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DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 1 |

Editorial

Uma das melhores


Como vocês já sabem, nós sempre corremos atrás das melhores
pautas. E dessa vez não foi diferente.
Conseguir contatar algumas empresas e profissionais para fazer as
matérias nem sempre é das tarefas mais fáceis, por conta de agendas
apertadas e prazos que algumas vezes parecem precisar de máquinas
do tempo – sejam DeLoreans ou TARDIS – para não serem estourados.
Mas mesmo assim nós nunca desistimos e conseguimos reunir o melhor
conteúdo para vocês.
O que vocês estão lendo agora é possivelmente uma das edições
mais completas que essa revista já teve. Design, arquitetura e arte estão
presentes em 62 páginas feitas com muita dedicação.
Dito isso, peço apenas o seguinte:
Leiam, desfrutem, aprendam, evoluam e compartilhem!

Lucas Fernandes
Diretor

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DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 3 |
Créditos
Ano III - Edição 14 - Março/Abril 2016

Diretor e editor Redatores Capa


Lucas Fernandes Danielli Wal Morandini
Eduardo Madeiro
Consultor editorial Eliezer Santos
Tiago Krusse Mayara Wal
Tiago Krusse
Designers
Douglas Silva Revisão
Hebert Tomazine Juliana Teixeira
Leandro Siqueira Lourrane Alves
Lucas Fernandes Lucas Fernandes

Site
designmagazine.com.br i3c3.com.br

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@DMBr_Oficial Lucas Fernandes e do Grupo I3C3.
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Sumario

DESIGN
08 O mundo pelos olhos de Morandini
16 Entrevista com Walter Barroso
24 Design Indaba
32 Portfólio: Rebecca Agra
38 Portfólio: Marcelo Silva

ARQUITETURA
44 Edifício sede do banco Intesa Sanpaolo
50 Portfólio: Fillipe Faria

ARTE
56 Goya Lopes

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DESIGN

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O mundo pelos olhos de
Morandini
Uma entrevista com a visão de um dos designers mais
expoentes da atualidade.
Texto: Eliezer Santos | Imagens: Cortesia de Morandini

Filho de peixe, peixinho é. O ditado é an- Dando apenas uma olhada básica em suas
tigo, mas não faltam exemplos de pessoas criações, fica fácil perceber as característi-
que dão sentido a ele. No caso de Morandi- cas de seu estilo e automaticamente reco-
ni, ele não foge muito a essa regra. nhecemos essa sua quase “assinatura” em
Nascido em família de pessoas envol- todos os seus demais trabalhos.
vidas com as artes, Morandini cresceu num Morandini tem se destacado não só no
ambiente de liberdade, de brincadeiras na Brasil, como também no exterior. China e
rua e infância tranquila, como muitos outros Colômbia estão entre os países que se en-
brasileiros. Talvez, por isso, esta liberdade cantaram com o seu talento e o contrataram
toda seja quase uma marca registrada em para alguns trabalhos. Há 30 anos atuando
seus trabalhos. Dono de um estilo único de como designer gráfico, Morandini não se
criação, seus trabalhos chamam a atenção define exatamente como tal. Em sua visão,
pelas cores fortes e formas descontraídas. ele não é ilustrador, nem artista gráfico, nem

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O mundo pelos olhos de Morandini

designer, mas uma mistura de ambos. É uma cipalmente, ensinamentos informais passa-
visão interessante, pois ele não se limita a dos por ele.
um estilo ou um conjunto de habilidades es- Tive uma infância bastante livre, jogando
pecíficas, mas dá a si mesmo a liberdade de bola e brincando na rua, mas boa parte dela
flutuar por várias possibilidades. E quando também foi passada com lápis e papel na
falamos de criatividade, ter liberdade para mão, desenhando incansavelmente.
criar é algo fundamental. A maioria das crianças desenha des-
Confira a entrevista que fizemos e de cedo. Comigo não foi diferente, mas
conheça um pouco mais deste gran- não parei mais e a escolha da carreira
de profissional: acabou sendo algo absolutamente natu-
Para começar, conte-nos um pouco ral para mim.
sobre os seus 30 anos de trabalho. Como Comecei minha carreira profissional
foi o seu início, o que você acha que teve como desenhista técnico. Logo após con-
mais destaque? cluir meu primeiro curso superior, abri o
Nasci numa família onde a arte fazia estúdio, em outubro de 1985. No começo
parte do dia-a-dia. Meu pai era um artista fazia um pouco de tudo: peças editoriais,
amador e autodidata. Além de pintor, ele produtos, embalagens, cartazes, mate-
era um excelente violinista e artista gráfico, rial promocional e o que mais aparecesse.
apesar de nunca ter exercido essas ativida- Depois de uns cinco anos, com uma visão
des para ganhar a vida. Assim, sempre tive mais apurada da área, passei a me dedicar
um contato estreito e um fácil acesso aos essencialmente à criação de marcas gráfi-
materiais de arte, livros de pintura e, prin- cas e ilustrações.

