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Contextos Clínicos, 8(2):141-152, julho-dezembro 2015

Unisinos - doi: 10.4013/ctc.2015.82.03

Plantão psicológico como estratégia de clínica


ampliada na atenção básica em saúde

Psychological duty as strategy of extended clinic in basic health care

Fázia Beatriz Torres Amorim


Instituto Müller-Granzotto. Clínica Diálogos. Rua José Sebastião de Carvalho, 450, 63041-520,
Juazeiro do Norte, CE, Brasil. faziabeatrizpsi@gmail.com

Andréa Batista de Andrade, Paulo Coelho Castelo Branco


Universidade Federal da Bahia. Instituto Multidisciplinar em Saúde. Rua Rio de Contas, 58, 45029-094,
Vitória da Conquista, BA, Brasil. andrea_andrade@hotmail.com, pauloccbranco@gmail.com

Resumo. O plantão psicológico se enquadra em uma perspectiva de pro-


moção à saúde mental baseada no acolhimento emergencial da pessoa em
situação de crise, corroborando os ideais da clínica ampliada e da atenção
básica. Objetivamos problematizar o plantão psicológico como possível es-
tratégia de clínica ampliada, apresentando os desafios e as possibilidades de
sua implementação na atenção básica. Trata-se de um ensaio teórico-crítico,
cuja sistematização apresenta três eixos: (i) o advento do plantão psicológico
e o contexto do SUS; (ii) o plantão psicológico como estratégia da clínica
ampliada; e (iii) a implementação do plantão psicológico na atenção bási-
ca. Conclui-se que o plantão psicológico amplia o serviço de Psicologia na
atenção básica e facilita seu acesso à comunidade, aumenta a resolutividade
dos casos e contribui para a integralidade da atenção, colaborando para a
materialização dos princípios doutrinários do SUS.

Palavras-chave: clínica ampliada, plantão psicológico, saúde mental.

Abstract. The psychological duty fits in a mental health promotion perspec-


tive based on the emergency reception of the person in crisis, underpinning
the extended clinic and basic health care ideals. We aim at problematizing
the psychological duty as a possible strategy of extended clinic, presenting
the possibilities and challenges of its implementation in basic care. This is a
theoretical-critical essay organized in three axes: (i) the advent of psycho-
logical duty and the SUS context; (ii) the psychological duty as an extended
clinic strategy; (iii) the implementation of psychological duty in basic care.
We conclude that psychological duty expands the psychological service in
basic care and facilities its access to community, increases the resolution of
cases and contributes to the wholeness of attention, collaborating to the ma-
terialization of SUS’ doctrinal principles.

Keywords: extended clinic, psychological duty, mental health.

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desde que o autor e a fonte originais sejam creditados.
Plantão psicológico como estratégia de clínica ampliada na atenção básica em saúde

O plantão psicológico é uma modalidade básica à saúde e apenas 01 estudo (Tassinari,


clínica distinta da psicoterapia, cuja proposta 2012) aborda uma relação entre plantão e clíni-
se baseia na escuta e intervenção psicológica ca ampliada. Indicando, pois, uma escassez na
com ênfase nas potencialidades humanas, nas produção científica sobre a temática proposta
autopercepções sobre uma situação-problema por este artigo.
e no acolhimento à circunstância de crise (Sch- Nesse panorama, no que concerne ao re-
midt, 2009; Scorsolini-Comim, 2014). No Bra- corte deste estudo, objetivamos problemati-
sil, seu surgimento tem origem no Serviço de zar os eventuais desafios e possibilidades do
Aconselhamento Psicológico (SAP) do Institu- plantão psicológico como estratégia da clínica
to de Psicologia da Universidade de São Paulo ampliada na atenção básica à saúde, conside-
(IPUSP) (Tassinari, 1999). rando os aspectos históricos, conceituais e prá-
Vale destacar que, nas décadas de 1970- ticos que norteiam essa relação. Acreditamos
1980, houve um intenso desenvolvimento de que a compreensão do plantão na conjectura
terapias de curta duração, nas quais as propos- Estratégia Saúde da Família (ESF) e do NASF
tas de plantão psicológico (com orientação na possibilitará avanços no plano do conheci-
Abordagem Centrada na Pessoa) e psicotera- mento sobre a temática, bem como no apri-
pia breve (norteada pela Psicanálise) encon- moramento de sua implementação na atenção
traram profícuos estudos (Rosenthal, 1999). básica à saúde.
Ressaltamos, no entanto, que tais discussões Para alcançarmos o objetivo aludido, ela-
versavam sobre a inserção da clínica psicoló- boramos uma reflexão teórico-crítica que se
gica, predominantemente, nas práticas hospi- desdobra em três eixos temáticos. O primeiro
talares, escolares e em clínicas-escola (Mota e tópico se refere ao advento do plantão psico-
Goto, 2009). lógico no contexto de reorientação do modelo
Impulsionada pela Reforma Psiquiátrica assistencial no Sistema Único de Saúde (SUS).
Brasileira e pela implantação do Sistema Úni- O segundo diz respeito às confluências concei-
co de Saúde (SUS), apenas na década de 1980 tuais do plantão psicológico como a prática da
até o momento atual, a Psicologia brasileira se clínica ampliada. Por fim, o terceiro eixo trata
inseriu no âmbito da Saúde Coletiva mediante da implementação do plantão psicológico na
sua atuação nos Centros de Atenção Psicosso- atenção básica à saúde, a saber, na ESF e no
cial (CAPS) e nos Núcleos de Apoio à Saúde NASF. Tais eixos serão apresentados a seguir.
da Família (NASF), dentre outros dispositivos
que constituem a rede psicossocial. Essa inser- O advento do plantão psicológico e o
ção incorreu em uma mudança no processo de contexto do Sistema Único de Saúde
formação e atuação do psicólogo, sobretudo
nas grades curriculares dos cursos de gradua- O advento do plantão psicológico, no Brasil,
ção em Psicologia, que passaram a incluir dis- remete ao desenvolvimento do aconselhamen-
ciplinas vinculadas à área da Saúde Coletiva to psicológico não diretivo (Scorsolini-Comim,
(Ferreira Neto, 2011). 2014). Vale ressaltar que as ideias oriundas
Com efeito, a expansão dos serviços de Psi- dessa perspectiva de aconselhamento circu-
cologia nessa área possibilitou um novo con- lavam no Rio de Janeiro desde as décadas de
texto de ingresso do plantão psicológico como 1940-1950, no Instituto de Seleção e Orienta-
estratégia de clínica ampliada na atenção bá- ção Profissional da Fundação Getúlio Vargas,
sica à saúde, em que psicólogos e estagiários pelos trabalhos de Mariana Alvim, Antonius
passaram a utilizá-lo nas Unidades Básicas Benko e Ruth Scheeffer (Rosenberg, 1987).
de Saúde (UBS). Entretanto, a sistematização Na década de 1950, em São Paulo, no
e a resolutividade da utilização do plantão IPUSP, coube a Oswaldo de Barros Santos a
psicológico na atenção básica não são, ainda, difusão de tal perspectiva de aconselhamen-
totalmente conhecidas, conforme verificamos, to. Ao final da década de 1960, Santos havia
mediante um levantamento bibliográfico nos implementado uma base consistente de dis-
seguintes bancos de dados virtuais: Scientific ciplinas e práticas norteadas pela abordagem
Eletronic Library Online (SciELO), Literatura de Carl Rogers, em especial nos campos do
Latino-Americana e do Caribe em Ciências Aconselhamento Psicológico e da Orientação
da Saúde (LILACS) e Portal de Periódicos em Educacional (Rosenberg, 1979).
Psicologia (PePSIC). No total, encontramos 19 Fruto desse contexto de difusão do aconse-
artigos com o descritor plantão psicológico, lhamento não diretivo, Rachel Lea Rosenberg,
dos quais nenhum trata do seu uso na atenção em 1967, concluiu sua graduação no IPUSP,

