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Palmas/TO
2023
SÔNIA CRISTINA DANTAS DE BRITO
Palmas/TO
2023
SÔNIA CRISTINA DANTAS DE BRITO
Banca examinadora
Expresso minha gratidão aos membros da banca examinadora, por dedicarem seu
tempo e expertise na avaliação deste trabalho e por suas valiosas contribuições que
enriqueceram este estudo.
Aos meus colegas de turma, em especial à Ana Beatriz (Bia), pelos mil cafezinhos
regados a muitas risadas e, às vezes, lamentações, pela colaboração, troca de ideias e
amizade ao longo desses anos.
À minha família, em especial meus pais Sônia Maria e Ricardo Evaristo, pelo
amor incondicional, encorajamento constante e compreensão durante este período
desafiador, e ao meu irmão, irmãs e sobrinhos, por todo o carinho. Ao meu cachorrinho
Duke, que por várias vezes me acompanhou nas madrugadas de estudo, apesar de estar
sempre dormindo.
Aos amigos Gi, Nayara, Jesuíno, Fábio, Marcelo, Elaine e Autenir pelas
cervejinhas nos momentos necessários de descontração, por todo apoio moral e incentivo
quando mais precisei.
Por fim, dedico este trabalho à memória de Ana Primavesi, cujo legado inspirou
e ainda inspira muitos estudiosos no tema.
A terra é a base de toda a vida.
Você tem que ver a o mundo
por inteiro como um conjunto
(Ana Primavesi).
RESUMO
The transformations in agri-food systems, driven by the Green Revolution, have brought
greater productivity to the agricultural sector but have also caused damage to the
environment and human health. Although agriculture has been fundamental to the
development of civilizations, it currently faces a crisis due to the indiscriminate
exploitation of the environment. Agroecology emerges as an alternative to mitigate these
problems. In Brazil, the topic is approached as a science, practice, and social movement.
In this context, this study investigated how agroecology, based on these three aspects, has
contributed to the construction of agroecological knowledge in Tocantins, located in the
Legal Amazon. Understanding the scenario of agroecology in the state can strengthen the
knowledge-building process, create networking opportunities, and generate public
policies for the sector. To achieve this objective, quali-quantitative methods were used,
including systematic literature review, bibliometrics, narrative review, and content
analysis. As a science, it was observed that scientific production on agroecology in the
Legal Amazon is limited in international databases, being even scarcer when it comes to
Tocantins. However, the information collected in scientific environments of the Brazilian
Agroecology Association revealed greater involvement with the theme, with significantly
more dissemination material of experiences. A diversity of institutions and researchers
involved was identified, reflecting the plurality of agroecology. As a practice,
agroecological experiences are predominantly found in territories of traditional peoples
and communities, such as indigenous areas, quilombola settlements, and settlements.
Social movements play a crucial role in promoting agroecology, with the Tocantinense
Agroecology Articulation Network (ATA) standing out, bringing together various
movements and organizations in favor of promoting agroecology. The Agroecology
Study Centers (NEAs), which emerged as a structure of interaction between science,
practice, and social movement, and as a public policy demanded by the movements,
managed to bridge academia with communities and society. However, the dismantling of
public policies promoting agroecology starting in 2016 and the impacts of the Covid-19
pandemic led both social movements and NEAs to mainly operate in resistance. With the
recent change of government, more aligned with environmental and social causes, there
are expectations of a rapprochement between the government, social movements, and
civil society. This could result in the restructuring of public policies promoting
agroecology. However, despite the diversity of actors involved in agroecology in
Tocantins, there is a distance between these groups, hindering the creation of an
agroecology network in the state. This challenge needs to be overcome to strengthen the
agroecological movement and take advantage of the current favorable national political
context.
Keywords: Interaction; Agroecology network; Plurality; Sustainable development
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO
mundo. Cerca de 700 milhões de pessoas passam fome no planeta, e desses, mais 33
milhões são brasileiros.
Os resultados do II Inquérito Nacional da Insegurança Alimentar no Brasil no
Contexto da Covid-19 (II VIGISAN), realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em
Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN, 2022) chama atenção
a proporção de Insegurança Alimentar moderada e grave, acima de 30,0%, nos domicílios
com presença de menores de 10 anos, em alguns estados brasileiros. O momento de
intensificação das crises foi também quando os movimentos do campo agroecológico
assumiram maior proeminência na construção de ações que priorizam a vida.
Ainda com foco apenas nessas duas áreas de conhecimento, um dos conceitos
mais antigos parte de autores que se tornaram referência no tema. Segundo Altieri (1995)
e Rosset e Altieri (1997), a agroecologia trata do desenvolvimento de sistemas agrícolas
que, a partir das interações ecológicas que ali ocorrem, gerarão os insumos biológicos e,
consequentemente, a fertilidade, produtividade e proteção do solo e da cultura. No
entanto, processo de desenvolvimento do tema, suas definições e interpretações sofreram
algumas mudanças.
Caporal (2009) corrobora ao afirmar que o termo, originado no campo da ciência,
tinha como objetivo incentivar a massificação dos processos de manejo e estruturação dos
agroecossistemas para um formato mais sustentáveis, na busca da rápida mudança de
padrão. O intuito era garantir a produção de alimentos saudáveis e nutritivos com menos
impactos ambientais.
Com tempo, essa visão tornou-se mais ampla quando outras disciplinas, como
zoologia, botânica/fisiologia vegetal e uma nova abordagem integrando princípios
agronômicos, ecológicos e socioeconômicos, passaram a influenciar no processo
evolutivo do tema. Nesse cenário, a agroecologia passou a ser discutida sob três
dimensões que agrupam os elementos centrais: ecológica e técnico-agronômica;
socioeconômica, cultural e sociopolítica. Esses eixos não são trabalhados de forma
isolada; elas se entrecruzam e influenciam umas nas outras. Com isso, para o estudo, faz-
se necessário o debate no aspecto interdisciplinar, multidisciplinar e transdisciplinar
(Candiotto, 2020; Guzmán; Ottmann, 2004; Wezel et al. 2009).
Outra importante interpretação e que norteou esta pesquisa vem de Ploeg (2011),
quando o autor destaca, em suas pesquisas, a agroecologia como: ciência, que traz críticas
severas à industrialização dos sistemas agrícolas e seus impactos; prática, que se baseia
23
na aplicação, evidente ou não, e que gera reflexões que são reunidas e concebidas na
teoria; movimento social, relacionado à mobilização não somente por aqueles
intimamente envolvidos na prática e/ou teoria, mas todos que buscam alimentos bons e
seguros, pautados na justiça social e na relação harmoniosa entre o campo e a cidade.
No Brasil, a agroecologia também é abordada enquanto ciência, prática e
movimento social. Até 1970, não havia qualquer movimentação voltada para o tem; no
entanto, princípios de base ecológica já eram colocados em prática na agricultura através
de imigrantes europeus e povos e comunidades tradicionais. Foi nessa década que surgiu
o Movimento Agricultura Alternativa. Este era um movimento social de caráter técnico-
agrícola, sustentado em ações protagonizadas por agricultores, pesquisadores,
professores, discentes e militantes, que se estruturaram a partir de críticas às gravidades
provenientes da Revolução Verde (Abreu et al., 2016; Brandenburg, 2002; Deleuze;
Guattari, 2000; Souza, 2013).
