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O

MINISTÉRIO
Uma Revista para Pastores e ADVENTISTA
JAN/FEV 83 NÚMERO 1

Aconteceu
com a
Família que
Orava Junto?
ÍNDICE
EDITORIAL
Amebas, Leucócitos e Pastores 3
Daniel Belvedere
OBRA PASTORAL
A Dor da Visitação 4
João Savage
A FAMÍLIA DO PASTOR
Que Aconteceu com a Família que Orava Junto? 5
Denise Turner
A ESPOSA DO PASTOR
Estado de Ânimo no Ministério — Um Estudo 7
da Esposa do Pastor Como Pessoa
Carole Luke Kilcher, Roger L. Dudley, Des Cummings Jr.
e Greg Clark
SAÚDE E RELIGIÃO
Saúde e Temperança 12
Dra. Irma B. Vyhmeister
TEOLOGIA
A Mordomia em Seus Aspectos Mais Amplos 14
L. E. Froom
A Igreja e Israel 19
Dr. Hans K. LaRondelle
ARTIGOS GERAIS
Superando Nosso Natural Egoísmo 22
Leah S. de Souza
PREGAÇÃO
Apelos Evangelísticos Eficazes 23
Melvin Nembhard

O MINISTÉRIO ADVENTISTA Nº 1 JANEIRO/FEVEREIRO 83

Gerente Geral: José C. Bessa Todo artigo ou qualquer Capa: Heber


Wilson Sarli Alcides Campolongo correspondência
Severino Bezerra para a revista
Redator-Chefe: Jefte de Carvalho O Ministério Adventista,
Rubens S. Lessa Direção de Arte: devem ser enviados para
Erlo G. Kõhler o seguinte endereço:
Redator: Rogério Sorvillo Vieira Caixa Postal 12-2600 Editado
Naor G. Conrado 70279-Brasília, DF bimestralmente
Diretor: Diagramação: pela Casa
Arthur S. Valle Manoel A. Silva Publicadora
Colaborador Especial: Brasileira,
Daniel Belvedere Av. Pereira Barreto, 42 —
Colaboradores: Assinatura Anual: 09000-Santo André,
João Wolff Cr$ 1.200,00 São Paulo
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EDITORIAL

Talvez nunca nos haja ocorrido relacionar entre si o trinômio de


nosso título, a menos que você seja um bioquímico cristão e tenha a

Amebas, oportunidade de ver e estudar esses dois corpúsculos tão parecidos em


seu aspecto exterior, como são a ameba e o glóbulo branco.
Quando falo do aspecto exterior, refiro-me ao que se capta através
do microscópio, já que a ameba mede apenas uns 18 a 25 milésimos de
Leucócitos milímetro de diâmetro. Sem dúvida que com razão sempre nos tem sido
declarado que a ameba é uma das formas de vida mais elementares
que se conhecem; por isso costuma ser a primeira que se estuda em

e Pastores biologia. No entanto, apesar de sua simpleza, é mais que matéria: tem
vida e cumpre todas as funções básicas que nós realizamos: respira,
digere, excreta, se reproduz e se desloca.
Se as amebas forem colocadas ao lado dos glóbulos brancos,
diremos que se parecem bastante; mas, quando estudamos sua
conduta, surgem algumas diferenças típicas que também se encontram
entre pastores e pastores. Antes, porém, de aclarar este assunto,
falemos um pouco dos leucócitos, esses guardas ou essas forças
armadas que protegem nosso corpo.
Um médico cristão que utiliza os leucócitos como metáfora comenta
que quando tudo transcorre na normalidade, os glóbulos brancos
impressionariam como ineficazes ou até como preguiçosos
vagabundeando e deslocando-se pela corrente sanguínea ou linfática.
Quando, porém, aparecem germes ou micróbios infecciosos, afigura-se
que houve um alarma, proclamando intensa vigilância, e, de todos os
lados, até atravessando as paredes dos capilares, eles afluem ao foco
infeccioso e começam a engolir o invasor. O glóbulo branco tem
grânulos de explosivos químicos dentro de seu corpo, os quais começam
a detonar quando foi tragado o invasor, destruindo-o. Mas, geralmente,
o leucócito morre nesta ação heróica.
Paulo disse que a Igreja é o corpo de Cristo. Sendo que ele viveu
quinze séculos antes que Zacarias Janssen inventasse o microscópio, é
provável que nem sequer soubesse que existiam amebas e glóbulos
brancos, nem tenha sonhado que hoje os usaríamos no contexto de
sua metáfora. Mas vamos fazê-lo porque os dois habitam no mesmo
corpo, só que sob condições muito diferentes.
No caso da ameba, ela vive do corpo. Poderia sair do corpo e viver
fora dele, pois não faz parte do mesmo. Chegou a integrar-se no corpo,
mas como parasito.
Ao chegar a este ponto, recordo o que disse S. João a respeito de
alguns crentes: “Eles saíram de nosso meio, entretanto não eram dos
nossos” (I S. João 2:19), e me estremeço ao pensar que alguns de nós
talvez sejam um pastor dentro do corpo de Cristo, que cobra seu
salário como o faria um profissional não identificado com a empresa da
qual vive. Seria terrível!
Quão bom seria, porém, que fôssemos pastores semelhantes aos
glóbulos brancos, os quais vivem para o corpo e que, assim como
Cristo, dão sua vida pela saúde do corpo!
Não obstante, creio que coincidiremos em que os frutos são apenas
o testemunho externo de um problema mais profundo. Então, que
estabelece a diferença? A natureza de um e de outros. Em relação com
o corpo físico, a ameba é independente, ao passo que o glóbulo
branco pertence ao corpo, por isso vive para ele. E aqui é onde a
metáfora e a realidade se separam, porque a ameba não pode
modificar sua natureza, ao passo que você e eu, pastor, podemos
experimentar uma mudança de natureza, se é que a necessitamos.
"Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos
filhos de Deus; a saber: aos que crêem no seu nome; os quais não
nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do
homem, mas de Deus.” S. João 1:12 e 13. E ter essa natureza
significará ser “pastores leucócitos", que vivem e se sacrificam pela
saúde do corpo, “como também Cristo amou a igreja, e a Si mesmo Se
entregou por ela" (Efés. 5:25).
Daniel Belvedere

3
OBRA PASTORAL

A Dor da
Visitação
João Savage
Presidente dos consultores
LEAD, Pittsford, Nova Iorque. Abalizada
autoridade na reincorporação de
membros de igreja inativos.
Arquivo Casa

A razão por que a maioria das mo os irmãos, passavam por tão mim mesmo, de muita aflição.
igrejas não têm um programa de intensa dor ao se tornarem inati­ O segundo exemplo elucidará
visitação de seus membros inati­ vas. Certamente não fui sensível a mais alguns pontos relacionados
vos não é a falta de interesse por seus pedidos de auxílio, e estou com a aflição de abandonar a igre­
eles. Deve-se à intensa dor suscita­ sinceramente arrependido de mi- ja. Durante minha pesquisa origi-
da pelo processo de visitação. nha insensibilidade. Espero que nal ao visitar membros inativos
A aflição do membro inativo tem me perdoem.” A mulher começou (da qual resultou o livro The Apa-
sido estudada meticulosamente a chorar. O marido sentou-se a thetic and Bored Church Member
em anos recentes. Foi constatado seu lado no sofá e pôs o braço ao — “O Apático e Enfadado Membro
que freqüentemente um "inciden­ seu redor. Durante as próximas da Igreja”), visitei um casal de
te que provoca ansiedade" na vida duas horas permaneci sentado e trinta e poucos anos de idade. Seis
do indivíduo ou na vida da congre- deixei que eles partilhassem a pro- meses antes falecera seu filhinho
gação se encontra no centro do funda dor que havia em seu íntimo de três anos. No distrito para o
por haverem abandonado a igreja. qual se haviam mudado, o pastor
problema. Esse incidente torna a Acontece que eu era o causador
pessoa muito perturbada, ansiosa só fizera uma visita a essa família
de ansiedade em seu afastamento. após a morte da criança, e nin­
e, comumente, muito irada, e pode Enquanto fui ouvindo, foram capa­ guém da congregação local viera
ser estimulado por um grande nú- zes de partilhar sua hostilidade visitá-los no decorrer desse perío-
mero de situações. contra minha pessoa devido ao do de profundo pesar. Tanto o ma­
Lembro-me de uma das primei- que ocorrera quase quatro anos rido como a esposa choraram co-
ras visitas que fiz a um membro antes. Mencionaram como tinham piosamente durante o tempo em
inativo. Era um casal de meia-ida­ sentido falta da comunidade em que estive com eles. Estavam em
de que se afastara da igreja um que haviam encontrado grande extrema aflição, não só por causa
ano depois que eu me tornei pas- conforto e amor. Ficaram muito da perda do filho, mas também de-
tor. Tinham ficado inativos duran­ pesarosos por causa do atrito pes- vido à falta de apoio da comunida-
te uns quatro anos. Embora devol­ soal comigo, mas não sabiam como de da igreja, que era tão necessá­
vessem o dízimo de maneira espo­ proceder para efetuar a reconci- rio naquele tempo. Foram se afas­
rádica, não assistiram a nenhuma liação. Relataram como seus filhos tando rapidamente da igreja, desi­
reunião, cerimônia ou culto da estiveram fora da escola da igreja ludidos das pessoas e decepciona­
igreja durante esse período de e da sociedade de jovens durante dos com o seu pastor. Essa dor
quatro anos. Quando telefonei pa- esse mesmo período de tempo, e existencial era traumática para
ra eles e marquei um encontro, es­ que se sentiam incompetentes co- sua própria vida, e tiveram de fa-
tavam muito desejosos de ver-me. mo pais. Finalmente, declararam zer o máximo esforço possível pa-
Era um nevoso dia de inverno em que, tendo deixado a comunidade ra não ficarem desesperados.
Rochester, Nova Iorque, quando da igreja, não sabiam como voltar Essas duas visitas não apresen­
me dirigi à casa desse casal. Con­ airosamente e, portanto, permane- tam um quadro atípico do membro
versamos sobre questões superfi­ ceram afastados. Haviam, de fato, de igreja inativo. Quase sem ne-
ciais. Então a esposa me disse: implorado o meu auxílio através nhuma exceção, em toda família
“Faz quatro anos que o senhor não da Comissão de Relações Entre o inativa que visitei descobri imenso
veio até aqui. Por quê?” O tom de Pastor e os Membros, mas naquele pesar interior relacionado com a
sua voz era hostil, e a pergunta de­ tempo de minha vida eu não era
notava ressentimento oculto. Mi- sensível aos pedidos de auxílio que igreja, com os membros, com o
nha resposta foi a seguinte: “Eu as pessoas fazem antes de sair. Se pastor e até mesmo com Deus.
não sabia que as pessoas que ou­ eu tivesse percebido isso mais ce­ Há uma intuição da parte da
trora eram assíduas na igreja, co- do, tê-los-ia poupado, bem como a congregação que quando se visita
4
A FAMÍLIA DO PASTOR.