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e, em 1968, tornou-se docente desse instituto, uma atitude de plantão – ainda não concebi-
atuando nos campos da Psicologia Educacio- do como psicológico – em horários definidos
nal, da Aprendizagem, do Desenvolvimento e para receber, ouvir, inscrever e encaminhar a
da Personalidade (Morato, 2008). pessoa. Nesse momento, buscava-se, também,
Segundo Rosenberg (1979), a motivação aliviar as inquietações, as ansiedades e as an-
para desenvolver atividades de orientação gústias imediatas que a pessoa trazia. Esses
rogeriana ocorreu devido ao seu contato com contatos iniciais propiciaram maior liberdade
Santos. No pensamento da autora, essa afilia- para o estagiário realizar o primeiro contato
ção acadêmica e profissional aconteceu devido com o cliente – liberando os supervisores des-
aos seguintes motivos. Primeiro, uma crítica à sa função para ficarem disponíveis para retirar
Psicanálise e às técnicas diretivas, na resolução dúvidas e, posteriormente, refletir com os es-
de problemas pessoais de clientes que procu- tagiários tais acolhimentos (Rosenberg, 1987).
ravam ajuda – a Psicanálise se restringia às Salienta-se que a modalidade de plantão
motivações ocultas para reconhecer as vivên- surge como uma flexibilidade da estrutura de
cias pessoais e refleti-las, enquanto as aludi- aconselhamento para acompanhar os proces-
das técnicas programavam uma mudança de sos pessoais de quem procura o serviço – e não
comportamento, com esteio em uma entrega nasce de uma conjuntura teórico-administrati-
das escolhas da vida a outrem. O segundo mo- va prévia (Rosenberg, 1987).
tivo concerne ao objetivo de propiciar a pessoa No caso de situações consideradas gra-
que procura ajuda “condições de ela própria ves, o plantonista possibilitava uma margem
identificar e organizar o seu próprio mundo a de retorno para o cliente. Destarte, diante da
partir de sentimentos, experiências e percep- demanda de clientes que retornavam e do au-
ções que só ela teria o direito e a capacidade de mento da fila de espera por um atendimento
avaliar e conhecer” (Rosenberg, 1979, p. 167). psicológico, percebeu-se a necessidade de ofe-
Devido à iniciativa da estudante, professo- recer maior preparo para a equipe de estagiá-
ra e militante política Iara Iavelberg, em 1966, rios plantonistas, com o objetivo de acolher a
as atividades de aconselhamento ocorreram dinâmica de cada tipo de demanda, sem recair
na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras em um contato breve, destituído de profundi-
(FFCL) da USP, com prestações de serviços ao dade e complexidade de ajuda.
curso de vestibular no Grêmio estudantil dessa No final da década de 1970, o plantão trans-
instituição. Rosenberg (1987), em 1968, assu- cende as cercanias do IPUSP e, sob a orienta-
miu a coordenação e a administração do então ção inicial de Rosenberg, passa a funcionar no
chamado Serviço de Psicologia do Grêmio. Centro de Desenvolvimento da Pessoa (CDP),
Com a ascensão da ditadura militar, ocor- no Instituto Sedes Sapientiae, um reconhecido
reu um deslocamento espacial dos cursos da centro paulista de formação e prestação de ser-
USP, e o trabalho no Grêmio adquiriu conota- viços psicológicos (Rosenthal, 1999).
ções contrastantes à instabilidade política ins- Ainda na década de 1970, em paralelo ao
taurada. Houve, então, perseguição militar a desenvolvimento do plantão, Rosenberg (1977)
Iavelberg1 (Gaspari, 2002), e as atividades de apontava para novos rumos da psicoterapia,
aconselhamento foram interrompidas. Diante ao indicar as influências dos pensamentos de
dessas experiências e provocações, Santos e Rogers, da Psicologia Existencial-Humanista
Rosenberg fundaram, em 1969, o SAP-IPUSP, e da antipsiquiatria como reformulações dos
organização independente das subordinações modelos clássicos de clínica.
do Departamento da FFCL (Rosenberg, 1987). Ao descrever as características – comuni-
A prática de aconselhamento consistia, cação não verbal, variações no tempo e aten-
então, em um acolhimento individualizado, dimentos em grupo – que ampliam a atuação
no qual, mediante as divulgações do serviço, psicoterapêutica, Rosenberg (1977) fincou im-
a pessoa se inscreve, passa por uma entrevis- portante contribuição ao entendimento clínico
ta (triagem) e é encaminhada para o atendi- do plantão: a concepção de uma terapia para
mento. Essa configuração ocorria mediante o agora. Essa é uma tendência que reduzia a
a disponibilidade do estagiário para assumir importância do psicodiagnóstico e da triagem