O Movimento Agricultura Alternativa teve como autor o importante ecologista
brasileiro José Lutzenberger num cenário mundial de urgente preocupação com o meio
ambiente. Lutzenberger esperava incitar conscientização ecológica da sociedade,
inspirando-a a buscar no passado um modelo produtivo sustentável para uso no presente.
O Autor acreditava que, se não houvesse uma mudança, o futuro seria inviável (Pereira,
2012).
Na década seguinte, foram realizadas várias edições do histórico evento Encontro
Brasileiro de Agricultura Alternativa (EBAAs), um espaço que fomentou projetos e
contribuiu na mobilização e organização de agricultores com perfil ecológico, além de
reunir os mais diversos atores atuantes na área (Canuto, 1998). Com isso, nos anos 90,
ocorreu um aumento no número de produções científicas e cursos criados na área de
conhecimento da agroecologia. Essa ciência se materializa ao aderir a várias disciplinas
em seu contexto e ao apresentar-se como um campo complexo e de
multidimensionalidade, pois aglutina também conhecimentos e saberes tradicionais e a
vivência dos agricultores (Candiotto, 2020; Caporal, 2009).
Nessa caminhada, a institucionalização da agroecologia teve um expressivo
avanço, especialmente a partir da década de 2000, quando o Brasil se tornou,
internacionalmente, pioneiro nesse processo. Nesse ínterim, também cresceram as
iniciativas para a segurança alimentar, direcionadas à promoção da produção alimentar
mais saudável (Canavesi et al., 2016; Guéneau et al., 2019; Silva, 2019; Souza, 2013).
24
1.1 Justificativa
A princípio, será apresentada uma Introdução geral sobre o tema a ser abordado,
que discorrerá de forma breve sobre o aspecto histórico da agricultura no mundo e suas
transformações, até a chegada da Revolução Verde com seus benefícios e prejuízos. Além
disso, mostrará a caminhada da agroecologia no mundo, no Brasil e, por fim, no estado
26
2 OBJETIVO
2.1 Objetivo Geral
3 METODOLOGIA
Esta tese tem como área de estudo o estado do Tocantins; porém outros estados
componentes da Amazônia Legal também são analisados no Capítulo 2. Essa região é
formada por Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Roraima, Amapá, Tocantins, Mato Grosso
e parte do Maranhão, que representa cerca de 60% do território nacional, conforme mostra
a Figura 1 (Chaves; Cezar, 2019).
ou não, para a pesquisa (Kitchenham, 2004; Petricrew; Roberts, 2006; Cronin et al.,
2008).
No Capítulo 2 da tese, a proposta de Cronin et al. (2008) foi aplicada. Esta consiste
na divisão das ações em quatro fases: o desenho da pesquisa, a definição dos critérios de
inclusão e exclusão de artigos, seleção da literatura e, por fim, a análise dos dados
encontrados, conforme ilustrado na Figura 3.
Desenho da pesquisa
Seleção da literatura
Assim, na primeira etapa, que diz respeito ao desenho da pesquisa, a questão que
norteou o estudo é definida. Em seguida, os critérios de inclusão e exclusão foram
estabelecidos, os quais estipularam as especificidades que os artigos devem ter para
compor a pesquisa. As limitações, que devem ser claras e replicáveis, podem estar
relacionadas a fatores como datas, periódicos, base de dados, idioma, entre outras (Cronin
et al., 2008).
Após os primeiros passos, a estrutura do trabalho direciona para o momento da
seleção da literatura, onde geralmente são utilizadas séries de palavras-chave. Para obter
32
uma cobertura mais completa sobre o tema estudado, o ideal é a utilização de uma grande
variedade de bases de dados. Em alguns casos, pode ser necessário acessar outras fontes,
tais como, revistas-chave ou anais de eventos, para identificar artigos relevantes que não
estão indexados. Os artigos passarão por uma leitura detalhada para sua seleção. Esse
trabalho é, com mais frequência, realizado por dois revisores, a fim de aumentar a
confiabilidade da pesquisa. A clareza de todo esse procedimento deve permitir que outros
pesquisadores possam reproduzi-lo ou atualizá-lo (Cronin et al., 2008; Dybå; Dingsøyr,
2008; Page et al., 2021).
A avaliação da qualidade dos estudos selecionados é necessária para minimizar
o viés no processo de pesquisa. Além disso, auxilia na obtenção de informações sobre
comparações e direciona a interpretação dos resultados. No entanto, não é um
procedimento simples, pois não existe uma definição geral do que seria essa qualidade.
Dessa forma, artigos de algumas revistas ou conferências que não detalham dos métodos
de investigação, por serem limitados à quantidade de páginas, podem estar sendo
avaliados pela redação e não pela pesquisa em si, pois geralmente a qualidade do estudo
está intimamente ligada a qualidade da investigação. Assim, os estudos tendenciosos são
conduzidos ao erro e, consequentemente, resultam em revisões sistemáticas de literatura
incorretas (Dybå; Dingsøyr, 2008).
Na quarta e última etapa, todo o material coletado foi analisado e sistematizado.
Nesse processo, os resultados da busca foram exportados com extensão (.ris) para o
Programa de Gerenciamento Rayyan Systematic (https://rayyan.qcri.org/), que auxilia
autores de revisões sistemáticas na fase de triagem dos artigos.
Para a análise, optou-se também pelo uso da bibliometria como complemento,
ao trazer uma abordagem quantitativa ao classificar e representar itens importantes para
mapeamento do campo científico estudado. De acordo com Zupic e Čater (2015), essa
parceria entre a bibliometria e as revisões sistemáticas auxiliam na identificação de
elementos sem o viés subjetivo. Esse método quantitativo possibilita mapear o campo
científico, classificando e representando alguns elementos como: principais artigos,
autores e revistas.
A bibliometria aborda os aspectos quantitativos da produção, da disseminação e
do uso das informações registradas, ou seja, permite situar a produção científica de um
país em relação ao mundo, de uma instituição em relação ao país e de um cientista em
relação às comunidades científicas. Este tipo de análise possibilita realizar uma avaliação
33
Preparação das
informações
Transformação do
conteúdo em unidades
Classificação das unidades
em categorias
Descrição
Interpretação
“Agroecologia é o cerne
para a justiça climática.”
(Fábio Pacheco)
pessoas e animais. Estes últimos passaram a fazer o trabalho de tração e a gerar esterco
para a fertilização do solo. Com o tempo, houve o desenvolvimento do comércio e dos
mercados, e a produção camponesa passou a ser também para suprir as necessidades das
indústrias por matéria prima (Oliveira Júnior, 1989; Worster, 2002).
Com o poder político tomado pela burguesia urbana, nasce o Capitalismo, que tem
entre suas principais características: a conversão do trabalho humano e da terra em
mercadorias; o desenvolvimento da indústria, que passou a ser a principal atividade
econômica nacional e internacional; e a enorme divisão social do trabalho. Esse processo
muda, totalmente, as bases da agricultura e foi identificado como a Segunda Revolução
Agrícola Contemporânea – a industrialização da agricultura (Oliveira Júnior, 1989).
