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ARTIGOS
6 A IMPORTÂNCIA DO SONO
Dr. Galen C. Bosley
15 CONTENDAS NA IGREJA
Jan G. Johnson
Gerente Geral: Carlos Magalhães Borda; Redator-Chefe: Rubens S. Lessa; Editor: Almir A. Fonseca;
Diretor de Arte: Erlo Kõhler; Diagramação: Jobson Barbosa; Colaborador Especial: Amasias Justiniano,
Jaime Castrejón; Colaboradores: Wilson Sarli, Jorge Burlandy, Jefté Carvalho, Adamôr Pimenta.
Capa: Werner
Todo artigo ou qualquer correspondência para a revista O MINISTÉRIO ADVENTISTA
devem ser enviados para o seguinte endereço: Caixa Postal 12-2600 — 70279 — Brasília, DF.
Editado bimestralmente pela CASA PUBLlCADORA BRASILEIRA.
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9105-4
2 O MINISTÊRIO/MAIO/JUNHO/1991
Sacerdote, Levita ou
Samaritano?
o
Bob. Não viera para falar. Veio para
compartilhar da dor e da angústia da-
queles terríveis momentos.
Viajou muitos quilômetros para es-
tempo passou. Já conseguia tar conosco depois da cirurgia. Andou
sorrir — às vezes. Vestida com roupa literalmente conosco pelo vale da som-
Joyce Rigsby
O MINISTÉRIO/MAIO/JUNHO/1991 3
bra da morte. Não lembro que tenha estava ali. Sentimos o seu amor e o seu
pronunciado uma só palavra. Apenas carinho.
Eidred Johnstonr
O MINISTÉRIO/MAIO/JUNHO/1991 5
A Importância do Sono
o dia 19 de fevereiro de 1985, As investigações citaram os turnos
o vôo 006 da China Airlines irregulares e as decisões dos membros
deixou Taipé, Formosa, pa- da tripulação de não dormir no seu pe
ra uma viagem de 11 horas ríodo de folga, como fatores que con
até Los Angeles, na Califórnia. Nove tribuíram para o desastre.
horas e meia depois, o motor número Um questionário preenchido por
quatro perdeu potência e a tripulação 1.000 maquinistas, revelou que 11 % de-
o avião começou a procurar restaurá- les admitiam cochilar na maior parte
la. Enquanto eles estavam concentra das viagens noturnas, enquanto os ou-
dos nessa tarefa, o capitão deixou de tros 59% admitiam ter cochilado pelo
monitorar de maneira apropriada os menos um período alguma vez, no tra-
seus instrumentos, e o avião mudou de balho. Durante o dia, os maquinistas
direção e começou a cair verticalmen admitiram ter cochilado na maioria
te em direção ao mar. O aparelho caiu das viagens, mas 23% havia feito isso
de mais de 12 mil metros, para pouco no mínimo em uma viagem.
mais de dois mil metros, antes que o
comandante reassumisse o controle. O Um pesquisador do problema de dor
avião sofreu graves danos estruturais, mir guiando, declarou recentemente
e dois passageiros ficaram gravemen que ocorrem mais acidentes provoca
te feridos durante o incidente, que ex dos por insônia, do que pelo consumo
pôs a aeronave a uma força cinco ve- de bebida alcoólica. Os acidentes com
zes maior do que à da gravidade nor veículo particular, transporte aéreo, e
mal. os acidentes militares têm grande pro
Insônia, ou horas irregulares de so babilidade de ocorrer à noite. Estudos
no, podem ter sido um importante fa de simulação de vôo têm mostrado que
tor nesse incidente. O piloto perdeu o a habilidade dos pilotos para pilotarem
controle de seu avião durante horas, um simulador pode ser prejudicada à
por não ter dormido direito nos últi- noite, tanto quanto o seria por um ní
mos seis dias. vel de 0,05% de álcool no sangue.
No dia 13 de abril de 1984, dois trens O sono é importante — ninguém ne
de carga andavam a grande velocida ga isso. Mas em meio de um programa
de um contra o outro nos mesmos tri ético em que há mais o que fazer do
lhos. Na cabina do Burlington Extra que tempo para fazê-lo, é tentador co-
6714, o maquinista e outros membros meçar a pensar em hora de sono como
da tripulação haviam pegado no sono. tempo perdido. E auferir lucro com
Os dois trens colidiram de frente per menos horas na cama, ou ficando de pé
to de Wiggins, Colorado, destruindo se até tarde, levantando cedo e compen
te vagões e matando os cinco membros sando o tempo perdido com cochilos de
da tripulação. gato apressado.
M
sono.
Que acontece quando você dorme
as os efeitos de diminuir
demais as horas de sono, logo se tor-
nam evidentes. Os efeitos são vistos
mais depressa em crianças pequenas. não é de maneira algu-
Todos já vimos a irritação e as brigas ma um consumo passivo de tempo. O
entre irmãos aumentarem quando as tempo de sono divide-se em duas fases
crianças não dormem o tempo sufi- principais: Movimento Rápido do Olho
ciente em um dia agitado. (MRO) e o sono sem (MRO). O sono sem
movimento é ainda subdividido nos es
Os adultos disfarçam melhor sua ir tágios: 1, 2, 3 e 4, com números cres
ritabilidade. Não obstante, os efeitos centes que representam sono mais pro-
psicológicos da privação do sono in fundo. Os estágios 3 e 4 são chamados
cluem aumento da irritabilidade, ira e sono de onda lenta (SOL) ou sono pro-
comportamento anti-social, e o colap fundo. Cada uma destas divisões do so
so dos mecanismos normais de defesa no é um processo fisiológico ativo.
