. — Em primeiro lugar, não sou estúpido o suficiente
para ser pego, e em segundo lugar, sou um bandido, enquanto seu pai não
é. Ele não merece essa merda.

Eu zombei dele, o cara mais grosso do que duas tábuas curtas. —


Cresça um cérebro; Ele pinta os carros que você rouba. Isso faz dele um
criminoso.
O lábio superior de Hemi se curvou em um grunhido. ─ Sai da merda
do meu carro. Volto daqui a uma hora. Se você não estiver pronto, você pode
caminhar para casa, seu merda ingrato.

— Isso é duas horas de caminhada.

Um sorriso malicioso se espalhou por seu rosto gordo. — Eu sei.

— Você não vai me fazer andar por causa do meu pai.

Estreitando os olhos para mim, ele pegou um cigarro e soprou a


fumaça no meu rosto.

— Você é um porco, — eu disse, abanando o cheiro repugnante.

Ele sorriu mais largo.

Irritado, saí do seu carro. Era um Holden preto, com chamas


vermelhas, laranjas e douradas, e um motor saindo do capuz, o sol da tarde
fazendo isto brilhar.

Comecei a me afastar dele. — Ei, Hemi! Eu tenho uma teoria do por


que você gosta tanto desses cigarros nojentos. Você gosta de pau pequeno.
— Fiz um gesto imitando um boquete.

Ele saiu do lado do motorista e rodeou o carro. Ele tinha uma barriga
enorme e estava vestindo os mesmos couros iguais ao meu pai, apenas o
equivalente XXXL.

Ele acenou com um punho para mim. — Entre na casa ou vou chutar
você em seu pauzinho.

Eu cobri minha virilha. — Estou ciente, pervertido. Insulte meu pau


assim que o puxo para fora para provar que é enorme.
— Eu não quero ver seu pau!

— Enquanto eu não acho que é humanamente possível ver o seu.

Hemi gritou e correu para mim. Rindo, me virei e corri para a porta
da frente, que se abriu. A Sra. Hatton me conduziu para dentro, seus olhos
arregalados de medo, sugerindo que ela estava nos espionando através das
cortinas.

Uma vez que eu estava dentro, ela fechou a porta e trancou-a, então
espiou através das cortinas, dando peso aos meus pensamentos. Ela soltou
um suspiro audível quando o motor V8 de Hemi rugiu para a vida. Deixando
de lado as cortinas, ela se virou para mim, seu alívio transformando-se
rapidamente em desgosto.

Ela se apressou e segurou meu rosto. — Esse homem fez isso com
você? — Ela perguntou, examinando meus olhos roxos e minha bochecha
machucada.

— Não, — eu disse, gostando do toque dela.

— Então quem?

— Você não precisa saber.

— Foi seu pai?

Eu afastei meu rosto, irritado que ela tinha pensado que ele iria me
machucar. — Não! Meu pai nunca me bateu, só no meu irmão mais velho.

— Ele bateu no seu irmão?

— Anos atrás, antes que ele fosse para a prisão. Ele não bateu nele
desde então. Enquanto isso, — apontei para o meu rosto, — Feito por alguns
mecânicos que me pegaram roubando suas calotas. Sinto-me melhor agora,
sabe? — Eu disse sarcasticamente.

Ela deixou cair as mãos ao seu lado, preocupação ainda pintando sua
testa. — Por que você os roubou?

— Duh, por um carro.

— Mas você é muito jovem para dirigir.

— Não, não sou. Consegui minha licença assim que fiz quinze anos.

— Ah, pensei que a idade fosse dezesseis anos.

— Não, só não tenho um carro ainda, mas vou ter em breve. Meu pai
e seu amigo estão consertando um para mim. Eu queria as calotas para ele.
Elas eram muito legais, cromadas, modificadas. Porra, fui pego. Pensei que
os mecânicos tinham ido para casa, mas eles estavam lá em cima. Dois deles
me seguraram, enquanto o terceiro chamou os policiais. Eu quase consegui
fugir quando chutei um nas bolas. É por isso que o outro me deu um soco
no rosto.

— O que vai acontecer com você? — Ela disse, parecendo chocada


com o que eu tinha feito.

— Nada, porque meu pai e seu amigo foram ver um dos mecânicos
para pedir-lhe para tirar as acusações. — Menti, a versão do meu pai de
pedir não era como a das outras pessoas. Hemi tinha me dito que meu pai
tinha entrado na casa do cara, batendo-o contra a parede. O mecânico tinha
se mijado, chorando que faria o que o meu pai quisesse.

A Sra. Hatton franziu o cenho, ainda não parecendo feliz.


— Não fique tão preocupada, senhorita, estou bem agora, mas já tive
pior do que isso feito comigo, — disse, tocando minha bochecha machucada.
— Isso é nada.

— Não parece nada para mim e não gosto de vê-lo machucado.

Eu sorri, suas palavras doces.

O canto de sua boca puxou um pouco, parecendo que ela queria


espelhar meu sorriso, mas estava muito chateada, meu rosto machucado
obviamente a afetando mais do que deveria. Mais uma vez, a achei doce, me
fazendo gostar dela ainda mais.

Ela olhou para mim. — Eu fiz algumas anotações, — ela disse,


mudando de assunto.

Olhei por cima do ombro, observando uma pilha de papéis


empilhados em uma pequena mesa de centro de vidro. Virei minha cabeça
de volta para ela, pegando ela checando meu corpo. Eu estava vestindo um
jeans rasgado e uma camiseta preta, com uma jaqueta de couro batida pelo
tempo.

Deslizei o casaco lentamente, enfatizando o que estava fazendo, um


strip-tease lento para ela. Seus olhos imediatamente voltaram para meu
rosto, obviamente assustada que a tinha pego.

Eu sorri. — Gosta do que está vendo?

Ela balançou a cabeça vigorosamente. — Eu não estava olhando para


você assim.

Ergui uma sobrancelha. — É assim mesmo?

— Sim! — disse ela com mais força. — Então pare de querer elogios.
Você está aqui para estudar, não para flertar comigo.
Eu soltei uma risada, pensando que ela tinha bolas. — Você foi quem
me deu uma olhada.

— Eu não estava! — Ela ergueu o queixo para cima, parecendo tão


malditamente atraente que queria lhe dar um grande abraço. — E acho que
precisamos definir algumas regras básicas antes de começar o reforço com
você.

Eu sorri, achando suas palavras divertidas. Apenas horas atrás, eu


estava na delegacia por roubar e ela esperava que seguisse algumas regras?

— Eu acho que você já sabe que não sou bom com regras, —
finalmente disse.

— Que pena, você está em minha casa e vai respeitá-las.

— Você parece uma velha dizendo isso, — respondi, a mulher


definitivamente não parecia uma. Ela estava usando uma camiseta rosa e
uma saia jeans desbotada, enquanto seu rosto estava livre de maquiagem,
fazendo com que ela se parecesse muito mais jovem do que normalmente
aparentava, tão jovem que ela poderia facilmente passar como uma
formando. Perguntei-me como ela ficaria com um uniforme escolar. O
pensamento fez meu pau se contrair.

Ela franziu o cenho para mim. — Independentemente disso, se você


quiser que te ensine, você tem que fazer o que eu disser.

— Ok, bata em mim, — eu respondi, disposto a dar-lhe algum


espaço.

— Eu não vou bater em você! — Ela balbuciou.

Eu revirei os olhos, estupidez contagiosa esta noite. — Quero dizer,


me diga as regras.
— Oh, ok. — Ela limpou a garganta, parecendo envergonhada. —
Você não deve dizer ou fazer nada sexual. Você também não vai xingar ou
ser rude comigo.

— Eu muitas vezes falo coisas antes que penso. Nem sempre é


intencional.

— Tente o seu melhor.

— Que seja. — Joguei minha jaqueta em um suporte perto da porta


da frente e fui para o que parecia um corredor.

Ela correu atrás de mim. — Para onde acha que vai?

— Para o banheiro. — Olhei para ela. — Onde fica?

Ela apontou para uma porta à minha direita. Entrei no banheiro e fiz
o meu negócio rapidamente, então fechei a calça e voltei para o corredor,
olhando através da porta à minha direita, a cama grande chamando minha
atenção. Meu olhar se dirigiu para a outra entrada, que levava a sala,
observando Sra. Hatton sentada no sofá, folheando suas notas. Incapaz de
evitar, virei e entrei em seu quarto. Ele era mais suave que os outros
quartos, uma cor bronze revestindo as paredes. Passei os dedos pelo
armário, vendo meu reflexo no espelho da cômoda. Como de costume, meu
cabelo estava indisciplinado, enquanto a pele ao redor do meu olho esquerdo
era colorida, junto com um hematoma avermelhado na minha bochecha.
Acrescentado ao meu jeans rasgado e preto, eu parecia um dos amigo
motoqueiros do meu pai, alguém que deve fazer a fixação de motores ou
beber no bar em vez de em uma casa limpa, suburbana.

Peguei uma foto emoldurada da mesa de cabeceira e corri um dedo


sobre a Sra. Hatton e um homem, que presumi ser seu marido. Eles eram
uma explosão visual feita no céu, com seus cabelos louros e sorrisos
brilhantes de Colgate. Mas, como um desses anúncios de pasta de dentes,
pareceu falso, os sorrisos desaparecendo uma vez que as câmeras tinham
parado de fotografar. Em vez disso, pareciam dois Paikehas atraentes,
brancos, que haviam sido reunidos puramente porque combinavam com o
estereótipo de classe média que o anunciante queria transmitir, um tão
diferente do meu mundo.

Coloquei a foto de volta e virei para a cama, que estava perfeitamente


feita. Eu me perguntava onde estava seu marido. Mesmo sabendo que era
errado, me deitei no colchão, me perguntando como seria viver em um lugar
como esse e ter uma mulher bonita como a Sra. Hatton para acordar todos
os dias. Por um momento, senti ciúmes do marido, desejando ter o que ele
tinha.

— Dante? — Gritou a Sra. Hatton. — Onde você está?

— Aqui, senhorita, — respondi, sem intenção de me levantar. Não me


importo se ela me encontrar em sua cama. Se fosse alguma coisa, queria
isso. Isso me excitou, fazendo-me pensar se poderíamos fazer coisas mais
interessantes do que estudar.

Ela apareceu na porta. — O que você está fazendo?! — Ela gritou.


Seu olhar horrorizado desceu sobre mim, seus olhos se alargando ainda
mais. Olhei para o que ela estava olhando. A parte inferior da minha camisa
preta tinha subido, mostrando parte do meu abdômen, enquanto o topo da
minha calça jeans estava pendurado para baixo, o cós da minha cueca
apenas cobrindo meu pau.

Me apoiando nos cotovelos, olhei para ela sob a franja do meu cabelo
bagunçado. — Eu queria me deitar onde você transa, — disse, interessado
em ver sua reação.

— Você é inacreditável, — ela ofegou.


Eu pisquei. — Só para ir para a cama.

Seus olhos cinza cintilavam para mim. — Sai da minha cama!

— Fica fria, não há nenhuma necessidade de perder o controle, —


respondi, sua expressão mais intensa ainda.

— Eu não vou esfriar! Acabei de lhe dizer para não fazer nada de
sexual, mas aqui está você, — ela acenou com a mão para mim, — já
quebrando minhas regras. Pior, você não está apenas me desrespeitando,
você está desrespeitando meu marido.

Eu caí de volta no colchão, acenando com braços e pernas. — Não é


como se ele fosse descobrir, a menos que você diga a ele.

— Você vai sair da minha cama!

— Nah, — olhei para ela, sentindo como se pudesse adormecer aqui


tão facilmente, sua cama muito mais confortável do que a minha. ─ Quando
o seu homem estará de volta?

— Em breve. E se ele te encontrar aqui, te chutará para o próximo


reino12.

Eu ri. — Você disse venha.

— Pare de ser infantil, e pela última vez, saia da minha cama ou não
vou te ensinar, o que significa que você não vai conseguir ver seus avós.

Fiquei tenso com a menção de meus avós. Embora soubesse que era
uma ameaça vazia, não conseguia parar o súbito ataque de raiva. Era difícil
de explicar, especialmente porque estava feliz há um segundo. Não. Eu

12 Uma parte de uma oração que diz: Venha o reino (Kingdom come). Dante aproveitou para fazer
gozação, sobre a palavra venho, já que a mesma também significa gozar.
estava errado. Um dos meus médicos tinha explicado o porquê. Ele disse que
eu era bipolar. Assim como meu pai.
23

Dante saiu da minha cama, a menção de seus avós acabando com


seu humor em um piscar de olhos. Ele agora estava olhando para mim como
seu pai tinha olhado, uma mistura de raiva e luxúria. Não só isso, suas
mãos estavam apertadas, como se ele quisesse me estrangular, a mudança
repentina em seu comportamento era surpreendente.

Ele avançou sobre mim, fazendo-me voltar para a minha realidade.


Ele parou de repente, sua testa franzindo. — Você está com medo de mim?
— Ele perguntou, sua expressão um tanto surpreendida, como se não
percebesse o quão aterrorizante ele parecia.

— Não, — forcei para fora.

Seu lábio superior se contraiu, um sorriso de desdém puxando-o. —


Mentirosa, mentirosa, seu fio dental está em chamas.

Eu não neguei, sabendo que ele iria ver através de mim mesmo
assim.

Ele inclinou a cabeça para o lado, olhando abertamente para mim.


Assustada, segurei seu olhar, com medo de desviar.

— Miau! — Ele disse alto, me fazendo saltar.


Coloquei uma mão no meu peito, sentindo meu coração batendo
contra minha palma.

Ele zombou de mim. — Você é tão resmungona. — Ele girou e


desapareceu do meu quarto, deixando-me em pé lá, absorvendo o que ele
tinha feito. — Você vem? — Ele chamou da sala. Risos o seguiram. — Eu
aposto que você vem. Apenas faça rápido, porque você me ensinará.

Apertei minhas mãos, suas palavras me irritando. Ele tinha me


assustado e agora estava rindo? Era provavelmente tudo piada para ele, uma
piada bem grande.

— Senhorita? — Ele gritou de novo.

— Espere! — Eu disse, não só irritada com ele, mas comigo mesma


por ter aceitado sua provocação.

— Eu não sou um médico, então apresse-se.

Sem saber o que ele estava falando, fui para a sala. Ele estava
sentado no sofá, olhando para mim com uma pergunta em seus olhos, o ar
de presunção que eu esperava ver ausente.

— Você vai me ensinar ou o quê? — Ele perguntou.

Cruzei meus braços sobre meu peito e olhei para ele. — Eu acho que
você deveria ir embora.

Suas sobrancelhas se ergueram. — Por quê?

—Não tolerarei seu comportamento.

— Então, ligue para meu pai e diga que você não quer me ensinar
mais. — Ele sorriu.
— Ele não pode me fazer dar reforço para você, — respondi,
plenamente consciente de que ele estava usando seu pai como uma ameaça.

— Não disse que ele poderia, mas será muito mais fácil para você se
você não ficar do lado errado. De acordo com o meu avô, ele não é um
homem muito bom, o que se traduz em ‘ele é um bastardo de gangues, que
vai te dar um novo buraco se você não fizer o que ele quer’. — Dante riu. —
Então, o que você diz, senhorita, você vai me ensinar?

Minha mão direita flexionada, o desejo de bater nele me atingindo,


mas em vez disso, olhei para o telefone na mesa lateral, contemplando em
ligar para seu pai. E temendo isso. Uma conversa com aquele homem era
mais que suficiente. Ainda podia ver seu rosto áspero e tatuado olhando
para mim, a hostilidade em seus olhos escuros ameaçando. Olhei de volta
para Dante, pensando que ele era o melhor de dois males - e ele era um
maldito bastardo com a forma como ele estava sorrindo para mim. Eu não
sabia como ele poderia ir de bom para desagradável dentro de segundos. Ele
tinha uma personalidade tão conflituosa, uma variedade de humores que
surgiam a qualquer momento, mudando de um para o outro sem aviso
prévio.

— Então? — Ele perguntou.

Eu não respondi, ainda querendo chutar seu traseiro arrogante fora


de minha casa - e com uma bota de aço. Estava começando a odiar o
controle que ele tinha sobre mim, e não era nada a ver com o quão atraente
eu achava ele. Era sua personalidade. Ele tinha uma aborrecida capacidade
de torcer tudo à sua maneira, forçando-me a ceder ao que ele queria, mesmo
depois de ter feito algo horrível.

— Você vai me responder? — Ele perguntou.


Envolvi meus braços em torno de minha cintura. — Pare de me
provocar. Estou lhe fazendo um favor aqui.

Ele franziu o cenho, dando a impressão de que o fizera se sentir


culpado. Ele olhou para a pilha de notas sobre a mesa de centro. Era uma
pilha espessa de folhas de papel de tamanho A4, algo que tirei xerox de um
antigo tutorial que ensinei sobre Animal Farm.

Ele passou um dedo sobre eles e olhou para mim. — São para mim?
— Ele perguntou.

Eu balancei a cabeça. — São as notas desta semana, — respondi,


querendo um pedido de desculpas, mas não queria pressionar por uma, pelo
menos feliz que ele estava voltando para o que ele estava aqui.

Suas sobrancelhas se arquearam. — Você tem que estar me gozando.

— Não, por quê?

— Há uma montanha aqui. Não há nenhuma maneira que nós vamos


passar por tudo isso hoje à noite.

— Isso é porque você deveria levá-los para casa para estudar.

Ele me deu um olhar incrédulo.

Eu balancei a cabeça para ele, exasperada com sua atitude


desleixada. Ele não tinha feito nenhuma lição de casa para mim desde o
início das aulas, mesmo depois de eu ter concordado em ouvir seu poema.
Perguntei-me como ele tinha conseguido passar para o décimo primeiro ano,
porque ele não merecia estar lá.