Foi a partir da Primeira Guerra Mundial, que a indústria química e mecânica se
desenvolveu e ganhou maiores possibilidades para produção em massa de insumos para
a agricultura. Essa mudança trouxe a dependência da agricultura mais aos recursos
industriais do que locais e novos elementos surgiram no sistema agrário alimentar, como
tratores, arados, colheitadeiras, adubos químicos, entre outros. Tal processo também
ocasionou a evolução dos meios de transporte, do armazenamento e da conservação de
produtos oriundos da agricultura. No entanto, essas transformações não trouxeram
melhorias para a agricultura tradicional camponesa, pois tais tecnologias aumentaram o
distanciamento entre os processos sociais e ecológicos (Altieri, 1999; Oliveira Júnior,
1989; Worster, 2002).
Esse sistema agrícola e alimentar mundial, composto por subsistemas regionais
relativamente especializados, concorrentes e muito desiguais em eficiência, desenvolveu-
se de maneira contraditória e divergente. Por um lado, um número reduzido de
propriedades e de regiões do mundo que sempre acumulou mais capital, concentrou os
cultivos e as criações mais produtivas e conquistou novas partes de mercado. Por outro,
vastas regiões e a maioria dos camponeses do mundo mergulharam na crise e na
indigência até serem excluídos (Mazoyer; Roudart, 2010).
Esse processo de mudança no modo de produção agrícola, com princípios da
chamada Revolução Verde, era apresentado pelos que propunham essa alternativa como
a ideia de que o progresso e o desenvolvimento determinavam a troca das variedades das
espécies produzidas localmente pelas melhoradas a partir de modificação genética. Essas
transformações deixaram evidente uma mudança na relação homem e o meio ambiente;
38
prática é tão primitivo como o princípio da agricultura (IPEA, 2017; Niederle et al., 2019;
Wezel et al., 2018).
Portanto, para Lourenço et al. (2022) o governo brasileiro agiu para desmantelar
as políticas que atuavam direta ou indiretamente no apoio aos povos do campo, das
florestas, das águas, além da segurança alimentar e nutricional e de agroecologia. Como
resultados bastante evidentes houve o retorno da fome, aumento da violência no campo e
a devastação ambiental. Com isso, os autores informam sobre a importância, imediata, de
uma agenda construída não apenas com o intuito de retomar às políticas públicas, mas
também de elaborar ideias novas com capacidade de fornecer opções que transformem a
sociedade.
48
RESUMO
A Amazônia Legal, uma região caracterizada por sua significativa biodiversidade, abriga
diversas experiências agroecológicas voltadas para o desenvolvimento rural sustentável.
Entre os estados que compõem essa região está o Tocantins, que serve como o foco desta
tese. O objetivo geral do estudo era compreender como se manifesta o campo científico
da agroecologia nesse contexto geográfico. Para alcançar esse objetivo, adotou-se uma
abordagem metodológica que combina Revisão Sistemática de Literatura com
Bibliometria. Os dados foram extraídos de bases de dados internacionais, especificamente
o Scopus e o Web of Science. Inicialmente, um total de 138 artigos foi identificado por
meio dessa busca. Após a aplicação de critérios de inclusão e exclusão e a realização de
uma análise detalhada da literatura selecionada, 33 publicações foram consideradas
pertinentes para a pesquisa. Essa investigação facilitou a identificação do volume de
produção científica relacionada à agroecologia na Amazônia Legal, juntamente com uma
exploração das instituições envolvidas, autores, áreas temáticas e periódicos acadêmicos.
Nesse sentido, tornou-se evidente que, apesar de um aumento na produtividade nos
últimos cinco anos, a produção científica no campo da agroecologia ainda permanece
relativamente modesta no contexto internacional. Com relevância significativa, o estado
do Pará destacou-se como o principal contribuinte em termos de documentos produzidos.
Além disso, uma tendência significativa de colaboração entre instituições nacionais e
internacionais foi observada. Entre os principais temas abordados estão: as práticas
agroecológicas, com ênfase em Sistemas Agroflorestais, bem como Políticas Públicas,
como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE). Compreender esse panorama estrutural tem o potencial de
catalisar a formação de redes científicas, que, por sua vez, podem facilitar o envolvimento
de novas colaborações, pesquisadores e estudos que possam aprimorar a visibilidade das
experiências agroecológicas no estado de Tocantins.
Amazônia Legal. Essas duas metodologias, quando aplicadas em conjunto, fornecem uma
visão mais abrangente do tema em discussão.
A RSL é frequentemente empregada por pesquisadores que desejam identificar
e analisar um determinado campo científico de maneira mais rigorosa, com base na
sistematização de estudos anteriores (Cronin et al., 2008; Kitchenham, 2004; Schmidt,
2008).
A estrutura deste trabalho seguiu a proposta de Cronin et. al. (2008), que divide o
processo em quatro fases: desenho da pesquisa, definição dos critérios de inclusão e
exclusão de artigos, seleção da literatura e, finalmente, a análise dos dados obtidos.
A pesquisa que foi realizada no período de novembro de 2021 a junho de 2022,
sem recorte temporal, uma vez que não foram identificados outros estudos na mesma
categoria. Optou-se por utilizar toda a produção científica disponível nas bases de dados:
Web of Science e Scopus.
Na primeira etapa, referente ao desenho da pesquisa, definiu-se a questão a ser
investigada, isto é, o objetivo principal do trabalho. Dado que o foco era o campo
científico, a indagação formulada foi: Como se apresenta o campo científico da
Agroecologia no contexto da Amazônia Legal e Tocantins?
Na etapa subsequente, estabeleceram-se os critérios de inclusão e exclusão. Com
isso, foram incluídas produções científicas da região em estudo, independentemente do
idioma, e abrangendo todo o período disponível nas bases de dados já mencionadas.
Assim, o recorte temporal da pesquisa compreendeu o período de 2003, ano da primeira
publicação científica relacionada ao contexto em questão, até 2021. Excluíram-se artigos
que não abordavam a Amazônia Legal, que estavam fora do tema proposto e duplicados.
Após essas etapas iniciais, o processo seguiu para a seleção de literatura,
priorizando-se artigos revisados por pares. A escolha por tais bases de dados (Scopus e
Web of Science) decorreu da preocupação com a qualidade da pesquisa, conferindo mais
robustez ao trabalho.
Durante a busca por produções científicas, utilizaram-se palavras-chave que
direcionassem a pesquisa para artigos alinhados ao objetivo do estudo. Com isso, foram
empregados os seguintes termos: Amazônia Legal e Agroecologia – em português e
inglês – e suas variantes. Além dessas palavras, incluiu-se o nome dos estados que
compõem a região em estudo, conforme descrito na Quadro 1.
52
publicações relacionadas ao termo utilizados nas buscas nas bases de dados Web of
Science e Scopus. Esse material passou pelo processo de seleção, onde foram analisados
através do: títulos, resumos e/ou corpo textual de cada artigo científico, restando 104
artigos, que passaram por leitura em profundidade e formaram o corpus da pesquisa com
33 publicações. Esses números mostram que ainda é muito baixo o número publicações
relacionados ao tema Agroecologia, no contexto da Amazônia Legal, especialmente,
quando se trata dados coletados em bases buscas internacionais.