do ego. Não dormindo suficiente, as O sono de MRO e o sem MRO têm,
pessoas geralmente se tomam mais sé cada um, as suas próprias funções fi
rias, desatentas e carrancudas. Os de siológicas. Uma noite típica de sono
saparecimentos espontâneos e as per- compõe-se de quatro a seis ciclos, apro
das prolongadas de sono, podem levar ximadamente, de 90 minutos, os quais
à desorientação, à paranóia, a maior começam com o estágio 1, depois con
depressão do que a normal e à incapa tinuam para sono cada vez mais pro-
cidade para manter-se concentrado em fundo, depois para sono menos profun-
uma atividade. A percepção também do, para MRO, depois retorna através
diminui, como o fazem as habilidades de séries como estas: Estágio 1, 2, 3, 4,
cognitivas de raciocinar, e a capacida- 3, 2, MRO, 2, 3, 4, 3, 2. À medida que
de psicomotora. a noite progride, a quantidade de SOL
A perda de sono também afeta capa diminui e a do MRO aumenta. Quan-
cidades físicas tais como a habilidade do a manhã se aproxima, o estágio 4,
de realizar movimentos delicados da e às vezes o estágio 3, são eliminados
mão e concentrar os olhos. Leva ao au do ciclo.
mento de sensibilidade à dor, à redu Aparentemente, o sono MRO está en-
ção do tono e esforço muscular, ao au volvido com o processamento mental
mento do tempo de reação e à maior de nova informação, a transferência do
dificuldade em manter a boa postura. material da memória de curto prazo
Se a privação do sono continuar por para a de longo prazo, e de alguma for-
muito tempo, o resultado é a morte. Es- ma com o controle do que se denomi
tudos feitos em ratos mostraram que, na comportamento motor animal mo
quando a temperatura do corpo come tivado. Em linguagem comum, isto sig-
ça a cair de maneira dramática por nifica que os animais destituídos de so
causa da perda de sono, ocorre a mor- no MRO, revelam impulso sexual, de
te em poucos dias, mesmo que seja per- sigualdade sexual, satisfação e procu-
mitido aos animais voltarem a dormir. ra de alimento, e menos necessidade de
Pesquisas recentes sobre o sono in cuidado. O sono MRO é também impor-
dicam que não é apenas a quantidade tante em muitas funções do corpo, por
de horas que se dorme, mas a regula que afeta a secreção de várias quími
ridade das horas de sono e a duração cas do organismo, entre as quais os es-
do período deste, que permitem que se teróides corticais.
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A quantidade de tempo que gasta apenas de cinco a seis horas por noi
mos no sono MRO diminui à medida te. As pessoas idosas costumam acor
que envelhecemos. A infância prema dar-se com mais freqüência, e por pe
tura pode consumir cerca de 80% do ríodos mais longos, do que os adultos
seu tempo de sono com MRO, enquan- jovens.
to os infantes de tempo integral estão Estudos têm revelado que a média
em MRO apenas cerca de metade do norte-americana e européia de sono é
tempo que passam acordados. Duran de sete a oito horas por noite. Um es-
te a juventude adulta, o MRO supre tudo recente de doze países europeus
apenas 10 a 20 por cento do tempo de e os Estados Unidos, mostrou que
sono, e anos mais tarde isto diminui 25,3% dos homens e 29,1% das mulhe-
ainda mais. res dormiam menos de sete horas por
O Sono de Onda Lenta (estágios 3 e noite, enquanto 14,6% dos homens e
4) é importante para recuperar da fa 13,7% das mulheres dormiam mais de
diga, e aumenta depois da intensidade nove horas. A maioria das pessoas dor
do trabalho físico. Caracteriza-se pela me mais nos fins-de-semana, o que in
amplitude elevada, a lenta freqüência dica que elas se estão privando da ne-
da atividade EEG de menos de 4 ciclos cessidade de dormir durante o traba-
por segundo, pelo repouso do tono lho da semana.
muscular, e as lentas, regulares velo Talvez a melhor maneira de determi
cidades cardíaca e respiratória, pelo nar quanto tempo de sono lhe é sufi-
aumento do fluxo sanguíneo para os ciente, é ir para a cama cedo, a fim de
músculos, e pela constrição das arté despertar naturalmente, sem o desper
rias do cérebro. O SOL diminui tam- tador. Permitir que o seu próprio or
bém com a idade. Enquanto ele varia ganismo determine de quantas horas
de 10 a 20% nos adultos jovens, pode de sono você necessita, pode ajudá-lo
estar de todo ausente na velhice. a evitar a privação crônica do sono que
prevalece nas nações industrializadas.
Quanto é suficiente? Como aumentar o sono
10 O MINISTÉRIO/MAIO/JUNHO/1991
Boa Para Nada
s vezes tenho sorrido sozi e equilibrada — algo que raramente
nha ao pensar na velha his- consigo ser.
Bárbara V. Shelley
Conselheira familiar na Austrália
e esposa de pastor
O MINISTÊRIO/MAIO/JUNHO/1991 11
cessitada. Depois de alguns meses, fi Muitas vezes, quando até o telefone era
quei desconfiada e comecei a imaginar desligado sem uma palavra de agrade
se ela não se estaria sentindo desneces cimento, eu ficava grandemente per
sária. turbada e imaginando o que de fato es-
Uma observação casual, certo dia, tava acontecendo.
mostrou que ela realmente se sentia in Iludindo-me, eu imaginava que aqui
feriorizada. Descobri que outros tam- lo fazia parte da minha espécie de ocu
bém estavam com muito medo da mi- pação. Em tempo, contudo, descobri
nha capacidade de substituir alguém que aquelas pessoas estavam pratican
em questão de minutos. Lembrei-me do uma antiga forma de "Pesquisa Tri
imediatamente disto. De repente, senti- vial” da Bíblia.
me incapacitada para tocar. Não é pre Aquela foi a minha segunda lição
ciso dizer que jamais ficamos sem uma proveitosa. Se eu respondesse a cada
organista. pergunta, as pessoas seriam impedidas
Aprendi uma valiosa lição sobre as de sentar-se aos pés de Jesus e ouvi-Lo,
pessoas e sobre a importância de quando Ele lhes revelasse Sua palavra.
interessar-me por seus sentimentos. Deus me ensinou a incentivar as pes-
Aprendi também a conferir todas as soas a estudarem por si mesmas. A des
opções — a descobrir os talentos dos cobrirem os tesouros escondidos,
outros e motivá-los a usarem estes ta quando o Espírito Santo lhes abrisse
lentos. Em lugar da Sra. Sabe-Tudo, o entendimento. Já não necessitava que
aprendi a ser a Sra. Motivadora. Nes- pensassem a meu respeito como sen
se processo, descobri uma grande do a Sra. Sabe-Tudo. Agora eu sorria
quantidade de talentos sem uso. As quando me ouvia dizendo: "O que VO
pessoas estão esperando ser descober CÊ acha?”
tas e convidadas da maneira certa.
