Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1-12)
TEXTO ÁUREO
”Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.” (Jo 10.11)
INTRODUÇÃO Nesta lição estudaremos o uso da palavra “pastor” na Antigo Testamento; falaremos sobre a
metáfora do pastor na Bíblia; notaremos o contexto de Ezequiel em relação aos pastores e as ovelhas;
veremos Jesus como exemplo de pastor; e por fim; concluiremos falando sobre o dom ministerial de pastor.
I - O USO DA PALAVRA PASTOR NO AT No hebraico, “raah”, palavra que figura por setenta e sete vezes, onde
tem o sentido de pastor (Gn 49.24; Êx 2.17,19; Nm 27.17; 1Sm 17.40; Sl 23.1; Is 13.20; Jr 6.3; Ez 34.12,23;
Am 1.2; 3.1; Zc 10.2,3). No seu sentido literal, “um pastor” é alguém que cuida dos rebanhos de ovelhas. Os
pastores eram conhecidos como profissionais que alimentavam e protegiam os rebanhos (Jr 31.10; Ez
34.2,12) e que livravam dos animais ferozes as ovelhas (Am 3.12)” (CHAMPLIN, 2004, p. 104).
1.1 Deus como pastor. Com base na ideia de que o pastor é um protetor e líder do rebanho, surgiu o conceito
de Deus como o Pastor de Israel. Os próprios pastores antigos foram os primeiros a salientar essa
similaridade. Assim Jacó se dirigiu a Deus, nos dias que antecederam a sua morte (Gn 49.24). E Davi chamou
Deus de seu Pasto (Sl 23.1), o que Asafe também fez (Sl 80.1).
1.2 Profetas, sacerdotes e reis. Podemos encontrar também muitas passagens, no AT, que se referem aos
líderes e governantes do povo de Deus como pastores (Nm 27.17; 1Rs 22.17). Posteriormente, os profetas,
os sacerdotes e os reis de Israel, que haviam falhado em seu encargo, diante de Deus e de seu povo, foram
condenados como pastores que haviam desertado o rebanho ou que haviam enganado as ovelhas (Jr 2.8;
10.21; 23.1; Ez 34.2). Enquanto o profeta é chamado de atalaia, os governantes de Israel são aqui chamados
de pastores (COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON, vol. 4, 2014, p. 476).
3.2 O problema da omissão dos governantes de Israel. A situação em que as ovelhas se encontravam: “fracas,
doentes, quebradas, desgarradas e perdidas” não era natural dos animais, mas sim consequência do
tratamento que estavam recebendo: “dominam sobre elas com força e tirania” (Ez 34.4). A lei proibia esse
comportamento: “não domine sobre eles com tirania, mas tema o seu Deus” (Lv 25.43). Em outras
passagens, há listas com as abominações praticadas pelos chefes do povo (Ez 11.1- 2, 9; 12.10; 17.11-21; 19;
21.25; 22.6, 13). Assim, parece se tratar de tolerância em aceitar as falhas, o emprego de violência e o abuso
de autoridade. Há um paralelo com pastores em Jeremias 3.15; 23.1-4.
3.3 As ovelhas se espalharam por não haver pastor (Ez 34.5,6). A consequência das ações dos líderes em
Ezequiel é desesperadora. Trata-se de uma alusão ao cativeiro, sendo a dispersão do povo de Deus
decorrente da omissão dos governantes, ou, nas palavras do Profeta, por “não haver pastor”. Essa linguagem
de dispersão do povo aparece também na visão de Micaías em 1Reis 22.17. No evangelho de Mateus, Jesus
se depara com uma situação similar (Mt 9.36). As funções pastoris são contrastadas no evangelho de João
com as ações de mercenários (Jo 10.12,13) (SOARES; SOARES, 2022, pp. 96,97).
3.4 Deus é o pastor do seu povo (Ez 34.11,12). As palavras da revelação do profeta Ezequiel: “porque assim
diz o Senhor Deus”, anuncia que, como os pastores não executaram sua tarefa, o próprio Deus se dispõe a
buscar as suas ovelhas: “Eis que eu mesmo procurarei as minhas ovelhas e as buscarei”. Embora se inicie por
uma lamentação, o oráculo segue com uma mensagem de esperança. Na sequência, Deus mesmo vai
pastorear Israel, os governantes e o povo, uma ação divina que condiz com sua natureza de amor, santidade,
justiça e soberania (Ez 34.13-16). Deus, sendo o verdadeiro pastor, age, então, em favor das ovelhas, como
o pastor busca o seu rebanho (Sl 23.1-6; Mt 18.12-14; Lc 15.1-7; Jo 10.7-18).
3.5 Deus se dirige também as “ovelhas, carneiros e bodes” (Ez 34.17-22). Não só havia problema entre os
“pastores/líderes”, mas algumas “ovelhas” também não estavam agindo corretamente. Revela-se que a
falha ocorre não só entre pastores e ovelhas, mas também entre as próprias ovelhas. Mais animais são
adicionados à metáfora, possivelmente para se referir aos governantes como “carneiros e bodes” (Jr 50.8).
