Centro de Referência

em Atendimento a
Pessoa Autista
Nikoly Cristina Moreira Portela | Fimca
CENTRO UNIVERSITÁRIO APARICIO CARVALHO– FIMCA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

NIKOLY CRISTINA MOREIRA PORTELA

CENTRO DE REFERÊNCIA EM ATENDIMENTO

À PESSOA AUTISTA EM PORTO VELHO –
CRAPA/RO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

como requisito avaliativo parcial da disciplina de
TCC II, orientada pela Professora Carla Tames,
para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura
e Urbanismo do Centro Universitário Aparício
Carvalho – FIMCA de Porto Velho.

PORTO VELHO/RO | 2022

CENTRO DE REFERÊNCIA EM ATENDIMENTO À PESSOA AUTISTA EM PORTO VELHO – CRAPA/RO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito avaliativo para obtenção do

título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo de Centro Universitário Aparício Carvalho -
FIMCA de Porto Velho

Professor Orientador

Professor Examinador I

Professor Examinador II

Data de aprovação: _____/______/_______

Conceito: ____________________________

PORTO VELHO/RO | 2022

Resumo
O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do
neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico,
manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na
interação social, padrões de comportamentos repetitivos e
estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de
interesses e atividades. Embora este transtorno tenha se tornado cada
vez mais comum e presente na sociedade, a quantidade de
instituições que oferecem atendimento adequado a este público ainda
é muito escassa.
Diante disso, este projeto busca desenvolver um centro de referência
em atendimento multidisciplinar para pessoas com Transtorno do
Espectro Autista (TEA) no município de Porto Velho, dispondo
ambientes com espaços e características arquitetônicas adequados
aos atendimentos clínicos, terapêuticos e pedagógicos necessários,
contribuindo para uma maior autonomia, conforto, segurança e
interação do indivíduo com TEA, e o próprio ambiente.
Palavras chaves: autismo; TEA; arquitetura sensorial; centro de
referência; conforto.
Resumo
Autism spectrum disorder (ASD) is a neurodevelopmental disorder
characterized by atypical development, behavioral manifestations,
deficits in communication and social interaction, repetitive and
stereotyped behavior patterns, and may present a restricted repertoire
of interests and activities. Although this disorder has become
increasingly common and present in society, the number of institutions
that offer adequate care to this public is still very scarce.
Therefore, this project seeks to develop a reference center in
multidisciplinary care for people with Autism Spectrum Disorder (ASD)
in the city of Porto Velho, providing environments with spaces and
architectural characteristics suitable for the necessary clinical,
therapeutic and pedagogical care, contributing to a greater autonomy,
comfort, safety and interaction of the individual with ASD, and the
environment itself.
Keywords: autism; TEA; sensory architecture; reference Center;
comfort.
Sumário
Aspectos relativos ao tema 01 05 Aspectos relativos a definição do programa

1.1 Delimitação do tema 5 5.1 Descrição das atividades e dimensionamento dos espaços 15
1.2 Objetivos 5 5.2 Métodos construtivos 17
1.3 Justificativa 6
1.4 Metodologia 6
1.5 Referencial teórico 6

Aspectos relativos ao desenvolvimento do projeto 02 06 Condicionantes legais

2.1 Referencial projetual 9 6.1 Leis e normas 18

Levantamento da área de intervenção 03 07 Partido arquitetônico

3.1 Delimitações e potenciais das áreas 11 7.1 Conceito 19

3.2 Morfologia urbana e relações funcionais 12 7.2 Partido e evolução da forma 20
3.3 Uso do solo, atividades existentes e gabarito do entorno 12 7.3 Logo e paleta de cores 20
3.4 Sistema de circulação 13 7.4 Setorização 21
3.5 Levantamento fotográfico 13 7.5 Elevações 22
3.6 Levantamento planialtimétrico 13 7.6 Cortes 23
7.7 Fachadas 24

Aspectos relativos as definições gerais 04 08 Fontes de informações

4.1 Aspectos qualitativos e quantitativos da população 14 8.1 Referências bibliográficas 25

4.2 Características da população alvo 14
4.3 Sobre a obra 14
14
 1. ASPECTOS RELATIVOS AO TEMA

1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA

Construção de um espaço especializado no diagnóstico e atendimento clinico-terapêutico

de pessoas com autismo no município de Porto Velho.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVO GERAL

Projetar um centro de referência em atendimento multidisciplinar para as pessoas com

Transtorno do Espectro Autista (TEA) no município de Porto Velho, visando a utilização de
características arquitetônicas sensoriais como aliado no tratamento do mesmo.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Desenvolver ambientes com espaços e características arquitetônicas adequados aos

atendimentos clínicos e terapêuticos que serão disponibilizados no centro, contribuindo
para maior autonomia, conforto, segurança e interação do indivíduo com TEA, e o
próprio ambiente;
Projetar espaços sensoriais afim de tornar a arquitetura um instrumento eficiente no
tratamento da pessoa autista, utilizando-se das ferramentas de conforto e psicologia
ambiental, como acústica, estética, luminosidade e ventilação;
Projetar infraestrutura necessária aos serviços voltados ao atendimento clínico e
terapêutico, bem como espaços voltados ao desenvolvimento de atividades motoras,
interação social, e acolhimento à família do paciente/aluno.

1.3 JUSTIFICATIVA

O transtorno do espectro autista (TEA) refere-se a uma série de condições caracterizadas

por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na
linguagem. De acordo com dados da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) –
atualizado em 2017 – uma em cada 160 crianças no mundo possui transtorno do espectro
autista (TEA), que por muitas vezes vem acompanhado de outras condições concomitantes,

01 Aspectos relativos ao tema

como a epilepsia, depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
(TDAH).

