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MINISTÉRIO
Uma Revista para Pastores e ADVENTISTA
JAN/FEV 83 NÚMERO 1
Aconteceu
com a
Família que
Orava Junto?
ÍNDICE
EDITORIAL
Amebas, Leucócitos e Pastores 3
Daniel Belvedere
OBRA PASTORAL
A Dor da Visitação 4
João Savage
A FAMÍLIA DO PASTOR
Que Aconteceu com a Família que Orava Junto? 5
Denise Turner
A ESPOSA DO PASTOR
Estado de Ânimo no Ministério — Um Estudo 7
da Esposa do Pastor Como Pessoa
Carole Luke Kilcher, Roger L. Dudley, Des Cummings Jr.
e Greg Clark
SAÚDE E RELIGIÃO
Saúde e Temperança 12
Dra. Irma B. Vyhmeister
TEOLOGIA
A Mordomia em Seus Aspectos Mais Amplos 14
L. E. Froom
A Igreja e Israel 19
Dr. Hans K. LaRondelle
ARTIGOS GERAIS
Superando Nosso Natural Egoísmo 22
Leah S. de Souza
PREGAÇÃO
Apelos Evangelísticos Eficazes 23
Melvin Nembhard
e Pastores biologia. No entanto, apesar de sua simpleza, é mais que matéria: tem
vida e cumpre todas as funções básicas que nós realizamos: respira,
digere, excreta, se reproduz e se desloca.
Se as amebas forem colocadas ao lado dos glóbulos brancos,
diremos que se parecem bastante; mas, quando estudamos sua
conduta, surgem algumas diferenças típicas que também se encontram
entre pastores e pastores. Antes, porém, de aclarar este assunto,
falemos um pouco dos leucócitos, esses guardas ou essas forças
armadas que protegem nosso corpo.
Um médico cristão que utiliza os leucócitos como metáfora comenta
que quando tudo transcorre na normalidade, os glóbulos brancos
impressionariam como ineficazes ou até como preguiçosos
vagabundeando e deslocando-se pela corrente sanguínea ou linfática.
Quando, porém, aparecem germes ou micróbios infecciosos, afigura-se
que houve um alarma, proclamando intensa vigilância, e, de todos os
lados, até atravessando as paredes dos capilares, eles afluem ao foco
infeccioso e começam a engolir o invasor. O glóbulo branco tem
grânulos de explosivos químicos dentro de seu corpo, os quais começam
a detonar quando foi tragado o invasor, destruindo-o. Mas, geralmente,
o leucócito morre nesta ação heróica.
Paulo disse que a Igreja é o corpo de Cristo. Sendo que ele viveu
quinze séculos antes que Zacarias Janssen inventasse o microscópio, é
provável que nem sequer soubesse que existiam amebas e glóbulos
brancos, nem tenha sonhado que hoje os usaríamos no contexto de
sua metáfora. Mas vamos fazê-lo porque os dois habitam no mesmo
corpo, só que sob condições muito diferentes.
No caso da ameba, ela vive do corpo. Poderia sair do corpo e viver
fora dele, pois não faz parte do mesmo. Chegou a integrar-se no corpo,
mas como parasito.
Ao chegar a este ponto, recordo o que disse S. João a respeito de
alguns crentes: “Eles saíram de nosso meio, entretanto não eram dos
nossos” (I S. João 2:19), e me estremeço ao pensar que alguns de nós
talvez sejam um pastor dentro do corpo de Cristo, que cobra seu
salário como o faria um profissional não identificado com a empresa da
qual vive. Seria terrível!
Quão bom seria, porém, que fôssemos pastores semelhantes aos
glóbulos brancos, os quais vivem para o corpo e que, assim como
Cristo, dão sua vida pela saúde do corpo!
Não obstante, creio que coincidiremos em que os frutos são apenas
o testemunho externo de um problema mais profundo. Então, que
estabelece a diferença? A natureza de um e de outros. Em relação com
o corpo físico, a ameba é independente, ao passo que o glóbulo
branco pertence ao corpo, por isso vive para ele. E aqui é onde a
metáfora e a realidade se separam, porque a ameba não pode
modificar sua natureza, ao passo que você e eu, pastor, podemos
experimentar uma mudança de natureza, se é que a necessitamos.
"Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos
filhos de Deus; a saber: aos que crêem no seu nome; os quais não
nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do
homem, mas de Deus.” S. João 1:12 e 13. E ter essa natureza
significará ser “pastores leucócitos", que vivem e se sacrificam pela
saúde do corpo, “como também Cristo amou a igreja, e a Si mesmo Se
entregou por ela" (Efés. 5:25).
Daniel Belvedere
3
OBRA PASTORAL
A Dor da
Visitação
João Savage
Presidente dos consultores
LEAD, Pittsford, Nova Iorque. Abalizada
autoridade na reincorporação de
membros de igreja inativos.
Arquivo Casa
A razão por que a maioria das mo os irmãos, passavam por tão mim mesmo, de muita aflição.
igrejas não têm um programa de intensa dor ao se tornarem inati O segundo exemplo elucidará
visitação de seus membros inati vas. Certamente não fui sensível a mais alguns pontos relacionados
vos não é a falta de interesse por seus pedidos de auxílio, e estou com a aflição de abandonar a igre
eles. Deve-se à intensa dor suscita sinceramente arrependido de mi- ja. Durante minha pesquisa origi-
da pelo processo de visitação. nha insensibilidade. Espero que nal ao visitar membros inativos
A aflição do membro inativo tem me perdoem.” A mulher começou (da qual resultou o livro The Apa-
sido estudada meticulosamente a chorar. O marido sentou-se a thetic and Bored Church Member
em anos recentes. Foi constatado seu lado no sofá e pôs o braço ao — “O Apático e Enfadado Membro
que freqüentemente um "inciden seu redor. Durante as próximas da Igreja”), visitei um casal de
te que provoca ansiedade" na vida duas horas permaneci sentado e trinta e poucos anos de idade. Seis
do indivíduo ou na vida da congre- deixei que eles partilhassem a pro- meses antes falecera seu filhinho
gação se encontra no centro do funda dor que havia em seu íntimo de três anos. No distrito para o
por haverem abandonado a igreja. qual se haviam mudado, o pastor
problema. Esse incidente torna a Acontece que eu era o causador
pessoa muito perturbada, ansiosa só fizera uma visita a essa família
de ansiedade em seu afastamento. após a morte da criança, e nin
e, comumente, muito irada, e pode Enquanto fui ouvindo, foram capa guém da congregação local viera
ser estimulado por um grande nú- zes de partilhar sua hostilidade visitá-los no decorrer desse perío-
mero de situações. contra minha pessoa devido ao do de profundo pesar. Tanto o ma
Lembro-me de uma das primei- que ocorrera quase quatro anos rido como a esposa choraram co-
ras visitas que fiz a um membro antes. Mencionaram como tinham piosamente durante o tempo em
inativo. Era um casal de meia-ida sentido falta da comunidade em que estive com eles. Estavam em
de que se afastara da igreja um que haviam encontrado grande extrema aflição, não só por causa
ano depois que eu me tornei pas- conforto e amor. Ficaram muito da perda do filho, mas também de-
tor. Tinham ficado inativos duran pesarosos por causa do atrito pes- vido à falta de apoio da comunida-
te uns quatro anos. Embora devol soal comigo, mas não sabiam como de da igreja, que era tão necessá
vessem o dízimo de maneira espo proceder para efetuar a reconci- rio naquele tempo. Foram se afas
rádica, não assistiram a nenhuma liação. Relataram como seus filhos tando rapidamente da igreja, desi
reunião, cerimônia ou culto da estiveram fora da escola da igreja ludidos das pessoas e decepciona
igreja durante esse período de e da sociedade de jovens durante dos com o seu pastor. Essa dor
quatro anos. Quando telefonei pa- esse mesmo período de tempo, e existencial era traumática para
ra eles e marquei um encontro, es que se sentiam incompetentes co- sua própria vida, e tiveram de fa-
tavam muito desejosos de ver-me. mo pais. Finalmente, declararam zer o máximo esforço possível pa-
Era um nevoso dia de inverno em que, tendo deixado a comunidade ra não ficarem desesperados.