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No fundo, não me considero um desig- uma linguagem universal para expressar,
ner ou um ilustrador nas concepções exatas buscar ou dar sentido às coisas, materializar
dessas palavras. Sou um criador de imagens uma ideia ou um conceito e, principalmente,
que não consegue enxergar com muita cla- comunicar algo para alguém.
reza as fronteiras entre as atividades de de- O que mais me agrada na minha ativida-
signer, ilustrador e artista gráfico. Vivo inva- de é a imprecisão de uma imagem. Normal-
dindo esses espaços, caminhando com um mente forneço apenas uma pequena por-
pé de cada lado e tentando manter um míni- centagem da mensagem. A outra parte fica
mo de equilíbrio. a cargo do observador, que vai mergulhar
Esse tipo de atuação meio heterodoxa naquela proposta e extrair dela seu próprio
nem sempre é bem vista pelos profissionais entendimento e tirar suas próprias conclu-
mais conservadores, mas não consigo seguir sões. É uma dinâmica que torna cada tra-
por outro caminho e sou extremamente rea- balho vivo e aberto, possibilitando um novo
lizado trabalhando assim. diálogo a cada novo olhar.
O que ilustrar representa pra você? Po- Como foi o desafio de trabalhar em um
deria tentar descrever em palavras? projeto para a China?
O homem sempre teve necessidade de Todo trabalho voltado para uma cultura
traduzir em imagens aquilo que vivia, ima- diferente exige um grande trabalho de pes-
ginava, sentia ou desejava. Desenhar é uma quisa. É preciso que ele seja validado de al-
das atividades mais antigas da humanidade. guma forma pelo público a que se destina.
Sempre achei as palavras muito limi- O mais desafiador é que essa validação só
tadas para expressar aquilo que gostaria e será aferida na prática, quando o trabalho
nunca fui muito bom fazendo uso delas. Para ganha as ruas e mostra a cara de verdade.
mim, criar imagens é uma forma de vencer Enquanto está no conforto do estúdio ou
essa limitação das palavras. É fazer uso de no campo das pesquisas, é apenas um em-

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O mundo pelos olhos de Morandini

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brião que pode ou não dar certo. Esse é o zavam que estava nascendo algo de muito
desafio diário de quem cria imagens, sejam bom para a sociedade.
elam voltadas para um morador da China Hoje, o projeto é um sucesso, oferecen-
ou da próxima esquina. Nessa área não há do cursos livres de artes para crianças e
garantias de acerto. Nem a experiência dá adolescentes e tendo alguns desdobramen-
esse alicerce. Julgo isso como algo muito tos, como o Arte Gerando Renda, que minis-
bom e positivo, pois não permite que você tra cursos de formação prática em artes e
se acomode. É preciso enfrentar cada desa- artesanato para adultos.
fio como se fosse a primeira vez. A imagem que cedi tem sido utilizada
Você já fez trabalhos também para ou- em toda a identidade visual do Favela Mun-
tros países. Fazendo uma pequena compa- do. Sempre acreditei que é meu dever retri-
ração: em sua opinião, quais clientes são buir ao mundo um pouco daquilo que ele
mais exigentes e quais são mais maleáveis, me proporcionou, principalmente por meio
os daqui ou os do exterior? do meu trabalho e das minhas imagens.
Via de regra, há clientes mais maleáveis Por último, você também gosta de
ou mais exigentes em qualquer parte. Não expor seus hobbies, como reaprovei-
acho que isso seja uma característica ligada tar coisas. Há mais algum hobbie que
à nacionalidade. você tenha?
Ao longo do tempo, meu trabalho foi As transformações que faço nada mais
ganhando um viés cada vez mais autoral. In- são do que minha forma de ver as coisas e
voluntariamente, criei uma espécie de iden- a nossa relação com o meio-ambiente. Em
tidade profissional, onde os trabalhos têm tempos de produtos descartáveis e obsoles-
uma característica própria bastante acen- cência programada, acho fundamental que
tuada. Se por um lado isso limita um pouco passemos a olhar as coisas de uma maneira
o campo de atuação, por outro ele permite diferente, dando uma nova chance aos obje-
que os clientes, sejam daqui ou de outros tos que seriam descartados.
países, tenham uma noção prévia daquilo Sou um apaixonado por tecnologia e por
que receberão como resposta às suas soli- novidades de qualquer espécie, mas acredi-
citações. Isso facilita bastante a relação e o to fortemente na busca de um equilíbrio en-
desenvolvimento de cada trabalho. tre inovação e consumo.
Graças às novas tecnologias, as distân- Dessa forma, passei a adotar uma pos-
cias têm ficado cada vez menores e traba- tura de reutilização e reaproveitamento aqui
lhar para clientes de outras partes do mun- no estúdio. Muitos dos móveis daqui têm
do ficará cada vez mais fácil e corriqueiro. muita história para contar, mas se integram
Fale um pouco sobre o projeto Fave- perfeitamente com outras coisas mais mo-
la Mundo, o que ele representou para dernas. Não vejo sentido em descartar um
você e como foi trabalhar num projeto de gaveteiro antigo de madeira maciça com
cunho social? mais de meio século de existência se ele
Quando o idealizador do Favela Mundo pode ser restaurado e existir por mais 100
- um ator do Rio de Janeiro - me procurou, anos como se fosse novo.
o projeto ainda estava no papel. O entu- Além de reduzir o descarte e o consumo
siasmo dele e o teor das propostas sinali- desnecessário, isso acaba sendo um exercí-