Centro de Referência em Atendimento a Pessoa Autista 05

 O TEA surge ainda na infância e não se sabe ao certo a causa do transtorno, porém
evidências cientificas sugerem alguns possíveis fatores que tornam uma criança mais
propensa a ter TEA, incluindo os ambientais e genéticos. Estudos epidemiológicos
realizados nos últimos 50 anos, apontam que a prevalência de TEA aparenta estar
crescendo globalmente, podendo estar associado a motivos como o aumento da
conscientização sobre o tema, a expansão dos critérios do diagnóstico, a melhoria das
ferramentas de diagnóstico e o aprimoramento das informações reportadas.
De acordo com dados do Censo Escola/Inep, em 2020, Rondônia possuía 2.432 alunos com
TEA matriculados na Rede regular de ensino e 944 só no município de Porto Velho.
Atualmente na capital, as opções de atendimento especializado nesta área ainda são
poucas e em sua maioria de caráter privado, como exemplo a NeuroKind (Centro de
Estimulação Infantil) que oferece suporte clinico e terapêutico no diagnóstico e tratamento de
diversos transtornos. Dentre as instituições existentes no município que atendem este
público podemos citar a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), que
oferece assistência gratuita para pessoas com deficiência intelectual ou deficiência múltipla,
e a AMA (Associação de Pais e Amigos do Autista) que oferece apoio educacional
especializado e assistência social, ambas entidades beneficentes.
Sabe-se que o TEA não tem cura, porém, intervenções psicossociais, como o tratamento
comportamental e programas de treinamento de habilidades para pais e cuidadores, podem
reduzir as dificuldades de comunicação e comportamento social, impactando diretamente no
bem-estar e qualidade de vida do indivíduo. Os cuidados de saúde das pessoas com TEA
são complexos e requerem uma gama de serviços clínicos e psicossociais integrados, que
devem ser acompanhados por ações mais amplas, tornando seus ambientes físicos, sociais
e atitudinais mais acessíveis, inclusivos e de apoio, sendo essencial que a intervenção
aconteça desde a primeira infância.
No entanto, os ambientes existentes na rede pública de Porto Velho para o atendimento a
essa clientela não englobam o atendimento multidisciplinar e não possuem estrutura e meios
capazes de realizar os serviços clínicos necessários. Além disso, pesquisas apontam que as
condições de um ambiente podem influenciar a vida de crianças e adultos, seja em casa, na
escola ou no trabalho e que, portanto, os espaços arquitetônicos destinados ao atendimento
dessa clientela devem ser projetados com ambientes e características que contribuam para o
desenvolvimento e a autonomia.
Pensando nisso, pretende-se desenvolver um anteprojeto arquitetônico de um Centro de
referência em atendimento as pessoas com Autismo, no município de Porto Velho, Estado
de Rondônia. O Centro contará com espaços planejados e projetados para atender as
especificidades da área, fazendo uso da arquitetura sensorial como importante meio no
tratamento e acompanhamento do indivíduo.com TEA, e o apoio a sua família.
1.4 METODOLOGIA
Esta foi uma pesquisa de proposito descritivo, com abordagem qualitativa através de
procedimentos como levantamento bibliográfico por meio de revisão de artigos, dissertações,
teses, livros, análise documental, e visita in-loco nas estruturas existentes em Porto
Velho/RO, levando em consideração as seguintes temáticas: a influência do espaço e dos
estímulos sensoriais refletidos no comportamento do indivíduo com TEA bem como
ferramenta de auxilio no tratamento do mesmo; a arquitetura como ferramenta de estimulo à
interação social e comunicação; a necessidade de apoio aos familiares e/ou cuidadores da
criança com TEA; os serviços clínicos necessários para o tratamento e apoio ao paciente.
Para o desenvolvimento e elaboração do projeto foram realizadas pesquisas e
levantamentos das estruturas existentes bem como de dados que possibilitem a analise da
parcela da população que tem necessidade destes serviços e o quanto são amparadas e
beneficiadas com as instalações atuais. Finalizando com apresentação da proposta de um
projeto arquitetônico contendo espaços e serviços necessários ao adequado atendimento as
pessoas com TEA.
1.5 REFERENCIAL TEÓRICO
1.5.1 O TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO (TEA)
O termo “autismo” – do grego Autós, significa “de si mesmo” – foi empregado pela primeira
vez em 1908 pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler afim de descrever a “fuga da realidade e o
retraimento interior” observado em pacientes esquizofrênicos (CUNHA, 2012, p. 20). Nos
anos seguintes foram desenvolvidos vários estudos e publicações de diversos autores, como
Leo Kanner, Hans Aspeger, Temple Grandin, Michael Rutter, Lorna Wing, Ivar Lovaas e
outros, sobre o tema, até chegarmos no grau de conhecimento que se tem hoje sobre o
assunto.
Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) são distúrbios do neurodesenvolvimento
caracterizado por deficiente interação e comunicação social, padrões estereotipados e
repetitivos de comportamento e desenvolvimento intelectual irregular, frequentemente com
retardo mental (MANUAL MSD, 2020). Todos os pacientes com autismo possuem essas
dificuldades, porém cada um deles é afetado por diferentes intensidades o que resulta em
situações bem particulares.
Para Silvia (2012), o Autismo é como um espectro de cores, que vai do branco até o preto,
passando por todos os tons de cinza. As variações transitam pela tríade de deficiências nas
áreas sociais, de comunicação, e de comportamento, mas nem sempre todas essas
dificuldades aparecem juntas no mesmo caso.
Conforme Teixeira (2016), não se sabe exatamente as causas do Autismo, entretanto é
possível enumerar diversos fatores de risco que parecem favorecer o desenvolvimento
dessas condições comportamentais, incluindo fatores genéticos e ambientais. No entanto,
atualmente existem evidencias de que as causas hereditárias não explicam em sua
totalidade o risco de desenvolver TEA, mas que fatores ambientais como estresse,
infecções, exposição a substâncias tóxicas, complicações durante a gravidez e
desequilíbrios metabólicos podem ter o mesmo peso na possibilidade de aparecimento do
distúrbio.
Centro de Referência em Atendimento a Pessoa Autista 06
 No geral, a criança com TEA apresenta as seguintes características: dificuldade para
interagir socialmente, manter contato visual, expressar-se facialmente, gesticular, expressar
as próprias emoções, fazer amigos, dificuldade de comunicação verbal, uso repetitivo da
linguagem, bloqueios para começar e manter um diálogo, alterações comportamentais,
manias, apego excessivo a rotina, ações repetitivas, interesse intenso em coisas especificas,
dificuldade de imaginação, sensibilidade hipersensorial e hiposensorial (MANUAL MSD,