O profeta menciona que está chegando o fim do tempo das “ovelhas gordas, dos carneiros e dos bodes”,
que serão julgadas pelo modo como vêm lidando com as ovelhas fracas (SOARES; SOARES, 2022, pp. 99,100).
IV - JESUS COMO EXEMPLO DE PASTOR
A palavra pastor no grego é “poimén” e é usada em seu significado natural (Mt 9.36; 25.32; Mc 6.34);
metaforicamente acerca de Jesus (Mt 26.31; Mc 14.27; Jo 10.11,14,16) e acerca dos que atuam como nas
igrejas (Ef 4.11) (VINE, 2002, p. 856). Jesus é o maior exemplo de verdadeiro pastor (Jo 10.1-16). Ele é o
Pastor e bispo das almas (1Pd 2.25); o grande pastor das ovelhas (Hb 13.20); e o supremo pastor (1Pd 5.4).
Neste ofício, Ele se distingue por vários qualificativos. Vejamos:
4.1 Jesus como pastor dá a vida pelas suas ovelhas (Jo 10.11). Nos tempos bíblicos, era comum o bom pastor
expor a sua vida na luta contra as feras que assaltavam o rebanho (1Sm 17.34-36). Jesus para proteger as
suas ovelhas do “ladrão” que vem para: “matar, roubar e destruir” (Jo 10.10). Somos “rebanho do seu
pastoreio” (Sl 100.3).
4.2 Jesus como pastor conhece as suas ovelhas (Jo 10.14). Julgamos quase impossível que um pastor conheça
cada ovelha distintamente, pois todas parecem idênticas. Todavia, o contato com as ovelhas lhe proporciona
tal conhecimento. Cristo Jesus, muito mais conhece aqueles que lhe servem com um coração puro e se
sujeitam a sua vontade.
4.3 Jesus como pastor guia as suas ovelhas (Jo 10.3,4). O pastor à frente do rebanho era a garantia de ser
conduzido aos bons pastos e de preservá-lo da emboscada das feras. Era o motivo da expressão confiante
de Davi, com a sua própria experiência de pastor (Sl 23.1). Essa deve ser a nossa confiança pois nosso Bom
Pastor nos garante a provisão (Fp 4.6,7,19; 1Pd 5.7).
4.4 Jesus como pastor busca as ovelhas perdidas (Jo 10.16). Em Lucas 15.1-7 encontramos a famosa parábola
da “ovelha perdida” que nos mostra o que o pastor é capaz de fazer para buscar a ovelha que se perde do
rebanho. Essa analogia é usada pelo Mestre Jesus a fim de retratar o interesse que Ele tem de restaurar os
pecadores a comunhão com Deus.
V - O DOM MINISTERIAL DE PASTOR
Entre os dons ministeriais concedidos a igreja, encontra-se o dom de pastor (Ef 4.11). O pastor é “o anjo da
igreja” (Ap 2.1). Serve sob a direção do Bom Pastor, a quem pertence a Igreja (1Pd 5.2,4), e deve andar nas
suas pisadas (Jr 17.16) e sob a sua direção (Jr 3.15). O pastor vela pelas ovelhas, como quem tem de dar
conta delas (Hb 13.17) (BERGSTÉN, 2007, p. 116).
5.1 A necessidade de um pastor para a igreja. “O pastor é essencial ao propósito de Deus para sua igreja. A
igreja que deixar de ter pastores piedosos e fiéis não será pastoreada segundo a mente do Espírito (1Tm 3.1-
7). Será uma igreja vulnerável às forças destrutivas de Satanás e do mundo (At 20.28-31). Haverá distorção
da Palavra de Deus, e os padrões do evangelho serão abandonados (2Tm 1.13,14). Membros da igreja e seus
familiares não serão doutrinados conforme o propósito de Deus (1Tm 4.6,14-16; 6.20,21). Muitos se
desviarão da verdade e se voltarão às fábulas (2Tm 4.4)” (STAMPS, 1995, p. 1816).
5.2 O pastor e as suas muitas atribuições. “Sua missão é múltipla e polivalente. Ele tem que agir como
ensinador, conselheiro, pregador, evangelizador, missionário, profeta, juiz, fazer as vezes de psicólogo,
conciliador, administrador dos bens espirituais e de recursos humanos. É administrador de bens materiais
ou patrimoniais; gestor de finanças e recursos monetários” (RENOVATO, 2014, p. 114). Ele cuidar da sã
doutrina e refutar a heresia (Tt 1.9-11); ensinar a Palavra e exercer a direção da igreja (1Ts 5.12; 1Tm 3.1-5);
é um exemplo da pureza e da sã doutrina (Tt 2.7,8) e, esforçar-se no sentido de que todos os crentes
permaneçam na graça divina (At 20.28-31; Hb 12.15; 13.17; 1Pd 5.2)” (STAMPS, 1995, p. 1815).
CONCLUSÃO
Ser pastor sempre foi uma tarefa árdua. Muitas são as demandas internas e externas da igreja local. O dia a
dia pastoral é desafiador a quem é vocacionado por Deus para apascentar. Somente pela graça e o amor do
Pai é possível encarar tão grande responsabilidade. Oremos pelos pastores, compreendamos as suas lutas e
os apoiemos com amor, obediência e respeito.