um membro de igreja inativo tem-


se de lidar com hostilidade, ira e
culpa. E a maioria das pessoas não
sabem como relacionar-se devida­
mente com alguém que sente pro-
funda dor. Evitamos essas pes-
soas, aumentando assim o pesar
que já estão sentindo. Isto conduz
à segunda parte do dilema da dor
daquele que faz a visita.
Quando eu, como visitador, ouço
o relato da dor de outra pessoa, is­
so excita meus próprios sentimen-
tos. Escuto as palavras, vejo a pes-
soa, percebo a linguagem dos ges­
tos, ouço a realidade que transpa­
rece naquilo que está sendo conta-
Que Aconteceu
do. A hostilidade da outra pessoa
geralmente desperta minha pró-
pria ira. A condenação de si mes-
mos ocasiona culpabilidade; sua
com a família Que
atitude indiferente pode suscitar
sentimentos pessoais de rejeição e
pensamentos de aversão. A dinâ­
mica que ocorre produz uma per­
Orava Junto?
cepção em mim mesmo que não de­ Denise Turner
sejo enfrentar. Minha tentação,
portanto, como visitador, é evitar
qualquer situação que ocasione Condensado de um artigo publicado na revista
tais reações em mim, pois não que- Christian Herald. Usado com permissão.
ro ter de lidar com meus próprios
conflitos interiores.
Uma das grandes utilidades do Todas as tardes, pontualmente ma coisa melhor?
ministério de visitação a membros às 6:30h, depois de haver lavado e Alguma coisa melhor? Eis aí no­
inativos é que ele provê um tipo de guardado a louça usada no jantar, vamente a questão! A mescla da fé
processo purificador tanto para o todos eles se reúnem junto ao altar cristã e a vida familiar contempo­
visitador como para a pessoa visi­ da família. Quando o pai abre a rânea necessita de alguma coisa
tada. A fim de ser visitadores efi­ enorme Bíblia da família, a mãe e melhor. Devoções familiares anti­
cientes, os indivíduos precisam as meninas começam a tomar no­ quadas parecem estar extintas na
aprender a arte de ouvir e estar tas. Os meninos se ocupam em su­ sociedade hoje em dia, mas onde
cientes de seus próprios sentimen- blinhar passagens em seus peque­ se encontra “alguma coisa me-
tos interiores. Ao visitar outra pes- nos Novos Testamentos. Que ma­ lhor”? No dia seguinte comecei a
soa entramos em contato com nos- ravilhosa família! solicitar a opinião de minhas ami­
so próprio conflito, e a visita nos Nunca vi tal espécie de família, gas cristãs.
permite lidar com ele, em vez de a não ser talvez nas páginas de an­ — Talvez não sejamos suficien­
evitá-lo perpetuamente. No entan- tigas lições da escola dominical. temente religiosas — declarou
to, minha visita pode ser usada Não sei se o fato é bom, mau ou uma delas — mas a cena que você
por Deus para produzir reconcilia- neutro, e isso provavelmente não acaba de descrever jamais se apli­
ção com a pessoa que estou visi­ tem muita importância. O que im­ caria a nós. Temos uma espécie de
tando, para inteirá-la de que ou- porta é descobrir como a fé cristã lar em que as crianças da vizi-
tros se interessam por ela, e de pode harmonizar-se melhor com a nhança pulam sobre as camas, o
que posso sinceramente ouvir o vida familiar no mundo hodierno. cachorro tem de ser levado para
desabafo de sua dor, embora seja — Querido — disse eu a meu fora e o telefone está soando cons­
penoso. marido — por que não lavamos a tantemente.
Não sei de nada que seja teologi­ louça do jantar e não nos reunimos — Não é o que sucede com nós
camente mais bem fundado do que junto ao altar da família às 6:30h, todas?! lamentei.
essa espécie de relação. A dor de todas as tardes? Outra amiga me disse que já lhe
Deus é mais profunda do que qual- — Que altar de família? — per- é deveras penoso conseguir que
quer dor que eu possa sofrer quan­ guntou ele. — Você está querendo seus três filhinhos fiquem quietos
do uma de Suas ovelhas perdidas se mais um móvel? na igreja aos domingos.
afasta do rebanho. Mas, Sua ale- — Quero dizer: Por que não te- — Se eu me submetesse todas
gria é incomparavelmente maior mos um culto familiar todas as noi­ as noites a uma tensão como essa
quando essa ovelha é trazida de tes às 6:30h? — suspirou — receio que todo o
volta; quando o filho pródigo retor­ — Provavelmente porque nin­ conceito de maternidade cristã lo­
na ao lar. guém está em casa — disse meu go desaparecería de nossa família.
Visitar os membros inativos é marido gracejando. — E, além dis­ Certa noite, pouco depois de
uma atividade profundamente teo­ so, quase nunca consigo ver Wal­ completar minha pesquisa, eu es-
lógica que se encontra no âmago ter Cronkite agora, e Deus certa- tava cortando aipo para a salada.
do evangelho. Pois o evangelho, mente não quer que eu perca o Meu marido e minha filha estavam
afinal de contas, é a mensagem de programa desse homem. Falando fazendo Raggedy Ann cavalgar
reconciliação. sério, não podemos inventar algu- num animal de brinquedo. “Se tão-
5
Deus sempre foi recebido de bom membros da família tenha voz ati­
Talvez requeira um grado em nosso lar. Quando temos va no planejamento do culto fami­
vontade de rir, rimos com Ele. liar e nas considerações sobre as
pouco de tempo, Quando temos vontade de chorar, cambiantes necessidades de sua
esforço e experiência, choramos com Ele, e é assim que família. O desenvolvimento de ca­
mas o culto familiar queremos que seja. É assim que da indíviduo também constitui
queremos que nossa filha também uma prioridade. Todo cristão ne­
pode ser adaptado às conheça a Deus. Ela nunca será cessita de tempo para estar a sós
necessidades da capaz de suportar as pressões do com Deus e para participar de
mundo atual sem tal espécie de re- grupos cristãos de estudo, oração
família em lação pessoal com o seu Pai celes- e culto. Esta é a única maneira pe-
mutação.... O tial. la qual uma pessoa pode apresen­
O período devocional de nossa tar algo significativo na hora do
formato e o horário família surgiu por necessidade. culto de sua família.
podem sofrer Naturalmente, meu marido e eu Com tudo isso em mente, eis
achamos que o modelo de vida aqui mais algumas idéias para o
alterações, mas a cristã dos pais é o elemento mais culto familiar:
necessidade de dar a importante no lar de uma criança. * As familias com crianças pe-
Contudo, também sentíamos falta quenas podem estimular seus filhi­
primazia a Deus em de um período regular para o culto nhos a representar histórias bíbli-
nossa família não é familiar. Precisávamos dele para cas. Os pais também podem permi­
nós mesmos e para nossa filhinha. tir que cada criança relate na ho-
algo variável. Quando inventamos nosso sistema ra de dormir o que lhe aconteceu
de culto, conversamos sobre como durante o dia e ore então sobre is­
é difícil encontrar uma parcela de so.
somente seus irmãos da Fraterni­ tempo em nosso sobrecarregado * Os adolescentes talvez apre­
dade pudessem vê-lo agora!” pen­ programa diário. Admitimos que ciem uma troca simulada de atri­
sei. Quando parecia que eles esta­ as famílias estão constantemente buições. A atenção da família po-
vam fazendo uma pausa, entrei na se alterando e crescendo, e que de concentrar-se num assunto bí­
sala de estar e perguntei: quando nossa filhinha for se de­ blico, sendo representada uma si-
— De que você quer que sua filha senvolvendo teremos de planejar tuação imaginária relacionada
se lembre mais por ter crescido algo diferente. Mas admitimos com ele, na qual uma das crian-
neste lar? também que o culto familiar é ex­ ças desempenha a parte de um dos
— De que é um lar cristão — foi tremamente importante num lar pais, e vice-versa.
a resposta. cristão. Organizaríamos nossas * Com o passar do tempo, um
— E em segundo lugar? prioridades de acordo com isso. caderno ou livro em que são anota­
— Não sei — disse meu marido. Conheço alguns pais que oram dos os pedidos de oração da famí­
— Provavelmente que nos diverti­ com cada um de seus filhos à noi- lia pode tornar-se uma preciosa
mos bastante aqui. te, planejam reuniões familiares lembrança. Começai a fazer isso, e
— Aí que está! — pensei. — Es- quando isto se torna necessário e explicai então como e quando es-
se é o elemento que falta em minha acham que não se adaptariam a ses pedidos foram atendidos.
família fictícia. outro tipo de devoção no lar. Ou- * Usai parte de vosso período de
O pai ou a mãe podem querer in­ tros pensam que jantar juntos e fa- culto para planejar excursões da
troduzir a Bíblia à força em seus lar sobre um assunto importante é família que aprofundem vossa fé.
filhos durante anos; mas, se os fi­ quase "algo impossível”. Há algu- Assisti juntos a um concerto cris-
lhos não vêem autêntica alegria na mas famílias, porém, que conse­ tão, ou ide ouvir um orador inte-
vida de seus pais, toda tentativa guem dispor de um pouco mais de ressante. Um passeio pela Nature-
para realizar o culto familiar irá tempo. Talvez visitem uma livra­ za também pode ser divertido, con­
fracassar. Vibrante estilo de vida ria, escolham suas obras predile- tanto que não tome o lugar da fre­
cristão, uma causa pela qual vale tas e planejem serões de leitura e qüência à igreja.
a pena viver e morrer, dias reple- debate. Ou talvez realizem “ses­ Evidentemente, uma atitude de
tos de excitação, aventura e pra­ sões familiares” para comentar a fé é o ingrediente necessário em
zer — são essas coisas que fazem lição da última semana. qualquer dos métodos de culto fa-
com que uma criança queira cres- Outras famílias poupam uma miliar. O êxito se encontra na
cer para tornar-se semelhante ao hora no fim de cada dia para estu­ constante oração de que Deus nos
"papai e à mamãe". dar juntos um livro devocional ou ajude a encarar tudo na vida com
Agora minha família tem cada para experimentar um dos méto­ olhos espirituais. Encontra-se no
dia um período devocional em con­ dos criativos delineados em diver­ pai que vê um arco-íris e explica
junto. .Naturalmente, é um culto sas publicações. E às vezes peque­ para sua filha a mensagem detrás
familiar segundo nossa própria ín­ nas coisas são mais importantes dele. Encontra-se na mãe que can­
dole. Achamos que cada família, do que pensamos. Um amigo con­ ta “Jesus me ama" enquanto em­
por ser diferente de todas as ou- tou-me recentemente que sua es­ purra o balanço do filho.
tras, precisa inventar seu próprio posa sempre recorta um pequeno Talvez requeira um pouco de
sistema. pensamento devocional para o dia tempo, esforço e experiência, mas
O nosso consiste simplesmente e o coloca sobre a mesa em que se- o culto familiar pode ser adaptado
em reservar cada manhã um bre- rá servido o desjejum. Através dos às necessidades da família em mu­
ve período de tempo para ler a Bí- anos ele tem compreendido como tação. Provavelmente é muito fácil
blia e para conversar uns com os esse pequeno ato tem ajudado a desistir, mas ter um lar feliz e fi­
outros e com Deus. É um tempo ca­ moldar a fé de sua .familia. lhos cristãos bem equilibrados não
sual, princípalmente porque so- Há numerosas possibilidades. O constitui uma casualidade. Os
mos uma família casual e porque importante é que cada um dos membros da família que conti-
6
A ESPOSA DO PASTOR
nuam sendo flexíveis, que se de-
senvolvem e que variam seus cul­
tos para satisfazer suas necessi-
dades já sabem isso.
Lembro-me da primeira vez que
omitimos nossas devoções familia-
Estado de Ânimo
res. Passei o dia sobressaltada,
quase esperando ser fulminada
por um raio. Isso não aconteceu,
porém, e o dia transcorreu suave­
no Ministério-
mente.
— Você acha que nosso período
devocional de manhã cedo apenas
Um Estudo
é um hábito inexpressivo ou uma
cerimônia vazia? — perguntei a
meu marido aquela noite, após o
da Esposa do Pastor
jantar.
— Um hábito e cerimônia, tal­
vez, mas não inexpressivo nem va­
zio — disse ele. — Além disso, pre-
como Pessoa
cisamos reconhecer a utilidade de
ter alguns hábitos e cerimônias
numa família — acrescentou.
Ele tinha razão. Conversando
sobre isso, admitimos que há cer- Carole Luke Kilcher, Roger L. Dudley, Des Cummings Jr.
tas manhãs em que temos a im­ e Greg Clark
pressão de estar apenas simulan­
do uma ação. Mas meu marido O artigo "Estado de Ânimo no Ministério — Um Estudo
lembrou-me de que “a Bíblia não do Pastor como Pessoa” saiu na revista Ministry de
recomenda que coloquemos a ên- dezembro de 1981. Relatava a primeira metade de um
fase em nossos sentimentos. Deve- estudo realizado pelo Instituto de Ministério de Igreja da
mos colocar a ênfase em nossa Universidade Andrews e foi autorizado pela Associação
fé”.
É escusado dizer que decidimos Ministerial e de Mordomia da Associação Geral. A
continuar com as nossas devoções segunda metade desse estudo, que aparece nestas
diárias. O formato e o horário po- páginas, examina o papel da esposa do pastor e os
dem sofrer alterações, mas a ne- problemas enfrentados por esse componente da equipe
cessidade de dar a primazia a pastoral.
Deus em nossa família não é algo
variável. Precisamos prestar culto
como uma família. Com efeito, se Não há um preparo educacional se questionário, denominado “A
nunca houvéssemos passado tan- para tornar-se uma esposa de pas- Esposa do Pastor Como Pessoa",
tas manhãs realizando essa ceri­ tor. A pessoa simplesmente casa foi enviado a 238 esposas de pas-
mônia, talvez nunca tivéssemos com um homem que pretende ser tores. Destas, 157 devolveram
experimentado arroubos espiri- ou já é um pastor, ou que passa a questionários preenchidos e utili­
tuais ao longo do caminho, nem sê-lo depois do casamento. Devido záveis. Quando os resultados des­
fôssemos capazes de falar tão de­ à natureza do trabalho de seu ma­ se estudo são comparados com o
sembaraçadamente sobre Deus rido, a esposa do pastor está en­ estudo do estado de ânimo entre os
em nosso lar. volvida nessa ocupação — quer te­ pastores (segundo a pesquisa efe­
Realizar o culto em nossa fa- nha ou não algum preparo para is­ tuada entre os maridos das parti­
mília resultou numa espécie de so. Não há uma medida padrão do cipantes), obtém-se um vislumbre
unidade espiritual no casamento êxito ou do fracasso; ela precisa do estado de ânimo no lar dos pas­
que torna empolgantes e fantásti­ estabelecer seus próprios padrões tores adventistas.
cos todos os outros aspectos da vi- para satisfação ou descontenta­
da matrimonial. Tem ajudado a mento em seu trabalho como a pri- O Perfil da Esposa
iniciar o crescimento espiritual de meira dama do distrito pastoral.
uma menina que agora possui O Estudo Sobre o Crescimento Cada um dos primeiros treze