2020).
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5 (2012),
estes distúrbios são rotulados como espectros justamente por se manifestarem em
diferentes níveis de intensidade, podendo ser classificada como uma pessoa de alta, média
ou baixa funcionalidade, que representa o grau de independência e o nível de suporte
necessário para superar suas dificuldades.
No entanto, o TEA pode vir acompanhado de impressionantes habilidades, como a
capacidade de memória acima da média, alto poder de concentração em uma área
especifica de interesse por longo período de tempo, facilidade de aprendizado através de
métodos visuais, e entre outras habilidades.
Portanto, dentro do espectro do autismo, cada indivíduo irá desenvolver um conjunto de
sintomas variados e de características particulares, o que influenciará diretamente na forma
como cada pessoa se relaciona, se expressa e se comporta, devido isso a abordagem clinica
se torna muito individual e especifica para cada paciente.
1.5.2 SERVIÇOS CLÍNICOS NECESSÁRIOS NO TRATAMENTO DO TEA
O tratamento do TEA é feito através de acompanhamento médico multidisciplinar, através
de profissionais de pediatria, psiquiatria, neurologia, psicologia, fonoaudiologia e outros. O
que definirá a conduta mais indicada em cada tratamento será o grau da intensidade do
distúrbio e a idade do paciente, e deverá ser definido junto aos pais A associação de
diferentes terapias e abordagens durante o tratamento visa a melhoria das habilidades
sociais, comunicativas, adaptativas e organizacionais. Um dos métodos mais comuns nas
abordagens terapêuticas é a Analise Aplicada do Comportamento (ABA) e a Terapia
Cognitivo-Comportamental.
Além disso, as terapias poderão ser combinadas com medicamentos afim de tratar
condições associadas, como a insônia, depressão, agressividade, déficit de atenção e
hiperatividade, entre outras.
Outra abordagem terapêutica muito utilizada com o Autista é a Integração Sensorial, uma
técnica de tratamento que foi preconizada pela terapeuta ocupacional americana Jean Ayres
(Blog Clínica Ludens,,2021). Inicialmente dirigida a crianças que apresentavam distúrbio de
aprendizagem; e, atualmente, a sua utilização se ampliou também aos indivíduos com
disfunções neurológicas. Esse é um processo pelo qual o cérebro organiza as informações,
de modo a dar uma resposta adaptativa adequada, para organizar as sensações do próprio
corpo em relação ao ambiente.
Crianças com autismo possuem capacidade de interação, mas a qualidade dessa ação se
apresenta com aspectos diferentes em relação a um indivíduo sem autismo. Eles são
capazes de realizar uma tarefa, mas de forma desconexa às funções perceptivas e
sensoriais do seu corpo.
O autista apresenta uma alteração no sentido cinestésico, o qual é o gerador da união entre
seus pensamentos e suas ações, um tipo de modulador sensorial do ser humano. Por essa
razão o ambiente de estimulação sensorial deve oferecer uma interação funcional, coerente
e segura para a criança autista.
1.5.3 A ARQUITETURA SENSORIAL E A INFLUÊNCIA NO COMPORTAMENTO E BEM-
ESTAR
A construção de edifícios que visem não somente os efeitos econômicos, mas
principalmente os efeitos que os espaços arquitetônicos podem causar no individuo, são
preocupações da arquitetura atual. A Arquitetura é uma experiência mais que tudo visual,
mas ela reúne bem mais do que apenas esse sentido, ela é em tudo uma experiência
sensorial que envolve tato, envolve olfato, envolve aroma, envolve sentidos que nos fazem
vibrar, Leitão. A Arquitetura Sensorial funciona para influenciar o humor, comportamento e,
finalmente, o bem-estar do usuário em qualquer espaço.
Tudo isso são preocupações da Arquitetura Sensorial, ela se preocupa sobre tudo com os
efeitos que as construções, os espaços podem produzir sobre seus usuários, demonstrando
que a arquitetura é uma situação comercial, mas que ao considerar as interações diretas e
indiretas entre homem, meio ambiente e objeto construído, pode agregar maior qualidade e
conforto, seja ele físico, psicológico ou ambiental.
Conforme Julia coelho (2019), a arquitetura sensorial encontra nos cinco sentidos básicos a
atenção necessária para projetar espaços que sejam não só econômicos, mas sobretudo
que tragam conforto, segurança e bem está ao indivíduo.
1.5.4 ARQUITETURA COMO FERRAMENTA DE ESTIMULO TERAPÊUTICO AO TEA
O ser humano apresenta comportamentos a partir de seus relacionamentos, sejam eles com
indivíduos ou com o espaço físico. Esse comportamento pode sofrer influências dos
elementos constituintes dos ambientes, principalmente aqueles voltados às atividades que
envolvem os estímulos e as expectativas de seus usuários, como por exemplo, os ambientes
de terapia sensorial. A pessoa Autista apresenta um déficit no mecanismo responsável por
unir pensamentos e ações, o que os leva a uma capacidade de interação comprometida,
tanto com as pessoas, quanto com o seu ambiente, em comparação ao indivíduo
neurotípico, demonstrando também indiferença ou excesso de atenção aos estímulos que se
apresentam ao seu redor. As duas características estão direcionadas ao conceito da
percepção.
LAUREANO (2017), afirma que os elementos espaciais possuem a capacidade de interagir
e interferir no comportamento humano a partir da compreensão feita pelo usuário. Nesse
sentido, a Psicologia Ambiental, que consiste no estudo do comportamento humano em sua
interrelação com o meio ambiente, é um conceito amplamente utilizado na arquitetura de
ambientes, especialmente naqueles projetados para atender pessoas com algum tipo de
comprometimento físico ou neurológico. Uma vez que esta busca investigar o quanto o
ambiente desempenha um papel integrador no processo do comportamento humano.
Planejar um ambiente adequado para um grupo específico de usuários compreende
primeiramente entender os aspectos biológicos desses indivíduos. Não é diferente com os
Centro de Referência em Atendimento a Pessoa Autista 07
autistas. Entender como funciona o cérebro de uma criança autista é o início para se projetar
um ambiente seguro e confortável., considerando no planejamento características
conceituais essenciais, como: padrões generosos de espaços; setorização e layout
planejados; Inclusão e acessibilidade; Simplicidade e Clareza com formas arquitetônica
simples; Integração social: salas de baixo estímulo sensorial e com distrações controláveis;
Equilíbrio: evitar o estresse e ansiedade; Segurança e Proteção.
No que diz respeito às características construtivas, é fundamental considerar: Acústica:
materiais aconchegantes; Iluminação: uso de dimmers e controladores de intensidade da luz
artificial; Ventilação: trabalhar as aberturas para valorizar a ventilação natural e cruzada,
possibilitando espaços bastante ventilados. durabilidade e Manutenção.