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O mundo pelos olhos de Morandini

cio de design, pois algumas peças acabam O que vale mesmo é fazer a diferença na
assumindo outras configurações ou tendo vida das pessoas. Tocar, emocionar e provo-
outras funções. car a reflexão.
Em relação a outras atividades, sou apai- O essencial é contribuir com a socie-
xonado por esportes. Pratico corrida de lon- dade, devolvendo a ela um pouco daquilo
ga distância há mais de 20 anos e sou faixa que recebemos.
preta de Judô, esporte que comecei a prati- O valor do nosso trabalho está em seu le-
car há mais de 40. gado. No que ele pode oferecer de bom para
“Para mim, não importa se é design, o mundo.
arte ou ainda uma terceira possibilidade, Para mim, isso é o que verdadeiramente
sem definição. importa.” (Morandini)

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DESIGN

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Uma entrevista com
Walter Barroso
Com o seu ateliê em bom ritmo e preparando novos
projetos, o criativo vai gerindo as suas paixões pela ar-
quitetura e pelo Design, consolidando o seu negócio no
ambiente laboral hostil de São Paulo.
Entrevista por Tiago Krusse | Imagens: Cortesia de Walter Barroso

O que o leva a exercer mais como de- cer a arquitetura. Meu design foi reconheci-
signer do que como arquiteto? Que fatores do por concursos, inclusive duas vezes no
estão associados a essa predisposição? maior concurso de Design da América Lati-
Antes mesmo de cursar Arquitetura e Ur- na, o Salão Design, daí para frente comecei
banismo já esboçava desenhos de mobiliá- a trabalhar somente com design. Este ano,
rio e produtos diversos. Nunca deixei minha já habilitado, começo também a exercer a
cabeça parar, a todo momento penso em profissão de Arquiteto, que tenho um amor
algo que possa melhorar a sociedade, trazer imenso. O ser humano e as relações sociais
uma emoção diferente. Durante o curso co- e de emoção sentidas, são para mim a força
mecei a participar de concursos de design, motriz do meu design, seja no motivo arqui-
devido a não estar habilitado ainda a exer- tetônico ou de objeto.

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Entrevista com Walter Barroso

Quem foram as pessoas que mais o


marcaram no seu percurso acadêmico e
que experiências universitárias lhe deixa-
ram memórias mais vivas no seu cotidiano?
Meu percurso acadêmico foi marcado
por muitos professores que olhavam minha
trajetória e faziam daquilo uma força motriz
de apoio, tenho muito a agradecer a uma
grande professora e amiga, Marcia Aps, que
sempre teve a gentileza de me apoiar e estar
disponível; também Mauricio Azenha, grande
amigo e professor, que constantemente me
dá dicas e oferece ajuda, Professor Ruy Debs
Franco, Marcio Brasil, David Lopes, Claudio
Paneque, meu orientador de trabalho final de
curso, entre outros, que em seus momentos
acadêmicos trouxeram alguma informação
que eu guardo e relembro na hora de resol-
ver problemas da profissão.
Uma vivência extremamente importante
na vida foi o período de curso na Universida-
de de Coimbra, que fez a cabeça abrir para
muitas outras ideias em ambas as áreas, um
período que tenho saudade e guardarei para
sempre no meu coração.

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Quando decidiu abrir o seu ateliê e
como tem sido até ao momento gerir um
negócio que é só seu?
Logo após ter meu trabalho reconhecido,
comecei a ver que seria ótimo poder traba-
lhar fazendo o design e arquitetura do jeito
que imaginei. Sempre quis ser o arquiteto
que leva para casa de todos uma qualidade
de vida, e é isso que pretendo com projetos
paralelos e fixos que venho fazendo no de-
correr da carreira.

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Entrevista com Walter Barroso

Como é trabalhar a partir de uma cida-


de como São Paulo? Como é que planeja a
sua presença no mercado e como são cria-
das as oportunidades de negócio?
São Paulo é um local de trabalho hostil,
uma das maiores cidades do mundo. Nada
por ali pára. O movimento é constante e
agressivo, é preciso ser forte para aguentar.
Apesar de inúmeras oportunidades existen-
tes da grande São Paulo, há também a deca-
dência em níveis altíssimos da qualidade de
vida, que eu pelo menos prezo de maneira
primordial. Minha presença no mercado de lá
ainda está em processo de início, mas atra-
vés de um grande projeto que está por sur-
gir, acho que a presença da arquitetura e do
escritório em si, seja em São Paulo ou nível
Brasil será bem maior.

Quais são as maiores dificuldades sen-


tidas na gestão do seu ateliê?
Os maiores problemas em questão são
na área de projetos de mobiliário. Temos
hoje no Brasil uma dezena de profissionais
fazendo designs diferenciados, mas ao mes-
mo tempo sem apelo. Mesmo sem apelo de
design, tudo vem ao mercado levado pelo
nome do mesmo, isso faz com que o nível
intelectual do design brasileiro seja duvido-
so. É complicado ver o Brasil pegar referên-
cias de design de países internacionais e ao
mesmo tempo não dar o devido valor a pro-
fissionais daqui.

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A sociedade brasileira entende as van-
tagens de procurar o trabalho de um arqui-
teto ou de um designer?
Infelizmente o Brasil ainda está engati-
nhando para esse quesito. Hoje o designer
tem muito mais valor dentro de uma indús-
tria do que há 5 ou 10 anos. Apesar disso ain-
da vemos muitas indústrias recusando de-
signers, mesmo pagando royalties mínimos.
Na arquitetura houve uma grande mudança,
mas da mesma forma, estamos ainda no co-
meço. Creio que em alguns anos o valor de
um bom arquiteto e designer seja finalmente
reconhecido, e esse profissional esteja em
todos os lares e empreendimentos.