— Não me olhe assim, Dante, você não pode esperar que não tenha
que fazer nenhuma lição de casa.
Resmungando em voz baixa, ele se concentrou na primeira página,
sua expressão irritada aumentando. — Como eu devo estudar em casa
quando não consigo entender metade das palavras que você usa? — Ele
disse, olhando de volta para mim.

— O que você quer dizer? — Eu perguntei, as notas escritas são para


o seu nível de idade.

Ele apontou para algo na página. — Eu não tenho ideia do que isso
significa. Ou isso, — disse ele, apontando para minhas notas. — Você
precisa simplificar as merdas das coisas.

— O que eu disse sobre palavrões? — Rosnei.

Seu lábio superior se contraiu. — Me espanque mais tarde, porque


agora você precisa corrigir isso.

— Não, eu não vou. Você está aprendendo inglês. Se você não


entender algo, pergunte.

— E quando eu estiver em casa?

— Use um dicionário ou a internet.

— Não tenho um computador, — ele grunhiu. — Eu moro em Wera,


não na sua vizinhança granfina, onde todos têm a merda de diamantes. E
aquele idiota que me deixou aqui roubou meu dicionário para fazer papelote.

— O que são papelotes?

— Como cigarros feitos à mão, mas com fumo dentro. Ele fumou o
meu dicionário. Eu usei-o para rimar desde que tinha uma enciclopédia na
últimas páginas. Eu acho que ele fez isso para se vingar de mim por chamá-
lo de Jabba o Hutt. Ele é um bastardo vingativo, mais do que Adolf Aston.
Eu segurei um sorriso para o comentário sobre Paul. — Você tem
uma maneira interessante de falar, — eu disse, me perguntando se ele
alguma vez se censurou. Era muito claro porque ele era um dos alunos mais
impopulares entre os professores, seu nome jogado na sala de professores
como veneno.

Ele franziu o cenho. — Você não está me chamando de idiota, está?


Porque odeio quando as pessoas me chamam assim. Sei que não sou
brilhante, mas não significa que sou estúpido. Eu sobrevivo, mas sou muito
bom com o dinheiro, bem, mais ou menos. — Ele fez uma careta. — Eu
simplesmente não consigo mantê-lo.

Eu balancei a cabeça, suas palavras me divertindo. — Eu não estou


insultando você. Já te disse que acho que você tem um jeito inteligente com
as palavras. Você também tem uma maneira única de falar.

— Eu gosto do jeito que você fala. Você pronuncia tudo


perfeitamente. Quando falo, as pessoas supõem que sou um idiota por causa
do meu sotaque, — disse ele, aparentemente incapaz de não xingar. — É
apenas a maneira que eu tenho para dizer coisas, não reflete o que está aqui
dentro. — Ele bateu na sua cabeça.

— Você tem toda a razão.

Ele parou por um momento, surpreendido que eu concordasse com


ele. — Então, você realmente não pensa que sou burro?

— Quantas vezes tenho que lhe dizer isso antes de acreditar em


mim?

— Mil vezes, porque as pessoas têm o hábito de mentir para mim.

— Bem, eu não estou.


— Por quê? — Ele perguntou, sua expressão duvidosa.

— Porque o que?

— Por que você acha que sou brilhante? Você só viu duas peças do
meu trabalho.

— Você pegou a parte de Otelo incrivelmente rápido, — respondi,


finalmente me sentindo confortável o suficiente para me sentar ao lado dele.
— Você não cometeu nenhum erro, enquanto Phelia constantemente tropeça
em suas falas.

— É porque ela está quente por mim. Muitas garotas gaguejam ao


meu redor.

— Sim, notei que ela gosta de você, — disse, infeliz com isso. Não
aprofundei a razão pela qual me incomodou, plenamente consciente de que
não gostaria da resposta. — Ela está te incomodando? Notei que você ficou
bravo com ela por te tocar no outro dia.

Ele baixou o olhar, concentrando-se na pilha de papéis. — Todo


mundo me toca, então não me preocupo, estou acostumado, — disse ele,
sem soar convincente.

— O que você quer dizer com todos tocam você? — Perguntei, agora
preocupada. — E defina todos.

Ele deu de ombros. — As meninas na escola têm o hábito de se


esfregar em mim, como Phelia, que me toca intimamente. Além disso,
algumas das garotas tentam me acariciar e me beijar. Eu costumo dizer a
meu pai sobre essas cadelas sarnosas e ele as coloca na linha. — Ele parou
por um momento, franzindo a testa, sua expressão se tornando preocupada.
— Por uma vez seria bom se uma mulher que eu quisesse me tocasse. — Ele
olhou para mim. — Como você. — Ele se inclinou para frente, dando a
impressão de que iria me beijar.

Eu levantei do sofá. — O que você está fazendo?

Ele exalou, sua expressão desapontada. — Estou supondo que não


você?

— Você não tem direito! Eu sou casada.

— Eu estive com mulheres casadas antes, não me incomoda.

— Eu não estou me envolvendo com você, — respondi, irritada que


ele tinha dirigido a conversa de volta ao sexo. Isso me fez querer estrangulá-
lo.

Ele levantou. — Talvez, talvez não, mas como Phelia, você ainda está
quente por mim. E desde que seu marido está fora, podemos foder sem ser
pegos.

Olhei para ele com incredulidade. — Eu não quero ter sexo com você,
e como você sabe que meu marido está fora? — Perguntei, agora
preocupada. — Você está me espionando?

Ele bufou. — Não. Eu só sabia que ele estava fora porque você
mentiu para mim.

— Sobre o quê?

— Ele vir para casa. Se você vai mentir de forma convincente olhe nos
olhos da pessoa. Não contraia e afaste seu olhar, você vai ser pega na
mentira. Ainda melhor, na verdade, acredite. Metade da merda que digo, me
convenço a pensar que é real mesmo quando não é. É como ninguém pode
dizer quando estou mentindo.
Eu não respondi, novamente chateada que ele podia ver através de
mim, para não mencionar um pouco preocupada por sua admissão
mentirosa.

Ele revirou os olhos. — Jesus, você está tensa. Relaxa, são apenas
palavras. Não é como se eu fosse atacar se você não quiser meu pau.

Ele caiu de volta no sofá e pegou uma caneta. Revirando as notas, me


fazendo uma pergunta sobre uma palavra que eu tinha usado. Murmurei a
definição, não tendo certeza se poderia me manter sentada ao lado dele mais
uma vez. Não importa o que ele prometeu, ele não deixaria de me provocar,
continuamente me jogando em um estado de agitação.

Ele olhou de volta para mim, perguntando-me o que outra palavra


significava como se não tivesse apenas me proposto sexo, a forma como ele
se moveu entre falar sobre sexo e estudo profundamente inquietante.

— Eu mencionei o significado na aula, — respondi, esfregando meu


braço esquerdo nervosamente.

— Eu não me lembro, talvez não estivesse lá.

Repeti o que significava. Ele rabiscou o papel, anotando a definição.


Ele perguntou sobre outra palavra, me fazendo relaxar o suficiente para
sentar no braço do sofá, as duas almofadas entre nós formando uma
barreira.

Minha saia subiu pelas minhas coxas. Puxei para baixo, congelando
enquanto seus olhos se fixaram no que eu estava fazendo, seu olhar dirigido
entre minhas pernas. Ele balançou a cabeça e se concentrou nas notas,
murmurando algo que não conseguia decifrar. Ele virou a página, fazendo
mais algumas perguntas. Respondi a todas elas, eventualmente tomando
controle da aula, Dante surpreendentemente prestando atenção ao que eu
estava dizendo. Isso me permitiu relaxar o suficiente para sentar na
almofada um espaço longe dele. Embora, ainda me sentia no limite. Até o
final, quando ele perguntou como Old Major em Animal Farm poderia
representar John Lennon. Eu o olhei inexpressivamente por um momento, e
depois soltei uma gargalhada, percebendo que ele tinha confundido Lennon
com Lenin.

— Por que você está rindo? — Ele perguntou, sua testa franzida me
divertindo.

— Eu não estava falando sobre o cantor, — disse, nem mesmo


sentindo culpa por rir, Dante não merecendo minha consideração depois do
jeito que ele me tratou. — Estava me referindo a Vladimir Lenin, o
revolucionário comunista russo.

— Como diabos vou saber disso? — Ele fez beicinho. — Lennon é


mais famoso do que algum cara russo que nunca ouvi falar.

Eu ri novamente, achando o que ele tinha dito hilário.

— Pare de rir de mim!

Eu cobri minha boca. — Desculpe, — embora não estivesse sentindo


nada. — Não é sua culpa. É só... Lenin é extremamente famoso. Ele foi uma
das mais importantes figuras políticas e pensadores revolucionários do
século passado.

Dante franziu o cenho para mim. — Lennon também era


revolucionário. Ele até escreveu uma música chamada Revolution. Foi uma
das suas canções mais políticas, uma resposta à Guerra do Vietnã. Bring on
the Lucie outra. É um protesto contra guerras e mortes. Ele acreditava na
paz e num mundo perfeito, como cantou em Imagine. Pessoalmente, não
acredito que um mundo perfeito é possível, uma vez que há muitos crimes e
psicopatas no mundo para que ele funcione. É uma ótima ideia, mas apenas
uma fantasia, um sonho que as pessoas odiosas vão pisar em cima se
tiverem metade da chance. A anarquia é mais provável do que o ideal de
John Lennon. Violência e ganância estão em nosso sangue, nossa psique um
campo minado de imperfeição.

Eu pisquei, não acreditando no que eu estava ouvindo, suas palavras


impressionantes.

— Você vai à igreja? — Ele perguntou.

Assenti com a cabeça, ainda perplexa por seu discurso inteligente, o


garoto uma contradição de tantas maneiras.

Ele estreitou os olhos. — Da próxima vez que você for lá, olhe para as
pessoas de cada lado de você, depois as pessoas na frente e atrás de você,
bem como as pessoas levantando suas mãos em oração. Além disso, ouça os
fiéis que cantam mais alto e abrem a boca para tomar comunhão em suas
línguas, em vez de suas mãos. Pelo menos um deles vai roubar de você se a
guerra explodir. Eles vão até agredir você para conseguir o que querem, as
necessidades básicas deles mais importante do que esta baboseira de amar o
seu vizinho. E garanto que pelo menos um dos homens daquela igreja vai
estuprá-la, não se importando enquanto você grita para eles pararem, se for
o caso, eles irão tirar vantagem disto.

Meus olhos se arregalaram. — Dante! É uma coisa horrível de se


dizer.

Ele fez uma careta. — Talvez, mas ainda é a verdade. A Bósnia é


prova suficiente disso. — Seus lábios se contraíram de raiva. — O vizinho da
minha prima, um homem que viveu ao lado dela toda a vida, a estuprou
assim que as bombas sérvias atingiram sua cidade. Os seres humanos são
selvagens, não pior que os animais, predando os fracos e vulneráveis para
seu próprio ganho. Eles vão até derrubar o forte com as palavras certas,
moendo-os no chão, fazendo-os fazer o que eles querem.

— Nem todas as pessoas são assim, — eu disse. — Alguns vão sair do


seu caminho para os outros.

— Você vai precisar de uma centena deles para compensar os poucos


que vão te foder, entretanto, tudo o que precisará é de uma pessoa para
fazer você querer explodir seu cérebro.

Perguntei-me se aquela pessoa era seu padrasto. — Espero que não


esteja falando literalmente.

— O que você quer dizer?

— Suicídio. Você não pensa sobre isso, não é?

Ele zombou. — Foda-se.

— Dante! Não seja rude, estou falando sério.

— Bem, não é da sua conta, e, de qualquer forma, prefiro morrer de


insuficiência hepática, pelo menos vou me divertir chegando lá. — Ele olhou
para o relógio. — Parece que é hora de eu vazar daqui. Mas, conhecendo o
maldito Hemi, ele se atrasará. — Deixou cair a caneta sobre a mesa e
estendeu os braços, apoiando-os na parte de trás do sofá, a mão esquerda
próxima do meu ombro. Ele fez cócegas com os dedos, dando-me um sorriso
sensual, como se não estivéssemos acabado de falar sobre suicídio. — Posso
tomar uma bebida? — Ele perguntou.

— Claro. — Eu pulei e fui para a cozinha, aliviada por estar longe


dele. Esperava que sua carona chegasse rápido, o sentimento entre nós mais
uma vez rodando em estranheza. Peguei um copo de vidro do armário e, em
seguida, removi o suco de laranja da geladeira. O som de um carro chamou
minha atenção, atraindo-me para a janela. Olhei através dela, esperando ver
a carona de Dante, mas em vez disso um Hyundai azul entrou na garagem
do outro lado da rua.

Suspirando, derramei um pouco de suco no copo e depois guardei a


garrafa. Peguei o copo cheio e voltei para ele. Ele estava sentado no mesmo
lugar, com os braços ainda espalhados sobre a parte de trás do sofá, mas
com um sorriso amigável em vez de um sensual, o garoto tendo um grande
repertório de sorrisos.

Estendi o copo para ele pegar. Ele pegou e cheirou o suco, enrugando
o nariz como se estivesse ruim, o que eu sabia que não estava, desde que eu
tinha tomado um pouco mais cedo.

— O que há de errado? — Eu perguntei.

Ele olhou para mim com uma expressão de desgosto. — Eu queria


uma bebida de verdade, não coisas para crianças. Eu não bebo suco de
laranja a menos que seja misturado com vodca.

— Suco de laranja não é coisa de criança e não vou dar álcool a um


menor.

— Ninguém vai descobrir se você não contar, — disse ele, colocando o


copo sobre a mesa de centro, a superfície de vidro fazendo um som
tilintante. — E eu bebo o tempo todo.

— Isso não é certo, o que você fez na escola prova suficiente disso.

— Eu vivi e você não é um policial, então pare de ser uma puritana e


me dê algo mais forte. — Ele bateu os dentes. — Ou eu vou te dar uma
mordida.
Eu cruzei meus braços sobre meu peito. — Eu acho que você deveria
esperar lá fora por sua carona.

— E eu acho que você deveria chupar meu pau, mas isso não
significa que vou conseguir isto. — Ele levantou e pulou a mesa de centro,
suas pernas longas facilitando a ação. Dirigiu-se para os altos armários do
outro lado da sala, suas botas batendo contra o chão.

— Dante! O que você está fazendo?

— Conseguindo uma bebida de verdade, foxy lady13, — ele disse,


cantando as duas últimas palavras. Ele passou a mão sobre a madeira
enrugada. — Agora, qual deles tem a bebida?

Eu me aproximei dele. — Nenhum, e eu disse para você sair.

— Não até eu conseguir uma bebida.

Apesar de meus protestos, ele abriu as portas do armário, soltando


um grito de alegria quando viu a coleção de licor de Markus. Ele agarrou
uma garrafa de Jack Daniels e tirou a tampa, tomando um gole antes que eu
pudesse detê-lo.

— Dante! Me dê isso! — Gritei, tentando tirar dele.

Ele se virou e engoliu mais, seu pomo de Adão balançando para cima
e para baixo enquanto engolia o uísque como se fosse um refrigerante. Me
movi entre o armário e ele, ficando nas pontas dos meus dedos dos pés para
agarrar a garrafa. Ele afastou a garrafa de seu lábios e soltou um arroto alto,
parecendo satisfeito consigo mesmo. Peguei a garrafa de sua mão,
espirrando um pouco na minha camisa, com raiva demais para me importar.

13
Música do Jimi Hendrix – Foxy Lady
— Não se atreva a dizer a alguém que deixei você beber álcool, — eu
disse, furiosa com ele.

Ele sorriu para mim, seus lábios molhados do uísque. — Mas você
não me deixou.

— Só não diga uma palavra.

— Eu não iria, porque vai te colocar em apuros, como não contaria a


ninguém se nós fodermos. — Ele se aproximou, me apoiando no armário.
Empurrei-o com a minha mão livre, forçando-o a dar um passo para trás.

— Se você fizer isso mais uma vez, não vou te dar aulas de novo.

Ele soltou uma risada. — Nós dois sabemos que você está falando
merda.

Minhas bochechas esquentaram, zangada com o modo como ele


dispensava minhas palavras, o que ele fazia constantemente, minha opinião
não significando nada para ele. E deixei ele se safar disso, muito de uma
cadela, como ele disse que eu era.

Ele riu. — Estou surpreso por você estar tão cheia de merda,
considerando quantas vezes suas bochechas ficam vermelhas.

— Por que você diz as coisas mais horríveis para mim? — Eu


respondo, minha raiva derramando.

— Elas não são horríveis. É apenas a maneira que falo.

— Não, você me provocou propositadamente, e você não deveria nem


falar sobre sexo. Você tem quinze anos!

Seu sorriso desapareceu, um raio de raiva o substituiu. — Quinze


anos não é a minha idade, são apenas os anos que passei neste inferno
chamado terra. — Ele bateu na cabeça. — Eu sou mais velho aqui, muito
mais do que você, porque vi e fiz coisas que nenhuma pessoa com quinze ou
mesmo cinquenta anos de idade tem que fazer. A idade é apenas um
número, então pare de deixá-la ficar no caminho do que você quer. E sei que
você me quer. Não poderia ser mais óbvio.

Antes que eu pudesse responder, seus lábios se chocaram contra os


meus, muito mais firmes do que na primeira vez na escola, mas ainda com
gosto de licor. Chocada, afastei minha cabeça para o lado e o esbofeteei. Ele
empurrou a cabeça para trás e olhou para mim com uma expressão de dor,
fazendo-me perceber que bati em sua bochecha machucada. Mas não me
desculpei, porque ele merecia. Em vez disso, devolvi seu olhar, quase
desafiando-o a tentar de novo, minha mão coçando para bater nele mais
uma vez.

Seu olhar magoado desapareceu, substituído por um sorriso


malicioso, dando-me a impressão de que ele iria me beijar novamente. Bati
na outra bochecha antes que ele pudesse, o que ele estava fazendo me
enrolando cada vez mais.

Ele estremeceu e levou a mão ao rosto. — Pare de fazer isso!

— Não até você recuar.