1.5.5 AMBIENTES TERAPÊUTICOS E ESTIMULAÇÃO SENSORIAL

Pesquisas tem demonstrado que a prática nas terapias e na integração sensorial têm
resultados excelentes, principalmente, em crianças que possuem uma série de limitações de
desenvolvimento e aprendizagem, incluindo o autismo e alguns outros distúrbios de
desenvolvimento e comportamento. Normalmente, os tratamentos clássicos são
desenvolvidos dentro de um espaço terapêutico criado e pensado para que o terapeuta
consiga apresentar aos pacientes, os desafios sensoriais e de movimentos, intensificando a Figura 01: Sala Snoezelen do Serviço Técnico de Educação Especial da Quinta do Leme
dificuldade progressivamente ao longo do acompanhamento. Sendo esse tipo de intervenção Fonte: https://www.jm-madeira.pt/regiao/ver/25831/Sala_Snoezelen_da_Quinta_do_Leme_com_melhores_condicoes_para_os_utentes
- visitado em 09/12/2021
rodeado por um meio lúdico, onde a criança é estimulada a produzir ideias para o
desenvolvimento dos exercícios e atividades propostas, como também incentivada a
desenvolver novos desafios, trabalhando sempre a confiança e a competência de cada
indivíduo (LAUREANO, 2017).
Uma dessas terapias são a ESTIMULAÇÃO MULTISENSORIAL SNOEZELEN, que surgiu
nos anos 70. A sala de Snoezelen é uma sala multissensorial que tem como objetivo a
estimulação sensorial e/ou a diminuição dos níveis de ansiedade e de tensão. O Conceito da
sala de Snoezelen proporciona conforto, através do uso de estímulos controlados, e oferece
uma grande quantidade de estímulos sensoriais, que podem ser usados de forma individual
ou combinada dos efeitos da música, notas, sons, luz, estimulação táctil e aromas (PAULO e
CASADO, 2021).
O ambiente, que a sala de Snoezelen proporciona, é seguro e não ameaçador, promovendo
o autocontrolo, autonomia, descoberta e exploração, bem como efeitos terapêuticos e
pedagógicos positivos. O ambiente multisensorial permite estimular os sentidos primários
tais como o toque, o paladar, a visão, o som, o cheiro, sem existir necessidade de recorrer
às capacidades intelectuais mas sim às capacidades sensoriais dos indivíduos.
Atualmente, as terapias utilizando esse tipo de sala tem sido utilizado no mundo todo. No
Brasil, o SNOEZELEN foi trazido em 2005 pela AMCIP – Associação Mantenedora do Centro
Integrado de Prevenção, em Curitiba, no Paraná e, em 2007.

