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Este tipo de artigos é um género de paráfrase a outros do mesmo género sobre outros assuntos e que acabam por
denotar a mitificação ocorrida ao longo do tempo relativamente a acontecimentos que no seu tempo não tiveram o
impacto, relevo ou sequer a importância mediática agora concedida.
Pode dizer-se que este tipo de acontecimentos culturais foram "seminais", como dizia a Visão em artigo já comentado.
Porém, seminal tem implícita a ideia de semente, de algo que frutifica e dá origem a qualquer coisa nova. E tal
característica, naturalmente só com o tempo se descobre.
Terá sido esse o caso do Padrinho, como filme estreado no Verão de 1972 nos EUA e por cá no Outono ( 24 de Outubro)
desse ano?
O título do artigo diz que foi um sucesso de público, aclamado pela crítica e apreciado pela máfia. Tirando este último
aspecto, anedótico, serão verdadeiras as duas acepções do êxito de tal filme no tempo em que apareceu?
Que foi um sucesso de público, na altura em que estreou, parece evidente, mas...nuance!- nos EUA. Em Portugal não
foi.
Portanto quando se proclama o sucesso de público é preciso dizer onde e como. E no artigo não se diz, deixando
implícito que foi em todo o lado e arredores. Por cá, não foi e isso é atestado pela programação espelhada e
documentada nos recortes da época.
Na Capital de 15 de Outubro de 1972 anunciava-se a estreia do filme no dia 24 desse mês e ao lado aparecia o elenco
dos filmes em cartaz nessa semana.
Se o filme fosse o sucesso retumbante de público que se diz que foi em todo o lado, então em Agosto do ano seguinte,
1973, ainda estaria em cartaz, como acontecia com alguns dos filmes que apareciam na época.
E não foi esse o caso, como se demonstra pelo Diário Popular de 30 de Outubro de 1973, em que por exemplo o Trinitá,
Cowboy Insolente ainda estava em cartaz, mais de um ano depois...e do Padrinho nem sombras porque devia andar
pela "província", certamente com audiências de sucesso mas não as que reflectem o título do artigo. E até se pode ler
quantos espectadores é que então iam ao cinema...ver filmes portugueses.
Poderia mesmo mostrar aqui o cartaz dos filmes relativo aos meses anteriores mas asseguro que no início do ano, em
Março, já O Padrinho tinha desaparecido de tais cartazes.
Por outro lado, em 1972 ou 73 não encontrei qualquer artigo de recensão crítica ao filme, ou sequer menção a propósito
do seu carácter "seminal", original ou importância cinematográfica, como acontecia com outros filmes e realizadores.
Os críticos da praça nacional, na época não deram qualquer importância ao filme ou sequer ao realizador, F.F. Coppola.
Agora é o que se lê...
Mas para entender esta discrepância mitificadora poderemos tentar perceber se na terra em que o filme se realizou e
estreou houve assim tamanha comoção estética com tal obra agora julgada "seminal".
Se lermos o que se passava no contexto da época, segundo os registos de hoje, falíveis precisamente pelo que acabo de
descrever, poderemos ao menos ler alguns factos e acontecimentos de 1972. Aqui, por exemplo:
Portanto, nos EUA foi um sucesso de público aquando da sua estreia, embora mitigado, comparado por exemplo com O
Violino no Telhado, do ano anterior e que em Portugal estreou na mesma altura do Padrinho, também com um sucesso
de bilheteira muito superior a este.
Portanto impõe-se uma relativização principalmente para tentar compreender a origem do mito que entretanto se criou
e como é que estes fenómenos acontecem nos media. Nisto como noutros assuntos, por exemplo o caso Watergate, da
mesma altura.
E na crítica, foi uma "aclamação"? Talvez, no caso de Pauline Kael, a crítica respeitada do New Yorker que viu no filme e
na interpretação dos seus actores uma obra importante, logo em 10 de Março de 1972.
Porém, na Rolling Stone, o crítico Jon Landau, também respeitado, em Maio do mesmo ano não tinha exactamente a
mesma opinião e considerava-o mesmo um "unsuccessful film":
Portanto, para termos uma ideia mais precisa do que era o gosto e o ambiente estético em 1972, no contexto dos EUA e
que pouco tinha a ver com Portugal, ao contrário de hoje, cuja influência me parece notória, por causa da facilidade de
consulta de opiniões alheias, via internet, talvez valha a pena dizer que a Rolling Stone não dedicou em 1972 ou no ano
seguinte qualquer artigo de fundo ao Padrinho ou ao seu realizador, o agora muito celebrado Coppola. Nada.