Ele olhou para mim, seus olhos se estreitando. — Eu não estou


recuando, especialmente não para alguém provocadora que provavelmente
vai se masturbar pensando em mim.

— É assim? — Cerrei os dentes, quase o convidando para dizer mais


uma palavra, mais um insulto, então poderia ter uma desculpa para limpar
aquele desprezo de seu rosto.
— Sim. — Ele colocou uma mão ao lado da minha cabeça e inclinou
seu rosto para o meu, rosnando, — E você sabe disso.

Minha mão ergueu. Ele agarrou meu pulso antes que eu pudesse
fazer contato. Gritei e fui acertá-lo com a outra mão, largando o Jack Daniels
no processo. Ele agarrou o pulso quando a garrafa atingiu o chão, o líquido
âmbar provavelmente derramando em todo o meu tapete azul. Mas não me
importava, meu foco apenas em Dante.

— Solte! — Eu gritei.

— Não até você parar de me bater, — ele rosnou. — Basta olhar para
o meu rosto, mulher. Fui atingido o suficiente. Eu não preciso de você
adicionando mais contusões.

— Eu não teria batido em você se você não continuasse me


pressionando, — rosnei, desejando que seu rosto... seu rosto bonito... não
estivesse tão perto do meu. Queria beijar aqueles lábios cheios, provar o licor
neles, ficar embriagada com ele, o garoto tóxico. A tentação de fazer isto
começou a agarrar minhas entranhas, fazendo minhas mãos flexionar em
seu aperto, minha mandíbula apertar e meus olhos arderem, a raiva que ele
acionou transformando-se em luxúria cheia, algo que estava pronto para
explodir, dando um foda-se gigante para a razão.

Não mais pensando, esmaguei meus lábios contra os dele, batendo-os


firmes, meus dentes batendo contra os seus dentes em minha pressa para
prová-lo. Ele sacudiu a cabeça para trás, parecendo chocado, mas não me
importei, minhas restrições completamente despojadas. Ele me provocou,
flertou comigo, me deixou tão ferida e necessitada que, uma vez que abrira
as comportas, nada iria me parar.

Eu aproximei dele, pressionando contra seu corpo enorme, enquanto


meus lábios corriam através de seu pescoço. Ele estremeceu e soltou um
gemido baixo, murmurando, — Foda-se, sim. — Ele soltou meus pulsos e
envolveu seus braços ao redor de mim, puxando-me para mais perto,
fazendo-me gemer também. Agarrei sua cabeça e puxei para baixo,
plantando meus lábios contra os dele de novo. Dessa vez ele não se afastou.
Em vez disso, me empurrou contra o armário, fazendo-o balançar. Um
ornamento caiu ao lado, esmagando-se contra o chão, quebrando como a
minha mente. Eu tinha colocado uma arma metafórica contra a minha
cabeça e puxado o gatilho. Minha moral estava agora entrando em colapso
sobre si mesma, despedaçada, condenando a minha consciência para
sempre. Mas, já não me importava. Não neste momento, não quando ele
estava me beijando assim, me tocando, me dando tudo o que eu tinha
fantasiado.

Desesperada por mais, deslizei minhas mãos entre nós, abrindo sua
calça, em seguida, empurrei minha mão direita na frente de sua cueca,
agarrando...

Um forte estrondo dividiu o ar como um raio. Retirei minha mão das


calças de Dante e afastei minha cabeça. Ele pareceu tão assustado. Seu
rosto estava aturdido enquanto seus olhos estavam arregalados, uma
imagem de inocência e sexo se transformou em um pacote conflitante.
Ficamos em silêncio, apenas nos encarando, tentando processar o que tinha
feito o som, nossas mentes listando a metade do caminho entre luxúria e
confusão.

Outro barulho puxou minha atenção para a porta da frente. A


compreensão de que alguém estava do outro lado finalmente rompeu com
minha mente obscura, cheia de luxúria. Levantei as mãos e afastei-me de
Dante, como se a polícia estivesse na minha varanda, pronta para derrubar
a porta e arrastar-me para a cadeia - onde eu pertencia, o que tinha feito era
criminoso.
— Vá, — conseguir falar, minha voz tensa. Meu corpo ainda latejava,
implorando por libertação, mas também sabendo que não ia conseguir. —
Saia, — disse, apenas querendo que ele fosse, precisando que ele fosse
embora. O que eu tinha feito... Oh, Deus...

Dante abriu a boca, parecendo que ia dizer algo, mas sacudiu quando
um homem com um sotaque Maori chamou seu nome. Se virando, ele correu
para o suporte de casaco e agarrou sua jaqueta de couro, vestindo-a com um
movimento brusco. Seus dedos moveram-se para suas calças, rapidamente
fechando seu zíper. Uma vez decente, ele pegou a maçaneta da porta,
hesitando em olhar para mim. Novamente, parecia que ele queria dizer algo,
mas em vez disso abriu a porta e desapareceu, deixando-me sozinha com os
meus pensamentos...

...e a culpa insuportável.


24

Em choque, caminhei para o carro de Hemi, o que a Sra. Hatton


tinha feito... inacreditável. Eu sabia que ela gostava de mim, mas... Foda-se!
Isso tinha sido incrível, melhor do que qualquer coisa que esperava e, se
Hemi não tivesse nos interrompido, sabia que teríamos feito sexo. Eu olhei
para o pai de Jasper, chateado com ele ainda mais agora, mas mantive
minha boca fechada, já que não era culpa dele, o cara estava realmente me
fazendo um favor, me levando para casa.

Entrei no carro e arrumei meu pacote antes de Hemi se espremer


atrás do volante, meu pau ainda semiduro. Eu não podia acabar com a
excitação automaticamente depois que uma mulher veio para cima de mim
daquela maneira. Tudo o que precisava era fazer qualquer coisa para aliviá-
lo de uma forma ou de outra, de preferência através do sexo. E sabia que só
ia piorar se não fizesse algo sobre isso, bolas azuis era a menor das minhas
preocupações, minha desordem bipolar como uma cadela no cio. Por um
segundo, pensei em saltar do carro e voltar para dentro da casa, tomando a
Sra. Hatton sem me importar com o que Hemi pensava, mas sabia que não
podia. Talvez pudesse ligar para Phelia. Ela teria corrido literalmente para
minha casa, mas realmente não queria fazer isso com ela. Eu queria a Sra.
Hatton.

Hemi ligou o motor. — Sem palavras sábias?


Não respondi, apenas olhei pela janela, para a casa da Sra. Hatton. A
luz da sala ainda estava acesa, com silhuetas escurecendo as cortinas. Eu
não conseguia distinguir sua figura, mas ainda imaginava que ela estava ali,
no mesmo lugar onde nos beijamos, tocando seus lábios, pensando em mim.
Soltei um riso de como patético eu estava sendo, pensando sobre uma garota
assim. Mas como não poderia? Tinha sido incrível. Não, foi muito incrível.

— O que é tão engraçado? — Perguntou Hemi, afastando-se do meio-


fio.

— Seu rosto, — eu disse, ainda olhando para a janela dela.

Uma palmada pousou na parte de trás da minha cabeça.

Eu gritei e levei minhas mãos para a minha cabeça. — Por que isso?
— Eu perguntei irritado, olhando para ele.

— Por ser um espertinho.

— Eu sou espertinho com você o tempo todo, você sabe que significa
merda, assim mantenha suas mãos fodidas de merda para si.

Ele levantou a mão de novo, depois baixou-a. — Por que você sempre
me insulta? Estou te ajudando, mas tenho que ouvir suas gracinhas.

— Pssss, fale sobre ser sensível. Você está no seu período?

Hemi apertou o volante enquanto virava para outra rua. — Eu não sei
por que me incomodo com você. Você é como seu pai. Um bastardo
desrespeitoso. Embora, espero que você não pare de tomar seus remédios
como ele.

— Eu precisei. Eles estavam me deixando doente.

— Vá para o seu médico e pegue outros.


— Ele não ajudaria. A cadela pensou que estava exagerando, assim,
fui em outro doutor, que me disse que o diagnóstico é errado.

— O que você quer dizer com diagnóstico errado?

— Ela não acredita que sou bipolar.

Hemi arqueou as sobrancelhas. — No inferno que você não é. Quando


isso aconteceu?

— Uma semana antes do início da escola.

— E você não teve nenhum episódio? — Ele perguntou. — Bem,


exceto por aqueles momentos em que seu pai foi na escola.

— Aqueles não foram episódios, fiquei bêbado na primeira vez e


Happy Meal me irritou na segunda. Além disso, minha nova doutora me
testou novamente e disse que eu tenho estresse pós-traumático, não
transtorno bipolar.

As sobrancelhas de Hemi arqueram. — A cadela estúpida! Você tem


ambos. Você é como seu pai, e ele é cem por cento bipolar.

Eu dei de ombros, sabendo que ele estava certo. — Pelo menos não
estou mais nessa medicação de merda. Elas me faziam sentir como se
tivesse uma bolha em torno de mim, tudo silenciado. Sem mencionar, logo
depois de tomá-los, sempre senti vontade de vomitar.

— Veja um médico diferente, porque este está errado. Faça isso antes
de surtar.

— Eu não vou surtar, a erva me estabiliza. Isso, — eu disse, olhando


para ele, — faz um trabalho melhor do que qualquer droga prescrita.

Ele parou em um sinal vermelho. — Você está falando sério?


— Totalmente. Tem alguma erva?

Ele olhou para mim por um momento, depois deu um rosnado. —


Você está brincando comigo. — Ele começou a dirigir novamente.

— Não, realmente funciona.

— Sim, brinque com outro.

— É verdade.

— Ainda não acredito em você. Lembre-se do episódio que você teve


uns anos atrás? Perdeu sua mente, destruiu totalmente o seu quarto.
Nenhuma quantidade de erva poderia consertar isso.

— Isso não foi um episódio, perdi a paciência porque minha primeira


namorada de verdade me deixou. E a erva realmente me acalma.

— Colocar a cabeça na areia só piora as coisas. Você ficará bom num


minuto, então atacando alguém no minuto seguinte. Como eu disse, você é
como seu pai, e sabe como ele é sem seus remédios. Uma bomba a maior
parte do tempo. Se você é inteligente, vá a um médico diferente e consiga
uma nova receita que não o deixe doente.

— Eu não sou como meu pai, seu temperamento é cem vezes pior.

Hemi me deu um olhar de soslaio. — Só me prometa uma coisa.

— O que?

—Veja um médico novo.

Eu caí mais baixo em meu assento. — Ok, — menti, sem intenção.


Hemi finalmente parou de me incomodar e ligou o som, tocando uma
canção de Snoop Dog, o baixo provavelmente acordando todos os bons
garotos e garotas de East Auckland.

Menos de trinta minutos depois, chegamos a sua casa. Pulei para


fora e atravessei a rua, indo para a minha casa.

— Nem um obrigado? — Ele gritou para mim de sua entrada.

Eu dei a ele um enorme sorriso. — Obrigado, tio Hemi-róidas!

Ele balançou a cabeça para mim, mas também sorriu. Voltei e


destranquei o portão, me perguntando onde estavam os meus cachorros.
Normalmente, eles estavam esperando por mim na frente se meu pai não
estivesse em casa. Talvez ele tivesse ligado para a irmã de Hemi ou Jasper
para trancá-los antes que escurecesse, já que nossos vizinhos adoravam
reclamar sobre eles latindo.

Tranquei o portão atrás de mim e fui para a porta da frente, sorrindo


novamente para a memória da Sra. Hatton me beijando e me tocando. Eu
ainda podia sentir sua mão em meu pau, tão suave, mas me segurando com
força. Meu pau se contorceu só de pensar nisso. Jesus, até tive arrepios com
a memória, a garota como ninguém com quem já estive.

Ainda sorrindo, abri a porta da frente, ansioso para a escola amanhã.


Apenas chateado que não poderia fazer qualquer coisa com ela lá. Ninguém
poderia descobrir sobre isso, nem mesmo Jasper, porque eu definitivamente
queria mais e não estaria conseguindo se ela ficasse presa porque eu era
menor de idade.

Entrei na minha casa, me perguntando se eu deveria ligar para


mudar minha próxima aula para frente. Eu sorri, planejando dar-lhe
algumas aulas. Antes que eu pudesse terminar o pensamento, algo duro
desceu sobre minha cabeça. Eu desmoronei, apagando antes de bater no
chão.

***

Um chute no meu estômago me trouxe de volta ao mundo dos vivos.


Gritei quando outro pontapé atingiu minhas costelas.

— Eu disse para ficar longe dela!

Não reconheci a voz gritando para mim, minha mente quase


inconsciente incapaz de perceber qualquer coisa além da dor me espetando.
Gemi e rolei para frente. Não era uma boa ideia enfrentar o atacante, mas
não conseguia segurar outro chute nas minhas costelas, meu corpo
instintivamente tentando protegê-las.

Em vez disso, o próximo pontapé bateu no meu quadril, fazendo-me


gritar novamente. Parecia que o animal estava usando botas de aço.

— Foda-se, olhe para mim, seu bastardo! — Meu atacante gritou. —


Olhe para mim!

Eu virei e pisquei, minha visão borrando, provavelmente do golpe na


parte de trás da minha cabeça. Quando as coisas finalmente entraram em
foco, congelei. Happy Meal estava se aproximando por cima de mim, seu
rosto era uma imagem torcida de violência. Sua expressão era viciosa
enquanto seus olhos estavam injetados, dando a impressão de que ele estava
chorando, ou talvez ele estivesse chapado. De qualquer maneira, eu estava
fodido.
Ele abaixou ao meu lado e colocou uma arma na minha cabeça. —
Eu deveria te matar aqui e agora. — Ele moveu a arma para minha
bochecha. — Eu deveria atirar em sua bela cara, arruinando a única coisa
boa que você tem. Pelo menos, vai impedir Phelia de me trair com você.

— Eu não estou interessado em...

A arma atingiu o lado da minha cabeça antes que eu pudesse


terminar a frase. Tudo escureceu por um momento, então veio com um soco
para o lado do meu rosto.

— Não minta! — Gritou Happy Meal. — Eu vi você beijando ela na


porra do palco! Você tinha sua língua imunda em sua garganta.

— Ela tinha sua língua em minha...

Outro soco, este na minha mandíbula, fazendo-me morder o interior


da minha bochecha. Sangue espirrou da minha boca, colorindo o tapete
verde e um sapato perto da porta da frente.

— Você sempre tem uma piada, — Happy Meal disse. — Sempre tem
que ter um retorno fodido. — Ele colocou a arma contra meus lábios,
forçando-a em minha boca. — O que há de tão legal em você? O que você
tem que eu não posso dar a ela? Porque não é porra de amor. Eu amo ela.
Mas você sabe o que ela me disse depois que derramei minhas tripas para
ela?

Eu não respondi, incapaz de responder mesmo que quisesse, a arma


não só me fez parar de falar, mas estava me assustando, porque Happy Meal
parecia que queria puxar o gatilho. Ele realmente parecia.

— Ela disse que estava apaixonada por você. Você! Comprei joias
caras, levei-a para lugares legais, fiz tudo o que ela queria. Mas ela me ama?
Não! É a porra do prostituo que ela quer. Por quê? É o seu rosto? Ou você é
realmente ótimo na cama? — Ele tirou a arma da minha boca e colocou a
ponta contra o meu pau. — Se eu atirar nisso, ela não vai mais querer você.
Você pode viver, você pode não viver, mas ela nunca vai montar isso de novo.

Eu queria cobrir minha virilha, mas estava com muito medo de me


contrair. Também queria dizer a ele que ela nunca montou meu pau, mas
não acho que acreditaria em mim.

— Quando você viu Phelia e eu nos beijando estávamos


contracenando, — eu disse em vez disso. — Nada mais.

— Não para ela!

— Não é culpa minha. Eu já disse a ela que não estou interessado,


mas ela não vai me ouvir. Como você, ela continua vindo atrás de mim.

— Você acha que isso me faz sentir melhor? Que ela prefere você do
que a mim mesmo depois que você rejeita ela?

— O que você espera de mim? — Eu perguntei, pensando que nada


do que dissesse iria satisfazê-lo. — Eu nem sequer lhe dei consentimento
para me chupar. Entrei naquele quarto sozinho, para dormir, não para
foder. A próxima coisa que sei é que acordo com meu pau na sua garganta.

Eu fechei a boca rapidamente, percebendo que tinha deixado escapar


demais, mas em vez de me bater, Happy Meal retraiu a arma.

— Por que você não a quer? Ela é maravilhosa.

— Ela não é o meu tipo, estou interessado em uma garota mais velha,
— eu respondi, perguntando-me se tinha finalmente chegado até o bastardo
grosso. — Eu gosto de mulheres, não de meninas. Gosto de peitos caídos,
não das coisas tão apertadas que não consigo me enfiar entre eles. Eu gosto
de mulheres que sabem chupar um pau, não aquelas que batem seus cílios
para mim, me perguntando se gosto. Também adoro mulheres que não
cortam o fornecimento de ar do meu pau com as bocetas tão apertadas que
sinto que estou espremendo-o através de um buraco muito apertado. E
mesmo que não tenha fodido sua boceta, Phelia não pode chupar um pau
para salvar a si mesma.

Seus olhos se arregalaram. Da próxima vez, seu punho caiu na


minha virilha, me fazendo gritar. Lágrimas brotaram em meus olhos. Eu
queria me encolher, mas ele inclinou o joelho e apertou em minhas coxas.
Em vez disso, apertei meus dentes, querendo que no processo a dor no meu
pau e bolas parassem.

Ele zombou de mim. — Eu não acho que você vai querer alguém para
chupar o seu pau depois disso.

— Não é pequeno, — exclamei. —É por isso que as novinhas gostam


de mim. Não é só a minha cara que elas querem.

Ele soltou uma risada. — Bem, você definitivamente tem bolas, isso é
certo. Ou talvez você seja apenas uma vagabunda idiota que não sabe
quando fechar a boca.

— Ambos.