Figura 02: Sala de Snoezelen em um instituto em Oregon, EUA

Fonte: http://nossobemestar.com/posts/204-sala-snoezelen - visitado em 09/12/2021

Centro de Referência em Atendimento a Pessoa Autista 08

 2. ASPECTOS RELATIVOS AO DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

2.1 REFERÊNCIAS PROJETUAIS

2.1.1 CCAATEA - Centro de convivência para adolescentes e adultos com transtorno do

espectro autista (TEA)

Aluno: Vinícius Gabriel Gomes da Silva

Orientador: Prof. Felipe Corres Melachos
Instituição: Universidade Anhembi Morumbi – UAM – SP.

A sua forma pura e concreta, se constitui de um quadrado com quatro extremidades, onde
os indivíduos associam a sensação de auto-regulação para si, como maneira de manter a
noção espacial perante a variação dos blocos. A circulação se caracteriza através de um
conjunto de rampas que percorre sucessivamente os diferentes níveis, como se trouxesse
para dentro da edificação uma extensão de cidade. Assim a sensação de percorrer sobre o
edifício estimula a esses indivíduos, o sequenciamento espacial perante os níveis com a
atividade de tratamento em torne de atividades da vida diária (AVD’s).

Figura 03: Praça interna - CCAATEA Figura 04: Praça interna ao lote - CCAATEA
Fonte: https://drive.google.com/drive/folders/1amItRJGhaiFnAUg4ZSPU_VgA1nAua0sK, Fonte: https://drive.google.com/drive/folders/1amItRJGhaiFnAUg4ZSPU_VgA1nAua0sK,
visitado em 28/11/2021 visitado em 28/11/2021

Figura 05: Sala sensorial - CCAATEA Figura 06: Piscina terapêutica - CCAATEA
Fonte: https://drive.google.com/drive/folders/1amItRJGhaiFnAUg4ZSPU_VgA1nAua0sK, Fonte: https://drive.google.com/drive/folders/1amItRJGhaiFnAUg4ZSPU_VgA1nAua0sK,
visitado em 28/11/2021 visitado em 28/11/2021

Deste projeto serão utilizados como referência: o programa de necessidades (serviços

02 Aspectos relativos ao
desenvolvimento do projeto
prestados); os espaços de convivência e contemplação como ferramenta de estímulo
sensorial e social ao paciente; A forma pura e concreta do edifício, a transparência e ao
mesmo tempo opacidade das fachadas e uso da iluminação natural; O sequenciamento
espacial e dos serviços prestados de forma a setorizar por grupo de atividades e estímulos.

Centro de Referência em Atendimento a Pessoa Autista 09

 2.1.2 Centro Educacional Crixá
Brasília, Distrito Federal
Ano do Projeto: 2018
Autores: Eder Alencar, André Velloso e Danielle Gressler
Colaboradores: Marcelo Braga
Estagiários: Gabriel Lordêlo, Gabriel Perucchi e Mateus Reis
Consultoria em Conforto Ambiental: Juliana Andrade
O projeto do Centro Educacional Crixá parte da premissa de que a escola é um
equipamento de transformação social. Muito além de um centro de ensino, ela deve ser
concebida como um centro de convivência, um espaço aberto à comunidade, vivo e útil por
todo o dia. Sua arquitetura, portanto, deve refletir esse ensejo civilizatório, postando-se de
forma clara como um marco na construção do novo bairro de São Sebastião, no Distrito
Federal.
Figura 07: Centro Educacional Crixá - vista lateral direita
Fonte: https://arqbr.arq.br/projeto/centro-educacional-crixa/ - visitado em 09/12/2021
Deste projeto serão utilizados como referência: o elemento construtivo (estrutura metálica); a
forma como o desnível do terreno é aproveitado e a maneira como o prédio está implantado;
A horizontalidade do edifício; o uso de brises e fachadas em vidro, aproveitando ao máximo
os recursos naturais.
2.1.3 Centro de Design ARCA Wynwood
Arquitetos: Esrawe Studio, Superflex
Área: 1890 m²
Local: Miami, EUA
Ano: 2020
A intervenção em mosaico na fachada, projetada pelo Esrawe Studio, foi realizada pelo
SUPERFLEX, um grupo de três artistas dinamarqueses conhecido por mesclar arte, ciência
e ativismo. Intitulados Like a Force of Nature, eles usaram os azulejos projetados por Héctor
Esrawe para criar uma instalação que explora a contradição do fenômeno da moeda e da
fusão da cor, com a sequência matemática dos números de Fibonacci, muito presentes na
natureza. A obra de arte ressalta a experiência avassaladora de nossos sistemas
econômicos, tão naturais quanto vulcões ou tsunamis, quase como uma força da natureza.
“Para contrastar com as cores da fachada, o interior é pensado como um espaço neutro para
chamar a atenção para as coleções de materiais”, afirma Héctor Esrawe. ARCA Wynwood é
apresentado como uma experiência de museu onde os materiais são exibidos como obras
únicas da natureza, dando aos visitantes a oportunidade de ter uma experiência interativa e
sensorial com os produtos ARCA."
Figura 08: Centro de Design ARCA Wynwood - Detalhe fachada principal
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/967814/centro-de-design-arca-wynwood-esrawe-studio-plus-superflex - visitado em 09/12/2021
Deste projeto será utilizado como referência o uso das cores na fachada de forma lúdica e
criativa, estimulando o observador e trazendo um ar de descontração para os usuários do
local. A mesma referência será aplicada em partes no interior do prédio, mantendo o
equilíbrio entre neutralidade e intensidade, afim de estimular e trazer conforto ao paciente.
Centro de Referência em Atendimento a Pessoa Autista 10
 3.1 DELIMITAÇÕES E POTENCIAIS DAS ÁREAS

O terreno proposto para inserir o Centro de Referência em Atendimento a Pessoa Autista

fica localizado na cidade de Porto Velho-RO, no bairro Nacional, sendo delimitado pelas vias
Av. Lauro Sodré e Estr. Belmonte. O terreno possui geometria irregular e intenso declive, e
apresenta vegetação densa e preservada em alguns pontos. Sua área total é de 77.361m².