Rochester, Nova Iorque, quando da igreja, não sabiam como voltar Essas duas visitas não apresen
me dirigi à casa desse casal. Con airosamente e, portanto, permane- tam um quadro atípico do membro
versamos sobre questões superfi ceram afastados. Haviam, de fato, de igreja inativo. Quase sem ne-
ciais. Então a esposa me disse: implorado o meu auxílio através nhuma exceção, em toda família
“Faz quatro anos que o senhor não da Comissão de Relações Entre o inativa que visitei descobri imenso
veio até aqui. Por quê?” O tom de Pastor e os Membros, mas naquele pesar interior relacionado com a
sua voz era hostil, e a pergunta de tempo de minha vida eu não era
notava ressentimento oculto. Mi- sensível aos pedidos de auxílio que igreja, com os membros, com o
nha resposta foi a seguinte: “Eu as pessoas fazem antes de sair. Se pastor e até mesmo com Deus.
não sabia que as pessoas que ou eu tivesse percebido isso mais ce Há uma intuição da parte da
trora eram assíduas na igreja, co- do, tê-los-ia poupado, bem como a congregação que quando se visita
4
A FAMÍLIA DO PASTOR.
Nunca/ Às Vezes
Item Com Freqüência Média
Raramente %
%
10
Quadro 4 O Problema Mais Real Para Mim
Categoria Setor % Escolhas
1. Deus 34
2. Outro pastor ou outra esposa de pastor 16
3. Administração da Associação 12
4. Ninguém 8
5. Não sei ao certo 8
6. Amigos chegados 7
7. Pais 6/
8. Cônjuge 6
9. Conselheiro profissional 6
10. Parentes/família 4
11. Bíblia 4
12. Espírito de Profecia/White Estate 4
Pós-graduação 0,64
Mestrado 7
4? Ano de Faculdade 31
3º Ano de Faculdade 8
2° Ano de Faculdade 17
1 º Ano de Faculdade 13
2º Grau (12ª Série) 13
2º Grau (11ª Série) 0,64
1º Grau (8ª Série) 0,64
Não deram resposta 8
que ela é e para servir na posição paro e desempenhar esse papel, das. As associações devem procu
singular que ocupa como esposa ou a sentir-se culpada se preferir rar meios de incentivar e adestrar
de pastor. Uma possível solução de não fazê-lo. No entanto, deve-se equipes ministeriais.
algumas mulheres para os proble- prover a oportunidade. 9. Nossa estrutura ministerial
mas que vieram à tona nessa pes Outra possível solução é criar a requer que os administradores se
quisa é elevar a vocação de esposa opção de equipe para casais pas ausentem do lar durante dias e até
de pastor a um verdadeiro nível torais. Há muitas maneiras pelas meses consecutivos. O “sacrifí-
profissional. Isto requererá nova quais um casal pode ser mais efi- cio” efetuado por eles ao ficarem
ênfase à educação da esposa, an- ciente no cumprimento da missão longe da família é apresentado aos
tes do serviço e durante o mesmo, da igreja do que uma só pessoa. As pastores e suas esposas como lou
para sua parte vital do ministério. esposas que se consideram uma vável e honroso. Talvez seja tempo
Naturalmente, cada mulher é um parte integrante da equipe não de examinar devidamente essa
indivíduo, e nenhuma esposa deve têm tanta probabilidade de se sen tendência sob o aspecto do papel-
ser compelida a receber esse pre- tirem isoladas, solitárias e frustra modelo que isso constitui para ou-
11
SAÚDE E RELIGIÃO
tros. É tempo de confirmar o papel com um senso de alegria e missão, corrompida por maus hábitos, mas
do pastor como pai, marido e sa o pastor logo ficará desalentado, e ‘como um sacrifício vivo, santo e
cerdote do lar e reconhecer sua a eficácia de seu ministério sofre- agradável a Deus’.” — Idem,
necessidade de levar uma vida rá um declínio ou cessará. Além págs. 57 e 58.
equilibrada. disso, o casal pastoral constitui Deus criou um sistema de comu-
O desenvolvimento das relações um modelo para a igreja do que nicação entre todos os sistemas do
familiares na casa pastoral não Deus tencionava fosse todo lar: um organismo e o ambiente que o ro
constitui um desvio da obra do mi- deia. O sistema nervoso controla
nistério, uma espécie de mal ne- ambiente solícito no qual cada não somente as funções voluntá
cessário; é algo fundamental. A membro ama, apóia e anima os ou- rias, como o movimento dos mús
menos que o casal pastoral esteja tros em sua viagem para o reino culos, o ato de comer e beber, a
em harmonia, trabalhando juntos dos Céus. audição, a visão, o tato, etc., mas
também as funções involuntárias
ou vegetativas, tais como o cora-
ção e o aparelho circulatório, os
pulmões e o aparelho respiratório
e o sistema gastrintestinal. Estes
se acham programados de tal mo
Saúde e
do que continuam seu trabalho
sem a intervenção da vontade ou
do pensamento.
O órgão por excelência, o cére-
bro, integra o domínio cognitivo e
afetivo pela atividade eletroquími-
Temperança
ca da mente. Os cinco (ou mais)
sentidos são as avenidas da alma
que provêem as sensações e per
cepções que os nervos captam e
elaboram. A mente é um órgão físi-
co e, portanto, os pensamentos e
sentimentos fazem parte do traba-
lho das células nervosas que têm
interesses comuns e funções espe-
DRA. IRMA B. VYHMEISTER ciais. O cérebro controla nossa vi-
da e seus processos e também os
sistemas de apoio. Quando a pes-
soa morre, esse processo eletro-
Miguel Ângelo Buonarotti, ao mas que mantêm o organismo in químico deixa de funcionar e ces
esculpir a estátua de Moisés em teiro em equilíbrio. Este equilíbrio sa a atividade mental. A mente,
toda a sua beleza e perfeição, por é a saúde, que denota completo em si, é uma entidade maravilhosa
um momento teve a impressão de bem-estar. que pode transmitir, guardar, de
que a estátua era viva. Com seu A intemperança nos hábitos de volver e processar informações co-
grande talento, forjou do duro vida rompe esse equilíbrio, e o or mo eficiente computador.
mármore uma réplica de um mode- ganismo não pode resistir ao im As avenidas físicas da mente
lo Vivente. Mas a obra de arte de pacto. Se o transtorno é grave, o também permitem o trabalho do
Miguel Ângelo permaneceu muda organismo adoece. Qualquer alte- Espírito Santo, o qual já tem um
e inerte através dos séculos, pois ração num membro, tecido ou ór sistema estabelecido que opera
dar vida só é uma prerrogativa de gão prejudica todo o corpo. A con com eficiência para a formação do
Deus. dição morbosa pode ser de tal gra caráter. O Espírito Se revela em
Em contraste com isso. Deus es vidade que o corpo sofre, se debili Seus diversos frutos que na reali-
culpiu a obra-prima da criação e ta e morre. Portanto, a condescen dade são componentes do caráter
transformou esse modelo inerte dência pessoal e a intemperança humano.
num ser Vivente. Essa proeza não destroem inexoravelmente o ser. O Espírito de Deus pode operar
pode ser repetida pelo homem. O Então é necessária uma reforma ao serem bloqueadas as avenidas
alento de Deus está fora de seu al para que o organismo retorne a que dão acesso à mente. Ellen
cance. seu estado de saúde e bem-estar. White se refere a isto ao dizer: “O
As mesmas leis que governam e Os princípios dessa reforma são Espírito de Deus não pode vir em
controlam o Universo são as leis os mesmos que os de saúde e tem nosso auxílio, e assistir-nos no
que Deus inscreveu pormenoriza perança que regem a vida e man aperfeiçoamento do caráter cris-
damente em cada órgão, músculo têm seus processos em equilíbrio. tão, enquanto estivermos sendo in
e nervo do corpo humano. De acor- Ellen White, ao focalizar o ser dulgentes para com o apetite em
do com as leis da genética, a pró- humano em sua totalidade, disse: prejuízo da saúde, e enquanto o or
pria vida nasce da fusão de duas ‘‘Aquilo que corrompe o corpo ten- gulho da vida domina.” — Conse-
células. Forma-se um novo ser e se de a contaminar a alma.” — Con- lhos Sobre o Regime Alimentar,
multiplica com rapidez. No fim de selhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 57.