Ele bateu na minha bochecha com o lado da arma, um sorriso em


seus lábios. — Quem é essa garota mais velha que você gosta tanto?

— Eu não vou dizer isso a você.

— Você está apaixonado por ela?

— Não, só quero fodê-la, — eu disse, me perguntando se isso era uma


mentira parcial. Definitivamente não amava a Sra. Hatton, de jeito nenhum,
mal a conhecia, mas gostava dela. E embora estivesse sofrendo por ela,
também gostava de passar tempo com ela, a mulher era interessante.

— Quem você ama?

— Família, obviamente.

— E Jasper? — Ele zombou. — Aposto que ele te fode.

— Não! Nós não somos maricas. Ele é como um irmão.

— Mas você o ama?

— O que é isso para você?

— Você choraria se eu atirasse nele?

Eu congelo.

Ele sorriu. — O que você faria para salvá-lo? Você me ajudaria a


reconquistar Phelia?

— Sim. Vou te ajudar, eu vou. Vou fazer ela querer você mais do que
eu. Vou ser um idiota para ela, fazer com que ela me odeie. Ela vai chorar no
seu ombro e implorar por seu perdão.

— Como você vai fazer isso?

— Eu vou humilhá-la, dizer-lhe que ela não pode chupar um pau,


vou dizer-lhe que ela me deixa de pau mole, o que você quiser.

— Faça isso na frente de outras pessoas. Humilhe-a totalmente.


Faça-a chorar como ela fez — ele parou, provavelmente iria dizer como ela
tinha feito ele chorar. — Se você fizer isso, não vou atirar em Jasper. Ou em
seus cães.
Fiquei sério, o que ele tinha feito no outro dia retornando. — Onde
estão os meus cachorros? — Perguntei, preocupado que ele os machucasse.

— Os vira-latas estarão de volta. — Ele bufou. — Eles não estão


mortos, apenas comeram uma carne sedada que joguei.

— Se eles...

— Estão bem, mas não estarão se você não cumprir sua promessa. —
Ele sorriu. — Na verdade, talvez atire neles em vez de Jasper. Eu não iria
para a cadeia por isso. Ninguém vai se importar, mas você...

— E meu pai.

— Sim, você gosta de usá-lo para se proteger, mas meu pai é tão
difícil quanto aquele maldito bastardo com quem você está relacionado. Na
verdade, ele é mais poderoso, porque ele tem homens que vão estripar seu
pai a suas ordens. Assim, uma vez que você saia do hospital, você fará como
eu disser.

Outra batida atingiu minha cabeça. Um segundo mais tarde, desejei


que me tivesse nocauteado como Happy Meal fez quando me pegou de
surpresa.

***

Acordei com as luzes brilhantes do hospital. Levantei meu braço para


cobrir meus olhos, grunhindo quando alguém agarrou-o.

— Graças a Cristo! — Meu pai disse, sua voz se quebrando. — Eu


fiquei aterrorizado que você não ia acordar.

Ele levantou-se de uma cadeira, parecendo chateado e feliz,


provavelmente porque eu ainda estava na terra dos vivos, embora sentisse
que a morte se aqueceu. Ele se inclinou e me puxou para um abraço gentil,
tratando-me como se fosse frágil, provavelmente com medo de me machucar,
e eu sentia dor, mas não por causa dele. O meu corpo doía por toda parte, a
surra de Happy Meal estava me fazendo sentir como se tivesse sido atingido
por um petroleiro.

Ele me soltou um momento depois. — Quem fez isso com você? — Ele
perguntou, seu rosto endurecendo. Eu nem sequer tenho que imaginar o que
ele faria se lhe dissesse que era Happy Meal.

Ele o mataria.

— Um ladrão, — menti, não querendo que ele fizesse tempo para


assassinato — ou se colocasse em perigo, porque o pai de Happy Meal
definitivamente mandaria homens atrás dele. — Ele me atacou quando
entrei na casa. Os cães estão bem?

— Esses inúteis vira-latas não podem guardar merda nenhuma, —


ele grunhiu, soando como se não percebesse que haviam sido sedados.

Jasper empurrou as portas duplas do quarto, puxando minha


atenção para longe de meu pai. Atravessou o chão de lino, parando perto da
minha cama. Ele estava vestido de jeans rasgados e uma camisa preta, com
uma jaqueta de couro parcialmente escondendo sua barriga gorda.

— É bom vê-lo acordado, — disse ele, parecendo que eu estava no


hospital por um corte de papel, não uma surra severa. — O que aconteceu?

— Um ladrão, — respondeu meu pai por mim. — Dante entrou na


hora errada.

Jasper franziu o cenho. — Onde estavam os cachorros?

— Sedados, — respondi.
Meu pai olhou para mim, sua expressão surpreendida. — Eles
estavam?

— Sim. O ladrão disse-me que drogou-os com carne sedada


justamente antes que me batesse. — Eu sorri, mesmo que doeu o lado
direito da minha cara. — Embora quebrei um de seus dentes, — menti, não
querendo que parecesse como se tivesse ficado apenas lá, levando do idiota
do Happy Meal. — E poderia ter batido no bastardo se ele não estivesse
armado. Pelo menos o impedi de roubar nossas coisas.

— Então, você pode identificá-lo?

Eu balancei a cabeça, mas parei tão rápido quanto comecei, o


movimento doendo como um filho da puta. — Ele estava usando uma
máscara. Além de ser irritado, eu não poderia identificá-lo se minha vida
dependesse disso.

Meu pai grunhiu, parecendo chateado, provavelmente porque não


tinha nenhum alvo para sua sede de sangue. Eu indiquei para minha cama.
— Você pode levantar a parte de trás da cama? Eu quero sentar.

Ele acenou com a cabeça, ajustando-a enquanto empurrava para


uma posição sentada.

— Ele quebrou alguma coisa? — Perguntei, meu tronco me matando.


Havia muitas bandagens debaixo do meu vestido de hospital, bem como em
torno da minha cabeça.

— Você tem uma costela fraturada, — meu pai respondeu. — Mas foi
a batida na sua cabeça que mais preocupou o médico.

— E a minha cara?
Jasper bufou. — Você é agredido e tudo o que está preocupado é
sobre a sua cara de garoto bonito?

— Não é bonito, é quente pra caralho.

Meu pai soltou uma gargalhada. — Não tanto agora. Você está todo
ferido e inchado, mas vai ficar bem. O médico disse que você vai curar
completamente.

— Maldição, eu queria uma cicatriz legal.

Jasper deu um sorriso maligno. — Vai arruinar sua carreira de


modelo se isso acontecer.

Eu atirei nele um olhar. — Eu não estou me envolvendo com isso,


então feche a boca.

Meu pai sacudiu a cabeça. — Estou feliz que você não tenha ido
aquela entrevista. Não quero nenhum garoto meu desfilando como uma
garota. Se você se tornar famoso, será como um All Black, não um modelo
maldito.

— Em seus sonhos, porque o futebol é o meu jogo.

Meu pai resmungou. — Eu sabia que não devia ter deixado sua mãe
te levar para o esporte de meninas. — Seu rosto triste, sem dúvida seus
pensamentos vão para a minha mãe.

— Não é um esporte para meninas, é o jogo mais popular do mundo,


e você pode me aliviar a dor? — Eu perguntei, querendo distraí-lo, meu pai
não superou a morte de minha mãe.

— Certo. Vou chamar o doutor, mais ele precisa checar você. Você
esteve desmaiado por quatro horas.
— Quatro horas?

— Sim, você me assustou, garoto. Cheguei a telefonar para a sua


baba e dida...

Eu me animo. — Eles estão aqui?

— Ainda não. Estão a caminho, com os gêmeos.

Apesar da dor, sorri, animado que ia ver meus irmãozinhos, que


moravam com meus avós no norte.

Meu pai fez uma careta. — Sim, sorria, enquanto minhas bolas se
encolhem com a ideia de ver aquela alma penada, — ele disse, referindo-se à
minha avó. — Sua avó vai me culpar por isso, como se ela me culpasse por
cada coisa maldita que der errado.

— Você não teve nada a ver com isso.

— Isso não vai impedi-la. Eu sou a raiz de todo o mal para aquela
mulher.

— Eu direi a ela que não é sua culpa.

— Não fará diferença. — Ele ergueu-se da cadeira. — De qualquer


maneira, vou conseguir um médico para você. — Ele saiu do quarto,
deixando-me sozinho com Jasper.

Desejando lhe ter pedido uma bebida, olhei em volta, procurando


água. A minha cama era apenas uma das duas no quarto, a outra cama
vazia. No armário ao meu lado havia um grande frasco de água, junto com
copos de plástico. Ia pedir a Jasper para me servir um pouco, mas parei com
a expressão furiosa em seu rosto.
Ele estreitou os olhos para mim. — Eu não acredito numa palavra
que você disse sobre um ladrão.

Fiz uma careta para ele. — Você está me chamando de mentiroso?

— Nada foi roubado.

— Como eu disse, interrompi o idiota.

— Então, ele bate em você, deixando inconsciente, mas não leva


nada?

— Ele estava chateado que quebrei seu dente. Eu também teria ido
embora.

Ele revirou os olhos. — Ter sua cabeça golpeada obviamente afetou


sua capacidade de mentir, porque soa como besteira total para mim. Não só
isso, vi Happy Meal andando pela nossa rua no dia em que você foi agredido.

— Não é ele.

Jasper ergueu a mão, batendo no meu rosto.

Eu gritei, instantaneamente levando minha mão ao meu rosto. —


Que porra é essa! — Eu recuei, com muita dor para me vingar.

Jasper se inclinou sobre mim, fazendo eu levantar meu braço, com


medo que ele ia me bater novamente, mas em vez disso ele apenas olhou
diretamente para mim. — Se você vai continuar tentando encobrir aquele
desgraçado você vai sentir mais dor do que um tapa pode oferecer, — ele
rosnou. — E não por causa de mim, então pare de mentir e me diga a
verdade.

— Não é ele.
Ele puxa meu braço para baixo. — Besteira! E vou fazer aquele
desgraçado pagar por isso, fazê-lo sofrer, então vou encher seu corpo com
balas.

— Você está louco?

— Não! — Jasper, gritou me fazendo balançar na cama do hospital.


— Eu sou o único são aqui. Ele continuará vindo até você até que seja uma
concha de si mesmo ou pior, morto. E não vou deixar isso acontecer. — Ele
apontou um dedo em meu rosto. — Então, cresça algumas bolas, porque
uma vez que você estiver fora do hospital, vamos terminar as coisas com ele.

— Não!

Jasper enfiou o rosto na minha frente. Seus olhos estavam


queimando, raiva alimentando-os. — Você não tem uma porra de escolha,
cadela. Eu estou no comando, não você.

— Foda-se, — eu respondi, — você não pode me dizer para fazer


merda nenhuma.

— Você quer apostar?

— O que você está usando? Crack? Porque você está delirando.

— O único delirante aqui é você, Dante, então tire a cabeça da sua


bunda, porque até o final do dia, Happy Meal vai ser morto e Phelia será
minha, e você vai me ajudar gostando ou não.

— Eu não estou ajudando você a iniciar uma guerra.

— Vamos ver isso. — Ele se virou e caminhou em direção à porta, as


insígnias de gangue na parte de trás de sua jaqueta fazendo meus olhos se
alargarem. Ele tinha sido inserido, Jasper agora um integrante de gangues...
...e um assassino.

Porque a única maneira de se tornar um pleno era matar alguém,


sangue agora estão nas mãos de Jasper.
25

Eu rolei e rolei a noite inteira, temendo a manhã seguinte, sabendo


que teria que enfrentar Dante na escola. Ainda não podia acreditar que
tínhamos nos beijado. Pior ainda, coloquei minhas mãos dentro de suas
calças! Se aquele membro da gangue não tivesse nos interrompido,
provavelmente teríamos feito sexo. O pensamento em si era horrível, porque
o que tínhamos feito era ruim o suficiente sem fazer mais. Pior ainda, tinha
gostado. Não, eu adorei! Nosso beijo foi quente e apaixonado, tanto que tinha
me deixado levar, tornando-me o agressor. A emoção que Dante tinha
instigado em mim estava além de qualquer coisa que tinha experimentado.
Era perigoso, assustador, errado de tantas maneiras, mas ao mesmo
tempo... só com a pessoa errada.

Meu alarme zumbiu no meu ouvido, tirando-me dos meus


pensamentos. Sentindo-me exausta e irritada, afastei-me da cama,
preocupada que alguém descobrisse o que tinha feito. Saí do meu quarto,
considerando ligar dizendo que estava doente. O cheiro de uísque
instantaneamente me atingiu quando entrei na sala. Meu olhar disparou
para o frasco de Jack Daniels caído na frente do armário de parede. Estava
ainda de lado, com a metade do conteúdo empapado no tapete. Eu não tinha
me incomodado em limpá-lo depois que Dante saiu, muito abalada com o
que tínhamos feito. Tinha acabado de rezar para que seu pai não tivesse
cheirado o uísque na respiração de Dante. Toquei meus lábios, o gosto de
uísque de seu beijo não tinha me incomodado. Em vez disso, tinha me...
Gritei, furiosa comigo mesma por meus pensamentos lascivos. Aqui
estava eu, uma mulher casada, pensando em um garoto de quinze anos de
uma forma tão horrível. Não era apenas errado, era perturbador. Ele era
uma criança, uma que eu deveria ser a tutora, não molestar ele
sexualmente. Mas... ele tinha começado tudo isso, não eu. Ele continuou
pressionando e pressionando até que tinha estourado. E com a forma como
ele parecia, era de admirar que tivesse feito a coisa errada? Ele também
disse que tinha estado com outras mulheres casadas. Ele era o sedutor, não
eu, usando seus olhares para conseguir o que queria. Ainda assim, não
deveria ter respondido. Em vez disso, deveria ter mandado ele para casa.
Agora, tinha que sofrer com a minha consciência que estava absorvendo
transgressões mais rápido do que o tapete tinha absorvido o uísque.

Soltei um suspiro trêmulo, minhas ações pesando em minha mente...


Mas não tanto quanto as consequências possíveis. Isso realmente me
assustou, fazendo-me perguntar se teria feito sexo com Dante se não
houvesse interrupção. O pensamento me perturbou ainda mais, porque
sabia que a resposta teria sido um ressonante sim.

Caminhei até o líquido derramado e peguei a garrafa Jack Daniels,


levando-a para a cozinha. Coloquei o frasco no saco de reciclagem que
estava pendurado na maçaneta do aquecedor de água. Limpando minha mão
na minha camisa, peguei o telefone fora de seu suporte de parede e andei de
volta para a sala, precisando ter certeza de que Dante não contara a
ninguém. Afundei-me no sofá e peguei a agenda, procurando seu número.
Assim que o encontrei, liguei, desligando um momento depois, quando seu
pai respondeu. Embora, o homem provavelmente não teria reconhecido a
minha voz se tivesse falado, especialmente porque parecia mais jovem pelo
telefone. As pessoas constantemente perguntavam se minha mãe estava em
casa, o que sempre me lembrava que não tinha mais uma.
Coloquei o telefone sobre a mesa de centro e me inclinei de volta no
sofá, voltando a contemplar o que ia fazer, se telefonava que estava doente
ou iria para o trabalho. Comecei a inventar todos os tipos de cenários na
minha cabeça, a principal surgindo em ser escoltada fora da escola pela
polícia. Fui ligar para a secretária do diretor, com a intenção de dizer que
estava doente. Precisava de um dia livre para limpar minha mente
desordenada e encontrar uma maneira de consertar o que tinha feito.
Também precisava juntar a coragem de enfrentar Dante novamente. Ainda
podia ver sua expressão atordoada, chocada por eu ter colocado minha mão
em suas calças. Além disso, seus olhos arregalados quando nós nos
separamos não deixaria minha cabeça. Fez-me sentir ainda mais suja. Ou
talvez estivesse pensando muito nisso, porque ele tinha sido difícil. E ele
definitivamente não era inexperiente, o que ele tinha feito com aquela garota
nos banheiros era a prova disso. Além disso, ele me propôs. Em vez disso,
talvez ele tivesse gostado do que tínhamos feito, simplesmente não esperava
a paixão crua que evocou. Independentemente disso, precisava preparar o
que ia dizer a ele. Eu tinha que trabalhar com antecedência, reduzindo o
risco de ficar nervosa e estragar a coisa toda, que era uma possibilidade
distinta em torno dele, especialmente porque ele tinha uma habilidade inata
para bagunçar meu cérebro.

Coloquei o telefone de volta, chegando à conclusão que não podia me


dar ao luxo de tirar um dia de folga. Não tinha nada a ver com dinheiro, mas
tudo a ver com o fato de que precisava enfrentar Dante o mais rápido
possível. Tinha que ter certeza de que ele não iria contar a ninguém, porque
se ele fizesse, eu estava acabada. Resoluta sobre o que precisava ser feito, fui
para o chuveiro e rapidamente me lavei. Dentro de pouco tempo, estava
vestida e no meu caminho para a escola, estacionando no meu local habitual
quando cheguei.
Pulei para fora do meu Volkswagen e caminhei rapidamente para
minha sala de aula, consciente de que as pessoas saberiam o que tinha feito,
a adrenalina bombeando através de minhas veias aumentando meus
sentidos. Mas, apesar da minha paranoia, os adolescentes no corredor não
agiram de forma diferente. ‘Olás’ amigáveis foram jogados no meu caminho,
juntamente com alguns assobios, mas isto não era nada fora do comum,
apenas um dia normal em Wera High.

Aliviada, passei pela porta da sala de aula, recebendo reações


semelhantes de meus alunos. Ninguém riu ou disse palavras vãs para mim,
o que aumentou a minha confiança. Porque isso significava que Dante não
se vangloriava de suas façanhas.

— Você está muito bem hoje, senhorita, — disse Lindy. Ela estava
sentada atrás de sua mesa, me dando um de seus sorrisos metálicos
brilhantes.