1
Além de psicóloga e docente, Iavelberg foi uma militante de esquerda que afrontou o regime militar brasileiro. Ela
participou da Vanguarda Popular Missionária, junto com Dilma Rousseff, e foi militante do MR-8, tornando-se namorada
do guerrilheiro Carlos Lamarca. Em 1971, encurralada por militares, Iavelberg se suicidou com um tiro (Gaspari, 2002). Em
2003, após a exumação do corpo, foi constatado que Iavelberg morrera assassinada com vários tiros (Agência Brasil, 2004).

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para enfatizar maior contato entre psicólogo e der qualquer tipo de pessoa e demanda, “em
cliente, em qualquer tipo de demanda. Nessa períodos de tempo previamente determina-
terapia, qualquer pessoa poderia se beneficiar dos e ininterruptos”. De tal modo, o “plan-
da relação de ajuda, em atendimentos sem du- tão permite um sistema de inscrição, por si,
ração pré-definida, pois terapêutico – já no momento de pedido de
atendimento. Isso porque propicia ao cliente
[...] a matéria básica da terapia deixa de ser configurar com mais clareza o seu pedido de
identificada aos recursos do terapeuta e passa a ajuda” (Mahfoud, 1987, p. 83). A postura clí-
consistir na tendência e na potencialidade, que nica do plantonista consiste em
existem no ser humano, para a auto-realização.
[...] A presença ativa e real do terapeuta adequado
aceitar manter-se no momento presente, centra-
assegura a força necessária para continuar neste
do na vivência da problemática que emerge com a
caminho acidentado, cheio de imprevistos, para o
ansiedade e força particulares no próprio momen-
auto-encontro (Rosenberg, 1977, p. 61).
to de pedido de ajuda, acompanhando a variação
da percepção de si e das circunstâncias pela di-
Essas características, somadas à atitude reção que a clarificação levar – eis a disponibi-
não diretiva, tornam-se presentes no surgi- lidade do psicólogo-conselheiro, que possibilita o
mento do plantão psicológico. Eis a transição atendimento em plantão psicológico (Mahfoud,
do plantão, entendido como “uma disponibi- 1987, p. 83).
lidade mais atenciosa de recepção aos clientes
que procuravam inscrição para o atendimen- Torna-se característica dessa modalidade
to regular em aconselhamento psicológico” de ajuda requerer do plantonista as seguintes
(Rosenthal, 1999, p. 16), para o plantão psico- disponibilidades (Mahfoud, 1987): enfrentar
lógico, concebido como os mais variados tipos de demandas sem se
pautar por planejamentos prévios; conside-
o poder transformador da escuta atenciosa, não rar que esse encontro pode ser único e variar
diretiva, centrada no cliente, confiante na ten- na duração do seu tempo; tornar-se um eixo
dência ao desenvolvimento das potencialidades de referência existencial naquele momento de
inerentes à pessoa (tendência atualizante), e na necessidade de ajuda; possibilitar indicações
possibilidade de essa tendência ser estimulada,
e encaminhamentos para outros tipos de ser-
mesmo através de um único encontro com o
profissional, desde que este último possa ofere- viços; e ponderar a necessidade de retorno do
cer sua presença inteira, através de sua própria cliente, caso haja necessidade.
congruência, capacidade de empatia e aceitação O plantão psicológico se distingue do mo-
incondicional do outro (Rosenthal, 1999, p. 16). delo clássico de triagem, pois oferece mais
autonomia ao estagiário para acolher, atender
Durante a década de 1980, no CDP, com a e avaliar quais são as possibilidades de conti-
coordenação e supervisão de Raquel Wrona e nuidade e encaminhamento pertinentes à di-
supervisões posteriormente exercidas por Mi- nâmica da experiência do cliente. Isso requer
guel Mahfoud2, o plantão psicológico encontra uma abertura institucional, bem como a cria-
um campo fértil de desenvolvimento. Frisa- ção de uma rede informativa de contatos com
-se que, no mencionado centro, a execução do outras instituições – recursos de saúde e edu-
plantão psicológico foi inspirada pelo mode- cação (Mahfoud, 1987).
lo das walk-in clinics estadunidenses, clínicas A proposta do plantão psicológico foi jus-
– populares nas décadas de 1970-1980 – que tificada, segundo Mahfoud (1987), como uma
focavam atendimentos médicos e psicológicos possibilidade de atuação do psicólogo diante
emergenciais (Rosenthal, 1999). de um período histórico de escassez na oferta
Diante do florescimento da prática do de recursos em saúde mental para a população
plantão psicológico, somente em 1987, brasileira. O plantão psicológico se configura,
Mahfoud publicou o capítulo intitulado “A também, como uma resposta perante o contex-
vivência de um desafio: plantão psicológi- to de especialização e priorização de atendi-
co”, o qual sistematiza essa prática e discute mentos psicológicos pautados pela resolução
alguns casos clínicos. Mahfoud (1987, p. 75) de casos mais graves (por exemplo, transtor-
conceitua a locução plantão como exercício nos mentais), possibilitando uma proposta de
profissional de disponibilidade para aten- promoção à saúde.