boas possibilidades de tornar-se da Igreja na Divisão Norte-Ameri­ itens foi apresentado como uma
adulta conhecendo a verdade de cana foi a primeira pesquisa de declaração da qual a esposa podia
que as três grandes coisas não são vulto efetuada pela Igreja Adven- discordar fortemente, discordar
a riqueza, o poder e a fama, mas tista do Sétimo Dia que incluiu as um pouco, permanecer neutra,
praticar a justiça, amar a miseri- esposas de pastores adventistas. concordar um pouco com ela, ou
córdia e andar humildemente com (Ver “Novo Conceito da Esposa do concordar plenamente.
Deus (Miquéias 6:8). Pastor”, O Ministério Adventista, A análise do Quadro 1 indica
— Não! — declarei para mim janeiro-fevereiro de 1982.) Os re- que os pastores e as esposas to­
mesma no primeiro dia em que mi- sultados desse estudo indicaram a mam as principais decisões juntos
nha filhinha quis dirigir nossa ora- necessidade de mais consideração com mais facilidade do que con-
ção. — Meu conceito sobre as de­ pessoal à esposa do pastor. Assim, versam juntos a respeito de seus
voções familiares não era antiqua­ o segundo estudo versou sobre a sentimentos mais profundos. O
do. De maneira alguma! Apenas questão do bem-estar entre as es- item “Meu marido sempre me con­
precisava ser adaptado. posas de pastores adventistas. Es- sulta antes de tomar uma decisão
7
importante (como a aceitação de mencionado que sua maior preo- assunto do descontentamento pa-
um chamado)” obteve a porcenta­ cupação era a necessidade de tem- rece residir nas áreas de conflito
gem (94) e a média (4,7) mais ele­ po só para a família, e este assun­ entre as expectativas; divisão do
vadas. Só 3% discordaram da to é repetido no item 20 em seu re­ lar, igreja e responsabilidades do
afirmação. Foi, porém, menor o ceio de que “as necessidades dos trabalho; e seus sentimentos pes-
número das que admitiram que outros tenham prioridade sobre a soais de incompetência para a ta­
mantêm uma comunicação aberta família”. Para 58% das mulheres refa.
com o marido e que podem debater isto constitui uma fonte de preocu­ Eis alguns comentários caracte-
livremente seus mais profundos pação. rísticos:
sentimentos um com o outro. 83% Metade das esposas (49%) são “Críticas de meu marido! Quan­
responderam afirmativamente a importunadas com as críticas dos do vejo um pastor quase se impelir
este item. E só 80% dos pastores membros a seu respeito, e um ter­ à extenuação, e sou então constan­
participam dos cultos regulares no ço (33%) se preocupa em receber temente criticada por causa das
lar. a aprovação dos administradores questões mais triviais, é difícil fi-
Um contínuo programa de edu­ da associação. Um terço (32%) car calada.”
cação que satisfizesse as necessi- também se preocupa em dar-se “Ter de mudar tanto (4 mudan-
dades específicas das esposas de bem com os membros na igreja. ças de distrito e 6 mudanças de ca­
pastores obteve o segundo lugar, sa em 3 anos).”
com 89% das esposas reconhecen­ A Alegria “As expectativas e exigências
do essa necessidade, e 75% das Mais Significativa que os outros colocam sobre a es­
esposas relataram que têm agora Houve quatro questões a serem posa do pastor."
um eficiente programa de desen- "Não ter uma amiga chegada
preenchidas pelas esposas. As com a qual possa comunicar-me.”
volvimento pessoal. respostas à questão: “A alegria ou
O aspecto favorável do relatório a oportunidade de maior significa­ “O desejo de que meu marido
é que 85% das mulheres apreciam ção para mim ao participar do tra- encontre tempo e tire um dia para
ser esposas de pastor e 82% balho de meu marido é...” foram estar com sua família.”
acham que são bem sucedidas nes- divididas em trinta e quatro cate-
sa função. O conceito de um conse- gorias. As que foram escolhidas
lheiro que não esteja ligado à ad­ A Quem Dirigir-se
por significativa porcentagem das em Busca de Conselho
ministração e com o qual os pasto- esposas de pastores são apresen­
res e suas esposas pudessem deba­ tadas no Quadro 3. A terceira questão a ser preen­
ter problemas só foi combatido por Formar amizades, encontrar-se chida era a seguinte: "Se meu ma­
5% das respondentes. com pessoas e achar companhei- rido ou eu tivéssemos de enfrentar
A descoberta mais alarmante é rismo constituíram a principal ale- um problema pessoal ou familiar,
que 57% das esposas sentem soli­ gria em partilhar o trabalho do buscaríamos o conselho de...”
dão e isolamento no ministério. O marido por parte de 24% das es- Houve doze respostas, as quais fo-
item: “Às vezes sinto-me culpada posas. A resposta “ver pessoas se ram mencionadas no Quadro 5.
por tirar tempo do trabalho de dirigirem a Cristo na conquista de A maioria (34%) não confia em
meu marido para minhas necessi- almas” veio em segundo lugar, outros seres humanos e declarou
dades pessoais" mostrou que esse com 23%. que só se apegaria a Deus. É inte-
sentimento de culpa é experimen- A análise do quadro leva à con- ressante notar que quando foi fei­
tado por 37% das esposas. Além clusão de que as esposas encon- ta a mesma pergunta aos maridos
disso, 21% às vezes desejam que tram alegria em trabalhar pelos pastores, quase o mesmo número
seus maridos abandonem o minis- outros em ministérios de penetra­ (35%) admitiu que Deus era a úni­
tério pastoral. ção e no cuidado da igreja. Eis al- ca pessoa em quem podiam con­
Só 13% admitiram que os filhos gumas respostas características: fiar.
de pregadores suscitam mais pro- “Ver como a vida das pessoas Cumpre notar também que de
blemas para suas famílias do que pode ser modificada por intermé­ todas as questões de resposta li­
os filhos de outros membros de dio de nossos humildes esforços.” vre, foi esta a que mais ficou em
igreja. Cerca de 12% achavam “Poder labutar ao lado de meu branco, sugerindo a possibilidade
que não eram aceitos pelos mem- marido. Ele diz que somos uma de que as respostas “ninguém” e
bros como indivíduos com necessi- equipe — isso significa muita coi- “não sei ao certo” poderiam ter si-
dades idênticas às de qualquer ou­ do mais freqüentes.
tra pessoa. sa para mim.” O fato de 12% acharem que po-
“A oportunidade de visitar jun­ deriam dirigir-se aos administra­
Perguntou-se às esposas se elas tos os membros da igreja.”
alguma vez já se preocuparam ou dores da associação deveria ser-
se afligiram com os sete itens men­ vir de estímulo para a crescente
Os Problemas Mais percepção de que os administra­
cionados sob os números 14 a 20 (ver Reais Para Mim
Quadro 2). O que produzia mais dores também podem ser amigos e
preocupação (72% das esposas) A segunda questão a ser preen­ confidentes.
era “dispor de tempo suficiente chida era a seguinte: “O problema O fato de que 74% das respos-
para a família”. O segundo maior ou o conflito que tem sido mais tas admitiram ser importante que
item que ocasiona preocupação real para mim como esposa de a associação providencie um con­
diz respeito às finanças, e está in­ pastor é...” As respostas foram selheiro profissional que não te­
timamente relacionado com o pri- classificadas em quarenta e uma nha vínculos administrativos indi­
meiro. Este item obteve a média categorias. As que foram escolhi­ ca crescente necessidade neste se-
mais elevada (2,83) e foi relatado das por significativa porcentagem tor, que poderia elevar o estado de
por 68% das esposas. de esposas aparecem no Quadro 4. ânimo das esposas de pastores.
Mais da metade (63%) das mu- Cumpre notar que as fontes de
lheres se preocupam em ser com­ frustração são mais diversificadas Nível de Consecução
petentes esposas de pastor. Já foi do que as fontes de satisfação. O Educacional
8
Algumas estatísticas interes- esposas. No entanto, quando essas conflitos das esposas estavam to-
santes dizem respeito ao nível ou porcentagens são aplicadas a to­ dos ligados a questões pessoais e
grau de educação alcançado ou das as esposas de pastores, repre- familiares. Isto está em harmonia
completado pelas esposas de pas­ sentam muitas esposas perturba­ com muitos estudos que revelam
tores (Quadro 6). Uma esposa ti- das. Embora não haja um relatório que os homens obtêm sua identida­
nha um curso de pós-graduação e oficial a respeito, calcula-se que de de funções relacionadas com o
outra só concluira a oitava série. aproximadamente 2.500 esposas trabalho, ao passo que as mulhe-
31% das esposas tinham quatro de pastores labutam na Divisão res obtêm sua identidade de fun­
anos de faculdade, porém mais da Norte-Americana. Isto significa ções relacionadas com a família. É
metade (52%) completara dois que os 21% que às vezes têm von­ aí que se encontram as raízes dos
anos de faculdade ou menos. Só tade de que seus maridos abando­ problemas. Os pastores podem es-
7% tinham o grau de mestrado. nem o ministério pastoral podem tar tão ocupados com os seus deve­
Como um número cada vez representar 525 esposas. E os res e receber tanto reforço positi­
maior de pastores tem o grau de 37% que se sentem culpadas por vo para seu desempenho tido em
Mestrado em Divindade, e cada tirar tempo do trabalho do marido alto conceito, que se esqueçam
vez se dá mais ênfase ao grau de para suas necessidades pessoais com facilidade do lar. A esposa,
Doutor em Ministério, a lacuna en- equivalem a 925 mulheres. Até concentrando a atenção no lar e
tre o nível educacional do marido mesmo o relativamente baixo nú- na família, sente intensamente a
e o da esposa se amplia. Isso pode- mero de 3% cujos maridos nem negligência e a solidão. Assim está
ria assinalar uma provável área sempre as consultam antes de to- preparado o caminho para um co­
de discórdia conjugal. mar uma decisão importante, e os lapso nas comunicações e uma
As esposas externaram uma 6% que não têm uma comunicação brecha nas relações.
sensação de incompetência como aberta com seus cônjuges equiva­ 7. A maioria das esposas de
esposas de pastores em vários lem respectivamente a 150 e 300 pastores (ou seus maridos) não sa­
itens do questionário. A incapaci­ esposas. bem aonde dirigir-se em busca de
dade intelectual não constitui uma Quanto às porcentagens maio- conselho quando enfrentam grave
exceção. Uma pessoa escreveu: res, a situação é pior. Talvez 1.575 problema pessoal ou familiar. Re­
“Eu não me sinto plenamente ca­ esposas se preocupem em cumprir conhecem que a providência de
paz como esposa de pastor no âm­ adequadamente o papel de esposa abalizados conselheiros cristãos
bito intelectual." de pastor, 1.675 às vezes sintam profissionais sem vínculos com a
Diante da iniciativa tomada por solidão e isolamento no ministério, administração seria um bom acrés­
nossos dirigentes denominacionais e 1.800 receiem não dispor de tem- cimo ao sistema de apoio pastoral.
no sentido de prover contínuas po suficiente para a família. Os administradores de associação
oportunidades educacionais para 4. As alegrias mais importantes verificarão que este investimento
os pastores, cumpre lembrar que experimentadas por essas esposas na saúde mental ministerial cons­
89% das esposas também confir­ ao partilharem do ministério de titui um dos mais sábios usos de
maram essa necessidade. Talvez seus maridos giravam em torno de seus recursos financeiros.
proporcionando contínuas oportu­ amizade, de ver pessoas dirigir-se
nidades de educação para as espo­ 8. As esposas de pastores não
a Cristo, de nutrir o crescimento se acham suficientemente prepa­
sas de pastores fosse elevado o ní­ espiritual e pessoal de outros indi­
vel de sua confiança pessoal. Isto radas para suas funções. Menos
víduos e de labutar com seus mari­ de 8 por cento têm cursos de pós-
também fortalecería o estado de dos como membros de uma equipe.
ânimo. graduação, e menos de 40 por cen­
5. Os problemas e conflitos to concluíram algum curso supe-
Conclusões mais reais para as esposas de pas- rior. Atualmente o mestrado em
tores têm que ver com as expecta­ divindade é a preparação padrão
Podem ser tiradas diversas con­ tivas de vários grupos (membros, para o pastorado, e crescente nú-
clusões das descobertas apresen­ associação, comunidade, marido) mero de pastores estão obtendo o
tadas até agora: a respeito delas, com a sensação grau de doutor em ministério. Em-
1. Muitas mulheres estão basi­ de ocuparem uma posição secun­ bora a quantidade de educação
camente felizes com o seu papel dária, com sentimentos pessoais formal nunca deva ser usada como
como esposa de pastor. Na reali- de incompetência nessa função, norma de avaliação para predizer
dade, a grande maioria gosta des- com mudanças freqüentes, com a o êxito ou o fracasso duma esposa
sa vocação e acha que está sendo falta de amizades chegadas, com o de pastor, a lacuna entre as conse­
bem sucedida. tempo em geral e com as pressões cuções educacionais dos cônjuges
financeiras. Se uma esposa feliz é apresenta dois importantes aspec-
2. Além desses sentimentos po­ igual a um pastor feliz, a liderança tos que causam preocupação: a) A
sitivos, há conflitos. A maioria tem precisa desenvolver sistemas de esposa de pastor tem de enfrentar
graves preocupações. Dois terços apoio às esposas de pastores e alguns dos mesmos reclamos so-
experimentam sentimentos de soli­ reestruturar a profissão pastoral bre seu tempo e liderança que seu
dão e isolamento no ministério, de tal modo que sejam eliminadas marido, o qual obteve habilidades
58% ficam apreensivas porque as ou reduzidas muitas áreas de con- e preparo por meio da educação,
necessidades dos outros têm prio- flito. Deve ser desenvolvido um cli- b) A ampliação da lacuna entre o
ridade sobre as necessidades da ma em que os pastores possam edi­ preparo do pastor e o de sua espo-
família, 63% se preocupam em ser ficar fortes vidas interiores como sa aumenta a possibilidade de pro-
esposas competentes, 68% se afli­ parte vital de seu ministério. blemas de comunicação no lar. É
gem com as finanças e 72% que- 6. É interessante notar que em­ mister um marido sensível para
rem dispor de tempo suficiente pa- bora as frustrações dos maridos compensar esta parte. É imperati­
ra estar com a família. (segundo foi relatado no estudo vo que ele afirme publicamente
3. Outras preocupações são re­ correspondente) estivessem todas qual é o setor em que ela prefere
latadas por uma minoria — às ve- relacionadas com os seus deveres exercer seus dons particulares. Is­
zes uma pequena minoria — das profissionais, os problemas e os to lhe dará liberdade para ser o
9
Quadro 1 Respostas a Diversos Itens — Discordando ou Concordando
Item Discordam % Concordam % Média (1 a 5)