No período estudado, percebeu-se que o ano de 2003 teve apenas 1 (um) artigo
científico publicado, conforme gráfico 1. Supõe-se que a quantidade de publicação, nessa
época, tenha ocorrido pelo fato da agroecologia ainda estar em processo de
desenvolvimento pelo país, ainda com incentivo governamental, o qual veio acontecer
nos anos seguintes. Segundo Bianchini (2015), foi nessa década que houve uma
aproximação do movimento agroecológico com o governo, o que permitiu um maior
diálogo entre os atores envolvidos no contexto, o que possibilitou ações e políticas
públicas que atendessem as demandas do setor.
Ainda sobre as produções científicas, dois momentos chamaram atenção, que
foram os períodos de 2004 a 2007 e 2012 a 2015, pois nesses intervalos não foram
registradas publicações, como mostra o gráfico 1. É difícil identificar o que causou esse
hiato nas duas ocasiões, mas a primeira quebra pode ter ocorrido pelo mesmo motivo da
baixa quantidade de publicação em 2003. Já no segundo intervalo, não há indícios do que
pode ter acontecido, pois a agroecologia estava no seu melhor momento no país.
De acordo com Trovatto et al. (2017), a instituição da Política Nacional de
Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO), em 2012, foi um momento histórico e
relevante, em vários aspectos, para o movimento agroecológico. No período de 2013 a
2015, foi dado início ao Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica
(PLANAPO), que buscou implementação de programas e ações incentivadoras da
transição agroecológica (Brasil, 2013). Portanto, a nível nacional a agroecologia estava
numa conjuntura muito favorável para as produções científicas, a partir das atividades de
apoio governamental.
Entre 2016 e 2018, houve o aumento na quantidade de artigos publicados, com: 2,
3 e 7 produções científicas, respectivamente, como mostra o gráfico 1. Isso não foi
surpreendente, pois como citado, anteriormente, o cenário nacional era conveniente à
novos estudos no tema. Já em 2019 (5) e 2020 (3) os números caíram (gráfico 1). Essa
54
queda pode estar ligada a diversos fatores, entre eles: o retrocesso nos processos de
institucionalização da agroecologia, após a mudança de governo e os cortes de recursos
na pesquisa, ciência e tecnologia. Além disso, o ano de 2020 foi marcado pelo início da
pandemia da Covid-19, que também pode ter afetado a execução das pesquisas.
2015 0
2014 0
2013 0
2012 0
2011 1
2010 2
2009 1
2008 2
2007 0
2006 0
2005 0
2004 0
2003 1
0 1 2 3 4 5 6 7 8
QUANTIDADE DE ARTIGOS
analisar termos dos três estratos mais destacados. Assim, surge no primeiro estrato: Solo,
Agroecologia e Agricultura; no segundo estrato: Amazônia, Familiar e Preta; no terceiro
estrato: Alimentação, Pública, Análise, Educação e Agrofloresta, como mostra a figura 6.
Ao analisar tais palavras observar-se a grande relação entre elas. Com obviedade,
entre as palavras-chave com maiores frequências, duas estão relacionadas diretamente
aos termos utilizados nas buscas nas bases de dados - Agroecologia e Amazônia. Já os
termos Agricultura e familiar formam a representatividade da agroecologia enquanto a
prática e conhecimento tradicional, conforme figura 6. Esses elementos são pilares das
práticas agroecológicas (Picolotto, 2014). De acordo com Sousa (2022), na Amazônia, a
agricultura familiar possui enorme diversidade nos aspectos ambientais e sociais,
atribuída ao processo de povoamento da região, que a tornam uma extensa arena para
ações da agroecologia.
O termo solo, que também se destacou, surgiu a partir da união de palavras com o
mesmo significado sendo, nesse caso, a expressão “terra”. Que relação com o termo Preta,
pois trata-se da Terra preta de Índio. Esse tipo de solo tem sido bastante estudada e
segundo Kern e Kämpf (1989) e Kämpf e Kern (2005), são registros marcantes da
civilização antiga na Amazônia Legal. Além disso, é definido como um elemento
importante na busca pela sustentabilidade na produção agrícola dessa região. O termo
análise também está relacionado ao solo, no sentido de ser analisadas suas condições para
fins agrícolas, no contexto agroecológico.
Observa-se que as demais palavras, Alimentação, Pública, Educação e
Agrofloresta e demais, que não foram colocadas na discussão, representam a pluralidade
da agroecologia adquirido no seu processo de desenvolvimento do país. Percebe-se ainda,
que os termos presentes na nuvem de palavras representam a agroecologia no contexto
abordado no Brasil, ou seja, como ciência, prática e movimento social.
O termo Alimentação está intimamente relacionado à Segurança alimentar e
Nutricional figura 6. A agroecologia, de acordo com (Niederle et al., 2021) ganhou forte
aliado à sua promoção quando foi criada a Lei de Segurança alimentar e nutricional
(SAN), em 2006. Portanto, a frequência dessa palavra mostra a grande relação e
importância da Segurança alimentar e nutricional no processo de desenvolvimento da
agroecologia e que uma não caminha sem a outra.
Destacou-se, também, a palavra Política e no estrato seguinte o termo Pública, ou
seja, apesar de aparecerem em estratos diferentes, trata-se de Políticas Públicas, como
59
Figura 6. Nuvem de palavras a partir das palavras-chave dos artigos coletados nas bases
de dados Web of Science e Scopus
Após uma leitura profunda dos artigos selecionados, observou-se que as práticas
agroecológicas foram os temas mais abordados, nos estudos encontrados, Quadro 3.
Portanto, percebe-se que há muitas ações acontecendo nos estados da Amazônia Legal.
Entre tais práticas, a implantação de sistemas agroflorestais foi a mais encontrada. De
acordo com Felipe et al. (2023), os sistemas produtivos tradicionais/ancestrais foram os
primeiros sistemas agroflorestais e tinham como base a diversidade no cultivo, o manejo
e poda das árvores e arbustos em um esquema integrado ou de sucessão.
60
5.4 Conclusão
RESUMO
1
Parte deste capítulo foi publicado em 28/07/2023. de Brito, S. C. D., Ertzogue, M. H., Beraldo, K. A., &
Silva, S. F. S. (2023). Educação e construção do conhecimento agroecológico no estado do Tocantins.
CONTRIBUCIONES A LAS CIENCIAS SOCIALES, 16(7), 7883–7897.
https://doi.org/10.55905/revconv.16n.7-219
64
processo de avaliação por pares, ou seja, análise de dois consultores ad hoc para avaliação
cega (ABA-Agroecologia, 2018).