Trabalhando demais
Entretenimentos
Jan G. Johnson
Pastor de igreja em Granger, em Washington
O MINISTÉRIO/MAIO/JUNHO/1991 15
exemplo clássico do cuidado que Pau Como podemos fazer isto?
lo imaginou que os líderes cristãos de Cumpre-nos transmitir alguns ele-
viam dispensar aos seus rebanhos. Os mentos de nossa trajetória espiritual.
membros da igreja de Corinto eram em Tom, um jovem pastor da costa do Ore
grande parte conversos de Paulo. gon, caminhava desanimado pela
Quando, depois de fundar a igreja ali, praia. A situação grave que surgira re
ele saiu para novos campos missioná centemente em seu distrito ocupava-
rios, vários conflitos surgiram; entre lhe de tal maneira os pensamentos que
eles, facções leais a diferentes líderes ele mal percebia a tempestade de ven
(1:10-17; 3:5-23), problemas decorren to que lhe rugia ao redor. Quando atin
tes de imoralidade (5:1-5), discrepân giu o promontório rochoso que indica
cias teológicas (15:1-58), e irregularida va o fim da praia, ele parou e observou
des quanto ao culto (11:2-34). as enormes ondas que contra ele se lan
Naturalmente, essas controvérsias çavam. As ondas pareciam tão esmaga
dividiram os membros. Mas também doras quanto os problemas que ele es-
separaram o líder da congregação — tava enfrentando.
em sua segunda epístola aos Coríntios Depois de algum tempo, Tom volta
Paulo escreve tanto de seu sofrimento va, pretendendo fazer o caminho de
pessoal como de seu retraimento da volta até o seu carro. Num ímpeto, po-
igreja (II Cor. 2:1-4). rém, resolveu escalar a formação ro
No esforço por debelar o conflito e chosa. Quando chegou ao cimo, obser
reunir a congregação, Paulo usou vá- vou que a rebentação das ondas havia
rios argumentos teológicos e éticos. A diminuído. Na verdade, a própria re
maioria dos pastores deveria fazer a bentação não parecia tão ameaçadora.
mesma coisa. Paulo, porém, usou ou- A altura a que ele havia subido, deu-
tras técnicas que também podem ser lhe uma nova perspectiva da rebenta
usadas para proteger nossas congrega- ção e da tempestade. Deu-lhe também
ções das influências fragmentárias dos uma nova perspectiva do seu proble-
movimentos paralelos. ma. Ajoelhando-se sobre a terra en
1. Podemos projetar uma imagem es- charcada da chuva, agradeceu ao Se-
piritual. nhor pela reconfortante idéia. A reno
"Sede meus imitadores, como tam- vação que sentiu, fortaleceu-o ao reto
bém eu sou de Cristo." "Porque decidi mar o seu trabalho.
nada saber entre vós, senão a Jesus Cris-
to, e este crucificado" (I Cor. 11:1; 2:2). No sábado seguinte, Tom começou
Uma acusação que guarnece o nível seu sermão relatando esta experiência.
das publicações na liderança da igre Ao fazer isso, ofereceu a sua congrega-
ja — pastores e administradores — é ção um vislumbre de como andar com
que eles não são espirituais. Minha ex- o Senhor.
periência indica que acima de tudo, Devemos projetar uma imagem espi-
nossos membros desejam liderança es- ritual em nossas orações. George era
piritual. Pastores que conheçam a Deus um dedicado pastor de uma grande
e sejam por Ele conhecidos, que orem igreja da cidade. Eu o conhecia como
com seu povo e em favor deste, que fa sendo um santo homem, interessado
lem com convicção a respeito do amor no bem-estar espiritual de sua congre-
de Deus, que sejam capazes de dizer: gação. Ele, porém, tinha o incômodo
"Sede meus imitadores, como também hábito de fazer orações ‘ xerocadas’’ —
eu sou de Cristo" — são os pastores que repetir frases como ‘‘abençoa os nos-
serão bem-sucedidos na oposição à in- sos corações”, "molda-nos", “sé com os
fluência dos movimentos periféricos. doentes" cada semana. Por mais lou
Mas não devemos ser apenas espiri- váveis que sejam estes sentimentos,
tuais; devemos projetar uma imagem quão mais eficaz teria sido o seu tes
espiritual sobre nossas congregações. temunho espiritual se ele tivesse pro
16 O MINISTÉRIO/MAIO/JUNHO/1991
curado novas e significativas maneiras ja, podemos promover outros aconte
de expressá-lo! cimentos espirituais. Poderiamos criar
Devemos pregar sermões espirituais. um serviço de comunhão para casais
A congregação tem melhor condição de jovens, promover uma semana de ora-
ver o caráter de seu pastor por meio ção especial para os idosos, dar início
de sua pregação. Nossas mensagens fa a grupos de oração, a grupos de estu
lam muito sobre nosso nível espiritual. do da Bíblia, ou grupos de trabalho de
Os sermões extraídos da Palavra de várias espécies.
Deus, agraciados com a doçura do A lista não tem limites, mas o obje-
amor de Jesus, realçados com o poder tivo é incentivar e fortalecer os mem-
do Espírito, que revelam ao cansado bros. Membros espiritualmente satis
viajor cristão a simplicidade da verda- feitos e em desenvolvimento, são me-
de, testificam com clareza da nossa es nos vulneráveis às mensagens negati
piritualidade. vas que avultam.
2. Podemos elaborar eventos espiri- 3. Podemos projetar uma imagem de
tuais lealdade para a liderança da igreja.