1. Programa de crescimento pessoal 11 75 3,85


2. O marido participa no culto familiar regular 13 80 4,09
3. Interesse num contínuo programa
de educação 3 89 4,41
4. Aprecio ser esposa de pastor 4 85 4,24
5. Creio que sou uma esposa de pastor
bem sucedida 3 82 4,05
6. Desejo de abandonar o ministério pastoral 68 21 1,94
7. Sentimento de culpa por tirar tempo do
trabalho do marido 5C 37 2,68
8. Prover conselheiro sem vínculos
administrativos 5 74 4,07
9. Os filhos de pastores ocasionam mais
problemas do que os outros filhos 72 13 2,00
10. Solidão e isolamento no ministério 24 67 3,53
11. Meu marido e eu trocamos idéias antes
de tomar uma decisão importante 3 94 4,70
12. Comunicação aberta com meu marido 6 83 4,22
13. Aceitação como indivíduo com
necessidades 12 71 3,80

Quadro 2 Respostas a Itens de Preocupação Pessoal

Nunca/ Às Vezes
Item Com Freqüência Média
Raramente %
%

14. Importunada com as críticas dos


membros a meu respeito 53 49 2,41
15. Preocupada com a aprovação dos
superiores na associação 66 33 2,04
16. Preocupada com as finanças 32 68 2,84
17. Preocupada com a competência como
esposa de pastor 37 63 2,70
18. Preocupada em dar-se bem com os
membros 68 32 2,17
19. Preocupada em dispor de tempo
suficiente para a família 28 72 2,83
20. Afligida porque as necessidades dos
outros têm prioridade sobre as
necessidades da família 41 58 2,63

Quadro 3 A Alegria Mais Significativa ao Participar do Trabalho do Marido

Categoria Setor % Escolhas


1. Amizades/encontrar-se com pessoas/companheirismo 24
2. Ver pessoas dirigindo-se a Cristo/conquista de almas 23
3. Cuidado espiritual das pessoas/desenvolvimento pessoal 16
4. Visitação 14
5. Tempo partilhando o trabalho juntos/equipe 12
6. Ajudando as pessoas em seus problemas/necessidades 10
7. Ministério em favor de jovens e crianças 10
8. Dando ou ajudando a dar estudos bíblicos 8
9. Ver pessoas sendo batizadas/unindo-se à igreja 6
10. "Preenchendo a lacuna" nos ministérios da igreja/
ajudando nas atividades 5
11. Meu desenvolvimento pessoal para o serviço 4
12. Desenvolver o envolvimento dos dirigentes e membros
na igreja 3
13. Trabalhar com mulheres 3
14. Ajudar em reuniões evangelísticas 3
15. Viajar/mudar-se 3
16. Trabalhar com novos conversos e sentir sua alegria 3

10
Quadro 4 O Problema Mais Real Para Mim
Categoria Setor % Escolhas

1. Expectativas a meu respeito 15


2. A esposa e a família ocupam uma posição secundária
em relação com o trabalho do marido 14
3. Sentimentos pessoais de incompetência como
esposa de pastor 11
4. Mudar-se freqüentemente/transferências 10
5. Não ter amizades chegadas/solidão 9
6. Pressões sobre o tempo em geral 7
7. Meu conflito entre os filhos e a ajuda ao marido 6
8. Trabalhar fora de casa 6
9. Ver meu marido ser criticado/em conflito com os membros 4
10. Lidar com as críticas a meu respeito 3
11. As finanças da família 3
12. Arranjar novo emprego devido a mudanças 3
13. Apatia dos membros/indiferença e falta de envolvimento 3
14. Expectativas de meus filhos 3
15. Expectativas de meu marido 3