As publicações são de acesso gratuito à sociedade, o que auxilia na divulgação do
das produções científicas no tema agroecologia. Porém, apesar de possui vários
indexadores, conforme figura 7, sua difusão ainda é limitada, pois não está nas bases de
dados internacionais (ABA-Agroecologia, 2018; Donazzolo et al., 2019; Moura, 2017;
Soglio, 2006; Sousa, 2022)
Porém, em 2022, a Revista que em seu estatuto traz a agroecologia como uma
ciência que atua em diversas áreas do conhecimento na transdisciplinaridade e de forma
sistêmica, por vários anos foi avaliada com Qualis B2 na área Interdisciplinar, sua
prioridade, mas, após lançada a avaliação do último Qualis Periódicos (2017-2020), ela
teve sua classificação rebaixada para Qualis B4. Segundo Soglio e Donazzolo (2023),
sem consultar os periódicos a CAPES decidiu por qual área estes seriam avaliados, e a
RBA foi avaliada pela Ciências Agrárias. Porém, em tal área do conhecimento a revista
sempre teve a avaliação B4, pois não está na preferência dos Programas de Pós-
Graduação dessa área.
Além da Revista Brasileira de Agroecologia, a ABA-Agroecologia é responsável
pela organização dos Congressos Brasileiros de Agroecologia (CBA), que acontecem a
cada dois anos, e outros eventos na área. Os resumos, que são apresentados e debatidos
nesses eventos, vão para os anais publicados na Revista Cadernos de Agroecologia. A
revista com ISSN 2236-7934, tem como objetivo dar visibilidade a Construção do
Conhecimento Agroecológico, a partir da comunicação existente entre o saber técnico-
científico e o popular (ABA-Agroecologia, 2018). Para Caporal e Costabeber (2002),
estes ambientes trazem discussões e experiências que tem como principais atores os
agricultores agroecológicos.
Quanto aos conflitos sobre a avaliação pelo novo Qualis Periódicos CAPES, de
acordo com (Dal Soglio e Donazzolo, 2023), percebe-se as divergências nos critérios de
definição da área escolhida para avaliação dos periódicos, pois a Revista Cadernos de
66
Agroecologia foi avaliada com Qualis B1 para área Interdisciplinar, o que causou
estranheza, pois se trata de publicações de resumos expandidos.
De acordo com Aguiar (2016), a Associação Brasileira de Agroecologia tem
debatido sobre a construção do conhecimento agroecológico, onde a educação vem tendo
destaque. Sobre essa relação Educação e Construção do Conhecimento Agroecológico,
Aguiar (2016) afirma que,
Algumas experiências no campo das chamadas agriculturas alternativas, foram
o embrião para a constituição de processos de ensino-aprendizagem dedicados
a uma educação voltada para a sustentabilidade, e vêm sendo consolidadas
através de ações pontuais de educadores ou estudantes, mas também através de
ações coletivas que articularam iniciativas voltadas para o ensino, a pesquisa e
a extensão. Entendemos que estas são iniciativas que configuram o que
estamos chamando de uma Educação em Agroecologia (Aguiar, 2016, p.3).
de fevereiro de 2022. Não foi definido um recorte temporal, optou-se por trabalhar com
todo o material disponível.
De acordo com Rother (2007), a revisão narrativa é uma abordagem qualitativa,
que se constitui numa investigação crítica de bibliografia publicada em livros, revistas
eletrônicas ou em papel. Essa técnica pode auxiliar na educação contínua, de um
determinado tema, ao fornecer conhecimento atualizado.
Após identificar os artigos referentes a categoria Educação e Construção do
Conhecimento Agroecológico, uma das categorias definidas para a sistematização de
experiências da Plataforma Agroecologia em Rede (AeR), foi realizada a leitura em
profundidade para melhor análise dos documentos.
2018 13
0
2016 0
0
2014 0
1
2012 1
0
2010 0
7
2008 0
3
2006 1
0 2 4 6 8 10 12 14
ARTIGOS
Quadro 5. Título do artigo, ano e instituição dos artigos publicados na RBA e RCA
sobre agroecologia no Tocantins
Título Ano Instituição
1 Avaliação do envolvimento de docentes 2006 Universidade de Gurupi (UNIRG)
de escolas situadas em áreas de influência
de córregos em atividades ambientais
educativas
2 Agroecologia no Projeto Rondon – 2007 Universidade Federal Rural do Rio de
Amazônia Oriental, Esperantina Janeiro (UFRRJ)
(Tocantins)
3 Produção de fitomassa, acúmulo de 2007 Escola de Canuanã – Fundação
nutrientes e decomposição de resíduos de Bradesco
leguminosas em solo de várzea do Estado
do Tocantins, Brasil
4 Sensibilização agroflorestal na reserva 2007 Empresa Brasileira de Pesquisa
indígena Krahô: O Relato de uma Agropecuária - EMBRAPA
experiência Transferência de Tecnologia;
Universidade de Brasília (UNB)
5 Plantas visitadas por abelhas 2009 Universidade Federal do Tocantins
africanizadas na Região Sul do Tocantins (UFT)
6 Indicadores de sustentabilidade como 2009 Universidade Estadual do Tocantins
instrumento de avaliação da qualidade de (UNITINS);
vida e das condições para viver do Universidade Federal de Santa Catarina
Reassentamento Mariana (UFSC)
7 Identificação de mudanças no padrão 2009 Universidade Federal do Tocantins
alimentar das famílias do Reassentamento (UFT)
Rural Piabanha I, São Salvador do
Tocantins
8 Desenvolvimento de plântulas de sorgo 2009 Universidade Federal de Tocantins
cultivadas sob elevadas concentrações de (UFT)
adubação orgânica no sulco de plantio
9 Caracterização do Sistema de Produção 2009 Universidade Federal do Tocantins
das Famílias do Reassentamento Rural (UFT)
Piabanha I, São Salvador do Tocantins-
TO
10 Análise da renda familiar no 2009 Universidade Federal do Tocantins
reassentamento Piabanha II – São (UFT)
Salvador do Tocantins
11 Alterações no sistema de produção de 2009 Universidade Federal do Tocantins
famílias afetadas por empreendimento (UFT)
hidrelétrico: caso do Reassentamento
Rural Buriti - Piabanha, São Salvador do
Tocantins – TO – Brasil
12 Desenvolvimento de leguminosas 2012 Universidade do Goiás (UFG) - Escola
herbáceas perenes, semeadas na época das de Agronomia;
águas no sul do Tocantins Agrotécnica Casa de Projetos;
Universidade do Espírito Santo (UFES)
- Centro de Ciências Agrárias;
Universidade Federal do Tocantins
(UFT);
Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro (UFRRJ)
13 Avaliação da diversidade de plantas 2013 Universidade Estadual Paulista
espontâneas e a densidade de ácaros (UNESP);
predadores em cultivo de pinhão-manso Universidade Federal do Pará (UFPA);
Universidade Federal do Tocantins
(UFT);
71
A EFA Porto Nacional foi criada em 1994, com um diferencial no ensino por meio
do uso do método Paulo Freire - Pedagogia da Libertação – somado à pedagogia da
alternância (Muta, 2004). Em 2015, a partir do Programa Nacional de Educação na
Reforma Agrária (PRONERA), um programa de democratização da educação no campo
mediante formação técnica-profissional direcionada ao desenvolvimento sustentável, foi
criado o curso Técnico em Agroecologia Integrado ao Ensino Médio (Bezerra et al.,
2017). Devido ao perfil da instituição e seu importante histórico no país e no estado, é
interessas notar o direcionado de parte de suas atividades de formação para o
conhecimento agroecológico, na busca por um desenvolvimento local mais sustentável,
apesar de estarem localizadas num dos estados que mais incentivam as atividades do
agronegócio.