algumas semanas as novas células pág. 57. ‘‘Requer que nossos hábi Podemos dizer que temperança
se diferenciam em suas funções, tos no comer, beber e vestir sejam é viver ou funcionar dentro dos li
de acordo com o tecido que for de tal modo asseguradores da saú- mites biológicos que foram estabe-
mam. É maravilhoso, porém, que de física, mental e moral que pos lecidos na própria criação. Todos
há íntima relação entre todo esse samos apresentar nossos corpos os sistemas ou aparelhos do orga
conjunto de tecidos, órgãos e siste- ao Senhor, não como uma oferta nismo colaboram para manter o
12
equilíbrio biológico entre as subs nós mesmos, com os que nos ro- a relação de certos nutrientes com
tâncias no sangue e nas células, a deiam e com aqueles com os quais o trabalho do sistema nervoso, es-
fim de possibilitar o melhor traba diariamente nos pomos em contato pecialmente as substâncias neuro
lho nos diversos tecidos e órgãos. tornará nossa vida abundante e transmissores, envolvidas nos pro-
Um bom exemplo é o açúcar ou gli feliz. Disse Jesus: “Eu vim para cessos mentais, incluindo a memória
cose no sangue, cujo índice varia que tenham vida e a tenham em Há um grande campo aberto pa-
de 70 a 100 miligramas por 100 abundância.” S. João 10:10. ra investigação nestas áreas para
mililitros de sangue, em jejum. O compreender o efeito da alimenta
alto ou o baixo índice de glicose 4. Alimentação Racional ção no desenvolvimento e na saú-
ocasiona distúrbios que compro As funções do organismo depen de da mente e do tecido nervoso.
metem grandemente a saúde. Para dem da ingestão diária de substân Crianças desnutridas em tenra
manter o nível normal de glicose cias ou nutrientes nos alimentos. idade têm um número menor de cé
no sangue, diversos mecanismos Estes devem ser escolhidos com lulas no cérebro. O tamanho des
entram em ação para assegurar cuidado para satisfazer as neces- sas células também é menor. Não
esse equilíbrio e evitar as conse- sidades do organismo. Devemos sabemos ao certo o que isso impli
qüências provenientes do excesso beber suficiente água para manter ca, mas essas crianças não têm a
ou da falta desse material. o equilíbrio hídrico. Cumpre evitar mesma agilidade mental para
Acontece a mesma coisa com o excesso de gorduras e açúcares aprender e para decidir que as
outras substâncias, como o cálcio, que aumentam as calorias sem au- crianças bem alimentadas.
o ferro, a hemoglobina, a albumina mentar os nutrientes. O regime ali- Nosso corpo não é uma estátua
e até mesmo a alcalinidade ou a mentar deve compor-se de grãos inerte forjada de um pedaço de
acidez do sangue (pH). A manuten ou cereais não refinados até onde mármore pelo cinzel e o martelo
ção desses limites biológicos cha- for prático, leguminosas, nozes e de um artista, mas é uma criação
ma-se homeostase — um termo sementes para complementar as viva, uma obra de arte biológica,
que se refere à resistência que o proteínas, abundância de frutas e dotada do poder de raciocinar, de-
organismo oferece à modificação vegetais para vitaminas e mine cidir, pensar e sentir emoções. Em
de suas condições internas. rais. Além disso, o leite e os ovos Seu grande amor. Deus proveu a
Procurar manter esses limites provêem excelente proteína e ou- via de comunicação com o homem
biológicos assegura a saúde do tros nutrientes. A falta de certos — o sistema nervoso — que permi-
corpo e da mente. Vários fatores nutrientes é crucial para as célu te o trabalho do Espírito Santo, pa-
nos ajudam a viver eficazmente. las, incluindo as células nervosas ra a formação do caráter que nos
Mencionaremos alguns: que dependem do sangue para ob- guia para viver uma vida abun
ter o que necessitam. Hoje o enfo dante e nos prepara para as ale-
1. Domínio-Próprio que de muitos estudos científicos é grias da vida futura.
Arquivo Casa
Abster-se do que é prejudicial,
usar com moderação o que é bom e
dominar a própria vida é difícil.
Paulo expressou-o desta maneira:
"Porque não faço o bem que prefi
ro, mas o mal que não quero, esse
faço.” Rom. 7:19. No entanto, ele
mesmo nos dá a solução: “Tam-
bém o Espírito, semelhantemente,
nos assiste em nossa fraqueza;
porque não sabemos orar como
convém, mas o mesmo Espírito in
tercede por nós sobremaneira com
gemidos inexprimíveis.” Rom.
8:26.
2. Temperança
"A fim de que a saúde seja pre-
servada, é necessária a temperan
ça em todas as coisas — no traba-
lho, no comer e no beber. Nosso
Pai celestial enviou a luz da refor
ma pró-saúde a fim de proteger
contra os males resultantes do
apetite pervertido, de modo que os
que amam a pureza e a santidade
possam saber como usar com dis
crição as boas coisas que lhes pro
veu, de forma que pelo exercício
da temperança na vida diária, se-
jam santificados pela verdade.”
— Conselhos Sobre o Regime Ali-
mentar, pág. 23.
3. Viver Plenamente
Viver em paz e boa vontade com
13
____________________ TEOLOGIA_____________________
A Mordomia em
Seus Aspectos
mais Amplos
L. E. Froom
O Pastor LeRoy E. Froom, falecido em 1974, era um dos mais
brilhantes historiadores e teólogos de nossa Igreja. Este artigo
foi publicado originalmente na revista The Ministry, em junho de 1960.
Depois de 23 anos continua sendo uma das obras mais profundas
e incisivas que já foram escritas sobre o amplo conceito de mordomia,
tal qual é ensinado pela Igreja no tempo presente.
Podemos considerar o Pastor Froom como um dos precursores do novo
enfoque da doutrina de mordomia na Igreja Adventista.
O crime dos séculos é o abjeto babilônica. Também incidiu sobre chamamos de dinheiro e que pare-
aviltamento do dinheiro. A cobiça Geazi, o qual correu atrás de Naa cemos desprezar em ocasiões de
é um dos mais cruéis inimigos do mã e, com palavras mentirosas, enlevo espiritual, deve ser evitado.
homem. Tem advindo mais sofri recebeu dois talentos de prata e Nossas sensibilidades espirituais
mento à raça humana através do duas vestes festivais, mas a lepra são tão delicadas que somos pro
flagelo do ouro do que através de de Naamã se pegou a ele. A morte pensos a elevar-nos acima de um
qualquer outra fonte. Ele tem ins feriu a Ananias e Safira, os quais assunto tão sórdido. Quando um
pirado as mais vis e pérfidas ações retiveram parte do preço. É sobre pregador fala sobre dinheiro, é
na história do mundo. Impérios e este pecado que estou falando. Há provável que ele será criticado
nações foram arruinados, conti milhares de pessoas que retêm e por alguns que clamam pelo
nentes se lançaram nas guerras usam sistemática e habitualmente “evangelho”. Se, porém, a questão
mais sangrentas e devastadoras, o dinheiro de Deus. O oitavo man do dinheiro não está incluída no
famílias e indivíduos se empenha damento não diz: “Não furtarás — evangelho, então Jesus passou
ram nas mais acirradas contendas exceto do Senhor.” Ah! cada um grande parte de Seu tempo pre-
e disputas, não por causa de penú de nós terá de comparecer peran gando e ensinando alguma coisa
ria e angustiante pobreza, mas de- te o tribunal de Cristo para pres- fora do evangelho, e grande parte
vido a injusto e perverso abuso do tar contas do que recebemos e do do Novo Testamento trata de um
dinheiro. A cobiça, “o pecado que que damos, do que acumulamos e assunto alheio ao evangelho. O
temos receio de mencionar”, é um do que gastamos, de nossos moti cristianismo aplicado requer que
dos pecados mais perigosos e fu vos e de nossos métodos. Tudo isso seja considerada a questão do di
nestos mencionados na Bíblia. Um passará pela penetrante investiga nheiro. Isto é muitas vezes a prova
dos Dez Mandamentos versa ex ção dAquele cujos olhos são "co- decisiva de toda a nossa profissão
clusivamente sobre ele, e isto de mo chama de fogo”. religiosa.