Quadro 5 A Quem Dirigir-se em Busca de Conselho

Categoria Setor % Escolhas

1. Deus 34
2. Outro pastor ou outra esposa de pastor 16
3. Administração da Associação 12
4. Ninguém 8
5. Não sei ao certo 8
6. Amigos chegados 7
7. Pais 6/
8. Cônjuge 6
9. Conselheiro profissional 6
10. Parentes/família 4
11. Bíblia 4
12. Espírito de Profecia/White Estate 4

Quadro 6 Grau ou Nível de Educação


Nível % das Respostas

Pós-graduação 0,64
Mestrado 7
4? Ano de Faculdade 31
3º Ano de Faculdade 8
2° Ano de Faculdade 17
1 º Ano de Faculdade 13
2º Grau (12ª Série) 13
2º Grau (11ª Série) 0,64
1º Grau (8ª Série) 0,64
Não deram resposta 8

que ela é e para servir na posição paro e desempenhar esse papel, das. As associações devem procu­
singular que ocupa como esposa ou a sentir-se culpada se preferir rar meios de incentivar e adestrar
de pastor. Uma possível solução de não fazê-lo. No entanto, deve-se equipes ministeriais.
algumas mulheres para os proble- prover a oportunidade. 9. Nossa estrutura ministerial
mas que vieram à tona nessa pes­ Outra possível solução é criar a requer que os administradores se
quisa é elevar a vocação de esposa opção de equipe para casais pas­ ausentem do lar durante dias e até
de pastor a um verdadeiro nível torais. Há muitas maneiras pelas meses consecutivos. O “sacrifí-
profissional. Isto requererá nova quais um casal pode ser mais efi- cio” efetuado por eles ao ficarem
ênfase à educação da esposa, an- ciente no cumprimento da missão longe da família é apresentado aos
tes do serviço e durante o mesmo, da igreja do que uma só pessoa. As pastores e suas esposas como lou­
para sua parte vital do ministério. esposas que se consideram uma vável e honroso. Talvez seja tempo
Naturalmente, cada mulher é um parte integrante da equipe não de examinar devidamente essa
indivíduo, e nenhuma esposa deve têm tanta probabilidade de se sen­ tendência sob o aspecto do papel-
ser compelida a receber esse pre- tirem isoladas, solitárias e frustra­ modelo que isso constitui para ou-
11
SAÚDE E RELIGIÃO

tros. É tempo de confirmar o papel com um senso de alegria e missão, corrompida por maus hábitos, mas
do pastor como pai, marido e sa­ o pastor logo ficará desalentado, e ‘como um sacrifício vivo, santo e
cerdote do lar e reconhecer sua a eficácia de seu ministério sofre- agradável a Deus’.” — Idem,
necessidade de levar uma vida rá um declínio ou cessará. Além págs. 57 e 58.
equilibrada. disso, o casal pastoral constitui Deus criou um sistema de comu-
O desenvolvimento das relações um modelo para a igreja do que nicação entre todos os sistemas do
familiares na casa pastoral não Deus tencionava fosse todo lar: um organismo e o ambiente que o ro­
constitui um desvio da obra do mi- deia. O sistema nervoso controla
nistério, uma espécie de mal ne- ambiente solícito no qual cada não somente as funções voluntá­
cessário; é algo fundamental. A membro ama, apóia e anima os ou- rias, como o movimento dos mús­
menos que o casal pastoral esteja tros em sua viagem para o reino culos, o ato de comer e beber, a
em harmonia, trabalhando juntos dos Céus. audição, a visão, o tato, etc., mas
também as funções involuntárias
ou vegetativas, tais como o cora-
ção e o aparelho circulatório, os
pulmões e o aparelho respiratório
e o sistema gastrintestinal. Estes
se acham programados de tal mo­

Saúde e
do que continuam seu trabalho
sem a intervenção da vontade ou
do pensamento.
O órgão por excelência, o cére-
bro, integra o domínio cognitivo e
afetivo pela atividade eletroquími-

Temperança
ca da mente. Os cinco (ou mais)
sentidos são as avenidas da alma
que provêem as sensações e per­
cepções que os nervos captam e
elaboram. A mente é um órgão físi-
co e, portanto, os pensamentos e
sentimentos fazem parte do traba-
lho das células nervosas que têm
interesses comuns e funções espe-
DRA. IRMA B. VYHMEISTER ciais. O cérebro controla nossa vi-
da e seus processos e também os
sistemas de apoio. Quando a pes-
soa morre, esse processo eletro-
Miguel Ângelo Buonarotti, ao mas que mantêm o organismo in­ químico deixa de funcionar e ces­
esculpir a estátua de Moisés em teiro em equilíbrio. Este equilíbrio sa a atividade mental. A mente,
toda a sua beleza e perfeição, por é a saúde, que denota completo em si, é uma entidade maravilhosa
um momento teve a impressão de bem-estar. que pode transmitir, guardar, de­
que a estátua era viva. Com seu A intemperança nos hábitos de volver e processar informações co-
grande talento, forjou do duro vida rompe esse equilíbrio, e o or­ mo eficiente computador.
mármore uma réplica de um mode- ganismo não pode resistir ao im­ As avenidas físicas da mente
lo Vivente. Mas a obra de arte de pacto. Se o transtorno é grave, o também permitem o trabalho do
Miguel Ângelo permaneceu muda organismo adoece. Qualquer alte- Espírito Santo, o qual já tem um
e inerte através dos séculos, pois ração num membro, tecido ou ór­ sistema estabelecido que opera
dar vida só é uma prerrogativa de gão prejudica todo o corpo. A con­ com eficiência para a formação do
Deus. dição morbosa pode ser de tal gra­ caráter. O Espírito Se revela em
Em contraste com isso. Deus es­ vidade que o corpo sofre, se debili­ Seus diversos frutos que na reali-
culpiu a obra-prima da criação e ta e morre. Portanto, a condescen­ dade são componentes do caráter
transformou esse modelo inerte dência pessoal e a intemperança humano.
num ser Vivente. Essa proeza não destroem inexoravelmente o ser. O Espírito de Deus pode operar
pode ser repetida pelo homem. O Então é necessária uma reforma ao serem bloqueadas as avenidas
alento de Deus está fora de seu al­ para que o organismo retorne a que dão acesso à mente. Ellen
cance. seu estado de saúde e bem-estar. White se refere a isto ao dizer: “O
As mesmas leis que governam e Os princípios dessa reforma são Espírito de Deus não pode vir em
controlam o Universo são as leis os mesmos que os de saúde e tem­ nosso auxílio, e assistir-nos no
que Deus inscreveu pormenoriza­ perança que regem a vida e man­ aperfeiçoamento do caráter cris-
damente em cada órgão, músculo têm seus processos em equilíbrio. tão, enquanto estivermos sendo in­
e nervo do corpo humano. De acor- Ellen White, ao focalizar o ser dulgentes para com o apetite em
do com as leis da genética, a pró- humano em sua totalidade, disse: prejuízo da saúde, e enquanto o or­
pria vida nasce da fusão de duas ‘‘Aquilo que corrompe o corpo ten- gulho da vida domina.” — Conse-
células. Forma-se um novo ser e se de a contaminar a alma.” — Con- lhos Sobre o Regime Alimentar,
multiplica com rapidez. No fim de selhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 57.
algumas semanas as novas células pág. 57. ‘‘Requer que nossos hábi­ Podemos dizer que temperança
se diferenciam em suas funções, tos no comer, beber e vestir sejam é viver ou funcionar dentro dos li­
de acordo com o tecido que for­ de tal modo asseguradores da saú- mites biológicos que foram estabe-
mam. É maravilhoso, porém, que de física, mental e moral que pos­ lecidos na própria criação. Todos
há íntima relação entre todo esse samos apresentar nossos corpos os sistemas ou aparelhos do orga­
conjunto de tecidos, órgãos e siste- ao Senhor, não como uma oferta nismo colaboram para manter o
12
equilíbrio biológico entre as subs­ nós mesmos, com os que nos ro- a relação de certos nutrientes com
tâncias no sangue e nas células, a deiam e com aqueles com os quais o trabalho do sistema nervoso, es-
fim de possibilitar o melhor traba­ diariamente nos pomos em contato pecialmente as substâncias neuro­
lho nos diversos tecidos e órgãos. tornará nossa vida abundante e transmissores, envolvidas nos pro-
Um bom exemplo é o açúcar ou gli­ feliz. Disse Jesus: “Eu vim para cessos mentais, incluindo a memória
cose no sangue, cujo índice varia que tenham vida e a tenham em Há um grande campo aberto pa-
de 70 a 100 miligramas por 100 abundância.” S. João 10:10. ra investigação nestas áreas para
mililitros de sangue, em jejum. O compreender o efeito da alimenta­
alto ou o baixo índice de glicose 4. Alimentação Racional ção no desenvolvimento e na saú-
ocasiona distúrbios que compro­ As funções do organismo depen­ de da mente e do tecido nervoso.
metem grandemente a saúde. Para dem da ingestão diária de substân­ Crianças desnutridas em tenra
manter o nível normal de glicose cias ou nutrientes nos alimentos. idade têm um número menor de cé­
no sangue, diversos mecanismos Estes devem ser escolhidos com lulas no cérebro. O tamanho des­
entram em ação para assegurar cuidado para satisfazer as neces- sas células também é menor. Não
esse equilíbrio e evitar as conse- sidades do organismo. Devemos sabemos ao certo o que isso impli­
qüências provenientes do excesso beber suficiente água para manter ca, mas essas crianças não têm a
ou da falta desse material. o equilíbrio hídrico. Cumpre evitar mesma agilidade mental para
Acontece a mesma coisa com o excesso de gorduras e açúcares aprender e para decidir que as
outras substâncias, como o cálcio, que aumentam as calorias sem au- crianças bem alimentadas.
o ferro, a hemoglobina, a albumina mentar os nutrientes. O regime ali- Nosso corpo não é uma estátua
e até mesmo a alcalinidade ou a mentar deve compor-se de grãos inerte forjada de um pedaço de
acidez do sangue (pH). A manuten­ ou cereais não refinados até onde mármore pelo cinzel e o martelo
ção desses limites biológicos cha- for prático, leguminosas, nozes e de um artista, mas é uma criação
ma-se homeostase — um termo sementes para complementar as viva, uma obra de arte biológica,
que se refere à resistência que o proteínas, abundância de frutas e dotada do poder de raciocinar, de-
organismo oferece à modificação vegetais para vitaminas e mine­ cidir, pensar e sentir emoções. Em
de suas condições internas. rais. Além disso, o leite e os ovos Seu grande amor. Deus proveu a
Procurar manter esses limites provêem excelente proteína e ou- via de comunicação com o homem
biológicos assegura a saúde do tros nutrientes. A falta de certos — o sistema nervoso — que permi-
corpo e da mente. Vários fatores nutrientes é crucial para as célu­ te o trabalho do Espírito Santo, pa-
nos ajudam a viver eficazmente. las, incluindo as células nervosas ra a formação do caráter que nos
Mencionaremos alguns: que dependem do sangue para ob- guia para viver uma vida abun­
ter o que necessitam. Hoje o enfo­ dante e nos prepara para as ale-
1. Domínio-Próprio que de muitos estudos científicos é grias da vida futura.
Arquivo Casa
Abster-se do que é prejudicial,
usar com moderação o que é bom e
dominar a própria vida é difícil.
Paulo expressou-o desta maneira:
"Porque não faço o bem que prefi­
ro, mas o mal que não quero, esse
faço.” Rom. 7:19. No entanto, ele
mesmo nos dá a solução: “Tam-
bém o Espírito, semelhantemente,
nos assiste em nossa fraqueza;
porque não sabemos orar como
convém, mas o mesmo Espírito in­
tercede por nós sobremaneira com
gemidos inexprimíveis.” Rom.
8:26.
2. Temperança
"A fim de que a saúde seja pre-
servada, é necessária a temperan­
ça em todas as coisas — no traba-
lho, no comer e no beber. Nosso
Pai celestial enviou a luz da refor­
ma pró-saúde a fim de proteger
contra os males resultantes do
apetite pervertido, de modo que os
que amam a pureza e a santidade
possam saber como usar com dis­
crição as boas coisas que lhes pro­
veu, de forma que pelo exercício
da temperança na vida diária, se-
jam santificados pela verdade.”
— Conselhos Sobre o Regime Ali-
mentar, pág. 23.
3. Viver Plenamente
Viver em paz e boa vontade com
13
____________________ TEOLOGIA_____________________

A Mordomia em
Seus Aspectos
mais Amplos
L. E. Froom
O Pastor LeRoy E. Froom, falecido em 1974, era um dos mais
brilhantes historiadores e teólogos de nossa Igreja. Este artigo
foi publicado originalmente na revista The Ministry, em junho de 1960.
Depois de 23 anos continua sendo uma das obras mais profundas
e incisivas que já foram escritas sobre o amplo conceito de mordomia,
tal qual é ensinado pela Igreja no tempo presente.
Podemos considerar o Pastor Froom como um dos precursores do novo
enfoque da doutrina de mordomia na Igreja Adventista.