03 Aspectos relativos
as definições gerais
Figura 09: mapa terreno
Fonte: Google Maps, alterado pela autora, visitado em 30/11/2021

Centro de Referência em Atendimento a Pessoa Autista 11

3.2 MORFOLOGIA URBANA E RELAÇÕES FUNCIONAIS

Considerando o fato de que o empreendimento irá receber pessoas de diversas áreas da

cidade e do estado, foram identificados alguns pontos estratégicos que ligam o terreno a
pontos importantes da cidade, de forma a prever possíveis rotas e acessos.

Opção de trajeto partindo do Hospital Unimed Figura 11: mapa terreno

- 110 (São Francisco) + 312 (Nacional) Fonte: Moovit App, visitado em 01/12/2021

Terreno: Figura 10: Mapa de Porto Velhoo

Fonte: Google Maps, alterado pela autora, visitado em 30/11/2021 Figura 12: mapa terreno
Opção de trajeto partindo da Havan Jorge teixeira - 312 (Nacional)
Fonte: Moovit App, visitado em 01/12/2021

Legenda Como chegar

Havan Und. 1 - Industrial 6 min 39 min 35 min

Estrada de Ferro Madeira

10 min 25 min
Mamoré - Centro

Aeroporto Internacional
8 min 31 min
de Porto Velho
Hospital Unimed - Zona
12 min 45 min
Norte

Opção de trajeto partindo da Estrada de Ferro Madeira Mamoré - Figura 13: mapa terreno
312 (Nacional) Fonte: Moovit App, visitado em 01/12/2021

Centro de Referência em Atendimento a Pessoa Autista 12

3.3 USO DO SOLO, ATIVIDADES EXISTENTES E GABARITO DO ENTORNO 3.5 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

Segundo o mapa de zoneamento de Porto Velho da lei complementar Lei Complementar Nº
97 DE 29/12/1999, a gleba fica localizada na ZPI2 – Zona de proteção de igarapés, sendo
seu uso permitido: C1, S1, S2.1, E1 e E2, no qual ela se encaixa como E2 (Instituições
diversificadas) com código CNAE de 872, atividades e assistência psicossocial e à saúde a
portadores de distúrbios psíquicos, deficiência mental e dependência química..
Foi realizado um levantamento fotográfico in loco no terreno para obtenção de informações
mais precisas. Pode-se notar que a frente do terreno é consideravelmente plana, porém nos
fundos ele possui uma depressão de cerca de 20m abaixo da cota da rua. No momento está
vazio, com a parte frontal limpa, mas a posterior com vegetação alta preservada.

C
Figura 18: foto Vista A
Figura 14: Mapa de Porto Velhoo Fonte: autora, 10/11/2021
Fonte: Google Maps, alterado pela autora, visitado em 30/11/2021

Figura 17: Mapa terreno

Fonte: Google Maps, alterado pela autora, visitado em 30/11/2021

Figura 18: Quadro de regime urbanístico de Porto Velho

Fonte: Sempog, visitado em 10/04/2022
Av. J
Av. L

orge
auro

Teix
eira
Sodré

es
Av. Imigrant

Figura 19: foto Vista D Figura 20: foto Vista C Figura 21: foto Vista B
Fonte: autora, 10/11/2021 Fonte: autora, 10/11/2021 Fonte: autora, 10/11/2021

Cheios e vazios
Figura 15: Mapa cheios e vazios Figura 16: Mapa de acessos
Fonte: Google Maps, alterado pela autora, visitado em 30/11/2021 Fonte: Google Maps, alterado pela autora.

Centro de Referência em Atendimento a Pessoa Autista 13

 4.1 ASPECTOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS DA POPULAÇÃO

De acordo com dados da CDC - Centro de controle e prevenção de doenças - uma agência
do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, a prevalência de
pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) vem aumentando significativamente. Em
2004, o número divulgado pelo CDC era de que 1 criança (até 8 anos) em 166 tinham TEA,
em 2020 esta proporção mudou para 1 em 54.
A ONU (Organização das Nações Unidas) considera a estimativa global de que
aproximadamente 1% da população pode ter autismo no mundo todo, dado afirmado em
2010 pelo então secretário-geral Ban Ki-moon. Considerando que o Brasil, em 2020,
possuía 216 milhões de habitantes, se aplicarmos a proporção estabelecida pela ONU,
deduzimos que no país existem aproximadamente 2 milhões de autistas, e Porto Velho com
539 mil habitantes (IBGE 2020) possui cerca de 5.300 portadores de TEA . O Brasil não tem
estudos de prevalência de autismo, portanto não se tem números oficiais.

De acordo com os resultados da CDC, existe 1 menina com TEA a cada 4 meninos.

