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P-021 - A Guerra Atômica Que Não Houve - Kurt Mahr - Projeto Futurâmica Espacial
P-021 - A Guerra Atômica Que Não Houve - Kurt Mahr - Projeto Futurâmica Espacial
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A Guerra Atômica Que Não Houve
Kurt Mahr
Tradução
Richard Paul Neto
Digitalização
Vitório
Revisão
Arlindo_San
Formatação
ÐØØM SCANS
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Nenhum exército equipado com armas
terrenas convencionais, por maior que seja,
pode enfrentar os recursos da antiqüíssima
técnica arcônida. Perry Rhodan sabe disso
perfeitamente, e não se preocupa com os re-
manescentes de uma divisão espacial coman-
dada pelo general Tomisenkow, que investira
obstinadamente contra a fortaleza de Vênus.
O que causa muita preocupação ao chefe da
Terceira Potência é a evolução mais recente
da política na Terra.
Com sua permanência no planeta Peregri-
no, Rhodan perdeu mais de quatro anos.
Agora tem de regressar com a maior urgência
ao seu mundo, para que não haja a guerra
atômica...
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Personagens Principais:
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12 de junho.
Moscou.
Dez horas da manhã, tempo local.
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12 de junho.
Karaganda.
Cerca de 14 horas, tempo local.
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A voz do marechal Sirov não exprimia a me-
nor reverência. Fedor A. Strelnikov, membro e
secretário do Conselho Supremo, a quem essa
reverência seria devida, parecia não sentir falta
dela.
As últimas notícias eram tão estranhas que
ninguém se preocuparia com questões de eti-
queta.
— Karaganda, Chulba, Tchyrgaki, Irkutsk,
Tchita, Blagoviechtchensk — murmurou Strel-
nikov, perturbado. — Está notando alguma coi-
sa?
Em vez de responder, o marechal Sirov pe-
gou uma régua e colocou-a sobre o mapa. Se
as cidades de Karaganda e Blagoviechtchensk
fossem ligadas por uma reta, as de Chulba,
Tchyrgaki, Irkutsk e Tchita ficariam nessa reta
ou a poucos quilômetros da mesma.
— As resoluções são parecidas, até no texto
— prosseguiu Strelnikov. — Pede-se o fim da
atividade armamentista, o início de negociações
com a Terceira Potência, o restabelecimento
das discussões com os governos dos outros blo-
cos com o objetivo de criar um governo único
de toda a Terra.
Levantou os olhos do papel que segurava.
— O que acha disto, marechal?
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Sirov deu de ombros.
— O senhor deve achar alguma coisa — in-
sistiu Strelnikov.
Sirov abriu a boca para dizer alguma coisa.
Mas logo voltou a fechá-la e fez um gesto de
contrariedade.
— O que é? — indagou Strelnikov.
Sirov apontou para o mapa.
— Parece que alguém voou pelo trajeto Ka-
raganda—Blagoviechtchensk e hipnotizou todo
mundo. É a única explicação que me ocorre. Se
achar que é uma tolice, não se zangue. O se-
nhor fez questão de que eu dissesse.
Strelnikov não se zangou.
— Acredita que o inimigo dispõe de recursos
como este? — prosseguiu nas suas perguntas.
— Acha que lhe basta sobrevoar nosso territó-
rio uma única vez para desencadear, dentro de
poucas horas, uma revolução de que participem
mais de quatrocentos milhões de pessoas?
— Vejo-me forçado a admitir esta possibili-
dade — respondeu Sirov, passando a mão pelo
mapa.
Em sua mente prolongou a linha até o litoral
do estreito dos Tártaros, que separa a Sibéria
da ilha da Sacalina. Qual era a cidade situada
no prolongamento da linha?
Komsomolsk.
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Strelnikov seguiu seu olhar.
— Está pensando em Komsomolsk? — per-
guntou.
Sirov fez que sim.
Ficaram calados por algum tempo.
O telefone soou. Sirov levantou o fone e o
entregou a Strelnikov. Este deu seu nome e fi-
cou ouvindo. Sirov ouviu uma voz metálica,
mas não entendeu uma única palavra. Mas viu
que Strelnikov empalidecia. Sua mão estava trê-
mula quando recolocou o fone.
— O senhor se enganou, marechal — disse.
— De Komsomolsk não nos enviaram qualquer
resolução que sugira a paz e o início de negoci-
ações.
— Ah, é?
— Não. Em Komsomolsk as tropas se amo-
tinaram juntamente com a população e corta-
ram todas as comunicações com a cidade.
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Depois das explanações de Deringhouse, a
discussão teve um fim tranqüilo. Deringhouse
disse:
— Se tiver vontade de sair correndo para fa-
zer minha caveira em qualquer delegacia de po-
lícia, não demorarei em agarrá-lo. Estamos en-
tendidos?
A ameaça era desnecessária. Deringhouse
expusera sua missão e suas idéias com a maior
franqueza, sem recorrer a qualquer meio para
converter Welinskij à sua opinião.