O crime dos séculos é o abjeto babilônica. Também incidiu sobre chamamos de dinheiro e que pare-
aviltamento do dinheiro. A cobiça Geazi, o qual correu atrás de Naa­ cemos desprezar em ocasiões de
é um dos mais cruéis inimigos do mã e, com palavras mentirosas, enlevo espiritual, deve ser evitado.
homem. Tem advindo mais sofri­ recebeu dois talentos de prata e Nossas sensibilidades espirituais
mento à raça humana através do duas vestes festivais, mas a lepra são tão delicadas que somos pro­
flagelo do ouro do que através de de Naamã se pegou a ele. A morte pensos a elevar-nos acima de um
qualquer outra fonte. Ele tem ins­ feriu a Ananias e Safira, os quais assunto tão sórdido. Quando um
pirado as mais vis e pérfidas ações retiveram parte do preço. É sobre pregador fala sobre dinheiro, é
na história do mundo. Impérios e este pecado que estou falando. Há provável que ele será criticado
nações foram arruinados, conti­ milhares de pessoas que retêm e por alguns que clamam pelo
nentes se lançaram nas guerras usam sistemática e habitualmente “evangelho”. Se, porém, a questão
mais sangrentas e devastadoras, o dinheiro de Deus. O oitavo man­ do dinheiro não está incluída no
famílias e indivíduos se empenha­ damento não diz: “Não furtarás — evangelho, então Jesus passou
ram nas mais acirradas contendas exceto do Senhor.” Ah! cada um grande parte de Seu tempo pre-
e disputas, não por causa de penú­ de nós terá de comparecer peran­ gando e ensinando alguma coisa
ria e angustiante pobreza, mas de- te o tribunal de Cristo para pres- fora do evangelho, e grande parte
vido a injusto e perverso abuso do tar contas do que recebemos e do do Novo Testamento trata de um
dinheiro. A cobiça, “o pecado que que damos, do que acumulamos e assunto alheio ao evangelho. O
temos receio de mencionar”, é um do que gastamos, de nossos moti­ cristianismo aplicado requer que
dos pecados mais perigosos e fu­ vos e de nossos métodos. Tudo isso seja considerada a questão do di­
nestos mencionados na Bíblia. Um passará pela penetrante investiga­ nheiro. Isto é muitas vezes a prova
dos Dez Mandamentos versa ex­ ção dAquele cujos olhos são "co- decisiva de toda a nossa profissão
clusivamente sobre ele, e isto de­ mo chama de fogo”. religiosa.
nota que constitui um dos piores Posso inserir aqui algumas pala- Talvez imaginemos que o maior
inimigos da vida humana. vras sobre a relação entre a espi­ Mestre espiritual de todos os tem­
O pecado da cobiça não ficará ritualidade e o dinheiro? Reconhe­ pos Se restringisse a fazer discur­
impune. O desagrado divino inci­ ço que para muitos a questão do sos sobre fé, esperança e amor.
diu sobre Acã porque ele cobiçou dinheiro é um assunto delicado. Para muitos constitui uma verda­
e tomou a barra de ouro e a capa Esse metal ordinário e sujo que deira surpresa ficar sabendo
14
quanto Jesus tinha que dizer sobre lação para com Deus. za. Referências à mordomia fulgu-
o uso correto ou errado de proprie- Em S. Mateus 23 Jesus profere ram na Bíblia do Gênesis ao Apo-
dades ou dinheiro. Isto era o as- um "ai" sobre os dizimistas litera­ calipse, incrustadas em suas pági­
sunto da maioria de Suas mensa­ listas que violam tão flagrante- nas como verdadeira via-láctea —
gens e parábolas. É-nos declarado mente todo o espírito da devolução 1.565 ao todo. Portanto não preci-
que um versículo de cada seis em do dízimo. Em S. Mateus 25 encon- so pedir desculpas por conduzir
S. Mateus, S. Marcos e S. Lucas tra-se a parábola dos talentos. O vossa mente, durante breve espa­
versa sobre dinheiro, bem como Mestre salienta várias vezes o ço de tempo, a este aspecto finan­
dezesseis das vinte e nove princi­ princípio de que Deus deixou esses ceiro da questão de mordomia.
pais parábolas. talentos em custódia, e somos res­ Devidamente compreendido e
ponsáveis a Ele. Em S. Marcos 12 praticado, devolver o dízimo cons­
O Que Jesus Pensava e Disse Jesus está sentado diante da caixa titui um ato de adoração tão essen­
Sobre o Dinheiro das ofertas, e extrai uma lição da cial como a oração e o louvor. Ado-
O que os homens pensam é irre­ viúva e suas duas pequenas moe­ ração é a entrega de si mesmo a
levante, mas é de capital impor- das. O ato de dar dinheiro — uma Deus. O dinheiro, em certo senti-
tância saber o que Jesus pensava e parte de nossa vida religiosa — do, é uma parte da própria pessoa,
disse sobre o dinheiro. Examine­ sendo observado por Cristo! Que pois requer o uso do cérebro e dos
mos rapidamente os pontos altos pensamento! Lemos em S. Lucas músculos. "Que darei ao Senhor?”
de Seus ensinos. Comecemos com 12:15: "Tende cuidado e guardai- pergunta o salmista. A resposta é
o maior sermão do mundo, em S. vos de toda e qualquer avareza; louvor, adoração, culto, coração,
Mateus 6:19-34. Notemos as fra­ porque a vida de um homem não vida e dinheiro. Semelhante reco-
ses: ‘‘Não acumuleis para vós ou- consiste na abundância dos bens nhecimento não é nada menos que
tros tesouros sobre a Terra.” que ele possui.” E em seguida vem um ato de adoração. Os cristãos
“Ninguém pode servir a dois se- a parábola do rico insensato e a
pergunta: “E o que tens prepara­ chineses chamam os dízimos de
nhores." “Não andeis ansiosos pe- “dinheiro fragrante”. O incenso,
la vossa vida, quanto ao que ha­ do, para quem será?”
Em S. Lucas 16 se encontra a com sua coluna de aromática fu­
veis de comer ou beber.” “Buscai, maça ascendente, sempre tem sido
...em primeiro lugar, o Seu reino e parábola do mordomo injusto. Este
é o aspecto culminante. Mordomo! um símbolo de devoção. "E o Se-
a Sua justiça, e todas estas coisas nhor aspirou o suave cheiro.”
vos serão acrescentadas.” Em S. e o direito de proprietário da parte
Mateus 19:16-22 encontra-se a en- de Deus! Como podemos fazer se­ É verdade que o ponto essencial
trevista com o jovem e rico prínci- melhante estudo sem ficar profun­ não é o dízimo, mas o dizimista;
pe. Atentemos nas palavras: “Ven­ damente impressionados de que a não a dádiva, mas o doador; não o
de os teus bens, dá aos pobres,... respeito dessa questão monetária dinheiro, mas o homem; não as
depois vem, e segue-Me.” não somente há perigo mas tam- posses, mas o possuidor. A profis-
A dificuldade era que esse jo­ bém abundante orientação e ajuda? são não é suficiente. Ela deve ser
vem não se considerava mordomo, A fim de livrar-nos das ciladas acompanhada pela realidade. A
e, sim, proprietário. Caso tivesse a do ouro necessitamos da forte pro- consagração precisa ser observa­
verdadeira visão, não acharia pe­ teção da graça de Deus por meio da atentamente para ver se é rea-
noso desfazer-se do dinheiro do da segurança dessa relação de lidade ou impostura. E o dízimo é a
Senhor. Deus submeteu Abraão à mordomia para com Ele. Isto é es- maneira mais tangível, pessoal,
prova, mas não permitiu que ele a pecialmente verdade nestes últi- prática, proporcional e poderosa
levasse a cabo. Cristo submeteu o mos dias de predominante avare- de reconhecer o direito de proprie-
jovem príncipe à prova, e ele fra­
cassou. Caso houvesse começado
a cumpri-la, Jesus certamente o te-
ria detido. Não queria o seu di­
nheiro; desejava salvar-lhe a al-
ma. “Quão dificilmente entrarão
no reino de Deus os que têm rique­
zas!” S. Mar. 10:23.
Quando Jesus acabou de falar
com o jovem príncipe, Pedro per-
guntou: “Que receberemos?”, e Je-
sus assegurou-lhe o cêntuplo das
necessidades materiais e a vida
eterna. (S. Mat. 19:27-29, Almei­
da, antiga.) Então, em S. Mateus
20, temos a parábola do chefe de
família; em S. Mateus 21, a pará-
bola da vinha e dos lavradores in­
fiéis; e em S. Mateus 22, os fari­
seus procuram enredá-Lo em im­
postos e dízimos. Ele replica: "Dai,
pois, a César o que é de César, e a
Deus o que é de Deus." Assim Cris-
to reconhece o direito do Estado de
lançar impostos sobre os cida­
dãos. É claro e lógico que Ele Se
refere à devolução do dízimo, na
mesma frase, ao falar de nossa re-
15
tário da parte de Deus e a mordo­ com o capital de Deus, provido sob
mia do homem inventada desde a A lição do a condição de que Ele receba um
criação do mundo. décimo, seja o Credor de preferên-
Pentecostes é a cia e Sua parte venha primeiro.
Espiritualidade, Não Comunismo, certeza de que Por conseguinte, devolver o dízimo
no Pentecostes é o reconhecimento do direito de
quando o Espírito proprietário da parte de Deus sob
Isso não foi comunismo ou socia­
lismo, nem um nivelamento para Santo entra no Suas próprias condições. Esta
cima ou para baixo. A essência do coração em sua cláusula perpétua é fundamental­
comunismo é “nós mesmos”; o mente correta e estará em vigên­
âmago da mordomia é “outros”.
plenitude, as posses cia enquanto durar a vida huma-
Eles são tão afastados como os pó­ terrenas perdem o na. Tal é a verdadeira filosofia
los, e tão diferentes como o dia e a cristã do dinheiro ou da proprieda­
noite. O socialismo é uma filosofia
primeiro lugar, e o de. Se me torno remisso, sou indig­
de vida falsa e ilusória. Eis a sua dinheiro só tem no da confiança que é depositada
acrimônia: ela se demora numa em mim e passo a ser um defrau­
utopia de meias-verdades. Procla-
valor como meio de dador perdendo meu direito de so­
ma nobres ideais de igualdade, provar nosso amor a ciedade com Deus. Ai daquele que
fraternidade e justiça — sem viola essa obrigação!
Deus. Mas na experiência real ela
Deus e prestar Tal reconhecimento do supremo
sucumbe diante do fato inexorável serviço a nosso domínio de Deus torna-se uma tre-
menda compulsão na vida espiri-
de que os homens são egoístas, próximo. tual, a operação de um princípio e
desconfiados, gananciosos — e in­
capazes de regenerar-se por si um privilégio que assinala sua am­
mesmos. A mordomia reconhece, pliação, pois conscientemente en­
porém, que Deus é o supremo Dono mais movimentado do mundo re- tro em sociedade com Deus na to­
das propriedades e dos recursos. belde, e ao entregarmos nosso dízi- talidade da vida. É uma contínua
Afirma que a posse sob a Sua tute­ mo ao tesouro do Senhor com o confissão de minha limitação e de-
la constitui o desafio da adminis- mesmo espírito, estamos exercen­ pendência, e Seu amoroso cuidado
tração fiel. Embora não reivindi­ do a mesma fé. Não podemos ser- está continuamente diante de
quemos direitos de propriedade, vir a Deus e ao dinheiro, mas pode- mim. Assim o ato de devolver o dí-
não podemos honestamente de­ mos servir a Deus com o nosso di­ zimo torna-se, como deve ser, es-
sempenhar o dever de depositá­ nheiro. A queixa quanto à tremen­ sencialmente uma questão do co-
rios transferindo a administração da necessidade de mais dinheiro ração, ao passo que a mordomia
ao corpo coletivo da sociedade. O para a obra de Deus hoje em dia é faz da vida uma vocação sagrada.
próprio indivíduo, e não outro, é simplesmente uma evidência da Sou o homem de Deus e Ele é meu
responsável a Deus. escassa medida em que o poder do Deus, o que constitui a verdadeira
A mordomia foi gloriosamente Espírito Santo é conhecido entre relação do novo concerto.
real no tempo da chuva temporã. nós.
Sob a chuva serôdia, ela está fada­ O Homem Como Mordomo,
Fruição, Não Direito Não Como Depositário
da a ocupar novamente o lugar de Proprietário
que lhe foi designado. Quando o Em relação com isto, o vocábulo
Espírito Santo desceu no Pentecos­ Volvamo-nos agora do aspecto “depositário” é demasiado frio e
tes para habitar nos homens, Ele estritamente monetário para a formal. Quando muito, ele apenas
assumiu o domínio e controle de to- consideração dos poderosos prin- é sugestivo. O depositário adminis-
da a vida dessas pessoas. Não de- cípios que constituem as pedras tra os bens de um testador faleci­
via haver coisa alguma que não es­ fundamentais da mordomia. Pen­ do ou ausente. Seu serviço é con-
tivesse sob a Sua inspiração e di­ semos mais uma vez no direito de trolado por verificações e requisi­
reção. Era inevitável, portanto, proprietário da parte de Deus. O tos legais. Jesus emprega o vocá­
que as posses e propriedades dos mundo é do Senhor porque Ele o bulo oriental “mordomo”, que não
discípulos e seu dispêndio de di­ formou. Sem a Sua perpétua pre- somente é um depositário e um
nheiro estivessem sujeitos a Sua servação, ele se desintegraria. servo, mas também um amigo.
autoridade. Suas rendas e seus Deus tem, portanto, direitos de Mordomo é o intérprete da vonta-
gastos eram dominados pelo Espí- proprietário, em todas as coisas de de seu vivente e amoroso Se-
rito Santo e governados por este do homem. É verdade que o ho- nhor. E um dos privilégios do mor­
princípio. A salvação não seria mem possui; mas posse não é direi­ domo é partilhar do que ele ajuda
completa e adequada se não pro- to de proprietário. Devolver o dízi- a produzir. Esta designação impli­
vesse libertação do maléfico poder mo indica se reconhecemos que ca toda a atitude cristã para com
do dinheiro. apenas somos depositários ou se a propriedade, renda, salário e ri­
A lição do Pentecostes é a certe- nos fazemos de proprietários. queza.
za de que quando o Espírito Santo Energia vital em qualquer for- “Mordomo” provém do grego oi-
entra no coração em Sua plenitu­ ma — física, mental, moral ou es- konomos, que deu origem à pala­
de, as posses terrenas perdem o piritual — é um depósito de Deus. vra “economista”. A mordomia
primeiro lugar, e o dinheiro só tem Separados dEle nada podemos fa- não é um cargo de servilismo, mas
valor como meio de provar nosso zer. Não podemos produzir nem uma relação confidencial de leal-
amor a Deus e prestar serviço a ganhar coisa alguma sem a contí­ dade. O mordomo é responsável
nosso próximo. Deus e eu somos nua cooperação do Criador. Toda por administrar os interesses de
sócios e cooperadores. As pala- pessoa que vem ao mundo é deve- seu sócio principal na ausência
vras são abundantes, baratas e fá­ dor a Deus e dependente de Seus deste. Não é um simples servo. É
ceis. No entanto, ao exercermos fé benefícios. Vivemos à custa do nosso ditoso privilégio elevar-nos
descansando no sábado, o dia tempo de Deus, fazemos negócios da posição de servidão legal para
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a de amizade. Abraão, que dava o Deus. Cumpre repetir que todas as mo não nos dá permissão para
dízimo, “foi chamado Amigo de leis de Deus são para a felicidade usar o resto como acharmos con-
Deus", ao passo que “o servo não e o bem-estar espiritual e temporal veniente. Envolve o ato de receber­
sabe o que faz o seu senhor”. de Suas criaturas. Detrás de toda mos, retermos e gastarmos de
Quanto à justeza da reivindica­ ordem há uma necessidade básica acordo com a vontade de Deus.
ção de Deus sobre o dízimo, pode- para fazer exatamente o que é or­ Provendo o motivo dominante tan-
mos citar uma analogia da vida se- denado. As leis de Deus não criam to ao receber como ao dar, a mor­
cular. Estamos familiarizados com deveres, elas os definem. Assim, domia atinge todo o uso do dinhei­
a ética das obrigações humanas, e toda lei moral constituía uma ne* ro. É por isso que a mordomia é
a aprovamos. É uma regra de hon- cessidade antes de sua promulga­ muito mais profunda do que dar o
ra entre todos os homens pagar o ção. Esse é o eterno fundamento dízimo, como geralmente se enten­
valor suficiente pelo uso de dinhei­ da mordomia. de, pois abrange todos os aspectos
ro ou propriedades pertencentes a da vida. Requer a mais completa
outras pessoas. Esta é a lei funda- Agora, apenas mais algumas consagração em prestar a Deus o
mental de nosso sistema econômi­ palavras sobre a aplicação do que Lhe pertence, fazendo em to-
co. O Estado arrecada impostos, o princípio da mordomia. Ele se apli­ dos os setores da vida o que Cristo
emprestador cobra juros, o loca- ca aos nove décimos bem como à quer que façamos, reconhecendo
dor recebe aluguel. Tudo isso é pa­ décima parte. A devolução do dízi- em todas as ocasiões Seu direito
go em reconhecimento dos direitos Arquivo Casa
dos outros, e constitui uma lem­
brança de nossas obrigações e da
limitação de nossos direitos e auto-
ridade. Tudo isso é reconhecido
como legítimo.
Deus está, porém, acima do go­
verno, da sociedade, das pessoas
jurídicas ou dos indivíduos. E o di­
reito de proprietário da parte de
Deus, que envolve a mordomia dos
seres humanos, encerra solene
responsabilidade. E temos o positi­
vo, pessoal, periódico e primordial
dever de reconhecê-Lo no paga­
mento do dízimo. Deus não precisa
de nossos dízimos. Ele pode tomar
os dez décimos da maneira que
Lhe apraz. Mas a execução do
princípio é necessária ao homem.
Deus não quer nosso dinheiro, mas
nossa afeição, nossa confiança e
fé em nosso amoroso Sócio divino.
O Dízimo Foi Estabelecido
Para o Benefício do Homem
Deus nunca estabelece qual-
quer lei ou instituição arbitrária
— espiritual, moral, mental ou físi­
ca — que não seja para o benefí­
cio do homem. O dízimo não é uma
exceção. Ele não é para benefício
de Deus, mas para nosso próprio O cristão, como
benefício. Caso não fosse para o mordomo,
desenvolvimento de nosso caráter. procurará
Deus não o teria ordenado. Como desenvolver os
sabemos, “o sábado foi estabeleci- recursos e as
do por causa do homem, e não o aptidões que o Céu
homem por causa do sábado” (S. colocou à sua
Mar. 2:27). Semelhantemente, o disposição, e isto
dízimo foi estabelecido por causa abrange também o
do homem, e não o homem por cau- uso correto do
sa do dízimo. As leis de Deus vêm tempo e a
à existência com as coisas a que preservação da
se aplicam. São o resultado da re­ agilidade física.
lação produzida.
A mordomia tornou-se atuante
no momento em que Adão foi cria­
do como “alma vivente" por seu
Criador. Não se baseou, portanto,
em explícita promulgação legal.
Se não houvesse uma terceira par-
te, Adão ainda seria responsável a
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de proprietário e soberania. Isto é nhecimento da mordomia ergue a niciosos. Os mordomos são repre­
justiça aplicada e uma demonstra­ vida a um nível completamente di­ sentantes bem como servos. Vive­
ção de fé. ferente. “Oportunidade mais habi­ rão de tal modo que manifestem o
lidade é igual a dever.” Ele envol­ espírito de seu Mestre. Sua vida
O Princípio de Mordomia ve honestidade e justiça em todas será assinalada pela ausência de.
Abrange Mais do que Dinheiro as transações com os nossos seme­ ostentação. Um décimo para Deus
O princípio de que a consagra­ lhantes. Não há mordomia digna jamais santificará nove décimos
ção pessoal vem antes da consa­ desse nome que não envolva a re- usados em condescendência pes-
gração da carteira, de que a con- lação de uma pessoa com todas as soal. O dinheiro é o supremo meio
sagração do próprio eu vem antes outras pessoas. Onde isto é posto de que o mundo dispõe para satis-
da consagração da riqueza, é ex­ em prática, nenhum dólar ou cru­ fazer seus desejos. Mas não deve­
presso nestas palavras da Escritu- zeiro desonesto será levado à casa mos ser “do mundo”. Devemos re-
ra: “Deram-se a si mesmos primei- do tesouro. velar, no uso que fazemos do di­
ro ao Senhor” (II Cor. 8:5). Dar di­ Além disso, o reconhecimento nheiro, que somos dirigidos por um
nheiro não substitui a entrega de de que Deus está acima de todos princípio celestial. Temos de an­
nós mesmos. A reserva de lugares evitará o rancor e a contenda en- dar como os que “crucificaram a
no Reino não está à venda por di­ tre empregadores e empregados. carne, com as suas paixões e con­
nheiro. Pedro disse para Simão, o Dará um caráter definido a todas cupiscência” (Gál. 5:24).
Mágico: "O teu dinheiro seja con­ as transações comerciais. A vida Uma das maneiras mais efica­
tigo para perdição, pois julgaste não se dividirá entre o que é secu­ zes para manifestar e manter a
adquirir por meio dele o dom de lar e o que é sagrado. Nossos negó- crucifixão da carne é nunca usar
cios serão tão sagrados como con­ o dinheiro para satisfazê-la. Pro-
Deus.” Tenhamos cuidado com a sideramos o culto de oração, e se-
doutrina de Simão, o Mágico! Libe­ curemos encher a vida com os
rão efetuados no temor de Deus. mais amplos pensamentos do po-
ral oferta de serviço ou dinheiro Tornamos a dizer que vivemos der espiritual do dinheiro. Toda a
não constitui um sucedâneo de num século de acumulação de ri­ nossa vida poderá então ser forta­
consagração defeituosa e inade­ quezas. O dinheiro exerce um es- lecida pelo modo como lidamos
quada. Por outro lado, se professa­ tranho poder paralisante. A ten­ com o dinheiro. Assim, quando os
mos dar-nos a nós mesmos e então dência é ajuntar e excluir do servi­ princípios de mordomia obtêm su­
retemos nossos recursos, estamos ço de Deus o ouro e a prata que premacia na vida, a alma é ilumi­
perigosamente perto de ser segui­ Lhe pertencem e dedicá-los ao nada, o propósito torna-se firme,
dores de Ananias e Safira, que re- enaltecimento do próprio eu. Ou- os prazeres sociais são desbasta-
tiveram parte do preço. Tudo tra força então se apodera da al- dos dos aspectos prejudiciais, a vi-
constitui um depósito sagrado que ma. Quanto mais os homens têm, da comercial é conduzida de acor-
deve ser mantido ou usado da ma- mais querem ter, e a extravagân­ do com a regra áurea, e a conquis­
neira indicada por Deus. Eis aqui o cia vai na esteira da opulência, ta de almas torna-se a paixão do­
ponto crucial da mordomia! Fa­ pois o aumento de riquezas multi­ minante. Tais são as copiosas bên­
lhar neste sentido significa falhar plica nossos desejos. Naturalmen­ çãos das provisões de Deus numa
em tudo. te, há grande diferença entre nos- vida de fé e fidelidade.
sos desejos e nossas necessidades. Na realidade, ser mordomo é al-
Pensemos por um momento na Aquilo que é considerado luxo
aquisição de dinheiro. O homem go solene. Os mordomos têm de
quando o salário é escasso, torna- guardar alguma coisa e prestar
foi formado com uma faculdade se uma pretensa necessidade
aquisitiva. Onde quer que seja es­ contas. Todo guarda-livros tem de
quando aumenta a renda. enfrentar a chegada do revisor de
tabelecida a civilização, a cunha­
gem de dinheiro é um dos primei­ O dinheiro é o grande criador de contas. É uma coisa séria possuir e
ros passos no avanço do barbaris- desejos, princípalmente artifi­ manusear a prata e o ouro do Cria-
mo para a civilização. E quanto ciais. Sem dinheiro estamos em dor de todas as coisas, do Juiz de
mais elevada e amplamente indus­ verdadeira necessidade. Com di­ toda a Terra. Se constitui um cri­
trializada for a civilização, tanto nheiro estamos em necessidade me que o caixa se apodere dos fun­
mais o dinheiro se tornará uma ne- artificial. Como mordomos, preci­ dos colocados sob os seus cuida-
cessidade e circulará amplamen­ samos estar de sobreaviso neste dos; se é um crime que um execu­
te. Os incivilizados conseguem ir século de gastos exorbitantes. In­ tor testamentário se aproprie de
passando com permutas, mas nos justificável extravagância — rou­ recursos que ele mantém em cus­
países civilizados há crescente ne- bando o dinheiro que pertence a tódia para outras pessoas; se cons­
cessidade de dinheiro. E a tendên- Deus, promovendo o egoísmo e o titui uma injustiça que um empre-
cia é tornar a aquisição de dinhei­ orgulho, e satisfazendo aos mais gador retenha os salários de seus
ro a ocupação universal. Para baixos instintos e apetites de nos- empregados, que diremos do delito
grande número de pessoas isso sa natureza — é um dos pecados intencional de agir fraudulenta­
constitui o principal objetivo de do tempo presente. mente como mordomo de Deus? As
sua vida. Mais do que qualquer ou- terríveis possibilidades devem
tro período anterior, nosso século A Economia Resulta da Mordomia levar-nos a encarar nosso encargo
é preeminentemente um século de Para com Deus de maneira solene. Há, porém, es­
ganhar dinheiro. Há mais perigos A mordomia conduz à economia, tas ditosas palavras que poderão
relacionados com o dinheiro do que é muitíssimo diferente da mes­ pertencer-nos: “Muito bem, servo
que em qualquer ocasião prece­ quinhez. "Tempo é dinheiro"; mas bom e fiel.”
dente. Cuidemos para que isso não o dinheiro, ao contrário do tempo, Tais são alguns dos princípios
venha a ser a paixão dominante na pode ser economizado, ao passo da mordomia humana e do direito
vida, pois devido ao amor ao di­ que ambos podem ser gastos de de proprietário da parte de Deus.
nheiro o homem se torna mesqui­ maneira sensata ou insensata. A Maravilhosa relação e sociedade,
nho, egoísta, ganancioso e indife- avareza gananciosa e o desperdí­ e admirável escola de preparo pa­
rente para com Deus. Mas o reco­ cio perdulário são igualmente per­ ra o caráter!
18
A Igreia
e Israel
Arquivo Casa