2
Ressalta-se que Wrona, também conhecida como Rosenthal, estudou no IPUSP em 1975-1976 (Vasconcelos, 2009).
Mahfoud, igualmente, estudou no mencionado instituto em 1976-1980.

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Na década de 1990, o Conselho Federal do acesso à atenção psicológica, garantindo


de Psicologia deixa de considerar o plantão a entrada dos usuários de saúde mental aos
psicológico como prática alternativa para serviços do SUS.
reconhecê-lo como uma abordagem dotada O enfoque preventivo do plantão, baseado
de saber e técnica, que aguarda por pesqui- no acolhimento e na humanização do cuidado,
sas que comprovem a sua eficácia (Mahfoud, encontra consonância com os princípios dou-
1999a). Em 1999, é publicado o livro “Plantão trinários do SUS. O acolhimento, enquanto
psicológico: novos horizontes”, primeira obra dispositivo tecnológico que acontece nos mi-
dedicada exclusivamente ao plantão psicoló- croespaços das relações entre profissionais de
gico. Nesse alvitre (Mahfoud, 1999b), obser- saúde e usuários, torna-se presente na prática
va-se uma ampliação do plantão psicológico do plantão, visto que a escuta, o vínculo e a
para outros âmbitos que não, unicamente, os responsabilização fazem parte do processo de
da clínica-escola (por exemplo, hospitais psi- cuidado. Já a humanização do cuidado alude à
quiátricos e colégios), bem como se apresen- capacidade empática e dialógica do profissio-
tam os resultados de pesquisas que investi- nal para a construção de sentidos na relação
gam processos de formação e aprendizagem com o usuário, característica inerente do plan-
de plantonistas. tão psicológico e da diretriz do SUS.
Contemporaneamente, na década de 2000 Vale ressaltar que o SUS surgiu como fru-
e até então, o plantão psicológico se configura to do movimento de Reforma Sanitária bra-
como um serviço presente em distintas insti- sileira, inspirado nas propostas apresentadas
tuições brasileiras de ensino superior, e com- pela VIII Conferência Nacional de Saúde, em
parece como objeto de estudo em diversas 1986. Basicamente, as principais ideias dis-
pesquisas de mestrado e doutorado (Souza e cutidas naquela época eram as seguintes: a
Souza, 2011). É possível encontrar, ainda, ex- busca por uma concepção mais ampliada da
periências de aplicação dessa modalidade de saúde; a saúde como direito e dever do estado;
ajuda em diversas instituições (Dutra, 2004; a instituição de um sistema único de saúde,
Vieira e Boris, 2012), sob a orientação de outras atravessado pelo princípio da universalidade,
abordagens (Vasconcelos, 2009). Constitui, integralidade, descentralização e hierarquiza-
portanto, premissa fundamental do plantão ção do serviço; e a valorização da participação
psicológico formar profissionais psicólogos popular e do controle social dos serviços pú-
com o intento de promover saúde mental à co- blicos de saúde (Brasil, 1986).
munidade (Rosenberg, 1987). Não obstante esse período histórico fosse
A difusão da prática de plantão psicoló- marcado por restritivas políticas aos investi-
gico na comunidade também encontrou um mentos das áreas sociais, o SUS instituiu, em
contexto mais propício com o processo de 1994, o Programa de Saúde da Família, hoje
consolidação da Reforma Psiquiátrica e dos denominado ESF. Atualmente, a ESF confi-
preceitos do SUS, possibilitando uma maior gura-se como o maior programa assistencial
inserção e ampliação da Psicologia nas polí- desenvolvido em larga escala em todo Brasil,
ticas públicas. O plantão psicológico, nesse trazendo um enorme potencial para materiali-
contexto, emerge como uma possibilidade de zar, de forma consistente, a Atenção Primária
atender de modo mais resolutivo à demanda a Saúde (APS) no país (Organização Pan-Ame-
reprimida por um cuidado em saúde mental, ricana de Saúde, 2010).
visto que aumenta a capacidade de propor- A APS representa o primeiro contato do
cionar de maneira adequada uma solução aos usuário com a rede assistencial dentro do
problemas do usuário através de atendimen- sistema de saúde, tendo como característica
tos no território adstrito ou encaminhando-o principal a continuidade e a integralidade da
para onde suas necessidades possam ser aten- atenção, além da coordenação da assistência
didas, conforme o nível de complexidade. dentro do próprio sistema. Entende-se por in-
A prática do plantão psicológico, nas polí- tegralidade a compreensão de que o homem
ticas públicas, mais especificamente na aten- não é um ser fragmentado e possui diversas
ção básica à saúde, situa-se como uma pro- demandas objetivas e subjetivas que devem
posta recente, que visa à promoção da saúde, ser assistidas por um sistema de saúde arti-
evitando a cronicidade ou o aparecimento de culado de modo intrassetorial e intersetorial
transtornos mentais e, reduzindo, assim, sua (Brasil, 2009a). Nessa perspectiva, o plantão
incidência e prevalência. Além disso, o plan- possibilita integrar as dimensões subjetivas
tão na atenção básica permite a ampliação do usuário no processo de cuidado no âmbi-