Olhei para as minhas roupas, percebendo que estava vestindo uma


roupa que normalmente reservava para ocasiões formais, algo que era muito
bom de usar na escola. Era um vestido azul suave que ficava logo acima dos
meus joelhos. Tinha alguns botões de pérolas, que combinavam com meus
brincos. Nem me lembro de tirá-lo do meu guarda-roupa, e muito menos o
vestindo. Estava me vestindo no piloto automático, minha mente mais
preocupada com o que ia dizer a Dante do que a tarefa em mãos.

— Obrigada, Lindy, — forcei, dando-lhe um sorriso falso. Embora ela


tivesse dito algo adorável, não poderia estar feliz, a noite anterior, afogando
tudo. Alguém poderia me dizer que tinha ganhado na loteria e tinha certeza
de que me sentiria da mesma maneira, porque nenhuma quantidade de
dinheiro iria absolver meus pecados.
Andei em volta da minha mesa, lançando um rápido olhar para a
mesa de Dante, encontrando-a vazia. Senti uma mistura estranha de alívio e
trepidação, os sentimentos contraditórios não melhoraram o meu humor.
Fiquei aliviada por não ter tido que falar com ele, mas receava que
precisasse falar com ele, meu futuro agora em suas mãos.

Tentando ignorar a minha crescente ansiedade, comecei a chamada.


Quando cheguei ao nome de Dante, Jasper respondeu por ele.

— Ele está no hospital, senhorita, — disse ele.

— O que? Por quê? — Eu balbuciei.

— Uma invasão em casa. Ele ficou muito mal.

— Ele está bem? — perguntei, agora em pânico por uma razão


diferente, todos os pensamentos de minha indiscrição esquecida, apenas a
preocupação por Dante permanecendo.

— Sim, ele vai viver. Ele vai ficar fodido por alguns dias.

— Cuidado com a linguagem.

— Desculpe, senhorita. Estou aliviado por ele ficar bem. Ele tem sorte
por não ter sido morto.

— Quando ele vai voltar para a escola?

— Na próxima semana, eu acho.

***

Como disse Jasper, Dante retornou à escola na semana seguinte.


Entrou na sala de aula com um ligeiro coxear e andando lentamente. — Bom
dia, senhorita, como você está? — Ele perguntou me dando um sorriso
torto, contradizendo seu estado acabado. Ele tinha contusões em todo o
rosto; Embora fossem menos pronunciadas do que esperava. Imaginei que
ele estava muito pior, especialmente considerando que ele tinha sido
hospitalizado. Mas, novamente, ele tinha tirado alguns dias, tempo
suficiente para qualquer inchaço ou hematomas mais escuros diminuir e
ficar pálido.

— Estou bem, como você está? — Respondi minha preocupação por


sua saúde novamente eclipsando todo o resto. Eu tinha ligado em seu
número depois de descobrir que ele tinha sido espancado, atendido por uma
mulher bêbada, suas palavras arrastadas. Fingi ser uma amiga da escola de
Dante, perguntando se poderia falar com ele. Ela me disse que não podia,
que ele estava descansando na casa de um parente, e depois tinha desligado
na minha cara.

— Alguma coisa está quebrada? — Acrescentei.

— Meu ego, mas em minha defesa, saltei.

— Saltou?

— Emboscada. Recebi um golpe na cabeça quando passei pela minha


porta da frente. Não tinha ideia que tinha alguém lá. Próxima coisa que sei é
que acordei com uma arma na minha cara. Entretanto, tive um bom soco
quando ele começou a bater em mim, tirei um dos dentes do bastardo. — Ele
me mostrou seus brancos perolados, que eram perfeitamente retos, o sonho
de um dentista. — Ele não conseguiu nenhum dos meus. — Ele se virou
para a classe e bombeou o ar com um punho em uma saudação de vitória.
Seus amigos deixaram um elogio, tratando-o como um herói de guerra
retornando.
— Bem, me veja depois da aula para poder te dar o trabalho que você
perdeu, — eu disse, querendo ter certeza de que ele iria ficar calado sobre o
nosso ‘beijo’.

Ele sorriu. — Eu ficarei feliz. — Ele lentamente se dirigiu para sua


mesa, Jasper se levantando para deixá-lo sentar. Dante se acomodou atrás
dela, estremecendo enquanto se sentava.

Phelia levantou-se em um salto e afugentou Jasper do assento,


sentando-se ao lado de Dante. Ela colocou uma mão em seu braço,
perguntando como ele estava. Eu estreitei meus olhos para ela, aborrecida
que ela estava tocando-o novamente, a menina uma ameaça. Ou talvez a
minha aversão por ela fosse mais a ver com o fato de que ela tinha
permissão para tocá-lo, embora não estivesse tão certa sobre a parte
‘permitida’, já que Dante estava franziu o cenho para ela.

Ele puxou seu braço para longe de sua mão, estremecendo ao fazê-lo,
o movimento, obviamente, causando-lhe dor. Ela moveu sua mão para seu
rosto, empurrando seu cabelo para trás, murmurando algo para ele.

Ele empurrou a cabeça para longe de seu toque, dizendo, — Pare.

— Por que você está tão bravo comigo? — Ela perguntou, parecendo
confusa.

— Phelia, volte para sua mesa, — disse eu, cortando a resposta de


Dante.

Ela se virou para olhar para mim. — Eu tenho permissão para sentar
ao lado dele.

— Não, você não tem, essa é a mesa de Jasper. Além disso, você está
aqui para aprender, não para socializar.
— Eu estava apenas perguntando a Dante como ele estava e Jasper
me deixou sentar na mesa dele.

— Volte para o seu próprio lugar, por favor.

— Mas quero sentar ao lado de Dante, ele é meu namorado.

— Não, eu não sou, — Dante respondeu.

Sua cabeça girou em sua direção. — Mas eu pensei...

— Errado. Só porque você chupou meu pau uma vez não faz de você
minha namorada.

A classe explodiu em gargalhadas, fazendo com que o rosto da


menina ficasse vermelho. — Mas você disse que você, você gostou de mim, —
ela balbuciou, perto das lágrimas. — E que você queria que saíssemos
juntos.

— Não, eu não disse.

— Sim, você falou — ela enxugou a bochecha, — você disse isso


quando vi-visitei você no hospital.

— Não me lembro de você me visitar.

— Eu levei uma caixa de chocolates.

— Eu não recebi chocolates.

— Eu comi eles, — Jasper disse, parecendo satisfeito consigo mesmo.


— E o que ela disse é verdade; Embora você estivesse fora de sua mente
com... — Ele olhou para mim, dando a impressão que Dante tomou algo que
não era suposto tomar. — Remédios para dor, — acrescentou, sem dúvida
mentindo. — Toda vez que alguém vinha visitar, você falava sobre como
eram ótimos, e que realmente gostava deles. Você até envenenou aquela
enfermeira velha que você pensou que era feia.

— Eu a envenenei? — Perguntou Dante, parecendo confuso.

— Não, você cantou uma música de amor.

Dante revirou os olhos. — Isso é serenata, e você está me irritando.

Fui dizer-lhes para parar de falar, mas Jasper falou antes que
pudesse. — Não, você realmente cantou, — ele riu. — Você devia ter visto
seu rosto quando terminou a serenata segurando seu pau, dizendo que ela
te fez ficar duro. Eu quase me mijei rindo. Ela perguntou o que você tomou.
Eu culpei seus remédios, dizendo que você é um peso leve.

— Eu não sou.

— Ela não sabia disso.

— Que seja. — Dante voltou seu olhar para Phelia. — O que significa
que não gosto de você, então foda-se.

Ela torceu o rosto. — Não até você me dizer por que você está sendo
tão horrível.

— Porque estou cansado de você me assediar e não parar de ligar


para o meu maldito telefone. Meu pai disse que você continuou ligando e
desligando.

Eu me enrolei, percebendo que ele estava falando sobre minhas


chamadas. — Mas eu só te liguei duas vezes, — disse Phelia.

— Besteira, — Dante respondeu, sua expressão incrédula. — Volte


para o Happy Meal e me deixe sozinho, inferno. Ele é seu namorado, não eu.
Inundando-se em lágrimas, Phelia pegou sua bolsa e correu para a
porta. Ela desapareceu, fazendo-me sentir mal por ela. Embora não gostasse
dela, Dante tinha ido longe demais, suas palavras eram cruéis. Entendi que
ela era um incômodo, mas ele poderia ter-lhe dito em privado, em vez de na
frente de uma classe cheia de colegas rindo. Não só isso, me senti
responsável, minhas ligações inflamaram a situação.

— Dante, — disse, capturando sua atenção. — Entendo que Phelia o


incomodou, mas você não deve falar com ela assim na frente de outras
pessoas. Foi cruel. Estou lhe dando detenção depois da escola. Espero vê-lo
lá. Vou falar com você sobre suas atribuições, em seguida.

Um sorriso substituiu sua expressão irritada. — Claro, senhorita. —


Ele se recostou em sua cadeira. — Fico feliz em ter uma conversa com você.

Eu balancei a cabeça para ele, não gostando de seu tom insinuante,


que era claramente sexual. Ou talvez estava apenas sendo paranoica,
deduzindo coisas que não estavam lá, afetando meu julgamento.

Independentemente disso, não diminuiu minha ansiedade,


especialmente depois da maneira como ele tratou Phelia. Ele não tinha um
filtro, dizendo o que lhe vinha à cabeça, sem pensar em como isso poderia
afetar as pessoas ao seu redor. Aquilo me preocupava muito, ainda mais
porque ele podia fazer comigo o que ele fez a Phelia, com consequências
muito mais severas.

— Isso não é engraçado, Dante, — disse firmemente, precisando


colocá-lo em seu lugar. — Você humilhou Phelia. Você precisa pensar antes
de falar.

— Não sinta pena dela, ela merecia. Só as garotas que gosto podem
me tocar. — Ele piscou para mim.
Eu exalei alto, frustrada por seu flerte inadequado. — É de se
admirar que você não tenha sido expulso com as coisas que saem de sua
boca.

— Eu fui, mas eles me chamaram de volta depois que Claydon me


expulsou.

— Eu sei, ouvi sobre isso. Agora por favor...

Ele cortou o meu ‘fique quieto’, resmungando, — Eu só queria que o


diretor Sao não me aceitasse de volta, poderia ter ficado em casa. Teria
conseguido que meu primo fosse meu professor de ciências. — Ele riu,
Jasper se juntando a ele, do que eles estavam rindo provavelmente não era
bom.

Depois de ter tido o suficiente de sua perturbação, voltei minha


atenção para a classe, dizendo: — Peguem seus blocos, hora do teste. —
Dante continuou a rir. Eu o ignorei, contando os minutos até que a
campainha tocasse.

***

Apesar de seus ferimentos, Dante foi para a detenção com um sorriso


de gato Cheshire. Eu podia dizer que ele estava imaginando o que tinha
acontecido na minha sala, algo que queria poder esquecer. Ele
provavelmente também estava pensando que ia ter mais, que eu precisava
suprimir de imediato, mesmo que ele estava fazendo as coisas difíceis para
mim, a forma como ele estava me olhando fazendo minhas bochechas
inflarem. Mesmo machucado ele parecia incrível, se alguma coisa, mesmo
com sua aparência espancada me deixou excitada, precisava
desesperadamente dele. Por causa disso, fiz o meu melhor para manter
meus olhos longe dele, embora, de novo, estava ficando difícil. Ele estava
constantemente chamando, fazendo perguntas, empurrando a minha
paciência até o ponto de ruptura.

— Não há conversa na detenção, — eu disse pela terceira vez, sem


olhar para ele.

— Você está falando, — ele respondeu.

— Não banque o esperto, — eu disse, ainda focando em meu livro,


fingindo lê-lo. Ao contrário de Dante, os outros alunos na sala não estavam
me incomodando, Dante sempre tendo que ser a exceção.

Ele riu. — Eu sou sempre esperto.

Eu não respondi, desejando que ele ficasse quieto. Para minha


surpresa, ele fez, até o ponto que comecei a me preocupar que ele estava
tramando alguma travessura. Olhei por cima do meu livro,
instantaneamente lamentando. Ele estava me encarando com olhos
entreabertos, parecendo estar imaginando coisas impróprias. Coisas que me
colocariam na prisão. Um sorriso perverso rapidamente se espalhou pelo seu
rosto com minha atenção. Ele sacudiu a língua para fora, passando-a sobre
seu lábio superior lentamente, causando outro rubor em meu rosto.

Uma estudante começou a tossir e farfalhar. Ela estava sentada do


outro lado do corredor de Dante, batendo no peito, tentando se controlar.
Dante riu, o que ele tinha feito, sem dúvida, fazendo com que ela se
engasgasse.

— Você está bem? — Eu olhei para minha lista para ver seu nome. —
Melanie?
— Sim, apenas engoli pelo caminho errado, — disse ela, olhando para
Dante. Ela era uma garota de aparência estranha, com cabelos negros
tingidos e olhos tão grandes que me lembrou de um personagem de desenho
animado. Ela também estava usando uma grossa camada de base em seu
rosto, provavelmente para esconder suas sardas, porque seus braços
estavam cobertos com elas.

Dante passou a língua sobre o lábio novamente, desta vez dirigindo-o


para ela. Ela cobriu o rosto, fazendo Dante rir.

— Dante, pare de causar problemas, — rosnei.

— Eu não fiz nada, senhorita, — ele disse, sorrindo para mim.

— Você sabe o que fez.

Ele se mexeu em seu assento e inclinou a cabeça para o lado. — E o


que é isso?

— Mantenha sua língua em sua boca e suas palavras para si mesmo.

— O que você vai fazer se eu não fizer? Já estou no castigo.

— Vou lhe dar outra detenção.

— Enquanto você estiver aplicando, estou bem com isso.

— Bem, não serei eu, então fique quieto.

Ele cruzou os braços sobre o peito e escorregou para baixo na mesa,


encolhido na cadeira, o olhar divertido não deixando seu rosto. Balançando
a cabeça para ele, voltei meu olhar para o meu livro, jurando não voltar a
olhar para cima até que a hora terminasse. Felizmente, ele manteve-se
quieto, permitindo-me manter meu voto.
Quando meu relógio finalmente soou, soltei um suspiro de alívio e
olhei para cima, declarando, — A detenção terminou, vocês podem ir agora.
Coloquem seus relatórios na bandeja vermelha na minha mesa.

Os alunos deixaram suas tarefas na bandeja, depois desapareceram


pela porta, deixando-a batendo em seu rastro. Meu foco mudou para Dante,
que ainda estava sentado em sua cadeira. Percebendo-me olhando, ele
levantou e lentamente caminhou entre as mesas com sua mochila
enganchada sobre um ombro. Cada passo fazia meu coração bater mais alto,
até que eu tinha certeza de que ele podia ouvi-lo. Mas em vez de parar na
minha frente, ignorou a bandeja de atribuição e caminhou em direção à
porta, ou meio-caminhou, seu coxear ainda lá. Por um momento, pensei em
deixá-lo passar por ela, mas em vez disso o chamei, precisando ter certeza
de que ele manteve o que tínhamos feito para si mesmo.

— Dante, — disse. — Eu disse que queria falar com você. Precisamos


discutir sobre o que aconteceu na aula de tutoria.

— Eu sei. — Apesar de seus ferimentos, ele jogou sua bolsa no chão e


empurrou uma mesa contra a porta.

Alarmada, me levantei. — Que diabos você está fazendo?

Sem dizer uma palavra, ele se virou e se aproximou de mim, sua


frouxidão sumiu com seu humor. Pega de surpresa, recuei rapidamente,
quase caindo sobre minha cadeira. Fui gritar com ele, mas ele agarrou meu
rosto e plantou seus lábios contra os meus.
26

Eu beijei a Sra. Hatton com força, deixando de fora toda a


necessidade reprimida que tinha segurado desde aquela noite em sua casa.
Durante a minha recuperação, tudo que podia pensar era no que teria
acontecido se Hemi tivesse chegado tarde ou se tivesse ignorado suas
batidas. Não sabia por que não conseguia parar de pensar nisso. Já tive
mulheres quentes antes, muitas delas, ou talvez eu soubesse: ela me fez
doer como o inferno, meu pau já duro, tão duro que queria tomá-la ali
mesmo na mesa. Inclinei ela contra a mesa, derrubando os livros e materiais
de cima.

Um empurrão forte bateu-me no torso. Eu soltei um grito e me afastei


da Sra. Hatton. Encolhendo, levantei minha camisa e olhei para as ataduras
enroladas em minhas costelas. Contusões estavam debaixo do tecido, minha
pele uma tela colorida de dor. Minha costela tinha tomado o peso do ataque
do Happy Meal, tanto frente e costas, tanto que eu tinha sangrado.

Corri uma mão sobre onde ela me bateu, aliviado que ela não tinha
feito mais dano, seu empurrão agradecidamente poupando minha fratura na
costela. — Por que você fez isso? — Eu disse, olhando para ela, irritado com
o que ela tinha feito.

A culpa coloriu sua expressão. — Eu sinto muito. Não queria te


machucar. Você está bem? — Ela perguntou, alcançando para minhas
ataduras, parando apenas timidamente de tocá-las.
Eu soltei minha camisa. — Não, doeu. Estou coberto de contusões e
tenho uma costela fraturada.

Seus olhos se arregalaram. — Oh Deus, eu sinto muito.

— Você deveria sentir. Por que me bateu?

— Eu não quero que você me toque.

Olhei para ela por um momento, sem entender o que ela estava
falando. — Então, por que me trouxe aqui? — Perguntei finalmente.

— Porque você foi cruel com Phelia — disse ela.

Minhas sobrancelhas se ergueram de surpresa. — É uma detenção de


verdade?

— Sim.

— Mas... — Eu fiz uma careta. — Eu não pensei que você quis dizer
isso. Pensei que você me queria aqui para que pudéssemos continuar de
onde paramos.

— O que aconteceu em minha casa foi um acidente.

Eu fiquei tenso com suas palavras. — Você não acidentalmente


empurra a mão dentro da calça de alguém, — eu respondi, machuca que ela
estava me afastando.