Os Núcleos de Estudos em Agroecologia (NEAs), identificados na coleta de dados
(quadro 5), fazem parte de projetos atuantes na agroecologia integrando ações de
extensão, pesquisa e ensino na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica, além de Instituições Públicas Estaduais de Educação Profissional e
Universidade privadas. A implementação dos NEAs permitiu a criação de espaços que
auxiliam na projeção de sistemas agroalimentares com base em princípios
agroecológicos. Porém, em 2016, houve uma mudança no cenário político que causou o
desmantelamento de políticas públicas voltadas para a agricultura familiar, mesmo assim
os núcleos se mantiveram resilientes (Borsatto et al., 2022).
Torna-se importante destacar a atuação da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária – EMBRAPA (quadro 5), órgão que teve grande importância no processo
evolutivo do conhecimento da agroecologia no país. De acordo com Santos e Dias (2014),
em 2006 a instituição lançou o Marco Referencial em Agroecologia, trazendo o indicativo
de que o processo de construção do conhecimento agroecológico tem base no diálogo e
participação de agricultoras e agricultores. Após a criação da Política Nacional de
Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO), a entidade tem se empenhado em cumprir
com as dezessetes ações, presentes na política e que são de sua competência.
As produções tiveram como área de estudo diversas localidades nas regiões
central, norte e sul do estado, sendo esses municípios: a capital Palmas, Gurupi,
Esperantina, Itacajá, Porto Nacional e Araguaína. Além disso, foram encontrados
trabalhos que contemplavam todo o estado, como mostra o quadro 6.
74
6.4 Conclusão
Nesse estudo, foi possível entender a importância dos ambientes científicos
organizados pela Associação Brasileira de Agroecologia, pois tornaram-se referência em
divulgação de estudos à nível nacional. A partir das informações encontradas nesses
ambientes foi possível identificar inúmeras ações e muitos atores envolvidos no processo
de desenvolvimento da agroecologia no Tocantins.
No entanto, as revistas não possuem divulgação internacional, mesmo a Revista
Brasileira de Agroecologia, apesar de rigorosos os trâmites na avaliação dos artigos. Essa
visibilidade, em um cenário mais amplo, poderia atrair novos pesquisadores interessados
em estudar o estado a partir das experiências agroecológicas. Segundo Donazzolo (2020),
esse tem sido um dos maiores desafios da Revista Brasileira de Agroecologia, que busca
obter a indexação mais abrangente nas bases internacionais, o que levaria a uma maior
validação no ambiente científico.
Já a Revista Cadernos de Agroecologia, ainda que não possua os rigores
científicos no processo avaliativo dos trabalhos, é um ambiente de grande importância no
campo da agroecologia, pois possibilita a participação da sociedade em geral, acadêmica
ou não, permitindo a visibilidade de ações que se manteriam incógnitas sem esse espaço
de divulgação.
Supõe-se que nos anos 2018 e 2020, que tiveram maior quantidade de publicações
pode estar relacionada a criação dos Núcleos de Estudos em Agroecologia (NEAs). Estes
fazem parte de uma política pública que surgiu a partir da demanda do movimento
agroecológico. De acordo com Souza et al. (2017), estes espaços atuam na
80
RESUMO
Desde 1930, o curso da ocupação das terras com destino econômico tem ganhado impulso
e, nesse processo, quilombolas e indígenas foram os mais atingidos com os transtornos
no campo social, e que geraram disputas e exclusão. Também foram excluídos os
agricultores mais desprovidos de recursos, pois sempre eram cortados das políticas
voltadas para o setor agrícola. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(2017), aproximadamente 45 mil agricultores familiares, tem sofrido inúmeras
adversidades que vão desde a estrutura de produção, até o difícil acesso à crédito e a
organização social.
No extremo norte do estado, uma região de muito conflitos agrários, de acordo
com Ramos e Lira (2015), surgi padre Josimo Tavares que foi um dos primeiros a atuar
nas questões sociais campesinas nesse local. Porém, por ser uma área de muita tensão, ele
foi assassinado em 1986. Após sua morte seu trabalho tornou-se referência e mobilizou
movimentos e segmentos sociais na luta pela terra.
Ainda sobre quem foi o Padre Josimo Tavares, Ramos e Lira (2015) afirmam que
ele foi,
Uma das maiores representações da luta pela terra “no Bico” sem dúvida foi o
líder da Igreja Católica na região, Padre Josimo Tavares, assassinado em 1986
por fazendeiros que se aliaram para reter as reivindicações dos sem-terra,
organizadas, principalmente, pela CPT (Comissão da Pastoral da Terra). E a
partir de sua morte, tornou-se um dos maiores referenciais da luta pela terra no
Tocantins e no Brasil (Ramos; Lira, 2015, p. 124).
da interação com redes científicas, que juntos auxiliaram também no avanço de políticas
públicas de promoção. Portanto, segundo os autores, para evoluir a agroecologia
dependerá de uma forte interação entre os movimentos sociais, redes científicas e
construção de políticas públicas.
Esta pesquisa foi realizada nos meses de abril a maio de 2023, durante o estudo
foram utilizados métodos qualitativos tais como, a Entrevista em Profundidade e a
Análise de Conteúdo. A entrevista qualitativa em profundidade e/ou semiestruturada se
caracteriza como um instrumento de coleta de dados que possibilita o diálogo em um
espaço relacional a fim de favorecer o protagonismo do participante. O investigador
promove neste espaço, as condições para que o participante expresse livremente suas
opiniões, emoções e experiências de vida, cabendo ao pesquisador controlar o fluxo das
mesmas (Moré, 2015).
Seguindo a estrutura indicado por Duarte (2015), a entrevista em profundidade
segue algumas etapas: a definição da entrevista - que pode ser aberta com questões não-
estruturadas e tem como base uma questão central; semiaberta com questões
semiestruturadas e tem como base um roteiro; e fechada com questões estruturadas e tem
como base um questionário. Em seguida, é realizada a seleção dos informantes, que
depende do tipo de entrevista. São indicadas 5 categorias que auxiliam nesse processo de
seleção do entrevistado, que pode ser um: Especialista, Informante-chave, Informante-
padrão, Informante complementar e Informante-extremista. A amostra está mais ligada
significância do entrevistado, do que uma representação estatística. Dessa forma, o autor
propõe duas formas de escolha da amostra: por conveniência – baseada na viabilidade e
de forma intencional – seleção por juízo particular. Os instrumentos de coleta podem ser:
caderno de anotações, gravações, telefone e internet, cada um com suas vantagens e
desvantagens. Para a descrição e análise de conteúdo são utilizadas as categorias para
organizar as informações coletadas e então, é realizada a descrição interpretativa,
conforme mostra a figura 9.
