Morre 2018 nasce o 2019. A morte não é essa coisa horrível que tanto vos assusta. Só os descrentes tem medo dela. Por vezes o espírito vai- se desligando devagar, suavemente e acaba por aborrecer o corpo e até por vezes a julgar-se já a flutuando no espaço celeste. Mas quando se é descrente ou se está muito apegado ao materialismo terreno custa a deixar a Terra e sofre-se. Um suor frio empasta a fronte, sente-se o palpitar aflito do coração, prende-se a respiração e sente-se perfeitamente o afastamento. Lágrimas de saudade e desespero enchem-nos os olhos. É uma aflição horrível. E se há choros e lástimas, pior um pouco. Isso é um tormento impossível de descrever a quem morre. O moribundo sente-se o mais desgraçado possível. Quase todos os homens de ciência têm mortes calmas porque compreendem ser uma coisa natural, como o nascer, comer, viver, dormir, etc. Após a separação do espírito do corpo, este pode ainda ficar por algum tempo no lugar onde de despegou e assistir ao seu próprio enterro sereno e sem sofrimento algum, quando é corajoso e se libertou bem da vida, ou então num desespero se a deixou com pena ou problemas. Depois tem a sensação de que fica flutuando no espaço estreito. À sua volta apenas trevas. Isto pode acontecer por escassos minutos ou longos anos. Então o seu guia espiritual aproxima-se, guia-o através da escuridão e procura fazer-lhe compreender o que se passou, o tempo que assim tem estado, o porquê, etc. Se o espírito o atende, tudo irá bem, a caminho da natural evolução. Vê os amigos de outras encarnações, a família que já tinha subido, etc. A alma sente-se confortada, liberta, contente, pode pedir a Deus mais forças, alguma tarefa que lhe seja útil ou agradável, pode aprender, estudar, ensinar o que sabe, etc. À medida que os guias espirituais vão mostrando as pessoas a quem o espírito se ligou noutras encarnações, ele vai-as fixando e recordando-se das suas vidas anteriores; umas vezes cheio de amor fraternal, outras de indiferença e outras ainda de desespero. É por isso que os terrenos se influenciam a cada passo com as presenças que sentem, mesmo sem verem ou ouvirem. São os espíritos que se aproximam e lhes transmitem os bons pensamentos ou as tristezas. Para que um espírito evolua é preciso antes de mais nada deixar de ser inútil, comodista e dar-se pouco a pouco aos seus irmãos, isto é, ser prestável e auxiliar. Se o espírito é de um artista, escritor, músico, professor, etc. sente na primeira impressão o desejo pela sua arte e á medida que se esclarece procura desenvolver aquilo que lhe foi mais querido na Terra, em qualquer das encarnações. Todo o processo se faz á custa de muito sacrifício. Também nas coisas materiais aqui na Terra acontece assim. Para evoluirmos necessitamos todos os dias e a todas as horas de melhorarmos no campo profissional, moral e intelectual. É o progresso do indivíduo que ajuda o progresso geral. Aqui, longe da Terra, flutuando nos espaços, também nos vamos desenvolvendo. Noutros planetas não é assim. Em Marte por exemplo, a vida é um sorriso doce. Um candelabro em que há uma coluna radiante de Luz espalhando-se a toda a volta, em cada mente. Todos se esforçam por se elevar cada vez mais. Não há cansados nem chorosos, nem ociosos, desamparados ou oprimidos. Em Júpiter, as crianças são como anjos que esvoaçam alegres sobre os lares e os adultos são como santos que têm por única missão orar pelos outros planetas. O nível de vida atinge duas centenas de anos. Não há doenças nem baixezas de qualquer espécie. Vejam como é diferente aí na Terra…. Aí, após a morte, os menos esclarecidos continuam sentindo os mesmos tormentos terrenos, o bater apressado do coração, a sensação de fome sede e frio, dores por todo o corpo, conforme tenham sido avarentos, glutões ou fizeram sofrer dores aos seus semelhantes. Alguns se transformam em animais peçonhentos, por uma temporada, conscientes dessa transformação e outros arrastam pesadas cadeias, com as quais já tem sido vistos pelos videntes terrenos. Passam junto deles espíritos de Luz. Conformam-nos, esclarecem-nos, suavizam-lhes as agruras. Se eles os atendem tudo caminha bem. Deus é infinitamente bom e generoso. Se em vez de os ouvir eles continuam presos às coisas terrenas, é um suplício não só para eles como também para os terrenos a quem andam ligados. Falam aos familiares e não obtêm resposta. Veem mexer- lhes nos cofres onde escondiam o seu tesouro e esbanja- lo com dor enorme. Arrepelam-se, choram e fazem adoecer de quem se aproximam. Curtem ciúmes desesperados, falam e não os ouvem, choram e ninguém se compadece deles. Alguns empurram, atiram as pessoas para debaixo de carros, causam acidentes de comboio e aviões. Andam loucos. Só a prece os pode serenar. Mas há também os atrasados conscientes. Sabem que deixaram a Terra, mas também sentem prazer em continuar a fazer mal. Para eles só os bons espíritos tem força para os afastar. Erram durante anos, até que cansados, se aquietam e se deixam doutrinar, começando então as suas provas para a ascensão. Há milhares e milhares de espíritos atrasados. Na medida que o espírito vai evoluindo, isto é, vai tendo a noção exacta de todas as encarnações anteriores e do mal que praticou e procura emendá-los, vai sentindo adelgaçar-se a camada espessa que o envolve e que embora muito mais leve do que a terrena ainda lhe tolhe a vontade e a ascensão. Só a prece deles e a dos terrenos ao Pai de Misericórdia os pode aliviar. Aliviar aqueles a quem se agarraram, aliviar a humanidade sobre a qual pesam e atormentam. Por isso orai pelas almas sofredoras, orai, irmãos, que Deus vos ouvirá e abençoará.