— Quis dizer, eu cometi um erro. Eu nunca deveria ter tocado em


você. Você tem quinze anos, pelo amor de Deus.

Olhei para ela, irritado por ela estar trazendo isso de novo. — Eu fodi
mulheres mais velhas do que você e elas não se importaram com a minha
idade, então esqueça isso para o seu bem. Eu disse que a idade não importa.
— A idade importa, e aquelas mulheres não deveriam ter tocado você,
como eu não deveria também. Não só isso, você é meu aluno. As
consequências seriam severas se fosse pega fazendo alguma coisa com você.

Eu zombei. — Então, você é uma covarde.

— Claro que sou. O que fiz estava errado. Poderia ser presa por isso.

Eu inspirei, pensando que ela não tinha ideia se pensou que os


outros ainda não sabiam que ela estava quente por mim. Não só ela prestou
muita atenção em mim durante a aula, ela estava constantemente olhando
furtivamente para mim. Talvez um ou dois passassem despercebidos, mas
não a dúzia que ela jogou no meu caminho durante uma única aula.

— Então pare de me olhar como se você quisesse montar meu pau, —


eu disse. — Você estava fazendo tudo isso durante a aula de Inglês.

— Eu não estava!

— Mentirosa. Você mesmo fez isso durante a detenção.

Sua expressão ficou furiosa. — Não sou eu quem está mentindo aqui.
Você só está vendo o que você quer. Além disso, nada que fiz com você foi
intencional. Nunca quis te machucar. É só... você é extremamente atraente e
tem uma personalidade forte, coisa que me sobrecarrega às vezes.

Minha irritação desapareceu, o que ela tinha dito me dando


esperança. — Então, você gosta de mim?

— Sim, mas novamente, não posso fazer nada sobre isso, a menos
que queira acabar na prisão.

— Ninguém precisa saber. Não vou dizer uma palavra, — eu disse,


estendendo a mão para tocar seu braço, querendo tranquilizá-la que não iria
falar.
Ela afastou. — Eu ainda não posso fazer nada com você. É
moralmente errado, não só isso, sou casada.

Além de frustrado, fechei meus olhos.

Sua mão tocou-me. — Você está bem?

Meus olhos se abriram. — Não, eu não estou!

Ela se encolheu.

Eu continuei, sentindo a minha raiva aumentar, — Não entendo você


em tudo. Você diz que não quer que te toque por causa de seu casamento,
mas se ele fosse tão bom, você não teria me beijado. E se estivesse com tanto
medo da prisão, você não teria colocado suas mãos em minhas calças.

Ela empalideceu com minhas últimas palavras. — Eu nunca fiz nada


parecido antes, nunca traí ou mesmo considerei trair. Isso realmente não
sou eu, então por favor, não conte a ninguém sobre o que fizemos.

— Eu já disse que não iria falar, — eu disse, controlando-me mais, —


mas acho que você é como Phelia. Você não escuta. Na verdade, não, você é
mais parecida com a minha ex. Como ela, você não se importa comigo. Tudo
que você se importa é manter o que fizemos em segredo.

Ela baixou o olhar, parecendo culpada como o pecado, o que eu disse


obviamente atingindo-a.

— Ela tinha dezesseis anos, enquanto eu tinha treze, — continuei,


falando sobre a garota que tinha quebrado meu coração. — Como você,
segurei seu segredo sujo, para não me envergonhar. Ela também me disse
para manter minha boca fechada, dizendo que ela poderia ir para a prisão
por mim. Ela colocou a culpa em minhas costas, fazendo-me sentir como se
não pudesse dizer a ninguém. Você sabe como me senti ao ver outros caras
flertar com ela e não ser capaz de fazer uma maldita coisa para detê-los
porque também estava assustado que ela iria para a cadeia?

Respirei, lembrando-me de ver o amigo do meu irmão flertar com a


minha ex na minha frente e a cadela não colocá-lo em seu lugar. Em vez
disso, ela tinha flertado de volta, dizendo-me que estava imaginando isso
quando eu questionei depois. Mas não estava imaginando nada, porque ela
me largou um mês depois, fugindo de casa com ele. Eu tinha ouvido que eles
tinham tido um bebê e estavam vivendo na Austrália.

Levantei o queixo da Sra. Hatton, querendo que ela me olhasse nos


olhos.

Ela afastou a cabeça. — Não, — ela retrucou.

Eu lhe apontei um dedo. — Não, você não. Você é exatamente igual


aquela vadia sem coração. Vocês duas me beijaram e me apalparam, então
me disseram para calar a boca. Bem, foda-se ela e foda-se você, não mereço
ser tratado assim, — eu disse, perguntando por que as garotas que eu
queria sempre me faziam sofrer.

— Calma, Dante, — disse ela, parecendo agora assustada.

— Você não tem o direito de me dizer para me acalmar! — Eu gritei,


sabendo que estava perdendo meu controle, mas incapaz de me controlar. —
Vocês mulheres fazem o que querem de mim, mas quando correspondo agem
como se eu fosse um psicopata. Bem, já tive o suficiente de ser usado. — Eu
me virei e fui para a porta.

— Dante! — gritou ela.

Eu me virei de volta. — O quê? — gritei, querendo dar um soco em


algo tão forte que doía.
Lágrimas brotaram, o medo dominando sua expressão. — Estou te
implorando, por favor, não conte a ninguém. Eu poderia perder meu
emprego, meu casamento; Poderia até perder a minha liberdade. Entendo
que você tem todo o direito de ficar bravo comigo, é minha culpa, mas é
também a minha vida com que você está brincando. Estarei arruinada se
você falar.

— Quantas vezes vou lhe dizer que não vou dizer uma palavra? — Eu
disse, olhando para ela incrédulo. A mulher estava tão envolvida em seus
medos que provavelmente não tinha ouvido metade do que eu dissera. — É
por isso que mencionei a minha ex. Eu mantive o segredo dela, como vou
manter o seu, não importa o quanto vocês duas me fazem sentir como a pior
pessoa do mundo.

— Dante, você não...

— Sim, eu sou! Caso contrário você não me trataria dessa maneira!


— Eu virei e empurrei a mesa de lado, jogando-a para chão. Pegando minha
mochila, abri a porta e me dirigi para o corredor, chateado por esta ser a
história da minha vida.

Precisando perder esse sentimento, puxei o meu telefone com a


intenção de ligar para o meu primo para algumas drogas. Franzi o cenho
diante da enchente de chamadas perdidas, esperando que Sierra não estava
me incomodando de novo. A mulher ainda estava tentando me atrair para
me prostituir, me oferecendo cada vez mais dinheiro. Ignorei todas as
mensagens dela, apagando-as assim que as recebi, sem arriscar que alguém
as ouvisse novamente.

Fui excluir as novas, mas parei, percebendo que as chamadas não


eram dela, todos eram de Jasper. Em vez de verificar o meu correio de voz,
enviei uma mensagem de texto para ele, tendo dito a ele muitas vezes que
não verificava as mensagens de voz a menos que realmente tivesse, uma vez
que custa dinheiro.

A porta atrás de mim se abriu, a Sra. Hatton apareceu. Ela parou ao


me ver. Não querendo estar perto dela, comecei a andar. Ela nem sequer se
preocupou em me chamar, apenas provando o quanto ela se importava.
Nada.

Meu telefone começou a tocar enquanto descia a escada. Atendi,


ouvindo a voz de Jasper vindo pela linha, dizendo meu nome.

— Sim, por que você está ligando, eu disse a você...

— Eu fiz isso! Eu fiz, porra!

Parei no final da escada. — Fez o quê?

— Happy Meal. Eu o matei.

***

Eu cheguei na casa de Jasper o mais rápido que meu corpo dolorido


me permitiria. Sua tia atendeu à porta, seu sorriso largo, seu rosto cheio de
esperança, como se eu pudesse estar lá para ela.

— Ol...

Não deixei que ela terminasse seu olá. Passei apressado por ela, indo
até a escada, ignorando a cadela enquanto ela gritava meu nome. Bati na
porta de Jasper, que se abriu quase que imediatamente, todas as portas de
sua casa tinham fechaduras internas.
Ele abriu a porta e me puxou para dentro, fechando rapidamente a
porta atrás de nós. O suor frisava sua testa enquanto seu grande corpo
tremia, mas não de medo, emoção claramente era a causa.

Eu estava tremendo também, mas de raiva. — Eu lhe disse que tinha


as coisas sob controle! — gritei, o que tinha feito a Phelia pelo benefício de
Happy Meal. Tinha sido propositalmente cruel com ela, tentando levá-la de
volta para os braços deles.

O sorriso maníaco de Jasper sumiu. — Você não tinha merda


nenhuma sob controle! E você deveria estar me agradecendo por salvar sua
bunda, não gritando comigo.

— Você não tinha que ma... — me calei a tempo, quase dizendo matá-
lo em voz alta. — Você não tinha que acabar com ele. Eu estava ajudando o
bastardo a conseguir Phelia de volta. Ele disse que recuaria se eu fizesse
isso.

Raiva atravessou o rosto de Jasper. — Então, você estava disposto a


ajudá-lo a pegá-la, mas não a mim?

— Oh, foda-se, — eu disse, não interessado em seu ciúme estúpido.


— Ela é mulher dele, não sua. Ela não tem nenhum interesse em você.

Ele zombou de mim. — Ela era a mulher dele, porque ele não vai ser
merda de ninguém agora. — Ele cutucou meu peito. — E você vai me ajudar
a pegá-la. Eu o matei por você, você me deve.

— Eu te devo? — Disse, incrédulo, o bastardo idiota que me jogou


debaixo do ônibus. — Eu te devo merda nenhuma! Vão pensar que o matei,
bastardo fodido!

Ele me empurrou com força, me derrubando em sua cama, fazendo-


me cair sobre ela.
Eu pulei em meus pés, encarando ele. — Me toque novamente e vou
bater em você! — Gritei, nem mesmo me preocupando com a dor que senti,
adrenalina tomando conta.

Jasper olhou para mim. — Recue!

— Ou o que? Você vai me bater? Vá em frente, deixe meu rosto roxo,


então os policiais têm mais razão ainda para me fazer de suspeito, os Devil’s
Crew também. E se por alguma chance remota eles não pensarem que sou
eu, os DC ainda suspeitarão da nossa gangue. Outros morrerão por causa
disso.

— Não, eles não vão. Fiz parecer como um assalto errado. Cheguei
mesmo a matar sua mãe para...

Meus olhos se arregalaram. — Por quê?!

— Para fazer parecer mais real. Imaginei que se apenas acabasse com
Happy Meal poderia parecer que você fez isso, mas por matá-la, ele já não
parece como o alvo. Também roubei coisas de merda. Porém, me livrei delas
apenas no caso dos policiais vierem revistar.

— É por isso que você não estava em matemática? Você estava na


casa da Happy Meal?

Ele assentiu. — Eu atirei em sua mãe, me livrei das coisas que levei,
e depois voltei para esperar que Happy Meal voltasse para casa. — Ele
sorriu, parecendo ter gostado de matar Happy Meal.

Eu caí em sua cama, absolutamente atordoado.

— Ninguém me viu, — ele continuou. — A casa deles é voltada para o


campo de futebol, onde estão aquelas árvores grossas. Então, pare de se
estressar. Estamos bem.
Eu olhei para ele. — Não é isso. É o fato de você ter matado duas
pessoas e ficar feliz por isso.

Ele deu um sorriso de desdém. — Para ser inserido, tive que apagar
aquela garçonete quente no clube, porque o Prez pensou que Karen era uma
policial disfarçada. Então, atirei na cabeça dela, então descobri no dia
seguinte que ela era inocente. Gostava daquela garota, mas tive que explodir
seus miolos, e você acha que me preocupei sobre matar Happy Meal e sua
mãe? — Sua expressão mudou. — Eu gostei. Não, adorei. Você devia ter
visto seu rosto quando viu sua mãe morta. — Jasper riu, o som cruel. — Eu
comecei a rir quando ele começou a gritar como um bebê. Se pudesse, o
traria de volta à vida só para matá-lo novamente.

Eu olhei para ele. Sabia que ele tinha um lado escuro, mas nada
assim, nem mesmo perto.

Ele continuou, — Eu também gostei de matar sua mãe vadia. Minha


tia me contou o que ela fez com meu pai. Ela costumava namorar com ele
quando eram adolescentes. Ela o traiu com o pai de Happy Meal, depois o
preparou para expulsá-lo do Devil's Crew. Ela merece estar a sete palmos
tanto quanto Happy Meal. Eles são exatamente iguais.

Coloquei as mãos na minha cabeça. — Alguém sabe que eles estão


mortos?

— Não tenho ideia, e realmente não dou a mínima, a não ser quando
Phelia descobrir, porque não estou segurando mais. Eu a quero e você vai
me ajudar.

— Eu não posso forçá-la a gostar de você. Ela gosta de caras


malhados. Ela não vai querer você, não importa o quanto você diz que ser
gordo não é um problema.
Ele fez uma careta. — Ela vai ficar chateada quando descobrir que
Happy Meal está morto. Estarei lá por ela, deixando ela chorar no meu
ombro.

— É mais provável que ela vai chorar no meu.

— Então, convide-a aqui. Vamos ter um trio com ela.

Eu saí da cama. — Eu lhe disse, não estou tendo um trio!

Ele olhou para mim. — Eu matei por você, então você vai trazê-la
aqui, e se você não...

Dei um passo em direção a ele. — Sim, o que? Você vai me matar


também?

— Claro que não, mas vou fazer uma coisa.

— O quê!

Ele inclinou seu rosto perto do meu. — Dizer ao seu pai que você está
fodendo com sua professora.

— Você não ousaria.

— Eu acabei de matar duas pessoas, você acha que calar a minha


boca vai me manter acordado durante a noite?

— Em primeiro lugar, não estou fodendo ela, e em segundo lugar, os


amigos não são delatores uns com os outros.

— Em primeiro lugar, seu pai não vai saber disso, e em segundo


lugar, os amigos se ajudam mutuamente.

— Não fora de suas roupas.


— Eu não sou gay! — Ele gritou. — Quero Phelia. Você sabe disso.
Fico cego quando penso sobre ela.

— Eu ainda não estou fodendo ela com você.

Ele fez uma careta. — Eu realmente não entendo você. Ela é a coisa
mais gostosa na escola, mas você lamenta como uma puta o que está
fazendo com ela? Por que você a odeia tanto? Porque realmente não entendo.

— Eu não a odeio, ela simplesmente não pode chupar um pau ou


beijar bem para salvar a si mesma, e não há nenhuma maneira que quero
enfiar meu pau onde Happy Meal enfiou.

— Você já fez, então pode fazê-lo novamente.

— Eu só fodi sua boca, e como disse, ela é muito ruim para chupar.

— Então feche seus olhos e pense na Sra. Hatton.

Fiquei tenso com suas palavras. — Você é como sua tia vadia, — eu
disse, o que ele tinha dito me lembrando do que eu tinha feito com ela.

Ele franziu o cenho. — O que você quer dizer com isso?

Fiquei em silêncio, sem querer deixar isto escapar.

— O que você quer dizer com isso? — Ele repetiu, sua voz agora um
rosnado.

— Ela está sempre me obrigando fazer merda que não quero, —


disse, tentando pensar em algo que poderia usar como um exemplo.

— Como o quê?

— Limpar meu quarto, — menti, percebendo que soava idiota, mas


sem saber o que mais dizer.
Jasper bufou. — Você parece uma garotinha.

— Eu ainda não estou tendo um trio com você e Phelia.

— Então, cai fora! Cara, o que faço por você obviamente não significa
nada.

Eu fiz exatamente isso. Saí do quarto dele e desci a escada, lançando


um olhar para a tia, a cadela pendurada no final da escada. Abri a porta e
saí, ignorando a pergunta dela, a mulher me perguntando o que estava
errado. Eu não tinha tempo suficiente no dia para responder a ela, o que ela
tinha feito para mim agora a menor das minhas preocupações.
27

Eu mal podia olhar Dante nos olhos no dia seguinte, e embora ele
veio para a minha aula de Inglês, ele me ignorou, até que chamei seu nome.
Ele olhou para cima e disse, — Garoto de brinquedo, — então baixou o olhar
e retomou o que estava escrevendo em seu caderno, sem reagir ao riso dos
outros alunos, com a mandíbula em uma linha dura de raiva.

Jasper também não riu, seus olhos escuros indo para o meu.
Arrepios aumentaram em toda a minha carne, um sentimento de
desconforto me fazendo desviar o olhar. Desejando estar em qualquer lugar,
menos aqui, me forcei a continuar com a aula, bastante certa de que Dante
tinha dito a seu melhor amigo sobre o que eu tinha feito. Embora Dante
tivesse insistido que não iria falar, sabia que ele iria. Eu apenas sabia.

Um telefone começou a tocar, tirando-me dos meus pensamentos


perturbados. Phelia tirou um celular da bolsa e respondeu. Ia dizer-lhe para
desligar, mas parei com seu grito.

— O que há de errado, Phelia? — Perguntei.

Em vez de responder-me, ela começou a balançar a cabeça, dizendo


— Não, não, não, — continuamente em seu telefone.

Eu fui até ela. Ela olhou para mim com olhos arregalados, a garota
obviamente em estado de choque. Tirei o telefone da mão dela, Phelia nem
lutou contra mim.
Coloquei-o no meu ouvido. — Quem é? — Eu disse no telefone.

— Não, quem é você? — Uma voz dura respondeu.

— A professora de Inglês de Phelia. Então, novamente, quem é você e


o que você disse a ela?

— Eu trabalho para o pai de seu namorado, Jonah McDonald. Estou


ligando para avisar Phelia que Ronnie e sua mãe foram assassinados.

Pisquei, atordoada pelo que ele dissera.

— Sinto muito não poder contar a ela pessoalmente, — ele continuou.


— Eu vou ligar para ela com os detalhes do funeral quando tiver. — Ele
desligou.