Dr. Hans K. LaRondelle anunciou igualmente que Israel,


Professor de Teologia na Universidade Andrews. assim como outras nações, incor­
rería na justiça punitiva do Senhor
por causa de sua apostasia religio-
sa de Yahweh e devido a sua injus­
tiça social (ver Isa. 10). No entan-
Diz-se que a eclesiologia ou a prometidas por Deus para o pre- to, Deus salvaria misericordiosa­
doutrina da Igreja é a “pedra de sente e para o futuro? Outras mente "o remanescente de Israel”,
toque” ou a prova decisiva do dis- questões que devem ser examina­ “a santa semente" em Sião nos fo­
pensacionalismo.1 Carlos C. Ryrie das são as seguintes: Quando, exa- gos purificadores do juízo (ver Isa.
afirma que a Igreja é distinta e se- tamente, começou a Igreja de 1:24-26; 4:2 e 3; 6:13; 10:20-22).
parada de Israel em dois aspectos: acordo com Cristo? E como Cristo Este remanescente santo está ins-
1) na Igreja os gentios são coloca­ e os escritores do Novo Testamen­ crito “para a vida” (Isa. 4:3), como
dos em pé de igualdade com os ju- to aplicam realmente os antigos o herdeiro das promessas de elei-
deus; e 2) Cristo habita na Igreja concertos de Deus com Abraão, ção, porque é um remanescente
como Seu corpo espiritual. com Israel e com Davi? que confia e crê inteiramente em
Ele infere que a Igreja era des­ Yahweh (ver Isa. 10:20 e 21;
conhecida nos tempos do Antigo O Conceito do Remanescente 30:15).
Testamento, pois o apóstolo Paulo no Antigo Testamento Tanto Amós como Isaías reve-
a chama de “mistério” (ver Efés. lam um surpreendente mas essen­
3:4-6; Colos. 1:25-27) e se refere A teologia dispensacional aceita
o fato de que o Antigo Testamento cial característico das promessas
explicitamente à Igreja de Cristo ao "remanescente” de Israel: Um
como “um novo homem” (Efés. faz distinção entre o Israel nacio-
nal e o Israel espiritual dentro des- remanescente de gentios de todas
2:15), uma criação que constitui o as nações que cressem em Yah­
resultado da morte de Cristo. A sa nação. Ryrie declara: “Esta es­
pécie de distinção dentro da nação weh também seria atraído para o
Igreja é edificada sobre a ressur- círculo do remanescente escatoló­
reição e a ascensão de Cristo (ver foi feita muitas vezes no Antigo
Testamento.”5 Esta é realmente gico de Israel e da casa de Davi:
Efés. 1:20-23; 4:7-13) e só se tor­ “Naquele dia levantarei o taber­
nou atuante no dia de Pentecostes uma distinção bíblica de profunda
significação teológica. Os profetas náculo caído de Davi, repararei as
(ver Atos 2). Por conseguinte, a suas brechas; e, levantando-o das
Igreja não faz parte das profecias expressaram essa distinção em
sua idéia acerca do “remanescen­ suas ruínas, restaurá-lo-ei como
do Antigo Testamento e “não está fora nos dias da antiguidade; para
cumprindo as promessas de Israel”. te”, o âmago e centro de suas pers­
pectivas escatológicas. que possuam o restante de Edom e
Conseqüentemente, “Israel mesmo todas as nações que são chamadas
precisa cumpri-las, e isso no futu- Amós foi o primeiro profeta que
rejeitou a idéia popular de que Is- pelo Meu nome, diz o Senhor, que
ro”.2 A Igreja será arrebatada do faz estas coisas." Amós 9:11 e 12.
mundo antes de Deus lidar nova- rael como um todo nacional seria
salvo no Dia do Julgamento do Amós predisse claramente que
mente com Israel. Ryrie deduz: "A pela soberana vontade e determi­
essência do dispensacionalismo, Mundo por Yahweh (ver Amós 3:2;
9:1-4, 9 e 10). Ele realçou a condi­ nação de Yahweh um remanescen­
então, é a distinção entre Israel e te de não-israelitas, provenientes
a Igreja."3 Ele recorre a I Corín­ ção fundamental da resposta reli-
giosa de Israel às promessas do de Edom e de todas as nações,
tios 10:32 para confirmar sua tese também participará da promessa
de que “o Israel natural e a Igreja concerto: “Buscai ao Senhor, e vi­
vei, para que não irrompa na casa do concerto de Davi.6 Tais gentios,
também são postos em contraste assim como Israel, seriam chama-
no Novo Testamento".4 de José como um fogo que a consu­
ma." Amós 5:6. dos pelo honroso nome de Yah­
No entanto, a questão não é: O weh, e pertenceríam portanto ao
Novo Testamento estabelece um Só um "remanescente” do Is- povo de Yahweh (comparar com
contraste entre a Igreja e o “Israel rael nacional sobrevivería ao futu- Deut. 28:10).
natural"?, e, sim: É a Igreja cha- ro juízo de Deus (ver Amós 3:12; O profeta Isaías revela ainda
mada "o Israel de Deus" no Novo 5:15). Esse “restante de José” se- mais como a universal procura de
Testamento, e é apresentada aí co- ria portanto um remanescente re­ todos os gentios por parte de Deus
mo o novo Israel, o único herdeiro ligiosamente fiel. finalmente se cumprirá por meio
de todas as bênçãos do concerto Em Jerusalém, o profeta Isaías de um novo Israel cujo caracterís-
19
tico essencial não será a descen­
dência étnica de Abraão (o sangue
de Abraão), mas a fé, a adoração
do Senhor em espírito e em verda-
de. Isaías contempla um futuro —
após o exílio babilônico — em que
duas classes de pessoas, estran­
geiros e eunucos, que estavam
proibidos de entrar na assembléia
que prestava culto a Yahweh, se-
gundo a lei de Moisés (ver Deut.
23:1-3), terão o direito de adorar
no novo templo no Monte Sião, se
aceitarem a Yahweh e Seu concer­
to com Israel. “Também os levarei
ao Meu santo monte, e os alegrarei
na Minha casa de oração; os seus
holocaustos e os seus sacrifícios
serão aceitos no Meu altar, por­
que a Minha casa será chamada
casa de oração para todos os po-
vos." Isa. 56:7; comparar com 45:
20-25.
Quando os gentios, pela fé e pe-
la obediência, se unirem ao Se- A Rios
nhor (ver Isa. 56:3), o Deus de Is-
rael dará a esses estrangeiros no não podiam pertencer a ele.”8 manescentes dentre todas as na­
meio de Israel “um memorial e um Gerhard F. Hasel, em sua disser­ ções gentílicas.
nome melhor do que filhos e filhas; tação The Remnant (“O Remanes- Permanece a questão: Como es-
um nome eterno” (Isa. 56:5 e 6; cente”), considera o remanescente te Israel profético encontrará o
comparar com 56:3). Em outras em Isaías como “elemento-chave da seu cumprimento histórico? Isto só
palavras, os gentios que cressem teologia” desse profeta e deduz: se dará depois do segundo advento
desfrutariam os mesmos direitos e “[Isaías] não conhece a distinção en- de Cristo, durante o milênio? O
esperanças das promessas do con­ tre um remanescente ‘secular-profa- que o Novo Testamento revela so-
certo que os israelitas crentes. O no’ e ‘teológico’.” — Pág. 401. bre o remanescente do Antigo Tes­
Deus de Israel não restringirá Sua O profeta Miquéias une a promes- tamento?
restauração de Israel ao povo ju­ sa de um “restante de Israel" (Cap.
deu, mas também incluirá gentios 2:12) — o novo povo de Deus — com O Remanescente
crentes no Israel posterior ao exí- a promessa do Messias que procede­ do Novo Testamento
lio babilônico. “Assim diz o Senhor ría de Belém (cap. 5:2). Ele congre-
Deus que congrega os dispersos de gará o remanescente de Israel “co- Quanto ao cumprimento escato­
Israel: Ainda congregarei outros mo ovelhas no aprisco, como reba- lógico das profecias sobre o rema­
aos que já se acham reunidos.” nho no meio do seu pasto” (Cap. nescente no Antigo Testamento
Isa. 56:8. 2:12). “Ele Se manterá firme, e apas­ precisamos perguntar primeiro ao
Em outras palavras, o Deus de centará o povo na força do Senhor." Senhor Jesus Cristo como Ele, o
Israel revela claramente que Ele Cap. 5:4. verdadeiro Intérprete, compreen­
também reunirá crentes gentios no Em conclusão, sempre que os pro- dia e interpretava as promessas
aprisco de Israel. fetas do Antigo Testamento retra­ do concerto de Israel.
É evidente que Isaías confere ao tam o escatológico remanescente de Embora Cristo dissesse que Ele
“remanescente” profundo sentido Israel, ele é caracterizado como fiel só foi enviado às ovelhas perdidas
espiritual. O erudito em assuntos comunidade religiosa, que adora a da casa de Israel (ver S. Mat.
do Antigo Testamento, Edmond Ja­ Deus com um coração novo e de 15:24; cumpre notar, porém, que
cob, explica: “Em Isaías o rema­ acordo com o “novo concerto” (ver S. Mar. 7:27 diz “primeiro") e em­
nescente é essencialmente distinto Joel 2:32; Sof. 3:12 e 13; Jer. 31:31- bora Ele só enviasse primeiro Seus
de uma realidade puramente polí­ 34; Ezeq. 11:16-21). Este remanes- doze apóstolos às ovelhas perdi­
tica; é essencialmente um Israel cente fiel do tempo do fim tornar-se- das da casa de Israel (ver S. Mat.
Kata pneuma [segundo o Espírito].”7 á qual testemunha de Deus entre to­ 10:5 e 6), Sua perspectiva do futu-
O erudito no Antigo Testamento, das as nações para congregar ro abrangia a missão deles aos
Claus Westermann, afirma em sua também não-israelitas, sem levar gentios (ver S. Mat. 10:18; S. Mar.
conclusão de Isaías 56: “A qualida­ em conta sua origem étnica, no 13:10). Cristo até declarou explici­
de de membro da comunidade que verdadeiro culto e reino do Senhor tamente que Ele viera juntar os
adora a Yahweh agora se baseia na (ver Zac. 9:7; 14:16; Isa. 66:19; crentes gentios ao rebanho de Is-
resolução, na livre aceitação deste Dan. 7:27; 12:1-3). rael. Referindo-Se inequivocamen­
Deus e de Seu culto. Não é mais con- O quadro total do remanescente te à promessa de Isaías 56:8, Ele
siderada em termos nacionais, e, escatológico do Antigo Testamento anunciou: “Ainda tenho outras
sim, individuais. O povo escolhido revela que as bênçãos do concerto ovelhas, não deste aprisco; a Mim
transformou-se na comunidade que de Israel como um todo cumprir- Me convém conduzi-las; elas ouvi­
confessa.... Já mesmo aqui encon- se-ão, não no descrente Israel na­ rão a Minha voz; então haverá um
tramos importantes elementos do cional, mas somente naquele Is- rebanho e um Pastor.” S. João 10:
conceito de comunidade do Novo rael que é fiel a Yahweh e confia 16. A NSB reconhece que as “ou-
Testamento... Ele também ‘congre­ no Seu Messias. Este remanescen­ tras ovelhas” são os gentios de
ga’ Israel dentre os que até agora te de Israel incorporará os fiéis re­ Isaías 56:8.
20
Como Pastor messiânico, Cristo
declara aí que Ele foi enviado para
cumprir as promessas do concerto
referentes ao ajuntamento de Is-
rael.9 Como o Messias, Ele veio
reunir Israel a Si mesmo (ver S.
Mat. 12:30), e, mais do que isso,
reunir os gentios e todos os seres
humanos a Si mesmo (ver S. João
12:32). Isto requeria uma decisão
de fé nEle como o Messias de Is-
rael. Para esta missão universal
Ele chamou de Israel Seus doze
apóstolos, os quais, em seu núme-
ro escolhido, claramente repre-
sentam as doze tribos de Israel.
Ordenando oficialmente doze dis­
cípulos como Seus apóstolos (ver
S. Mar. 3:14 e 15), Cristo consti­
tuiu um novo Israel, o remanescen­
te messiânico dessa nação, e cha­
mou-lhe Sua Igreja (ver S. Mat.
16:18). Na ordenação dos Doze,
Cristo fundou Sua Igreja como no- A Rios
vo organismo, com sua própria es-
trutura e autoridade, dotando-a tribos de Israel (ver Apoc. 21:12). tios], isto é, para quantos o Senhor
com “as chaves do reino dos Contudo, a cidade tem muros com nosso Deus chamar.” Atos 2:39.
Céus” (S. Mat. 16:19; comparar fundamentos nos quais estão ins- Ele explica mais adiante: “E to-
com 18:17). Ele designou Seus doze critos os nomes dos doze apóstolos dos os profetas, a começar com
apóstolos para juizes das “doze de Cristo (ver Apoc. 21:14). “O que Samuel, assim como todos quantos
tribos de Israel” no mundo por vir Deus ajuntou não o separe o ho- depois falaram, também anuncia­
(S. Mat. 19:28; S. Luc. 22:30). Dis- mem.” ram estes dias.” Atos 3:24. Em ou-
se Ele a essa Igreja: “Não temais, Jesus revelou a verdade apoca­ tras palavras, desde o Pentecostes
ó pequenino rebanho; porque vos­ líptica de que Sua Igreja herdaria Deus estava efetuando o cumpri-
so Pai Se agradou em dar-vos o o reino juntamente com Abraão, mento de todas as profecias de Is-
Seu reino.” S. Luc. 12:32; ver Dan. Isaque e Jacó. “Digo-vos que mui- rael acerca da exaltação do Mes-
7:22 e 27. tos virão do Oriente e do Ocidente sias à destra de Deus (ver Atos
F. F. Bruce afirma que “o ato de e tomarão lugar à mesa com 2:33) e do ajuntamento messiânico
Jesus chamar os discípulos ao re- Abraão, Isaque e Jacó no reino dos do Israel de Deus. Portanto, a Igre-
dor de Si para formar o ‘pequeni­ Céus. Ao passo que os filhos do rei­ ja está claramente profetizada
no rebanho’ que devia receber o no serão lançados para fora, nas nas promessas do remanescente
reino... O distingue como o Funda­ trevas; ali haverá choro e ranger do Antigo Testamento, segundo é
dor do novo Israel.”10 de dentes.” S. Mat. 8:11 e 12; com­ confirmado por estes e outros es-
G. F. Hasel deduz o seguinte da parar com S. Luc. 13:28 e 29. critos do Novo Testamento,
pregação de fé e arrependimento Da posição de Cristo aprende- Referências
por parte de Jesus como condição mos que Sua Igreja não é separa­ 1. C. C. Ryrie. Dispensationalism Today
para entrar no reino de Deus (ver da do Israel de Deus nos concertos (Moody Press, 1965), págs. 132 e 133.
2. Idem. The Basis of the Premillennial
S. Mar. 1:15): “Dificilmente se po- do Senhor, porque é o verdadeiro Faith (Neptune. N. J.: Louizeaux Bros.. 1966).
de imaginar outra coisa que não remanescente de Israel, o Israel pág. 126.
seja o começo do ajuntamento de messiânico, o herdeiro de Deus. A 3. Idem, Dispensationalism Today (Moody
Press, 1965), págs. 46 e 47.
um remanescente de fé dentro do Igreja de Cristo só estará eterna­ 4. Idem. pág. 138
âmbito das esperanças do rema- mente separada do Israel natural 5. Ibidem.
nascente nas profecias do Antigo que rejeita a Cristo. 6. Ver G. F. Hasel. The Remnant. The His­
Testamento.”11 tory and Theology of the Remnant Idea from
A eleição e a ordenação dos do­ Genesis to Isaiah (Andrews University Mon.
Cristo estabelece Sua Igreja, ze apóstolos por parte de Cristo re- Vol. V, 1980, 3ª ed.), págs. 207-215, para uma
exposição mais pormenorizada de Amós 9:11
não ao lado de Israel, segundo as­ futa o conceito de que Sua Igreja e 12.
severa o dispensacionalismo, mas só começou a funcionar no dia de 7. E. Jacob, Theology of the Old Testament
como o fiel remanescente de Israel Pentecostes. A Igreja já existia, (Nova Iorque: Harper & Row, 1958), pág. 324.
que herda todas as promessas do pois os novos crentes eram explici­ 8. C. Westermann. Isaiah 40-66. A Com­
mentary (The OT Library. Filadélfia: The
concerto, incluindo a promessa da tamente acrescentados a ela (ver Westminster Press. 1977), págs. 313. 314 e
Nova Terra (não apenas a Palesti­ Atos 2:41). A mais clara evidência 315.
na). (Ver S. Mat. 5:5; comparar de que a Igreja não era uma enti­ 9. Ver E. Achtemeier, The Old Testament
and the Proclamation of the Gospel (Filadél­
com Rom. 4:13; II S. Ped. 3:13.) A dade que não fora prevista e pre­ fia: The Westminster Press, 1973), págs. 93 e 94.
Igreja, da maneira como é em Cris- dita é o fato de que tudo que acon- 10. F. F. Bruce, em The New Bible Dictio­
to, habitará finalmente junto com teceu no Pentecostes constituía nary (Grand Rapids. MI: Eerdmans. 1979),
o verdadeiro Israel da velha dis­ pág. 588.
um direto cumprimento da profe- 11. G. F. Hasel, no artigo "O Remanescen­
pensação numa só e mesma Nova cia. Pedro cita Joel 2:28-32 (ver te”, que será publicado em The International
Jerusalém (ver Apoc. 21). Os cris- Atos 2:16 em diante) e acrescenta: Standard Bible Encyclopedia. Seção III C 2.
tãos gentios entrarão nessa cidade Alguns artigos desta série se baseiam no li-
“Para vós outros é a promessa, pa- vro do autor, Christ in Armageddon, publica­
de Deus pelas doze portas em que ra vossos filhos [judeus], e para to- do em 1982 pela Pacific Press. Mountain
estão inscritos os nomes das doze dos os que ainda estão longe [gen­ View. Califórnia.