4.2 CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO ALVO

Com o crescimento ao acesso à informação, foi notado um aumento significativo no

quantitativo da população autista, bem como a diminuição da faixa etária na descoberta do
transtorno. O diagnóstico precoce é algo muito importante para pessoas com TEA, pois
quanto mais cedo se tem o diagnóstico, mais cedo se começa o tratamento. Ademais,
quanto mais cedo o tratamento se iniciar, melhores serão os resultados. Ou seja,
tratamentos precoces melhoram o prognóstico do transtorno, aumentando a probabilidade
da pessoa com o espectro poder ser independente no futuro. Com isso, a intenção deste
projeto é de proporcionar a esta parcela da população, uma chance de melhoria na
qualidade de vida, oferendo aos mesmos todo o suporte clinico e pedagógico para o
desenvolvimento das habilidades psíquicas, motoras e de socialização.
O Centro de Referencia em Atendimento a Pessoa Autista irá oferecer serviços em sua
maioria para pessoas de faixa etária entre 2 e 18 anos, ou enquanto durar o ensino regular
(que não será oferecido pela clinica) podendo prolongar o acompanhamento em casos
especiais.

4.3 SOBRE A OBRA

04
O centro de referência em atendimento a pessoa autista será uma instituição de iniciativa
Aspectos relativos as público-privada e portanto oferecerá serviços semi-gratuitos à população, mantendo-se
através de doações, patrocínios e recursos governamentais.
definições gerais O edifício será será destinado não apenas ao suporte clinico, mas também pedagógico e
terapêutico, complementado com espaços verdes, paisagísticos, de lazer e convívio social.

Centro de Referência em Atendimento a Pessoa Autista 14

 5.1 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES E DOS ESPAÇOS

O programa de necessidades foi elaborado com base nas pesquisas realizadas ao longo do
trabalho. Para maior entendimento das necessidades do paciente com TEA, foram levados
em consideração dados disponibilizados pela Instituição Autismo e Realidade, pela AMA
(Associação dos Amigos do Autista) e pela Neurokind Centro de Estimulação Infantil, clínica
de Referência no Estado de Rondônia em Atenção Transdisciplinar para Crianças e
Adolescentes com desafios no desenvolvimento da comunicação e da aprendizagem.
Para determinação das dimensões dos espaços, foram consideradas informações da NBR
9050-2015, Neufert, RDC 50, Manual do arquiteto, SOMASUS e dados da Biblioteca Virtual
em Saúde, com aplicação de dimensões mínimas necessárias para atender as atividades
dentro de um espaço. As quantidades de salas foram determinadas com base na quantidade
de pacientes a serem atendidos pelo centro.
Tendo em vista o percentual da população que necessita de atendimento no município, o
atual projeto visa atender uma capacidade média de 550 pacientes, cerca de 10% da
população estimada, cada um com dois atendimentos mínimos necessários por semana. O
funcionamento será de segunda a sábado, de 08:00h às 12:00h e de 13:00h às 18:00h.
O programa foi desenvolvido classificando os serviços em 4 setores: Administrativo, Clinico,
Terapêutico, Serviço/Apoio.

05 Aspectos relativos a
definição do programa
Centro de Referência em Atendimento a Pessoa Autista 15
Centro de Referência em Atendimento a Pessoa Autista 16
5.2 MÉTODOS CONSTRUTIVOS

Terraço verde Brises

Iluminação natural Estrutura metálica

Centro de Referência em Atendimento a Pessoa Autista 17

 6.1 LEIS E NORMAS

Para a elaboração do projeto, serão consideradas as seguintes leis e normas:

Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Institui a Política Nacional de Proteção dos

Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista;

Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência);

Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011 - Educação Especial. Dispõe sobre a

educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências.

Lei Nº 7.853, de 24 de outubro de 1989. Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de

deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da
Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses
coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define
crimes, e dá outras providências.

Lei Nº 10.098, de 19 de dezembro 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos

para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida, e dá outras providências.

Lei complementar nº 97 de 29 de dezembro de 1999: Dispõe sobre o parcelamento, uso

e ocupação do solo do município de porto velho;

Lei Complementar nº 747 de 19 de dezembro de 2018: Dispõe sobre o sistema viário da

cidade de Porto Velho/RO;

ABNT -NBR 9050: Que estabelece normas e padrões de acessibilidade a edificações,

mobiliário, espaços e equipamentos urbanos;

ABNT-NBR 9077: Saídas de emergência em edifícios;

RDC50 de 21 de fevereiro de 2002 - Regulamento Técnico para planejamento,

programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos
assistenciais de saúde.

SOMASUS- PROGRAMAÇÃO ARQUITETÔNICA DE UNIDADES FUNCIONAIS DE

SAÚDE Volume 2 – Internação e Apoio ao Diagnóstico e à Terapia (Reabilitação).
Brasília : Ministério da Saúde, 2013.

SOMASUS - PROGRAMAÇÃO ARQUITETÔNICA DE UNIDADES FUNCIONAIS DE

SAÚDE, Volume 3 – Apoio ao Diagnóstico e à Terapia (Imagenologia). Brasília :

06
Ministério da Saúde, 2013.
Condicionantes
legais
Centro de Referência em Atendimento a Pessoa Autista 18
 7.1 CONCEITO

O conceito do projeto se baseia em alguns elementos e símbolos presentes na temática do

autismo: as cores, os sentidos e o quebra-cabeças.

O quebra-cabeças: representa a complexidade dos

transtornos que foram o espectro autista. O logotipo da
peça de quebra-cabeça foi usado pela primeira vez em
1963 e foi popularizado pela entidade norte americana
Autism Speaks. Eles o usam para simbolizar a ideia de
que pessoas autistas são difíceis de compreender
(como um quebra-cabeça).