Paulo mencionou inúmeras vezes Existem hoje muitos que estão pro
reuniões de igreja em I Coríntios (5:4 pagando a deslealdade. Vários grupos
e5; 11:17-33; 14:23-28; 14:33 e 34), mas conseguem listas de membros da igre
seu conselho com respeito à maneira ja e espalham a doença por meio de
de tratar de um caso de disciplina da suas publicações. E como o câncer,
igreja, talvez testifique melhor de sua quando a deslealdade invade a congre-
predisposição de tomar as reuniões em gação, desenvolve-se até destruir a vi
eventos espirituais. Para o homem que talidade da igreja.
vivia com a esposa de seu pai, sugeriu Ralph, pastor distrital de uma comu-
Paulo uma reunião da igreja para nidade agrícola, nutria um ressenti-
entregá-lo a Satanás, “para a destrui mento. Durante os seus dias de expe-
ção da carne, a fim de que o espírito se- riência no ministério, seu presidente
ja salvo no dia do Senhor Jesus” (I Co de Associação o transferiu de um dis-
ríntios 5:5, grifo suprido). trito para outro contra a sua vontade.
Para Paulo, mesmo um caso de dis Embora o presidente se tenha muda
ciplina de igreja possuía implicações do logo e se aposentasse, Ralph ainda
espirituais importantes. Era um acon está com raiva. De maneiras sutis, seus
tecimento coletivo redentor; a última ressentimentos vieram à tona na for-
tentativa de levar os cristãos a recupe ma de desconfiança na organização e
rarem uma alma transviada. sua liderança.
É demais procurar fazer de cada reu Infelizmente, alguns da congregação
nião da igreja um acontecimento espi- de Ralph estão recebendo seus sinais e
ritual? É fácil verificar como os cultos emitindo seus sentimentos. Embora
de louvor, as reuniões de oração, a Es- Ralph se sinta incomodado com a hos
cola Sabatina e os funerais podem ser- tilidade que tem ouvido recentemente,
vir para fins espirituais, mas o que di- sua falta de confiança na liderança da
zer das reuniões da comissão, das reu igreja toma-o hesitante para defendê-la.
niões de negócios e da junta escolar? Ralph deveria saber que uma pala
Certamente o Senhor está dirigindo vra de deslealdade do pastor pode neu
ativamente a Sua obra. Assim sendo, tralizar milhares de palavras positivas.
podemos salientar esta questão. Mes- O dano causado a sua igreja não só le
mo uma reunião de assuntos comer vará algum tempo para ser reparado,
ciais seculares, proporciona oportuni- mas também proverá fértil solo aos
dade para que o pastor atento fale do mensageiros da insatisfação.
cuidado de Deus em prol da igreja e Por outro lado, Paulo incentivou a
seus negócios. lealdade à liderança da igreja. Ele se
Além das reuniões regulares da igre recusou a diminuir o trabalho de Apo-
O MINISTÉRIO/MAIO/JUNHO/1991 17
lo ("Eu plantei, Apoio regou; mas o era uma igreja que se achava profun
crescimento veio de Deus", I Cor. 3:6), damente dividida pelas suas divergên
arrecadou dinheiro para sustentar a cias. Confesso que, em tais circunstân-
igreja (I Cor. 16:1-3) e aconselhou os Co cias, minha própria inclinação é pre-
ríntios a se sujeitarem "a todo aquele gar sobre unidade. Mas a concentração
que é cooperador e obreiro" (I Cor. sobre unidade pode produzir efeito
16:16). contrário; em suas tentativas de aten
Como pastores, temos muitas opor- der o apelo à unidade, os membros po-
tunidades de comunicar a nossas con- dem evitar a pessoa desafeta. O mem-
gregações nossa lealdade à liderança bro assim indiferente na igreja, tomar-
da igreja. Entre outras maneiras, po se-á mais vogal a fim de ser ouvido, ou
demos fazer isso mencionando alvos de a abandonará completamente. Nenhu
Associações — Colheita 90, programa ma das alternativas é aceitável.
de desenvolvimento de colégio e assim Jeff foi impedido, com risadas, de fa-
por diante — em geral do púlpito, elo lar na última vez que procurou expor
giando a obra de algum oficial de As seu assunto "engraçado” numa reu
sociação e convidando o pessoal da As nião de negócios da igreja. Quando a
sociação para pregar e se hospedarem reunião terminou, ninguém atentou pa-
em nossa residência. ra os seus verdadeiros sentimentos.
4. Podemos desenvolver tolerância Derrotado e ferido, ele resolveu valer-
para com a diversidade. se de uma nova tática. Tantas vezes
A diversidade — seja cultural, racial, quantas permitiram suas finanças, es-
étnica ou teológica — é uma caracte creveu acusações mordazes e enviou
rística da vida. Na verdade, ela está cópias pelo correio a cada membro da
embutida na própria criação, expres igreja, entre os quais os recém-batiza
sa por Deus na existência, e por Ele dos. Assim começou sua própria publi
abençoada.3 Mas suportar discrimina cação independente.
ção pode ser doloroso. Deixar de olhar Pessoas como Jeff poderiam ser
as pessoas nos olhos pode afastá-las mantidas ativas na igreja se tão-somen
umas das outras e destruir as ativida- te as congregações soubessem como
des de uma evangelização.4 reagir à suas singularidades. A manei-
Contudo, traumas dessa espécie não ra que, como pastores lideramos, po-
precisam ocorrer. E a diversidade tem, de determinar quão receptivas serão
também, seus aspectos positivos. Em nossas congregações às diferenças das
seu livro Managing Change in the pessoas.