Este acreditou na sinceridade de Deringhou-
se e foi de opinião que o plano por ele exposto
só poderia ser considerado justo e razoável, até
mesmo por um patriota.
Saíram de Kosgorodok e prosseguiram na
direção oeste. Viajaram de trem, roubaram heli-
cópteros, andaram alguns quilômetros a pé e
percorreram algumas centenas de quilômetros
de automóvel.
Nesse meio tempo, já no dia 17 de junho,
haviam chegado a Magnitogorsk. Haviam per-
corrido quase metade do trecho de Akmolinsk
para Moscou.
Deringhouse se dirigira a Magnitogorsk com
uma intenção bem definida. Tinha certeza de
que os setores responsáveis sabiam, ou descon-
fiavam, de que ele e Welinskij se encontravam
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naquela cidade, e pretendia lhes dar um osso
duro de roer.
De Magnitogorsk saía uma pequena estrada
de ferro em direção a Bajmak, que ficava cerca
de cem quilômetros ao sul. Qualquer um diria
que Bajmak era um lugarejo insignificante, e
ninguém saberia dizer por que se deram ao tra-
balho de construir uma estrada de ferro para lá.
Só Deringhouse e mais umas poucas pesso-
as sabiam. Em Bajmak era extraído o minério
de urânio mais rico que existia na Terra. Até se
falava em veios de urânio puro que afloravam
nas galerias da mina. Era evidente que o gover-
no se esforçava para guardar o maior sigilo so-
bre a jazida. Oficialmente dizia-se que em Baj-
mak haviam sido localizadas jazidas de estanho
de proporções reduzidas.
Deringhouse e Welinskij compraram passa-
gem e tomaram o trem para Bajmak. Mais ou
menos a meio caminho o trem parou num des-
vio e deixou passar um comboio carregado de
minério. Deringhouse fitou atentamente os car-
ros cobertos de lona. Subitamente, Welinskij
puxou-o pelo braço.
— Olhe! — chiou, apontando para a frente
do carro.
Olhando pelas portas envidraçadas, que per-
mitiam a visão de todos os carros, Deringhouse
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viu, dois carros adiante, um homem uniformiza-
do que examinava os documentos dos passagei-
ros. Virou a cabeça e, do lado oposto, a uma
distância igual, viu outro policial.
Abriu a janela e olhou para fora. Perto da lo-
comotiva e no fim da composição havia um ter-
ceiro e um quarto policial.
— É o fim — disse Welinskij.
Não poderiam sair dessa. O traje de Dering-
house chamaria a atenção de qualquer um e,
mesmo que ele se tornasse invisível, Welinskij
não dispunha de qualquer documento que o ha-
bilitasse a viajar para Bajmak. Além disso, todos
os policiais deviam conhecer seu rosto de cor.
Mas Deringhouse não perdeu a calma.
Encontravam-se no terceiro carro a partir da
locomotiva. Welinskij viu que seu companheiro
enfiou a mão no bolso e passou a mexer numa
arma que chamava de projetor mental.
No vagão em que viajavam havia poucos
passageiros; apenas três operários sonolentos
sentados num banco próximo à porta traseira.
O policial os despertou e pediu seus docu-
mentos. Depois de examiná-los, se dirigiu a De-
ringhouse e Welinskij.
— Não temos documentos — respondeu
Deringhouse.
O policial ficou perplexo. Depois de algum
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tempo disse:
— Vocês não podem estar sem documentos.
Vamos logo, mostrem!
Deringhouse deu de ombros.
— Não tenho documentos, e meu amigo
também não.
O policial ficou de olhos semicerrados e
franziu a testa.
— Escute aqui! — disse, esticando as pala-
vras. — Que traje é esse?
Deringhouse passou os olhos pela sua roupa
e respondeu:
— É um traje de alpinista. Acabo de com-
prar.
— Como é seu nome?
— Lub.
— Só isso?
— Só.
— Como se chama seu amigo?
Deringhouse deixou a resposta a cargo de
Welinskij. Este fez o que se esperava dele, em-
bora a contragosto: se assustou e só depois de
uma demora altamente suspeita se lembrou de
um nome. E por cima de tudo o nome foi este:
— Popoff!
Na Rússia este nome é tão freqüente como
Silva entre nós.
O policial logo percebeu a situação com que
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se defrontava.
— Ah! — exclamou. — Esperem aí! Fiquem
sentadinhos!
Com um passo rápido se dirigiu à janela e
abriu-a. O apito soou. Os policiais postados de
ambos os lados do trem responderam.
O policial que realizara o controle de docu-
mentos a partir do carro da frente descera de-
pois de ter concluído o trabalho no segundo
carro.
Deringhouse endireitou o corpo e compri-
miu o acionador do projetor mental contra o
metal plastificado do vagão. Transmitiu a or-
dem com o máximo de concentração. Só se
descontraiu quando o trem se pôs em movi-
mento com um solavanco.