Porém, relativamente a outro filme também julgado "seminal", O Último Tango em Paris o assunto era diverso e talvez
mais esclarecedor do que parece.
Em 23 de Novembro de 1972 foi notícia a ante-estreia do filme de Bertolluci num festival cinematográfico e vale a pena
ler para se poder perceber que em Itália o filme fora censurado, em partes importantes. Por cá a censura foi total, até
1974, mas para quem apresenta a Censura como um argumento acerca do fassismo é bom de ler isto que segue:
E o filme teve tanta importância que na edição de 21 de Junho de 1973, apareceu uma entrevista com Bertolucci, pelo
intelectual da revista, Jonathan Cott, com ênfase no Último Tango em Paris:
Por cá, como já indiquei, a crítica local primeiro exigiu a exibição e "abaixo a censura"; depois de o ver e já em finais de
1974, demoliu-o como obra de pequeno-burguês, sem interesse algum.
Portanto para se compreender o ar do tempo é preciso cheirá-lo ou apreender o cheiro pelos sinais, como faziam os
índios nos tempos dos cóbóis.
Aqui, em Portugal, na crítica actual dos media, nem uma coisa nem outra. Preferem copiar os cheiros que outros
sentiram...lendo e voltando a ler, para escrever coisas como esta.
É tão fácil ser crítico em Portugal: basta saber fazer redacções e cópias. Ditados é que é mais difícil...
O pior é que depois o que lemos acaba por ser uma mistela em que os factos são verdadeiros, os acontecimentos
também, mas a explicação dos mesmos é que se torna um enigma resolvido do único modo que sabem fazer: de
acordo com o ar do tempo. Presente. Copiado.
TAMBÉM EM PORTADALOJA
um mês atrás • 50 comentá… 14 dias atrás • 18 comentár… um mês atrás • 19 comentá… 7 dias atrás • 1 comentário um mês atrás …
Observador: Esta posição Figaro do último fim de O Expresso de hoje Público: As reacções a esta Esta
doutrinária e processual do semana, com um artigo transcreve uma entrevista mais que pouca-vergonha de
Ministério Público é … extenso sobre um … de Niall Ferguson a … não se fizeram esperar e … Eltchaninoff,
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Participe da discussão...
Nome
Está enganado porque acho que está sempre a vê-los...se quiser ver tv.
2△ ▽ • Responder • Compartilhar ›
A google revela que existe de facto um individuo com esse nome nascido em 1947 (teria 25 anos quando o filme foi
"divulgado") mas que era um critico de musica. https://en.wikipedia.org/wi...
PS - A wikipedia revela várias criticas sobre o filme Godfather e nenhuma delas aponta para um unsucessful film,
muito antes pelo contrário.
△ ▽ • Responder • Compartilhar ›
Já tenho escrito aqui e algures coisas sobre a Rolling Stone porque era a minha revista preferida
durante os anos setenta. De longe e foi a época dos meus teens e a passar. Dá-me muito gozo
recordar essa época e um modo de o fazer é revisitar os lugares cativos que havia nessa revista
e me fascinavam.
△ ▽ • Responder • Compartilhar ›
Por falar em artigo todo e também em padrinhos, por acaso o JF leu o artigo todo, hoje
publicado onde se afirma que num inquérito realizado a centenas de juizes, 26% (mais de uma
centena) disseram que acreditam que alguns juízes receberam subornos nos últimos três anos.
https://www.publico.pt/2022...
△ ▽ • Responder • Compartilhar ›
Li o artigo todo e lamento o sensacionalismo do título. Não é um quarto dos juízes mas um
quarto de 500 juizes mais ou menos. Não esclarece se os subornos ocorrem na 1ª instância ou
nos tribunais superiores e não esclarece se abrange todos os tribunais, civis, criminais,
administrativos e fiscais ou só alguns.
Finalmente, não relaciona as suspeitas com os casos conhecidos recentemente, sendo o
jornalista a supôr tal hipótese. Mais um artigo de merda, do Público.
△ ▽ • Responder • Compartilhar ›
Também gosto do Padrinho e vi-o há dias na tv. O primeiro e o segundo. O Tango vi uma vez para nunca mais.
O Violino vi uma vez na altura e estava o cinema local cheio. Era um filme de sucesso ao contrário do Padrinho
que já era mais de culto. É isso que deve ser dito quando se refere o ano de 1972 e se contextualiza e não
mitificar o tempo que passou atribuindo a tal filme estatuto que só muito depois veio a ter.
△ ▽ • Responder • Compartilhar ›
E as memórias que perduram são mesmo essas. As que vi uma vez, no cinema.
△ ▽ • Responder • Compartilhar ›
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