nota que constitui um dos piores Posso inserir aqui algumas pala- Talvez imaginemos que o maior
inimigos da vida humana. vras sobre a relação entre a espi Mestre espiritual de todos os tem
O pecado da cobiça não ficará ritualidade e o dinheiro? Reconhe pos Se restringisse a fazer discur
impune. O desagrado divino inci ço que para muitos a questão do sos sobre fé, esperança e amor.
diu sobre Acã porque ele cobiçou dinheiro é um assunto delicado. Para muitos constitui uma verda
e tomou a barra de ouro e a capa Esse metal ordinário e sujo que deira surpresa ficar sabendo
14
quanto Jesus tinha que dizer sobre lação para com Deus. za. Referências à mordomia fulgu-
o uso correto ou errado de proprie- Em S. Mateus 23 Jesus profere ram na Bíblia do Gênesis ao Apo-
dades ou dinheiro. Isto era o as- um "ai" sobre os dizimistas litera calipse, incrustadas em suas pági
sunto da maioria de Suas mensa listas que violam tão flagrante- nas como verdadeira via-láctea —
gens e parábolas. É-nos declarado mente todo o espírito da devolução 1.565 ao todo. Portanto não preci-
que um versículo de cada seis em do dízimo. Em S. Mateus 25 encon- so pedir desculpas por conduzir
S. Mateus, S. Marcos e S. Lucas tra-se a parábola dos talentos. O vossa mente, durante breve espa
versa sobre dinheiro, bem como Mestre salienta várias vezes o ço de tempo, a este aspecto finan
dezesseis das vinte e nove princi princípio de que Deus deixou esses ceiro da questão de mordomia.
pais parábolas. talentos em custódia, e somos res Devidamente compreendido e
ponsáveis a Ele. Em S. Marcos 12 praticado, devolver o dízimo cons
O Que Jesus Pensava e Disse Jesus está sentado diante da caixa titui um ato de adoração tão essen
Sobre o Dinheiro das ofertas, e extrai uma lição da cial como a oração e o louvor. Ado-
O que os homens pensam é irre viúva e suas duas pequenas moe ração é a entrega de si mesmo a
levante, mas é de capital impor- das. O ato de dar dinheiro — uma Deus. O dinheiro, em certo senti-
tância saber o que Jesus pensava e parte de nossa vida religiosa — do, é uma parte da própria pessoa,
disse sobre o dinheiro. Examine sendo observado por Cristo! Que pois requer o uso do cérebro e dos
mos rapidamente os pontos altos pensamento! Lemos em S. Lucas músculos. "Que darei ao Senhor?”
de Seus ensinos. Comecemos com 12:15: "Tende cuidado e guardai- pergunta o salmista. A resposta é
o maior sermão do mundo, em S. vos de toda e qualquer avareza; louvor, adoração, culto, coração,
Mateus 6:19-34. Notemos as fra porque a vida de um homem não vida e dinheiro. Semelhante reco-
ses: ‘‘Não acumuleis para vós ou- consiste na abundância dos bens nhecimento não é nada menos que
tros tesouros sobre a Terra.” que ele possui.” E em seguida vem um ato de adoração. Os cristãos
“Ninguém pode servir a dois se- a parábola do rico insensato e a
pergunta: “E o que tens prepara chineses chamam os dízimos de
nhores." “Não andeis ansiosos pe- “dinheiro fragrante”. O incenso,
la vossa vida, quanto ao que ha do, para quem será?”
Em S. Lucas 16 se encontra a com sua coluna de aromática fu
veis de comer ou beber.” “Buscai, maça ascendente, sempre tem sido
...em primeiro lugar, o Seu reino e parábola do mordomo injusto. Este
é o aspecto culminante. Mordomo! um símbolo de devoção. "E o Se-
a Sua justiça, e todas estas coisas nhor aspirou o suave cheiro.”
vos serão acrescentadas.” Em S. e o direito de proprietário da parte
Mateus 19:16-22 encontra-se a en- de Deus! Como podemos fazer se É verdade que o ponto essencial
trevista com o jovem e rico prínci- melhante estudo sem ficar profun não é o dízimo, mas o dizimista;
pe. Atentemos nas palavras: “Ven damente impressionados de que a não a dádiva, mas o doador; não o
de os teus bens, dá aos pobres,... respeito dessa questão monetária dinheiro, mas o homem; não as
depois vem, e segue-Me.” não somente há perigo mas tam- posses, mas o possuidor. A profis-
A dificuldade era que esse jo bém abundante orientação e ajuda? são não é suficiente. Ela deve ser
vem não se considerava mordomo, A fim de livrar-nos das ciladas acompanhada pela realidade. A
e, sim, proprietário. Caso tivesse a do ouro necessitamos da forte pro- consagração precisa ser observa
verdadeira visão, não acharia pe teção da graça de Deus por meio da atentamente para ver se é rea-
noso desfazer-se do dinheiro do da segurança dessa relação de lidade ou impostura. E o dízimo é a
Senhor. Deus submeteu Abraão à mordomia para com Ele. Isto é es- maneira mais tangível, pessoal,
prova, mas não permitiu que ele a pecialmente verdade nestes últi- prática, proporcional e poderosa
levasse a cabo. Cristo submeteu o mos dias de predominante avare- de reconhecer o direito de proprie-
jovem príncipe à prova, e ele fra
cassou. Caso houvesse começado
a cumpri-la, Jesus certamente o te-
ria detido. Não queria o seu di
nheiro; desejava salvar-lhe a al-
ma. “Quão dificilmente entrarão
no reino de Deus os que têm rique
zas!” S. Mar. 10:23.
Quando Jesus acabou de falar
com o jovem príncipe, Pedro per-
guntou: “Que receberemos?”, e Je-
sus assegurou-lhe o cêntuplo das
necessidades materiais e a vida
eterna. (S. Mat. 19:27-29, Almei
da, antiga.) Então, em S. Mateus
20, temos a parábola do chefe de
família; em S. Mateus 21, a pará-
bola da vinha e dos lavradores in
fiéis; e em S. Mateus 22, os fari
seus procuram enredá-Lo em im
postos e dízimos. Ele replica: "Dai,
pois, a César o que é de César, e a
Deus o que é de Deus." Assim Cris-
to reconhece o direito do Estado de
lançar impostos sobre os cida
dãos. É claro e lógico que Ele Se
refere à devolução do dízimo, na
mesma frase, ao falar de nossa re-
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tário da parte de Deus e a mordo com o capital de Deus, provido sob
mia do homem inventada desde a A lição do a condição de que Ele receba um
criação do mundo. décimo, seja o Credor de preferên-
Pentecostes é a cia e Sua parte venha primeiro.
Espiritualidade, Não Comunismo, certeza de que Por conseguinte, devolver o dízimo
no Pentecostes é o reconhecimento do direito de
quando o Espírito proprietário da parte de Deus sob
Isso não foi comunismo ou socia
lismo, nem um nivelamento para Santo entra no Suas próprias condições. Esta
cima ou para baixo. A essência do coração em sua cláusula perpétua é fundamental
comunismo é “nós mesmos”; o mente correta e estará em vigên
âmago da mordomia é “outros”.
plenitude, as posses cia enquanto durar a vida huma-
Eles são tão afastados como os pó terrenas perdem o na. Tal é a verdadeira filosofia
los, e tão diferentes como o dia e a cristã do dinheiro ou da proprieda
noite. O socialismo é uma filosofia
primeiro lugar, e o de. Se me torno remisso, sou indig
de vida falsa e ilusória. Eis a sua dinheiro só tem no da confiança que é depositada
acrimônia: ela se demora numa em mim e passo a ser um defrau
utopia de meias-verdades. Procla-
valor como meio de dador perdendo meu direito de so
ma nobres ideais de igualdade, provar nosso amor a ciedade com Deus. Ai daquele que
fraternidade e justiça — sem viola essa obrigação!
