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DESIGN
08 O mundo pelos olhos de Morandini
16 Entrevista com Walter Barroso
24 Design Indaba
32 Portfólio: Rebecca Agra
38 Portfólio: Marcelo Silva
ARQUITETURA
44 Edifício sede do banco Intesa Sanpaolo
50 Portfólio: Fillipe Faria
ARTE
56 Goya Lopes
Filho de peixe, peixinho é. O ditado é an- Dando apenas uma olhada básica em suas
tigo, mas não faltam exemplos de pessoas criações, fica fácil perceber as característi-
que dão sentido a ele. No caso de Morandi- cas de seu estilo e automaticamente reco-
ni, ele não foge muito a essa regra. nhecemos essa sua quase “assinatura” em
Nascido em família de pessoas envol- todos os seus demais trabalhos.
vidas com as artes, Morandini cresceu num Morandini tem se destacado não só no
ambiente de liberdade, de brincadeiras na Brasil, como também no exterior. China e
rua e infância tranquila, como muitos outros Colômbia estão entre os países que se en-
brasileiros. Talvez, por isso, esta liberdade cantaram com o seu talento e o contrataram
toda seja quase uma marca registrada em para alguns trabalhos. Há 30 anos atuando
seus trabalhos. Dono de um estilo único de como designer gráfico, Morandini não se
criação, seus trabalhos chamam a atenção define exatamente como tal. Em sua visão,
pelas cores fortes e formas descontraídas. ele não é ilustrador, nem artista gráfico, nem
designer, mas uma mistura de ambos. É uma cipalmente, ensinamentos informais passa-
visão interessante, pois ele não se limita a dos por ele.
um estilo ou um conjunto de habilidades es- Tive uma infância bastante livre, jogando
pecíficas, mas dá a si mesmo a liberdade de bola e brincando na rua, mas boa parte dela
flutuar por várias possibilidades. E quando também foi passada com lápis e papel na
falamos de criatividade, ter liberdade para mão, desenhando incansavelmente.
criar é algo fundamental. A maioria das crianças desenha des-
Confira a entrevista que fizemos e de cedo. Comigo não foi diferente, mas
conheça um pouco mais deste gran- não parei mais e a escolha da carreira
de profissional: acabou sendo algo absolutamente natu-
Para começar, conte-nos um pouco ral para mim.
sobre os seus 30 anos de trabalho. Como Comecei minha carreira profissional
foi o seu início, o que você acha que teve como desenhista técnico. Logo após con-
mais destaque? cluir meu primeiro curso superior, abri o
Nasci numa família onde a arte fazia estúdio, em outubro de 1985. No começo
parte do dia-a-dia. Meu pai era um artista fazia um pouco de tudo: peças editoriais,
amador e autodidata. Além de pintor, ele produtos, embalagens, cartazes, mate-
era um excelente violinista e artista gráfico, rial promocional e o que mais aparecesse.
apesar de nunca ter exercido essas ativida- Depois de uns cinco anos, com uma visão
des para ganhar a vida. Assim, sempre tive mais apurada da área, passei a me dedicar
um contato estreito e um fácil acesso aos essencialmente à criação de marcas gráfi-
materiais de arte, livros de pintura e, prin- cas e ilustrações.
cio de design, pois algumas peças acabam O que vale mesmo é fazer a diferença na
assumindo outras configurações ou tendo vida das pessoas. Tocar, emocionar e provo-
outras funções. car a reflexão.
Em relação a outras atividades, sou apai- O essencial é contribuir com a socie-
xonado por esportes. Pratico corrida de lon- dade, devolvendo a ela um pouco daquilo
ga distância há mais de 20 anos e sou faixa que recebemos.
preta de Judô, esporte que comecei a prati- O valor do nosso trabalho está em seu le-
car há mais de 40. gado. No que ele pode oferecer de bom para
“Para mim, não importa se é design, o mundo.
arte ou ainda uma terceira possibilidade, Para mim, isso é o que verdadeiramente
sem definição. importa.” (Morandini)
O que o leva a exercer mais como de- cer a arquitetura. Meu design foi reconheci-
signer do que como arquiteto? Que fatores do por concursos, inclusive duas vezes no
estão associados a essa predisposição? maior concurso de Design da América Lati-
Antes mesmo de cursar Arquitetura e Ur- na, o Salão Design, daí para frente comecei
banismo já esboçava desenhos de mobiliá- a trabalhar somente com design. Este ano,
rio e produtos diversos. Nunca deixei minha já habilitado, começo também a exercer a
cabeça parar, a todo momento penso em profissão de Arquiteto, que tenho um amor
algo que possa melhorar a sociedade, trazer imenso. O ser humano e as relações sociais
uma emoção diferente. Durante o curso co- e de emoção sentidas, são para mim a força
mecei a participar de concursos de design, motriz do meu design, seja no motivo arqui-
devido a não estar habilitado ainda a exer- tetônico ou de objeto.