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to da saúde coletiva, possibilitando interven- sitada, de lidar com o não planejado e com a
ções de saúde mental na atenção básica. possibilidade de acolher a demanda daquele
A APS fornece, ainda, atenção centrada na que o procura em situação circunstancial. E,
família e favorece a participação comunitária. por fim, a terceira inclui a perspectiva do clien-
Portanto, a ESF, vertente brasileira da APS, te, em que este deve ser capaz de perceber o
vem provocando de fato e de direito, um im- plantão psicológico como uma referência, um
portante movimento de reorientação do mo- porto seguro para a sua necessidade imediata.
delo de assistência no país (Organização Pan- A partir da complexidade das característi-
Americana de Saúde, 2010). cas do plantão psicológico, percebe-se que este
No intuito de apoiar a inserção da ESF se contrapõe à visão da clínica psicológica con-
na rede de serviços, como também ampliar a vencional, na qual se sustenta em uma análise
abrangência, a resolutividade, a territorializa- estrutural da personalidade humana focada
ção e intensificar as ações da APS, é que o Mi- nos aspectos psicopatológicos do indivíduo.
nistério da Saúde, em 2008, implanta o NASF. O plantão alvitra uma clínica mais abrangente,
Este, por sua vez, serve de suporte à ESF por baseada em uma concepção preventiva, res-
intermédio do apoio matricial, entendido pondendo a uma necessidade da comunidade
como a oferta de conhecimentos e propostas em seu viver cotidiano (Palmieri e Cury, 2007).
de ações conjuntas a partir da responsabiliza- Castelo Branco et al. (2010) acrescentam
ção compartilhada entre as equipes de referên- que o plantão psicológico possui breve dura-
cia e contrarreferência (Brasil, 2009b). ção e busca a reorganização da personalidade,
A proposta do NASF reitera a importância enquanto a psicoterapia clínica tem caráter
da interdisciplinaridade e da intersetorialida- prolongado, objetivando reestruturar a per-
de para superar a prática clínica centrada na sonalidade do indivíduo, eliminando os sin-
doença. Isso significa que é necessário reco- tomas existentes nesse processo. Apenas em
nhecer que os usuários não se limitam às ex- alguns casos, quando a pessoa não possui uma
pressões das doenças de que são portadores queixa específica, a psicoterapia é direcionada
(Brasil, 2009b). para o autoconhecimento e o desenvolvimento
Nesse contexto, a clínica ampliada surge na de suas potencialidades.
tentativa de integrar várias abordagens para Desse modo, a modalidade de plantão visa
possibilitar um manejo eficaz da complexida- a atender a demanda da pessoa em crise que
de do trabalho em saúde (Brasil, 2009a). Trata- necessita de um acolhimento específico, como
-se de colocar em discussão a fragmentação do também de uma postura compreensiva do pro-
processo de trabalho e a necessidade de criar fissional para minimizar o estado de angús-
um contexto favorável de cuidado da pessoa, tia, desajuste ou sofrimento (Schmidt, 2004).
considerando seus aspectos familiares, sociais e A proposta do plantão, portanto, é situacional/
comunitários. Nessa conjuntura, o plantão psi- contextual e busca eliminar a tensão organís-
cológico no âmbito da saúde coletiva, exercido mica emergencial da crise por meio da facilita-
por psicólogos na ESF e no NASF, insere-se em ção de insigths e da ressignificação da vivência
uma proposta de APS abalizada pelo SUS. de uma situação-problema (Schmidt, 2009).
Diante do exposto, pode-se afirmar que
O plantão psicológico como o plantão psicológico se configura enquan-
estratégia da clínica ampliada to uma estratégia da clínica ampliada, visto
que realiza acolhimento, garante acessibili-
Consoante Paparelli e Martins-Nogueira dade ao serviço de saúde mental, focaliza a
(2007), existem três vertentes delineadoras prevenção e atua junto à comunidade, além
que caracterizam o plantão psicológico. A pri- de valorizar o trabalho interdisciplinar. Tal
meira vertente se refere ao ponto de vista da perspectiva coloca a doença em suspensão
instituição, que deve exigir o planejamento do para acessar a experiência da pessoa em seus
espaço físico, a sistematização e a organização contextos familiares e sociais. Isso significa
do serviço, como também dispor de recursos uma nova concepção sobre o processo saúde-
disponíveis a serem utilizados. Tais recursos -doença e uma nova prática clínica na saúde
se relacionam à rede de apoio externa, aos re- coletiva, visto que busca superar a clínica tra-
cursos humanos e materiais, dentre outros. A dicional centrada na doença.
segunda diz respeito às habilidades e compe- Apesar das severas críticas à clínica tradi-
tências do profissional, cuja exigência alude à cional, no que concerne ao reducionismo bio-
disponibilidade deste para a ocorrência inu- lógico, ao caráter medicalizante e ao seu papel

