11.

º ano
 DEFINIÇÃO
Opinar (lat. opinare)
v.t. e v.i.
1. Ato de manifestar uma opinião; dizer aquilo que se
tem em mente;

v.t.
2. Ação de deliberar ou considerar.

https://www.lexico.pt/opinar/
 TEXTO DE OPINIÃO
No nosso quotidiano, recorremos frequentemente à palavra
para expor as nossas ideias e para tentar convencer os
outros da nossa perspetiva. Assim, o texto argumentativo é
uma tipologia textual que pertence à nossa rotina e que
podemos encontrar em anúncios publicitários, discursos
políticos ou em sermões.
 TEXTO DE OPINIÃO
Destina-se à apresentação da perspetiva do seu autor
sobre um determinado tema ou facto.

Implica a explicitação de um ponto de vista claro e

pertinente, devidamente sustentado por argumentos
adequados e exemplos significativos.
É marcado pela subjetividade do seu autor, que interpreta
e avalia.

Tem uma natureza argumentativa.

 EXEMPLO

“Que seria do mundo sem os

portugueses”

Laurinda Alves
 Texto/artigo de opinião

Que seria do mundo sem os portugueses

Passamos a vida a identificar boas práticas e boas

notícias de gente de fora que nos fascinam por uma
razão ou outra, mas esquecemo-nos de que nós, os
portugueses, estamos sempre a fazer história.
• Tese:
Que seria do mundo do futebol e de outros desportos
sem os portugueses? E da arquitetura? E da ciência? - O povo
português
E da literatura? E da engenharia espacial, mas contribuiu e
também de prédios, museus e pontes? E das artes, da contribui para
música, da academia, da investigação e tecnologia, do o
vinho, do turismo, da gastronomia e de tanta, tanta desenvolvimen-
to do mundo e
coisa que seriam precisas muitas linhas, e dias a fio para a história
para enunciar tudo o que revela a nossa marca no da
mundo. Isto, claro, para não falar dos portugueses de humanidade.
quinhentos que nos hão de inspirar para sempre por
terem dado novos mundos ao mundo.
Importância dos
Enumeração das áreas em que os portugueses se têm destacado. portugueses nos
Descobrimentos
 • 1.ª argumento:
Passamos a vida a identificar boas práticas e Tendência para
sobrevalorizar os
boas notícias de gente de fora. Pessoas que estrangeiros e esquecer o
vivem e trabalham em países mais ou menos valor dos portugueses.
remotos e nos fascinam por uma razão ou outra,
mas esquecemo-nos de que nós, os
portugueses, estamos sempre a fazer história. • Exemplos:
Não é só o Ronaldo que faz o mundo vibrar Cristiano Ronaldo - futebol
quando marca um golo. O Vhils também Vhils (Alexandre Manuel
humaniza a paisagem aqui como na China; a Dias Farto) – pintura/arte
Maria João Pires para tudo com a sua música; o urbana
António Horta Osório fala e é igualmente tido Maria João Pires –música
em conta dum canto ao outro neste universo Siza Vieira e Souto Moura –
macro e micro economicista; o Siza e o Souto arquitetura
Moura rasgam a paisagem e abrem horizontes
amplos; a Paula Rego redesenha a pintura; Paula Rego – pintura
Pessoa, Sophia e Saramago serão lidos ao Fernando Pessoa, Sophia
longo de séculos, e por aí adiante. (…) de Mello Breyner Andresen
e José Saramago -
literatura
Depois desses anos a viajar e a mapear • 2.º argumento:
portugueses lá fora, passei longos anos a
cartografar os portugueses cá dentro. Existência, em
(…). Há muito tempo que me foi dado o Portugal, de
privilégio de conhecer muita gente pessoas
empreendedora, inventiva, cheia de empreendedoras
imaginação e iniciativa. Portugueses e inovadoras que
que humanizam o mundo com a sua contribuem para
ação. Pessoas reais, mais e menos o
banais, que se destacam em áreas desenvolvimento
fabulosas como a Ciência e a do país e que
Investigação, mas também no cinema, influenciam o
nas artes performativas, na música (o estrangeiro.
que seria do mundo sem o nosso
Fado…), e em áreas de maravilha como
a exposição do fundo do mar (temos o • Exemplo(s):
melhor Oceanário do mundo, para o - Fado – música;
caso de ter passado despercebido a
alguém!) e na literatura, com tantos - Oceanário-
autores e tão variados que seriam Ciência
precisas realmente muitas linhas para os - Vários autores -
conseguir nomear todos. literatura
Sei de apps criadas por portugueses que • 3.º argumento:
mudaram o mundo a meio mundo. E conheço
autores e programadores que transformaram a Portugueses que
outra metade deste mundo. Falo, por exemplo, da contribuíram para o
Color ADD, a melhor app inclusiva premiada
pelas Nações Unidas, que permite a 350 milhões desenvolvimento
de daltónicos identificarem e verem as cores. tecnológico e
Também sei de robots e invenções portuguesas científico do mundo.
fabulosas como a bússola que foi lançada para o
espaço e permite medir o campo magnético de • Exemplo:
forma a saber a orientação dos satélites (…). Se
estes portugueses não salvam a humanidade, Color ADD
não sei quem a pode salvar, pois inventam
tecnologia sofisticadíssima que cria Bússola que foi
acessibilidades e inclusão, salvando pelo menos lançada para o
parte da humanidade doente.
espaço
(…)
Confesso que a mim me soa mais como certeza
e, daí, ter começado por retirar a interrogação do Conclusão
título.
Laurinda Alves, in https://observador.pt/opiniao/que-seria-
do-mundo-sem-os-portugueses/ (6/5/2016)
 CARACTERÍSTICAS DO
DISCURSO
• Linguagem valorativa, apreciativa ou depreciativa,
apresentando, de forma implícita ou explícita, os juízos
de valor;
• Utilização de um registo de língua corrente, de forma a
que a mensagem transmitida seja entendida pelo
interlocutor;
• Uso da primeira ou terceira pessoa do singular;
• Recurso ao presente do indicativo;
• Predomínio de frases declarativas;
• Utilização de articuladores do discurso.
 MARCADORES DO
DISCURSO
Os marcadores discursivos apresentam várias funções
no plano do texto, como:
- ligar segmentos maiores ou menores do discurso;
- organizar os enunciados em blocos (partes) textuais;
- contribuir para a interpretação dos enunciados;
- indicar o sentido da conexão dos enunciados;
- introduzir novos temas e registos discursivos diferentes;
- facilitar a interpretação do texto;
- manter e orientar o contacto do locutor com o
interlocutor.
Estruturadores de Têm a função de ordenar a informação,
informação assegurando a abertura, o desenrolar e o fecho
de uma série.
Podem apresentar três possibilidades de origem
semântica (enumeração, lugar, tempo).
Conectores Têm a função de ligar enunciados ou sequências
de enunciados, estabelecendo uma relação
semântica e pragmática entre os membros da
cadeia discursiva.
Morfologicamente, são unidades linguísticas
invariáveis; pertencem às seguintes classes de
palavras: interjeições, advérbios e conjunções.
Reformuladores Têm a função de explicação e de retificação.
Operadores Têm a função de reforço argumentativo e de
discursivos concretização.
Marcadores Têm a função de manter e orientar o contacto do
conversacionais locutor com o interlocutor.
enumeração: em primeiro lugar, inicialmente, de
um lado, em segundo lugar, em seguida, depois,
por último, finalmente, por outro lado, para
terminar, em síntese, etc.
lugar: atrás, além, de um lado, na frente, em
cima, à esquerda, etc.
tempo: então, em seguida, (e) depois, após, na
véspera, no dia seguinte, etc.
Conectores aditivos ou sumativos: além
disso, ainda por cima, do mesmo modo,
igualmente, etc.
Conectores conclusivos e explicativos:
por consequência, logo, portanto, de modo que,
donde se segue, etc.
Conectores contrastivos ou contra-
argumentativos:
sem embargo, não obstante, todavia, contudo,
de qualquer modo, em todo o caso
por outras palavras, ou seja, etc.
de facto, na realidade, por exemplo, mais
concretamente, etc.
ouve, você sabe, então, olha, presta atenção,
homem, etc.
Como se pôde verificar, os conectores discursivos são
uma classe dos marcadores discursivos: o seu significado
dá instruções, que vão orientar o recetor na
interpretação dos enunciados, na construção das
inferências, no desenvolvimento dos argumentos e dos
contra-argumentos; verificam-se tanto na sua realização
oral como na realização escrita.
O termo conexão corresponde ao encadeamento de
enunciados, podendo ser assegurado por marcadores
discursivos e pela pontuação (na escrita).
Sobre os conectores, ter também em conta a
arrumação mais simples que se assume na classificação
de orações (cfr. quadro, por exemplo em NGDP, pp.
140-141):

mas

logo
 ESTRUTURA
Introdução: explicitação do tema/problemática.