Como foi a sua experiência na indústria


do mobiliário? Como é que o trabalho do de-
signer é encarado dentro de uma empresa?
Desde o começo da carreira de designer
em 2011 o processo foi vagaroso mas sem-
pre com muito prazer. Tenho a sorte de tra-
balhar com indústrias abertas a novidades
e que estão sempre dispostas, como a Toca
da Movelaria, em Arapongas no estado do
Paraná. Posso dizer com propriedade que o
trabalho do designer dentro dessa indústria,
assim como a Empório das Cadeiras, empre-
sa também de Arapongas, é reconhecido de
forma excepcional. Lá o design é a chave
para o sucesso.

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Entrevista com Walter Barroso

O que fazem as empresas de mobiliário Como avalia a qualidade dos processos


em relação aos produtos que vão lançan- de trabalho e o nível de inovação tecnoló-
do? Há preocupações e investimento na gica apresentados?
forma como esses produtos vão ser comu- Como disse nos termos do design e ar-
nicados aos consumidores? quitetura, estamos começando. Apesar disso,
Totalmente, a preocupação da indústria temos tecnologias de máquinas importadas
com o design e como ele chegará ao con- trabalhando a nosso favor para trazer a me-
sumidor é total. Todos os designers passam lhor qualidade. Algumas grandes indústrias
pelo crivo da empresa para a decisão dos como as que falei investem milhões para ter
melhores designs e seguindo as tendências a máquina certa e conseguir resultados dig-
de mercado do ano. O investimento é anu- nos de artesãos. A qualidade na produção em
al. Todos os anos indústrias como as que eu madeira, posso arriscar dizer que é uma das
trabalho, fazem grandes investimentos para melhores do mundo, o Brasil trabalha de for-
melhorar a qualidade dos produtos e poder ma excepcional com a madeira, apesar disso
chegar a um produto final que comunique de temos muitas dificuldades quando chegamos
forma afinada ao público. a assuntos como plástico injetável, fibra de
vidro, entre outros. Estes são processos que
deixam o custo extremamente alto.

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Quais são os principais objetivos do seu Quais são as suas maiores aspirações e
ateliê para os próximos anos e quais as no- preocupações profissionais?
vidades que tem em carteira? Um dos meus maiores sonhos é: ver o
Novidades o ateliê possui todos os dias, “arquiteto” como um profissional essencial
a criação por aqui não pára, apesar disso para qualquer parte, seja na construção ou
existem outros projetos importantes sendo interiores, acho que todos, sem exceção tem
desenvolvidos na área de arquitetura. Um que ter contato com um profissional da área,
projeto importante está em desenvolvimen- esse é o profissional que te dá qualidade
to e será lançado em breve, não posso co- de vida, e qualidade de vida é a chave para
mentar sobre no momento, mas posso ga- viver bem. Quanto à preocupação, te digo
rantir que serão os primeiros a publicar algo, a verdade, me preocupo com tudo, quero
quando lançar. sempre tudo em ordem, e é através desse
novo projeto futuro que tentarei trazer essa
ordem para a arquitetura e logo logo, levar
a qualidade a todos os lares. Todos têm que
ter o direito de viver bem e felizes.

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DESIGN

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Design Indaba
A better world through creativity.
Texto: Mayara Wal | Imagens: Divulgação / Design Indaba

Design Indaba é uma plataforma multi- O festival acontece desde 1995 na Cidade
disciplinar que acredita em um mundo me- do Cabo, e desde então se tornou referên-
lhor através da criatividade, é formado por cia no cenário criativo global. O evento atrai
um site (designindaba.com) e um Festival e apresenta os talentos e destaques da área,
anual. Indaba, tem dois significados em zulu, apóia projetos, negócios criativos e iniciati-
“reunião de pessoas” e “novidade”. Ravi Nai- vas educacionais. Suas publicações online
doo, idealizador do projeto, uniu os dois em atingem mais de meio milhão de visitantes/
um evento de caráter didático, que coloca o ano. A primeira edição aconteceu apenas dez
ouvinte no centro das atenções. São três dias meses após as eleições que levaram Man-
de conferências que reúnem novos talentos dela à Presidência do país. “Quando Mandela
e profissionais renomados nacionais e inter- venceu as eleições em abril de 1994, o efeito
nacionais de várias especialidades. Entre os em nós, sul-africanos, foi como um tsunami
brasileiros que já participaram da conferên- interno, uma revolução dos ânimos. Era o mo-
cia estão Marcelo Rosembaum, Alex Atala e mento de recomeçar a escrever a história do
Fred Gelli nessa edição. nosso país”, relembra Ravi Naidoo.