Church (Mudança Administrativa na Para ajudarmos nossas congrega-
Igreja), Douglas Johnson diz que a di ções a aprenderem a ser mais recepti
versidade tanto permite o surgimento vas, podemos:
de idéias que podem produzir novas Comemorar as diferenças. Podemos
maneiras de agir, como encorajar o de- ajudar nosso povo a ver o impacto po
senvolvimento de líderes bondosos e sitivo que as divergências exercem so-
sensíveis.5 bre a vida da congregação, mostrando
Ao comparar a igreja com o corpo como alguém usou um único dom ou
humano, Paulo lhe realçou a natureza talento para ajudar algum membro ou
diversificada. Assim como as partes do para ganhar alguém para a igreja. A ce
corpo são diferentes, também a igreja lebração desses eventos é importante
é composta de membros que possuem em qualquer atividade da igreja mas,
dons diferentes. O fato de ser o Espí- princípalmente, durante o serviço de
rito Santo quem utiliza esses dons, in adoração.
dica que o próprio Deus ordenou a di Divergências na pregação. As Escri-
versidade na igreja.6 turas estão cheias de material provei
E lembremos, a igreja à qual Paulo toso para este tema. Por exemplo, I Co
escreveu, falando sobre a diversidade, ríntios 12 (dons espirituais), Gênesis 1
18 O MINISTÉRIO/MAIO/JUNHO/1991
(criação), Apocalipse 4 (as quatro cria reunidas em um acontecimento de cul-
turas viventes e os 24 anciãos — dife to vivificado.
renças representadas no trono de Lidar com publicações negativas in
Deus), Atos 15:36-41 (discrepância en- dependentes e as pessoas que elas in
tre Paulo e Barnabé), Mateus 4:18-22 fluenciam, continuará certamente a
(consertar e lançar as redes — diferen desafiar-nos. Os pastores, contudo, po-
ças entre Pedro e João), etc. dem estabelecer a diferença, pela ma-
Dar o exemplo. Podemos demons neira como tratam o assunto. Ao invés
trar, pelo exemplo, a capacidade de in de permitirmos que a diversidade em
cluir pessoas que têm opiniões diferen- nossas igrejas nos imobilize ou nos tor
tes. Por exemplo, durante reunião da ne inflexíveis, podemos aprender a
comissão da igreja, reuniões de negó- considerá-la como normal, saudável e
cios e outras reuniões, podemos pedir mesmo desejável. Ao estabelecermos
a opinião de todos os presentes — mes- em nossas igrejas a tolerância pelas di
mo daqueles que normalmente não se vergências, podemos criar um clima
manifestam. Quando considerarmos que incentive o crescimento espiritual.
cada comentário, agradecermos cada Lembremos, mesmo a frívola igreja
participação, nossos membros logo sa de Corinto realizou uma obra admirá
berão que suas idéias são importantes. vel para o Senhor.
Quando eles tiverem uma visão saudá
vel de suas próprias opiniões, serão
mais receptivos às opiniões alheias. 1. Speed Leas enumerou vinte e sete sintomas que
resultam do conflito não solucionado. Entre eles
Competições visuais de armações. estão "pressão angustiosa sobre o pastor, eviden
Talvez um exemplo ilustre melhor o ciada pelo uso crescente do tema da reconcilia-
ção em sermões, orações e hinos"; "desespera
que estou pensando. Alguns anos atrás dos chamados ao pastor, tentando manter tudo
minha igreja comemorou o dia da ban unido”; e "procura de trabalho pelo pastor”. —
deira. Incentivamos cada família da Church Fights (Philadelphia: Westminster Press,
1973), págs. 16 e 17.
igreja a desenhar e fazer uma bandei 2. John Savage vê os votos e donativos como indi
ra que ilustrasse o tema “A Preocupa- cações da dedicação de um pastor. Uma desistên
cia, reinvestirá tanto o seu tempo como o seu di
ção da Igreja É...” No sábado indica nheiro em um novo projeto, que representam sua
do, cada família trouxe sua bandeira nova dedicaçao. Ver Savage’s Skills for Calling
and Caring Ministries (Pittsford, N.Y.: L.E.A.D.
à frente da igreja, desenrolou-a e expli Consultants, 1979), pág. 6.
cou o seu significado. Quando o culto 3. Jan G. Johnson, "A Design for Learning and De-
terminou, toda a congregação estava veloping Skills for Handling Interpersonal and
Substantive Conflict in the Ardmore, Oklahoma,
cercada de bandeiras coloridas. Cada Seventh-day Adventist Church” (D. Min. disser
bandeira mostrava criatividade, distin tação, Andrews University, Berrien Springs, Mi
chigan, 1986), págs. 34-37.
ção e se encaixava ao tema. Nós as dei 4. Leas, pág. 16.
xamos hasteadas na igreja por vários 5. Douglas W. Johnson, Managing Change in The
Church (Nova Iorque: Friendship Press, 1974),
sábados como uma lembrança de que págs. 11-13.
algumas diferenças sabáticas foram 6. Ver I Coríntios 12.
O MINISTÉRIO/MAIO/JUNHO/1991 19
Como atender a
famílias que têm filhos
deficientes físicos
Mais do que reestruturar o edifício, é a atitude
da igreja que deve ser reestruturada,
quando falamos da necessidade de atender
aos deficientes físicos.
7
Não furturás teus colegas de
ministério, pregando seus sermões
O Decálogo do Ministro palavra por palavra.
1 8
Não terás outras propriedades que Não roubarás o tempo de tua
não as de Deus em teu ministério. esposa nem de tua família. Não
furturás o valioso tempo de teu
2 ministério nem do campo que Deus
Não farás para ti imagem de falsos te deu.
motivos que te façam cair no
egocentrismo. 9
Não levantarás falso testemunho
3 contra a Associação em assunto de
Lembra-te do dia de repouso para batismos e alvos.
guardá-lo bem planejado e cheio de
espiritualidade. Seis dias trabalham 10
os santos e fazem toda a sua obra, Não cobiçarás nenhuma coisa nem
mas o sétimo dia é o dia de nenhuma pessoa.
apresentar sermões preparados com
muita oração e mensagens cheias do
Espírito Santo. O pregador não
deveria chegar ao sábado com
alimento espiritual insuficiente;
nem tu, nem o presidente da
Associação, nem um departamental,
nem qualquer outra pessoa que
utilize teu púlpito, porque durante
seis dias os santos foram
cirandados, mas no sétimo dia
devem ser alimentados.
O MINISTÉRIO/MAIO/JUNHO/1991 25
Teoria da Grande
Explosão: Em Fase
Terminal
uando o dia 18 de novem
leva três instrumentos extremamente
Daniel Lazich
Engenheiro aeroespacial, Daniel Lazich
tem estudado a relação entre a física
a teologia há muitos anos.
Ele é o principal engenheiro do projeto
de armamentos de energia cinética
o Comando de Defesa Estratégica dos
Estados Unidos.