Voltei minha atenção para Phelia, contando-lhe o que ele havia dito
sobre o funeral, acrescentando, — Gostaria que eu telefonasse para alguém
para vir buscá-la?

— N-n-ninguém está em casa. — Ela cobriu o rosto e começou a


chorar.

Levantando-se de seu assento, Dante foi até ela, colocando as mãos


no dorso de sua cadeira, sua expressão perturbada. — Vou levá-la para
casa.

Jasper saltou da cadeira um segundo depois, indo para seu outro


lado. — Eu também vou ajudar.

Concordei, não querendo dizer não. E mesmo que fizesse, não achava
que eles iriam me ouvir. Jasper já estava puxando Phelia para cima,
envolvendo um grande braço ao redor dela.
Ele acenou com a cabeça para a mesa. — Pegue sua bolsa, Dante, —
disse ele, dirigindo-a para a porta. Mantendo os olhos baixos, Dante sacudiu
a bolsa de Phelia e os seguiu para fora da sala de aula, os amigos de Phelia
seguiram atrás deles. Assim que saíram, os outros alunos começaram a
conversar entre si, a conversa tingida de excitação, em vez de tristeza pelo
assassinato de Ronald. Deixando-os falar, entrei no meu pequeno escritório
que estava ligado à sala de aula. Agarrei meu telefone, ligando para o diretor
para lhe dizer o que tinha acontecido.

— Acabei de saber, — respondeu ele. — Se algum de seus alunos


precisar de alguém para conversar, por favor envie-os para a sala do
conselheiro.

Eu respondi positivamente, retornando a minha classe um momento


mais tarde. Nenhum dos alunos aceitou a oferta, os únicos que se
preocupavam com a morte de Ronald já tinham desaparecido.

***

No dia seguinte Dante, Jasper e Phelia não apareceram para a aula.


Phelia ficou afastada para o resto da semana, enquanto os dois meninos
retornaram no dia seguinte. Como esperado, Dante me ignorou. Eu me
abstive em apenas chamar seu nome, decidindo não pressionar minha sorte.

E quando os ensaios surgiram na semana seguinte, ele apareceu com


uma sombria Phelia, algo entre eles mudando. Assisti dos assentos abaixo
como eles praticavam, Dante agindo afetuosamente em direção a ela,
tocando seu braço tantas vezes, fazendo ela sorrir. Me perguntava se ele
estava fazendo isso para apoiá-la ou para me deixar com ciúmes, porque às
vezes o peguei olhando para mim, provavelmente querendo ver minha
reação. E para minha vergonha, isso me deixou com ciúmes. Imensamente.
Mas esqueci isto, sabendo que era egoísta de mim pensar dessa maneira,
especialmente depois que o namorado de Phelia tinha sido assassinado.
Descobri que tanto Ronald como sua mãe tinham sido baleados em uma
invasão de casa, os dois ficando no caminho de um ladrão. Foi tudo sobre as
notícias, a história tanto na TV e nos jornais. Percorreu para mim o quão
perigosa era essa área, que alguém poderia morrer a qualquer momento. Se
eles eram um garoto do ensino médio ou uma mãe de meia-idade, ninguém
estava seguro.

No dia seguinte, Phelia começou a sentar na frente de Dante e


Jasper. Seus amigos mudaram com ela, o grupo coagindo os outros alunos
que estavam lá para se mover. Não os fiz voltar, embora tivesse que
constantemente dizer às garotas para parar de falar.

Uma semana depois, entrei em aula, encontrando Phelia sentada na


mesa de Dante. Suas pernas estavam em ambos os lados dele, com os pés
enganchados atrás de sua cadeira, prendendo-o dentro. Jasper estava
torcido em seu assento, de frente para ela, sua grande mão segurando a sua
muito menor. Mas era em Dante que ela estava focada, seus olhos fixos em
seu rosto bonito, totalmente fascinada por ele, tanto que me perguntava se
ela mesmo percebeu Jasper segurando sua mão.

Ela se inclinou para Dante, parecendo que ia beijá-lo. Jasper puxou


sua mão, fazendo com que ela parasse.

— Jasper! — Ela retrucou, puxando. — O que há de errado com


você?

Ele apontou um dedo para ela. — Você. Não tente beijá-lo de novo,
você é minha.
— Não, eu não sou...

— Você quer apostar. — Ele agarrou sua cabeça e puxou para baixo,
plantando seus lábios contra os dela. Ela tentou se afastar, mas Jasper
segurou firme.

Ia gritar com ele para parar, mas Dante entrou primeiro. Ele bateu na
cabeça de Jasper, falando irritado, — Solte ela!

Jasper soltou e olhou para Dante. — Não me toque. Eu lhe disse...

— E eu lhe disse para não tocá-la, a menos que ela concordasse,


então recue!

Jasper saiu da cadeira, fazendo-a cair no chão. Sem dizer uma


palavra, ele agarrou sua mochila e caminhou pelo corredor, deixando a
turma com um estrondo alto da porta.

Phelia deslizou no assento de Jasper, a menina agradecendo a Dante.


Mas ele não estava olhando para ela.

Seus olhos estavam presos em mim.

Abaixei o olhar e me virei em volta da minha mesa, fazendo a


chamada. Quando cheguei ao seu nome, saltei de novo, apenas marcando
ele como presente.
28

A polícia veio para minha casa, não porque suspeitasse de mim no


assassinato de Happy Meal, mas porque eu tinha sido atacado por um
'ladrão' também. Eles pensaram que a pessoa que me atacou poderia ser a
mesma pessoa que entrou na casa da Happy Meal. Continuei com a minha
história boba, dizendo que não dei uma olhada no rosto do cara. Eles me
deixaram sozinho depois disso, embora tivesse ouvido de uma fonte que a
Devil’s Crew achava que a morte de Happy Meal estava relacionada a
gangues. Seus membros estavam perguntando sobre isso, alguns Skins
sendo roubados no processo. Mas nada, além de pequenas discussões, tinha
vindo disto. No entanto, isso não significava que eu tinha ficado impune,
porque sabia que eles não iriam parar até que encontrassem o assassino de
Happy Meal. Não só isso, toda vez que via Phelia, sentia-me culpado. Apesar
de ela me querer mais do que Happy Meal, ela ainda se importava, sua dor
era real. Sofrimento causado por Jasper - em meu nome. E me senti
responsável. Embora odiasse Happy Meal, sabia o quanto a morte de um
ente querido afetava as pessoas deixadas para trás. A morte de minha mãe
tinha doído por tanto tempo, ainda assim, torcendo meu interior cada vez
que pensava nela, e agora Phelia estava experimentando algo parecido com
isso. Pode não ser tão feroz. Perder alguém que você gostava, ao contrário de
um ente querido não estava na mesma liga, mas ela ainda chorava,
lamentando a perda de Happy Meal.

E agora, enquanto caminhávamos pelo corredor até o ensaio, ela


parecia estar perto das lágrimas de novo, seus olhos castanhos chocolate
brilhantes. Ela provavelmente estava pensando em Happy Meal, já que era o
dia depois de um culto memorial em seu nome.

Eu agarrei seu braço e a puxei para a parede, do lado de fora do


corredor. — Se você precisa ignorar o ensaio, posso te levar para casa, —
ofereci.

Ela abanou a cabeça. — Eu não quero que você perca a sua parte por
mim.

— Estou certo de que a Sra. Hatton vai entender se você precisa ir


para casa.

Ela sorriu, seu olhar triste desaparecendo em um segundo. — Ok. Vá


dizer a ela. Vou esperar aqui por você.

Eu franzi a testa, a mudança repentina em seu comportamento


suspeito. Mas em vez de repreendê-la, acenei com a cabeça e empurrei as
portas duplas.

Como de costume, a Sra. Hatton estava sentada a poucas fileiras do


palco, menos Lindy, que normalmente estava encostada ao seu lado. No
palco, Jasper estava ensaiando com Annabelle. Enquanto seguia pelo
corredor, a Sra. Hatton olhou por cima do ombro dela, seu rosto acentuando
a expressão em branco que eu tinha certeza que ela tinha patenteado apenas
para mim. Isso me fez pensar que ela odiava me ver, o que doía, mas
continuei em frente, parando ao lado dela. Escondi minha própria expressão,
espelhando a dela, não querendo que ela saiba o quanto me afetou. Ela
parecia ainda mais linda hoje. Seus cabelos loiros estavam pendurados em
torno de seus ombros, enquadrando seu rosto perfeito, enquanto seus olhos
cinza-prateado refletiam seu vestido de verão azul, como a lua refletindo o
oceano. Uma descrição pateticamente suja, merda florida não era minha
coisa, mas realmente descrevia seus olhos.
Ela franziu o cenho. — O que você quer, Dante?

Eu me enrolei com seu tom áspero, reforçando sua antipatia recém-


descoberta por mim. — Phelia está chateado por Ha... A morte de Ronald.
Está tudo bem pular o ensaio para que possa levá-la para casa?

Um ruído alto veio do palco antes que ela pudesse responder. Eu


olhei para cima, encontrando Jasper indo em minha direção, meu amigo
provavelmente deixando um buraco no chão onde ele tinha pulado para
baixo.

— Estou praticamente terminando meu ensaio, — disse ele. — Vou


levá-la.

Eu balancei a cabeça, não gostando de como Jasper estava tentando


forçar sua entrada na vida de Phelia. Ele estava se tornando muito agressivo;
Até o ponto em que estava começando a assustá-la. — Eu prometi que iria
com ela.

— Bem, muito ruim, você tem ensaio.

— Com ela.

— Pratique com Annabelle, ela é a substituta dela. — Ele me deu


uma bofetada nas costas quando foi para a porta, um aviso para ficar em vez
de um toque amigável. Além disso, ele ainda estava chateado comigo pela
bofetada que eu tinha dado nele quando ele tinha beijado Phelia a força.

Eu o segui. — Jasper, ela não está interessada em você, não importa


o quão duro você pressione.

Ele virou, me encarando. — Enquanto ultimamente você pareça estar


interessado um pouco demais nela. Você mudou de ideia sobre Phelia?

— Não. Eu só sinto... — Eu parei antes que pudesse dizer culpado.


— Você não deveria sentir nada. — Ele se inclinou perto do meu
ouvido. — Isto é tudo culpa minha, — ele sussurrou, obviamente sabendo o
que eu estava prestes a dizer, — então pare de agir como um idiota e
esqueça. Eu te disse que vou cuidar dela, enquanto você pode ir foder a Sra.
Hatton.

— Nada está acontecendo entre nós.

— Nem haverá nada acontecendo entre você e Phelia. Entendeu?

— Não faça nada que ela não queira.

— Não vou.

Eu franzi o cenho, não tendo certeza se acreditava nele.

— Não olhe para mim assim, — ele retrucou. — E a única maneira


que vou deixar você vir comigo e Phelia é se você amaciar ela para mim.

— Eu não estou... — Eu parei de falar enquanto Phelia colocava sua


cabeça através da porta.

— Podemos ir, já? — Ela perguntou.

Jasper se virou. — Vou levá-la para casa.

Ela abanou a cabeça. — Não, Dante prometeu que me levaria.

— Ele disse que eu posso te levar.

Seu olhar em pânico disparou para mim. — Dante, você prometeu.

— Nós dois vamos levá-la, — eu disse, não gostando do alívio em seu


rosto. Não acho que Jasper a forçaria, mas com a forma como ele estava
agindo ultimamente, sabia que ele definitivamente a coagiria a fazer algo que
ela não queria - como sua tia tinha feito comigo... Não, essa cadela tinha me
forçado. Ela não poderia ter me segurado fisicamente, mas suas palavras
tinham me acorrentado à minha cama, obtendo os mesmos resultados.

Olhei para trás. — Está tudo bem, senhorita? — Eu disse, agora


ainda mais determinado a ir com eles. A Sra. Hatton acenou com a cabeça,
mais uma vez, dando-me a impressão de que ela não se importava de
qualquer maneira.

Voltei-me e fui para Phelia, Jasper andando ao meu lado. Saímos


pela porta. Phelia imediatamente se agarrou ao meu braço quando entrei no
corredor, o sorriso no rosto não dando a impressão de alguém que estava
sofrendo. Perguntei-me se ela estava brincando comigo, usando a morte de
Happy Meal para abrir caminho para minha vida.

Eu me afastei de seu aperto e segurei seus ombros, empurrando-a


suavemente contra os armários. — O que você quer de mim? — Eu
perguntei, olhando-a nos olhos.

— O que você está falando? — Ela respondeu, incapaz de manter


meu olhar.

— Você sabe.

— Me leve para casa.

— Seus pais estarão lá?

— Não, eles estão no trabalho.

— Então, o que você quer de mim?

— Só me levar para casa.

— E...
Ela fez uma careta. — Por que você está fazendo isso difícil, Dante?

— Você realmente quer ir para casa porque está chateada com Happy
Meal ou porque você quer entrar nas minhas calças?

— Dante!

— Porque se você quer isso, vá com Jasper. Não estou interessado em


te foder.

Ela enrugou o rosto. — Mas por que? Você foi tão legal comigo
ultimamente.

— Porque você está chateada com a morte de Happy Meal, — Jasper


interrompeu.

O rosto de Phelia se torceu. — Essa é a única razão?

— Para ele, mas não para mim, — respondeu Jasper. — Eu gosto de


você de verdade, então saia de cima de Dante, ele nunca estará interessado
em você.

Phelia começou a chorar, me fazendo sentir mal.

Eu atirei um olhar para Jasper. — Você não devia ser tão idiota sobre
isto.

Jasper encolheu os ombros. — É verdade. Você não tem interesse


nela, então foda-se. Vou levá-la para casa.

— Não! — gritou Phelia. — Você vai tentar me beijar de novo.

— E o que há de errado com meus beijos? — Jasper perguntou.

— Eu quero Dante, não você.


— Bem, ele não está interessado, eu estou, então você está vindo
comigo. — Jasper estendeu sua mão para agarrá-la.

Phelia agarrou-me, envolvendo seus braços ao redor de minha


cintura. Fui me afastar, mas parei quando as portas duplas do corredor se
abriram. A Sra. Hatton passou por elas. Ela congelou quando seus olhos
caíram sobre Phelia, a garota me abraçando apertado. A Sra. Hatton baixou
o olhar e saiu correndo. Annabelle apareceu um segundo depois. Seus olhos
também caíram sobre o que Phelia estava fazendo, mágoa cobriu sua face
também. Ela foi embora depois da Sra. Hatton.

— Oh, pelo amor de Deus! — Jasper estalou. — Todas as cadelas


querem você?

Eu desenrolei os braços de Phelia em volta de mim. — Não as que eu


quero.

— Dante! — Phelia disse. — Farei o que você quiser. Eu vou ser boa
para você.

Eu olhei para Jasper, que agora estava olhando para o chão, raiva e
confusão em guerra em seu rosto. Doeu vê-lo assim. Sabia que ele tinha
dificuldade em ficar com as garotas, seu peso dificultando muito. Também
sabia que o machucava quando as garotas me rodeavam, ignorando-o.
Respirei, sabendo que tinha que engolir meu orgulho, assim como a bile
agora ameaçando subir, porque meu amigo precisava de mim, não importa
se o que ele queria era me deixar desconfortável. Além disso, se conseguisse
fazer com que Phelia se suavizasse para ele, talvez ela acabaria por deixar
sua paixão comigo e ir para Jasper, porque estava ficando muito velha.

Voltei minha atenção para Phelia. — O que vai levar você a sair com
Jasper?
Ela sacudiu a cabeça. — Nada.

— Você tem certeza que sobre isso?

— Positivo.

— Mesmo se eu deixar você ficar comigo?

Suas sobrancelhas se uniram. — O que você quer dizer com isso?

Eu olhei para o corredor, Sra. Hatton se foi há muito tempo. Eu não


queria ficar com ela, mas eu poderia pelo menos ajudar Jasper a conseguir a
garota que ele queria.

Eu foquei em Phelia. — Se você quer ficar comigo, a única maneira


que isto vai acontecer é se você deixar Jasper foder você ao mesmo tempo.

— Um trio?

Ela olhou para Jasper, que estava olhando para ela com olhos
sonhadores, meu amigo implorando para ela sem mesmo dizer uma palavra.

Ela olhou para mim. — Contanto que você esteja na minha frente o
tempo todo e eu possa fazer o que quiser com você, — ela disse mais
prontamente do que eu esperava, seu rápido acordo me pegando de
surpresa. Talvez estivesse errado ao defendê-la no outro dia, porque de nós
três, eu era o único que tinha resistido à ideia.

— Diga sim, — Jasper disse, chamando minha atenção para ele. Seus
olhos estavam agora implorando, o desespero vindo dele em ondas. — Você
não me deve nada se fizer isso por mim, — acrescentou. — Eu vou dever a
você.
Olhei para Phelia, que também estava me encarando com uma
expressão de súplica. — Ok, — forcei, sabendo que precisava de um monte
de drogas para superar isso.
29

Doeu... feriu tanto saber que Phelia estava com Dante agora. Desde
aquele dia que eles tinham pulado um ensaio, ela saiu com ele e Jasper, não
se afastando deles. Um dia antes de meu marido voltar de Londres, observei-
a correr uma mão para cima e para baixo no braço de Dante enquanto
ensaiavam suas falas no palco, o que ela estava fazendo me chateando mais
do que o normal. Sabia que não tinha o direito de ficar com raiva, que não
tinha direito sobre Dante. Eu era a única que o havia rejeitado, e não o
contrário. Mas à medida que os minutos passavam, me encontrava ficando
mais e mais ferida. Então ela segurou sua mão, aquele pequeno gesto
finalmente me fez estalar.

— Isso é o suficiente! — Eu gritei do meu assento.

Ambos se voltaram para mim com olhares interrogativos.

— O que há de errado, senhorita? — Phelia perguntou, soltando a


mão de Dante.

— Estou ficando doente e cansada de ver você alisar Dante quando


você deveria estar ensaiando.