Dessa forma, foram realizadas entrevistas com 5 representantes, sendo: 4 de
Núcleos de Estudos em Agroecologia localizados no Estado do Tocantins e 1 da Rede
Articulação Tocantinense de Agroecologia. Desse total, quatro entrevistas aconteceram
89
no formato presencial, na capital Palmas e uma no formato remoto via Google Meet.
Todos os áudios foram gravados com a ajuda de um celular e com o consentimento dos
participantes. Cada entrevista teve em média a duração de uma hora
Também foram realizadas anotações das falas para auxiliar no processo de
transcrição do áudio, o qual foi realizado com o auxílio do aplicativo Transcribe do
Microsoft Word. Em seguida, o material passou por conferência das palavras, para
preservar com fidelidade a fala do/da participante e garantir a reprodução literal de suas
respostas. Os participantes não tiveram suas identidades reveladas, conforme informado
no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Além disso, foi dada total liberdade
durante a entrevista, que possuía um roteiro para que o assunto não desviasse tanto do
contexto de interesse para a pesquisa. Os representantes de núcleo tinham o direito de
encerrarem a pesquisa quando achassem oportuno.
que separam Tocantins dos estados do Pará e Maranhão. A região sempre manteve uma
identidade regional fundamentada em atividades econômicas de subsistência, cultura
local e na paisagem dominada pelos Rios Araguaia e Tocantins, uma identidade que data
dos primeiros anos do século XX.
De acordo com a representação da ATA, após a morte do Padre Josimo, foi dado
o início do processo de regularização das terras. Com isso, os atores envolvidos na luta
pela terra resolveram se mobilizar, no sentido de criar uma organização que ofertasse
assistência técnica aos agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais e
assentados da região do Bico do Papagaio. Isso tudo foi motivado pela insegurança em
relação ao histórico do Estado, que nas questões agrárias sempre privilegiou grandes
fazendeiros. Assim, em 1992 nasce a Alternativas para a pequena agricultura no
Tocantins (APA-TO). Portanto, foram os históricos conflitos agrários e o receio quanto
as ações do Estado, que geraram a mobilização dos movimentos sociais enredados às
causas do campo e as práticas de produção sustentável na região.
No material coletado na entrevista, notou-se a forte atuação da ONG que tem suas
atividades executadas por meio de recursos internacionais e nacionais. Dentre suas ações,
uma delas contou com a parceria da Coordenação Estadual das Comunidades
Quilombolas do Tocantins (COEQTO), num projeto financiado pela Climate and Land
use Alliance. Assim, foi lançado um material denominado “Caderno Saberes e Fazeres
Quilombolas – Planos de Gestão Territorial”. O caderno apresentava experiências
agroecológicas sistematizadas, que se tornaram base para o Movimento Quilombola.
Entre as Comunidades participantes do projeto estavam: Mumbuca, Das margens do Rio
Novo, Rio Preto e Riachão, Kalunga do Mimoso e Claro, Prata e Ouro Fino, como mostra
o quadro 9. Portanto, nota-se que apesar de ter surgido como uma demanda a partir dos
conflitos agrários na Região do Bico do Papagaio, a ONG passou a atuar também outras
áreas do estado, identificando as experiências agroecológicas.
Quanto às parcerias, a Rede Articulação Tocantinense de Agroecologia contou
com parceiros importantes, que incluía: instituições federais, instituições de ensino,
movimentos sociais de diversos seguimentos, organização não governamentais,
cooperativas e associações, como mostra o quadro 10.
92
Quadro 13. Ações executadas pelos NEAs do Tocantins, em eventos e/ou atividades
junto às Comunidades/Sociedade.
AÇÕES DOS NÚCLEOS DE AGROECOLOGIA
Monitoramento de produções em transição agroecológica
Ação voltada para Mercado e comercialização de produtos agroecológicos
Instalação de horta para merenda escolar em Escola Rural
Programa Resistência Agroecologia (Via Youtube) – diversos temas abordados
Caravana Agroecológica do Tocantins
Produção de plantas medicinais
Instalação de Feira agroecológica em Universidade
Oficina de produção de alimentos em pequenos espaços
Seminário Estadual de Agroecologia
Oficina de cartografia etnográfica
Roda de conversa sobre Meio Ambiente
Palestra sobre Políticas Públicas
Técnicas para a agricultura urbana
Diálogo com comunicadora da Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP)
96
em vários países. Com isso, a doença foi categorizada como uma pandemia pela OMS em
março de 2020. Nesse processo, a maioria das comunidades acompanhadas pela ATA e
que comercializavam em feiras livres. Muitas localidades carentes, que foram
extremamente impactadas, precisaram recuar e reduzir sua produção alimentos.
Quanto aos NEAs, dois deles aprovados ainda nos primeiros editais do CNPq,
conseguiram atuar por um tempo razoável antes da pandemia. Já os demais núcleos, que
tiveram sua aprovação mais tardia e com início das atividades em 2018, puderam executar
poucas ações. No geral, todos retrocederam em suas atividades e as equipes foram
reduzidas, conforme fala das representações dos NEAs entrevistados.
Portanto, o recuo nas atividades durante o período da pandemia foi bastante
prejudicial aos dois grupos, no entanto, enquanto os núcleos tiveram apenas suas ações
em campo afetadas, as comunidades sofreram com a redução drástica na produção e
venda de alimentos comprometendo suas rendas, como mostram as falas das
representações da ATA e dos NEAs (quadro 15).
De acordo com a representação da Rede ATA, a promoção da comercialização do
tipo circuito curto de comercialização, ou seja, direto do produtor para o consumidor, a
partir das feiras livres, se apresenta como a opção mais interessante para produtos
agroecológicos. No entanto, essas estruturas precisaram parar no período da pandemia da
COVID-19, o que também afetou inúmeras comunidades.
As feiras livres, que estabelecem canais de comercialização de curta distância ao
conectar diretamente produtor e consumidor, surgem como um mecanismo alternativo de
mercado. Simultaneamente, elas desempenham um papel crucial na diversificação de
renda para agricultores familiares e na sua continuidade em atividades rurais. Para muitos
comerciantes, as feiras representam a principal, e às vezes única, fonte de renda. As feiras
livres têm sido cruciais para a estabilização econômica e social, particularmente na
agricultura familiar, sob a perspectiva do comerciante. Além disso, representam um
ambiente público, socioeconômico e cultural, altamente vibrante e diversificado sob a
ótica do consumidor (Godoy; Anjos, 2007; Zanella, et al., 2023).
Nesse cenário, de acordo com a Representação da articulação, uma das saídas,
para tentar ameninar os impactos da pandemia, foram ações que disponibilizaram cerca
2000 mil cestas básicas de produção agroecológica de comunidades quilombolas.
Portanto, nesse período, a produção agrícola destas comunidades foi direcionada à essa
finalidade, o que proporcionou a garantia da venda de parte da produção e a alimentação
99
saudável para aqueles mais necessitados. Segundo a Organização pelo Direito Humano à
Alimentação e à Nutrição Adequadas (FIAN Internacional, 2020), uma das reflexões que
a pandemia da Covid-19 trouxe, foi sobre os impactos negativos causados à segurança
alimentar e nutricional, sobretudo em relação as pessoas em vulnerabilidade
socioeconômica.