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Design Indaba

Festival 2016 co sobre o estilo de trabalho colaborativo


O Festival desse ano aconteceu nos dias do coletivo. Se aproxima muito do ativismo
17, 18 e 19 de fevereiro. E já comecou o primei- urbano e arquitetura, mas também envolve
ro dia com histórias de colaboração, comuni- designers, artistas e a população em geral.
dade e “coragem criativa”. Trabalham de uma maneira que transforma
o ambiente em um espaço de participação
DIA 01 – Seleção de algumas das pales- pública e orgulho. Acreditam que a criativi-
tras do primeiro dia. dade e o coletivo transformam.
A primeira apresentação foi do casal Stevo Nick Finney e Alan Dye foram apresen-
Dirnberger e Chanel Cartell. Eles têm uma his- tar o NB Studios, o estúdio que eles criaram
tória legal com o festival, dizem que foram ins- seguindo o mantra “creative courage”, co-
pirados por uma palestra do Stefan Sagmeister ragem criavita (tradução livre). Ao invés de
no evento de 2014, resolveram pedir demissão, uma paletra tradicional, os dois resolveram
vender tudo e viajar pelo mundo. Criaram en- representar uma situação na qual apresen-
tão o projeto “How Far From Home” onde falam tavam um pitch para um cliente. Pontuaram
sobre o poder do tempo livre e de sair da zona em forma de manifesto as coisas não ditas e
de conforto para extimular a criatividade. interações entre cliente e agência:
Depois foram Paloma Strelitz e James Aprenda as regras antes de quebrá-las;
Binning, membros do Assemble, que deram Suposição é a mãe de todos os erros; Inde-
continuidade ao evento. O coletivo de arquite- cisão mata; Seja seu próprio cliente; Se tudo
tura ganhou o Prêmio Turner 2015, organizado é importante, então nada é importante; Fale
pela Tate Gallery, que premia artistas visuais a verdade, esteja em tempo; A vida é muito
de todas as catergorias. Falaram um pou- curta para não ser um designer.

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Hillary Cottam, empreendedora social
britânica, falou sobre sistemas de design
que promovem trocas e relacionamentos,
podem transformar a vida das pessoas.
É fato que no Reino Unido mais pesso-
as morrem de solidão do que de câncer.
Pensando sobre como resolver esse pro-
blema Cottam desenvolveu um sistema
em uma comunidade ao sul de Londres
chamado Circle. O sistema promove a in-
teração dos residentes para ajuda mútua
em troca de créditos. Uma vez que o re-
lacionamento entre os moradores ficou
mais forte, a ida ao médico caiu em 70%
do habitual, sendo que muito se devia à
carencia por contato humano.
Erik Kessels ensinou a importância de
se fazer de “idiota” ao menos uma vez por
dia. Ele que é um dos homens mais in-
fluentes da Holanda, publicitário, galeris-
ta, editor e artista com um estilo impecá-
vel, um dos donos da Kesselskramer. Seu

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Design Indaba

trabalho é cheio de humor e muito inte-


ligente, como a campanha do Pior hotel
de Amsterdã, feita com muitas imagens
bizzaras encontradas.
Alfredo Brillembourg, arquiteto vene-
zuelano esteve no festival em 2012, e en-
quanto estava pela África do Sul começou
a investigar como poderia fazer diferença
nos municípios densamente povoados em
volta da Cidade do Cabo. Desde então co-
meçou a trabalhar no Empower Shack. Um
projeto piloto de habitação popular, o pro-
jeto tem como objetivo desenvolver mora-
dias de forma compreensiva e sustentável.
A palestra de Brillembourg foi um vibrante
apelo à ação e sublinhou que coletividade
e pensamento global é a chave para salvar
nossas cidades.

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DIA 02 – Teve arquitetura japonesa, cozi- ramenta para conexão. Um bom exemplo
nha espanhola e até rock sueco. é a logo das Paralimpíadas que inclui
Os gêmeos egipcios Haitham and elementos sonoros.
Mohammed El Seht, do Twins Cartoon, Elena Arzak do Restaurante Arzak, é a
deram um insight sobre o mundo dos quarta geração da família a trabalhar na cozi-
cartoons árabes. São os idealizadores do nha do restaurante que é inspirado nos tradi-
projeto “Kawkab el rasameen”, Pintores conais sabores da região do país Basco. A chef
do planeta ( tradução livre), que cresceu diz que a razão do sucesso do restaurante é a
em uma grande comunidade de artistas inovação. Ela acredita que a comida que ser-
locais que promove intercâmbios e trocas vem é totalmente única, cada prato conta uma
entre profissionais e amadores. Mais re- história, pois cozinhar é uma ferramente social
centemente os irmãos fundaram a Garage de compartilhamento de experiências e me-
Comic Magazine. mórias, que cria conexões e ajuda a construir a
O Brasil teve sua presença muito bem identidade de um certo local.
representada esse ano pelo Fred Gelli, Sou Fujimoto, o trabalho desse arquiteto
dono do Estúdio Tatil. Responsável pelo se baseia no âmbito fídico e filosófico. Ele
look and feel da identidade visual das acredita que a arquitetura não deve delimi-
Olimpíadas e Paraolimpíadas 2016 no tar espaços pelas suas funções, pelo contrá-
Rio. Gelli contou que a inspiração do seu rio, deve permitir que as pessoas modelem
trabalho vem da natureza. Seu trabalho suas próprias experiências. Como exemplo
é muitas vezes multi-sensorial pois acre- de seu trabalho único, o Serpentine Pavilion
dita que emoção é uma importante fer- e Mille Arbres em Paris.