Deus. Mas na experiência real ela
Deus e prestar Tal reconhecimento do supremo
sucumbe diante do fato inexorável serviço a nosso domínio de Deus torna-se uma tre-
menda compulsão na vida espiri-
de que os homens são egoístas, próximo. tual, a operação de um princípio e
desconfiados, gananciosos — e in
capazes de regenerar-se por si um privilégio que assinala sua am
mesmos. A mordomia reconhece, pliação, pois conscientemente en
porém, que Deus é o supremo Dono mais movimentado do mundo re- tro em sociedade com Deus na to
das propriedades e dos recursos. belde, e ao entregarmos nosso dízi- talidade da vida. É uma contínua
Afirma que a posse sob a Sua tute mo ao tesouro do Senhor com o confissão de minha limitação e de-
la constitui o desafio da adminis- mesmo espírito, estamos exercen pendência, e Seu amoroso cuidado
tração fiel. Embora não reivindi do a mesma fé. Não podemos ser- está continuamente diante de
quemos direitos de propriedade, vir a Deus e ao dinheiro, mas pode- mim. Assim o ato de devolver o dí-
não podemos honestamente de mos servir a Deus com o nosso di zimo torna-se, como deve ser, es-
sempenhar o dever de depositá nheiro. A queixa quanto à tremen sencialmente uma questão do co-
rios transferindo a administração da necessidade de mais dinheiro ração, ao passo que a mordomia
ao corpo coletivo da sociedade. O para a obra de Deus hoje em dia é faz da vida uma vocação sagrada.
próprio indivíduo, e não outro, é simplesmente uma evidência da Sou o homem de Deus e Ele é meu
responsável a Deus. escassa medida em que o poder do Deus, o que constitui a verdadeira
A mordomia foi gloriosamente Espírito Santo é conhecido entre relação do novo concerto.
real no tempo da chuva temporã. nós.
Sob a chuva serôdia, ela está fada O Homem Como Mordomo,
Fruição, Não Direito Não Como Depositário
da a ocupar novamente o lugar de Proprietário
que lhe foi designado. Quando o Em relação com isto, o vocábulo
Espírito Santo desceu no Pentecos Volvamo-nos agora do aspecto “depositário” é demasiado frio e
tes para habitar nos homens, Ele estritamente monetário para a formal. Quando muito, ele apenas
assumiu o domínio e controle de to- consideração dos poderosos prin- é sugestivo. O depositário adminis-
da a vida dessas pessoas. Não de- cípios que constituem as pedras tra os bens de um testador faleci
via haver coisa alguma que não es fundamentais da mordomia. Pen do ou ausente. Seu serviço é con-
tivesse sob a Sua inspiração e di semos mais uma vez no direito de trolado por verificações e requisi
reção. Era inevitável, portanto, proprietário da parte de Deus. O tos legais. Jesus emprega o vocá
que as posses e propriedades dos mundo é do Senhor porque Ele o bulo oriental “mordomo”, que não
discípulos e seu dispêndio de di formou. Sem a Sua perpétua pre- somente é um depositário e um
nheiro estivessem sujeitos a Sua servação, ele se desintegraria. servo, mas também um amigo.
autoridade. Suas rendas e seus Deus tem, portanto, direitos de Mordomo é o intérprete da vonta-
gastos eram dominados pelo Espí- proprietário, em todas as coisas de de seu vivente e amoroso Se-
rito Santo e governados por este do homem. É verdade que o ho- nhor. E um dos privilégios do mor
princípio. A salvação não seria mem possui; mas posse não é direi domo é partilhar do que ele ajuda
completa e adequada se não pro- to de proprietário. Devolver o dízi- a produzir. Esta designação impli
vesse libertação do maléfico poder mo indica se reconhecemos que ca toda a atitude cristã para com
do dinheiro. apenas somos depositários ou se a propriedade, renda, salário e ri
A lição do Pentecostes é a certe- nos fazemos de proprietários. queza.
za de que quando o Espírito Santo Energia vital em qualquer for- “Mordomo” provém do grego oi-
entra no coração em Sua plenitu ma — física, mental, moral ou es- konomos, que deu origem à pala
de, as posses terrenas perdem o piritual — é um depósito de Deus. vra “economista”. A mordomia
primeiro lugar, e o dinheiro só tem Separados dEle nada podemos fa- não é um cargo de servilismo, mas
valor como meio de provar nosso zer. Não podemos produzir nem uma relação confidencial de leal-
amor a Deus e prestar serviço a ganhar coisa alguma sem a contí dade. O mordomo é responsável
nosso próximo. Deus e eu somos nua cooperação do Criador. Toda por administrar os interesses de
sócios e cooperadores. As pala- pessoa que vem ao mundo é deve- seu sócio principal na ausência
vras são abundantes, baratas e fá dor a Deus e dependente de Seus deste. Não é um simples servo. É
ceis. No entanto, ao exercermos fé benefícios. Vivemos à custa do nosso ditoso privilégio elevar-nos
descansando no sábado, o dia tempo de Deus, fazemos negócios da posição de servidão legal para
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a de amizade. Abraão, que dava o Deus. Cumpre repetir que todas as mo não nos dá permissão para
dízimo, “foi chamado Amigo de leis de Deus são para a felicidade usar o resto como acharmos con-
Deus", ao passo que “o servo não e o bem-estar espiritual e temporal veniente. Envolve o ato de receber
sabe o que faz o seu senhor”. de Suas criaturas. Detrás de toda mos, retermos e gastarmos de
Quanto à justeza da reivindica ordem há uma necessidade básica acordo com a vontade de Deus.
ção de Deus sobre o dízimo, pode- para fazer exatamente o que é or Provendo o motivo dominante tan-
mos citar uma analogia da vida se- denado. As leis de Deus não criam to ao receber como ao dar, a mor
cular. Estamos familiarizados com deveres, elas os definem. Assim, domia atinge todo o uso do dinhei
a ética das obrigações humanas, e toda lei moral constituía uma ne* ro. É por isso que a mordomia é
a aprovamos. É uma regra de hon- cessidade antes de sua promulga muito mais profunda do que dar o
ra entre todos os homens pagar o ção. Esse é o eterno fundamento dízimo, como geralmente se enten
valor suficiente pelo uso de dinhei da mordomia. de, pois abrange todos os aspectos
ro ou propriedades pertencentes a da vida. Requer a mais completa
outras pessoas. Esta é a lei funda- Agora, apenas mais algumas consagração em prestar a Deus o
mental de nosso sistema econômi palavras sobre a aplicação do que Lhe pertence, fazendo em to-
co. O Estado arrecada impostos, o princípio da mordomia. Ele se apli dos os setores da vida o que Cristo
emprestador cobra juros, o loca- ca aos nove décimos bem como à quer que façamos, reconhecendo
dor recebe aluguel. Tudo isso é pa décima parte. A devolução do dízi- em todas as ocasiões Seu direito
go em reconhecimento dos direitos Arquivo Casa
dos outros, e constitui uma lem
brança de nossas obrigações e da
limitação de nossos direitos e auto-
ridade. Tudo isso é reconhecido
como legítimo.
Deus está, porém, acima do go
verno, da sociedade, das pessoas
jurídicas ou dos indivíduos. E o di
reito de proprietário da parte de
Deus, que envolve a mordomia dos
seres humanos, encerra solene
responsabilidade. E temos o positi
vo, pessoal, periódico e primordial
dever de reconhecê-Lo no paga
mento do dízimo. Deus não precisa
de nossos dízimos. Ele pode tomar
os dez décimos da maneira que
Lhe apraz. Mas a execução do
princípio é necessária ao homem.
Deus não quer nosso dinheiro, mas
nossa afeição, nossa confiança e
fé em nosso amoroso Sócio divino.
