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A CENTRALIDADE DE CRISTO

Leitura Bíblica: Lucas 24.13-27

Introdução

Com quantas notícias ruins temos convivido nos últimos tempos, não é
mesmo? Doença, guerra, mortes... Tudo isto pode nos tocar o nosso coração
ao ponto de tornar nossa vida e nosso coração amargo. Ataques militares
deixando, pelo menos 35 mortos na Ucrânia; 400 mil pessoas presas em
uma cidade sem acesso à energia elétrica e comida; ônibus com refugiados
capotando na Itália; etc etc etc.

E isto afeta diretamente nossas vidas, afinal, o aumento do diesel, da


gasolina e do gás de cozinha já são realidades que impactam nossas vidas.
As palavras de uma motorista de aplicativo que foram registradas na
última sexta-feira no site da BBC refletem muito bem o sentimento que
pode nos afligir: “Dá desespero, dá vontade de chorar, a conta não fecha, a
manutenção do carro é cara, porque roda muito. É desespero todo dia”.

Qual seria então a grande notícia que todos nós esperamos para este ano?
O fim da pandemia, o fim da guerra, um cenário econômico, quem sabe,
mais estável? Afinal, queremos grandes notícias, boas notícias. São as boas
notícias que trazer algum alívio aos nossos corações.

A fé cristã é apresentada como uma boa notícia, sendo exatamente este o


significado da palavra “evangelho”. Isto pode ser novidade pra muita
gente, mesmo que estas pessoas estejam familiarizadas com esta definição
de evangelho. Mas o Senhor Jesus e seus discípulos, quando proclamaram
a Palavra de Deus, compartilhavam o evangelho como uma boa notícia,
uma notícia tão boa que merecia ser trazida a todas as pessoas até os
confins da terra.
EXPOSIÇÃO

O conteúdo desta boa notícia é que no Senhor Jesus Cristo foi concebido
por obra do Espírito Santo, nasceu da virgem Maria, padeceu sob Pôncio
Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu em Hades e ressurgiu de
entre os mortos ao terceiro dia.

O dia da ressurreição de Cristo é, enfim, um dia de grande notícia. Este é o


dia em que o nosso Senhor venceu o grande inimigo da humanidade, a
saber, a morte. Aliás, é por este motivo que nos reunimos hoje aqui para
celebrá-lo, no dia do Senhor. Naquele mesmo dia dois discípulos saem de
Jerusalém para fazer uma caminhada de aproximadamente onze
quilômetros em direção a uma aldeia chamada Emaús.

1. Eles caminham e conversam a respeito de tudo o que havia


acontecido nos últimos dias. Há um mistério que eles não conseguem
decifrar. O v. 15 afirma que mais do que conversar, a ação empreendida
por eles consistia em discutir. Ou seja: duas pessoas falando entre si a
respeito de algo que lhes é importante e que, por isso, os ânimos estão
exaltados, no sentido de que era necessária uma compreensão dos
acontecimentos.

Um terceiro caminhante se aproxima destes dois homens que estavam


conversando e discutindo. Os seus olhos não conseguem notar que o
assunto tratado estava por chegar na conversa. Jesus se aproxima deles e
lhes pergunta qual seria o motivo da conversa; e aí temos mais uma
informação importante a respeito do tom da conversa, pois o Senhor diz
que eles demonstram preocupação pela forma como estavam dialogando.
Antes de responder, note também qual é a reação de Cleopas e seu
companheiro de viagem: eles pararam entristecidos.
2. A tristeza se revela também na maneira que Cleopas fala a respeito
do grande mistério que tentavam decifrar. “Será que você é o único homem
em Jerusalém que desconhece o que aconteceu? Vamos aos fatos: um
homem de Deus, chamado Jesus, poderoso em palavras e obras, foi
condenado e morto pelas autoridades competentes. A nossa esperança de
redenção estava nele, mas já faz três dias que ele morreu. Houve um boato
de que ele teria ressuscitado de entre os mortos, mas o fato é que o corpo
dele sumiu... e nós estamos confusos”.
O caminho de Emaús é este lugar de desesperança, desistência,
dúvidas, sonhos desfeitos e dor. É o momento em que os planos destes dois
discípulos parecem arruinados. As promessas de Jesus quanto a vitória
sobre a morte não parece palpável para os nossos irmãos: parece que estão
sob um céu de bronze, em que toda a esperança foi esvaziada. A esperança
morreu, dizem eles. E notícia boa, parece ser tão boa, que não parece ser
verdade. No meio da jornada, os seus corações azedaram.
3. Esta é a primeira etapa da manifestação do Cristo ressuscitado: Ele
se manifesta e se encontra com os homens estando atento às suas
aspirações. Mas não para por aí: ele também se manifesta e se encontra na
Palavra de Deus, nas Escrituras Sagradas. O Senhor lhes dirige a Palavra
no v. 25, chamando-lhes de néscios e tardos de coração por não acreditarem
no que a Palavra de Deus ensina. O Cristo iria padecer, mas seria
glorificado. Toda o Antigo Testamento falava sobre esta missão do
Salvador, e este era um fato ignorado por aqueles discípulos.