26 O MINISTÉRIO/MAIO/JUNHO/1991
como com a ciência? Os recentes avan mais recentes contradizem frontalmen
ços da cosmologia das quantum e das te essas suposições. Nosso universo
elevadas energias físicas, têm lançado não é homogêneo em grande escala, e
sérias dúvidas sobre a validade das teo- daí não poder ter-se originado de uma
rias científicas da origem do universo grande explosão que deu lugar a um
que não admite nenhuma necessidade universo uniforme e homogêneo. Con-
de um criador. Resumindo os objetivos fusos e desalentados, os cientistas es-
básicos da pesquisa em físicos, o Dr. tão sem saber o que fazer com o sur
Robert K. Adair, diretor associado do gimento de montanhas de evidências
Laboratório Nacional de Brookhaven, em favor de um processo inteligente
declara: “Diriamos que devemos estu por trás da origem e existência do Uni-
dar o separado e o contínuo, e devemos verso.
considerar as variáveis e invariáveis, Os teóricos esperavam que a COBE
ou as mudanças e conservações. A con fornecesse a informação necessária ao
sideração desses grupos de antônimos, resgate da teoria da grande explosão.
leva-nos ao estudo do caráter das par O espectômetro de ondas infraverme
tículas elementares e dos campos de lhas puras, longas, a bordo da COBE,
força fundamentais, e à análise do es destina-se a determinar o espectro da
paço e do tempo, da estrutura do nos- radiação ambiental — os restos hipo
so universo, e da evolução e origem do téticos da grande explosão. Essa radia
próprio universo; à compreensão do ção ambiental é o banho universal de
Grande Plano do Arquiteto-Mestre.”1 radiação por rádio que os teóricos con
É nosso universo produto de plano sideram o tênue vislumbre da grande
inteligente ou de um acidente? Origi explosão, observável a cerca de três
nou-se de matéria preexistente, ou veio graus acima de zero absoluto. A fim de
à existência a partir do nada, absolu salvar a teoria da grande explosão, a
tamente? Como poderia o universo ob COBE terá que descobrir que esta ra
servado originar-se do nada e ser da diação desprendida é grumosa e não li
maneira como o vemos hoje? Essas sa. A grumosidade explicaria por que
perguntas têm tido a mais alta priori certas áreas do universo ficaram, com
dade na pesquisa científica, e será o parativamente, densamente povoadas
principal objeto do estudo e debate pe- de matéria, enquanto outras áreas são
lo resto deste século, e por mais tem- vazias.
po ainda. Os cientistas estão convenci- Mas para aqueles que desejavam res
dos de que os maiores avanços do nos- gatar a teoria da grande explosão, a CO
so conhecimento com respeito ao Uni- BE trouxe dor de cabeça, não a cura.
verso no qual vivemos não podem ser Os dados iniciais da COBE revelam que
obtidos sem que uma séria considera o universo antigo era muito uniforme
ção das questões sugeridas até agora — a radiação ambiental é a mesma em
tenham sido entregue ao campo da teo- todos as direções e não apresenta ne-
logia. nhum sinal de turbulência no univer
O que mais preocupa os cientistas é so antigo. Seria necessário turbulência
o fato de que os avanços recentes, fei para a formação das grandes estrutu
tos na cosmologia das quantum, mos- ras no universo da grande explosão.
tram que as suposições sobre que se Não há agora nenhuma maneira de re
baseia a mais acariciada teoria a res- conciliar as previsões de qualquer ver
peito da origem do Universo — O big são da teoria da grande explosão com
bang — (teoria da grande explosão), es- a realidade do universo observado.
tá errada. A teoria da grande explosão Não há nenhuma maneira de se conse-
diz que o universo era máteria unifor guir isso a partir de uma grande explo
me e homogênea no começo, e prediz são perfeitamente uniforme para o uni
que ele seria ainda mais homogêneo verso grumoso que observamos hoje.
hoje. Mas os resultados de estudos Os dados atuais tornam mais lógico
O MINISTÊRIO/MAIO/JUNHO/1991 27
crer em um universo criado pelo decre explosão? Um pequeno cenário pode
to de um projetista inteligente, do que ser útil aqui. A descoberta de Edwin P.
em um universo que se criou e organi Hubble de que o universo está em ex
zou a si mesmo. pansão, estimulou o desenvolvimento
Para tornar as coisas ainda mais da primeira teoria compreensível a res-
complicadas, os estudos mais recentes peito da origem do Universo. Os cien
das grandes estruturas do universo, re tistas raciocinaram que se o universo
velam que a matéria é ainda menos está em expansão, então em algum
uniformemente distribuída por todo o ponto do passado devia ter sido muito
universo do que foi postulado original pequeno, e assim surgiu a teoria da
mente. São encontradas galáxias em grande explosão. Aplicando a constan
grandes grupos, entre as quais há gran- te expansão em uma espécie de proces
des vazios. O universo parece mais en- so de engenharia reversa, os cientistas
crespado do que se esperava anterior- concluíram que o universo se originou
mente. Os cientistas estão chocados ao de uma esfera de matéria extremamen
perceberem que a mais amplamente te densa e quente. De acordo com essa
aceita teoria sobre a origem do Univer teoria, a explosão da matéria extrema
so exigirá uma revisão maior, ou po- mente densa e quente encheu o espa
derá necessitar ser completamente ço de uma sopa homogênea de partí
abandonada. Os dados da COBE estão culas uniformemente distribuídas, das
provando que a grande explosão é um quais finalmente, por influência da
grande choramingas de uma história. gravidade, se formaram as galáxias, as
Quando a Sociedade Astronômica estrelas e os planetas.