Design Indaba é uma plataforma multi- O festival acontece desde 1995 na Cidade
disciplinar que acredita em um mundo me- do Cabo, e desde então se tornou referên-
lhor através da criatividade, é formado por cia no cenário criativo global. O evento atrai
um site (designindaba.com) e um Festival e apresenta os talentos e destaques da área,
anual. Indaba, tem dois significados em zulu, apóia projetos, negócios criativos e iniciati-
“reunião de pessoas” e “novidade”. Ravi Nai- vas educacionais. Suas publicações online
doo, idealizador do projeto, uniu os dois em atingem mais de meio milhão de visitantes/
um evento de caráter didático, que coloca o ano. A primeira edição aconteceu apenas dez
ouvinte no centro das atenções. São três dias meses após as eleições que levaram Man-
de conferências que reúnem novos talentos dela à Presidência do país. “Quando Mandela
e profissionais renomados nacionais e inter- venceu as eleições em abril de 1994, o efeito
nacionais de várias especialidades. Entre os em nós, sul-africanos, foi como um tsunami
brasileiros que já participaram da conferên- interno, uma revolução dos ânimos. Era o mo-
cia estão Marcelo Rosembaum, Alex Atala e mento de recomeçar a escrever a história do
Fred Gelli nessa edição. nosso país”, relembra Ravi Naidoo.
Eu me tornei designer por acidente. En- bra-cabeça de ideias que absorvi, o que me
trei no curso sem nem saber o que era e vi- leva à essência do projeto.
rou uma grande paixão. Me formei em 2004 Acho que realizar trabalhos em vá-
e resolvi seguir carreira. Sou muito curiosa rios estilos enriquece a bagagem cultural
e gosto de me desafiar, por isso fui do im- e ajuda a identificar as necessidades do
presso à interface. mercado. Tenho meu estilo, mas não me
Meu processo criativo já começa na con- prendo a ele, mantenho a cabeça aberta
versa com o cliente. Um briefing bem fei- para as tendências. Isso me dá uma me-
to me inspira. É um desafio alinhar o que o lhor percepção visual do mundo e uma
cliente quer com o que o público dele quer. experiência que ajuda a comunicar para
Adoro criar projetos autorais também, isso públicos diferentes.
mantém minha criatividade em dia. Cada Por isso que ter um estilo é legal, mas
trabalho, pra mim, é como montar um que- saber ultrapassá-lo é melhor ainda.
Desde pequeno sempre fui apaixonado plamente usado no mercado e resolvi mi-
por desenho. Meu sonho era ser cartunista, grar para ele.
mas acabei começando meu ensino médio Depois de um tempo estudando e
juntamente com um curso de técnico em montando um portfólio, trabalhei numa
eletrônica e deixei o desenho de lado. empresa de ilustração tridimensional por
Logo que formei conheci o Autocad e três meses e atualmente trabalho como
me apaixonei. Comecei a trabalhar como “cadista” e freelancer.
“cadista” e nesse meio tempo conheci o Sou acadêmico de arquitetura pela uni-
Blender. Me apaixonei perdidamente pelo versidade Universidade Nilton Lins. Tenho
mundo 3D e comecei a aprender maquete 23 anos, moro com meus pais na cidade de
por conta própria, sempre na internet e com Manaus e gasto a maior parte do meu tem-
vídeos do YouTube. po aprendendo 3D. Após formado pretendo
Inicialmente usando Blender, acabei abrir um escritório de arquitetura e ilustra-
percebendo que o 3ds Max era mais am- ção arquitetônica.
Como não falar de estampa sem falar queriam a palavra na sociedade, queriam mos-
na influência africana e indígena na moda? trar nossas raízes nacionais.
E que tal transformar isso tudo em uma E onde entra a estampa nesse contex-
mistura abrasileirada. to? A nova geração não queria parecer com
A moda de estampas étnicas surgiu forte seus pais, com a ideia de padronização nas
nos anos 60. Muito se deve à influência hippie roupas neutras para se “encaixar” no mo-
norte americana. O clima de “paz e amor” grita- delo de sociedade perfeita estipulada pelo
va mais forte nas pessoas que estavam lutando “politicamente correto” a ser copiado. Se-
por um mundo de igualdade, e aqui no Brasil ria o momento de colocar a “cara a tapa” e
essa onda não seria diferente. questionar que país era o Brasil. Nossos jo-
O Tropicalismo foi o movimento que se vens buscavam achar um ponto de referên-
apropriou da ideia hippie americana, porém cia nacional, pois suas lutas eram outras em
com uma nova linguagem. Os jovens brasileiros comparação aos americanos.