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na manutenção do status quo, deve-se reco- lidades na produção do cuidado (Carvalho e


nhecer suas contribuições para evitar e aliviar Cunha, 2006). Nesse aporte, a clínica ampliada
a dor, além de tratar e reabilitar pessoas. Por busca uma negociação simbólica entre seus di-
outro lado, faz-se necessário superar os limites versos atores sociais – gestores, profissionais e
da clínica tradicional, em busca de uma práti- usuários – na tentativa de garantir a integrali-
ca que valorize as relações intersubjetivas na dade nas práticas de saúde, além de qualificar
produção do cuidado, visto que o processo de as respostas às demandas dos usuários.
cura sempre pressupõe a relação entre sujeitos Ao problematizar sobre a clínica amplia-
(Carvalho e Cunha, 2006). Na tentativa de ul- da, o Ministério da Saúde (Brasil, 2009a) reco-
trapassar as limitações da clínica tradicional, nhece a importância da construção do vínculo
surge a proposta da clínica ampliada. nas práticas de saúde ao afirmar que “Tanto
A clínica ampliada se refere, portanto, profissionais quanto usuários, individualmen-
à utilização de saberes e práticas de saúde te ou coletivamente, percebendo ou não, de-
contextualizadas socioculturalmente e instru- positam afetos diversos uns sobre os outros”
mentalizadas pela técnica para dar respostas (p. 27). Tal perspectiva acena para uma atitu-
singulares às demandas de saúde, com nítido de ética no cuidado à saúde, que implica uma
apelo à intersubjetividade das ações. O objeti- “disponibilidade pessoal, em que cada profis-
vo primordial da clínica ampliada é construir sional permite ser afetado por uma outra via
vínculos com a comunidade, valorizando não-teórica e de não-isenção: a dos sentidos,
suas narrativas a partir de uma escuta pre- dos afetos e a da abertura ao outro, que exige
sente e de uma postura ética e humanizadora uma abertura a novos diálogos e uma contínua
(Favoreto, 2006). reflexão” (Carvalho et al., 2008, p. 705).
A clínica ampliada, portanto, ancora-se no O plantão psicológico, destarte, pode con-
trabalho vivo em saúde, que significa a pos- tribuir na efetivação de práticas ampliadas,
sibilidade de os profissionais de saúde irem que neutralizem a demasiada fragmentação
além da prescrição, exame e medicação. Para do processo de trabalho em saúde por meio da
Merhy (2002), sem desconsiderar a importân- valorização da escuta e da construção de vín-
cia das tecnologias-duras, o cuidado em saúde culo com usuários e comunidade. Mais do que
também deve ser operado por meio do uso de uma remodelagem da atenção aos serviços de
tecnologias-leves baseadas em estratégias re- saúde, o plantão e a clínica ampliada aludem a
lacionais e comunicacionais que garantam a um compromisso ético marcado pela humani-
qualidade da assistência. zação do cuidado e pela garantia da cidadania,
De acordo com o Ministério da Saúde, a favorecendo uma maior qualidade de vida das
clínica ampliada utiliza como meios de traba- pessoas e da comunidade.
lho a integração da equipe multiprofissional,
a adstrição de clientela, a construção de vín- A implementação do plantão
culo, a elaboração do projeto terapêutico con- psicológico na atenção básica
forme a necessidade que cada caso requeira e
a ampliação dos recursos de intervenção sobre O presente eixo temático reflete sobre o
o processo saúde-doença (Brasil, 2009a). Tais modo como vem se estruturando a saúde
meios convergem com a proposta do plantão mental na atenção básica, analisando as pos-
psicológico enquanto estratégia da clínica am- sibilidades e os desafios da implementação do
pliada na atenção básica. plantão psicológico na ESF e no NASF.
A clínica ampliada, assim como o plantão Durante muitos anos, o campo da saúde
psicológico, entende que as pessoas não se mental foi marcado por modelos asilares ba-
limitam às expressões sintomatológicas, vis- seados em paradigmas somaticistas e biolo-
to que são influenciadas pela história social, gicistas. A partir da reforma psiquiátrica e do
cultural e psíquica. Essa constatação significa movimento antimanicomial, as práticas hospi-
dizer que a clínica ampliada e o plantão psi- talocêntricas passaram a ser alvo de críticas,
cológico visam ao pacto entre profissionais e por gerarem, dentre outros efeitos, a exclusão
usuários, possibilitando a participação e a au- social, a despersonalização e a cronicidade dos
tonomia daquele que sofre. usuários psiquiátricos (Amarante, 1996).
Acredita-se que congregar os aspectos sub- Atualmente, o termo saúde mental, ins-
jetivos dos usuários ao projeto terapêutico pirado na Reforma Psiquiátrica, constitui-se
aumenta a resolutividade do serviço e a ade- um campo de saberes e práticas associado ao
são ao tratamento e gera maiores responsabi- modelo psicossocial. Este, por sua vez, tem a

Contextos Clínicos, vol. 8, n. 2, julho-dezembro 2015 147


Plantão psicológico como estratégia de clínica ampliada na atenção básica em saúde

finalidade de desospitalização, desmedicali- mental bem estruturada para que o plantonis-