Americana (SAA) anunciou que sua Para que seja aceita, uma teoria cien-
reunião anual, a ser realizada em janei tífica deve fazer um prognóstico veri
ro de 1990 em Arlinton, Virgínia, seria ficável. A grande explosão fez duas pre
dedicada à apresentação dos resulta- visões que podem ser verificadas pela
dos iniciais da observação da COBE, observação. Uma previsão é que a ex
não tinha idéia de que aquela seria plosão de matéria original deixaria
uma reunião histórica. Tão intenso foi atrás um eco na forma de microonda
o interesse mundial nos resultados da e radiação infravermelha na atmosfe
COBE que a reunião se tornou o maior ra, de cerca de três graus acima de ze
ajuntamento de cientistas da história ro absoluto, e que essa radiação teria
da SAA. A maioria dos cosmólogos e a mesma intensidade em todas as di
teoristas proeminentes compareceu, reções. A outra previsão é que as galá
na esperança de que a COBE fornece xias que resultaram da sopa quente das
ría ao menos alguns dados que pudes partículas seriam uniformemente dis
sem ajudá-los a encontrar uma solução tribuídas por todas as partes do uni
para os problemas que atormentam a verso.
teoria da grande explosão. Quando, po- A radiação ambiental prevista foi
rém, ouviram relato após relato, a au descoberta em 1965 por dois cientistas
ra de grande expectativa se tornou na que trabalhavam nos Laboratórios
sombria constatação de que aquele Bell. Essa descoberta foi saudada em
ajuntamento histórico de cientistas po- todo o mundo como uma confirmação
deria ser lembrado como o serviço fu incontestável da teoria da grande ex
neral da amada grande explosão. plosão. Os cosmólogos estavam con
vencidos de que haviam encontrado a
Os problemas da grande explosão resposta definitiva para o enigma da
Criação. Mas os excitados e orgulhosos
cientistas não tinham nenhuma idéia
de que toda a evidência que eles con
sideravam como confirmação da teo-
Qual o problema da grande ria da grande explosão, deveria provar
28 O MINISTÉRIO/MAIO/JUNHO/1991
mais tarde ser grandemente imprová láxias. A grumosidade, caso existisse,
vel que a teoria da grande explosão se- deveria ter deixado um sinal na forma
ja correta. de cúspides na radiação ambiental. Pa-
Os problemas da grande explosão co- ra resolver o dilema, os cientistas pro
meçaram com o advento dos super cederam a um amplo estudo das estru
computadores que forneceram aos turas da grande camada do universo.
cientistas meios pelos quais formular Além disso, foi lançado o satélite CO-
matematicamente a teoria. A fórmula BE para pesquisar as saliências na ra
matemática da grande explosão, diação ambiental.
supunha-se, deveria mostrar por simu A primeira indicação convincente de
lação, quão grande camada as estrutu que algo está seriamente errado com
ras envolviam a partir de uma bola de a suposição sobre que se baseia a teo-
fogo inicial superdensa. Mas, para es ria da grande explosão, veio em 1989,
panto dos cientistas, a fórmula mos quando várias equipes de astrônomos
trou que se nosso universo começou relataram a descoberta de estruturas
como diz a teoria da grande explosão, surpreendentemente grandes, entre as
as grandes estruturas que observamos quais havia enormes vazios. A única
violariam as leis físicas que governam que permanece em contraste com o
o universo. "buraco no espaço” é a "gande pare
Além disso, a fórmula matemática de”, descoberta por astronautas do
mostrou que o universo da grande ex Centro Howard-Smithsoniano para As
plosão deveria ter aproximadamente trofísicos. Estima-se que a parede te
7,6 bilhões de anos, e que este tempo nha 500 milhões de anos-luz de uma à
não é suficiente para que a gravidade outra extremidade de 15 milhões de
sozinha construa o universo que vemos anos-luz de espessura. Essas estrutu
hoje. A fórmula mostrou também que, ras — as concentrações de galáxias —
se o universo antigo fosse plano, com são muito grandes para ter sido forma
a matéria uniformemente distribuída, das por pedaços gravitacionais saídos
a gravidade não poderia ter formado de partículas que a grande explosão te
as grandes estruturas de escamas do nha distribuído uniformemente por to
universo. Parece que alguma outra for- do o universo.
ça, desconhecida para os cientistas, de-
ve ter sido responsável pelo assenta COBE — a última esperança para
mento das condições iniciais, para a a grande explosão________________
o
criação do Universo.
Para tornar piores as coisas para a
teoria da grande explosão, em 1981 os
astrônomos da Universidade de Har
vard descobriram uma surpreendente último raio de esperança
bolha dupla em um "buraco no espa para a mortalmente ferida teoria da
ço” de 100 milhões de anos-luz de lar grande explosão estava nos dados ob
gura. Essa descoberta, contrária à pre tidos pela COBE. Mas os cientistas que
visão da teoria da grande explosão, trabalham com os instrumentos da CO
mostrou que na vasta camada a maté BE em vários comprimentos de onda,
ria não está uniformemente distribuí de microonda e radiação infraverme
da no universo. lha, relataram que não há nenhum si
Em desespero, os cosmólogos postu nal de grumosidade no universo anti
laram que teria sido significativa a gru- go que possa ter dado início à forma
mosidade presente no antigo universo. ção de grandes estruturas. Tão deso
O encrespamento no universo inicial rientados e confusos ficaram os cien
teria causado a concentração localiza tistas presentes à reunião de janeiro de
da de partículas, capacitando assim a 1990, que George F. Smoot, que lidera
força da gravidade a construir as ga- va a equipe na Universidade da Califór-
O MINISTÉfílO/MAIO/JUNHO/1991 29
nia em Berkley, a qual está mapeando ciais. Alguns se têm disposto até a li
a uniformidade das radiações, disse re gar o nome de Deus a essa força.
centemente que os cientistas poderiam Os resultados das últimas pesquisas
ter que recorrer aos dentes das fadas científicas trouxeram morte às teorias
para ajudá-los a explicar o que eles ob clássicas a respeito do universo que di-
servaram.1 23 zem não necessitar do Criador. Muitos
John C. Mather, do Centro de Vôo cosmólogos estão convencidos agora
Espacial Goddard da NASA em Green- de que vivemos num Universo tão bem
belt, Maryland, expressou o mistério organizado que veio à existência num
da seguinte maneira: “Estou comple- instante — no momento da Criação.
tamente aturdido com a forma pela Por causa desse fato, os cosmólogos es-
qual a estrutura do dia presente (do tão começando a compreender e mes-
universo) veio a existir sem ter deixa mo a admitir (embora com relutância),
do algum vestígio no nível de sensibi que a pesquisa cosmológica avançou a
lidade que sabemos que temos com tal ponto que é preciso considerar a
nossos aparelhos. Deveria ter havido Criação como vinda do nada, absolu
alguma espécie de energia libertada tamente. Isto se tem tornado o princi
(após a grande explosão). Mas não há pal problema para a nova cosmologia,
aqui coisa alguma.” uma possibilidade real a ser pondera
Referindo-se à reunião de janeiro de da pelos cientistas nos anos vindouros.