2
Representação da Articulação Tocantinense de Agroecologia (ATA).
3
Representação de Núcleo de estudos em agroecologia (NEA) no Tocantins.
100
mudança de Governo trouxe uma visão mais otimista sobre esse assunto, como é possível
notar na fala das representações no quadro 17.
Nesse contexto, se observa que os desafios e perspectivas são semelhantes para os
dois grupos. No entanto, quando se trata de condições adversas, os atores que estão na
base são sempre os mais afetados. Isso demonstrou a importância da ATA no Tocantins,
no sentido de fortalecer e apoiar os movimentos sociais envolvidos na causa
agroecológica e afins.
Como um movimento social, a agroecologia é vista como uma solução para os
desafios atuais, como as mudanças climáticas e a desnutrição, contrastando
com o chamado modelo "industrial" e transformando-o para construir sistemas
alimentares sistemas alimentares relevantes localmente que fortalecem a
viabilidade econômica das áreas rurais com base em cadeias curtas de cadeias
de comercialização curtas e produção de alimentos justa e segura. Ele apoia
diversas formas de produção de alimentos por pequenos proprietários e
agricultura familiar, agricultores e comunidades rurais, soberania alimentar,
conhecimento local, justiça social, identidade e cultura locais identidade e
cultura locais e direitos indígenas para sementes e raças (Altieri e Toledo,
2011; Rosset et al., 2011; Nyéléni, 2015).
7.5 CONCLUSÃO
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
APÊNDICE
111
QUESTIONÁRIO
3 - Existe algum tipo de relação da articulação com os demais atores (outras ONGs, poder
público, universidade, etc.) atuantes no tema no Estado?
6 - Quais os principais parceiros? Por que estes citados foram os escolhidos? Como os
parceiros contribuíram ou tem contribuído nas ações/atividades da articulação?
8 – Como a articulação foi afetado pela extinção do MDA e o desmonte das Políticas
Públicas Federais de promoção da agroecologia? De que forma?
3 - Existe algum tipo de relação do núcleo com os demais atores (outras ONGs, poder
público, universidade, etc.) atuantes no tema no Estado?
6 - Quais os principais parceiros? Por que estes citados foram os escolhidos? Como os
parceiros contribuíram ou tem contribuído nas ações/atividades do NEA?
8 – Como o núcleo foi afetado pela extinção do MDA e o desmonte das Políticas Públicas
Federais de promoção da agroecologia? De que forma?
ANEXO
114
O Sr. está sendo convidada (o) a participar desta pesquisa, que compõem a tese de
doutorado como título: “Ciência, prática e movimento social e suas conexões com a
agroecologia no Estado do Tocantins” (título provisório) desenvolvida por Sônia
Cristina Dantas de Brito, discente do Programa de Pós-graduação em Ciências do
Ambiente da Universidade Federal do Tocantins, sob orientação da Professora Dra.
Marina Haizenreder Ertzogue e coorientação da Professora Dra. Keile Aparecida Beraldo
e tem como finalidade compreender como os Núcleos de estudos em agroecologia atuam
e contribuem no desenvolvimento da agroecologia no estado do Tocantins. O convite a
sua participação se deve ao fato de integrar um dos Núcleos de Estudos em Agroecologia
(NEAs) localizados no Estado. O público-alvo da pesquisa são os membros de núcleos,
sendo um total de 4 participantes. Ao participar deste estudo a Sr. (a) permitirá que o (a)
pesquisador (a) utilize todo a material coleta no momento da entrevista. O/A Sr. (a) tem
liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em
qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo. Sempre que quiser poderá pedir mais
informações sobre a pesquisa através do telefone da pesquisadora. A pesquisa utilizará o
método de coleta de dados Entrevista em profundidade. Sua contribuição se dará a partir
da participação na entrevista, que poderá acontecer no formato presencial ou via Google
Meet. Em caso de atividade presencial, a entrevista terá seu áudio gravado via celular,
mas no caso de entrevista remota será gravada via Google Meet, tanto o áudio quanto a
imagem. O/A entrevistado/a colaborará respondendo perguntas de um roteiro de
entrevista estruturado pela pesquisadora do projeto. A entrevista somente será gravada se
houver autorização do(a) entrevistado(a), solicitada antes do seu início da conversa. O
tempo de duração da entrevista é de aproximadamente uma hora. As entrevistas serão
transcritas e armazenadas em arquivos digitais. Ao final da pesquisa, todo material será
mantido em arquivo, por pelo menos 5 anos. A participação nesta pesquisa não traz
complicações legais. O potencial risco ou desconforto está no constrangimento durante a
entrevista ou em alguma observação feita durante a atividade. Em caso de possível
115
______________________________
Integrante NEA
_____________________________
Sônia Cristina Dantas de Brito
Pesquisadora responsável
116
O Sr. (a) está sendo convidada (o) a participar desta pesquisa, que compõem a tese de
doutorado como título: “Ciência, prática e movimento social e suas conexões com a
agroecologia no Estado do Tocantins” (título provisório) desenvolvida por Sônia
Cristina Dantas de Brito, discente do Programa de Pós-graduação em Ciências do
Ambiente da Universidade Federal do Tocantins, sob orientação da Professora Dra.
Marina Haizenreder Ertzogue e coorientação da Professora Dra. Keile Aparecida Beraldo
e tem como finalidade compreender como os Núcleos de estudos em agroecologia atuam
e contribuem no desenvolvimento da agroecologia no estado do Tocantins. O convite a
sua participação se deve ao fato de integrar a Rede de Articulação Tocantinense de
Agroecologia no Estado. O público-alvo da pesquisa são os membros da organização,
sendo um total de 1 representante. Ao participar deste estudo a Sr. (a) permitirá que o (a)
pesquisador (a) utilize todo a material coleta no momento da entrevista. O/A Sr. (a) tem
liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em
qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo. Sempre que quiser poderá pedir mais
informações sobre a pesquisa através do telefone da pesquisadora. A pesquisa utilizará o
método de coleta de dados Entrevista em profundidade. Sua contribuição se dará a partir
da participação na entrevista, que poderá acontecer no formato presencial ou via Google
Meet. Em caso de atividade presencial, a entrevista terá seu áudio gravado via celular,
mas no caso de entrevista remota será gravada via Google Meet, tanto o áudio quanto a
imagem. O/A entrevistado/a colaborará respondendo perguntas de um roteiro de
entrevista estruturado pela pesquisadora do projeto. A entrevista somente será gravada se
houver autorização do(a) entrevistado(a), solicitada antes do seu início da conversa. O
tempo de duração da entrevista é de aproximadamente uma hora. As entrevistas serão
transcritas e armazenadas em arquivos digitais. Ao final da pesquisa, todo material será
mantido em arquivo, por pelo menos 5 anos. A participação nesta pesquisa não traz
complicações legais. O potencial risco ou desconforto está no constrangimento durante a
entrevista ou em alguma observação feita durante a atividade. Em caso de possível
117
______________________________
Integrante Rede Articulação Tocantinense de Agroecologia
_____________________________
Sônia Cristina Dantas de Brito
Pesquisadora responsável