O Dízimo Foi Estabelecido
Para o Benefício do Homem
Deus nunca estabelece qual-
quer lei ou instituição arbitrária
— espiritual, moral, mental ou físi
ca — que não seja para o benefí
cio do homem. O dízimo não é uma
exceção. Ele não é para benefício
de Deus, mas para nosso próprio O cristão, como
benefício. Caso não fosse para o mordomo,
desenvolvimento de nosso caráter. procurará
Deus não o teria ordenado. Como desenvolver os
sabemos, “o sábado foi estabeleci- recursos e as
do por causa do homem, e não o aptidões que o Céu
homem por causa do sábado” (S. colocou à sua
Mar. 2:27). Semelhantemente, o disposição, e isto
dízimo foi estabelecido por causa abrange também o
do homem, e não o homem por cau- uso correto do
sa do dízimo. As leis de Deus vêm tempo e a
à existência com as coisas a que preservação da
se aplicam. São o resultado da re agilidade física.
lação produzida.
A mordomia tornou-se atuante
no momento em que Adão foi cria
do como “alma vivente" por seu
Criador. Não se baseou, portanto,
em explícita promulgação legal.
Se não houvesse uma terceira par-
te, Adão ainda seria responsável a
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de proprietário e soberania. Isto é nhecimento da mordomia ergue a niciosos. Os mordomos são repre
justiça aplicada e uma demonstra vida a um nível completamente di sentantes bem como servos. Vive
ção de fé. ferente. “Oportunidade mais habi rão de tal modo que manifestem o
lidade é igual a dever.” Ele envol espírito de seu Mestre. Sua vida
O Princípio de Mordomia ve honestidade e justiça em todas será assinalada pela ausência de.
Abrange Mais do que Dinheiro as transações com os nossos seme ostentação. Um décimo para Deus
O princípio de que a consagra lhantes. Não há mordomia digna jamais santificará nove décimos
ção pessoal vem antes da consa desse nome que não envolva a re- usados em condescendência pes-
gração da carteira, de que a con- lação de uma pessoa com todas as soal. O dinheiro é o supremo meio
sagração do próprio eu vem antes outras pessoas. Onde isto é posto de que o mundo dispõe para satis-
da consagração da riqueza, é ex em prática, nenhum dólar ou cru fazer seus desejos. Mas não deve
presso nestas palavras da Escritu- zeiro desonesto será levado à casa mos ser “do mundo”. Devemos re-
ra: “Deram-se a si mesmos primei- do tesouro. velar, no uso que fazemos do di
ro ao Senhor” (II Cor. 8:5). Dar di Além disso, o reconhecimento nheiro, que somos dirigidos por um
nheiro não substitui a entrega de de que Deus está acima de todos princípio celestial. Temos de an
nós mesmos. A reserva de lugares evitará o rancor e a contenda en- dar como os que “crucificaram a
no Reino não está à venda por di tre empregadores e empregados. carne, com as suas paixões e con
nheiro. Pedro disse para Simão, o Dará um caráter definido a todas cupiscência” (Gál. 5:24).
Mágico: "O teu dinheiro seja con as transações comerciais. A vida Uma das maneiras mais efica
tigo para perdição, pois julgaste não se dividirá entre o que é secu zes para manifestar e manter a
adquirir por meio dele o dom de lar e o que é sagrado. Nossos negó- crucifixão da carne é nunca usar
cios serão tão sagrados como con o dinheiro para satisfazê-la. Pro-
Deus.” Tenhamos cuidado com a sideramos o culto de oração, e se-
doutrina de Simão, o Mágico! Libe curemos encher a vida com os
rão efetuados no temor de Deus. mais amplos pensamentos do po-
ral oferta de serviço ou dinheiro Tornamos a dizer que vivemos der espiritual do dinheiro. Toda a
não constitui um sucedâneo de num século de acumulação de ri nossa vida poderá então ser forta
consagração defeituosa e inade quezas. O dinheiro exerce um es- lecida pelo modo como lidamos
quada. Por outro lado, se professa tranho poder paralisante. A ten com o dinheiro. Assim, quando os
mos dar-nos a nós mesmos e então dência é ajuntar e excluir do servi princípios de mordomia obtêm su
retemos nossos recursos, estamos ço de Deus o ouro e a prata que premacia na vida, a alma é ilumi
perigosamente perto de ser segui Lhe pertencem e dedicá-los ao nada, o propósito torna-se firme,
dores de Ananias e Safira, que re- enaltecimento do próprio eu. Ou- os prazeres sociais são desbasta-
tiveram parte do preço. Tudo tra força então se apodera da al- dos dos aspectos prejudiciais, a vi-
constitui um depósito sagrado que ma. Quanto mais os homens têm, da comercial é conduzida de acor-
deve ser mantido ou usado da ma- mais querem ter, e a extravagân do com a regra áurea, e a conquis
neira indicada por Deus. Eis aqui o cia vai na esteira da opulência, ta de almas torna-se a paixão do
ponto crucial da mordomia! Fa pois o aumento de riquezas multi minante. Tais são as copiosas bên
lhar neste sentido significa falhar plica nossos desejos. Naturalmen çãos das provisões de Deus numa
em tudo. te, há grande diferença entre nos- vida de fé e fidelidade.
sos desejos e nossas necessidades. Na realidade, ser mordomo é al-
Pensemos por um momento na Aquilo que é considerado luxo
aquisição de dinheiro. O homem go solene. Os mordomos têm de
quando o salário é escasso, torna- guardar alguma coisa e prestar
foi formado com uma faculdade se uma pretensa necessidade
aquisitiva. Onde quer que seja es contas. Todo guarda-livros tem de
quando aumenta a renda. enfrentar a chegada do revisor de
tabelecida a civilização, a cunha
gem de dinheiro é um dos primei O dinheiro é o grande criador de contas. É uma coisa séria possuir e
ros passos no avanço do barbaris- desejos, princípalmente artifi manusear a prata e o ouro do Cria-
mo para a civilização. E quanto ciais. Sem dinheiro estamos em dor de todas as coisas, do Juiz de
mais elevada e amplamente indus verdadeira necessidade. Com di toda a Terra. Se constitui um cri
trializada for a civilização, tanto nheiro estamos em necessidade me que o caixa se apodere dos fun
mais o dinheiro se tornará uma ne- artificial. Como mordomos, preci dos colocados sob os seus cuida-
cessidade e circulará amplamen samos estar de sobreaviso neste dos; se é um crime que um execu
te. Os incivilizados conseguem ir século de gastos exorbitantes. In tor testamentário se aproprie de
passando com permutas, mas nos justificável extravagância — rou recursos que ele mantém em cus
países civilizados há crescente ne- bando o dinheiro que pertence a tódia para outras pessoas; se cons
cessidade de dinheiro. E a tendên- Deus, promovendo o egoísmo e o titui uma injustiça que um empre-
cia é tornar a aquisição de dinhei orgulho, e satisfazendo aos mais gador retenha os salários de seus
ro a ocupação universal. Para baixos instintos e apetites de nos- empregados, que diremos do delito
grande número de pessoas isso sa natureza — é um dos pecados intencional de agir fraudulenta
constitui o principal objetivo de do tempo presente. mente como mordomo de Deus? As
sua vida. Mais do que qualquer ou- terríveis possibilidades devem
tro período anterior, nosso século A Economia Resulta da Mordomia levar-nos a encarar nosso encargo
é preeminentemente um século de Para com Deus de maneira solene. Há, porém, es
ganhar dinheiro. Há mais perigos A mordomia conduz à economia, tas ditosas palavras que poderão
relacionados com o dinheiro do que é muitíssimo diferente da mes pertencer-nos: “Muito bem, servo
que em qualquer ocasião prece quinhez. "Tempo é dinheiro"; mas bom e fiel.”
dente. Cuidemos para que isso não o dinheiro, ao contrário do tempo, Tais são alguns dos princípios
venha a ser a paixão dominante na pode ser economizado, ao passo da mordomia humana e do direito
vida, pois devido ao amor ao di que ambos podem ser gastos de de proprietário da parte de Deus.
nheiro o homem se torna mesqui maneira sensata ou insensata. A Maravilhosa relação e sociedade,
nho, egoísta, ganancioso e indife- avareza gananciosa e o desperdí e admirável escola de preparo pa
rente para com Deus. Mas o reco cio perdulário são igualmente per ra o caráter!