Seus olhos se arregalaram. — Eu não estou alisando ele!

— Tocando ele, então.

— O que há de errado nisso?


— Não há toque nessa cena, ou a última, ou a anterior, então se eu
pegar você fazendo isso mais uma vez, vou parar o ensaio.

— Mas, eu só estava segurando sua mão, e ele está bem com isso.

Eu mudei meu foco para Dante. — Você está bem com isso? — Eu
perguntei, desejando que ele não parecesse tão bem. Era dia informal, o que
significava que ele não estava de uniforme. Em vez disso, ele estava vestindo
jeans desalinhados e uma camisa do Bob Marley, que o fez parecer sexy, a
palavra encaixando bem para seu físico.

— Claro que estou bem pra caralho com isso, — ele me respondeu,
seu tom excessivamente áspero.

— Não use essa linguagem comigo.

Ele fez uma careta. — Qual é a sua questão? Não parece que ela
tenha desabotoado minhas calças.

Fechei a boca, sabendo que merecia esse comentário. Phelia franziu o


cenho, olhando entre Dante e eu, provavelmente pegando a vibração intensa
entre nós.

— Apenas pare o toque, — eu disse rapidamente, precisando


desarmar a situação antes de suas suspeitas ficassem maiores.

— Eu não estava tocando ela, ela estava me tocando. — Ele inclinou


a cabeça para o lado, me dando uma olhada que disse: 'Como você me
tocou'.

— Eu quis dizer Phelia, não você.

— Então, ela não pode me tocar?

— Dante, por favor, pare de me provocar.


— Não, só preciso fazer as coisas direito para que você não exploda
sua mente novamente.

— Sinto muito ter perdido a paciência, mas estou aqui para ajudá-lo
com o musical, não para ver o que ela estava fazendo lá em cima.

— Ok. Deixa comigo. Ela não pode me tocar, mas posso tocá-la. —
Ele passou um braço sobre os ombros dela, descansando sua mão em seu
peito.

— Dante! Tire sua mão dela...

— Tirar de onde, senhorita?

Eu não respondi.

— É chamado de peito, — ele disse, sua voz gotejando com desprezo.

Phelia deu uma risadinha, aparentemente gostando do que Dante


estava fazendo.

Eu me levantei, incapaz de lidar com a situação por mais tempo. —


Eu terminei, — disse, agarrando minha jaqueta e minha bolsa. Dirigi-me
para as portas duplas do fundo do corredor, tão enfurecida que queria gritar
com ele. Era ainda mais difícil que eu tivesse que vê-lo todos os dias na
escola, me lembrando o que eu tinha feito, bem como o que eu queria fazer
com ele... para ele... mas não podia. Ele era simplesmente muito atraente,
uma tentação constantemente me provocando, brincando comigo, rasgando
minha mente fodida. Não só ele me distraiu do meu trabalho, ele colocou
pensamentos viciantes em minha cabeça que não pertencem lá, aqueles que
sempre queria agir por influência.

Fui para o meu escritório, que estava do outro lado do quadro branco
da minha sala de aula. Estava entalado entre outra sala, uma pequena caixa
sem janelas. Fechando a porta atrás de mim, liguei a luz e caí em minha
cadeira, sentindo vontade de chorar. Não entendia porque o queria tanto.
Sim, ele era lindo, sim, ele era intensamente sexual, mas me deparei com
outros homens lindos e sexuais antes... Não, estava errada, porque nunca
encontrei alguém tão sexual como Dante. Saia dele em ondas: o jeito que ele
olhava, suas expressões, o modo como ele andava, sua voz, suas palavras - e
estava me deixando louca. Eu queria gritar, raiva de alguma coisa, qualquer
coisa... Não, queria que ele me fizesse gozar, mas tudo que podia fazer era
usar minha mão.

Coloquei-a debaixo do meu vestido, desesperada para deixar escapar


um pouco de calor. Fechei os olhos, imaginando Dante no palco: seus
olhares, seus músculos, a linha da mandíbula, seu lindo cabelo... Apertei
minhas pernas e comecei a esfregar-me.

Desfazendo alguns botões, puxei um dos meus seios para fora do


meu sutiã e comecei a esfregar meu mamilo, imaginando-o fazendo isso,
usando-o para me aproximar de um orgasmo, de um fechamento, de
qualquer coisa, porque não podia continuar assim. Ele estava me
transformando em um nó apertado de frustrações, tanto que não podia
pensar claramente nunca mais.

Desesperadamente precisando me soltar, fechei meus olhos e


encostei minha cabeça para trás, ofegante enquanto me esfregava, minha
mente em Dante fazendo isso para mim. A pressão dentro de mim continuou
a crescer, aumentando e aumentando até que o prazer me atingiu, meu
clímax me atingindo, levando-me para um Céu que eu não pertencia, o nome
deixando meus lábios me dando um bilhete de ida para o Inferno.

Uma voz masculina engasgou, — Jesus!


Meus olhos se abriram, a percepção de que tinha esquecido de
trancar a porta batendo em mim com mais força do que um trem de carga.
Mas o que mais me atingiu foi quem estava parado na porta.

Dante.

Ele estava olhando para mim com olhos arregalados e chocados.


Olhei de volta, também em choque, os dois congelados naquele momento,
não acreditando no que estávamos vendo. Então, como se um interruptor
tivesse sido movido, sua expressão atordoada girou para a excitação. Seus
olhos baixaram para o meu peito nu, alertando-me para o fato de que ainda
estava pendurado fora do meu sutiã. Mas novamente, não poderia me
mover. Algo estava segurando-me no lugar, bloqueando-me na cadeira,
minha mão não se moveu de minhas calcinhas.

Um sorriso se formou em seus lábios. Ele fechou a porta e virou a


chave, o clique retumbante finalmente me tirando do meu estado atordoado.
Soltei meu peito e afastei minha mão da minha calcinha, rapidamente
endireitando meu sutiã. Minha mente estava em um giro, meu rosto
ardendo, meu coração acelerado demais para eu lidar. Eu tinha que ficar
longe dele, porque se não ficasse, sabia que as coisas não iriam acabar bem.

— Você acabou de gozar dizendo meu nome, — disse ele, sua voz
mais profunda do que eu já ouvi.

Fiquei em silêncio, incapaz de negar. Entretanto, sua expressão


estava começando a me assustar. Parecia a que seu pai tinha no escritório
do diretor: querendo me montar. Era a única maneira que eu poderia
descrever, porque toda a sua conduta era animalista, um tigre pronto para
atacar sua presa. Era um pensamento estúpido, uma descrição
excessivamente dramática, mas, no entanto, ajustava o modo como ele
estava olhando para mim.
Sua mão foi para suas calças, soltando seu pau. — Eu posso fazer
você gozar mais forte com meu pau, — ele disse, puxando-o para fora.

Eu olhei para ele em descrença. Ele deu em seu pau alguns golpes,
em seguida, puxou um preservativo do bolso. O fato de ele ter um pronto era
surpreendente, mas a forma como ele rolou, deslizando-o sobre seu eixo
duro com tal fluidez foi desconcertante. Era como se ele tivesse feito isso um
milhão de vezes antes, o movimento de segunda natureza para ele. O
sentimento inquieto cresceu, me arrastando um pouco fora do meu choque,
mas ainda não conseguia dizer uma palavra. Ao invés disso, um tremor de
excitação indesejável percorreu meu corpo, superando o mal-estar e todo
outro pensamento lógico, minha mente em constante estado de fluxo,
mudando entre emoções mais rápido do que eu poderia processar.

Então ele se inclinou para mim, me dando outro sorriso. Ele tinha-
me. E ele sabia disso.

Eu tinha que sair agora, empurrá-lo para longe como fiz na detenção.
Precisava sair da sala, porque se não, me arrependeria. Mas novamente, não
fiz nada, além de olhar para o seu rosto bonito. Aqueles olhos escuros. A
curva perversa de seus lábios. Tudo tão cativante.

Ele abaixou o rosto, sua respiração se misturando com a minha.


Então seus lábios estavam nos meus. Tão suave, testando, provocando,
provando. Sua língua pressionou contra meus lábios, suavemente no início,
então com mais força. Abri a boca instintivamente. Ele deslizou sua língua
para dentro, enrolando-a com a minha, tornando-se cada vez mais agressivo.
Sua mão se moveu para minha cabeça, seus dedos afundando em meu
cabelo como se ele... não, nós nos beijamos, porque eu estava retornando
agora o que ele estava fazendo, nenhum pensamento envolvido, apenas o
desejo, a flor abaixo ficando mais forte. Estava quase pulsando, doendo por
ele, a frustração acumulada de ver o que eu queria e não ser capaz de tocar
isto... para tocá-lo, finalmente se libertando. Estava fazendo o que eu queria,
provando, mordendo, agarrando em sua cabeça. Nem me lembrei de levantar
as mãos. Meu corpo estava vários passos à frente da minha mente,
movendo-se por vontade própria. E me deleitei, amando que poderia
finalmente enterrar meus dedos em seu cabelo, as ondas suaves divinas ao
toque.

Fortes mãos deslizaram sob mim, me levantando com facilidade fora


da cadeira. Rompendo nosso beijo, Dante me sentou na mesa e soltou meus
dedos de seu cabelo. Antes que pudesse reagir, ele deslizou uma mão
debaixo do meu vestido e puxou minhas calcinhas pelas minhas pernas,
sendo excessivamente áspero em sua excitação. Parte do laço rasgou quando
ele as arrancou. Ele jogou as calcinhas arruinadas de lado, o material cor-
de-rosa jogado no chão ao lado dele, quase em câmera lenta.

Ele agarrou meus quadris e me puxou para frente, dei um grito de


surpresa. Ele não olhou para mim, nem sequer reagiu, porque seus olhos
estavam trancados em minha virilha nua, a luxúria dilatando suas pupilas,
fazendo sua íris mais negra. Um brilho perverso passou por eles. No segundo
seguinte, ele estava de joelhos, colocando a boca na minha... Eu inalei
bruscamente, o que ele estava fazendo era inacreditável, indescritível. Eu
não podia sequer pensar no ato real, também atordoada, muito chocada,
minha mente um turbilhão de emoções, cada uma lutando por atenção.

Medo

Desejo

Vergonha

Necessidade

Prazer
Querer

E eu queria isso... mais do que qualquer coisa. Ele estava fazendo


coisas com sua boca e dedos que estavam me fazendo torcer e ficar tensa
tudo ao mesmo tempo. O prazer estava me dominando, suas manipulações
tão perfeitas, perfeitas demais para alguém de sua idade. Esse último
pensamento me encheu de apreensão, enviando pinos de desconforto pela
minha espinha. Minha mente começou a gritar que isso não era certo... tão
errado, tão errado. Ele não deveria saber como fazer sexo oral, para fazer
minha mente perder o controle sobre meu corpo. Até meu marido não fazia
metade do que Dante estava fazendo. Mas em vez de dar a minha apreensão
e medo, permitindo que a razão recuperasse o controle, agarrei sua cabeça,
trancando-o no lugar, permitindo-lhe continuar, perdendo um pedaço da
minha sanidade naquele momento. Minha mente estava tropeçando sobre si
mesma, caindo em um buraco de coelho, me perdendo em suas
manipulações, o momento que ele estava me dando, o prazer, o êxtase. Cada
lambida e mordida fez-me agarrar mais forte em sua cabeça, enroscando
meus dedos em seu cabelo ondulado, preto deslumbrante. Comecei a
empurrar a pélvis para frente, pressionando-me contra seu rosto, querendo
mais e mais.

Ele fez um grunhido e segurou minhas mãos, forçosamente tirando-


as de sua cabeça novamente. Ele inalou alto, parecendo sem fôlego. Ele
passou uma mão em seu rosto e se levantou sobre mim, sua expressão mais
uma vez semelhante à de seu pai, apenas cem vezes, porque ele não parecia
que queria me foder - ele ia me foder. Ele me puxou para a frente, colocando
seu pau na minha entrada. Assisti com um sentimento de desapego, como se
estivesse entrando no corpo de outra pessoa.

Então ele penetrou em mim. Por um instante eu mal conseguia


respirar, deitada ali, ofegante, com ele dentro de mim, seu rosto corado de
êxtase.
— Jesus, — ele gemeu, prazer esmagando seu rosto, fazendo-o
parecer ainda mais deslumbrante. — Você é tão gostosa. — Ele fechou os
olhos, ficando imóvel por um momento, nós dois colados. Um segundo
depois, seus olhos se abriram. Ele agarrou meus quadris e começou a me
foder com força, o que ele estava fazendo - de novo - só era permitido nas
minhas fantasias. Na realidade, nunca na realidade, mas não conseguia
detê-lo. Eu não queria nem o que estava sentindo ganhando sobre todas as
minhas preocupações, fazendo com que minha lógica se desintegre, implode
sobre si mesma, eliminando todo pensamento de certo e errado, apenas o
prazer era importante, os sentimentos me levando em algum lugar que sabia
que não poderia voltar.

Eu estava condenada.

Gritei quando ele bateu em algo dentro de mim apenas no lugar


certo. Ele colocou uma mão sobre minha boca, sufocando mais dos meus
gritos. Minha mente ficou ainda mais em mau estado, o prazer que ele
estava causando vencendo meu corpo, fazendo-me respirar mais forte,
ofegar, murmurar seu nome, cada som sendo sufocado por sua mão. Eu não
conseguia lidar com isso, ou como isto parecia, o que simplesmente
aumentava as coisas ainda mais, arrancando minhas entranhas, fazendo
com que meus nervos, minha luxúria, meus desejos, tudo subissem e
subissem, até que sentisse uma explosão, a pressão dentro de mim era
demais...

Gritei em sua mão, gozando um segundo depois. Agarrei sua cabeça e


puxei para baixo. Dante soltou minha boca bem antes de quebrar meus
lábios contra os dele. Então ele estava gozando também, suas mãos
agarrando-me com força, minha boca, por sua vez engolindo seus gritos, os
dois de nós não se importando com nada ou ninguém além de nós dois,
neste momento - agora.
Então parou.

E as consequências começaram.

SHATTERED POETRY

(BROKEN LIVES #2)

Em breve...

*
BROKEN ENGLISH

Minha identidade não é vista em minha aparência, mas na maneira que eu


falo

Como uma forma quebrada de Inglês

Isso não é nem inglês, irlandês ou escocês

Em vez disso, é a forma da minha herança Maori, interlíngua

Que pertence à Nova Zelândia, não nossos vizinhos australianos

Não somos prisioneiros do passado, somos prisioneiros do nosso presente

Roubando, prostituindo, vandalizando, matando.

Dedicando nosso tempo até que ficamos presos, para nunca mais ver a luz
do dia

Pela polícia, porcos, oink-oink, desrespeito eles não merecem, mas


conseguem no entanto,

Porque não entendemos a sua necessidade de atenção para a doutrina do


nosso país

Mas eles também não compreendem

Que as coisas ilegais que fazemos, perpetrar, cometer e fugir

Não são sempre por escolha, mas necessidade, vidas de nossas famílias
estão em risco

Porque dinheiro não flui para nós como flui nas ruas de Herne Bay

A menos que estejamos vendendo drogas, ou deixando um John ou Jane


pagar por sexo

Fodendo

Nossos corpos em desalinho


É a poesia de nossas ruas

Uma rima quebrada por um centavo, um verso para um carro funerário

Nós estamos nos matando, morrendo de vontade de sentir, de negociar, de


roubar

Outra respiração, antes que somos mandados para a morte

Através de uma faca, uma briga, ou uma bala em nosso cérebro

Deixando para trás uma mancha de sangue

Nas ruas de South Auckland

Onde melodias fraturadas tocam através de uma paisagem urbana

Cheia de casas esculpidas a partir de dinamite cimentada

Chamado de amianto

Edifícios frios e bolorentos brilhando pelas luzes da polícia

A polícia nos cegando com criptonita dos criminosos

Enquanto não tivermos nenhuma luta

Deixada em nós

Não mais

Por Dante Rata

Um trovador moderno
Uma nota especial do autor:

Obrigada por ler BROKEN ENGLISH!

Gostaria de perguntar se você poderia rever esta história junto com qualquer
um dos meus outros livros que você leu, independentemente de você ter
amado ou odiado, porque cada revisão conta, especialmente para autores
auto-publicados.

Aqui está o link para a minha página autor do Amazon, onde você pode
encontrar todos os meus livros:

http://www.amazon.com/Marita-A.-
Hansen/e/B005H5W79K/ref=ntt_athr_dp_pel_1

Além disso, se você estiver interessado em ler mais sobre uma versão mais
antiga do Dante, ele esta na série Behind the Lives (a partir do livro 2 em
diante). Ele também tem uma cena no livro 1, embora tenha em atenção que
Behind the Hood tem um sentimento diferente para o resto de sua série. No
entanto, se você ler Behind the Lives, não assuma o resultado de Broken
Lives. Se a primeira trilogia de Broken Lives for bem-sucedida, vou escrever
uma segunda trilogia sobre Clara e Dante, apenas continuando sua história
nove anos depois.

Atenciosamente,
Marita A. Hansen.
Marita A. Hansen é de Nova Zelândia. Ela adora escrever, criar arte, assistir,
participar do futebol e correr. Ela correu sua primeira maratona em 2012 e
agora está planejando completar muitos mais. Para mais informações sobre
Marita confira estes links:

Página do Facebook:

https://www.facebook.com/pages/Marita-A-Hansen/113130742120676

My Masters’ Nightmare Facebook Page:

https://www.facebook.com/pages/My-Masters-
Nightmare/167338690126962

Blog Site:

http://maritaahansen.blogspot.co.nz/

Amazon Author Page:

http://www.amazon.com/Marita-A.-
Hansen/e/B005H5W79K/ref=ntt_athr_dp_pel_1
Goodreads’ Author Page:

http://www.goodreads.com/author/show/5129673.Marita_A_Hansen

Artslant Page:

http://www.artslant.com/global/artists/show/74433-marita-hansen

Twitter: @MaritaAHansen

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