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Gênero

Entrevista
Profª Mirella Lima
Introdução

A entrevista é um gênero de caráter interacional, geralmente entre duas ou mais pessoas,


organizado em turnos com uma pequena introdução sobre o entrevistado e o tema. O
intercâmbio pode ser registrado em áudio e/ou vídeo e assim ser exibido (nos suportes em
que a linguagem audiovisual é permitida), ou ser posteriormente transcrita e editada para
publicação por escrito. A entrevista ainda pode ser feita com a interação já por escrito (por e-
mail, por exemplo). O objetivo desse gênero é obter informações sobre a pessoa entrevistada
ou sobre um tema/fato que a envolva.
Entrevista
Nas entrevistas em geral, somos cercados
por pessoas que atuam em diversas áreas
ou viveram diferentes situações e podem
contribuir com seu conhecimento, para que
aprendamos mais sobre determinado
assunto ou saibamos mais detalhes sobre
um fato.
O formato opinativo das entrevistas
A entrevista é ainda um gênero textual de
natureza informativa, em que o entrevistado
poderá contribuir para a ampliação do
conhecimento de outras pessoas por meio de
suas respostas, portanto é muito comum que
ela circule no meio jornalístico. Além disso, a
entrevista se caracteriza como um gênero
moldado pela opinião dos participantes, em
especial do entrevistado. Por isso, a
impossibilidade de neutralidade em textos do
gênero entrevista
Ainda cabe salientar que a entrevista é, em primeiro
plano, essencialmente oral e requer uma postura
adequada tanto por parte de quem a elabora quanto
por parte de quem a responde. Portanto, deve-se dar
maior atenção no que se refere à linguagem, pois é
algo que se tornará acessível ao público de uma
forma geral.
Assista, abaixo, o recorte de uma entrevista com o artista de rua Speto,
concedida ao jornal O Povo.
Agora leia um trecho da mesma
entrevista, mas em seu formato escrito

Speto é pioneiro na arte do grafite brasileiro, começando


a praticar na década de 1980. De lá para cá, o artista
tornou-se referência internacional na área. Com desenhos
estampados em paredes do mundo inteiro, Speto
apresenta um estilo singular criado a partir de aspectos
da cultura do País e suas histórias folclóricas. Sua arte já
foi parte da identidade visual de marcas grandes, como
Coca-Cola, e de clipes de músicos prestigiados, como
Beyoncé e O Rappa. Também expôs em museus e
galerias de arte. O grafiteiro conversou com O POVO
sobre criticidade, consumo de arte e inspirações. (Alexia
Vieira/ Especial para O POVO)
OP: Conhecer as cidades que você grafita muda o que você
tinha em mente para pintar?
Speto: Normalmente quando vou fazer uma história,
um grafite, eu sempre estou observando as pessoas.
Por exemplo, essa cadeira que tem um coqueiro me inspirou a
incluir um coqueiro no desenho. Um dia, voltando pela orla,
reparei que tem muita gente de óculos escuro, por isso vou colocar um óculos na personagem.
Sempre vou colocando os elementos em que reparo. Diferente do que as pessoas pensam,
fazer grafite requer uma disciplina rígida que me deixa sem tempo de investigação. E não gosto de
fazer as coisas pela internet. Então estou toda hora observando. Em toda cidade que vou é assim.

OP: Um dos objetivos dessa edição do festival foi adentrar a periferia, fazer a conexão com quem
não tem tanto acesso a arte. Você já é um artista reconhecido e vive do grafite. Como vê essa
relação entre a arte de rua que é criminalizada e a que é reconhecida?
Speto: Por lei, o grafite é proibido no mundo inteiro. Se todos os governantes do mundo deixassem
sair grafitando, imagina a baderna que ia ser. Proibido já tem muito, se fosse legalizado não teria
limite. Eu moro na Vila Madalena (SP), e lá tem muitas paredes de propriedades privadas que é só
pedir autorização para pintar. Eu já fiz muito isso. Faço grafite há 32 anos, dos quais 20 foram
dureza. Arte é difícil e demora muito tempo, por isso tem que persistir. Não esperar as coisas
caírem do céu. Eu já fui muito marginalizado também.
OP: Você faz parte da era do grafite que começou no fim da ditadura. Hoje, existe um crescimento da
onda conservadora no País, a arte de rua está sofrendo com isso?
Speto: A arte de rua não sofre com isso. O Doria, por exemplo, não está fazendo nada de novo. O grafite
tem uma duração pequena, acaba desbotando. Isso de apagar é muito comum. Os Gêmeos já fizeram um
prédio inteiro que acabou sendo demolido depois. Nós estamos acostumados, as pessoas não entendem
que é assim que funciona. Além disso, temos que agir como cidadãos e respeitar as leis. Não dá pra
achar que porque é grafiteiro vai fazer o que quiser e o mundo tem que aceitar. Acho que a ordem nos
espaços públicos se faz necessária, porque é muita gente pintando. Claro que o grafite, na sua
diversidade, tem vandalismo também. Quem quiser que vá fazer isso.

OP: A visibilidade dada a essa arte e a comercialização permitiu o acesso a outros espaços, como
museus e equipamentos governamentais. Isso tirou o espaço da crítica nessa arte? Você percebe a arte
de rua tornando-se “menos transgressora” e mais acomodada nesses novos espaços?
Speto: Cada suporte tem uma maneira de ser feito. É errado achar que o artista só faz um tipo de grafite.
Nós temos curiosidade e queremos desafios de mídias e técnicas diferentes. Não tem porque se limitar,
sem isso não há evolução. Também acho errado pensar que os grafiteiros não podem ser profissionais.
Existe um romantismo, talvez distorcido, sobre a vida do artista. É natural isso de querer consumir arte.
Na História da Arte vemos que sempre existiu a comercialização.
Como você pôde ver, estruturalmente, a
entrevista apresentada de forma escrita
compõe-se dos seguintes elementos:

Manchete ou título - Essa é uma parte que deverá despertar


interesse no interlocutor envolvido, podendo ser uma frase criativa
ou pergunta interessante.
Apresentação - É o momento em que se apresentam os pontos de
maior relevância da entrevista, como também se destaca o perfil
do entrevistado, sua experiência profissional e seu domínio em
relação ao assunto abordado.
Perguntas e respostas - Basicamente, é a entrevista propriamente
dita, na qual são retratadas as falas de cada um dos envolvidos.
Onde podemos encontrar
entrevistas

Você consegue definir que


tipo de entrevista está
sendo representada na
imagem ao lado?
Sendo assim, a entrevista jornalística pode ser
dividida/definida em:
● Individual: é agendada previamente e o entrevistado é informado com antecedência
sobre o tema, além de ser realizada por apenas um jornalista.
● Rotina: depende das notícias factuais e tem curto prazo de validade para ser
divulgada. É realizada com personagens que estiveram presentes em situações como
assaltos, enchentes, acidentes, entre outros acontecimentos.
● Em grupo: conhecida como coletiva de imprensa, é realizada com diversos jornalistas
simultaneamente, que se revezam para fazer as perguntas a um ou mais
entrevistados.
● Exclusiva: é a entrevista concedida apenas a um veículo, que fará a divulgação em
primeira mão.
● Pesquisa: é realizada com especialistas de determinado assunto que acrescentarão
informações a uma reportagem ou artigos.
● Personalidade: retrata um perfil de uma pessoa pública com informações sobre
história de vida, infância, hábitos e outras curiosidades.
Atividade de classe:
Livro didático, páginas 46 a 48

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