Desenvolvimento: apresentação do(s) ponto(s) de vista;

posicionamento com apresentação de argumentos a
favor e/ou contra, devidamente fundamentados com
exemplos universais e pertinentes.

Conclusão: síntese da argumentação e reforço do

ponto de vista apresentado.
MAIS UM EXEMPLO…

Tese

Instrução:
- texto de opinião;
- 200 a 350 palavras;
- 2 argumentos, devidamente
exemplificados.
 Numa sociedade em que cada vez mais se apela à paz e à união entre os povos, a
Introdução palavra surge não só como uma importante arma de combate às injustiças Tese
sociais, mas também como um poderoso meio de defesa dos direitos humanos.
Contudo, como refere Carlos Drummond de Andrade, embora a palavra seja um Relação com
meio eficaz na defesa da liberdade, esta também é “atacada com citação
metralhadoras”, pois, não raras vezes, se recorre à violência para a silenciar.

Efetivamente, num mundo em que a comunicação tem um papel preponderante,

considero que a palavra surge como um meio importante na transmissão das Argumento
nossas ideias e como uma arma poderosa na defesa de grandes ideais como a
liberdade. Por exemplo, Nelson Mandela e Luther King, através dos seus Exemplo
discursos, não só alertaram o mundo para as injustiças sociais que se estavam a
Desenvolvimento

viver nos seus países, como a usaram como uma arma pacífica na obtenção da Conetores/
liberdade e da igualdade racial. articuladores
discursivos
Contudo, julgo que, não obstante a força da palavra e das vitórias que esta Contra-argumento
alcança na mudança de pensamentos, nem sempre é suficiente para conseguir
fazer cumprir com os Direitos Humanos. De facto, creio que, infelizmente,
quando a via da paz se esgota ou quando o ser humano não encontra argumentos Exemplo
capazes de contrariar as ideias veiculadas, a violência surge como a única
resposta possível. Veja-se o exemplo de Nelson Mandela cuja prisão foi a
alternativa encontrada pelo regime dominante para silenciar a denúncia que este
fazia do Apartheid.
Em suma, na minha opinião, num mundo dominado pela comunicação, a palavra
Conclusão

surge como uma importante arma na proclamação dos nossos ideais e na defesa Retomar da tese;
Síntese das
de direitos humanos básicos como a liberdade. Porém, não raras vezes, esta é principais ideias.
silenciada através das armas, quer para impedir o seu eco no mundo, quer
silenciar os que com ela denunciam as injustiças humanas.
(306 palavras)
 PARA TREINAR…
Apesar de aos homens ter sido dado o «uso da razão», são várias as
situações em que eles parecem recorrer à mesma.

Redija um texto de opinião sobre o bom e o mau uso da razão

por parte dos seres humanos.

Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois

argumentos e ilustre cada um deles com, pelo menos, um exemplo
significativo.

Escreva um texto, devidamente estruturado, de duzentas a

trezentas palavras.
 O homem, enquanto ser racional, dever-se-ia comportar fazendo correto uso do dom
que possui. No entanto, defendo que nem sempre age dentro dos limites da lógica e do
bom senso, adotando, por vezes, comportamentos condenáveis e que não fazem jus à
razão de que dispõe, fator distintivo em relação aos restantes animais.
Por um lado, o ser humano, não raras vezes, faz um bom uso da razão, canalizando
corretamente a inteligência em benefício da sociedade. Exemplificando, investe em
diferentes áreas do saber, como a medicina ou biologia, para promover o
desenvolvimento de tecnologia, com novos equipamentos, tais como próteses biónicas,
que permitem oferecer uma maior qualidade de vida a quem delas necessita. Considero
que este tipo de entrega é uma atitude louvável.
Numa outra perspetiva, infelizmente, muitas vezes, os homens preferem privilegiar os
seus interesses pessoais, ainda que, para isso, prejudiquem a sociedade em geral. Tal é
visível, por exemplo, quando, de forma consciente e premeditada, altos cargos de
empresas poluentes, com o objetivo de aumentar os índices de produtividade e os lucros,
concordam com descargas de materiais poluentes sem o respetivo tratamento, ao invés
de investir em técnicas, materiais e infraestruturas mais amigas do ambiente.

Concluindo, é evidente que o ser humano faz bom e mau uso da razão. Pode contribuir
de forma altruísta para a evolução tecnológica da sociedade, no entanto, também pode,
lamentavelmente, preferir privilegiar os interesses pessoais, ainda que tal tenha
implicações/impacto negativo no mundo.

(239 palavras)