18
A Igreia
e Israel
Arquivo Casa
21
ARTIGOS GERAIS
te e indispensável companheiris
mo e estímulo ao nosso esposo. É
Superando
um constante dar-se de si mesma!
Seria bem mais cômodo em cer-
tas ocasiões ficarmos sentadas ou
vindo uma agradável música e len
do um bom livro, do que correr a
Egoísmo
“Todos os que estão relacionados
com a Obra do Senhor devem es-
tar constantemente em guarda
contra o egoísmo.” — Idem, pág.
96.
E mais: “Um serviço a meio,
amando o mundo, amando o eu,
amando divertimentos frívolos, faz
um servo tímido, covarde; segue a
LEAH S. DE SOUZA Jesus de longe. O serviço feito de
boa vontade e de coração a Jesus,
produz uma religião refulgente...
Necessitamos mais de Cristo e me-
Primeiramente, analisemos a não! A menos que façamos como o nos do mundo, mais de Cristo e me-
palavra egoísmo à luz da Psicolo apóstolo Paulo que crucificou o nos do próprio eu.” — Idem, pág.
gia. O prefixo EGO vem do latim e seu EU com Cristo. 431.
é parte da Psique, intermediária O vocábulo oposto a egoísmo é
entre o ID e o mundo exterior. altruísmo. Altruísmo é palavra Satanás caiu por ter sido egoís
A PSIQUE é a manifestação de francesa criada por Augusto Com- ta. E ele quer que caiamos tam-
atividade mental ou psíquica em te e adotada pelos ingleses positi bém. Para isso ele envida todos os
cada um de seus diversos aspec- vistas para designar o oposto do seus esforços. Lemos em Testemu-
tos. É o nosso modo de ser. É o con egoísmo. Altruísmo, é, portanto, nhos Para Ministros, pág. 392:
junto dos nossos sentimentos ínti amor ao próximo; abnegação, fi “Hoje, como nos dias de Cristo, Sa
mos. E, em última análise, é o nos- lantropia. Segundo o positivismo, o tanás governa a mente de muitos.
so próprio caráter. É o nosso EU, altruísmo é uma tendência tão ina Oh, se sua temível e temerosa obra
em seu mais profundo sentido. ta como os instintos egoístas. pudesse ser discernida e resistida!
Acrescentando-se a terminação Chegamos então à conclusão de O egoísmo tem pervertido os prin-
ISMO ao prefixo EGO, teremos a que a vitória sobre o egoísmo é di cípios, tem confundido os sentidos
palavra EGOÍSMO, que é a ten fícil, mas não impossível. A práti e anuviado o juízo.”
dência de ver no próprio EU a reali- ca do altruísmo nos capacitará a Logo mais estaremos ante o tri
dade absoluta ou o valor exclusivo subjugarmos o nosso Ego, colocan- bunal de Deus. Seremos condena
ou predominante. É o conjunto de do-o sob o controle de nossa razão. dos ou absolvidos. Nossa espiri
propensões ou de instintos adapta A irmã Ellen White já sabia des- tualidade precisa crescer. Nossa
dos à conservação do indivíduo. sa possibilidade quando escreveu: fé precisa ser muito mais vigorosa
O dicionário da língua portugue “Beneficência constante e abne do que tem sido. O egoísmo que
sa nos dá uma definição clara e gada é o remédio que Deus propõe existe em nós é o responsável pela
muito simples de egoísmo. Diz: para os ulcerosos pecados do nossa debilidade espiritual. Deixe-
"Excessivo amor ao bem próprio, egoísmo e da cobiça.” — Lar Ad- mos falar mais uma vez Ellen Whi-
sem atender ao dos outros.” ventista, pág. 370. te: “A razão por que o povo de
O amor-próprio é necessário Precisamos convir que esta luta Deus não é mais espiritual, e não
quando se limita a esse conjunto não tem tréguas. Devemos estar possui maior fé, foi-me mostrado, é
de instintos e propensões que pos sempre vigilantes. “Guarda-te acharem-se amesquinhados pelo
sibilitam a conservação da nossa constantemente de ceder ao egoís egoísmo.” — Serviço Cristão, pág.
própria vida. É por possuirmos mo.” — Idem, pág. 103. 40.
amor-próprio que praticamos nossa Como esposas de obreiros e co- Superando nosso natural egoís
higiene pessoal; vamos ao dentista mo obreiras, é grande nossa res- mo, é o título de nosso assunto. Já
e consultamos o médico quando ponsabilidade diante da igreja e vimos que não é algo fácil. Mas, vi
não nos sentimos bem. É pela mes- diante do mundo que tão bem nos mos também que não é impossível.
ma razão que bebemos, nos ali observa. Às vezes parece que nos Mas, o mais importante, é que che
mentamos e procuramos nos sen é pedido mais do que podemos dar. gamos à conclusão de que é abso
tir bem. Seria desastroso para nós É um ensaio com os jovens; é a pre- lutamente necessário deixarmos
próprios; para nossa família; para paração de programas; são as todo o egoísmo se quisermos nos
nossa comunidade, enfim, se per crianças da igreja; as Dorcas; visi salvar e ajudar a salvar outros pa-
déssemos completamente o amor- tas aos lares de doentes e interes- ra o Reino de Deus. Jesus foi al
próprio. sados; receber bem aos que che truísta durante toda a Sua vida e
O erro está no excessivo amor- gam em nosso lar; muitas vezes nos dará forças para sermos como
próprio e especialmente na última precisamos aconselhar pessoas Ele foi se tão-somente nos entre-
parte do conceito que diz: "... sem em crises. E, logicamente, o que garmos a Ele através da oração e
atender ao bem dos outros.” está em primeiro lugar — o cuida de um abnegado serviço. O altruís-
É fácil abandonarmos o egoís do e orientação de nossos filhos; o mo vencerá o egoísmo. Experimen
mo? A resposta é um categórico cuidado do nosso lar e o importan- temos. ||
22
— PREGAÇÃO
Apelos
Evangelísticos
Eficazes
Melvin Nembhard
É um fato bem estabelecido vo. Embora do ponto de vista da ros de obra no evangelho! Meus
que o pescador deve pegar peixe. sabedoria humana isso pareça irmãos, estais lidando com as
Se não o fizer, estará desperdi ser uma insensatez, sua finalida palavras da vida; estais tratando
çando o seu tempo. O médico de- de é salvar os que crêem. com espíritos capazes do máxi
ve necessariamente curar doen- 2. Outro propósito da prega- mo desenvolvimento. Cristo cru
ças. Se constantemente deparar ção é persuadir as pessoas. Com cificado, Cristo ressurgido, Cris-
com perdas de vidas, talvez sua demasiada freqüência o pastor to assunto aos Céus, Cristo vindo
licença seja suspensa e sua repu talvez seja indiferente a sua res- outra vez, deve abrandar, ale
tação arruinada. O agricultor de- ponsabilidade e pense que seu grar e encher o espírito do minis
ve produzir frutas, verduras e trabalho está completo quando tro, por tal forma, que ele apre
cereais, porque esta é sua fonte ele deu a advertência. No entan- sente estas verdades ao povo em
de subsistência. E o pastor preci to, tem mais do que a responsa- amor, e profundo zelo. O minis
sa libertar pecadores pelo poder bilidade de advertir as pessoas. tro desaparecerá então, e Jesus
do Espirito Santo. "E assim, conhecendo o temor do será revelado.” — Obreiros
A serva do Senhor nos diz em Senhor, persuadimos aos ho- Evangélicos, pág. 159. Lemos
termos inequívocos: "Em cada mens.” II Cor. 5:11. Se a mensa- também em Atos dos Apóstolos,
discurso devem ser dirigidos ao gem não é persuasiva, as pessoas pág. 109: "Em todo o mundo ho-
povo fervorosos apelos para talvez sejam tão indiferentes co- mens e mulheres olham atenta
abandonar seus pecados e vol- mo o pregador. mente para o Céu. De almas ane-
ver-se a Cristo. Os pecados popu 3. A pregação tem de trazer lantes de luz, de graça, do Espí-
lares e as condescendências de convicção. "Ouvindo eles estas rito Santo, sobem orações, lágri
nossa época devem ser condena coisas, compungiu-se-lhes o co mas e indagações. Muitos estão
dos, e ordenada a piedade práti ração e perguntaram a Pedro e no limiar do reino, esperando so
ca. Sentindo de coração a impor- aos demais apóstolos: Que fare mente serem recolhidos.” Quem
tância das palavras que profere, mos, irmãos? Respondeu-lhes mais é capaz de realizar a tarefa
o verdadeiro ministro não pode Pedro: Arrependei-vos, e cada de reunir os que estão no limiar
reprimir o interesse espiritual um de vós seja batizado em no- do reino, do que o pastor que se
que sente por aqueles por quem me de Jesus Cristo para remis encontra detrás do púlpito sa-
trabalha.” — Obreiros Evangéli- são dos vossos pecados, e recebe grado proclamando a Jesus Cris-
cos, pág. 159. reis o dom do Espírito Santo." to como Amigo dos pecadores?