zação e implicação subjetiva e sociocultural a ta possa garantir a continuidade do usuário
partir da horizontalização das relações de po- na rede, principalmente no que concerne ao
der entre profissionais e usuários (Amarante, CAPS. É necessário que o CAPS, referência no
1996). Tal perspectiva coaduna com a ideia de cuidado em saúde mental, seja bem articulado
desinstitucionalização proposta por Nicácio e com a atenção básica, visto que a saúde mental
Campos (2004, p. 72), os quais afirmam que não é isolada à saúde como um todo.
A integração entre CAPS e ESF é funda-
a desinstitucionalização propõe uma diferente mental para que haja o acompanhamento e
perspectiva ética, teórica e política para com- o agenciamento do usuário e sua família na
preender a questão da loucura e as relações rede (Bezerra e Dimenstein, 2008). Isso per-
produzidas no contexto social [...]. Isso implica
mite o reforço da intersetorialidade, aspecto
numa profunda transformação das relações entre
as pessoas e as instituições, dos modos de pensar
tão fundante para a concretização de uma
e fazer saúde mental e dos processos de ausência rede substitutiva ao hospital psiquiátrico de
de valor social e de exclusão das pessoas com a modo responsável. A garantia da integralida-
experiência do sofrimento psíquico. de no nível organizacional (Mattos, 2003) aos
usuários de saúde mental inibe o desejo de
A desistintucionalização de usuários com manicômio presente na sociedade (Nicácio e
longo histórico de internações está na pauta Campos, 2004), visto que a crise consegue ser
da Política Nacional de Saúde Mental, visto conduzida na rede.
que propõe a redução gradual e planejada dos Nessa perspectiva de integração, é impor-
leitos em hospitais psiquiátricos, indicando a tante enfatizar que o plantão psicológico na
implementação de ações comunitárias na rede atenção básica não objetiva atender usuários
de saúde mental que sejam capazes de atender em situação de crise psicótica com certa cro-
com resolutividade os usuários que necessi- nicidade, servindo de emergência psiquiátrica.
tam de cuidado (Brasil, 2005). Sundfeld (2010) A crise à qual nos referimos no plantão psico-
reitera que esse novo modelo de assistência lógico diz respeito à pessoa que apresenta so-
prioriza uma abordagem preventiva e de pro- frimento psíquico por uma perda ou aquisição
moção à saúde, contrapondo-se ao foco na de modo situacional e contextual. Apenas o
queixa e/ou no sintoma, no tratamento curati- CAPS e o Hospital-dia em saúde mental estão
vo e na atenção médico-centrada. preparados para atender usuários com trans-
Para além da doença, é necessário que exista tornos mentais graves e persistentes.
a produção de escuta, de vínculo e de um fazer Outro aspecto relevante para a efetivação
interdisciplinar para reorientar o cuidado em do serviço de plantão psicológico na atenção
saúde mental de maneira efetiva. A proposta básica deve-se à importância do trabalho con-
da reforma psiquiátrica é aproximar a assistên- junto entre o psicólogo e o agente comunitário
cia em saúde mental da rede social, familiar e em saúde (ACS), principal elo entre a unida-
cultural do usuário, tornando possível a reapro- de de saúde e a comunidade. É dever do psi-
priação da sua história de vida e do seu proces- cólogo capacitar esse agente, no que concerne
so de saúde/adoecimento (Brasil, 2005). aos conhecimentos básicos em saúde mental,
Percebe-se que a inclusão da atenção em para que o ACS tenha condições de identifi-
saúde mental na atenção básica é fundamental car os casos que precisam do plantão psicoló-
para desmontar o hospital psiquiátrico e agen- gico e encaminhá-los para o serviço de Psico-
ciar o cuidado no território. Nesse contexto, o logia da UBS. A capacitação em saúde mental
plantão psicológico pode ser uma possibilidade do ACS pelo psicólogo é uma ação indicada
importante para ser utilizada na ESF, visto que nas diretrizes do NASF, na qual pode ser re-
as situações de risco e de crise aparecem de for- alizada a discussão de casos acompanhados
ma mais direta nas UBS, lugar de atuação onde em visitas domiciliares e a análise dialogada
o profissional de saúde passa a lidar mais in- e crítica de textos sobre saúde mental. Nessa
tensamente com os agravos psicossociais e pro- capacitação, o psicólogo pode problematizar
blemas comunitários. Desse modo, o psicólogo as indicações para o plantão psicológico, a
pode acolher o usuário de saúde mental em saber: vivências ou atitudes que colocam o
crise e encaminhá-lo para o serviço mais ade- usuário em risco iminente de morte, desor-
quado, caso ainda haja necessidade de fazê-lo. ganização ou imobilização da existência, cri-
Salienta-se que a utilização do plantão psi- ses recentes e situacionais, lutos afetivos, etc.
cológico na ESF carece de uma rede em saúde (Castelo Branco et al., 2010).

Contextos Clínicos, vol. 8, n. 2, julho-dezembro 2015 148


Fázia Beatriz Torres Amorim, Andréa Batista de Andrade, Paulo Coelho Castelo Branco

Ressalta-se que o desenvolvimento do pes de ESF inviabiliza, por vezes, a implan-