Os sentidos: são a forma como percebemos e

interagimos como o mundo. Por isso, dificuldades
sensoriais afetam profundamente a vida de quem sofre
desta condição. Quando as dificuldades sensoriais não
são conhecidas, os comportamentos consequentes não
são compreendidos, o que pode causar frustração aos
pais, professores, tutores e outros familiares.
Compreender o comportamento Autista, significa
compreender que o mundo é sentido de forma muito
diferente, mais intensa ou difusa. Para cooperar com
estes comportamentos desadequados tente ver o
mundo através dos olhos da criança.

As cores: A cromoterapia é o tipo de tratamento feito a

partir do intermédio das cores. Ele é muito importante
porque a percepção das cores por indivíduos autistas
costuma ser diferente de um ser humano médio, já que
a paleta de cores costuma gerar uma sensação de alívio
no autista ou uma sobrecarga visual e sensorial,
variando é claro, de acordo com a sensibilidade de cada
um. Um grande exemplo disso é o caso da cor azul, que
para a maior parte das pessoas se associa à influência

07 Partido
da verbalização das pessoas de um modo geral, ao
passo que para o autista, ela pode representar leveza e

arquitetônico tranquilidade.

Centro de Referência em Atendimento a Pessoa Autista 19

7.2 PARTIDO E EVOLUÇÃO DA FORMA
O partido foi desenvolvido tendo o quebra-cabeças como inspiração, não relacionado
exatamente ao formato na peça em si, mas em como elas se encaixam para formar o todo.
Com isso, fazendo uma releitura e associando aos outros elementos de inspiração, como os
sentidos e as cores, surgiu a ideia de fazer a construção em módulos interligados que se
complementam mas que ao mesmo tempo são independentes.
A forma do prédio principal foi definida como sendo um elemento único, horizontalizado que
vai contra a geografia do terreno irregular, formando assim, um pátio na sua base onde
serão espaços de convivência e socialização iluminados pelas aberturas previstas nas lajes.
Os módulos serão dispostos de forma a aproveitar os ventos predominantes e a iluminação
natural.
7.3 LOGO E PALETA DE CORES
Através da junção dos elementos do conceito, foi alcançado o seguinte resultado:
Silhueta masculina, representa a prevalência do sexo masculino dentre os portadores de
TEA; Cérebro em partes, representando o quebra-cabeças, símbolo de complexidade;
Presença de cores puras, representando os estímulos sensoriais, fator importantissímo no
tratamento e desenvolvimento do paciente; Fundo azul, cor que representa a síndrome e que
transmite leveza e tranquilidade ao portador.
Centro de Referência em Atendimento a Pessoa Autista 20
7.4 SETORIZAÇÃO

Edifício garagem Recepção

Setor clinico e diagnóstico Setor terapêutico e pedagógico
Administrativo Lazer

Centro de Referência em Atendimento a Pessoa Autista 21

7.5 ELEVAÇÕES

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7.6 CORTES ESQUEMÁTICOS

+10,80

+7,20

+3,60

0,0

+10,80

+7,20

+3,60

0,0

+10,80

+7,20

+3,60

0,0

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7.6 FACHADAS EM PERSPECTIVA

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 8.1 REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira | Inep, Sinopses

Estatísticas da Educação Básica 2021. Brasília, DF : Inep, 2020.
Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e-
indicadores/censo-escolar/resultados. Acesso em 05 de outubro de 2021.

LAUREANO, C.J.B. Recomendações projetuais para ambientes com atendimento de terapia

sensorial direcionados a crianças com autismo. Dissertação (mestrado) - Universidade
Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós-Graduação em Arquitetura
e Urbanismo, Florianópolis, 2017.
Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/180532. Acesso em 05 de
outubro de 2021.

MACHADO. E. S. Relações entre ambientes externos e internos em centros de reabilitação

motora: um estudo na Associação de Assistência à criança deficiente de Nova Iguaçu – RJ.
2012. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012..
Disponível em: https://docplayer.com.br/14497707-Ernani-simplicio-machado.html. Acesso
em 05 de outubro de 2021.

VALVERDE, Juliana Viégas de Lima. A influência do conforto luminoso na satisfação dos

profissionais que atuam no ginásio do Centro de Reabilitação Infantil, Natal-RN. 2014. 206f.
Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Centro de Tecnologia, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.
Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/19534 .Acesso em 05 de outubro
de 2021.

AMY, Marie Dominique. Enfrentando o Autismo: a criança autista, seus pais e a relação
terapêutica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001

JULIA RICHARD BICUDO COELHO, Arquitetura sensorial. Disponível em:

https://dspace.mackenzie.br/bitstream/handle/10899/21081/JULIA%20COELHO.pdf?
sequence=1&isAllowed=y, Acesso em 06 de outubro de 2021.

LEITÃO. E. Arquitetura - uma experiência sensorial. Disponível em:

https://www.elenaraleitao.com.br/2011/07/arquitetura-uma-experiencia-sensorial.html,
Acesso em 10 de outubro de 2021.

PAULO M. F. M. S. e CASADO. I. S. Intervenção em estimulação multissensorial e

SNOEZELEN. Disponível em: Intervenção em estimulação multissensorial e snoezelen |
INFAD Journal of Psychology. Revista Internacional de Psicologia Do Desenvolvimento e

08
Educacional.. Acesso em 10 de outubro de 2021.
Fontes de
informações
Centro de Referência em Atendimento a Pessoa Autista 25
“A vida é como um quebra-cabeças.
Deveríamos parar de tentar encaixar
as pessoas onde elas não cabem.”
Autor desconhecido