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GUCCI
casa
GUCCI
Tradução
Gloria Cunha
Título otiginal: The house of Gucci: a sensational story of murder, madness, glamour and greed.
ISBN 978-65-87143-11-8
21-60566 CDD-364.1523092
Índices para catálogo sistemático:
Homens de negócios: Assassinatos: Investigação: Criminologia: Biografia 364.1523092
Maria Alice Ferreira – Bibliotecária – CRB-8/7964
M
uitas pessoas dividiram comigo suas experiências nas empresas
e na família Gucci. Isso tem grande valor para mim, porque
essa ligação com os Gucci inevitavelmente provoca emoções
profundas e impressões duradouras. Agradeço a importantes fontes que
contribuíram para este livro, incluindo o CEO da Gucci, Domenico De
Sole, e o diretor de criação, Tom Ford, que concederam inúmeras entre-
vistas entre 1998 e 2000. A antiga diretora de criação Dawn Mello tam-
bém gastou horas comigo entre Nova York, Milão e Paris, descrevendo
seu trabalho ao lado de Maurizio Gucci. Andrea Morante ofereceu-me
abundantes informações e compreensão valiosa da personalidade dos en-
volvidos. O presidente do grupo Investcorp, Nemir Kirdar, recontou sua
comovente história, como afiançou a visão de Maurizio a respeito da Gucci
e como dolorosamente percebeu que toda a esperança de realizar aquele
sonho juntos tinha se desvanecido. O ex-executivo do grupo Investicorp,
Bill Flanz, também me ofereceu sua própria experiência, além de tempo
e contatos, ajudando-me a encontrar uma grande quantidade de pessoas
no exterior, que também contribuíram com suas próprias dimensões desta
história. Rick Swanson, ex-funcionário do Investicorp e atualmente na
Gucci, pintou-me retratos vívidos das experiências de Maurizio Gucci no
Investicorp, misturando narrações preciosas entre fatos reais e números.
A morte ..................................................................... 13
A dinastia Gucci............................................................ 19
Gucci americaniza-se ...................................................... 45
Rebeldia juvenil ............................................................ 67
Rivalidades de família ..................................................... 93
Paolo contra-ataca ......................................................... 117
Perdas e ganhos ............................................................ 133
Maurizio assume o controle .............................................. 147
Mudança de sócios ......................................................... 183
Americanos ................................................................. 215
Um dia no tribunal ........................................................ 229
Divórcio ..................................................................... 255
Uma montanha de dívidas ................................................ 277
Vida de luxo ................................................................ 311
Paradeisos ................................................................... 329
Reviravolta .................................................................. 345
Prisões ....................................................................... 377
Julgamento ................................................................. 397
Tomando o controle ....................................................... 425
Epílogo ...................................................................... 465
Posfácio...................................................................... 481
Fotos ......................................................................... 495
Ugo 1899 – 1973 Grimalda 1903 – 199? Enzo Aldo 1905 – 1990 Vasco 1907 – 1974 Rodolfo 1912 – 1983
(filho de Aida) m. Giovanni Vitali 1904 – 1913 m. Olwen Price m. Bruna Palumbo m. Maria m. Alessandra Winklehaussen
Patrícia
Giorgio 1928 Paolo 1931 – 1995 Roberto 1932 Maurizio 1948 – 1995
m. Orietta Mariotti m. Maria Pia m. Yvonne Moshetto m. Fenny Puddefoot m. Drusilla Caffarelli m. Patrizia Reggiani
Elizabetta Patrizia
1952 1954
30/09/21 15:25
A morte
À
s 8h30 da segunda-feira, 27 de março de 1995, Giuseppe Onorato
estava varrendo as folhas caídas na porta da entrada do edifício
onde trabalhava. Havia chegado às 8 horas, como costumava fazer
todos os dias da semana, e aberto as duas enormes portas de madeira do
prédio da Via Palestro, 20. A construção de quatro andares e estilo renas-
centista abrigava residências e escritórios e ficava num dos bairros mais
elegantes de Milão. Do outro lado da rua, em meio a altos cedros e ála-
mos, estendia-se o gramado bem cortado e os caminhos sinuosos do Giar-
dini Pubblici, um oásis de folhagem e serenidade em uma cidade brumosa
e apressada.
Durante todo o fim de semana, um vento quente havia soprado na
cidade, levando embora a sempre presente camada de neblina e derru-
bando as últimas folhas secas das árvores. Onorato tinha encontrado a
entrada coberta de folhas naquela manhã e apressou-se em varrê-las antes
que as pessoas começassem a entrar e sair do prédio. O treinamento mili-
tar havia dado a ele um forte senso de ordem e obrigação, embora tivesse
destruído sua vivacidade. Com 51 anos, ele estava sempre bem-vestido e
impecavelmente elegante: bigode branco perfeitamente aparado e os cabe-
los remanescentes cortados rentes à cabeça. Era um siciliano da cidade
de Casteldaccia, que viera para o norte como muitos outros à procura de
Desde que uma bomba havia sido colocada naquela rua em julho de
1993, Onorato vivia alerta. Com um barulho que balançou a cidade, um
carro com dinamite explodiu, matando cinco pessoas e destruindo o Padi-
glione d’Arte Contemporanea, o museu de arte moderna, que ruiu em
escombros de cimento, vigas de aço e pó. Na mesma noite, outra bomba
explodiu em Roma, danificando a San Giorgio Velabro, igreja do centro
histórico da cidade. As explosões foram depois relacionadas a outra, que
aconteceu em Florença, na Via dei Giorgofili e que também tinha matado
cinco pessoas, ferido trinta e destruído dúzias de peças de arte, guardadas
num prédio próximo. Mais tarde, descobriu-se o envolvimento de um
chefe da máfia siciliana, Salvatore “Toto” Riina, preso no começo daquele
ano pelo assassinato do mais importante promotor da máfia italiana, Gio-
vanni Falconi. Riina havia ordenado o bombardeio em alguns dos mais
preciosos monumentos culturais italianos em retaliação à sua captura. Foi
condenado por todos os delitos e cumpre dupla pena de prisão perpétua.
A Digos, polícia política italiana com missão específica de combater atos
terroristas, entrevistou todos os portinai, ou porteiros, nas vizinhanças da
Via Palestro. Onorato informou que havia visto um trailer suspeito esta-
cionado próximo a um dos portões do parque naquele dia. Depois desse
fato, ele registrava tudo o que fosse estranho em um bloco de papel, que
ficava no seu cubículo.
“Nós somos os olhos e ouvidos da vizinhança”, explicava para um
colega do exército que sempre aparecia para um café. “Sabemos quem
entra e quem sai; observar é parte da nossa missão.”
Onorato se virou e empurrou a porta da direita para varrer as últimas
folhas atrás dela. De lá, pôde ouvir passos rápidos na escada e uma voz
familiar dizendo “Buongiorno!”.
Voltou-se e viu Maurizio Gucci, que tinha escritórios no primeiro
andar, subindo vigorosamente os degraus da entrada com sua habitual
energia, balançando seu casaco de lã de camelo.
“Buongiorno, Dottore”, respondeu com um sorriso e um aceno de mão.
Onorato sabia que Maurizio Gucci era membro da famosa família Gucci