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Design Indaba

DIA 03 – Fechando a edição 2016 com um


mix eclético de talentosos designers.
Thomas Poulsen, artista dinamarquês,
conhecido como FOS, possui um mix de
projetos bacanas no seu portfólio. Desde
a criação da decoração das lojas da Celine
(marca de alta custura francesa), um bar flu-
tuante na bienal de Veneza, projetos arquite-
tônicos até exposições de arte. O pivô do seu
trabalho é o encorajamento da participação
das pessoas nos espaços públicos. FOS, que
sabe misturar muito bem as duas áreas, diz
que o design deseja criar soluções enquanto
a arte é um modelo de dúvidas.
Alex McDowell, gênio cinematográfico e
designer estabelecido em Los Angeles, des-
creve seu trabalho como “world building”,
construindo mundo (tradução livre), e acredi-
ta que logo as histórias vão ser contadas em
uma linha menos linear. Estamos entrando
em uma era pós-cinematográfica, com reali-
dades virtuais e aumetadas.
Para finalizar o evento, tiveram ainda pa-
lestras com o mestre em palavras Naresh
Ramchandani, designer espanhol de reno-
me Jaime Hayon e um grand finale com uma
apresentação e discussão sobre o mundo da
música com Imogen Heap.
Para quem ficou curioso, todas as pales-
tras ficam disponíveis em vídeo na plataforma
online do festival. Assistam e fiquem ligados
nas novidades e nos próximos eventos.

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DESIGN

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Portfólio:
Rebecca Agra
www.behance.net/agradoce

Eu me tornei designer por acidente. En- bra-cabeça de ideias que absorvi, o que me
trei no curso sem nem saber o que era e vi- leva à essência do projeto.
rou uma grande paixão. Me formei em 2004 Acho que realizar trabalhos em vá-
e resolvi seguir carreira. Sou muito curiosa rios estilos enriquece a bagagem cultural
e gosto de me desafiar, por isso fui do im- e ajuda a identificar as necessidades do
presso à interface. mercado. Tenho meu estilo, mas não me
Meu processo criativo já começa na con- prendo a ele, mantenho a cabeça aberta
versa com o cliente. Um briefing bem fei- para as tendências. Isso me dá uma me-
to me inspira. É um desafio alinhar o que o lhor percepção visual do mundo e uma
cliente quer com o que o público dele quer. experiência que ajuda a comunicar para
Adoro criar projetos autorais também, isso públicos diferentes.
mantém minha criatividade em dia. Cada Por isso que ter um estilo é legal, mas
trabalho, pra mim, é como montar um que- saber ultrapassá-lo é melhor ainda.

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DESIGN

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Portfólio:
Marcelo Silva
www.maranatadesign.com

Designer gráfico desde 2002. Apesar de pre explorando novas oportunidades.


ter estudado mecânica geral no SENAI e Expandi meus conhecimentos trabalhan-
exercido a profissão dos 15 aos 18 anos, de- do como designer e fotógrafo de produtos
cidi mudar minha carreira. em uma importadora, depois fui para a área
Era um tempo de novidade da tecnologia de comunicação visual onde descobri novas
e crescimento da internet que fez com que ferramentas como o 3D Max, que me propor-
eu me apaixonasse pela área de criação. cionou novas experiências na área de even-
Curioso, fui pesquisando e aprenden- tos como projetista de stands e cenografia.
do na prática, mas também me especia- No site Maranata Design estão alguns
lizei como designer gráfico pela Escola dos meus projetos e carreira profissional.
Impacta de Tecnologia. Não consigo me desligar do design, ele
Trabalhei na área gráfica onde aprendi está no meu trabalho, nos meus momentos
o processo desde um cartão de visitas até de descanso, nos meus projetos pessoais e
uma embalagem mais complexa, mas sem- nos meus hobbies.

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ARQUITETURA

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Edifício sede do Banco
Intesa Sanpaolo
Ícone de sustentabilidade, um dos prédios mais
altos de Turim é laboratório ambiental e social.
Texto: Danielli Wal | Imagens: Cortesia de Renzo Piano Building Workshop

A cidade emoldurada por montanhas e metropolitana. Um dos vários benefícios para


com poucos edifícios altos, acolhe bem o as imediações foi a revitalização do jardim
edifício que foi projetado respeitando seu adjacente, Giardino Nicola Grosa, em espaço
entorno e sua história. Renzo Piano idealizou lúdico de convivência, que é acessado atra-
além de um arranha-céu, um projeto urbano vés da galeria que cruza o hall de entrada da
com uma urbanidade discreta que o une aos sede do banco.
habitantes da cidade. A torre de 38 andares, ou 166 metros, di-
A sede do banco Intesa Sanpaolo se lo- vide-se em três pavimentos de garagens, um
caliza nas imediações da estação Porta Susa, jardim rodeado por um restaurante e um jar-
em uma zona estratégica e importante da dim de infância, um pavimento de serviços,
cidade devido a sua proximidade ao centro 26 andares dedicados a escritórios e um pa-
histórico, a uma concentração excepcional vimento para academia, com espaços e servi-
de serviços públicos e instalações de escala ços abertos ao público.