A este respeito J. C. Ryle, pregador anglicano, afirmou: “Cristo era a essência


de todos os sacrifícios ordenados na lei de Moisés. Cristo era o verdadeiro
Libertador e Rei, do qual todos os juízes e libertadores da história de Israel eram
apenas figura. Ele era o Profeta vindouro, maior do que Moisés, cujo glorioso
advento enchia as páginas dos profetas. Cristo era a verdadeira semente da mulher,
que pisaria a cabeça da serpente. Ele era o verdadeiro descendente em quem todas
as nações seriam benditas. Ele era o verdadeiro bode da expiação, a verdadeira
serpente de bronze, o verdadeiro Cordeiro, para o qual todos sacrifícios diários
apontavam. Cristo era o verdadeiro Sumo Sacerdote, de quem todos os
descendentes de Arão eram apenas figuras. Esses fatos e outros semelhantes, com
certeza, foram alguns dentre os fatos que nosso Senhor explicou aos dois discípulos
no caminho para Emaús”.

ENSINO/DOUTRINA

A revelação de Jesus aos seus discípulos é fundamental nesta passagem.


Ela funciona como um eixo que faz conexão com tudo o que está
ocorrendo. Aliás, o Senhor Jesus é a pedra angular de toda a história
humana, de todo plano divino não apenas para Israel, mas para toda a
humanidade.

1. Alguns discípulos costumam ter o conhecimento fraco e imperfeito


do Salvador. Dois fatos pacíficos no texto: eram discípulos; tinham um
conhecimento fraco e imperfeito do Senhor Jesus. Os dois discípulos de
Emaús confessaram sinceramente que suas expectativas haviam sido
desapontadas pela crucificação de Cristo. Afirmaram: “Esperávamos que
fosse ele quem havia de redimir a Israel”. Uma redenção temporal dos
judeus realizada por um conquistador parece ter sido a redenção que eles
aguardavam. Uma redenção espiritual por meio de uma morte sacrificial
era uma ideia que suas mentes não podiam assimilar por completo.

Eles demonstraram uma ignorância, à primeira vista, verdadeiramente


estarrecedora. Não devemos ficar surpresos com a repreensão severa que
saiu dos lábios de nosso Senhor: “Ó néscios e tardos de coração para crer”.
No entanto, podemos aprender algo da ignorância deles. O fato nos mostra
que temos poucos motivos para ficar admirados diante da ignorância
espiritual que envolve a mente de muitos crentes. Milhares ao nosso redor
ignoram o significado dos sofrimentos de Cristo, assim como esses
viajantes de Emaús. Gente de igreja, de religião, mas que não entende como
a perspectiva sobre Jesus afeta diretamente suas vidas. Enfim, pessoas
ignorantes sobre quem é Jesus.
2. A grande notícia para todos nós é que Deus não nos deixa em trevas
espirituais, na ignorância quanto ao que está acontecendo. Jesus não
permitiu que aqueles discípulos ficassem para sempre com o ensinamento
equivocado a respeito de Sua Pessoa. Assim como Deus nos dá tudo o que
precisamos para sustentar nossa vida física, Ele concede tudo o que
precisamos para manter nossa vida espiritual. Para discípulos ignorantes
quanto à Pessoa e Missão de Jesus, eis aí a Bíblia, a Palavra de Deus. As
Escrituras, que principalmente nos ensinam sobre o que o homem deve
crer acerca de Deus e o que Deus requer do homem.
Vejam o tamanho da generosidade de Deus em nos prover o que
precisamos para nosso sustento! Deus nos esclarece, mesmo que custemos
a entender e demoremos a crer no que Ele ensina. A repreensão de Deus
não é como a de um professor ruim que despreza seus alunos, mas como
um Pai que corrige seus filhos em amor. Deus não nos deixa em trevas,
com o entendimento obscurecido; Deus esclarece, Deus explica, Deus
expõe. Na linguagem de Calvino, nas Escrituras, Deus balbucia a nós, fala-
nos como uma babá fala a um bebê.
Tudo o que precisamos está nas Escritura, pois foi assim que Jesus lidou
com a desesperança e confusão de nossos irmãos.
3. Jesus é indispensável para compreendermos o plano de Deus. Jesus
Cristo, o Filho perfeito de Deus, é o Amado do Pai, o Cântico dos anjos, a
Lógica da criação, o grande Mistério da piedade, a insondável Fonte de
vida, conforto e alegria. Fomos criados para encontrar nele a nossa
satisfação, o descanso do nosso coração. O problema, porém, não é
somente o foco em nós mesmos; parece que gravitamos naturalmente em
torno de qualquer coisa que não seja Jesus — e com os cristãos isso acontece
quase com tanta frequência como com qualquer outra pessoa como se essas
fossem coisas em si mesmas que pudessem nos salvar. A própria “cruz”
pode ser compreendida separada de Jesus, como se o madeiro tivesse
algum poder por si só. Outras coisas, coisas maravilhosas, conceitos vitais,
belas descobertas muito facilmente empurram Jesus para o lado.
Conceitos teológicos preciosos concebidos para apresentar uma descrição
dele e de sua obra acabam sendo tratados como coisas que possuem valor
por si mesmas. Ele se transforma em só mais um tijolo na parede. Mas o
centro, a pedra de esquina; nem mesmo “o evangelho” é o centro. O centro
é Jesus Cristo. Em Cristo nós vemos o verdadeiro significado do amor, do
poder, da sabedoria, da justiça e da majestade de Deus. À medida que
olharmos através deste livro para Jesus, não olharemos para ninguém
menos do que Deus; contemplaremos o próprio Deus. E, de fato, se nós não
nos dirigirmos a esta Palavra para conhecer a Deus, então todos os nossos
pensamentos a respeito de Deus, por mais respeitosos que sejam, por mais
reverentes e filosoficamente satisfatórios, não passarão de pura idolatria.