plantão na atenção básica implica em adapta- tação do serviço de plantão psicológico, visto
ções teóricas, dentre elas, a inserção do ACS que apenas o psicólogo pode realizá-lo.
na identificação dos casos e a possibilidade Diante da constatação da carência de al-
do psicólogo realizar o plantão em domicílio gumas especialidades na ESF, o Ministério da
para os usuários que não podem se deslocar Saúde criou o NASF, cujo objetivo principal é
para a UBS. A identificação dos casos não apoiar e ampliar os serviços da ESF, aperfei-
pode ser realizada de maneira invasiva nas çoando a atenção básica no território. O NASF
residências ou para rotular os usuários. Esse é constituído por profissionais especializados
processo ocorre mediante o cuidado longitu- (farmacêuticos, fonoaudiólogos, médicos,
dinal e a construção do vínculo e da confiança nutricionistas, terapeutas ocupacionais, psi-
entre ACS e usuários. A possibilidade de res- cólogos, fisioterapeutas, educadores físicos e
ponder às crises situacionais na atenção bási- assistentes sociais) que devem atuar de forma
ca por meio do plantão psicológico contribui conjunta com a equipe da ESF, compartilhan-
para o processo de Reforma Psiquiátrica, uma do e apoiando as práticas de saúde por meio
vez que previne a cronificação do sofrimento do apoio matricial e de atividades pedagógi-
e permite o desenvolvimento de intervenções cas de capacitação (Brasil, 2009b).
no território, superando o modelo asilar base- Chama-nos atenção a obrigatoriedade de
ado no isolamento. ter, pelo menos, um profissional em saúde
O ACS pode igualmente ajudar na divul- mental (psicólogo, terapeuta ocupacional ou
gação do serviço de plantão psicológico. É psiquiatra) no NASF, tendo em vista a atual
imprescindível que a população do território amplitude epidemiológica dos transtornos
adstrito tenha conhecimento da função do mentais na população brasileira. Apesar de
plantão, assim como dos horários e dias dis- essa inclusão obrigatória, geralmente, o psicó-
poníveis para atender a comunidade. Caso logo do NASF fica responsável por volta de 08
contrário, corre-se o risco de o psicólogo dis- a 20 equipes da ESF, assim como todos os pro-
ponibilizar o serviço e ficar com a sala de fissionais que compõem a equipe do NASF.
atendimento vazia. Caso exista uma equipe Esse fato inviabiliza a proposta do plantão psi-
volante de matriciamento em saúde mental cológico no NASF, visto que o papel do psicó-
no território, esta também pode referenciar o logo nesse dispositivo é discutir casos clínicos
serviço de plantão psicológico ao identificar com a equipe multidisciplinar da atenção bá-
demandas nas visitas domiciliares. sica, realizar atendimentos individuais e gru-
Vale destacar que, em algumas situações pais, capacitar os agentes de saúde mental e
específicas (pessoas com dificuldades de loco- realizar visitas domiciliares em diversas UBS
moção, por exemplo), o plantão psicológico na por semana (Brasil, 2009b).
atenção básica pode apresentar uma mudança Nesse contexto, identificamos um possível
no local de encontro entre o psicólogo planto- obstáculo ao psicólogo do NASF de implantar
nista e o usuário. Na proposta tradicional do o serviço de plantão psicológico em uma co-
plantão psicológico, o usuário sempre busca munidade na qual ele terá dificuldade de criar
o serviço quando identifica a necessidade em vínculos, de divulgar o serviço de plantão e
local fixo. Entretanto, na atenção básica, o psi- de articular-se adequadamente com o CAPS.
cólogo pode ir ao encontro do usuário para re- A quantidade de equipes da ESF e de pesso-
alizar plantão psicológico em domicílio. as dos diversos territórios que o psicólogo do
Um dos entraves da utilização do plantão NASF precisa oferecer cobertura, impede a
na ESF se relaciona ao fato de poucas equi- implementação do plantão enquanto um ser-
pes apresentarem o psicólogo para realizar os viço intermitente e ininterrupto.
atendimentos na UBS. Segundo a portaria n° Consideramos, pois, que o serviço do plan-
1.886 do Ministério da Saúde, recomenda-se tão seria mais viável no NASF a partir de uma
que exista uma equipe mínima para compor equipe fixa de estagiários de Psicologia que pu-
a ESF, que seria: médico, enfermeiro e ACS. desse dar suporte ao psicólogo de uma UBS de
Com relação ao dentista, ele só é contratado base, favorecendo a continuidade do serviço.
quando se reconhece uma demanda expressi- Outro obstáculo para a implantação do
va (Brasil, 2009b). serviço de plantão psicológico no NASF se
Nesse caso, cabe ao gestor do município relaciona ao fato de este não representar a
decidir pela inclusão ou não do psicólogo na porta de entrada na rede de saúde, correndo
equipe. Essa carência da psicologia nas equi- o risco de sobrecarregar a UBS. A atuação do

Contextos Clínicos, vol. 8, n. 2, julho-dezembro 2015 149


Plantão psicológico como estratégia de clínica ampliada na atenção básica em saúde

psicólogo do NASF com usuários e familiares o ACS e a equipe de matriciamento em saúde


só acontece a partir de encaminhamentos dos mental; a contratação de mais psicólogos nas
profissionais da equipe de ESF. Nesse sentido, equipes de ESF; e a inserção de estagiários de
o plantão no NASF desencadearia um serviço Psicologia nas equipes do NASF. Desse modo,
que atendesse uma demanda livre, divergindo é possível garantir a continuidade, o acompa-
da proposta de sua diretriz já estabelecida. nhamento e o agenciamento do usuário e sua
Diante desse panorama, acredita-se que a família na rede de saúde.
implantação do plantão psicológico coaduna Compartilhamos a ideia de que o novo mo-
com a proposta da APS, principal eixo da aten- delo de atenção em saúde proposto pelo SUS,
ção básica, que prima pela prevenção e promo- a clínica ampliada e o plantão psicológico con-
ção da saúde. Acredita-se, porém, que o plan- vergem para a efetivação das políticas de saú-
tão teria um funcionamento mais adequado e de mental, pois valorizam práticas pautadas
alinhado com os ideais da ESF, necessitando na integralidade e na humanização do cuida-
de uma maior ampliação de psicólogos contra- do e contribuem para a concretização de uma
tados para as equipes da referida estratégia. rede substitutiva ao hospital psiquiátrico.
Ressalvamos, por fim, que, apesar da pro-
Considerações finais fundidade com que tratamos e refletimos a
possibilidade do plantão psicológico como
Acreditamos que o plantão psicológico é estratégia da atenção básica e dos benefícios
uma perspectiva de expansão potente do ser- que essa prática psicológica pode gerar para a
viço de Psicologia na atenção básica, visto que população, entendemos a necessidade de mais
se aproxima dos preceitos da clínica amplia- pesquisas, sobretudo empíricas, além de aper-
da ao propor a superação da clínica tradicio- feiçoamentos do plantão psicológico na área
nal centrada na doença e uma concepção de da saúde coletiva.
promoção à saúde mental. Além disso, tanto
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