1990, Jay Mallin conclui: “A diferença Os cientistas podem não estar ainda
entre os ecos uniformes e as estrutu totalmente prontos para admitir aber
ras do dia presente é o que perturba tamente e ensinar a criação ex nihito,
os astrônomos. A existência do univer mas crescem as evidências em favor de
so não é longa o suficiente para que a um plano inteligente. Se pudéssemos
gravidade apenas seja responsável pe- ver nosso Universo de fora, certamen
la matéria que se reuniu procedente de te veriamos impresso em sua superfí
um universo uniformemente misto — cie: “FEITO POR DEUS”!
algum outro acontecimento ou proces
so maior deve ser responsável.”4
Exatamente aquilo que constitui o 1. Robert K. Adair, The Great Design (Nova Iorque;
outro processo, escapa à investigação Oxford University Press), pág. 13.
2. Jay Mallin, "Satellite’s Smooth Discoveries Baf-
científica. Alguns cientistas estão su fle Big Bang Scientists”, The Washington Times,
gerindo relutantemente que uma for- 19 de janeiro de 1990, pág. Bl.
3. Science News, vol. 137, pág. 36, material incluído
ça externa ao nosso Universo é respon- no original.
sável pela seleção das condições ini- 4. Mallin, pág. Bl.
30 O MINISTÉRIO/MAIO/JUNHO/1991
O Uso de Notas
na Pregação
m que deve o pregador ba- sa adicional para o sermão ou no aten
sear-se para pregar? Em ma- dimento de outros deveres pastorais.
Ao prepararmos e apresen
tarmos o sermão, normal
mente pensamos em quatro opções: 1.
Improviso — nenhum preparo especí
fico; 2. Extemporâneo — idéias prepa
radas; 3. Manuscrito — pensamentos e
palavras preparados; 4. Memorização
N um sermão pregado com ba
se em um manuscrito, ouvi um prega-
dor descrever a pitonisa de En-Dor co-
mo olhando “como um saco de aninha-
— pensamentos e palavras preparados gem molhado, pendido sobre um pos
e decorados. Uma vez que os números te de cerca. Um dos dentes da frente sa
um e quatro são extremos e raramen liente como um sentinela solitário, que
te usados, concentrar-nos-emos nos ou- guarda a entrada do inferno”. Só o fra
tros dois métodos. Compararemos as seado preparado com antecedência po-
vantagens e as desvantagens da prega- de tornar isto descritivo e preciso.
ção improvisada versus a manuscrita, A pregação extemporânea, contudo,
Preparo
em três áreas: em geral é pregação mais relacionai do
N
que manuscrita. Henry Ward Beecher
dizia que um sermão escrito estende
u’a mão revestida de luva para as pes-
soas; um sermão não escrito estende
maioria dos casos, a prega- uma palma de mão incandescente.
ção manuscrita força o pregador a fa- Uma luva pode ser mais perfeita do
zer um preparo mais completo e pre que a mão cicatrizada e calosa, mas
ciso. Aqueles que escreveram seus ser- não é tão calorosa nem tão sensível.
mões antecipadamente, podem analisá- Ler os sermões limita o contato dos
los com mais exatidão antes de usá-los. olhos do pregador com o auditório. Co-
Uma vez que os pregadores extempo mo afirmava Phillips Brooks, a prega-
râneos não selecionam suas palavras ção é a verdade através da personali
com antecedência — selecionando ape- dade. Ora, os olhos transmitem a per
nas as idéias — eles poupam grande sonalidade. Assim, qualquer coisa que
quantidade de tempo na preparação do interfira com o contato dos olhos do
sermão. As duas ou três horas que eco pregador, impede que a personalidade
nomizam, deixando de escrever um ma seja bem-sucedida, e interfere com a
nuscrito, eles podem gastar em pesqui- pregação.
Floyd Bresee
O MINISTÉRIO/MAIO/JUNHO/1991 31
Os pregadores de manuscrito, que a elocução manuscrita e provavelmen
são leitores recalcitrantes, podem com te devam ser pregados de improviso.
pensar alguns dos seus métodos de fra- Fiquei impressionado de modo espe
quezas herdadas de alocução, conhe cial com o método de pregação de um
cendo o material tão bem que não pre pregador de Sacramento. Ele seguiu
cisem ler palavra por palavra. Conser fielmente o seu manuscrito até o mo-
var a voz e os gestos da conversação mento do apelo. Aí, pondo de lado o
também ajuda. manuscrito, entrelaçou as mãos, incli-
nou-se sobre o púlpito e falou a sua
congregação. O manuscrito havia es
Preservação ______________________
tabelecido apenas a base para o que
aconteceu no apelo. Na verdade, a lei
tura da maior parte do seu sermão
realçou a familiaridade do seu apelo.
Nenhum método isolado serve para
Na categoria da preservação, todos. E, obviamente, tanto a pregação
a pregação manuscrita leva vantagem. manuscrita como a improvisada pos
Preparar manuscritos para pregação suem vantagens e desvantagens signi
ensina a pessoa a escrever. E torna os ficativas. O problema é que os prega-
sermões da pessoa prontamente dispo dores têm a tendência de escolher o
níveis para publicação. Muito de nos- método errado. Ler bem um sermão re
sa literatura cristã provém de eruditos quer que o pregador seja animado e
que escrevem para provar teorias de li- atraente. Mas é o ministro preciso e
vros. Muito pouco advém de pastores erudito que mais provavelmente esco
que pregam. Necessitamos de mais as lherá este método.
suntos escritos por pastores, que aju A alocução improvisada, por outro
dem a aplicar a teoria à vida das pes- lado, requer boa memória e cuidado
soas. sa organização que mantenha o sermão
em andamento e num rumo certo. Mas
Tentativa ou erro é o pregador de ação, com menos ten
dência para erudição, que geralmente