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Edifício sede do Banco Intesa Sanpaolo
Fotografia: Enrico Cano

A vocação pública do edifício é revelada Ao leste e ao oeste, colunas que definem


através de dois volumes em especial. O vo- o volume dos elevadores e das escadas con-
lume mais baixo é ocupado por uma sala de ferem identidade ao projeto. Ao sul, as esca-
conferência flexível que acomoda até 364 das de conexão dos andares estão imersas
pessoas e, transforma-se, de acordo com a em um jardim de inverno vertical, onde trepa-
necessidade do evento, de sala de confe- deiras e a fachada motorizada filtram a luz.
rências a de exposições, apresentações ou
performances.
A estufa bioclimática, com ventilação na-
tural, é o segundo volume em questão. Com
três níveis abertos ao público, abriga um
restaurante com jardim, sala de exposições
e um terraço no telhado.
A torre bioclimática está repleta de al-
ternativas sustentáveis, uma delas é a fa-
chada de vidro duplo, que possui um sis-
tema de aberturas e telas solares com
persianas motorizadas para controlar a per-
da de calor no inverno, a entrada de calor
no verão e proteger o edifício nos dias de
sol mais intenso.

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Fotografia: Enrico Cano Fotografia: Enrico Cano

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Edifício sede do Banco Intesa Sanpaolo

A preocupação com as condições dos es- A otimização da energia consumida, a


paços de trabalho também caracteriza o edi- maximização da utilização de iluminação
fício que recebe mais de 2000 funcionários e natural e o avançado sistema de automa-
convidados. A qualidade do espaço dos escri- ção em conjunto com estratégias passivas,
tórios, com pé direito alto e iluminação indire- reduzem o consumo de energia e garantem
ta natural, demonstra a atenção especial com conforto térmico ao edifício. Tais estratégias
qual foram pensados. combinadas com o planejamento antecipa-
O projeto da sede do banco Intesa Sanpa- do ajudam na certificação do edifício com o
olo resulta de pesquisas avançadas que apro- selo LEED¹ Platina.
veitam as fontes naturais de energia presen- Como as montanhas encapadas pela
tes no entorno. A água subterrânea é utilizada neve que emolduram Turim, a torre é co-
para o resfriamento dos escritórios e a energia berta por uma combinação de materiais
solar é captada por toda a fachada sul, através brancos fotossensíveis que formam va-
de painéis fotovoltaicos. No verão, o ar frio da riações sutis de acordo com o horário do
noite é armazenado em estruturas de concre- dia e as estações do ano, e faz com que o
to entre os pisos, e transmitidos aos escritórios prédio seja quase imaterial e luminescen-
durante o dia através de painéis de irradiação. te como o gelo.

Fotografia: Enrico Cano

Fotografia: Enrico Cano Fotografia: Enrico Cano

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Tão belo quanto eficiente. A preocupação Ficha Técnica
com a urbanidade e sustentabilidade justificam Intesa Sanpaolo office building - 2006-2015
o premiação ArchDaily Building of the year 2016. Local: Turim, Itália
O prêmio é baseado na inteligência coletiva de Cliente: Intesa Sanpaolo
55 000 leitores do site ArchDaily, que filtraram Autor: Renzo Piano Building Workshop, ar-
dentre os mais de 3 000 projetos apresenta- chitects _ http://www.rpbw.com/
dos no site de arquitetura em 2015, para eleger Concurso, 2006.
5 finalistas e então, o vencedor. Dentre as cate- Equipe: P.Vincent, W.Matthews, C.Pilara with
gorias selecionadas há projetos de arquitetos J.Carter, T.Nguyên, T.Sahlmann and V.Delfaud,
brasileiros, inclusive uma casa em São Paulo, A.Amakasu; O. & A. Doizy
mas este projeto fica para uma próxima! Equipe de projeto: P.Vincent and A.H.Teme-
nides (parceiro), C.Pilara, V.Serafini, with A.Al-
borghetti, M.Arlunno, J.Carter, C.Devizzi, V.Del-
faud, G.Marot, J.Pattinson, D.Phillips, L.Raimondi,
D.Rat, M.Sirvin and M.Milanese, A.Olivier, J.Var-
gas; S.Moreau (aspectos ambientais) ; O.Aubert,
C.Colson, Y.Kyrkos , A.Pacé (maquetes).
Equipe de consultoria: Inarco (arquitetu-
ra); Expedition Engineering / Studio Ossola /
Fotografia: Enrico Cano

M.Majowiecki (estrutura); Manens-Tifs (serviços);


RFR (fachada); Eléments Ingénieries / CSTB /
RWDI (estudos ambientais); Golder Associates
(hidrogeologia); GAE Engineering (prevenção
de incêndio); Peutz & Associés / Onleco (acús-
tica); Lerch, Bates & Associates (transporte ver-
tical); SecurComp (security); Cosil (iluminação);
Labeyrie & Associés (equipamentos de áudio
e vídeo); Spooms / Barberis (equipamentos de
cozinha); Atelier Corajoud / Studio Giorgetta
(paisagismo); Tekne (custos); Michele De Lucchi
/ Pierluigi Copat Architecture (interiores); Jaco-
bs Italia (supervisão de obra).

¹ O certificado LEED (Leadership in Energy and


Environmental Design) é concedido pela Organiza-
ção não governamental-ONG americana U.S. Gre-
en Building Council (USGBC) e certifica as cons-
truções sustentáveis em selos variados de acordo
com critérios pré estabelecidos de racionalização
de recursos que um edifício deve atender.