APLICAÇÃO

1. Irmãos, ninguém pode negar a importância da nutrição física.


Nossos níveis de energia, nossa capacidade de enfrentar os desafios da
vida e até mesmo nossas atitudes mentais estão diretamente ligadas à
ingestão de alimentos apropriados, consumidos com regularidade e em
quantidades adequadas.
Todos nós sabemos como é consumir uma dieta desequilibrada ou comer
muito doce, engolir grandes porções de uma vez só e muito depressa ou
deixar de fazer uma refeição completa. O resultado é que, invariavelmente,
sofremos inúmeras consequências. Ficamos doentes ou zonzos, ou
podemos ficar irritados, agressivos e até deprimidos. Às vezes, ficamos um
pouco trêmulos. Essa é a maneira pela qual nosso corpo nos diz que não
está recebendo alimento suficiente. Uma ótima saúde exige ótima nutrição.
O mesmo é válido quando se trata de assuntos espirituais. Sem nutrição
bíblica suficiente e regular, nossa vida interior começa a sofrer as
consequências. Nossa alma deseja ser frequentemente alimentada, nutrida
e energizada pelas Escrituras. Quando deixamos de reservar tempo para
digerir comida espiritual saudável, não demora muito para que as
consequências comecem a surgir... e essa não é uma visão agradável.
Começamos a agir de acordo com a carne em vez de caminhar sob o
controle do Espírito de Deus. Tornamo-nos rasos e egoístas, mais exigentes
e menos gentis. Reagimos com impaciência, imprudência e raiva. Parece
que existe uma relação inversamente proporcional entre vida devocional e
qualidade em nossos relacionamentos. Todos esses são sinais reveladores
de má nutrição interior.

Nosso alimento precisa ser consistente, a Palavra de Deus precisa fazer


parte de nossa dieta diária. A todo tempo estamos nos alimentando de
coisas que podem ser nocivas: maus exemplos, modelos culturais péssimos
sendo transmitidos através de filmes, séries e livros, o testemunho confuso
de gente que diz seguir a Jesus, mas que na prática está distante dEle.

A mensagem de Cristo é para que retornemos à simplicidade do


Evangelho. Conservemos a esperança e a consolação pelas Escrituras
Sagradas. Sejamos fortalecidos no Senhor e na força do Seu poder.

1. Parte 2
2. Parte 3
3. Parte 4
Conclusão

Em 1976 o Pr. S. M. Lockridge proferiu na Igreja Batista do Calvário, em


San Diego, Califórnia, o seu mais conhecido sermão. Uma descrição
poderosa e vibrante sobre o Cristo que servimos é oferecida e gostaria de
concluir este sermão repetindo as suas palavras:

Esse é Meu Rei. Meu Rei nasceu Rei.


A Bíblia diz que Ele é o Rei dos Sete Caminhos. Ele é o Rei dos Judeus.
Ele é o Rei de Israel. Ele é o Rei da Justiça.
Ele é o Rei de todos os tempos. Ele é o Rei do Céu.
Ele é o Rei da glória. Ele é o Rei dos reis
e Ele é o Senhor dos senhores.

Bem, esse é meu Rei. Agora, eu me pergunto se você O conhece.


Você O conhece?

Não tente me enganar.


Você conhece meu Rei?