21
ARTIGOS GERAIS
te e indispensável companheiris­
mo e estímulo ao nosso esposo. É

Superando
um constante dar-se de si mesma!
Seria bem mais cômodo em cer-
tas ocasiões ficarmos sentadas ou­
vindo uma agradável música e len­
do um bom livro, do que correr a

Nosso Natural ajudar alguém. Aí, então, vem a lu-


ta: egoísmo e comodismo? ou al­
truísmo?
Ellen White dá-nos a resposta:

Egoísmo
“Todos os que estão relacionados
com a Obra do Senhor devem es-
tar constantemente em guarda
contra o egoísmo.” — Idem, pág.
96.
E mais: “Um serviço a meio,
amando o mundo, amando o eu,
amando divertimentos frívolos, faz
um servo tímido, covarde; segue a
LEAH S. DE SOUZA Jesus de longe. O serviço feito de
boa vontade e de coração a Jesus,
produz uma religião refulgente...
Necessitamos mais de Cristo e me-
Primeiramente, analisemos a não! A menos que façamos como o nos do mundo, mais de Cristo e me-
palavra egoísmo à luz da Psicolo­ apóstolo Paulo que crucificou o nos do próprio eu.” — Idem, pág.
gia. O prefixo EGO vem do latim e seu EU com Cristo. 431.
é parte da Psique, intermediária O vocábulo oposto a egoísmo é
entre o ID e o mundo exterior. altruísmo. Altruísmo é palavra Satanás caiu por ter sido egoís­
A PSIQUE é a manifestação de francesa criada por Augusto Com- ta. E ele quer que caiamos tam-
atividade mental ou psíquica em te e adotada pelos ingleses positi­ bém. Para isso ele envida todos os
cada um de seus diversos aspec- vistas para designar o oposto do seus esforços. Lemos em Testemu-
tos. É o nosso modo de ser. É o con­ egoísmo. Altruísmo, é, portanto, nhos Para Ministros, pág. 392:
junto dos nossos sentimentos ínti­ amor ao próximo; abnegação, fi­ “Hoje, como nos dias de Cristo, Sa­
mos. E, em última análise, é o nos- lantropia. Segundo o positivismo, o tanás governa a mente de muitos.
so próprio caráter. É o nosso EU, altruísmo é uma tendência tão ina­ Oh, se sua temível e temerosa obra
em seu mais profundo sentido. ta como os instintos egoístas. pudesse ser discernida e resistida!
Acrescentando-se a terminação Chegamos então à conclusão de O egoísmo tem pervertido os prin-
ISMO ao prefixo EGO, teremos a que a vitória sobre o egoísmo é di­ cípios, tem confundido os sentidos
palavra EGOÍSMO, que é a ten­ fícil, mas não impossível. A práti­ e anuviado o juízo.”
dência de ver no próprio EU a reali- ca do altruísmo nos capacitará a Logo mais estaremos ante o tri­
dade absoluta ou o valor exclusivo subjugarmos o nosso Ego, colocan- bunal de Deus. Seremos condena­
ou predominante. É o conjunto de do-o sob o controle de nossa razão. dos ou absolvidos. Nossa espiri­
propensões ou de instintos adapta­ A irmã Ellen White já sabia des- tualidade precisa crescer. Nossa
dos à conservação do indivíduo. sa possibilidade quando escreveu: fé precisa ser muito mais vigorosa
O dicionário da língua portugue­ “Beneficência constante e abne­ do que tem sido. O egoísmo que
sa nos dá uma definição clara e gada é o remédio que Deus propõe existe em nós é o responsável pela
muito simples de egoísmo. Diz: para os ulcerosos pecados do nossa debilidade espiritual. Deixe-
"Excessivo amor ao bem próprio, egoísmo e da cobiça.” — Lar Ad- mos falar mais uma vez Ellen Whi-
sem atender ao dos outros.” ventista, pág. 370. te: “A razão por que o povo de
O amor-próprio é necessário Precisamos convir que esta luta Deus não é mais espiritual, e não
quando se limita a esse conjunto não tem tréguas. Devemos estar possui maior fé, foi-me mostrado, é
de instintos e propensões que pos­ sempre vigilantes. “Guarda-te acharem-se amesquinhados pelo
sibilitam a conservação da nossa constantemente de ceder ao egoís­ egoísmo.” — Serviço Cristão, pág.
própria vida. É por possuirmos mo.” — Idem, pág. 103. 40.
amor-próprio que praticamos nossa Como esposas de obreiros e co- Superando nosso natural egoís­
higiene pessoal; vamos ao dentista mo obreiras, é grande nossa res- mo, é o título de nosso assunto. Já
e consultamos o médico quando ponsabilidade diante da igreja e vimos que não é algo fácil. Mas, vi­
não nos sentimos bem. É pela mes- diante do mundo que tão bem nos mos também que não é impossível.
ma razão que bebemos, nos ali­ observa. Às vezes parece que nos Mas, o mais importante, é que che­
mentamos e procuramos nos sen­ é pedido mais do que podemos dar. gamos à conclusão de que é abso­
tir bem. Seria desastroso para nós É um ensaio com os jovens; é a pre- lutamente necessário deixarmos
próprios; para nossa família; para paração de programas; são as todo o egoísmo se quisermos nos
nossa comunidade, enfim, se per­ crianças da igreja; as Dorcas; visi­ salvar e ajudar a salvar outros pa-
déssemos completamente o amor- tas aos lares de doentes e interes- ra o Reino de Deus. Jesus foi al­
próprio. sados; receber bem aos que che­ truísta durante toda a Sua vida e
O erro está no excessivo amor- gam em nosso lar; muitas vezes nos dará forças para sermos como
próprio e especialmente na última precisamos aconselhar pessoas Ele foi se tão-somente nos entre-
parte do conceito que diz: "... sem em crises. E, logicamente, o que garmos a Ele através da oração e
atender ao bem dos outros.” está em primeiro lugar — o cuida­ de um abnegado serviço. O altruís-
É fácil abandonarmos o egoís­ do e orientação de nossos filhos; o mo vencerá o egoísmo. Experimen­
mo? A resposta é um categórico cuidado do nosso lar e o importan- temos. ||
22
— PREGAÇÃO

Apelos
Evangelísticos
Eficazes
Melvin Nembhard

É um fato bem estabelecido vo. Embora do ponto de vista da ros de obra no evangelho! Meus
que o pescador deve pegar peixe. sabedoria humana isso pareça irmãos, estais lidando com as
Se não o fizer, estará desperdi­ ser uma insensatez, sua finalida­ palavras da vida; estais tratando
çando o seu tempo. O médico de- de é salvar os que crêem. com espíritos capazes do máxi­
ve necessariamente curar doen- 2. Outro propósito da prega- mo desenvolvimento. Cristo cru­
ças. Se constantemente deparar ção é persuadir as pessoas. Com cificado, Cristo ressurgido, Cris-
com perdas de vidas, talvez sua demasiada freqüência o pastor to assunto aos Céus, Cristo vindo
licença seja suspensa e sua repu­ talvez seja indiferente a sua res- outra vez, deve abrandar, ale­
tação arruinada. O agricultor de- ponsabilidade e pense que seu grar e encher o espírito do minis­
ve produzir frutas, verduras e trabalho está completo quando tro, por tal forma, que ele apre­
cereais, porque esta é sua fonte ele deu a advertência. No entan- sente estas verdades ao povo em
de subsistência. E o pastor preci­ to, tem mais do que a responsa- amor, e profundo zelo. O minis­
sa libertar pecadores pelo poder bilidade de advertir as pessoas. tro desaparecerá então, e Jesus
do Espirito Santo. "E assim, conhecendo o temor do será revelado.” — Obreiros
A serva do Senhor nos diz em Senhor, persuadimos aos ho- Evangélicos, pág. 159. Lemos
termos inequívocos: "Em cada mens.” II Cor. 5:11. Se a mensa- também em Atos dos Apóstolos,
discurso devem ser dirigidos ao gem não é persuasiva, as pessoas pág. 109: "Em todo o mundo ho-
povo fervorosos apelos para talvez sejam tão indiferentes co- mens e mulheres olham atenta­
abandonar seus pecados e vol- mo o pregador. mente para o Céu. De almas ane-
ver-se a Cristo. Os pecados popu­ 3. A pregação tem de trazer lantes de luz, de graça, do Espí-
lares e as condescendências de convicção. "Ouvindo eles estas rito Santo, sobem orações, lágri­
nossa época devem ser condena­ coisas, compungiu-se-lhes o co­ mas e indagações. Muitos estão
dos, e ordenada a piedade práti­ ração e perguntaram a Pedro e no limiar do reino, esperando so­
ca. Sentindo de coração a impor- aos demais apóstolos: Que fare­ mente serem recolhidos.” Quem
tância das palavras que profere, mos, irmãos? Respondeu-lhes mais é capaz de realizar a tarefa
o verdadeiro ministro não pode Pedro: Arrependei-vos, e cada de reunir os que estão no limiar
reprimir o interesse espiritual um de vós seja batizado em no- do reino, do que o pastor que se
que sente por aqueles por quem me de Jesus Cristo para remis­ encontra detrás do púlpito sa-
trabalha.” — Obreiros Evangéli- são dos vossos pecados, e recebe­ grado proclamando a Jesus Cris-
cos, pág. 159. reis o dom do Espírito Santo." to como Amigo dos pecadores?
Atos 2:37 e 38. No dia de Pente­
O Propósito da Pregação costes houve convicção nos que O Pastor Deve Ser Compassivo
1. O sermão pregado deve ser ouviram a Pedro. Todo pregador 1. O pastor jamais conseguirá
apresentado com um alvo em do evangelho deve pregar com comover seus ouvintes sem que
vista: salvar homens. "Visto co- convicção em seu coração, e primeiro sua própria alma seja
mo, na sabedoria de Deus, o transmiti-la a seus ouvintes. avivada por sua mensagem. Cris­
mundo não O conheceu por sua 4. A pregação deve preparar to sentia compaixão dos outros.
própria sabedoria, aprouve a as pessoas para o reino. "Oh! "Vendo Ele as multidões, com-
Deus salvar aos que crêem, pela quem me dera servir-me de lin- padeceu-Se delas, porque esta­
loucura da pregação.” I Cor. guagem suficientemente vigoro­ vam aflitas e exaustas como ove­
1:21. Paulo estava convicto de sa para causar a impressão que lhas que não têm pastor.” S.
que a pregação tinha um objeti­ desejo sobre meus companhei- Mat. 9:36. Os homens e as mulhe­
23
res encontram-se hoje em situa- Desejo partilhar minha expe-
ção similar. Estão confusos e ne- riência pessoal em usar este mé­
cessitam de orientação. Nós, co- todo, tanto na América do Norte
mo pastores, devemos ter um es­ como em outros campos.
pírito compassivo ao vê-los dis­ 1. No começo de minha men-
persos como ovelhas que não sagem, determino, pelo levantar
têm pastor. da mão, o número de pessoas no
2. Jesus chorou sobre Jerusa- auditório que ainda não toma­
lém, com compaixão. "Jerusa- ram a decisão de aceitar a Cristo
lém, Jerusalém! que matas os ou de ser batizadas.
profetas e apedrejas os que te fo- O chamado ao altar 2. Suplico que o Senhor me
ram enviados! quantas vezes conceda Seu Santo Espírito para
quis Eu reunir os teus filhos, co- é o tipo mais comum comover os corações e produzir
mo a galinha ajunta os seus pin­ de apelo usado por convicção nos que ouvem a men-
tinhos debaixo das asas, e vós sagem.
não o quisestes! Eis que a vossa pastores de igreja, e, 3. Primeiro peço que levan­
casa vos ficará deserta.” S. Mat. contudo, aquele no tem a mão aqueles que desejam
23:37 e 38. Jesus chorou com abandonar o pecado ou unir-se à
compaixão sobre a cidade de Je- qual maior número igreja pelo batismo numa oca-
rusalém porque desejava salvar tem falhado e se sião futura, ou aqueles que que-
seus habitantes. É o nosso cora- rem voltar para o Senhor depois
ção sensibilizado pelos que estão atrapalhado. de haverem andado longe dEle.
se afastando de Deus, de modo 4. Peço que essas pessoas se
que choremos com compaixão levantem enquanto estão com a
como Jesus o fez? mão erguida. Entrementes, a
3. Cristo compadeceu-Se ao atribuída a responsabilidade de congregação deve estar com a
ver um pobre leproso. "Jesus, distribuir rapidamente os car­ cabeça inclinada. Enquanto eles
profundamente compadecido, tões, de modo que não haja per­ estão em pé, peço rapidamente
estendeu a mão, tocou-o, e disse- da de tempo. que venham para a frente, até o
lhe: Quero, fica limpo!” S. Mar. 4. Breve encontro após a reu­ altar. É quase impossível que al-
1:41. Pelo poder do Salvador, os nião. Este é outro tipo de apelo guém recuse vir à frente depois
que são imundos, por estarem usado por muitos. Contanto que de erguer a mão e levantar-se. Is­
acometidos pela lepra do peca- as pessoas não sejam retidas du- to se torna fácil dando um passo
do, precisam ser purificados pe- rante demasiado tempo após a de cada vez. Infelizmente, alguns
lo evangelho confiado a todo pas- reunião regular, muitos têm pregadores zelosos convidam
tor. achado eficaz este tipo de apelo. imediatamente as pessoas para
5. Convite para oração espe­ virem à frente. Este é o passo
"Quando Seus olhos percor­ mais difícil, e deve ser o último.
riam a multidão dos ouvintes, e cial. Numerosas pessoas têm far­
dos pesados na vida — físicos, Pode ser que alguns digam que
reconhecia entre eles os rostos este é o método usado pelos
que já vira anteriormente, Seu mentais ou espirituais. Muitas
vezes elas ficam contentes quan­ evangelistas populares em suas
semblante iluminava-se de ale- grandes cruzadas. Cumpre lem­
gria. Via neles candidatos, em do recebem um convite para ora-
ção especial. brar, porém, que nesses grupos
perspectiva, a súditos do Seu rei­ evangélicos nominais há bem
no. Quando a verdade, dita com 6. Convite geral para uma vida
vitoriosa. Os indivíduos são con­ poucas coisas a serem renuncia­
clareza, tocava algum acariciado das, ao passo que aqueles que de­
ídolo, observava a mudança de vidados de várias maneiras para
indicarem seu desejo de alcança­ cidem seguir ao Senhor e unir-se
fisionomia, o olhar frio, de re­ à Igreja Adventista reconhecem
pulsa, que mostrava não ser a rem a vitória em sua vida.
que esse passo é muito mais difí­
luz bem recebida. Quando via cil, porque há tantas coisas a se­
homens recusarem a mensagem Passos Para Bem Sucedido
Chamado ao Altar rem denunciadas e abandona­
de paz, isso Lhe traspassava o das. "Mantende perante o povo a
coração.” — O Desejado de To- O chamado ao altar é o tipo Pala-vra da Vida, apresentando
das as Nações, ed. popular, pág. mais comum de apelo usado por Jesus como a esperança do arre­
231. pastores de igreja, e, contudo, pendido e a fortaleza de todo
aquele no qual maior número crente. Revelai o caminho da paz
Tipos de Apelos tem falhado e se atrapalhado. à alma turbada e acabrunhada, e
1. O tipo mais comum de ape- Freqüentemente surge a pergun­ manifestai a graça e suficiência
lo usado pelos pastores é o ato de ta: Como podemos ter certeza de do Salvador.” — Obreiros Evan-
levantar a mão. Isto é eficaz e que esse tipo de apelo é eficaz? gélicos, pág. 160.
muito fácil de ser feito pelas pes-
soas numa congregação.
2. Inclinar a cabeça e levantar
a mão. Este tipo de apelo produz
reverência. Em silêncio e en­
quanto é tocada uma música
suave, este tipo de apelo é muito
eficaz.
3. Uso de cartões de decisão.
Ao usá-los, deve haver alguns in-
MINISTÉRIO
Uma Revista Para Pastores e Obreiros ADVENTISTA
divíduos aos quais tenha sido IAN/FEV 83 NÚMERO 1

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