O policial gritou alguma coisa para seu cole-
ga. Ao que parecia ainda não percebera que o
trem se pusera em movimento. Deringhouse se
colocou atrás dele, enlaçou-o pelos joelhos, le-
vantou-o e empurrou-o pela janela. A velocida-
de do trem ainda era muito reduzida. O policial
não se machucaria na queda.
Os outros policiais demoraram em com-
preender o que estava acontecendo. O trem ga-
nhou velocidade. Nada lhes restou senão gritar
e sacudir os punhos.
Deringhouse soltou uma gostosa gargalhada.
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Não teve a menor dificuldade em tranqüilizar os
três trabalhadores por meio do projetor mental.
Depois se dirigiu a Welinskij.
— Da próxima vez avise o que pretende fa-
zer — queixou-se este. — Assim poderei me
preparar.
Deringhouse continuou a rir.
— Você foi formidável! Agiu exatamente
como alguém que tem a impressão de que foi
descoberto.
— Dentro de dois minutos o pessoal de Baj-
mak saberá que estamos para chegar. E então?
— Que saibam! — respondeu Deringhouse.
— Era isso mesmo que eu queria.
Welinskij o olhou com uma expressão de
perplexidade, mas Deringhouse não lhe forne-
ceu qualquer explicação.
— Assumi um único risco neste jogo — dis-
se. — Não sabia se conseguiria influenciar o
maquinista sem poder vê-lo. Mas você viu, con-
segui.
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Enquanto caminhavam, Nikolaj e Dering-
house não trocaram uma palavra. Nikolaj ia à
frente, confiante de que o agente o seguia.
Levou-o até o portão de uma fábrica estatal
e ao chegar lá dobrou para a esquerda. Ao lado
do muro o caminho conduzia a um portão late-
ral, por onde Nikolaj entrou, em meio à confu-
são formada pelos veículos e trabalhadores, pe-
netrando no terreno pertencente à fábrica, ao
que tudo indicava sem ser percebido.
Dirigiu-se diretamente a uma enorme caldei-
ra metálica que, em local um pouco distante da
fábrica propriamente dita, se erguia a uma altu-
ra de oitenta metros.
Depois de ter deixado para trás a massa de
trabalhadores que poderiam ter ouvido a estra-
nha conversa de Nikolaj com um homem invisí-
vel, este disse:
— Strelnikov não está escondido muito no
alto, mas na sala de vigilância, situada a meia
altura. O elevador externo vai para lá. Está ven-
do?
Deringhouse viu o elevador e a pequena fi-
leira de janelas que interrompia a lisura da pare-
de metálica a uma altura de cerca de quarenta
metros.
— Vamos adiante! — ordenou. Ninguém os
deteve quando tomaram o elevador e subiram.
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Abandonaram o elevador e entraram, com De-
ringhouse à frente, na primeira das salas de vi-
gilantes.
Nikolaj parecia sentir medo de novo.
— Se ele me vê — cochichou — vai...
— Não tenha medo — disse Deringhouse.
— Venha!
Ultrapassada a porta pela qual haviam entra-
do, havia mais duas portas.
— Para onde devo ir? — perguntou Dering-
house.
Nikolaj não sabia.
— Tentarei aqui — disse Deringhouse e se
dirigiu à porta que ficava na parede lateral da
sala.
Nikolaj não o viu, mas viu a impressão dei-
xada pelo impacto das botas no plástico macio
do soalho. E parou perto da porta.
— Está aberta — disse Deringhouse e a em-
purrou.
Nikolaj levantou a mão. Parecia ser um ges-
to inofensivo, como se quisesse se segurar na
parede.
Mas, antes que sua mão a alcançasse, o
cano de uma arma surgiu diante dele e a voz
enérgica de Deringhouse disse:
— Basta, meu velho! Se levantar a mão
mais um centímetro, não assistirá ao seu triun-
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fo.
Nikolaj empalideceu. Sua mão começou a
tremer, hesitou um pouco e foi baixada. As pi-
sadas de Deringhouse se aproximaram pelo so-
alho de plástico. O cano da arma atravessou o
ar em sua direção.
— Tire a peruca! — ordenou Deringhouse.
Nikolaj hesitou um pouco, mas obedeceu.
Contorceu o rosto quando a cabeleira branca
saiu.
Por baixo da cabeleira surgiu uma calva relu-
zente, a calva do secretário-geral Strelnikov.
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Um único agente da Terceira Potência,
equipado com algumas das surpresas da tec-
nologia arcônida, fora suficiente para instalar
a confusão num país inteiro e prender o prin-
cipal instigador da discórdia.
Mas nem por isso conseguiu a união defi-
nitiva da Humanidade. Enquanto essa união
não se realiza, Perry Rhodan não pode esta-
belecer contato com o mundo de Árcon.
Thora, um dos últimos representantes da
dinastia reinante de Árcon, começa a se im-
pacientar e foge.
A FUGA DE THORA é o título do próxi-
mo volume da série Perry Rhodan.
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ÐØØM SCANS
PROJETO FUTURÂMICA ESPACIAL
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