Davi disse que os céus declaram a glória de Deus,


e o firmamento mostra a obra de Suas mãos.
Não há meios mensuráveis que possam definir Seu amor, que é sem
limites.
Nenhum telescópio pode trazer à visibilidade a linha divisória de Seus
suprimentos ilimitados.
Nenhuma barreira pode impedi-lo de derramar Sua bênção.

Pois bem,
Ele é duramente forte.
Ele é totalmente sincero.
Ele é eternamente constante.
Ele é imortalmente gracioso.
Ele é imperialmente poderoso.
Ele é imparcialmente misericordioso.
Esse é o meu Rei.

Ele é o Filho de Deus.


Ele é o Salvador do pecador.
Ele é o Centro da civilização.
Ele é autossuficiente.
Ele é exaltado.
Ele é único.
Ele é incomparável.
Ele é sem precedentes.
Ele é supremo.
Ele é digno.

Bem, Ele é a Ideia Mais Majestosa da literatura.


Ele é a Maior Personalidade da filosofia.
Ele é o Problema Supremo na alta crítica.
Ele é a Doutrina Fundamental da verdadeira teologia.
Ele é a Necessidade Fundamental da religião espiritual.
Esse é o meu Rei.

Ele é o Milagre da Era.


Ele é o Superlativo de tudo de bom que você escolheu para adjetivá-lo.

Bem, Ele é o único capaz de suprir todas as nossas necessidades


simultaneamente.
Ele dá força aos fracos.
Ele está pronto para acolher os tentados e provados.
Ele tem compaixão e Ele salva.
Ele é o Deus Forte e o Guia.
Ele cura os enfermos.
Ele purifica os leprosos.
Ele perdoa pecadores.
Ele redime os devedores.
Ele liberta os cativos.
Ele defende os fracos.
Ele abençoa os jovens.
Ele serve ao sofrido.
Ele valoriza os idosos.
Ele recompensa os esforçados e agracia os mansos.
Você O conhece?

Bem, meu Rei é o Rei do Conhecimento.


Ele é a Fonte de Sabedoria.
Ele é a Porta de Libertação.
Ele é o Caminho de Paz.
Ele é o Caminho de Justiça.
Ele é a Estrada de Santidade.
Ele é o Portal de Glória.
Ele é o Mestre dos poderosos.
Ele é o Capitão dos conquistadores.
Ele é o Chefe dos heróis.
Ele é o Líder dos legisladores.
Ele é o Supervisor dos vencedores.
Ele é o Governador dos governadores.
Ele é o Príncipe dos príncipes.
Ele é o Rei dos reis e Ele é o Senhor dos senhores.

Esse é o meu Rei. Sim. Sim.


Esse é o meu Rei. Sim, meu Rei.

Sua função é múltipla.


Sua promessa é certa.
Sua luz é incomparável.
Sua bondade é ilimitada.
Sua misericórdia é eterna.
Seu amor nunca muda.
Sua palavra é suficiente.
Sua graça é suficiente.
Seu reinado é justo.
Seu jugo é suave e Seu fardo é leve.

Bem. Eu gostaria de poder descrevê-lo para você,


mas Ele é indescritível.
Sim, Ele é indescritível!

Ele é incompreensível.
Ele é invencível.
Ele é irresistível.

Eu estou tentando te dizer,


os céus dos céus não podem contê-lo,
muito menos um homem explicá-lo.
Não há como tirá-lo da sua mente.
Não há como livra-se dEle.
Você não pode resistir a Ele e não pode viver sem Ele.
Bem, os fariseus não podiam suportá-lo,
mas eles descobriram que não podiam pará-lo.
Pilatos não conseguiu encontrar nenhuma falha nEle.
As testemunhas não conseguiram testificar contra Ele.
Herodes não conseguiu matá-lo.
A morte não conseguiu dominá-lo e a sepultura não conseguiu segurá-lo.

Sim, esse é o meu Rei!

Ele sempre foi e sempre será.


Estou falando que Ele não teve antecessor
e Ele não terá sucessor.
Não havia ninguém antes dEle
e não haverá ninguém depois dEle.
Você não pode acusá-lo
e Ele não vai renunciar.
Esse é o meu Rei! Esse é o meu Rei!

Teu, Teu é o reino e o poder e a glória.


Bem, todo o poder pertence ao meu Rei.
Estamos por aí falando sobre poder negro, poder branco e poder verde,
mas é o poder de Deus. Teu é o poder.

Sim.
E a glória.
Tentamos obter prestígio, honra e glória para nós mesmos,
mas a glória é toda dEle. Sim.
Teu é o reino
e o poder e a glória,
Para sempre e sempre
e sempre
e sempre.

Quanto tempo é isso?


E sempre e sempre e sempre.
E quando você passar por todos os ‘sempre’,
então, amém.

Soli Deo Gloria

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