Atos 2:37 e 38. No dia de Pente
O Propósito da Pregação costes houve convicção nos que O Pastor Deve Ser Compassivo
1. O sermão pregado deve ser ouviram a Pedro. Todo pregador 1. O pastor jamais conseguirá
apresentado com um alvo em do evangelho deve pregar com comover seus ouvintes sem que
vista: salvar homens. "Visto co- convicção em seu coração, e primeiro sua própria alma seja
mo, na sabedoria de Deus, o transmiti-la a seus ouvintes. avivada por sua mensagem. Cris
mundo não O conheceu por sua 4. A pregação deve preparar to sentia compaixão dos outros.
própria sabedoria, aprouve a as pessoas para o reino. "Oh! "Vendo Ele as multidões, com-
Deus salvar aos que crêem, pela quem me dera servir-me de lin- padeceu-Se delas, porque esta
loucura da pregação.” I Cor. guagem suficientemente vigoro vam aflitas e exaustas como ove
1:21. Paulo estava convicto de sa para causar a impressão que lhas que não têm pastor.” S.
que a pregação tinha um objeti desejo sobre meus companhei- Mat. 9:36. Os homens e as mulhe
23
res encontram-se hoje em situa- Desejo partilhar minha expe-
ção similar. Estão confusos e ne- riência pessoal em usar este mé
cessitam de orientação. Nós, co- todo, tanto na América do Norte
mo pastores, devemos ter um es como em outros campos.
pírito compassivo ao vê-los dis 1. No começo de minha men-
persos como ovelhas que não sagem, determino, pelo levantar
têm pastor. da mão, o número de pessoas no
2. Jesus chorou sobre Jerusa- auditório que ainda não toma
lém, com compaixão. "Jerusa- ram a decisão de aceitar a Cristo
lém, Jerusalém! que matas os ou de ser batizadas.
profetas e apedrejas os que te fo- O chamado ao altar 2. Suplico que o Senhor me
ram enviados! quantas vezes conceda Seu Santo Espírito para
quis Eu reunir os teus filhos, co- é o tipo mais comum comover os corações e produzir
mo a galinha ajunta os seus pin de apelo usado por convicção nos que ouvem a men-
tinhos debaixo das asas, e vós sagem.
não o quisestes! Eis que a vossa pastores de igreja, e, 3. Primeiro peço que levan
casa vos ficará deserta.” S. Mat. contudo, aquele no tem a mão aqueles que desejam
23:37 e 38. Jesus chorou com abandonar o pecado ou unir-se à
compaixão sobre a cidade de Je- qual maior número igreja pelo batismo numa oca-
rusalém porque desejava salvar tem falhado e se sião futura, ou aqueles que que-
seus habitantes. É o nosso cora- rem voltar para o Senhor depois
ção sensibilizado pelos que estão atrapalhado. de haverem andado longe dEle.
se afastando de Deus, de modo 4. Peço que essas pessoas se
que choremos com compaixão levantem enquanto estão com a
como Jesus o fez? mão erguida. Entrementes, a
3. Cristo compadeceu-Se ao atribuída a responsabilidade de congregação deve estar com a
ver um pobre leproso. "Jesus, distribuir rapidamente os car cabeça inclinada. Enquanto eles
profundamente compadecido, tões, de modo que não haja per estão em pé, peço rapidamente
estendeu a mão, tocou-o, e disse- da de tempo. que venham para a frente, até o
lhe: Quero, fica limpo!” S. Mar. 4. Breve encontro após a reu altar. É quase impossível que al-
1:41. Pelo poder do Salvador, os nião. Este é outro tipo de apelo guém recuse vir à frente depois
que são imundos, por estarem usado por muitos. Contanto que de erguer a mão e levantar-se. Is
acometidos pela lepra do peca- as pessoas não sejam retidas du- to se torna fácil dando um passo
do, precisam ser purificados pe- rante demasiado tempo após a de cada vez. Infelizmente, alguns
lo evangelho confiado a todo pas- reunião regular, muitos têm pregadores zelosos convidam
tor. achado eficaz este tipo de apelo. imediatamente as pessoas para
5. Convite para oração espe virem à frente. Este é o passo
"Quando Seus olhos percor mais difícil, e deve ser o último.
riam a multidão dos ouvintes, e cial. Numerosas pessoas têm far
dos pesados na vida — físicos, Pode ser que alguns digam que
reconhecia entre eles os rostos este é o método usado pelos
que já vira anteriormente, Seu mentais ou espirituais. Muitas
vezes elas ficam contentes quan evangelistas populares em suas
semblante iluminava-se de ale- grandes cruzadas. Cumpre lem
gria. Via neles candidatos, em do recebem um convite para ora-
ção especial. brar, porém, que nesses grupos
perspectiva, a súditos do Seu rei evangélicos nominais há bem
no. Quando a verdade, dita com 6. Convite geral para uma vida
vitoriosa. Os indivíduos são con poucas coisas a serem renuncia
clareza, tocava algum acariciado das, ao passo que aqueles que de
ídolo, observava a mudança de vidados de várias maneiras para
indicarem seu desejo de alcança cidem seguir ao Senhor e unir-se
fisionomia, o olhar frio, de re à Igreja Adventista reconhecem
pulsa, que mostrava não ser a rem a vitória em sua vida.
que esse passo é muito mais difí
luz bem recebida. Quando via cil, porque há tantas coisas a se
homens recusarem a mensagem Passos Para Bem Sucedido
Chamado ao Altar rem denunciadas e abandona
de paz, isso Lhe traspassava o das. "Mantende perante o povo a
coração.” — O Desejado de To- O chamado ao altar é o tipo Pala-vra da Vida, apresentando
das as Nações, ed. popular, pág. mais comum de apelo usado por Jesus como a esperança do arre
231. pastores de igreja, e, contudo, pendido e a fortaleza de todo
aquele no qual maior número crente. Revelai o caminho da paz
Tipos de Apelos tem falhado e se atrapalhado. à alma turbada e acabrunhada, e
1. O tipo mais comum de ape- Freqüentemente surge a pergun manifestai a graça e suficiência
lo usado pelos pastores é o ato de ta: Como podemos ter certeza de do Salvador.” — Obreiros Evan-
levantar a mão. Isto é eficaz e que esse tipo de apelo é eficaz? gélicos, pág. 160.
muito fácil de ser feito pelas pes-
soas numa congregação.
2. Inclinar a cabeça e levantar
a mão. Este tipo de apelo produz
reverência. Em silêncio e en
quanto é tocada uma música
suave, este tipo de apelo é muito
eficaz.
3. Uso de cartões de decisão.
Ao usá-los, deve haver alguns in-
MINISTÉRIO
Uma Revista Para Pastores e Obreiros ADVENTISTA
divíduos aos quais tenha sido IAN/FEV 83 NÚMERO 1