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ARQUITETURA

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Portfólio:
Fillipe Farias
www.fillipefarias3d.com

Desde pequeno sempre fui apaixonado plamente usado no mercado e resolvi mi-
por desenho. Meu sonho era ser cartunista, grar para ele.
mas acabei começando meu ensino médio Depois de um tempo estudando e
juntamente com um curso de técnico em montando um portfólio, trabalhei numa
eletrônica e deixei o desenho de lado. empresa de ilustração tridimensional por
Logo que formei conheci o Autocad e três meses e atualmente trabalho como
me apaixonei. Comecei a trabalhar como “cadista” e freelancer.
“cadista” e nesse meio tempo conheci o Sou acadêmico de arquitetura pela uni-
Blender. Me apaixonei perdidamente pelo versidade Universidade Nilton Lins. Tenho
mundo 3D e comecei a aprender maquete 23 anos, moro com meus pais na cidade de
por conta própria, sempre na internet e com Manaus e gasto a maior parte do meu tem-
vídeos do YouTube. po aprendendo 3D. Após formado pretendo
Inicialmente usando Blender, acabei abrir um escritório de arquitetura e ilustra-
percebendo que o 3ds Max era mais am- ção arquitetônica.

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ARTE

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Goya Lopes
A estampa brasileira tem a cara da estilista.
Texto: Eduardo Madeiro | Imagens: Cortesia de Goya Lopes

Como não falar de estampa sem falar queriam a palavra na sociedade, queriam mos-
na influência africana e indígena na moda? trar nossas raízes nacionais.
E que tal transformar isso tudo em uma E onde entra a estampa nesse contex-
mistura abrasileirada. to? A nova geração não queria parecer com
A moda de estampas étnicas surgiu forte seus pais, com a ideia de padronização nas
nos anos 60. Muito se deve à influência hippie roupas neutras para se “encaixar” no mo-
norte americana. O clima de “paz e amor” grita- delo de sociedade perfeita estipulada pelo
va mais forte nas pessoas que estavam lutando “politicamente correto” a ser copiado. Se-
por um mundo de igualdade, e aqui no Brasil ria o momento de colocar a “cara a tapa” e
essa onda não seria diferente. questionar que país era o Brasil. Nossos jo-
O Tropicalismo foi o movimento que se vens buscavam achar um ponto de referên-
apropriou da ideia hippie americana, porém cia nacional, pois suas lutas eram outras em
com uma nova linguagem. Os jovens brasileiros comparação aos americanos.

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Goya Lopes

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A caça de encontrar uma identidade pró- caminho das artes como um grande meio
pria brasileira era aparentemente a grande de comunicação de luta pelos seus direitos
base do movimento tropicalista. Músicos contra uma ditatura que buscava calar. Nessa
como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Gosta luta, podemos citar a estilista Zuzu Angel, que
e Maria Bethânia eram alguns dos ativistas encontrou na moda uma forma de gritar toda
nessa nova mudança de geração. Usando sua indignação que estava sofrendo na sua
como forma de expressão suas músicas e vida pessoal, além de relatar ao mundo uma
seus corpos. ditadura que “sumia” com seus presos polí-
As indumentárias tinham grande apelo vi- ticos no país. Ela fez coleções em busca de
sual nesse período, onde eram explorados a expressar todo aquele acontecimento de dor
sensualidade, a atitude e o grito de mudan- e de expectativa que se misturavam a borda-
ças. Uma miscelânea cultural que unia refe- dos, cores e estampas. A esperança de uma
rências de nossas tribos indígenas e nossas mãe, Zuzu, em busca de justiça.
influências negras. Logo caiu em gosto popu- Hoje o Brasil tem uma grande influência
lar por refletir grande alegria de liberdade. no mercado da moda internacional com suas
No Brasil, nossos jovens encontraram estampas, graças à mistura cultural nacio-
vários meios de ser expressar, inclusive no nal. Temos grandes marcas, estilistas, desig-

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ners de superfície e, acima de tudo, grandes Goya, qual a sensação de conseguir se
pessoas criativas que trabalham no ramo expressar através de suas estampas, você
da costura e varejistas em geral que conse- sente que consegue transmitir uma verda-
guem fugir do modismo atual do mercado de de nos seus trabalhos? Tem um contexto de
moda fashionista. resgate de raízes culturais?
Podemos citar como exemplo de esti- Goya Lopes: Meu trabalho tem sim a in-
listas que se reinventam e buscam inspira- tenção de ousar, ter a coragem de criar e
ção em novas releituras étnica, a estilista construir novos padrões que transmitem a
Goya Lopes, uma profissional que busca nossa história, nossa ancestralidade, nossa
fugir desse mercado maçante de venda por luta e cor local, com um reconhecimento e
quantidade. Ela busca uma relação de mui- identificação verdadeiramente vinculada à re-
to carinho e respeito com suas estampas. ferência de raízes culturais.
Nota-se em seus trabalhos uma nova rou- ---
pagem ao tema étnico. Suas leituras de Respondida minha pergunta, como não
estampa étnicas tem uma brasilidade. A dizer que Goya é uma linda? No melhor jeito
preocupação de acrescentar cores e no- informal de um elogio à estilista, em conseguir
vas formas ao seu trabalho fica bem visível manter o resgate nacional da história brasileira.
como podemos observar nas imagens. Viva a moda brasileira, viva o povo nordestino.
Fui perguntar à Goya se seu trabalho tinha Fiquem à vontade para se deliciar com
relações com essas influências, a qual obser- as belas estampas da coleção da estilista.
vei no meu processo de pesquisa para com- Aproveitem e busquem acessar seu e-com-
parar suas estampas. merce no site: www.goyalopes.com.br

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